SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  47
Télécharger pour lire hors ligne
Educação
                                                          sem fronteiras

                                              SERVIÇO
                                               SOCIAL

                                                                               Autores
                                  Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
                                    Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho de Silva
                                     Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio
                                                Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




                                                                                      4
                                                                www.interativa.uniderp.br
                                                               www.unianhanguera.edu.br
                                                                   Anhanguera Publicações
                                                                        Valinhos/SP, 2009




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 1                                                              5/28/09 3:24:30 PM
© 2009 Anhanguera Publicações
             Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de                                                    Ficha Catalográfica realizada pela Bibliotecária
             impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua                                              Alessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640
             portuguesa ou qualquer outro idioma.
             Impresso no Brasil 2009
                                                                                                          S514      Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al.]. - Valinhos :
                                                                                                                         Anhanguera Publicações, 2009.
                                                                                                                         256 p. - (Educação sem fronteiras ; 4).


                                                                                                                           ISBN: 978-85-62280-44-3


                                                                                                                         1. Comunicação – Metodologia da pesquisa. 2. Direito –
                                                                                                                    Legislação social. 3. Movimento social. I. Araújo, Edilene Maria de
                                                                                                                    Oliveira. II. Título. III. Série.
             ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
             CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS
                                                                                                                                                                              CDD: 360
             Presidente
             Prof. Antonio Carbonari Netto

             Diretor Acadêmico
             Prof. José Luis Poli

             Diretor Administrativo
             Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
                                                                                                                                                          ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
             CAMPUS I
                                                                                                                                                                                     Diretor
             Chanceler                                                                                                                                         Prof. Diógenes da Silva Júnior
             Profa. Dra. Ana Maria Costa de Sousa
             Reitor                                                                                                                                                     Gerente Acadêmico
             Prof. Dr. Guilherme Marback Neto                                                                                                                            Prof. Adauto Damásio
             Vice-Reitor
                                                                                                                                                                  Gerente Administrativo
             Profa. Heloísa Helena Gianotti Pereira
                                                                                                                                                                 Prof. Cássio Alvarenga Netto
             Pró-Reitores
             Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
             Pró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira
             Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato




             ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
             UNIDERP INTERATIVA

             Diretor
             Prof. Dr. Ednilson Aparecido Guioti

             Coodernação
             Prof. Wilson Buzinaro

             COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
             Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate /
             Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)

             PROJETO DOS CURSOS
             Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani
             Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli
             Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira
             Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Figliolini
             Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz
             Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo Antonio
             Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira Biazetto
             Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario
             Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
             Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
             Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 2                                                                                                                                                                   5/28/09 3:24:30 PM
Nossa Missão, Nossos Valores
                      _______________________________

                A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino-
             vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
             Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
             dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
                A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
             preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
             tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
             relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições
             de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
             Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores
             da Anhanguera.
                Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
             tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos
             espalhados por todo o Brasil.




                                                                         Boa aprendizagem e bons estudos!



                                                                             Prof. Antonio Carbonari Netto
                                                                    Presidente — Anhanguera Educacional




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 3                                                                               5/28/09 3:24:31 PM
.




    00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 4   5/28/09 3:24:31 PM
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico



                                       Apresentação
                                   ____________________

                 A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
              desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
              arrojados, pluralistas, democráticos.
                 Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
              ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
              para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a
              qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi-
              tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social.
                  Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um
              desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida-
              des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a
              Distância.
                 Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei-
              ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o
              acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
                 O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp
              Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci-
              dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados
              em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação
              continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias
              dinâmicas e inovadoras.
                 Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
              Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re-
              flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
              Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
              a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado
              e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua
              aprendizagem.
                 É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
              formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
              preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade.



                                                                               Prof. Guilherme Marback Neto




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 5                                                                                 5/28/09 3:24:31 PM
00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 6   5/28/09 3:24:31 PM
Autores
                                       ____________________

                                                               AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA
                           Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998
                                           Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração:
                          Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001
                                                 Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia –
                                                          Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003

                                                                    EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
                                                       Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica
                                                                               de Mato Grosso – FUCMT – 1986
                                               Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação
                                           de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
                                                        Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais –
                                                          Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002
                                                        Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing
                                                                            e Comércio Exterior – UCDB – 1998

                                                         ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO
                  Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco
                                                                      – UCDB, Campo Grande/MS – 1996
                    Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São
                                                                                            Paulo/SP, 1999
                 Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo
                                                                                       do Campo/SP, 2000

                                                                            MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS
                                          Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão
                                    Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981
                                      Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade
                                  para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988
                                                   Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal
                                                                          de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 7                                                                                     5/28/09 3:24:31 PM
00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 8   5/28/09 3:24:31 PM
Sumário
                                                ____________________
             MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA

             UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
             AULA 1
               Estágio supervisionado e a prática do saber ......................................................................................                      3
             AULA 2
               Legislação e a profissão do assistente social .......................................................................................                  13

             UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL
             AULA 1
               Linguagem e sua função social ...........................................................................................................              23
             AULA 2
               Modalidades verbais e não verbais na comunicação .........................................................................                             29
             AULA 3
               Comunicação: conceitos e modelos ...................................................................................................                   33
             AULA 4
               Funções da linguagem e tipos de comunicação.................................................................................                           38
             AULA 5
               Habilidades em comunicação.............................................................................................................                42
             AULA 6
               Comunicação e novas tecnologias da comunicação .........................................................................                               46
             AULA 7
               Relações humanas ...............................................................................................................................       49
             AULA 8
               Comportamento e moda ....................................................................................................................              51

             UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
             AULA 1
               O conhecimento e a ciência ................................................................................................................            59
             AULA 2
               O método científico ............................................................................................................................       63
             AULA 3
               O processo de pesquisa .......................................................................................................................         67
             AULA 4
               A pesquisa qualitativa .........................................................................................................................       72
             AULA 5
               Leitura e registro .................................................................................................................................   76
             AULA 6
               Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................                                     79

             SEMINÁRIO INTEGRADO.....................................................................................................................                 94




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 9                                                                                                                                            5/28/09 3:24:32 PM
MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS

                               UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIAL
                               AULA 1
                                 A aplicabilidade do direito no serviço social .....................................................................................                        97
                               AULA 2
                                 A pessoa e seu inter-relacionamento social .......................................................................................                        106
                               AULA 3
                                 A institucionalização da sociedade.....................................................................................................                   118
                               AULA 4
                                 O direito familiar ................................................................................................................................       132
                               AULA 5
                                 A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos
                                 e cidadania ...........................................................................................................................................   143
                               AULA 6
                                 O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção
                                 da sociedade ........................................................................................................................................     160
                               AULA 7
                                 O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho ....................................................................                            169
                               AULA 8
                                 O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social ..................................................                                     193

                               UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAIS
                               AULA 1
                                 Movimentos sociais.............................................................................................................................           209
                               AULA 2
                                 Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ......................................................                                     212
                               AULA 3
                                 Movimentos sociais e cidadania .........................................................................................................                  215
                               AULA 4
                                 Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ...............................................................                                 218
                               AULA 5
                                 A sociedade civil e a construção de espaços públicos........................................................................                              221
                               AULA 6
                                 O caráter educativo do movimento social popular ...........................................................................                               223
                               AULA 7
                                 Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino ....                                                           226
                               AULA 8
                                 Movimentos sociais em suas diferentes expressões ...........................................................................                              229
                               AULA 9
                                 Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea ..................................                                                232
                               AULA 10
                                 Redes de ações coletivas ......................................................................................................................           239

                               SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 243




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 10                                                                                                                                                             5/28/09 3:24:32 PM
Módulo

                                           COMUNICAÇÃO
                                          E METODOLOGIA
                                             DA PESQUISA




                                           Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 57                                                 5/19/09 8:43:23 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica


                  Apresentação

               Prezado Aluno,
               Nesta Unidade Didática você refletirá sobre o processo de investigação científica no Serviço Social.
               O módulo Metodologia Científica foi pensado para trazer até você as questões mais atuais que estão re-
            lacionadas ao processo de construção do conhecimento científico, o processo de investigação científica e as
            indagações acerca do método em ciências sociais. Nessa perspectiva, as temáticas eleitas visam subsidiá-los
            nos conhecimentos necessários para o entendimento da ciência, do método científico, o reconhecimento das
            ciências sociais como campo científico, além da normalização de trabalhos acadêmicos.
               Para que você possa aproveitar melhor os estudos, verifique a bibliografia indicada na lista de referências,
            as sugestões indicadas no material impresso e online, bem como as atividades solicitadas em cada aula.
               Seremos parceiros nesta caminhada; contudo, lembre-se de que o curso depende muito de você e que sua
            participação é fundamental.

                Bom trabalho!



                                                                                Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




                                                                    58


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 58                                                                                   5/19/09 8:43:23 AM
AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência




                                                                                                                              Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                             AULA

                                           ____________________    1
                                          O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA

                 Conteúdo
                 •	 O processo histórico de construção da ciência moderna
                 •	 Diferentes tipos de conhecimento
                 •	 Definição de Ciência


                 Competências e habilidades
                 •	 Conhecer o processo de construção da ciência moderna
                 •	 Identificar diferentes tipos de conhecimento
                 •	 Caracterizar a ciência e o conhecimento científico


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO                                 As transformações ocorridas no pensamento
              DA CIÊNCIA MODERNA                                              científico estiveram vinculadas a outros aconteci-
                 A busca de explicações racionais acerca dos fe-              mentos importantes e que representaram profun-
              nômenos do mundo acompanha os seres humanos                     das modificações na estrutura social, tais como a
              há muito tempo, entretanto as explicações pauta-                emergência da burguesia, o desenvolvimento da
                                                                              economia capitalista, a revolução industrial etc.
              das em critérios de comprovação e objetividade, tal
                                                                                 A burguesia emergente valorizava o trabalho ma-
              como modernamente se concebe, nasceu no século
                                                                              nual e a expansão dos seus domínios requeria o de-
              XVII em meio a grandes transformações no contex-
                                                                              senvolvimento de invenções e tecnologia, de modo a
              to social. Nessa época, configurou-se o movimento
                                                                              dominar a natureza utilizando seus recursos de todas
              denominado “Renascimento Científico” cujo aspec-                as formas. A Revolução Industrial acelerou esse pro-
              to principal foi o de romper com as tradicionais for-           cesso, pois a racionalização do trabalho e a produção
              mas de conhecer, lançando as bases para uma nova                e comercialização em larga escala exigiam a constru-
              concepção de saber.                                             ção de equipamentos cada vez mais sofisticados.

                                                                         59


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 59                                                                                                              5/19/09 8:43:24 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                Assim também nasce um novo homem crente no               Assim é que a partir do século XVII o conheci-
             poder da razão e da transformação do mundo. Dife-        mento científico passa a ser reconhecido como um
             rente do homem medieval, que temia a Deus e bus-         tipo de conhecimento específico separando-se do
             cava na vida após a morte as recompensas por uma         conhecimento filosófico e no século XIX o otimis-
             vida sem pecados, o homem que nascia no interior         mo cientificista foi tal que muitos autores afirma-
             dessas transformações recolocava-se como figura          vam que somente a ciência poderia oferecer todas as
             central e retomava o domínio da sua vida.                explicações a partir do método científico.
                Dessa forma, o conhecimento aceito é aquele              Para Morais (1988), há uma questão importante
             marcado pela razão, experimentação, demonstração         a ser tratada no que se refere à atividade científi-
             e comprovação, utilizando o método científico, cri-      ca: será a ciência una ou dividida? Quando se pensa
             térios diferentes dos até então aceitos, fundamenta-     nas suas finalidades, pode-se afirmar que é una, mas
             dos especialmente na revelação e autoridade divina.      quando se considera a amplitude de objetos passí-
                O novo método científico mostrou-se fecundo e         veis de serem investigados, também será dividida.
             aos poucos foi adaptado a outros campos de pesqui-       Chauí (2000, p. 260) pondera que “ciências, no plu-
             sa, fazendo surgir diversas ciências particulares.       ral, refere-se às diferentes maneiras de realização do
                Segundo Morais (1988), a preocupação científica       ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos
             já estava presente na Idade Antiga, entretanto, gre-     investigados e os diferentes métodos e tecnologias
             gos e romanos favoreceram o desenvolvimento das          empregadas”. Seguindo a classificação apresentada
             chamadas ciências formais pois não consideravam
                                                                      pela autora, as ciências podem ser divididas em: ma-
             a experimentação como algo importante. Para os
                                                                      temáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais,
             gregos, havia o desprezo pelas atividades manuais,
                                                                      ciências humanas ou sociais e ciências aplicadas.
             consideradas menos nobres, sendo as atividades da
                                                                         O breve histórico apresentado demonstra que a
             “razão” consideradas elevadas. Já os romanos, cujas
                                                                      sociedade ocidental contemporânea desenvolveu
             preocupações eram mais pragmáticas, não valoriza-
                                                                      um ideal de cientificidade baseado principalmente
             vam a experimentação.
                                                                      na demonstração e prova, cujos aspectos principais
                Já na Idade Média, tendo em vista o predomínio
                                                                      são: distinção entre sujeito e objeto, criação de uma
             da visão religiosa, não havia condições para o de-
             senvolvimento do pensamento científico.                  linguagem específica e própria, importância do mé-
                                                                      todo, uso de instrumentos tecnológicos etc. Isso leva
                Assim, somente quando o homem recoloca-se
                                                                      à crença de que os resultados obtidos pela ciência
             no centro dos fatos históricos e busca compreender
             a natureza sem medo de profaná-la, é que se tor-         ocorrem de forma independente do desejo, convic-
             na possível o desenvolvimento do racionalismo e          ção e interesse do cientista, portanto a ciência seria
             experimentalismo científico. Morais (1988) afirma        neutra. Essa visão cientificista parte do pressuposto
             que na Idade Moderna, especialmente a partir do          de que a ciência pode conhecer tudo e esse conheci-
             Renascimento, são oferecidas as condições objetivas      mento permitirá manipular tecnicamente a realida-
             para a transformação da concepção do pensamento          de de forma ilimitada. Essa forma de encarar a ciên-
             até então predominante.                                  cia traz no seu interior a possibilidade de exercer o
                Sem dúvida, o que se observa é que, muito em-         controle sobre o pensamento humano agindo como
             bora o pensamento científico estivesse manifesto         uma forma de controle social; é a chamada ideolo-
             ao longo da história humana, foi a partir do desen-      gia da competência. Nesse sentido, a sociedade está
             volvimento do experimentalismo que se criou uma          formada por pessoas que sabem (competentes) e as
             atitude mental diferenciada em face do mundo na-         que não sabem, cabendo às primeiras o direito de
             tural, condição necessária para o desenvolvimento        exercer o comando e controle sobre as demais, que
             do pensamento científico moderno.                        deverão executar as determinações.

                                                                    60


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 60                                                                                    5/19/09 8:43:24 AM
AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência

                  Outro aspecto importante a ser considerado                 O senso comum
              quanto à ciência moderna é sua ligação íntima com                 O senso comum ou conhecimento vulgar é o co-
              a técnica. Originalmente, técnica (do grego téchne)            nhecimento popular que busca explicar os fatos,
              mais se aproximava da arte no sentido de habilida-             sem perquirir suas causas. Ele é fruto do acúmulo
              de; com o desenvolvimento do conhecimento cien-                de experiências pessoais, portanto assistemático,
              tífico, também houve a possibilidade da construção             fragmentado e muitas vezes simplista e ingênuo.
              de instrumentos para ampliar e potencializar suas
              funções. Morais (1988, p. 51) afirma que “houve um             O conhecimento teológico
              tempo em que se ensinava que a ciência é o conheci-               O conhecimento teológico ou religioso busca ex-
              mento, e a técnica, a aplicação desse conhecimento”.           plicações a partir de entes divinos ou sobrenaturais.
              A ciência moderna, levando à construção de instru-             Esse tipo de conhecimento torna impossível buscar
              mentos que possibilitam conhecimentos mais exa-                as causas dos fenômenos, pois estas se encontram
              tos, transforma a técnica em tecnologia, objetiva o            fora do âmbito da condição humana; é dogmático.
              conhecimento por meio de um objeto técnico.
                 Em face do desenvolvimento do modelo produ-                 O conhecimento filosófico
              tivo capitalista, a ciência e a tecnologia tornaram-se            O conhecimento filosófico busca investigar cau-
              parte integrante da atividade econômica e assim o              sas e razões dos fenômenos por meio das ideias,
              montante de recursos financeiros a serem destina-              relações conceituais que não podem ser reduzidas
              dos a pesquisas científicas são definidos a partir do          a observação empírica. Esse tipo de conhecimen-
                                                                             to tem por finalidade questionar, refletir de forma
              seu uso, distante do controle social.
                                                                             mais ampla sobre as questões humana incluindo
                                                                             objetivos e conclusões da própria ciência.
              Diferentes tipos de conhecimento
                 A necessidade de conhecer o funcionamento da                O conhecimento científico
              natureza visando dominá-la levou a diferentes for-
                                                                               Muitas são as caracterizações elaboradas sobre
              mas de explicação sobre o mundo. Assim, desde in-              o conhecimento científico; para este estudo, esta-
              terpretações místicas até as científicas são tentativas        remos adotando a sistematização apresentada por
              de dar um sentido para os fenômenos e fatos que                Oliveira (apud Ander-Egg, 2001, p. 50):
              ocorrem, ou seja, são formas diferentes de se pro-
              cessar o conhecimento.                                              [...] ciência é um conjunto de conhecimentos racio-
                                                                                  nais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente,
                 Todo conhecimento consiste em uma relação en-
                                                                                  sistematizados e verificáveis, que fazem referência
              tre o sujeito (cognoscente) e o objeto (aquilo que
                                                                                  a objetos de uma mesma natureza, subdividindo-
              será conhecido), que produz uma imagem (repre-                      os em:
              sentação). Para Ruiz (1996, p. 90), “todo conheci-                  •	 conhecimento racional, isto é, que tem exigên-
              mento consiste numa relação sui generis entre o su-                     cia de método [...];
              jeito cognoscente e o objeto conhecido: relação de                  •	 certo ou provável, já que não se pode atribuir à
              assimilação do objeto pelo sujeito, relação de pro-                     ciência a certeza indiscutível de todo saber que a
              dução do objeto pelo sujeito, relação de coincidên-                     compõe [...];
                                                                                  •	 obtidos metodicamente, pois não se os adquire
              cia ou de identificação entre sujeito e objeto”.
                                                                                      ao acaso ou na vida cotidiana [...];
                 A fim de melhor caracterizar o conhecimento                      •	 verificáveis, pelo fato de que as afirmações que
              científico, é importante identificar outras formas de                   não podem ser comprovadas ou que não passam
              se conhecer, pois a ciência não é o único modo de se                    pelo exame da experiência não fazem parte do
              explicar a realidade.                                                   âmbito da ciência [...];

                                                                        61


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 61                                                                                              5/19/09 8:43:24 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                    •	 relativas a objetos da mesma natureza, ou seja,       e empírica” e o de Trujillo Ferrari (apud LAKATOS,
                       objetos pertencentes a determinada realidade, que     1999, p. 80), que entende a ciência como “[...] um
                       guardam entre si características de homogeneidade.    conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas
                                                                             ao sistemático conhecimento com objeto limitado,
            Definição de ciência                                             capaz de ser submetido à verificação”. Observa-se,
              Muitos autores apresentam conceitos de ciência.                assim, a coincidência de alguns aspectos considera-
            Destacamos o apresentado por Megale (1989, p. 41),               dos importantes para a compreensão do conceito e
            que afirma: “ciência é o conjunto de conhecimentos               que serão comuns em maior ou menor grau entre
            obtidos através da investigação sistemática, objetiva            os autores.


                *      ANOTAÇÕES




                                                                            62


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 62                                                                                           5/19/09 8:43:25 AM
AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência




                                                                                                                                  Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                              AULA

                                          ____________________     2
                                             O MÉTODO CIENTÍFICO

                 Conteúdo
                 •	 Origens do método científico
                 •	 Etapas do método científico
                 •	 Tipos de métodos


                 Competências e habilidades
                 •	 Contextualizar as origens do método científico
                 •	 Identificar as principais características do método científico
                 •	 Apresentar os principais tipos de métodos científicos


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              ORIGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO                                        Vários filósofos buscaram estabelecer uma concep-
                 No âmbito das ciências modernas, o método                     ção sobre o método, entretanto até o século XVII os
              exerce papel tão relevante que muitas vezes se con-              problemas filosóficos estavam mais vinculados à ques-
              funde a ciência com o seu método. Entretanto, a                  tão do ser. A Filosofia antiga não indaga sobre a reali-
              utilização do método não é privilégio da ciência.                dade do mundo. É Descartes que propõe como méto-
              A palavra método vem do grego methodos (meta =                   do, começar duvidando de tudo; é a dúvida metódica.
              através de; hodos = caminho), ou seja, é a orienta-
                                                                               É a partir da Idade Moderna, que as questões do co-
              ção, o guia para se conseguir algo. No seu sentido
                                                                               nhecer ganham vulto tendo em vista o fator subjetivi­
              mais amplo, significa o conjunto de procedimentos
                                                                               dade. A partir dessa época os filósofos preocupam-se
              utilizados para se alcançar conhecimento seguro de
              forma mais racional; na ciência, método é a ordem                muito mais com o sujeito cognoscente tendo em vista
              imposta no caminho para se chegar a um fim de-                   a sua dúvida de se pode ou não alcançar a verdade.
              terminado. Assim, depreende-se que, pelo método,                   Chauí (2000) afirma que no decorrer da história
              pode-se demonstrar ou verificar conhecimentos.                   o método sempre desempenhou o papel de regula-

                                                                          63


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 63                                                                                                                  5/19/09 8:43:25 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            dor do pensamento, pois “guia o trabalho intelectual      ressaltar que toda pesquisa necessita ter claramen-
            [...] e avalia os resultados obtidos” (p. 159); contu-    te formulado um problema, entretanto, nem todos
            do, foi a partir do desenvolvimento da ciência mo-        os problemas são passíveis de tratamento científico
            derna que se colocou a necessidade da construção          por não poderem ser respondidos, comprovados
            de procedimentos que permitissem a demonstração           por demonstração. Como afirma Gil (1996, p. 27), a
            do conhecimento por meio da evidência, levando à          pesquisa científica não pode responder “a questões
            organização do método científico.                         de ‘engenharia’ e de valor porque sua correção ou
                Ao se tratar do método científico, uma importan-      incorreção não é passível de verificação empírica”.
            te questão merece ser elucidada: a diferença entre        Richardson (1999) sugere formular a pergunta uti-
            método e metodologia, pois muitas vezes toma-se o         lizando como, o que e quando preferencialmente a
            significado de um pelo outro. Por método entende-         por quê.
            se a organização das etapas fundamentais do pro-              Tendo sido o problema identificado, coloca-se a
            cesso de pesquisa a partir das teorias que orientam       necessidade de buscar informações acerca do fenô-
            a busca da verdade. Já metodologia incorpora o mé-        meno que será investigado. Nessa etapa, as princi-
            todo e as técnicas, ou seja, os instrumentos para a       pais fontes de informação são aquelas que apresen-
            investigação científica (coleta, tabulação, análise e     tam alguma sistematização sobre o assunto, espe-
            interpretação de dados etc.).                             cialmente livros, relatórios, periódicos, internet etc.
                                                                          Na sequência do processo está a formulação da
            Etapas do método científico                               hipótese, ou seja, a elaboração de resposta prévia ao
               A investigação da natureza de forma científica,        problema formulado. A hipótese normalmente é le-
            ou seja, utilizando o método científico, requer do        vantada quando o investigador já realizou revisão da
            investigador uma constante atitude de reflexão e          literatura pertinente ao fenômeno em estudo, ob-
            crítica diante da realidade e do permanente ques-         tendo considerável conhecimento sobre o problema
            tionamento acerca das conclusões obtidas. Muito           que permite a tentativa de resposta; é evidente que
            embora essa atitude deva também fazer parte da vida       a hipótese será testada no processo de investigação e
            cotidiana das pessoas, para o cientista deve ser um       assim poderá ser comprovada ou refutada.
            exigência que compreende alguns passos ou etapas.             Para Richardson (1999), o meio formal de testar
            Neste estudo utilizaremos a sistematização apresenta-     a hipótese é a predição que consiste na tentativa de
            da por Richardson (1999, p. 26-29), que compreende:       predizer o resultado da hipótese pelo uso da esta-
            a observação, a formulação de um problema, a ob-          tística. O raciocínio é que se a resposta é acertada,
            tenção de informações referenciais, o levantamen-         os resultados são específicos e, muito embora rara-
            to de hipóteses, a predição, a experimentação e a         mente a predição seja totalmente perfeita, é funda-
            análise.                                                  mental para o teste da hipótese.
               Pode-se afirmar que a observação é o primeiro              A experimentação visa comparar os resultados
            momento da investigação, pois compreende infor-           obtidos, mediante a realização de atividades que,
            mações mais gerais obtidas por meio da experiência        dadas determinadas condições, permitam obter res-
            cotidiana ou mesmo de leituras realizadas, o que ca-      postas a partir da manipulação intencional, e cons-
            racteriza como diferencial é que “essas observações       titui-se em etapa importante do método científico.
            devem ser sensíveis, mensuráveis e passíveis de re-           A análise configura-se como a fase final do mé-
            petição, para que possam ser observadas por outras        todo científico e consiste na confirmação ou não da
            pessoas” (RICHARDSON, 1999, p. 26).                       hipótese levantada, permitindo construir, confirmar
               A partir da observação, o pesquisador constata         ou rejeitar determinada teoria.
            alguma questão que necessita ser respondida e parte           Uma questão se coloca: e quanto às ciências so-
            para a formulação do problema de pesquisa. Cabe           ciais? Haveria um método específico para as ciên-

                                                                     64


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 64                                                                                     5/19/09 8:43:25 AM
AULA 2 — O Método Científico

              cias sociais? O humano como objeto de investigação           tre eles [...], generalização da relação [...]”. Ou seja,
              passa a ter importância a partir do século XIX, con-         após a observação de um fenômeno, faz-se o grupa-
              tudo, como nesse momento os critérios de cientifi-           mento dos fatos segundo as suas relações constantes
              cidade já estavam estabelecidos, houve a incorpora-          para generalizar para todos os fenômenos da mes-
              ção dos mesmos métodos e técnicas utilizados nas             ma espécie.
              ciências da natureza para a análise dos fenômenos
              sociais. Contudo, por não ser possível uma trans-              Método dedutivo – contrariamente à indução, o
              posição pura e simples dos métodos das ciências              método dedutivo parte de enunciados mais gerais
              naturais para o estudo dos fenômenos humanos, os             para chegar aos particulares ou menos gerais. Se-
              resultados obtidos tornaram-se pouco científicos             gundo Oliveira (2001, p. 62), “a dedução como for-
              e, portanto, foram muito contestados. Richardson             ma de raciocínio lógico tem como ponto de partida
              (1999) reflete que o fracasso das ciências sociais se        um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu
              deveu à transferência acrítica da metodologia das            objetivo é a tese ou conclusão que é aquilo que se
              ciências físicas e naturais ao fenômeno humano.              pretende provar”. É importante enfatizar que a de-
              Para o autor, as bases da pesquisa empirista utiliza-        dução e a indução são procedimentos do raciocínio
              da nas análises dos fenômenos sociais levou “a uma           que se complementam no processo da investigação.
              deturpação total da meta fundamental das ciências
              sociais: o desenvolvimento do homem e da socieda-                Método dialético – A dialética tem sua origem na
              de” (p. 30).                                                 Grécia e em seus primórdios significava a arte de
                 Somente a partir dos anos 1980, já no século XX,          dialogar. Em Platão e Aristóteles já é possível iden-
              há uma real ruptura com os modelos até então con-            tificar no conceito o aspecto de transformação, por
              solidados e ocorre uma mudança radical no estudo             intermédio da contradição, entretanto, é Hegel que
              dos fenômenos humanos e sociais. Richardson pon-             sistematiza a dialética como processo, movimento,
              dera ainda que as características do método cientí-          mudança, transformação a partir de leis próprias.
              fico valem para qualquer ciência, contudo, “o que            A história é vista como obra humana dentro de um
              muda é a aplicação de regras e instrumentos que              processo dinâmico e não somente como a ocor-
              devem estar adequados para a medição dos fenô-               rência de fatos. Para Hegel, esse processo se dá nas
              menos sociais. Por exemplo, fenômenos qualitativos           ideias, na razão; sendo determinado pela reflexão,
              não podem ser analisados com instrumentos quan-              pelo pensamento, e, assim, o objeto é identificado
              titativos” (p. 30).                                          como consciência abstrata. Marx busca o conceito
                 Assim, ainda que com muita controvérsia, os fe-           desenvolvido por Hegel trazendo-o para a realidade
              nômenos humanos e sociais tornam-se objetos de               objetiva, ou seja, o desenvolvimento não se dá pelo
              ciências específicas, tendo métodos próprios para            pensamento, mas mediante as práticas sociais reali-
              análise desses fenômenos.                                    zadas materialmente pelos homens.
                                                                               São três as leis da dialética: a transformação da
              Tipos de métodos                                             quantidade em qualidade, a interpenetração dos con-
                 Método indutivo – é um processo mental que                trários e a negação da negação.
              parte do registro de fatos singulares ou menos ge-               •	 Lei da passagem da quantidade à qualidade –
              rais, mas suficientemente constatados, para alcançar                define que a passagem de um objeto para outro
              conclusões mais gerais. No método indutivo, anali-                  com características diferentes (qualidade) se dá
              sam-se as partes para compreender o todo. Lakatos                   pelo aumento quantitativo de determinadas
              e Marconi (1998, p. 87) consideram três elementos                   características do objeto.
              principais no procedimento da indução: “observa-                 •	 Lei da unidade e luta dos contrários – estabele-
              ção dos fenômenos [...], descoberta da relação en-                  ce que na contradição é que se dá o movimen-

                                                                      65


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 65                                                                                          5/19/09 8:43:25 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                   to, ou seja, os elementos que não podem existir         que cria o novo não elimina totalmente o ve-
                   sem o outro também buscam superar-se. Ao                lho, pois mesmo o novo significando um novo
                   tempo em que um só existe em função do ou-              objeto possui qualidades do elemento antigo.
                   tro, também busca sua ultrapassagem. São for-
                   ças antagônicas que convivem em um mesmo               O método desempenha um papel fundamental
                   movimento; são faces de uma mesma moeda.            no processo de pesquisa; por meio dele se constroem
                •	 Lei da negação da negação – explica que a           o objeto e as etapas que orientarão a investigação.
                   transformação do objeto em seu contrário se         Portanto, a definição do método não deve ser vista
                   dá pela negação. O novo é construído pela ne-       como uma atividade burocrática, mas como as ba-
                   gação do velho, que por sua vez, ao envelhecer,     ses sobre as quais estarão sendo construídos os co-
                   é negado por algo novo. Na luta dos contrários      nhecimentos acerca do objeto em estudo.


                *      ANOTAÇÕES




                                                                     66


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 66                                                                                  5/19/09 8:43:26 AM
AULA 3 — O Processo de Pesquisa



                                                             AULA




                                                                                                                              Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                          ____________________     3
                                          O PROCESSO DE PESQUISA

                 Conteúdo
                 •	 O	que	é	pesquisa
                 •	 Tipos/caracterização	da	pesquisa
                 •	 Fases	da	pesquisa
                 •	 Instrumentos	e	técnicas	para	coleta	de	dados	em	pesquisa	social


                 Competências e habilidades
                 •	 Conceituar	o	que	vem	a	ser	pesquisa	científica
                 •	 Caracterizar	os	diferentes	tipos	de	pesquisa
                 •	 Identificar	as	fases	de	elaboração	da	pesquisa
                 •	 Identificar	as	principais	técnicas	para	coleta	de	dados	em	pesquisas	sociais


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              A PESQUISA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÀO                            Gil (1991, p. 19), a pesquisa é “o procedimento ra-
              E TÉCNICAS                                                      cional e sistemático que tem como objetivo propor-
                 A pesquisa científica é um processo reflexivo que            cionar respostas aos problemas que são propostos”.
              visa construir conhecimentos a partir de procedi-               A partir dessas definições é possível identificar que
              mentos racionais e sistemáticos. Santos (2000, p. 15)           a pesquisa é um meio de se produzir conhecimen-
              caracteriza a pesquisa como “atividade intelectual              tos aplicando, para isso, metodologias apropriadas
              intencional que visa responder às necessidades hu-              de forma racional, organizada, metódica e reflexiva
              manas”. Lakatos e Marconi (1995, p. 155) afirmam                voltada à resolução de problemas.
              que a pesquisa “é um procedimento formal, com                      A preparação de uma pesquisa científica requer
              método de pensamento reflexivo, que requer um                   um planejamento, para mais racionalmente se or-
              tratamento científico e se constitui no caminho para            ganizarem os procedimentos. Essa preparação com-
              conhecer ou para descobrir verdades parciais”. Para             preende quatro grandes etapas ou fases: a prepa-

                                                                         67


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 67                                                                                                              5/19/09 8:43:26 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            ração, a elaboração do projeto, a execução do pla-          p. 23) esquematiza as etapas decorrentes daquelas,
            nejado e a elaboração do relatório final. Gil (1996,        conforme o fluxograma a seguir:

                   Formulação                    Construção                 Determinação            Operacionalização
                   do Problema                  de Hipóteses                  do Plano                de Variáveis

                 Elaboração dos
                                                Pré-teste dos
                  Instrumentos                                          Seleção da Amostra           Coleta de Dados
                                                Instrumentos
               de Coleta de Dados

                                           Análise e Interpretação     Redação do Relatório
                                                 dos Dados                 da Pesquisa


               A fase de preparação é o momento em que o inves-            A apresentação formal do projeto pode variar
            tigador define o tema a ser pesquisado, realiza a de-       conforme o autor utilizado ou o convencionado por
            vida revisão de literatura a fim de identificar o atual     cada Instituição de Ensino, entretanto, os questio-
            estágio de estudos sobre o assunto, bem como se há          namentos levantados deverão estar contemplados
            fontes de dados disponíveis para que possa realizar         no sentido de atender aos objetivos inerentes a qual-
            o estudo. A revisão de literatura também permite a          quer projeto de pesquisa.
            delimitação mais clara do problema a ser estudado e            Um dos aspectos fundamentais no processo de
            o estabelecimento de hipóteses (quando for o caso)          pesquisa refere-se à formulação do problema a ser
            ou respostas provisórias ao problema enunciado.             investigado, pois na busca da sua solução é que se es-
                                                                        tará apropriando, construindo e transformando co-
               Na etapa seguinte estará organizando o plano ou
                                                                        nhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que toda
            projeto de pesquisa, elemento fundamental no pro-
                                                                        pesquisa inicia-se com um problema, entretanto nem
            cesso, pois permite ao pesquisador estabelecer metas
                                                                        todo problema é passível de tratamento científico.
            de forma clara, dentro de um prazo possível, com
                                                                        Lakatos e Marconi (1995) definem problema como
            técnicas mais adequadas em face do que se pretende
                                                                        uma dificuldade apresentada no entendimento de
            investigar e atendendo a determinado orçamento. A           um assunto efetivamente importante e para o qual
            terceira etapa pode ser compreendida como a etapa           se vai buscar uma solução. Para Gil (1991), um pro-
            de execução do projeto ou plano, quando os dados            blema será científico quando for passível de ser ve-
            serão coletados, tabulados e analisados, e a quarta e       rificado, observado empiricamente ou manipulado.
            última etapa refere-se à elaboração do relatório final         A formulação do problema não é tarefa fácil visto
            de pesquisa, quando serão apresentados os resulta-          que não se trata de tão-somente identificar o que se
            dos do estudo dentro de normas e padrões previa-            pretende investigar, é preciso ter clareza e objetivi-
            mente estabelecidos (NBR 14724 da ABNT).                    dade. Sugere-se formular o problema em forma de
               O projeto de pesquisa vem responder aos seguin-          pergunta (ou questão) delimitando-o a uma abran-
            tes questionamentos:                                        gência que o torne viável de ser resolvido, com ma-
                •	 O	que	investigar?                                    teriais e técnicas disponíveis e acessíveis ao pesqui-
                •	 Por	que	investigar?                                  sador. Gil (1991) recomenda ter cuidado quando o
                                                                        problema referir-se a valores, pois por basear-se em
                •	 Para	que	e	para	quem	investigar?
                                                                        aspectos subjetivos corre-se o risco de comprometer
                •	 Fundamentado	em	quais	fontes	de	informação?          a validade dos resultados obtidos.
                •	 Que	soluções	são	propostas?
                •	 Como,	com	o	que	ou	onde	pesquisar?                   Classificação das pesquisas
                •	 Quais	recursos	orçamentários	são	necessários?           A realização de uma pesquisa, especialmente nas
                •	 Qual	é	o	tempo	necessário	para	cumprir	as	etapas?    ciências sociais, não segue um modelo único tendo
                •	 Quais	fontes	foram	consultadas?                      em vista a complexidade própria da vida social vis-

                                                                       68


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 68                                                                                      5/19/09 8:43:26 AM
AULA 3 — O Processo de Pesquisa

              lumbrada em diferentes nuanças e aspectos ao olhar                         Essa organização pretendeu apresentar uma for-
              do investigador.                                                        ma de classificação; determinados tipos ocorrem
                Neste estudo, adotaremos a classificação siste-                       com mais regularidade em pesquisas sociais, en-
              matizada por Gil (1991), que as organiza a partir                       tretanto, em alguns casos pode-se recorrer a vários
              de dois critérios principais: quanto aos objetivos e                    tipos em uma mesma pesquisa para se responder à
              quanto aos procedimentos técnicos utilizados.                           questão investigada.

                                 Quanto aos objetivos gerais
                                                                                      A coleta de dados
                                     Visa criar maior aproximação com
                                       o tema, proporcionando maior                      Em face da pesquisa que será realizada e dos ob-
                 Pesquisa
                                 familiaridade com o problema; na maioria             jetivos definidos pelo pesquisador, as informações
               Exploratória
                                   dos casos, assume a forma de pesquisa
                                    bibliográfica ou de estudo de caso.               poderão ser obtidas de diferentes fontes, sendo três
                                       Visa descrever as características              as principais: a utilização de documentos, a obser-
                 Pesquisa              de determinada população ou
                 Descritiva             fenômeno utilizando técnicas
                                                                                      vação, e as entrevistas e questionários.
                                     padronizadas para coleta de dados.                  Os documentos se referem ao material escrito
                                       Visa identificar os fatores que                ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo
                 Pesquisa        determinam a ocorrência de determinados
                Explicativa        fenômenos. Busca explicar a razão, “o              distinguir-se em: documentos oficiais (normalmen-
                                         porquê” de acontecerem.
                                                                                      te provenientes de governo ou de empresas), docu-
                                                                                      mentos pessoais, material de imprensa e utilitários
                      Quanto aos procedimentos técnicos utilizados                    (catálogos, folhetos etc.).
                                    É desenvolvida a partir da utilização de
                  Pesquisa           material impresso elaborado – livros,
                                                                                         A observação como técnica para coletar dados
                Bibliográfica       artigos científicos, material eletrônico,         deverá atender às características próprias de cada
                                                almanaques etc.
                                                                                      pesquisa e se realiza mediante contato do investiga-
                                       É desenvolvida a partir de fontes
                  Pesquisa
                                      documentais, que podem ou não ter
                                                                                      dor com o fenômeno em estudo. Essa técnica é fun-
                 Documental
                                        recebido tratamento analítico.                damental em pesquisas sociais, pois permite apre-
                  Pesquisa         Consiste na reprodução de um fenômeno              ender fatos e aspectos para os quais outros tipos de
                Experimental          a partir de condições controladas.
                                                                                      instrumentos se mostram limitados, contudo deve
                                      Utiliza os mesmos procedimentos da
                                      pesquisa experimental, diferindo no             ser utilizada de forma combinada com outras téc-
                  Pesquisa
                                      aspecto de que, neste caso, os fatos            nicas.
                Ex-post-facto
                                       são espontâneos, não podendo o
                                       pesquisador controlar as variáveis.               Segundo Dencker (2001, p. 146), a observação
                                      Baseia-se na interrogação direta ao             pode ser realizada de duas formas: direta e indireta.
                                       grupo que se pretende investigar;              “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a
                                      neste caso, recorre-se à amostra que
                                    deverá ser significativa para possibilitar        realizada diretamente sobre o objeto da observação,
               Levantamento
                                    generalizações. As pesquisas desse tipo
                                                                                      enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser-
                                     não são adequadas quando se tratar
                                     de estudos de problemas referentes a             vado não se percebe como o principal elemento da
                                    relações e estruturas sociais complexas.
                                                                                      investigação”.
                                     Tem como base o estudo de um ou
                  Estudo de
                                   poucos objetos visando conhecê-lo(s) de               A entrevista é compreendida como um diálogo
                     Caso
                                       forma profunda e detalhada.                    entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado)
                                     É realizada de forma articulada a uma            com objetivos claramente definidos. Essa técnica
                Pesquisa-ação       ação diante de um problema detectado
                                             no processo de pesquisa.                 permite obter as informações diretamente da pes-
                                     Há interação entre o pesquisador e               soa, bem como a observação de toda a situação e
                                     o grupo de interesse da pesquisa e,              reação do entrevistado. Assim como a observação,
                  Pesquisa
                                   muito embora tenha semelhança com a
                 Participante                                                         a entrevista como técnica para coleta pode ter sua
                                   pesquisa-ação, procura distinguir a ação
                                   espontânea (popular) da ação científica.           validade questionada tendo em vista a possível in-

                                                                                 69


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 69                                                                                                 5/19/09 8:43:27 AM
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            fluência do entrevistador nas respostas do entre-          termos que sejam amplamente conhecidos, atentar-
            vistado, ou mesmo a distorção que pode ocorrer             se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em
            na análise do material obtido. Entretanto, em que          extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere-
            pesem esses aspectos, Minayo (2001, p. 59) destaca a       se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja,
            importância da noção de entrevista em profundida-          realizar um pré-teste em que um grupo pequeno
            de “que possibilita um diálogo intensamente corres-        responderá ao questionário de modo a identificar
            pondido entre entrevistador e informante [...] Esse        seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fim
            relato fornece um material extremamente rico para          de verificar se atendem às expectativas.
            análises do vivido”.
               Para se alcançar a validade nas respostas, é im-        Forma de registro
            portante preparar a entrevista atentando-se ao que            O registro das informações obtidas no processo de
            será indagado e cercando-se de certos cuidados para        coleta de dados é de fundamental importância; as-
            não interferir nas respostas do entrevistado. Quan-        sim, para não se deparar com a ausência de algum
            to à organização, buscar marcar com antecedência,          dado relevante, é conveniente estabelecer a forma de
            obter algum conhecimento prévio sobre o entrevis-          realizar e organizar os registros.
            tado, preparar as perguntas e criar uma situação de           Quando se tratar de entrevistas, é possível utili-
            discrição. No decorrer da entrevista, é importante         zar, além do recurso da anotação, a gravação, a par-
            estar mais preparado para ouvir do que para falar,         tir do consentimento do entrevistado.
            intervir no momento oportuno em que uma ques-                 O uso da filmagem é também uma forma interes-
            tão tenha relevância para ser aprofundada e buscan-        sante de realizar os registros, pois permite rever as
            do manter-se fiel aos objetivos da entrevista, não         situações vivenciadas pelo grupo estudado e que por
            permitindo desvios no que se pretende.                     vezes escapam ao olhar do investigador. Assim como
               O questionário pode ser definido como um ins-           a filmagem, a fotografia permite reter informações
            trumento impessoal e que permite maior facilida-           importantes no momento em que se realiza o es-
            de na coleta de informações. Nesse instrumento, o          tudo, pois o efeito das transformações do tempo cer-
            investigador estabelece as questões, cujas respostas       tamente estará modificando formas, paisagens etc.
            serão obtidas de forma escrita, podendo o entrevis-           Minayo (1994) alerta que em estudos sociais é im-
            tado responder livremente ou assinalar as alternati-       portante que se utilize o “diário de campo”, que são
            vas predeterminadas.                                       anotações sistemáticas realizadas pelo pesquisador e
               Assim, o questionário poderá apresentar per-            que estarão enriquecendo as análises e descrições.
            guntas do tipo aberta e/ou fechada, a depender do
            objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aque-       Algumas considerações sobre a amostragem
            las que permitem a livre resposta do entrevistado,            A amostra é um recurso a ser utilizado quando
            ficando a seu critério a extensão da resposta a ser        a população-alvo for muito grande para ser usada
            fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas         inteira. Por população-alvo compreende-se o grupo
            respostas já se encontram previamente estabeleci-          formado pelos indivíduos ou elementos que pos-
            das, ficando o entrevistado no papel de somente as-        suem determinadas características definidas para
            sinalar a alternativa que achar mais adequada.             um estudo; assim, a amostra representa uma parte
               A elaboração de um questionário requer alguns           (um subconjunto) desse grupo. Richardson (1999)
            cuidados por parte do investigador: procurar ini-          acrescenta que, além do tamanho da população-al-
            cialmente explicar de forma objetiva a finalidade          vo, os custos e o tempo são fatores importantes na
            do questionário não se esquecendo de agradecer a           utilização da amostragem, pois essa técnica permite
            colaboração de quem o respondeu, apresentar as             reduzir custos e minimizar as distorções decorrentes
            questões de forma compreensível e com palavras e           da variação do tempo de obtenção das informações.

                                                                    70


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 70                                                                                       5/19/09 8:43:27 AM
AULA 3 — O Processo de Pesquisa

                 Como nas ciências sociais trabalha-se com gru-                       população-alvo fossem idênticos, uma amostra de
              pos humanos cuja característica principal é a hete-                     um só elemento seria perfeitamente representativa.
              rogeneidade, a técnica da amostragem permite sele-
                                                                                    As amostras podem ser de dois tipos: as proba-
              cionar as amostras mais adequadas ao propósito da
                                                                                 bilísticas e as não probabilísticas, em que somente
              investigação.                                                      as últimas poderão permitir generalizações estatís-
                  Uma característica importante das amostras é                   ticas por estarem apoiadas no princípio da inferên-
              que o resultado obtido a partir dos dados da amos-                 cia estatística. As amostras do tipo probabilística
              tra deverão permitir as generalizações, ou seja, o que             caracterizam-se, principalmente, por permitir que
              é característica da amostra também é característi-                 cada elemento da população-alvo tenha a probabi-
              ca de todo o conjunto que não se pôde observar. O                  lidade de fazer parte da amostra. Os principais tipos
              fato de se utilizar uma amostra e não a população-                 de amostras probabilísticas são: amostra aleatória
              alvo total pode levar a erros que poderão ser mini-                simples, amostra sistemática, amostra por conglo-
              mizados quando se conhecem todos os parâmetros                     merado e amostra estratificada.
              da população-alvo, pois nesse caso pode-se calcular                   As amostras não probabilísticas utilizam critérios
              o erro da amostra. Quando não se conhecem esses                    baseados no raciocínio e na lógica para compor a
              parâmetros, é preciso estabelecer critérios visando                amostra e não no princípio do acaso. Os principais ti-
              minimizar a margem de erro. Contandriopoulos et                    pos são: amostras acidentais, amostras de voluntários,
              al. (1999, p. 60) indicam dois critérios para se discu-            amostras por escolhas racionais e amostras por cotas.
              tir essa margem:                                                      O tamanho da amostra depende de vários fatores
                                                                                 intrinsecamente articulados ao que se pretende in-
                      Quanto maior a “fração da amostra”, menor o “er-
                                                                                 vestigar, aos custos decorrentes da coleta de dados e
                      ro da amostra”. Intuitivamente é fácil conceber
                      que, quanto maior a amostra em relação à popula-           aos métodos estatísticos a serem utilizados.
                      ção-alvo, mais segura é a representatividade dessa            Qualquer que seja o método utilizado, é preciso
                      amostra. Inversamente quanto mais homogênea                ter-se clareza que cada um apresentará vantagens e
                      for a população-alvo, menos necessária será uma            desvantagens e que não há apenas um que seja uni-
                      grande amostra. No limite, se todos os elementos da        versalmente válido para todas as situações.


                  *      ANOTAÇÕES




                                                                            71


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 71                                                                                              5/19/09 8:43:27 AM
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                                                 Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica



                                                                                                                 AULA

                                                                                          ____________________        4
                                                                                            A PESQUISA QUALITATIVA

                                                                    Conteúdo
                                                                    •	 Pesquisa	qualitativa	–	conceito	e	características
                                                                    •	 O	qualitativo	e	o	quantitativo	–	diferentes	faces	de	um	mesmo	processo

                                                                    Competências e habilidades
                                                                    •	 Compreender	o	que	é	a	pesquisa	qualitativa
                                                                    •	 Identificar	as	características	da	pesquisa	qualitativa
                                                                    •	 Relacionar	pesquisa	qualitativa	e	quantitativa

                                                                    Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                                                                    Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.

                                                                    Duração
                                                                    2 h/a – via satélite com professor interativo
                                                                    2 h/a – presenciais com professor local
                                                                    6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




            O QUE É PESQUISA QUALITATIvA?                                                                              A pesquisa qualitativa pode ser definida como
               As pesquisas sociais têm sido marcadas pela uti-                                                     uma abordagem que busca entender determinado
            lização de metodologias do tipo quantitativo na                                                         fenômeno de forma aprofundada, descrevendo-o,
            abordagem e análise dos fenômenos que investiga,                                                        analisando-o e interpretando-o. Muito mais do que
            contudo nos últimos anos um tipo de abordagem                                                           descrições estatísticas que visam à generalização dos
                                                                                                                    resultados, a pesquisa qualitativa trabalho com outro
            tem se mostrado promissor por ter como foco as-
                                                                                                                    nível de realidade que nem sempre pode ser mensu-
            pectos que privilegiem a subjetividade na compre-
                                                                                                                    rado ou transformado em dados quantitativos.
            ensão e entendimentos do objeto de estudos.
                                                                                                                       Um aspecto importante nas pesquisas qualitati-
               Embora vista com desconfiança por alguns pes-
                                                                                                                    vas é a não padronização da forma de abordagem e
            quisadores, a pesquisa qualitativa tem ganhado força                                                    tratamento do objeto de estudo, muito comum em
            em áreas importantes. Sobre isso, Neves (1996, p. 1)                                                    pesquisas de cunho quantitativo. “A pesquisa qua-
            comenta: “Surgido inicialmente no seio da Antropo-                                                      litativa pode ser caracterizada como a tentativa de
            logia e da Sociologia [...] esse tipo de pesquisa ga-                                                   uma compreensão detalhada dos significados e ca-
            nhou espaço em áreas como a psicologia, a educação                                                      racterísticas situacionais apresentadas pelos entre-
            e a administração de empresas”, entre outras.                                                           vistados, em lugar da produção de medidas quanti-

                                                                                                                 72


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 72                                                                                                                                 5/19/09 8:43:28 AM
AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa

              tativas de características ou comportamentos” (RI-                   possam servir de parâmetro para se chegar à verda-
              CHARDSON, 1999, p. 87).                                              de dos fenômenos. Contudo, a questão da credibili-
                 É possível afirmar que há uma tentativa de apreen-                dade está vinculada a questões muito específicas das
              der a riqueza da dimensão humana em toda sua                         ciências sociais, principalmente quando se conside-
              magnitude, sem que isso signifique o aprisionamen-                   ra o seu nascedouro.
              to a fórmulas e padrões previamente definidos.                          Segundo Santos Filho (2000), no século XIX uma
                 Godoy (1995, p. 62) enumera algumas caracterís-                   das questões principais para os pesquisadores que
              ticas que permitem identificar as pesquisas do tipo                  discutiam os fenômenos humanos e sociais foi o
              qualitativa:                                                         problema da unidade das ciências. No século ante-
                                                                                   rior, as ciências da natureza demonstraram que, pelo
                     1 – o ambiente natural como fonte direta dos dados            método científico baseado na quantificação e gene-
                     e o pesquisador como instrumento fundamental;
                                                                                   ralização dos resultados, seria possível predizer com
                     2 – o caráter descritivo;
                                                                                   vistas a alcançar dados muito precisos, que revelas-
                     3 – o significado que as pessoas dão às coisas e à sua
                                                                                   sem a verdade sobre os fenômenos observados.
                     vida como preocupação do investigador;
                     4 – enfoque indutivo.                                            Então, as questões sociais, que nesse momen-
                                                                                   to revelavam toda sua complexidade, passam a ser
                 O que se depreende é que o aspecto subjetivo tem                  pauta de indagação no sentido da busca de métodos
              destaque.                                                            que pudessem garantir o mesmo sucesso alcançado
                 Segundo Minayo (2001, p. 23), nas ciências so-                    pelos métodos utilizados nas ciências da natureza.
              ciais a pesquisa qualitativa se ocupa com um nível
              de realidade que não pode ser quantificado:                               Duas respostas ou posições foram assumidas diante
                                                                                        desse problema. Uma defendia a unidade das ciên-
                     Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,              cias e, portanto, a legitimidade do uso do mesmo
                     motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o                método em todas as ciências. A outra posição era
                     que, corresponde a um espaço mais profundo das                     favorável à tese da peculiaridade das ciências so-
                     relações, dos processos e dos fenômenos que não po-                ciais e humanas e, portanto, defendiam um método
                     dem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.                científico específico para estas ciências (SANTOS
                                                                                        FILHO, 2000, p. 15).
                 Assim, a subjetividade ganha destaque ocupando
              um lugar fundamental na abordagem dos fenôme-                           A unidade das ciências teve no Positivismo de
              nos, pois a objetividade representada em diagramas,                  Comte sua maior defesa, e influenciou as ciências
              gráficos e quantificação nem sempre apreende a di-                   sociais principalmente na forma de apreensão e
              nâmica presente na vida e que é revelada a partir da                 análise dos fenômenos, pois para conferir atributos
              fala dos sujeitos que a constitui.                                   e qualidade ao objeto de investigação adotou termos
                 Richardson (1999, p. 90) corrobora esse pensa-                    matemáticos e a linguagem de variáveis, caracterís-
              mento quando afirma que “a pesquisa qualitativa                      tica das ciências da natureza.
              pode ser caracterizada como a tentativa de uma                          Minayo (2001, p. 23) sintetiza bem esse posicio-
              compreensão detalhada dos significados e caracte-                    namento quando define os seguintes critérios para
              rísticas situacionais apresentadas pelos entrevista-                 análise dos fenômenos sociais, com base nas ciên-
              dos, em lugar da produção de medidas quantitativas                   cias da natureza:
              de características ou comportamentos”.
                                                                                        a – o mundo social opera de acordo com leis cau-
                 As pesquisas qualitativas vêm ganhando espaço,                         sais;
              embora ainda não sejam aceitas por muitos pesqui-                         b – alicerce da ciência é a observação sensorial;
              sadores exatamente pela questão da validade cientí-                       c – a realidade consiste em estruturas e instituições
              fica, ou seja, como garantir que aspectos subjetivos                      identificáveis enquanto dados brutos por um lado

                                                                              73


Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 73                                                                                                   5/19/09 8:43:28 AM
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3
Servico social 2009_4_3

Contenu connexe

Tendances

Tendances (15)

Servico social 2009_6_1
Servico social 2009_6_1Servico social 2009_6_1
Servico social 2009_6_1
 
Servico social 2009_6_5
Servico social 2009_6_5Servico social 2009_6_5
Servico social 2009_6_5
 
12 09-17-cronograma-cedu
12 09-17-cronograma-cedu12 09-17-cronograma-cedu
12 09-17-cronograma-cedu
 
Prop geo comp_red_md_20_03
Prop geo comp_red_md_20_03Prop geo comp_red_md_20_03
Prop geo comp_red_md_20_03
 
Prop hist comp_red_md_20_03
Prop hist comp_red_md_20_03Prop hist comp_red_md_20_03
Prop hist comp_red_md_20_03
 
Servico social 3
Servico social 3Servico social 3
Servico social 3
 
Servico social 4
Servico social 4Servico social 4
Servico social 4
 
Servico social 1b
Servico social 1bServico social 1b
Servico social 1b
 
Servico social 1
Servico social 1Servico social 1
Servico social 1
 
Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração
 
Servico social 2
Servico social 2Servico social 2
Servico social 2
 
Servico social 4a
Servico social 4aServico social 4a
Servico social 4a
 
Servico social 4b
Servico social 4bServico social 4b
Servico social 4b
 
Programação defesa
Programação defesaProgramação defesa
Programação defesa
 
Servico social 3b
Servico social 3bServico social 3b
Servico social 3b
 

En vedette

O trabalho do assistente social na educação
O trabalho do assistente social na educaçãoO trabalho do assistente social na educação
O trabalho do assistente social na educaçãoEmmanuelle Feitosa
 
serviço social na educação infantil
serviço social na educação infantilserviço social na educação infantil
serviço social na educação infantilCamila Montezano
 
Serviço Social e Educação:
Serviço Social e Educação: Serviço Social e Educação:
Serviço Social e Educação: profadnilson
 
Serviço social no contexto educativo
Serviço social no  contexto educativoServiço social no  contexto educativo
Serviço social no contexto educativoLisandra Rego
 
Apresentação educação
Apresentação educaçãoApresentação educação
Apresentação educaçãolane
 
TCC - Serviço social
TCC - Serviço socialTCC - Serviço social
TCC - Serviço socialGui Souza A
 
Eliana bolorino canteiro martins
Eliana bolorino canteiro martinsEliana bolorino canteiro martins
Eliana bolorino canteiro martinsMelissa Souza
 
Manual do Consultor em Serviço Social
Manual do Consultor em Serviço SocialManual do Consultor em Serviço Social
Manual do Consultor em Serviço SocialVilma Pereira da Silva
 
Origem do serviço social
Origem do serviço socialOrigem do serviço social
Origem do serviço socialamintasepjunior
 
Aula #01 - Consultoria em Serviço Social
Aula #01 - Consultoria em Serviço SocialAula #01 - Consultoria em Serviço Social
Aula #01 - Consultoria em Serviço SocialAna Caroline
 
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHO
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHOPROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHO
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHOElaine Mattos
 
Projeto Social - Estrutura
Projeto Social - EstruturaProjeto Social - Estrutura
Projeto Social - EstruturaDaniel Santos
 
Consultoria em serviço social
Consultoria em serviço socialConsultoria em serviço social
Consultoria em serviço socialDaniella Benício
 
Educação em slides
Educação em slidesEducação em slides
Educação em slidesgabibrunoro
 
Adm e planejem serviço social
Adm e planejem serviço socialAdm e planejem serviço social
Adm e planejem serviço socialEdgar Martins
 
Serviço social de grupo
Serviço social de grupoServiço social de grupo
Serviço social de grupoCarol Alves
 

En vedette (20)

O trabalho do assistente social na educação
O trabalho do assistente social na educaçãoO trabalho do assistente social na educação
O trabalho do assistente social na educação
 
Serviço Social e Educação
Serviço Social e EducaçãoServiço Social e Educação
Serviço Social e Educação
 
serviço social na educação infantil
serviço social na educação infantilserviço social na educação infantil
serviço social na educação infantil
 
Serviço Social e Educação:
Serviço Social e Educação: Serviço Social e Educação:
Serviço Social e Educação:
 
Serviço social no contexto educativo
Serviço social no  contexto educativoServiço social no  contexto educativo
Serviço social no contexto educativo
 
Apresentação educação
Apresentação educaçãoApresentação educação
Apresentação educação
 
TCC - Serviço social
TCC - Serviço socialTCC - Serviço social
TCC - Serviço social
 
Eliana bolorino canteiro martins
Eliana bolorino canteiro martinsEliana bolorino canteiro martins
Eliana bolorino canteiro martins
 
Manual do Consultor em Serviço Social
Manual do Consultor em Serviço SocialManual do Consultor em Serviço Social
Manual do Consultor em Serviço Social
 
Origem do serviço social
Origem do serviço socialOrigem do serviço social
Origem do serviço social
 
Aula #01 - Consultoria em Serviço Social
Aula #01 - Consultoria em Serviço SocialAula #01 - Consultoria em Serviço Social
Aula #01 - Consultoria em Serviço Social
 
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHO
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHOPROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHO
PROJETO DE PESQUISA NAS TURMAS DE EJA NO COLÉGIO IRAILDES PADILHA DE CARVALHO
 
Projeto Social - Estrutura
Projeto Social - EstruturaProjeto Social - Estrutura
Projeto Social - Estrutura
 
Consultoria em serviço social
Consultoria em serviço socialConsultoria em serviço social
Consultoria em serviço social
 
Educação
EducaçãoEducação
Educação
 
Educação em slides
Educação em slidesEducação em slides
Educação em slides
 
Maus tratos aos idosos
Maus tratos aos idososMaus tratos aos idosos
Maus tratos aos idosos
 
Adm e planejem serviço social
Adm e planejem serviço socialAdm e planejem serviço social
Adm e planejem serviço social
 
Serviço social de grupo
Serviço social de grupoServiço social de grupo
Serviço social de grupo
 
O Que é EducaçãO
O Que é  EducaçãOO Que é  EducaçãO
O Que é EducaçãO
 

Similaire à Servico social 2009_4_3

Similaire à Servico social 2009_4_3 (17)

Servico social 2009_5_4
Servico social 2009_5_4Servico social 2009_5_4
Servico social 2009_5_4
 
Servico social 2009_5_2
Servico social 2009_5_2Servico social 2009_5_2
Servico social 2009_5_2
 
Servico social 2b
Servico social 2bServico social 2b
Servico social 2b
 
Servico social 5b
Servico social 5bServico social 5b
Servico social 5b
 
Servico social 5
Servico social 5Servico social 5
Servico social 5
 
Pibid. ana márcia.2
Pibid. ana márcia.2Pibid. ana márcia.2
Pibid. ana márcia.2
 
Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)
 
Servico social 1a
Servico social 1aServico social 1a
Servico social 1a
 
Servico social 2a
Servico social 2aServico social 2a
Servico social 2a
 
Servico social 5a
Servico social 5aServico social 5a
Servico social 5a
 
Servico social 3a
Servico social 3aServico social 3a
Servico social 3a
 
Catálogo Territórios
Catálogo TerritóriosCatálogo Territórios
Catálogo Territórios
 
Revista Código 2012
Revista Código  2012Revista Código  2012
Revista Código 2012
 
Livro cálculo diferencial de uma variável(60hs) unidade i
Livro   cálculo diferencial de uma variável(60hs) unidade iLivro   cálculo diferencial de uma variável(60hs) unidade i
Livro cálculo diferencial de uma variável(60hs) unidade i
 
Trabalhosacademicos
TrabalhosacademicosTrabalhosacademicos
Trabalhosacademicos
 
Revista Troca-Troca: experiências educacionais Nº 4
Revista Troca-Troca: experiências educacionais Nº 4Revista Troca-Troca: experiências educacionais Nº 4
Revista Troca-Troca: experiências educacionais Nº 4
 
Cartilhainclusao
CartilhainclusaoCartilhainclusao
Cartilhainclusao
 

Plus de Léia Mayer

HABILIDADES_SOCIAIS.pptx
HABILIDADES_SOCIAIS.pptxHABILIDADES_SOCIAIS.pptx
HABILIDADES_SOCIAIS.pptxLéia Mayer
 
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.doc
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.docACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.doc
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.docLéia Mayer
 
Servico social 2009_4_1
Servico social 2009_4_1Servico social 2009_4_1
Servico social 2009_4_1Léia Mayer
 
Servico social 2009_4_2
Servico social 2009_4_2Servico social 2009_4_2
Servico social 2009_4_2Léia Mayer
 
Servico social 2009_4_5
Servico social 2009_4_5Servico social 2009_4_5
Servico social 2009_4_5Léia Mayer
 
Servico social 2009_4_4
Servico social 2009_4_4Servico social 2009_4_4
Servico social 2009_4_4Léia Mayer
 

Plus de Léia Mayer (6)

HABILIDADES_SOCIAIS.pptx
HABILIDADES_SOCIAIS.pptxHABILIDADES_SOCIAIS.pptx
HABILIDADES_SOCIAIS.pptx
 
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.doc
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.docACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.doc
ACEITAÇÃO- Passagens Bíblicas.doc
 
Servico social 2009_4_1
Servico social 2009_4_1Servico social 2009_4_1
Servico social 2009_4_1
 
Servico social 2009_4_2
Servico social 2009_4_2Servico social 2009_4_2
Servico social 2009_4_2
 
Servico social 2009_4_5
Servico social 2009_4_5Servico social 2009_4_5
Servico social 2009_4_5
 
Servico social 2009_4_4
Servico social 2009_4_4Servico social 2009_4_4
Servico social 2009_4_4
 

Servico social 2009_4_3

  • 1. Educação sem fronteiras SERVIÇO SOCIAL Autores Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho de Silva Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos 4 www.interativa.uniderp.br www.unianhanguera.edu.br Anhanguera Publicações Valinhos/SP, 2009 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 1 5/28/09 3:24:30 PM
  • 2. © 2009 Anhanguera Publicações Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de Ficha Catalográfica realizada pela Bibliotecária impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua Alessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640 portuguesa ou qualquer outro idioma. Impresso no Brasil 2009 S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al.]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 256 p. - (Educação sem fronteiras ; 4). ISBN: 978-85-62280-44-3 1. Comunicação – Metodologia da pesquisa. 2. Direito – Legislação social. 3. Movimento social. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série. ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS CDD: 360 Presidente Prof. Antonio Carbonari Netto Diretor Acadêmico Prof. José Luis Poli Diretor Administrativo Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior ANHANGUERA PUBLICAÇÕES CAMPUS I Diretor Chanceler Prof. Diógenes da Silva Júnior Profa. Dra. Ana Maria Costa de Sousa Reitor Gerente Acadêmico Prof. Dr. Guilherme Marback Neto Prof. Adauto Damásio Vice-Reitor Gerente Administrativo Profa. Heloísa Helena Gianotti Pereira Prof. Cássio Alvarenga Netto Pró-Reitores Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior Pró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. UNIDERP INTERATIVA Diretor Prof. Dr. Ednilson Aparecido Guioti Coodernação Prof. Wilson Buzinaro COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate / Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora) PROJETO DOS CURSOS Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Figliolini Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo Antonio Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira Biazetto Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 2 5/28/09 3:24:30 PM
  • 3. Nossa Missão, Nossos Valores _______________________________ A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino- vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho. A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis- tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da Anhanguera. Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es- tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos espalhados por todo o Brasil. Boa aprendizagem e bons estudos! Prof. Antonio Carbonari Netto Presidente — Anhanguera Educacional 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 3 5/28/09 3:24:31 PM
  • 4. . 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 4 5/28/09 3:24:31 PM
  • 5. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Apresentação ____________________ A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos, arrojados, pluralistas, democráticos. Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par- ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi- tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social. Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida- des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a Distância. Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei- ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída. O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci- dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras. Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re- flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro- Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua aprendizagem. É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos, preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade. Prof. Guilherme Marback Neto 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 5 5/28/09 3:24:31 PM
  • 6. 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 6 5/28/09 3:24:31 PM
  • 7. Autores ____________________ AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998 Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração: Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001 Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia – Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003 EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986 Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003 Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002 Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing e Comércio Exterior – UCDB – 1998 ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1996 Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São Paulo/SP, 1999 Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo do Campo/SP, 2000 MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981 Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988 Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 7 5/28/09 3:24:31 PM
  • 8. 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 8 5/28/09 3:24:31 PM
  • 9. Sumário ____________________ MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Estágio supervisionado e a prática do saber ...................................................................................... 3 AULA 2 Legislação e a profissão do assistente social ....................................................................................... 13 UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL AULA 1 Linguagem e sua função social ........................................................................................................... 23 AULA 2 Modalidades verbais e não verbais na comunicação ......................................................................... 29 AULA 3 Comunicação: conceitos e modelos ................................................................................................... 33 AULA 4 Funções da linguagem e tipos de comunicação................................................................................. 38 AULA 5 Habilidades em comunicação............................................................................................................. 42 AULA 6 Comunicação e novas tecnologias da comunicação ......................................................................... 46 AULA 7 Relações humanas ............................................................................................................................... 49 AULA 8 Comportamento e moda .................................................................................................................... 51 UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICA AULA 1 O conhecimento e a ciência ................................................................................................................ 59 AULA 2 O método científico ............................................................................................................................ 63 AULA 3 O processo de pesquisa ....................................................................................................................... 67 AULA 4 A pesquisa qualitativa ......................................................................................................................... 72 AULA 5 Leitura e registro ................................................................................................................................. 76 AULA 6 Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................ 79 SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 94 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 9 5/28/09 3:24:32 PM
  • 10. MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIAL AULA 1 A aplicabilidade do direito no serviço social ..................................................................................... 97 AULA 2 A pessoa e seu inter-relacionamento social ....................................................................................... 106 AULA 3 A institucionalização da sociedade..................................................................................................... 118 AULA 4 O direito familiar ................................................................................................................................ 132 AULA 5 A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos e cidadania ........................................................................................................................................... 143 AULA 6 O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção da sociedade ........................................................................................................................................ 160 AULA 7 O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho .................................................................... 169 AULA 8 O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social .................................................. 193 UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAIS AULA 1 Movimentos sociais............................................................................................................................. 209 AULA 2 Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ...................................................... 212 AULA 3 Movimentos sociais e cidadania ......................................................................................................... 215 AULA 4 Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ............................................................... 218 AULA 5 A sociedade civil e a construção de espaços públicos........................................................................ 221 AULA 6 O caráter educativo do movimento social popular ........................................................................... 223 AULA 7 Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino .... 226 AULA 8 Movimentos sociais em suas diferentes expressões ........................................................................... 229 AULA 9 Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea .................................. 232 AULA 10 Redes de ações coletivas ...................................................................................................................... 239 SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 243 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 10 5/28/09 3:24:32 PM
  • 11. Módulo COMUNICAÇÃO E METODOLOGIA DA PESQUISA Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 57 5/19/09 8:43:23 AM
  • 12. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Apresentação Prezado Aluno, Nesta Unidade Didática você refletirá sobre o processo de investigação científica no Serviço Social. O módulo Metodologia Científica foi pensado para trazer até você as questões mais atuais que estão re- lacionadas ao processo de construção do conhecimento científico, o processo de investigação científica e as indagações acerca do método em ciências sociais. Nessa perspectiva, as temáticas eleitas visam subsidiá-los nos conhecimentos necessários para o entendimento da ciência, do método científico, o reconhecimento das ciências sociais como campo científico, além da normalização de trabalhos acadêmicos. Para que você possa aproveitar melhor os estudos, verifique a bibliografia indicada na lista de referências, as sugestões indicadas no material impresso e online, bem como as atividades solicitadas em cada aula. Seremos parceiros nesta caminhada; contudo, lembre-se de que o curso depende muito de você e que sua participação é fundamental. Bom trabalho! Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos 58 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 58 5/19/09 8:43:23 AM
  • 13. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 1 O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA Conteúdo • O processo histórico de construção da ciência moderna • Diferentes tipos de conhecimento • Definição de Ciência Competências e habilidades • Conhecer o processo de construção da ciência moderna • Identificar diferentes tipos de conhecimento • Caracterizar a ciência e o conhecimento científico Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO As transformações ocorridas no pensamento DA CIÊNCIA MODERNA científico estiveram vinculadas a outros aconteci- A busca de explicações racionais acerca dos fe- mentos importantes e que representaram profun- nômenos do mundo acompanha os seres humanos das modificações na estrutura social, tais como a há muito tempo, entretanto as explicações pauta- emergência da burguesia, o desenvolvimento da economia capitalista, a revolução industrial etc. das em critérios de comprovação e objetividade, tal A burguesia emergente valorizava o trabalho ma- como modernamente se concebe, nasceu no século nual e a expansão dos seus domínios requeria o de- XVII em meio a grandes transformações no contex- senvolvimento de invenções e tecnologia, de modo a to social. Nessa época, configurou-se o movimento dominar a natureza utilizando seus recursos de todas denominado “Renascimento Científico” cujo aspec- as formas. A Revolução Industrial acelerou esse pro- to principal foi o de romper com as tradicionais for- cesso, pois a racionalização do trabalho e a produção mas de conhecer, lançando as bases para uma nova e comercialização em larga escala exigiam a constru- concepção de saber. ção de equipamentos cada vez mais sofisticados. 59 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 59 5/19/09 8:43:24 AM
  • 14. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Assim também nasce um novo homem crente no Assim é que a partir do século XVII o conheci- poder da razão e da transformação do mundo. Dife- mento científico passa a ser reconhecido como um rente do homem medieval, que temia a Deus e bus- tipo de conhecimento específico separando-se do cava na vida após a morte as recompensas por uma conhecimento filosófico e no século XIX o otimis- vida sem pecados, o homem que nascia no interior mo cientificista foi tal que muitos autores afirma- dessas transformações recolocava-se como figura vam que somente a ciência poderia oferecer todas as central e retomava o domínio da sua vida. explicações a partir do método científico. Dessa forma, o conhecimento aceito é aquele Para Morais (1988), há uma questão importante marcado pela razão, experimentação, demonstração a ser tratada no que se refere à atividade científi- e comprovação, utilizando o método científico, cri- ca: será a ciência una ou dividida? Quando se pensa térios diferentes dos até então aceitos, fundamenta- nas suas finalidades, pode-se afirmar que é una, mas dos especialmente na revelação e autoridade divina. quando se considera a amplitude de objetos passí- O novo método científico mostrou-se fecundo e veis de serem investigados, também será dividida. aos poucos foi adaptado a outros campos de pesqui- Chauí (2000, p. 260) pondera que “ciências, no plu- sa, fazendo surgir diversas ciências particulares. ral, refere-se às diferentes maneiras de realização do Segundo Morais (1988), a preocupação científica ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos já estava presente na Idade Antiga, entretanto, gre- investigados e os diferentes métodos e tecnologias gos e romanos favoreceram o desenvolvimento das empregadas”. Seguindo a classificação apresentada chamadas ciências formais pois não consideravam pela autora, as ciências podem ser divididas em: ma- a experimentação como algo importante. Para os temáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais, gregos, havia o desprezo pelas atividades manuais, ciências humanas ou sociais e ciências aplicadas. consideradas menos nobres, sendo as atividades da O breve histórico apresentado demonstra que a “razão” consideradas elevadas. Já os romanos, cujas sociedade ocidental contemporânea desenvolveu preocupações eram mais pragmáticas, não valoriza- um ideal de cientificidade baseado principalmente vam a experimentação. na demonstração e prova, cujos aspectos principais Já na Idade Média, tendo em vista o predomínio são: distinção entre sujeito e objeto, criação de uma da visão religiosa, não havia condições para o de- senvolvimento do pensamento científico. linguagem específica e própria, importância do mé- todo, uso de instrumentos tecnológicos etc. Isso leva Assim, somente quando o homem recoloca-se à crença de que os resultados obtidos pela ciência no centro dos fatos históricos e busca compreender a natureza sem medo de profaná-la, é que se tor- ocorrem de forma independente do desejo, convic- na possível o desenvolvimento do racionalismo e ção e interesse do cientista, portanto a ciência seria experimentalismo científico. Morais (1988) afirma neutra. Essa visão cientificista parte do pressuposto que na Idade Moderna, especialmente a partir do de que a ciência pode conhecer tudo e esse conheci- Renascimento, são oferecidas as condições objetivas mento permitirá manipular tecnicamente a realida- para a transformação da concepção do pensamento de de forma ilimitada. Essa forma de encarar a ciên- até então predominante. cia traz no seu interior a possibilidade de exercer o Sem dúvida, o que se observa é que, muito em- controle sobre o pensamento humano agindo como bora o pensamento científico estivesse manifesto uma forma de controle social; é a chamada ideolo- ao longo da história humana, foi a partir do desen- gia da competência. Nesse sentido, a sociedade está volvimento do experimentalismo que se criou uma formada por pessoas que sabem (competentes) e as atitude mental diferenciada em face do mundo na- que não sabem, cabendo às primeiras o direito de tural, condição necessária para o desenvolvimento exercer o comando e controle sobre as demais, que do pensamento científico moderno. deverão executar as determinações. 60 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 60 5/19/09 8:43:24 AM
  • 15. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Outro aspecto importante a ser considerado O senso comum quanto à ciência moderna é sua ligação íntima com O senso comum ou conhecimento vulgar é o co- a técnica. Originalmente, técnica (do grego téchne) nhecimento popular que busca explicar os fatos, mais se aproximava da arte no sentido de habilida- sem perquirir suas causas. Ele é fruto do acúmulo de; com o desenvolvimento do conhecimento cien- de experiências pessoais, portanto assistemático, tífico, também houve a possibilidade da construção fragmentado e muitas vezes simplista e ingênuo. de instrumentos para ampliar e potencializar suas funções. Morais (1988, p. 51) afirma que “houve um O conhecimento teológico tempo em que se ensinava que a ciência é o conheci- O conhecimento teológico ou religioso busca ex- mento, e a técnica, a aplicação desse conhecimento”. plicações a partir de entes divinos ou sobrenaturais. A ciência moderna, levando à construção de instru- Esse tipo de conhecimento torna impossível buscar mentos que possibilitam conhecimentos mais exa- as causas dos fenômenos, pois estas se encontram tos, transforma a técnica em tecnologia, objetiva o fora do âmbito da condição humana; é dogmático. conhecimento por meio de um objeto técnico. Em face do desenvolvimento do modelo produ- O conhecimento filosófico tivo capitalista, a ciência e a tecnologia tornaram-se O conhecimento filosófico busca investigar cau- parte integrante da atividade econômica e assim o sas e razões dos fenômenos por meio das ideias, montante de recursos financeiros a serem destina- relações conceituais que não podem ser reduzidas dos a pesquisas científicas são definidos a partir do a observação empírica. Esse tipo de conhecimen- to tem por finalidade questionar, refletir de forma seu uso, distante do controle social. mais ampla sobre as questões humana incluindo objetivos e conclusões da própria ciência. Diferentes tipos de conhecimento A necessidade de conhecer o funcionamento da O conhecimento científico natureza visando dominá-la levou a diferentes for- Muitas são as caracterizações elaboradas sobre mas de explicação sobre o mundo. Assim, desde in- o conhecimento científico; para este estudo, esta- terpretações místicas até as científicas são tentativas remos adotando a sistematização apresentada por de dar um sentido para os fenômenos e fatos que Oliveira (apud Ander-Egg, 2001, p. 50): ocorrem, ou seja, são formas diferentes de se pro- cessar o conhecimento. [...] ciência é um conjunto de conhecimentos racio- nais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, Todo conhecimento consiste em uma relação en- sistematizados e verificáveis, que fazem referência tre o sujeito (cognoscente) e o objeto (aquilo que a objetos de uma mesma natureza, subdividindo- será conhecido), que produz uma imagem (repre- os em: sentação). Para Ruiz (1996, p. 90), “todo conheci- • conhecimento racional, isto é, que tem exigên- mento consiste numa relação sui generis entre o su- cia de método [...]; jeito cognoscente e o objeto conhecido: relação de • certo ou provável, já que não se pode atribuir à assimilação do objeto pelo sujeito, relação de pro- ciência a certeza indiscutível de todo saber que a dução do objeto pelo sujeito, relação de coincidên- compõe [...]; • obtidos metodicamente, pois não se os adquire cia ou de identificação entre sujeito e objeto”. ao acaso ou na vida cotidiana [...]; A fim de melhor caracterizar o conhecimento • verificáveis, pelo fato de que as afirmações que científico, é importante identificar outras formas de não podem ser comprovadas ou que não passam se conhecer, pois a ciência não é o único modo de se pelo exame da experiência não fazem parte do explicar a realidade. âmbito da ciência [...]; 61 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 61 5/19/09 8:43:24 AM
  • 16. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica • relativas a objetos da mesma natureza, ou seja, e empírica” e o de Trujillo Ferrari (apud LAKATOS, objetos pertencentes a determinada realidade, que 1999, p. 80), que entende a ciência como “[...] um guardam entre si características de homogeneidade. conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, Definição de ciência capaz de ser submetido à verificação”. Observa-se, Muitos autores apresentam conceitos de ciência. assim, a coincidência de alguns aspectos considera- Destacamos o apresentado por Megale (1989, p. 41), dos importantes para a compreensão do conceito e que afirma: “ciência é o conjunto de conhecimentos que serão comuns em maior ou menor grau entre obtidos através da investigação sistemática, objetiva os autores. * ANOTAÇÕES 62 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 62 5/19/09 8:43:25 AM
  • 17. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 2 O MÉTODO CIENTÍFICO Conteúdo • Origens do método científico • Etapas do método científico • Tipos de métodos Competências e habilidades • Contextualizar as origens do método científico • Identificar as principais características do método científico • Apresentar os principais tipos de métodos científicos Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo ORIGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO Vários filósofos buscaram estabelecer uma concep- No âmbito das ciências modernas, o método ção sobre o método, entretanto até o século XVII os exerce papel tão relevante que muitas vezes se con- problemas filosóficos estavam mais vinculados à ques- funde a ciência com o seu método. Entretanto, a tão do ser. A Filosofia antiga não indaga sobre a reali- utilização do método não é privilégio da ciência. dade do mundo. É Descartes que propõe como méto- A palavra método vem do grego methodos (meta = do, começar duvidando de tudo; é a dúvida metódica. através de; hodos = caminho), ou seja, é a orienta- É a partir da Idade Moderna, que as questões do co- ção, o guia para se conseguir algo. No seu sentido nhecer ganham vulto tendo em vista o fator subjetivi­ mais amplo, significa o conjunto de procedimentos dade. A partir dessa época os filósofos preocupam-se utilizados para se alcançar conhecimento seguro de forma mais racional; na ciência, método é a ordem muito mais com o sujeito cognoscente tendo em vista imposta no caminho para se chegar a um fim de- a sua dúvida de se pode ou não alcançar a verdade. terminado. Assim, depreende-se que, pelo método, Chauí (2000) afirma que no decorrer da história pode-se demonstrar ou verificar conhecimentos. o método sempre desempenhou o papel de regula- 63 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 63 5/19/09 8:43:25 AM
  • 18. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica dor do pensamento, pois “guia o trabalho intelectual ressaltar que toda pesquisa necessita ter claramen- [...] e avalia os resultados obtidos” (p. 159); contu- te formulado um problema, entretanto, nem todos do, foi a partir do desenvolvimento da ciência mo- os problemas são passíveis de tratamento científico derna que se colocou a necessidade da construção por não poderem ser respondidos, comprovados de procedimentos que permitissem a demonstração por demonstração. Como afirma Gil (1996, p. 27), a do conhecimento por meio da evidência, levando à pesquisa científica não pode responder “a questões organização do método científico. de ‘engenharia’ e de valor porque sua correção ou Ao se tratar do método científico, uma importan- incorreção não é passível de verificação empírica”. te questão merece ser elucidada: a diferença entre Richardson (1999) sugere formular a pergunta uti- método e metodologia, pois muitas vezes toma-se o lizando como, o que e quando preferencialmente a significado de um pelo outro. Por método entende- por quê. se a organização das etapas fundamentais do pro- Tendo sido o problema identificado, coloca-se a cesso de pesquisa a partir das teorias que orientam necessidade de buscar informações acerca do fenô- a busca da verdade. Já metodologia incorpora o mé- meno que será investigado. Nessa etapa, as princi- todo e as técnicas, ou seja, os instrumentos para a pais fontes de informação são aquelas que apresen- investigação científica (coleta, tabulação, análise e tam alguma sistematização sobre o assunto, espe- interpretação de dados etc.). cialmente livros, relatórios, periódicos, internet etc. Na sequência do processo está a formulação da Etapas do método científico hipótese, ou seja, a elaboração de resposta prévia ao A investigação da natureza de forma científica, problema formulado. A hipótese normalmente é le- ou seja, utilizando o método científico, requer do vantada quando o investigador já realizou revisão da investigador uma constante atitude de reflexão e literatura pertinente ao fenômeno em estudo, ob- crítica diante da realidade e do permanente ques- tendo considerável conhecimento sobre o problema tionamento acerca das conclusões obtidas. Muito que permite a tentativa de resposta; é evidente que embora essa atitude deva também fazer parte da vida a hipótese será testada no processo de investigação e cotidiana das pessoas, para o cientista deve ser um assim poderá ser comprovada ou refutada. exigência que compreende alguns passos ou etapas. Para Richardson (1999), o meio formal de testar Neste estudo utilizaremos a sistematização apresenta- a hipótese é a predição que consiste na tentativa de da por Richardson (1999, p. 26-29), que compreende: predizer o resultado da hipótese pelo uso da esta- a observação, a formulação de um problema, a ob- tística. O raciocínio é que se a resposta é acertada, tenção de informações referenciais, o levantamen- os resultados são específicos e, muito embora rara- to de hipóteses, a predição, a experimentação e a mente a predição seja totalmente perfeita, é funda- análise. mental para o teste da hipótese. Pode-se afirmar que a observação é o primeiro A experimentação visa comparar os resultados momento da investigação, pois compreende infor- obtidos, mediante a realização de atividades que, mações mais gerais obtidas por meio da experiência dadas determinadas condições, permitam obter res- cotidiana ou mesmo de leituras realizadas, o que ca- postas a partir da manipulação intencional, e cons- racteriza como diferencial é que “essas observações titui-se em etapa importante do método científico. devem ser sensíveis, mensuráveis e passíveis de re- A análise configura-se como a fase final do mé- petição, para que possam ser observadas por outras todo científico e consiste na confirmação ou não da pessoas” (RICHARDSON, 1999, p. 26). hipótese levantada, permitindo construir, confirmar A partir da observação, o pesquisador constata ou rejeitar determinada teoria. alguma questão que necessita ser respondida e parte Uma questão se coloca: e quanto às ciências so- para a formulação do problema de pesquisa. Cabe ciais? Haveria um método específico para as ciên- 64 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 64 5/19/09 8:43:25 AM
  • 19. AULA 2 — O Método Científico cias sociais? O humano como objeto de investigação tre eles [...], generalização da relação [...]”. Ou seja, passa a ter importância a partir do século XIX, con- após a observação de um fenômeno, faz-se o grupa- tudo, como nesse momento os critérios de cientifi- mento dos fatos segundo as suas relações constantes cidade já estavam estabelecidos, houve a incorpora- para generalizar para todos os fenômenos da mes- ção dos mesmos métodos e técnicas utilizados nas ma espécie. ciências da natureza para a análise dos fenômenos sociais. Contudo, por não ser possível uma trans- Método dedutivo – contrariamente à indução, o posição pura e simples dos métodos das ciências método dedutivo parte de enunciados mais gerais naturais para o estudo dos fenômenos humanos, os para chegar aos particulares ou menos gerais. Se- resultados obtidos tornaram-se pouco científicos gundo Oliveira (2001, p. 62), “a dedução como for- e, portanto, foram muito contestados. Richardson ma de raciocínio lógico tem como ponto de partida (1999) reflete que o fracasso das ciências sociais se um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu deveu à transferência acrítica da metodologia das objetivo é a tese ou conclusão que é aquilo que se ciências físicas e naturais ao fenômeno humano. pretende provar”. É importante enfatizar que a de- Para o autor, as bases da pesquisa empirista utiliza- dução e a indução são procedimentos do raciocínio da nas análises dos fenômenos sociais levou “a uma que se complementam no processo da investigação. deturpação total da meta fundamental das ciências sociais: o desenvolvimento do homem e da socieda- Método dialético – A dialética tem sua origem na de” (p. 30). Grécia e em seus primórdios significava a arte de Somente a partir dos anos 1980, já no século XX, dialogar. Em Platão e Aristóteles já é possível iden- há uma real ruptura com os modelos até então con- tificar no conceito o aspecto de transformação, por solidados e ocorre uma mudança radical no estudo intermédio da contradição, entretanto, é Hegel que dos fenômenos humanos e sociais. Richardson pon- sistematiza a dialética como processo, movimento, dera ainda que as características do método cientí- mudança, transformação a partir de leis próprias. fico valem para qualquer ciência, contudo, “o que A história é vista como obra humana dentro de um muda é a aplicação de regras e instrumentos que processo dinâmico e não somente como a ocor- devem estar adequados para a medição dos fenô- rência de fatos. Para Hegel, esse processo se dá nas menos sociais. Por exemplo, fenômenos qualitativos ideias, na razão; sendo determinado pela reflexão, não podem ser analisados com instrumentos quan- pelo pensamento, e, assim, o objeto é identificado titativos” (p. 30). como consciência abstrata. Marx busca o conceito Assim, ainda que com muita controvérsia, os fe- desenvolvido por Hegel trazendo-o para a realidade nômenos humanos e sociais tornam-se objetos de objetiva, ou seja, o desenvolvimento não se dá pelo ciências específicas, tendo métodos próprios para pensamento, mas mediante as práticas sociais reali- análise desses fenômenos. zadas materialmente pelos homens. São três as leis da dialética: a transformação da Tipos de métodos quantidade em qualidade, a interpenetração dos con- Método indutivo – é um processo mental que trários e a negação da negação. parte do registro de fatos singulares ou menos ge- • Lei da passagem da quantidade à qualidade – rais, mas suficientemente constatados, para alcançar define que a passagem de um objeto para outro conclusões mais gerais. No método indutivo, anali- com características diferentes (qualidade) se dá sam-se as partes para compreender o todo. Lakatos pelo aumento quantitativo de determinadas e Marconi (1998, p. 87) consideram três elementos características do objeto. principais no procedimento da indução: “observa- • Lei da unidade e luta dos contrários – estabele- ção dos fenômenos [...], descoberta da relação en- ce que na contradição é que se dá o movimen- 65 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 65 5/19/09 8:43:25 AM
  • 20. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica to, ou seja, os elementos que não podem existir que cria o novo não elimina totalmente o ve- sem o outro também buscam superar-se. Ao lho, pois mesmo o novo significando um novo tempo em que um só existe em função do ou- objeto possui qualidades do elemento antigo. tro, também busca sua ultrapassagem. São for- ças antagônicas que convivem em um mesmo O método desempenha um papel fundamental movimento; são faces de uma mesma moeda. no processo de pesquisa; por meio dele se constroem • Lei da negação da negação – explica que a o objeto e as etapas que orientarão a investigação. transformação do objeto em seu contrário se Portanto, a definição do método não deve ser vista dá pela negação. O novo é construído pela ne- como uma atividade burocrática, mas como as ba- gação do velho, que por sua vez, ao envelhecer, ses sobre as quais estarão sendo construídos os co- é negado por algo novo. Na luta dos contrários nhecimentos acerca do objeto em estudo. * ANOTAÇÕES 66 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 66 5/19/09 8:43:26 AM
  • 21. AULA 3 — O Processo de Pesquisa AULA Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica ____________________ 3 O PROCESSO DE PESQUISA Conteúdo • O que é pesquisa • Tipos/caracterização da pesquisa • Fases da pesquisa • Instrumentos e técnicas para coleta de dados em pesquisa social Competências e habilidades • Conceituar o que vem a ser pesquisa científica • Caracterizar os diferentes tipos de pesquisa • Identificar as fases de elaboração da pesquisa • Identificar as principais técnicas para coleta de dados em pesquisas sociais Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo A PESQUISA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÀO Gil (1991, p. 19), a pesquisa é “o procedimento ra- E TÉCNICAS cional e sistemático que tem como objetivo propor- A pesquisa científica é um processo reflexivo que cionar respostas aos problemas que são propostos”. visa construir conhecimentos a partir de procedi- A partir dessas definições é possível identificar que mentos racionais e sistemáticos. Santos (2000, p. 15) a pesquisa é um meio de se produzir conhecimen- caracteriza a pesquisa como “atividade intelectual tos aplicando, para isso, metodologias apropriadas intencional que visa responder às necessidades hu- de forma racional, organizada, metódica e reflexiva manas”. Lakatos e Marconi (1995, p. 155) afirmam voltada à resolução de problemas. que a pesquisa “é um procedimento formal, com A preparação de uma pesquisa científica requer método de pensamento reflexivo, que requer um um planejamento, para mais racionalmente se or- tratamento científico e se constitui no caminho para ganizarem os procedimentos. Essa preparação com- conhecer ou para descobrir verdades parciais”. Para preende quatro grandes etapas ou fases: a prepa- 67 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 67 5/19/09 8:43:26 AM
  • 22. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica ração, a elaboração do projeto, a execução do pla- p. 23) esquematiza as etapas decorrentes daquelas, nejado e a elaboração do relatório final. Gil (1996, conforme o fluxograma a seguir: Formulação Construção Determinação Operacionalização do Problema de Hipóteses do Plano de Variáveis Elaboração dos Pré-teste dos Instrumentos Seleção da Amostra Coleta de Dados Instrumentos de Coleta de Dados Análise e Interpretação Redação do Relatório dos Dados da Pesquisa A fase de preparação é o momento em que o inves- A apresentação formal do projeto pode variar tigador define o tema a ser pesquisado, realiza a de- conforme o autor utilizado ou o convencionado por vida revisão de literatura a fim de identificar o atual cada Instituição de Ensino, entretanto, os questio- estágio de estudos sobre o assunto, bem como se há namentos levantados deverão estar contemplados fontes de dados disponíveis para que possa realizar no sentido de atender aos objetivos inerentes a qual- o estudo. A revisão de literatura também permite a quer projeto de pesquisa. delimitação mais clara do problema a ser estudado e Um dos aspectos fundamentais no processo de o estabelecimento de hipóteses (quando for o caso) pesquisa refere-se à formulação do problema a ser ou respostas provisórias ao problema enunciado. investigado, pois na busca da sua solução é que se es- tará apropriando, construindo e transformando co- Na etapa seguinte estará organizando o plano ou nhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que toda projeto de pesquisa, elemento fundamental no pro- pesquisa inicia-se com um problema, entretanto nem cesso, pois permite ao pesquisador estabelecer metas todo problema é passível de tratamento científico. de forma clara, dentro de um prazo possível, com Lakatos e Marconi (1995) definem problema como técnicas mais adequadas em face do que se pretende uma dificuldade apresentada no entendimento de investigar e atendendo a determinado orçamento. A um assunto efetivamente importante e para o qual terceira etapa pode ser compreendida como a etapa se vai buscar uma solução. Para Gil (1991), um pro- de execução do projeto ou plano, quando os dados blema será científico quando for passível de ser ve- serão coletados, tabulados e analisados, e a quarta e rificado, observado empiricamente ou manipulado. última etapa refere-se à elaboração do relatório final A formulação do problema não é tarefa fácil visto de pesquisa, quando serão apresentados os resulta- que não se trata de tão-somente identificar o que se dos do estudo dentro de normas e padrões previa- pretende investigar, é preciso ter clareza e objetivi- mente estabelecidos (NBR 14724 da ABNT). dade. Sugere-se formular o problema em forma de O projeto de pesquisa vem responder aos seguin- pergunta (ou questão) delimitando-o a uma abran- tes questionamentos: gência que o torne viável de ser resolvido, com ma- • O que investigar? teriais e técnicas disponíveis e acessíveis ao pesqui- • Por que investigar? sador. Gil (1991) recomenda ter cuidado quando o problema referir-se a valores, pois por basear-se em • Para que e para quem investigar? aspectos subjetivos corre-se o risco de comprometer • Fundamentado em quais fontes de informação? a validade dos resultados obtidos. • Que soluções são propostas? • Como, com o que ou onde pesquisar? Classificação das pesquisas • Quais recursos orçamentários são necessários? A realização de uma pesquisa, especialmente nas • Qual é o tempo necessário para cumprir as etapas? ciências sociais, não segue um modelo único tendo • Quais fontes foram consultadas? em vista a complexidade própria da vida social vis- 68 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 68 5/19/09 8:43:26 AM
  • 23. AULA 3 — O Processo de Pesquisa lumbrada em diferentes nuanças e aspectos ao olhar Essa organização pretendeu apresentar uma for- do investigador. ma de classificação; determinados tipos ocorrem Neste estudo, adotaremos a classificação siste- com mais regularidade em pesquisas sociais, en- matizada por Gil (1991), que as organiza a partir tretanto, em alguns casos pode-se recorrer a vários de dois critérios principais: quanto aos objetivos e tipos em uma mesma pesquisa para se responder à quanto aos procedimentos técnicos utilizados. questão investigada. Quanto aos objetivos gerais A coleta de dados Visa criar maior aproximação com o tema, proporcionando maior Em face da pesquisa que será realizada e dos ob- Pesquisa familiaridade com o problema; na maioria jetivos definidos pelo pesquisador, as informações Exploratória dos casos, assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso. poderão ser obtidas de diferentes fontes, sendo três Visa descrever as características as principais: a utilização de documentos, a obser- Pesquisa de determinada população ou Descritiva fenômeno utilizando técnicas vação, e as entrevistas e questionários. padronizadas para coleta de dados. Os documentos se referem ao material escrito Visa identificar os fatores que ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo Pesquisa determinam a ocorrência de determinados Explicativa fenômenos. Busca explicar a razão, “o distinguir-se em: documentos oficiais (normalmen- porquê” de acontecerem. te provenientes de governo ou de empresas), docu- mentos pessoais, material de imprensa e utilitários Quanto aos procedimentos técnicos utilizados (catálogos, folhetos etc.). É desenvolvida a partir da utilização de Pesquisa material impresso elaborado – livros, A observação como técnica para coletar dados Bibliográfica artigos científicos, material eletrônico, deverá atender às características próprias de cada almanaques etc. pesquisa e se realiza mediante contato do investiga- É desenvolvida a partir de fontes Pesquisa documentais, que podem ou não ter dor com o fenômeno em estudo. Essa técnica é fun- Documental recebido tratamento analítico. damental em pesquisas sociais, pois permite apre- Pesquisa Consiste na reprodução de um fenômeno ender fatos e aspectos para os quais outros tipos de Experimental a partir de condições controladas. instrumentos se mostram limitados, contudo deve Utiliza os mesmos procedimentos da pesquisa experimental, diferindo no ser utilizada de forma combinada com outras téc- Pesquisa aspecto de que, neste caso, os fatos nicas. Ex-post-facto são espontâneos, não podendo o pesquisador controlar as variáveis. Segundo Dencker (2001, p. 146), a observação Baseia-se na interrogação direta ao pode ser realizada de duas formas: direta e indireta. grupo que se pretende investigar; “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a neste caso, recorre-se à amostra que deverá ser significativa para possibilitar realizada diretamente sobre o objeto da observação, Levantamento generalizações. As pesquisas desse tipo enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser- não são adequadas quando se tratar de estudos de problemas referentes a vado não se percebe como o principal elemento da relações e estruturas sociais complexas. investigação”. Tem como base o estudo de um ou Estudo de poucos objetos visando conhecê-lo(s) de A entrevista é compreendida como um diálogo Caso forma profunda e detalhada. entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado) É realizada de forma articulada a uma com objetivos claramente definidos. Essa técnica Pesquisa-ação ação diante de um problema detectado no processo de pesquisa. permite obter as informações diretamente da pes- Há interação entre o pesquisador e soa, bem como a observação de toda a situação e o grupo de interesse da pesquisa e, reação do entrevistado. Assim como a observação, Pesquisa muito embora tenha semelhança com a Participante a entrevista como técnica para coleta pode ter sua pesquisa-ação, procura distinguir a ação espontânea (popular) da ação científica. validade questionada tendo em vista a possível in- 69 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 69 5/19/09 8:43:27 AM
  • 24. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica fluência do entrevistador nas respostas do entre- termos que sejam amplamente conhecidos, atentar- vistado, ou mesmo a distorção que pode ocorrer se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em na análise do material obtido. Entretanto, em que extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere- pesem esses aspectos, Minayo (2001, p. 59) destaca a se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja, importância da noção de entrevista em profundida- realizar um pré-teste em que um grupo pequeno de “que possibilita um diálogo intensamente corres- responderá ao questionário de modo a identificar pondido entre entrevistador e informante [...] Esse seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fim relato fornece um material extremamente rico para de verificar se atendem às expectativas. análises do vivido”. Para se alcançar a validade nas respostas, é im- Forma de registro portante preparar a entrevista atentando-se ao que O registro das informações obtidas no processo de será indagado e cercando-se de certos cuidados para coleta de dados é de fundamental importância; as- não interferir nas respostas do entrevistado. Quan- sim, para não se deparar com a ausência de algum to à organização, buscar marcar com antecedência, dado relevante, é conveniente estabelecer a forma de obter algum conhecimento prévio sobre o entrevis- realizar e organizar os registros. tado, preparar as perguntas e criar uma situação de Quando se tratar de entrevistas, é possível utili- discrição. No decorrer da entrevista, é importante zar, além do recurso da anotação, a gravação, a par- estar mais preparado para ouvir do que para falar, tir do consentimento do entrevistado. intervir no momento oportuno em que uma ques- O uso da filmagem é também uma forma interes- tão tenha relevância para ser aprofundada e buscan- sante de realizar os registros, pois permite rever as do manter-se fiel aos objetivos da entrevista, não situações vivenciadas pelo grupo estudado e que por permitindo desvios no que se pretende. vezes escapam ao olhar do investigador. Assim como O questionário pode ser definido como um ins- a filmagem, a fotografia permite reter informações trumento impessoal e que permite maior facilida- importantes no momento em que se realiza o es- de na coleta de informações. Nesse instrumento, o tudo, pois o efeito das transformações do tempo cer- investigador estabelece as questões, cujas respostas tamente estará modificando formas, paisagens etc. serão obtidas de forma escrita, podendo o entrevis- Minayo (1994) alerta que em estudos sociais é im- tado responder livremente ou assinalar as alternati- portante que se utilize o “diário de campo”, que são vas predeterminadas. anotações sistemáticas realizadas pelo pesquisador e Assim, o questionário poderá apresentar per- que estarão enriquecendo as análises e descrições. guntas do tipo aberta e/ou fechada, a depender do objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aque- Algumas considerações sobre a amostragem las que permitem a livre resposta do entrevistado, A amostra é um recurso a ser utilizado quando ficando a seu critério a extensão da resposta a ser a população-alvo for muito grande para ser usada fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas inteira. Por população-alvo compreende-se o grupo respostas já se encontram previamente estabeleci- formado pelos indivíduos ou elementos que pos- das, ficando o entrevistado no papel de somente as- suem determinadas características definidas para sinalar a alternativa que achar mais adequada. um estudo; assim, a amostra representa uma parte A elaboração de um questionário requer alguns (um subconjunto) desse grupo. Richardson (1999) cuidados por parte do investigador: procurar ini- acrescenta que, além do tamanho da população-al- cialmente explicar de forma objetiva a finalidade vo, os custos e o tempo são fatores importantes na do questionário não se esquecendo de agradecer a utilização da amostragem, pois essa técnica permite colaboração de quem o respondeu, apresentar as reduzir custos e minimizar as distorções decorrentes questões de forma compreensível e com palavras e da variação do tempo de obtenção das informações. 70 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 70 5/19/09 8:43:27 AM
  • 25. AULA 3 — O Processo de Pesquisa Como nas ciências sociais trabalha-se com gru- população-alvo fossem idênticos, uma amostra de pos humanos cuja característica principal é a hete- um só elemento seria perfeitamente representativa. rogeneidade, a técnica da amostragem permite sele- As amostras podem ser de dois tipos: as proba- cionar as amostras mais adequadas ao propósito da bilísticas e as não probabilísticas, em que somente investigação. as últimas poderão permitir generalizações estatís- Uma característica importante das amostras é ticas por estarem apoiadas no princípio da inferên- que o resultado obtido a partir dos dados da amos- cia estatística. As amostras do tipo probabilística tra deverão permitir as generalizações, ou seja, o que caracterizam-se, principalmente, por permitir que é característica da amostra também é característi- cada elemento da população-alvo tenha a probabi- ca de todo o conjunto que não se pôde observar. O lidade de fazer parte da amostra. Os principais tipos fato de se utilizar uma amostra e não a população- de amostras probabilísticas são: amostra aleatória alvo total pode levar a erros que poderão ser mini- simples, amostra sistemática, amostra por conglo- mizados quando se conhecem todos os parâmetros merado e amostra estratificada. da população-alvo, pois nesse caso pode-se calcular As amostras não probabilísticas utilizam critérios o erro da amostra. Quando não se conhecem esses baseados no raciocínio e na lógica para compor a parâmetros, é preciso estabelecer critérios visando amostra e não no princípio do acaso. Os principais ti- minimizar a margem de erro. Contandriopoulos et pos são: amostras acidentais, amostras de voluntários, al. (1999, p. 60) indicam dois critérios para se discu- amostras por escolhas racionais e amostras por cotas. tir essa margem: O tamanho da amostra depende de vários fatores intrinsecamente articulados ao que se pretende in- Quanto maior a “fração da amostra”, menor o “er- vestigar, aos custos decorrentes da coleta de dados e ro da amostra”. Intuitivamente é fácil conceber que, quanto maior a amostra em relação à popula- aos métodos estatísticos a serem utilizados. ção-alvo, mais segura é a representatividade dessa Qualquer que seja o método utilizado, é preciso amostra. Inversamente quanto mais homogênea ter-se clareza que cada um apresentará vantagens e for a população-alvo, menos necessária será uma desvantagens e que não há apenas um que seja uni- grande amostra. No limite, se todos os elementos da versalmente válido para todas as situações. * ANOTAÇÕES 71 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 71 5/19/09 8:43:27 AM
  • 26. Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 4 A PESQUISA QUALITATIVA Conteúdo • Pesquisa qualitativa – conceito e características • O qualitativo e o quantitativo – diferentes faces de um mesmo processo Competências e habilidades • Compreender o que é a pesquisa qualitativa • Identificar as características da pesquisa qualitativa • Relacionar pesquisa qualitativa e quantitativa Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com professor interativo 2 h/a – presenciais com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo O QUE É PESQUISA QUALITATIvA? A pesquisa qualitativa pode ser definida como As pesquisas sociais têm sido marcadas pela uti- uma abordagem que busca entender determinado lização de metodologias do tipo quantitativo na fenômeno de forma aprofundada, descrevendo-o, abordagem e análise dos fenômenos que investiga, analisando-o e interpretando-o. Muito mais do que contudo nos últimos anos um tipo de abordagem descrições estatísticas que visam à generalização dos resultados, a pesquisa qualitativa trabalho com outro tem se mostrado promissor por ter como foco as- nível de realidade que nem sempre pode ser mensu- pectos que privilegiem a subjetividade na compre- rado ou transformado em dados quantitativos. ensão e entendimentos do objeto de estudos. Um aspecto importante nas pesquisas qualitati- Embora vista com desconfiança por alguns pes- vas é a não padronização da forma de abordagem e quisadores, a pesquisa qualitativa tem ganhado força tratamento do objeto de estudo, muito comum em em áreas importantes. Sobre isso, Neves (1996, p. 1) pesquisas de cunho quantitativo. “A pesquisa qua- comenta: “Surgido inicialmente no seio da Antropo- litativa pode ser caracterizada como a tentativa de logia e da Sociologia [...] esse tipo de pesquisa ga- uma compreensão detalhada dos significados e ca- nhou espaço em áreas como a psicologia, a educação racterísticas situacionais apresentadas pelos entre- e a administração de empresas”, entre outras. vistados, em lugar da produção de medidas quanti- 72 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 72 5/19/09 8:43:28 AM
  • 27. AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa tativas de características ou comportamentos” (RI- possam servir de parâmetro para se chegar à verda- CHARDSON, 1999, p. 87). de dos fenômenos. Contudo, a questão da credibili- É possível afirmar que há uma tentativa de apreen- dade está vinculada a questões muito específicas das der a riqueza da dimensão humana em toda sua ciências sociais, principalmente quando se conside- magnitude, sem que isso signifique o aprisionamen- ra o seu nascedouro. to a fórmulas e padrões previamente definidos. Segundo Santos Filho (2000), no século XIX uma Godoy (1995, p. 62) enumera algumas caracterís- das questões principais para os pesquisadores que ticas que permitem identificar as pesquisas do tipo discutiam os fenômenos humanos e sociais foi o qualitativa: problema da unidade das ciências. No século ante- rior, as ciências da natureza demonstraram que, pelo 1 – o ambiente natural como fonte direta dos dados método científico baseado na quantificação e gene- e o pesquisador como instrumento fundamental; ralização dos resultados, seria possível predizer com 2 – o caráter descritivo; vistas a alcançar dados muito precisos, que revelas- 3 – o significado que as pessoas dão às coisas e à sua sem a verdade sobre os fenômenos observados. vida como preocupação do investigador; 4 – enfoque indutivo. Então, as questões sociais, que nesse momen- to revelavam toda sua complexidade, passam a ser O que se depreende é que o aspecto subjetivo tem pauta de indagação no sentido da busca de métodos destaque. que pudessem garantir o mesmo sucesso alcançado Segundo Minayo (2001, p. 23), nas ciências so- pelos métodos utilizados nas ciências da natureza. ciais a pesquisa qualitativa se ocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado: Duas respostas ou posições foram assumidas diante desse problema. Uma defendia a unidade das ciên- Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, cias e, portanto, a legitimidade do uso do mesmo motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o método em todas as ciências. A outra posição era que, corresponde a um espaço mais profundo das favorável à tese da peculiaridade das ciências so- relações, dos processos e dos fenômenos que não po- ciais e humanas e, portanto, defendiam um método dem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. científico específico para estas ciências (SANTOS FILHO, 2000, p. 15). Assim, a subjetividade ganha destaque ocupando um lugar fundamental na abordagem dos fenôme- A unidade das ciências teve no Positivismo de nos, pois a objetividade representada em diagramas, Comte sua maior defesa, e influenciou as ciências gráficos e quantificação nem sempre apreende a di- sociais principalmente na forma de apreensão e nâmica presente na vida e que é revelada a partir da análise dos fenômenos, pois para conferir atributos fala dos sujeitos que a constitui. e qualidade ao objeto de investigação adotou termos Richardson (1999, p. 90) corrobora esse pensa- matemáticos e a linguagem de variáveis, caracterís- mento quando afirma que “a pesquisa qualitativa tica das ciências da natureza. pode ser caracterizada como a tentativa de uma Minayo (2001, p. 23) sintetiza bem esse posicio- compreensão detalhada dos significados e caracte- namento quando define os seguintes critérios para rísticas situacionais apresentadas pelos entrevista- análise dos fenômenos sociais, com base nas ciên- dos, em lugar da produção de medidas quantitativas cias da natureza: de características ou comportamentos”. a – o mundo social opera de acordo com leis cau- As pesquisas qualitativas vêm ganhando espaço, sais; embora ainda não sejam aceitas por muitos pesqui- b – alicerce da ciência é a observação sensorial; sadores exatamente pela questão da validade cientí- c – a realidade consiste em estruturas e instituições fica, ou seja, como garantir que aspectos subjetivos identificáveis enquanto dados brutos por um lado 73 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 73 5/19/09 8:43:28 AM