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 Recém-nascido  de parto normal, do sexo
 masculino, com peso de 2.815 gramas, tendo
 recebido Apgar 8 e 9 no primeiro e quinto
 minutos, respectivamente. Recebeu alta
 hospitalar com 48 horas de vida, não
 apresentando intercorrências neste período.
 Retornou ao serviço de emergência com nove
 dias de vida, por causa de um quadro de
 distensão abdominal progressiva, mais
 evidente nos últimos três dias. Não havia
 queixa de vômitos, apenas um episódio de
 regurgitação no dia anterior.
 Ao  exame físico apresentava distensão
 abdominal importante, mas o abdome era
 indolor à palpação e aparentemente sem
 visceromegalias. Ruídos hidroaéreos estavam
 presentes e o sinal de piparote era positivo.
 Os exames de sangue pré-natais da mãe
 foram normais. Três exames de US
 obstétricos prévios (aos 4, 7 e 8 meses) não
 demonstraram anormalidades fetais. A mãe
 negou consanguinidade e/ou doenças nos
 outros três filhos.
 Foi realizada radiografia simples de abdome,
  logo após a admissão da criança, que
  demonstrou presença de ascite (Figura 1). O
  exame de US de abdome revelou ascite
  volumosa com grumos, rins apresentando
  parênquima de espessura preservada e
  importante     dilatação     das    cavidades
  coletoras.
 Este exame evidenciou, também, ruptura do
  cálice do grupo superior do rim esquerdo e
  líquido perirrenal (Figura 2), bexiga urinária
  pouco repleta, com paredes levemente
  espessadas.
O    paciente foi então submetido a uma
  cistouretrografia miccional, que revelou
  bexiga com capacidade normal, de contornos
  trabeculados           e           formações
  pseudodiverticulares (bexiga de esforço).
 Havia refluxo vesicoureteral à esquerda grau
  V, representado por dilatação importante do
  sistema coletor e do ureter deste lado
  (Figuras 3A e 3B).
 Ocorreu   extravasamento do meio de
 contraste para o espaço periférico esquerdo,
 havendo acúmulo localizado junto ao polo
 superior    do   rim,   e    posteriormente
 extravasamento para a cavidade peritoneal.
 Observou-se dilatação da uretra posterior
 (Figura3B). Não houve refluxo vesicoureteral
 à direita.
A  criança foi submetida a ureterostomia
 cutânea bilateral e cistoscopia. O paciente
 recebeu alta hospitalar em bom estado geral,
 ganhando peso, com hemograma e eletrólitos
 normais.
A ascite do recém-nascido é um evento raro
 que apresenta várias causas, tais como
 natureza biliar, doença hepática, doença
 cardíaca, quilosa, infecciosa, urinária ou,
 ainda,    podendo     ser    de    natureza
 desconhecida (3–7).
   Diante disso, estabelecer o diagnóstico correto é um
    desafio, que muitas vezes é definido pelos exames de
    imagem:      cistouretrografia   miccional,   US    e
    cintilografia com Tc-99m. Estabelecer o diagnóstico
    preciso da causa e de suas complicações é
    fundamental para o tratamento correto e para a boa
    evolução do paciente.
   Entre as causas acima citadas, a de natureza urinária
    é uma das mais comuns. Os casos de ascite urinária
    relatados geralmente estão relacionados a ruptura de
    bexiga urinária secundária a válvula de uretra
    posterior em meninos(1–4).
    Este diagnóstico é feito após extensa investigação e
    definido pela cistouretrografia miccional(1).
   De acordo com nossa revisão da literatura médica,
    encontramos somente um relato de um caso de ascite
    de natureza urinária com ruptura de cálice renal,
    determinada por válvula de uretra posterior, em que
    o    diagnóstico    foi   definido    por   meio   de
    cistouretrografia miccional(3).
   O caso aqui relatado torna-se original pelo fato de a
    ascite ter ocorrido devido a ruptura de cálice renal e
    o diagnóstico ter sido definido por meio de exame
    ultrassonográfico.
   Em conclusão, nos casos de ascite urinária do
    neonato por ruptura de cálice a US pode demonstrar
    a ruptura direcionando a investigação para um exame
    específico, no caso a cistouretrografia miccional.

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Relato de caso

  • 1.
  • 2.  Recém-nascido de parto normal, do sexo masculino, com peso de 2.815 gramas, tendo recebido Apgar 8 e 9 no primeiro e quinto minutos, respectivamente. Recebeu alta hospitalar com 48 horas de vida, não apresentando intercorrências neste período.
  • 3.  Retornou ao serviço de emergência com nove dias de vida, por causa de um quadro de distensão abdominal progressiva, mais evidente nos últimos três dias. Não havia queixa de vômitos, apenas um episódio de regurgitação no dia anterior.
  • 4.  Ao exame físico apresentava distensão abdominal importante, mas o abdome era indolor à palpação e aparentemente sem visceromegalias. Ruídos hidroaéreos estavam presentes e o sinal de piparote era positivo.
  • 5.  Os exames de sangue pré-natais da mãe foram normais. Três exames de US obstétricos prévios (aos 4, 7 e 8 meses) não demonstraram anormalidades fetais. A mãe negou consanguinidade e/ou doenças nos outros três filhos.
  • 6.  Foi realizada radiografia simples de abdome, logo após a admissão da criança, que demonstrou presença de ascite (Figura 1). O exame de US de abdome revelou ascite volumosa com grumos, rins apresentando parênquima de espessura preservada e importante dilatação das cavidades coletoras.  Este exame evidenciou, também, ruptura do cálice do grupo superior do rim esquerdo e líquido perirrenal (Figura 2), bexiga urinária pouco repleta, com paredes levemente espessadas.
  • 7.
  • 8.
  • 9.
  • 10. O paciente foi então submetido a uma cistouretrografia miccional, que revelou bexiga com capacidade normal, de contornos trabeculados e formações pseudodiverticulares (bexiga de esforço).  Havia refluxo vesicoureteral à esquerda grau V, representado por dilatação importante do sistema coletor e do ureter deste lado (Figuras 3A e 3B).
  • 11.  Ocorreu extravasamento do meio de contraste para o espaço periférico esquerdo, havendo acúmulo localizado junto ao polo superior do rim, e posteriormente extravasamento para a cavidade peritoneal. Observou-se dilatação da uretra posterior (Figura3B). Não houve refluxo vesicoureteral à direita.
  • 12. A criança foi submetida a ureterostomia cutânea bilateral e cistoscopia. O paciente recebeu alta hospitalar em bom estado geral, ganhando peso, com hemograma e eletrólitos normais.
  • 13. A ascite do recém-nascido é um evento raro que apresenta várias causas, tais como natureza biliar, doença hepática, doença cardíaca, quilosa, infecciosa, urinária ou, ainda, podendo ser de natureza desconhecida (3–7).
  • 14. Diante disso, estabelecer o diagnóstico correto é um desafio, que muitas vezes é definido pelos exames de imagem: cistouretrografia miccional, US e cintilografia com Tc-99m. Estabelecer o diagnóstico preciso da causa e de suas complicações é fundamental para o tratamento correto e para a boa evolução do paciente.  Entre as causas acima citadas, a de natureza urinária é uma das mais comuns. Os casos de ascite urinária relatados geralmente estão relacionados a ruptura de bexiga urinária secundária a válvula de uretra posterior em meninos(1–4).  Este diagnóstico é feito após extensa investigação e definido pela cistouretrografia miccional(1).
  • 15. De acordo com nossa revisão da literatura médica, encontramos somente um relato de um caso de ascite de natureza urinária com ruptura de cálice renal, determinada por válvula de uretra posterior, em que o diagnóstico foi definido por meio de cistouretrografia miccional(3).  O caso aqui relatado torna-se original pelo fato de a ascite ter ocorrido devido a ruptura de cálice renal e o diagnóstico ter sido definido por meio de exame ultrassonográfico.  Em conclusão, nos casos de ascite urinária do neonato por ruptura de cálice a US pode demonstrar a ruptura direcionando a investigação para um exame específico, no caso a cistouretrografia miccional.