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Educação
                                                  sem fronteiras

                                      SERVIÇO
                                       SOCIAL

                                                                       Autores
                                                 Edilene Maria de Oliveira Araújo
                                             Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre
                                     Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
                                                          Maria Aparecida da Silva
                                                 Maria Roney de Queiroz Leandro


                                                                              5
                                                         www.interativa.uniderp.br
                                                       www.unianhanguera.edu.br


                                                           Anhanguera Publicações
                                                                  Valinhos/SP, 2009




00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1                                                    1/5/09 3:52:57 PM
© 2009 Anhanguera Publicações
                                                                                                                          Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da
              Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica,                                  Anhanguera Educacional
              resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.
              Impresso no Brasil 2009
                                                                                                               S514    Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos :
                                                                                                                       Anhanguera Publicações, 2009.
                                                                                                                       224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5).


                                                                                                                       ISBN: 978-85-62280-06


                                                                                                                       1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social –
                                                                                                                       Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série.


              ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.                                                                              CDD: 360
              CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS

              Presidente
              Prof. Antonio Carbonari Netto

              Diretor Acadêmico
              Prof. José Luis Poli

              Diretor Administrativo
              Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior

              CAMPUS I

              Reitor                                                                                                                                          ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
              Prof. Guilherme Marback Neto
              Vice-Reitor                                                                                                                                                               Diretor
              Profa. Heloísa Gianotti Pereira                                                                                                                     Prof. Diógenes da Silva Júnior
              Pró-Reitores
              Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior                                                                                            Gerente Acadêmico
              Pró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho                                                                                            Prof. Adauto Damásio
              Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo
              Busato                                                                                                                                                  Gerente Administrativo
                                                                                                                                                                    Prof. Cássio Alvarenga Netto




                                                                                                          PROJETO DOS CURSOS
                                                                                                          Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani
              ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.                                                                 Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli
              UNIDERP INTERATIVA                                                                          Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins /
                                                                                                          Profa. Roberta Machado Pereira
              Diretor                                                                                     Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha
              Prof. Ednilson Aparecido Guioti                                                             Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina Caldeira
                                                                                                          Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis /
              Coodernação                                                                                 Profa. Ana Lucia Américo Antonio
              Prof. Wilson Buzinaro                                                                       Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas:
                                                                                                          Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira
              COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA                                                                      Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario
              Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli /                      Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias
              Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate /                                   Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias
              Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)                                                  Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias




00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2                                                                                                                                                                  1/5/09 3:52:57 PM
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


            Nossa Missão, Nossos Valores
               ____________________

  A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
  A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de
ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da
Anhanguera.
  Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.


                                                              Boa aprendizagem e bons estudos!




                                                                  Prof. Antonio Carbonari Netto
                                                          Presidente — Anhanguera Educacional




                                                    iii
Apresentação
                      ____________________

  A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
  Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com
a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus
propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social.
   Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais
um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni-
dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação
a Distância.
  Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras
do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
  O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe-
recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex-
terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando,
dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras.
  Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com
reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e
estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade
de sua aprendizagem.
  É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade.




                                                                   Prof. Guilherme Marback Neto
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


              Autores
        ____________________

                                               EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986
               Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos –
                                           Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
                                              Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais –
                                      Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002

                                         ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObRE
              Graduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992
                                     Especialização em Políticas Sociais – Universidade do
                                       Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003
        Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007

                                HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHO
                                      Graduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de
                                              Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982
                                               Graduação: Psicologia/Universidade Católica
                                           Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992
                               Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do
                     Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004
                                                Especialização: Gestão Judiciária Estratégica
                 Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007
                                       Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e
                 Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006

                                                           MARIA APARECIDA DA SILVA
                                               Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
                                Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984
                         Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do
                                                      Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985
                                             Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal
                                          de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998

                                                MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDRO
                                               Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
                                  Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987
                                             Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional
                                            de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993




                                              v
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


                                     Sumário
                               ____________________
MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL

UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social .........................................                                    3
AULA 2
  Projetos sociais: solucionando problemas ..........................................................................                     10


UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea .................................................                                19
AULA 2
  Divisão social do trabalho ...................................................................................................          24
AULA 3
  Produção social e valor ........................................................................................................        29
AULA 4
  Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................                    37
AULA 5
  Processos de trabalho e produção da riqueza social ...........................................................                          43
AULA 6
  O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ......................................................................                      48
AULA 7
  Trabalho produtivo e improdutivo ......................................................................................                 52
AULA 8
  A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho ....................................................                              59
AULA 9
  Trabalho e sociedade em rede ..............................................................................................             65


UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho
  em serviço social ...................................................................................................................   75
AULA 2
  Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................                                     78
AULA 3
  O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as
  perspectivas e competências profissionais...........................................................................                    81

                                                                              vii
AULA 4
  Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários
  dos serviços sociais ............................................................................................................... 86
AULA 5
  As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a
  sociedade ............................................................................................................................... 89
AULA 6
  A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento
  de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92
AULA 7
  Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
  trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95
AULA 8
  Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
  trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99
AULA 9
  Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de
  respostas as demandas do trabalho...................................................................................... 103

SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 108


MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA

UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor .........................................                                  111
AULA 2
  Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ...........................................................                       114
AULA 3
  Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor .....................................                                118
AULA 4
  Organizações de interesse público e legislações pertinentes ..............................................                               122
AULA 5
  As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais .................................                                  127
AULA 6
  Responsabilidade social e suas dimensões...........................................................................                      131
AULA 7
  Voluntariado .........................................................................................................................   135
AULA 8
  O voluntariado no terceiro setor..........................................................................................               140
AULA 9
  Financiamento do terceiro setor ..........................................................................................               144
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA
AULA 1
  Contexto da cidadania ..........................................................................................................   153
AULA 2
  Participação e controle social: instâncias de cidadania.......................................................                     159
AULA 3
  Conselhos de políticas públicas: assistência social ..............................................................                 169
AULA 4
  Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................            174
AULA 5
  Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência .............................                                179
AULA 6
  Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA).................................                                187
AULA 7
  Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................                192
AULA 8
  Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ...................................................                        199
AULA 9
  Atuação do profissional na efetivação do controle social ...................................................                       207

SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 215




                                                                            ix
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...




                                                    Módulo

                           PROCESSO DE
                          TRABALHO EM
                         SERVIÇO SOCIAL




             Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
            Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro
    Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho

                                 73
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social


    Apresentação

   Caro acadêmico!
   Você irá começar agora mais um período de aprendizado e muitas descobertas, pois estamos iniciando
novo período de aula com a Unidade Didática: ESTRATÉGIAS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL.
Nessa unidade trataremos a respeito da inserção do assistente social nos processos do trabalho – as estratégias
de trabalho em serviço social – demandas tradicionais e demandas atuais – redimensionamento da profissão:
o mercado, as condições de trabalho, perspectivas e competências profissionais – condições de trabalho e
respostas profissionais – a relação assistente social e usuários dos serviços sociais – demandas e a interven-
ção profissional no âmbito das relações entre o Estado e a sociedade – a dimensão ética e política da prática
profissional e o serviço social como instrumento de cidadania e garantia de direitos – estratégia profissional e
instrumental técnico-operativo utilizado no desempenho do trabalho profissional – instrumentos, metodo-
logias e técnicas utilizadas pelo serviço social na busca de respostas às demandas do trabalho.
   Contudo, para que o aprendizado se concretize é preciso muita dedicação e disponibilidade de cada um,
principalmente de vocês, alunos; a nós cabe auxiliá-los nessa trajetória, dando as concepções teóricas, meto-
dológicas e instrumentais para que vocês possam aprofundar as informações recebidas e consigam por meio
do estudo e pesquisas atuar dentro da ética e do compromisso profissional.
   Ao escolher a profissão de assistente social, supomos que o aluno esteja pronto a desvendar caminhos
na maioria das vezes bem pedregosos, mas que possa também visualizar alternativas que aos olhos comuns
não é possível, pois essa é uma profissão única, que está em constante processo de mudança, que se refaz e
age de acordo com o movimento das sociedades, dos seus povos e de tudo que se relaciona com as questões
sociais. O desafio é grande, principalmente nesse contexto de globalização mundial, da hegemonia do capital
financeiro, da redução na demanda e da flexibilização do trabalho, da pauperização crescente, da exclusão
e agravamento das múltiplas expressões da questão social, base histórica da intervenção profissional. Não
queremos de maneira alguma desestimulá-los, pelo contrário, queremos parabenizá-los por terem escolhido
essa profissão e por vocês se sentirem preparados para segui-la, cumprindo com alguns requisitos que são
essenciais e imprescindíveis para um exercício profissional consciente e ético (Projeto ético-político), e que a
atuação profissional de vocês deixe explícitos os compromissos da categoria.

  Sejam bem-vindos!

                                                       Professora especialista Maria Roney de Queiroz Leandro




                                                      74
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...


                                              AULA

                       ____________________        1




                                                                                                                Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em
   A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS
PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS DE
       TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL




                                                                                                                                   Serviço Social
 Conteúdo
 • Introdução ao tema Estratégias de Trabalho em Serviço Social – Considerações gerais
 • A questão social e a inserção do assistente social nos processos de trabalho

 Competências e habilidades
 • Compreender que a inserção do assistente social no processo de trabalho faz parte de um contexto e
   varia de acordo com o momento histórico/político
 • Discutir sobre as mudanças do mercado de trabalho e o projeto ético-político do serviço social

 Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal
 • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
 • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social

 Duração
 2h/a – via satélite com o professor interativo
 2h/a – presenciais com o professor local
 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS                               CONSIDERAÇÕES GERAIS
PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS                               A sociedade contemporânea vem há tempos so-
DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL                                     frendo profundas mudanças, trazendo repercussões
                                                                  nas relações de trabalho e de produção. Na era da
    EXERCÍCIO DO SERVIÇO SOCIAL SEM SER
                                                                  globalização da economia e das inovações tecnoló-
    DISCRIMINADO, nem discriminar, por questões
                                                                  gicas, a flexibilização dos processos de trabalho, as
    de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
    nacionalidade, opção sexual, idade e condição física          novas modalidades de produção admitidas e a ges-
    (Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro-              tão e consumo da força de trabalho são situações
    fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética e          que se vêm fazendo presentes, e de maneira bem
    direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a edição.          ostensiva, no dia-a-dia da sociedade. Nesse cenário,
    p. 17).                                                       o serviço social se mostra mais uma vez redefinindo

                                                             75
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

seu “fazer” por meio de parâmetros teóricos, meto-                              cas assumidas pelo serviço social na leitura da socie-
dológicos, éticos e políticos.                                                  dade e na construção de respostas à questão social.
                                                                                    A questão social é indissociável da sociabilidade
       “O que importa é entender a profissão hoje como
                                                                                capitalista e, particularmente, das configurações as-
       mais um tipo de trabalho na sociedade. Desde os
                                                                                sumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão
       anos 80, vem-se afirmando que o serviço social é uma
       especialização do trabalho, uma profissão particular                     monopolista do capital. A gênese da questão social
       inscrita na divisão social e técnica do trabalho coleti-                 na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo
       vo da sociedade¹.”                                                       da produção contraposto à apropriação privada da
                                                                                própria atividade humana – o trabalho –, das con-
   Tanto a divisão do trabalho na sociedade quanto                              dições necessárias à sua realização, assim como de
a divisão técnica do trabalho no interior das estru-                            seus frutos. É inseparável da emergência do “traba-
turas produtivas se mostram com novas formas de                                 lhador livre”, que depende da venda de sua força de
organização e de gestão de trabalho.                                            trabalho como meio de satisfação de suas necessida-
   A reestruturação produtiva, tanto nas organiza-                              des vitais (IAMAMOTO, 2007).
ções públicas como nas privadas, vem impondo a                                      A mesma autora reitera que a questão social ex-
todos os trabalhadores, incluindo também a cate-                                pressa, portanto, uma arena de lutas políticas e cul-
goria de assistentes sociais, mudanças que trazem                               turais na disputa dos projetos societários, informa-
repercussões nas suas relações sociais, interferin-                             dos por distintos interesses de classe na condução
do diretamente nas vidas dos indivíduos com suas                                das políticas econômicas e sociais, que trazem o selo
famílias, amigos, e principalmente nas relações do                              das particularidades históricas nacionais, podendo
trabalho, impondo situações das mais conflitantes1,                             ser traduzidas pelas desigualdades econômicas, po-
como: a precarização das relações de trabalho, ame-                             líticas e culturais das classes sociais, mediatizadas
aça de desemprego, exigências de polivalência, mul-                             por disparidades nas relações de gênero, caracterís-
tifuncionalidade, necessidade no desenvolvimento                                ticas étnico-raciais e formações regionais, colocan-
de novas habilidades, entre outras.                                             do em causa amplos segmentos da sociedade civil
   Dessa forma, para se compreender o serviço so-                               no acesso aos bens da civilização.
cial, seus fundamentos históricos, teóricos e meto-                                 Quando o assistente social é provocado para in-
dológicos devem partir da premissa de que essa é                                tervir na realidade ele busca respostas aos questio-
uma profissão determinada pela sociedade brasilei-                              namentos surgidos no exercício da profissão, valen-
ra, que se desenvolveu por forças societárias, como                             do-se do próprio saber e de experiências acumula-
uma especialização do trabalho. Mas, de outra for-                              das por meio de elaborações intelectuais e com as
ma, a profissão é também e principalmente o fru-                                sistematizações da prática que foram reunidas ao
to de muitas lutas e aprendizados por diferentes                                longo do tempo. Também se utiliza de técnicas e
grupos e sujeitos que a constroem e a vivenciam.                                métodos que dão subsídios a sua intervenção; nesse
Sujeitos que com a “prática” acumulam saberes,                                  momento, segundo Faleiros (2008), o foco da inter-
sistematizam essas informações em aprendizados                                  venção social se constrói no processo de articula-
e “devolvem”, contribuindo para a criação de uma                                ção do poder dos usuários e sujeitos da ação pro-
cultura profissional. Logo, analisar a profissão su-                            fissional no enfrentamento das questões relacionais
põe abordar, simultaneamente, todas as formas de                                complexas do dia, pois envolvem a construção de
pensar e atuar que foram ao longo do tempo sendo                                estratégias para dispor de recursos, poder, agilida-
incorporadas, atribuindo visibilidade às bases teóri-                           de, acesso, organização, informação, comunicação.
                                                                                O profissional de serviço social define seu trabalho
1
    A inflexão nessa perspectiva foi dada por IANAMOTO, M.V. e
    CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo,
                                                                                a partir de estratégias de ação, utilizadas por meio
    Cortez/Celats, 1982.                                                        de instrumentos e técnicas de intervenção.

                                                                           76
AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho...

   Para Faleiros é inegável a produção do conheci-                O objeto do serviço social, nesse sentido, está
mento no serviço social. Insiste no processo dialéti-          intimamente vinculado a uma visão de homem e
co de desconstrução/reconstrução do objeto da pro-             mundo, fundamentado numa perspectiva teórica
fissão como método crítico e histórico que possibi-            de que, no modo capitalista de produção, impli-
lita desenvolver estratégias relacionais e situacionais        ca uma opção política – a teoria norteadora da
da ação. Acredita também que a estratégia prática              ação, a ação que reconstrói a teoria, demonstra
da ação profissional só é possível construir com a             de que lado está o serviço social. E, desde o mo-
teorização da intervenção profissional, a partir da            vimento de reconceituação, o serviço social tem
procura do conhecimento do serviço social.                     construído uma ação voltada para a maioria da
   Dessa forma, o assistente social é sem dúvida um            população.
trabalhador especializado, que vende a sua capaci-
dade de trabalho demandando uma força qualifica-
da e de um “agir” que tem caráter científico, já que
se baseia em teorias, diagnósticos, fundamentação                                  VEJA BEM...
teórico-científica. Esse processo de compra e venda                  ESTE ASSUNTO NÃO SE ESGOTA AQUI,
da força de trabalho especializada em troca de um                    PELO CONTRÁRIO, ESSE É SÓ O INÍCIO
salário faz com que o serviço social ingresse nesse                  E DEVE SERVIR PARA VOCÊ PROCURAR
universo como mediador entre o capital e o traba-                       SUAS PRÓPRIAS ESTRATÉGIAS DE
lho, mas que também se insere e vivencia as dificul-                   CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DO
dades advindas do modelo capitalista vigente, por                            INSTRUMENTAL PARA
vender sua própria força de trabalho.                                            O SEU “AGIR”.
   O serviço social é uma profissão consolidada, le-
gitimada socialmente, o que significa que tem uma
função social. As profissões são criadas para respon-
der às necessidades dos homens. O desenvolvimento                 Por tudo abordado, concluiremos essa exposição
das forças produtivas envolve as necessidades de no-           valendo-nos de Faleiros quando ele explica que o
vas profissões, assim como considera outras desne-             processo do trabalho se dá por meio de mediações
cessárias. Mas, mesmo respondendo a uma necessi-               complexas na dinâmica das relações particulares e
dade social, ele pode ser corroborado pelo número de           gerais dos processos de fragilização social para inter-
assistentes sociais inseridos no mercado de trabalho,          vir nas relações de força, nos recursos e nos poderes
pelo fato de que eles, efetivamente, trabalham desen-          institucionais, visando a fortalecer o poder dos mais
volvendo ações que têm um produto, produto social              frágeis, dos oprimidos, dos explorados, pelo resgate
com dimensões econômicas e políticas; ainda assim,             da sua cidadania, da sua autonomia, da sua auto-
o serviço social mantém, historicamente, o dilema da           estima, das condições singulares da sobrevivência
especificidade profissional, especificidade essa que           individual e coletiva, de sua participação e organi-
é dada pelo objeto profissional. Em termos bastan-             zação e que, para se ter sucesso nessa empreitada, o
te simples, a questão é: para que trabalha o serviço           profissional há de usar os instrumentos e técnicas
social? A resposta a essa questão responde, também,            mais acertadas à situação, ou seja, pôr em prática as
com qual objetivo trabalha o serviço social.                   estratégias de trabalho em serviço social.



                                                                   CONTINUA NA PRÓXIMA AULA




                                                          77
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social


                                                                                            AULA

                                                                     ____________________          2
Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em




                                                     TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: DEMANDAS
                                                       TRADICIONAIS E DEMANDAS ATUAIS

                                                Conteúdo
                                                • Renovação e conservadorismo
                   Serviço Social




                                                • Contextualização e mudanças no mercado de trabalho do assistente social
                                                • Demandas, trabalho e desafio profissional


                                                Competências e habilidades
                                                • Reconhecer as influências conjunturais na prática profissional e as mudanças necessárias para seu
                                                  exercício
                                                • Debater o aprofundamento e o desdobramento dos campos de trabalho do serviço social


                                                Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal
                                                • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
                                                • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social


                                                Duração
                                                2h/a – via satélite com o professor interativo
                                                2h/a – presenciais com o professor local
                                                6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




                                     “GARANTIA DO PLURALISMO, através do                         são a atuação do assistente social como mediador
                                     respeito às correntes profissionais democráticas            nas relações sociais do trabalho, mas que, no proces-
                                     existentes e suas expressões teóricas, e compromis-         so de institucionalização, o serviço social, enquanto
                                     so com o constante aprimoramento intelectual”               profissão, desvenda sua inserção na sociedade, apre-
                                     (Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro-
                                                                                                 endendo o significado social da prática profissional
                                     fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética
                                                                                                 que a insere no conjunto das condições e relações
                                     e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a ed.
                                                                                                 sociais que lhe atribuem um sentido histórico e nas
                                     p.17).
                                                                                                 quais se torna possível e necessário seu exercício; e
                Conforme visto na Aula 1, “A inserção do assis-                                  que as estratégias se constroem no campo das possi-
             tente social nos processos do trabalho e estratégias                                bilidades, favorecendo, assim, o processo e o projeto
             de trabalho em serviço social” trazia para a discus-                                de vida do sujeito.

                                                                                           78
AULA 2 — Trabalho e Serviço Social: Demandas Tradicionais e Demandas Atuais

   Esse foi um breve resgate do capítulo anterior,                  mudanças globais e as mudanças particulares. Ao se
porém é também o início e o impulsionador das                       inserir num projeto ético-político engajado num pro-
aulas seguintes.                                                    jeto nacional e popular, ele sofrerá os avanços e recuos
   Nesta aula retomaremos alguns temas certamen-                    diante dos movimentos sociais e do papel do Estado.
te já vistos por vocês em outras oportunidades, mas
são de extrema importância para o entendimento.                     CONTEXTUALIZAÇÃO E MUDANÇAS NO
                                                                    MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE
                                                                    SOCIAL
RENOVAÇÃO E CONSERVADORISMO
   O agravamento da “questão social” diante da                         Não dá para descrever o serviço social, hoje, sem
                                                                    considerar o processo histórico e de profissionaliza-
consolidação e da crise do capitalismo no mundo,
                                                                    ção, que segundo Iamamoto está “configurado em
do processo de reestruturação produtiva, assumiu
                                                                    mecanismo de distribuição de caridade privada das
na atualidade diferentes contornos, trazendo novos
                                                                    classes dominantes para se transformar em uma das
desafios para a profissão. O acirramento das desi-
                                                                    engrenagens de execução das políticas sociais do Es-
gualdades sociais, a exclusão social, o empobreci-
                                                                    tado e setores empresariais...”
mento das populações, a inflação, o desemprego,
a violência, a crise na proteção social, o déficit or-                 A necessidade de se impor enquanto profissão
çamentário, a dívida externa, a crise financeira, o                 foi consubstanciada nas mudanças ocorridas nos
afastamento do Estado frente às demandas sociais,                   cenários político, econômico e cultural, levando o
enfim, todos esses fenômenos constituem-se como                     serviço social para outro foco de atuação, ou seja,
inúmeros desafios para as diferentes profissões, em                 para a prestação de serviços sociais implementados
especial para o serviço social.                                     principalmente pelo Estado. Cabe salientar que a
                                                                    noção de Estado é bastante contraditória à medida
   Esse contexto de crise estrutural, caracterizado
                                                                    que agrega as classes burguesas, que não são homo-
pelo aprofundamento da miséria e pelo colapso das
                                                                    gêneas, e o interesse dos trabalhadores, quer sejam
políticas públicas, ecoa sistematicamente e traz sig-
                                                                    pela luta de classes, quer pelas necessidades do pro-
nificantes transformações nos processos interventi-
                                                                    cesso de acumulação pelas classes dominadas.
vos do assistente social e na formação profissional,
exigindo mudanças reais. Dessa forma, como qual-                       Outros segmentos, talvez ainda minoritários no
quer profissão inscrita na divisão social e técnica do              conjunto de categorias, buscam reorientar o po-
trabalho, o serviço social tem também sua utilidade                 tencial dessa prática na perspectiva das classes so-
                                                                    ciais subalternas, dos seus reais interesses sociais, o
social e deve ser capaz de responder às necessidades
                                                                    que obriga o profissional a repensar o seu fazer de
sociais.
                                                                    maneira antagônica sobre a definição oficial. É aí
     “As considerações que, hoje, se podem fazer sobre o            que se expressa para o profissional um dilema de
     serviço social situam-se dentro dos limites do pró-            grande dimensão, que não é apenas um dilema pro-
     prio capitalismo e das mudanças que se vêm im-                 fissional, mas essencialmente político. Ora, os pro-
     pondo nessa fase de desenvolvimento de nova for-               fissionais são constituídos para que sejam agentes
     ma de acumulação, assentada no capital financeiro,             mediadores do capital, que, em última instância, é
     na globalização, na revolução trabalho/emprego,                a força que dispõe do poder de produzir e legitimar
     nos seguros sociais, na universalização das políti-
                                                                    tais serviços, de aprovar os estatutos profissionais,
     cas sociais e no modelo organizacional de gestão de
                                                                    de remunerar imediatamente os agentes. É a força
     serviços sociais, que inclui a privatização e a tercei-
                                                                    constituída que os remunera e determina sua par-
     rização” (FALEIROS, 1996).
                                                                    cela de poder, define e redefine sua prática, já que é
   Na verdade, o que está sendo colocado como desa-                 a classe capitalista que tem dominância política na
fio para o serviço social vincula-se na tensão entre as             correlação de forças sociais.

                                                               79
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

   Essa é, estruturalmente, a situação dos diver-                          na consciência de seus agentes, da temporalidade
sos profissionais na sociedade capitalista. Só que o                       dessas práticas, da necessidade de redefinições.”2
assistente social tenta, pela luta, a identidade pro-
                                                                       De acordo com alguns segmentos, a moderniza-
fissional, conferindo outra dimensão social à sua
                                                                    ção e o poder institucional demandam redefinições
prática. Ele supõe um dilema de definição que não
                                                                    da atividade profissional, e de parâmetros de efici-
está posto diretamente para quem os contrata, mas
                                                                    ência e racionalidade, favorecendo uma renovação
para a categoria profissional: a questão política de
                                                                    permanente das bases de legitimidade do serviço
definição dessa prática, que subordina, embora não
                                                                    social.
elimine a questão propriamente técnico-profissio-
                                                                       Para Iamamoto, “quando o profissional vivencia a
nal. Embora incorporando a necessidade de con-
                                                                    “crise” profissional sem questionar as bases políticas
duzir a prática profissional de maneira eficiente e
                                                                    de legitimação de seu fazer, tal “crise” se resolve no
competente, não é suficiente modernizar o aparato
                                                                    aprimoramento teórico-profissional em função das
profissional para resolver um problema que não é
                                                                    exigências do processo de acumulação e de moder-
meramente profissional.
                                                                    nização do Estado. Implica, necessariamente, efetuar
                                                                    mudanças teórico-práticas no serviço social, porém
DEMANDAS, TRABALHO E DESAFIO                                        acopladas à evolução das estratégias do bloco de po-
PROFISSIONAL                                                        der no controle da sociedade civil e, em especial, das
   Não podemos desconsiderar que essa abordagem                     classes trabalhadoras, renovando os laços de aliança
apresenta de imediato as implicações políticas da                   entre os agentes profissionais e o propósito de classe
prática profissional, convergida por interesses de                  corporificado nas organizações institucionais a que
classe, por determinações históricas da prática pro-                os assistentes sociais encontram-se vinculados”.
fissional e como atividade socialmente determinada                     A mesma autora acrescenta que, “diante des-
pelas circunstâncias sociais objetivas e o desejo ex-               te quadro, as respostas da categoria não têm sido
presso na consciência, ou seja, há um descompasso                   unívocas, porque a categoria não é homogênea: ela
entre o discurso e o exercício profissional, muitas                 reflete em si mesma as polarizações presentes na so-
vezes fazendo parecer uma crise.                                    ciedade”.
   O elemento unificador dessa análise é a proble-
matização da legitimidade e dos momentos de “cri-
se da profissão”, embasados em suas raízes sociais e                        É IMPORTANTE TAMBÉM BUSCAR OS
teóricas.                                                                  TEXTOS QUE JÁ FORAM TRABALHADOS
                                                                             SOBRE ESTE E OS OUTROS TEMAS.
     “Trata-se, portanto, de um esforço de compreender
     a prática profissional na sua dimensão histórica,
     como uma prática em processo, em constante reno-
     vação, fato este derivado, fundamentalmente, das
     modificações verificadas nas formas de expressão e
     no aprofundamento das contradições que peculia-
     rizam o desenvolvimento de nossas sociedades. À                         LEMBREM-SE: CONTINUAMOS NA
     medida que novas situações históricas se apresen-                     PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO ISSO,
     tam, a prática profissional – enquanto componen-                          NÃO CUSTA LER UM POUCO
     tes destas – é obrigada a se redefinir. As constan-                         MAIS SOBRE O TEMA.
     tes redefinições conformam mais uma “passagem
     de prática” do que uma prática cristalizada, o que
     muitas vezes é visto pela categoria como “crise pro-           2
                                                                        Iamamoto, Marilda Vilela, Renovação e Conservadorismo no Serviço
     fissional”. Esta “crise” não é mais do que a expressão,            Social – Ensaios Críticos, p. 89 – 8a ed., São Paulo: Cortez, 2007.


                                                               80
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...


                                              AULA




                                                                                                               Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em Serviço Social
                      ____________________         3
   O REDIMENSIONAMENTO DA PROfISSÃO:
O MERCADO, AS CONDIÇõES DE TRABALHO, AS
PERSPECTIVAS E COMPETêNCIAS PROfISSIONAIS

Conteúdo
• Formação acadêmica e o reconhecimento enquanto categoria profissional
• Avanços e dificuldades no (para) exercício da profissão

Competências e habilidades
• Observar e analisar as mudanças ocorridas na sociedade e na categoria, principalmente após o rom-
  pimento histórico com o conservadorismo e o avanço da profissão com a regulamentação da Lei
  8.662, de 7 de junho de 1993
• Compreender o funcionamento das regras da sociedade capitalista
• Discutir a respeito dos impactos gerados pelo modelo capitalista no mercado de trabalho e no exer-
  cício da profissão

Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal
• Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
• O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social

Duração
2h/a – via satélite com o professor interativo
2h/a – presenciais com o professor local
6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




   “COMPROMISSO COM A QUALIDADE DOS                               FORMAÇÃO ACADêMICA E O RECONHECIMENTO
   SERVIÇOS PRESTADOS à população e com o apri-                   ENqUANTO CATEGORIA PROFISSIONAL
   moramento intelectual, na perspectiva da competên-                O assistente social vem gradativamente am-
   cia profissional” (Princípios Fundamentais do Código           pliando seu espaço de atuação, rompendo com o
   de Ética Profissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente So-           estigma de profissão vinculada aos serviços públi-
   cial: Ética e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções.        cos e abrangendo cada vez mais seu exercício pro-
   3a ed. p. 17).                                                 fissional.

                                                             81
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

   Essa expansão do mercado de trabalho para o                metodologia e instrumentos que agregam outros
serviço social encontra resposta nas constantes               saberes, como por exemplo o domínio básico da in-
transformações que vem sofrendo a sociedade com               formática, os quais, associados a uma escrita e ver-
os avanços tecnológicos, a globalização e a reestru-          balização correta da língua portuguesa, entre outros
turação produtiva, que incidem diretamente nas re-            atributos, contribuem para um prática profissional
lações sociais, de trabalho e na economia. Tais fato-         de qualidade em consenso com o que o mercado de
res trazem consigo a necessidade de uma profissão             trabalho exige.
que atue nessas relações, as quais são inerentes ao
processo de transformação, sendo o serviço social             AVANÇOS E DIFICULDADES NO (PARA)
seu principal representante.                                  EXERCíCIO DA PROFISSÃO
   Frente a esses acontecimentos, Mota (1998) res-               A seguir, reproduzimos reportagem jornalística,
salta que a requisição do assistente social, antes de         conforme disposição apresentada e divulgada pelo
qualquer coisa, confirma que a expansão do capital            site do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS),
implica o surgimento de novas necessidades sociais,           matéria essa que resume alguns dos grandes avan-
tornando imprescindível sua requisição para desen-            ços da profissão, mas possibilita também visualizar
volver um trabalho na área de assistência, educação,          um dos maiores problemas enfrentados no exercí-
saúde, em empresas, terceiro setor ou outros orga-            cio profissional.
nismos, no atendimento aos mais diferentes seg-
mentos ou grupos.
                                                              MERCADO DE TRABALHO DE SERVIÇO SOCIAL
   Novos mercados de trabalho se colocam à profis-
                                                              ESTá EM CRESCIMENTO
são no setor privado (empresarial) e no âmbito da
                                                                 20 de fevereiro de 2008
sociedade civil (ONGs, instituições filantrópicas).
Ressalte-se que no âmbito empresarial o profissio-               Políticas de assistência social exigem profissio-
nal insere-se nas atividades de gerenciamento nas             nais.
áreas de benefício e assistência social, incorporando,           Salário é o principal problema da carreira.
entretanto, novas funções originárias da lógica do               Simone Harnik Do G1, em São Paulo.
mercado, que visam a preservar o processo produti-               A demanda por profissionais formados em ser-
vo e a reprodução social.                                     viço social é crescente no país, de acordo com o
   Cabe ressaltar que somente a formação básica e             CFESS. A entidade tem registrado, ao todo, cerca de
descomprometida do aluno não permitirá o exer-                74 mil profissionais e, segundo a instituição, a área
cício da profissão com o perfil de profissional cada          de atuação que mais emprega assistentes sociais é a
vez mais requisitado, que é aquele com condições              de saúde.
para propor e negociar com a instituição seus pro-               “A profissão vem crescendo muito, e há uma
jetos, para defender seu campo de trabalho, suas              demanda muito grande por profissionais. Hoje o
qualificações e funções profissionais, conforme Ia-           quadro de desemprego dos assistentes sociais é re-
mamoto (2001): “requer, pois, ir além das rotinas             duzido”, afirma a presidente do CFESS, Ivanete Bos-
institucionais e buscar apreender o movimento da              chetti.
realidade para detectar tendências e possibilidades              Após a saúde, de acordo com Ivanete, a segunda
nela presentes passíveis de serem impulsionadas               área que mais emprega é a de políticas de assistên-
pelo profissional”.                                           cia social. “O Ministério do Desenvolvimento Social
   É importante salientar que só o conhecimento               estabeleceu que todos os municípios devem ter um
inerente ao serviço social não basta para que o assis-        Centro de Referência de Assistência Social. E a pre-
tente social desempenhe sua função a contento, uma            sença do assistente social junto da do psicólogo é
vez que a prática profissional requer a utilização de         obrigatória nesses centros”, explica.

                                                         82
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...

  A professora Raquel Sant’Ana, vice-coordena-                de recursos humanos, em programas de prevenção,
dora do conselho de curso da Faculdade de Serviço             bem como para a realização de visitas domiciliares
Social da Universidade Estadual Paulista (Unesp),             com vistas a procederem ao diagnóstico social e aos
concorda com Ivanete. “Os profissionais só ficam              possíveis encaminhamentos.
desempregados se quiserem mesmo. Emprego sem-                    Nos órgãos públicos as atuações são ainda mais
pre tem, o problema é que os salários são muito bai-          abrangentes, tanto nas esferas municipal, estadual e
xos, geralmente não passam de R$ 2.000”, diz.                 federal. As atribuições variam desde a elaboração de
   “Existe uma desigualdade de salários muito gran-           planos, planejamentos, projetos até ao atendimen-
de pelo Brasil. Alguns municípios, principalmente             to direto ao usuário em hospitais, centros de saúde,
do interior do país, têm salários baixos. Mas já há           clínicas, presídios, unidades educacionais de inter-
alguns estados com valorização razoável”, afirma              nação, abrigos, escolas, em órgãos ligados à constru-
                                                              ção civil, entre outros. O Ministério Público, a De-
Ivanete. “A média salarial de um profissional sem
                                                              fensoria e o Fórum, por meio do Poder Judiciário,
mestrado está em torno de R$. 1.500 e R$ 2.000.
                                                              também são instâncias que têm ampliado o campo
Pode haver salários superiores e outros em torno de
                                                              de atuação do assistente social.
R$ 800, em determinadas áreas”, exemplifica.
                                                                 As organizações não-governamentais (ONGs),
                                                              em sua maioria, também pela necessidade contra-
áreas de atuação
                                                              tam um assistente social, tanto para elaboração e co-
   A quantidade de áreas que demandam a atua-                 ordenação de programas, pesquisas, projetos, como
ção de um assistente social é vasta. Esse profissional        para o atendimento aos usuários dos serviços.
pode inserir-se tanto nos serviços públicos quanto
em empresas particulares.
                                                              ESPAÇOS EMERGENTES NO SERVIÇO SOCIAL
   Em universidades particulares o profissional de
serviço social atua tanto na triagem para a conces-              A atualidade aponta para espaços emergentes no
                                                              serviço social, como:
são de bolsas como na elaboração de programas,
nos projetos de extensão e no atendimento junto                  • Orçamento participativo.
aos familiares dos funcionários.                                 • Os conselhos de políticas e de direitos.
   Ainda discorrendo sobre as universidades, po-                 • Reestruturação produtiva e novas demandas
demos inferir outro campo promissor para o as-                     organizacionais do serviço social.
sistente social, tendo como exemplo a docência                   • Desenvolvimento sustentável e meio ambiente.
tanto nos cursos de graduação em serviço social                  • A filantropia empresarial e entidades da socie-
presencial como nos cursos interativos, os quais                   dade civil.
têm permitido um aumento significativo da em-                    • Os cuidados dirigidos à família e segmentos
pregabilidade deste profissional e na função de co-                vulneráveis.
ordenação, como professores locais ou interativos.               Vale ressaltar que em todas as áreas supramencio-
Vale frisar que a abertura desse campo tem contri-            nadas a abertura de espaço profissional, manuten-
buído para que os referidos profissionais sejam es-           ção e extensão estará condicionada à capacidade de
timulados a galgar novos conhecimentos, uma vez               o assistente social criar, elaborar, propor estratégias
que as universidades têm exigido, minimamente,                necessárias ao aprimoramento dos serviços, capa-
especialização e mestrado somados à experiência               cidade essa que terá de ser construída por meio da
na área no momento de se selecionarem os referi-              leitura, do estudo, da articulação, bem como da par-
dos profissionais.                                            ticipação contínua em discussões, cursos, conselhos
   Empresas de grande porte costumam contratar                e demais instâncias e espaços que permitam a for-
assistentes sociais tendo em vista sua atuação na área        mulação e implementação das políticas públicas.

                                                         83
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

  Para trabalhar                                               mensionamento das funções profissionais diante da
   Quem quiser trabalhar como assistente social                limitação da esfera estatal. Mas se por um lado num
precisa ter registro no conselho profissional da               primeiro momento houve o achatamento e a dimi-
região. A profissão é regulamentada desde 1957 e               nuição da oferta de trabalho, por outro as próprias
apenas o assistente social está habilitado para for-           condições da perda e/ou diminuição de direitos e
necer pareceres socioeconômicos utilizados em                  do aumento da pauperização, desemprego e outras
avaliações.                                                    mazelas estão abrindo “portas”, possibilitando não
   Os conselhos regionais acompanham e fiscalizam              só o exercício e o aumento da demanda de profis-
o exercício profissional. Desse modo, quem não se              sionais, mas também dando subsídios para atuação
inscrever e exercer a atividade pode sofrer sanções            no campo social.
do órgão, que vão da advertência e multa até a perda              Frisando sempre que todo trabalho exige estu-
do diploma.                                                    do, dedicação, oportunidade, luta, conhecimento,
                        Colaborou Fernanda Bassette            discussão e muita experiência, que vai enriquecer a
                  Assessoria de Imprensa do CFESS.             teoria e, mais ainda, propiciar a aquisição de mais
                                                               experiência... E assim vai.
   Nessa matéria há grandes informações sobre
o que o pretendente, o estudante ou até mesmo o
profissional, pode esperar ao cursar o serviço social,
e também instigá-lo a uma das ações que é prerro-                      DEVO LEMBRAR-LHES QUE ESSE
gativa inquestionável dos assistentes sociais, ou seja,               ASSUNTO AINDA NÃO SE ESGOTOU
a disposição para a luta, para a transformação social                   E QUE VAMOS CONTINUAR NA
e para o debate político.                                             PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO
                                                                        VOCÊ ESPERA, QUE TAL LER O
   Outras questões e o reordenamento das funções
                                                                               TEXTO ABAIXO?
do Estado estão “entrando porta adentro” do exer-
cício profissional, impulsionados pelo movimento
de reconstrução das classes subalternas em busca da
construção de um novo projeto societário imposto
pelo quadro de crise do capital.
   Já nos anos 90, algumas mudanças se dão para os              VOCê SABIA QUE
profissionais no setor estatal, campo tradicional de            no dia 13 de março de 2008 comemoraram-se os 15
atuação do assistente social, impostas pela política            anos da homologação do Código de Ética do/da As-
neoliberal, que altera profundamente as responsa-               sistente Social.
bilidades antes inerentes à esfera pública, aliada à
desregulamentação do mercado e de corte de gastos                 Não poderíamos deixar de começar esta aula
públicos.                                                      sem ressaltar a importância da “homologação do
   A redefinição do trabalho profissional no setor             novo Código de Ética do Assistente Social. É um
público encontra-se alicerçada na percepção das                documento marcado por avanços no campo da
contradições das lutas populares pela consolidação             defesa da ética e dos direitos humanos no ser-
dos direitos constitucionais num contexto de re-               viço social e que afirmou e fortaleceu o Projeto
dução de direitos. Constata-se que, na atualidade,             Ético-Político Profissional das/dos assistentes
quanto à perspectiva das reformas do Estado, há                sociais brasileiros/as”. O código vigente era de
um encaminhamento para a destruição dos servi-                 9 de maio de 1986 e já não respondia às discus-
ços públicos existentes, o que significa a redução             sões e posicionamentos nas conjunturas sociais
dos espaços de inserção profissional, além do redi-            brasileiras.

                                                          84
AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho...

   A nova proposta de código foi feita com a ativa         de 1992), com aprovação na 21a edição do Encontro
participação de assistentes sociais de todo o país,        Nacional entre o Conselho Federal e os Conselhos
sendo discutida em vários eventos: I Seminário Na-         Regionais de Serviço Social. O documento foi pu-
cional de Ética (agosto de 1991), VII CBAS (maio de        blicado no Diário Oficial da União e passou a inte-
1992), II Seminário Nacional de Ética (novembro            grar a carteira de identidade profissional.



  *    ANOTAÇõES




                                                      85
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social


                                                                                            AULA

                                                                     ____________________          4
                                                   CONDIÇõES DE TRABALHO E RESPOSTAS
Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em




                                                PROfISSIONAIS. A RELAÇÃO ASSISTENTE SOCIAL
                                                     E USUáRIOS DOS SERVIÇOS SOCIAIS

                                                Conteúdo
                                                • Exigências do processo de acumulação do capital e modernização do Estado
                   Serviço Social




                                                • Condições de trabalho e protagonismo do serviço social. Respostas profissionais às demandas


                                                Competências e habilidades
                                                • Identificar e analisar a relação existente entre o assistente social e os usuários como detentores de
                                                  direitos
                                                • Analisar a relação assistente social e equipe multiprofissional enquanto espaço, modo e técnicas de
                                                  atuação


                                                Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal
                                                • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
                                                • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social


                                                Duração
                                                2h/a – via satélite com o professor interativo
                                                2h/a – presenciais com o professor local
                                                6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




                Nesta aula vamos mais uma vez nos valer do Códi-                                 profissional, a estratégia de intervenção adotada por
             go de Ética Profissional, no intuito de legalizar e dar                             este e o ambiente onde se deu a ação. E dessa forma
             a importância merecida a uma das esferas de atuação                                 vemos cumprido o art. 5°.
             que é o auge do exercício profissional; pelo menos a
             meu ver, que é a relação com os usuários dos serviços.                                Art. 5o – São deveres do assistente social nas
                É nesse momento de interação e integração que o                                  suas relações com os usuários:
             “saber” se transpõe para a prática e se dá o início da                                a) Contribuir para a viabilização da participação
             transformação, obviamente não só do usuário, mas,                                         efetiva da população usuária nas decisões ins-
             numa relação circular, a transformação perpassa o                                         titucionais.

                                                                                          86
AULA 4 — Condições de Trabalho e Respostas Profissionais

  b) Garantir a plena informação e discussão so-            de conflitos, carente de criatividade e de alternati-
     bre as possibilidades e conseqüências das si-          vas factíveis, mas não por isso menos difícil de ser
     tuações apresentadas, respeitando democra-             praticada. É por isso que rotineiramente ouvimos
     ticamente as decisões dos usuários, mesmo              a seguinte frase: o assistente social não pode perder
     que sejam contrárias aos valores e às crenças          duas coisas: a sensibilidade (para analisar todos os
     individuais dos profissionais, resguardados os         ângulos da situação e de como está sendo ou foi
     princípios deste código.                               processada a questão, a história de vida que está por
  c) Democratizar as informações e o acesso aos             trás ou que gerou o fato, não se deixar levar por as-
     programas disponíveis no espaço institucio-            pectos preconceituosos, discriminatórios ou então
     nal, como um dos mecanismos indispensáveis             que subjugue ou desconsidere o outro como sujeito,
     à participação dos usuários.                           bem como tudo mais que achar relevante para enca-
  d) Devolver as informações colhidas nos estudos           minhamento ou solução) e a radicalidade (que não
     e pesquisas aos usuários, no sentido de que es-        o deixará desistir de lutar, de garantir o direito, de
     tes possam usá-los para o fortalecimento dos           cobrar pelo que não foi feito).
     seus interesses.                                         Nesse caso vamos conhecer o que reza o Art. 6º do
  e) Informar à população usuária sobre a utili-            Código de Ética – É vedado ao assistente social:
     zação de materiais de registro audiovisual e             a) Exercer sua autoridade de maneira a limitar
     pesquisas a eles referentes e a forma de siste-             ou cercear o direito do usuário de participar e
     matização dos dados obtidos.                                decidir livremente sobre seus interesses.
  f) Fornecer à população usuária, quando solici-             b) Aproveitar-se de situações decorrentes da re-
     tado, informações concernentes ao trabalho                  lação assistente social-usuário para obter van-
     desenvolvido pelo serviço social e as suas con-             tagens pessoais ou para terceiros.
     clusões, resguardado o sigilo profissional.
                                                              c) Bloquear o acesso dos usuários aos serviços
  g) Contribuir para a criação de mecanismos que
                                                                 oferecidos pelas instituições, mediante atitudes
     venham desburocratizar a relação com os
                                                                 que venham a coagir e/ou a desrespeitar aqueles
     usuários no sentido de agilizar e melhorar os
                                                                 que buscam o atendimento de seus direitos.
     serviços prestados.
  h) Esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho,
     sobre os objetivos e a amplitude de sua atua-          EXIGêNCIAS DO PROCESSO DE ACUMULAÇÃO
     ção profissional.                                      DO CAPITAL E MODERNIZAÇÃO DO ESTADO
                                                               As ações do assistente social se dão intencional-
   Infelizmente, nem sempre o assistente social está        mente em um processo de “troca”, em que o traba-
preparado para esse desvelo e cumprimento. Algu-            lhador venderá sua força de trabalho e, como re-
mas vezes, esse profissional não está em condições          torno, terá ações que “supram” suas necessidades,
ou é inapto para essa prática. Não podemos tam-             evidenciando um ciclo em que o capital legitima
bém desconsiderar que situações recorrentes na              seu caráter cumulativo e, em contrapartida, há um
sua rotina (muita exigência do trabalho, a falta de         ganho do trabalhador revertido pelos programas e
condições físicas e psíquicas para o desenvolvimen-         benefícios.
to das atividades, baixos salários, estresse da vida           Como forma de reduzir os níveis de conflito entre
moderna, entre outros fatores) podem influenciar            capital e trabalho e envolver os trabalhadores com
sua prática e fazê-lo incorrer em tais atitudes. Mas        os propósitos e metas das empresas, as organizações
pode ser também que esse indivíduo perdeu ou                buscam integrar políticas e práticas objetivando o
nunca teve a aptidão necessária para trabalhar em           “abafamento” de tensões e conflitos, gerados por ca-
uma profissão que é eminentemente feita e cercada           rências materiais, sociais e psicológicas.

                                                       87
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

   As mudanças que vêm ocorrendo nas organiza-                  CONDIÇÕES DE TRABALHO E PROTAGONISMO
ções da produção e do processo de trabalho trazem               DO SERVIÇO SOCIAL. RESPOSTAS
transformações para todos os setores da vida, o que             PROFISSIONAIS àS DEMANDAS
não isenta a condição de exploração do capital, mas                No Brasil firma-se como profissão integrada ao
contribui para que o trabalhador ganhe em condi-                setor público frente à ampliação do controle e da
ções de realizar-se no trabalho, já que o trabalho é            ação do Estado junto à sociedade civil. Por meio da
incondicional a sua sobrevivência e faz da interven-            Portaria 35, de 19/04/1949, do Ministério de Traba-
ção do assistente social uma prática negadora da                lho, Indústria e Comércio, o serviço social foi en-
dominação do capital, elevando o trabalho à condi-              quadrado no 14º grupo de profissões liberais. Po-
ção de realização a mais humana possível.                       rém, apesar da regulamentação, não apresenta uma
   Nesse relato nos utilizaremos como exemplo do                tradição de prática peculiar às profissões liberais
serviço social desempenhado na empresa, mas que,                na acepção corrente do termo. Historicamente, ele
com poucas alterações, podem ser extrapolados                   não é um profissional autônomo que exerce inde-
para outras áreas de atuação do assistente social, in-          pendentemente suas funções, porém não exclui os
clusive em órgãos públicos.                                     traços que marcam uma prática liberal que viabili-
   Com o advento e resgate dos valores da Aborda-               ze em seus agentes especializados certa margem de
gem Humanística da Administração, com o uso de                  manobra e de liberdade no exercício de suas fun-
teorias, contextos de liderança, motivação, comuni-             ções institucionais.
cação informal, dinâmicas de grupo, dentre outros,                 Na relação e no contato direto com os usuários,
houve ganhos nas discussões na empresa, rompen-                 abre-se a possibilidade de reorientar a forma de
do com os conceitos clássicos mecanicistas de admi-             intervenção e da interpretação do papel desse pro-
nistração. Hoje se pode observar uma retomada –                 fissional. Com a indefinição do que é e do que faz,
mesmo que indefinida teoricamente –, por meio da                abre-se ao assistente social a possibilidade de apre-
requisição do assistente social junto à empresa, para           sentar propostas de trabalho que ultrapassem a de-
suprir com as carências do trabalhador na oferta de             manda institucional. Porém, dentre as organizações
serviços assistenciais, materiais, trabalhos grupais,           institucionais que mediatizam o exercício profissio-
relações interpessoais, dentre outros, que visam                nal, o Estado ocupa uma posição de destaque por
à qualidade de vida no trabalho, a fim de garantir              ser tradicionalmente um dos maiores empregadores
também a melhoria dos bens e serviços produzidos                desse profissional no Brasil.
pelo trabalhador e ofertados pela empresa.                         De acordo com alguns segmentos, a modernização
   Como afirma Faleiros (2002), a construção do ob-             e o poder institucional demandam redefinições da
jeto do serviço social hoje se faz dentro do contexto           atividade profissional e de parâmetros de eficiência
institucional, no exercício do poder profissional, no           e racionalidade, favorecendo uma renovação perma-
confronto de estratégias de sobrevivência/vivência              nente das bases de legitimidade do serviço social.
com as exigências da reprodução e as formas de per-                Nos marcos de uma profissão com um passado
cepção, representação e manifestação de interesses e            eivado pelo pragmatismo e pelo utilitarismo, repre-
identidades das organizações.                                   senta um avanço significativo no estabelecimento
   Nesse sentido, o serviço social na empresa tem               de bases para o seu repensar crítico, que estabelece
que configurar-se como o processo de reprodução                 parâmetros teoricamente sólidos e fundamentais,
do objeto da profissão, gerenciando os serviços so-             ao recuperar o que há de mais criativo, do ponto
ciais oferecidos pelo seu requisitante, atuando junto           de vista do método e da teoria social crítico-dialé-
às relações sociais, interpessoais e grupais, articulan-        tica, como pano de fundo para o enriquecimento
do novos mecanismos para promover a efetividade                 das interpretações de situações sociais a partir das
das ações assistenciais de que dispõe a empresa, bus-           quais atua o serviço social, assim como das próprias
cando promover a qualidade de vida no trabalho.                 particularidades profissionais.

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AULA 5 — As Demandas e a Intervenção Profissional no Âmbito das Relações entre o Estado e a Sociedade


                                              AULA

                        ____________________       5




                                                                                                                  Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em
          AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO
      PROfISSIONAL NO ÂMBITO DAS RELAÇõES
         ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE




                                                                                                                                     Serviço Social
 Conteúdo
  • Avanços sociais, comando único nas políticas públicas e protagonismo profissional
  • Formas de inserção e espaços emergentes do serviço social

 Competências e habilidades
  • Compreender a atuação e importância do assistente social na discussão e exercício nas (das) políticas
    públicas
  • Caracterizar e qualificar a prática profissional

 Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal
  • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática
  • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social

 Duração
  2h/a – via satélite com o professor interativo
  2h/a – presenciais com o professor local
  6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO                                   sociais que têm no Estado uma expressão condensa-
PROFISSIONAL NO âMBITO DAS RELAÇÕES                           da da trama do poder vigente na sociedade.
ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE
                                                                   É uma dinâmica complexa a produção da sociedade
   O contexto da ação profissional supõe indaga-
                                                                   que constrói o serviço social, dependendo também da
ções teóricas que norteiam a prática profissional,
                                                                   articulação de seus conhecimentos, da reflexão sobre
definindo suas particularidades nas respostas que                  o seu fazer profissional, aprofundando o processo dia-
fornecem às demandas instituídas.                                  lético das mediações que realiza para fortalecer os do-
   As relações sociais envolvem poder, sendo rela-                 minados e oprimidos nas suas mais diversas relações.
ções de luta e confronto entre classes e segmentos                 (FALEIROS, 2008).

                                                         89
Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social

   O mesmo autor faz uma referência ao conceito                 sessorias, consultorias, pesquisas, empresas e outros.
de fortalecimento ou empowerment como objeto                    O mercado de trabalho na área social foi alterado e
construído de intervenção profissional e ressalta,              acrescido como produto da lógica neoliberal de re-
que desde a publicação de Metodologia e ideologia               dução das políticas sociais que acarretou a diminui-
do trabalho social, principalmente em Saber profis-             ção dos serviços públicos, mas contraditoriamente
sional e poder institucional, pensa ser o serviço so-           produziu uma miséria que reclama a organização de
cial uma relação de poder e é nessa relação de poder            serviços sociais para o amortecimento das tensões
que se produz a particularidade do serviço social no            e conflitos. Nessa perspectiva, o campo de atuação
contexto de relação de forças.                                  admite amplo espectro coberto pelo serviço social.
  Não percamos de vista que as mudanças na socie-
                                                                     “Se afirmássemos que a instituição serviço social é pro-
dade impelem ao desenvolvimento de novas teorias,                    duto da realidade social mais abrangente, expressaría-
que por sua vez embasa a prática e será de funda-                    mos apenas um ângulo da questão, pois a profissão se
mental importância para a construção histórica e o                   afirma como instituição peculiar na e a partir da di-
desenvolvimento social.                                              visão do trabalho social, respondendo às necessidades
   A produção/reprodução das relações sociais                        sociais derivadas da prática histórica das classes sociais
abrange, também, “formas de pensar, isto é, formas                   na produção e reprodução dos meios de vida e de tra-
de consciência, por meio das quais se apreende a                     balho de forma socialmente determinada.” (MARIL-
vida social.                                                         DA IAMAMOTO; RAUL DE CARVALHO, 2008).

     A desconstrução/construção do objeto de serviço so-        Avanços sociais, comando único nas
     cial passa por uma discussão das relações de saber         políticas públicas e protagonismo profissional.
     e poder, aprofundando o olhar crítico e de conflito        Formas de inserção e espaços emergentes do
     que advém dos questionamentos dos anos 60/70,              serviço social
     da vinculação aos movimentos sociais dos anos 80,
                                                                   Um dos grandes avanços ocorridos nos últimos
     sem cair no dogmatismo ou relativismo. (FALEI-
                                                                anos nos debates e produções sobre a questão ética
     ROS, 2008)
                                                                e profissional foi materializado no Código de Éti-
   Nos dias de hoje, é um grande equívoco achar                 ca Profissional de 1993. A revisão do texto de 1986
que o assistente social deve se motivar somente                 processou-se em dois níveis, reafirmando os seus
com o rompimento da prática que condiciona a                    valores fundantes – na liberdade e na justiça social
lógica da benesse no enfrentamento dos proble-                  –, articulada a partir da exigência democrática: a
mas sociais ou executam programas somente para                  democracia é tomada como valor ético-político
quem “deles precisam” sem fornecer a essas pesso-               central, na medida em que é o único padrão de or-
as os instrumentos de que precisam para construir               ganização político-social capaz de assegurar a expli-
sua própria cidadania, garantir e ampliar seus di-              citação dos valores essenciais da liberdade e da eqüi-
reitos individuais.                                             dade. É ela, ademais, que favorece a ultrapassagem
   Dentre as diversas profissões, os assistentes so-            das limitações reais que a ordem burguesa impõe ao
ciais são os que têm uma formação das mais amplas               desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos
que lhes permite trabalhar nas mais diversas áreas.             e garantias individuais e sociais e das tendências à
Nas instituições públicas e privadas, com as políti-            autonomia e à autogestão social. Em segundo lugar,
cas sociais, de maneira geral, em saúde, habitação,             cuidou-se de precisar a normatização do exercício
educação, desde o nível do planejamento, passando               profissional de modo a permitir que aqueles valores
pelo administrativo, até a execução, na ponta.                  sejam retraduzidos no relacionamento entre assis-
   Também encontra trabalho em organizações                     tentes sociais, instituições/organizações e popula-
não-governamentais, no sistema judiciário, em as-               ção, preservando-se os direitos e deveres profissio-

                                                           90
AULA 5 — As Demandas e a Intervenção Profissional no Âmbito das Relações entre o Estado e a Sociedade

nais, a qualidade dos serviços e a responsabilidade               A constituição e a institucionalização do serviço
diante do usuário. (CEFSS).                                    social como profissão na sociedade dependem de
    Os espaços de trabalho da categoria conquis-               uma progressiva ação do Estado na regulação da vida
tado à custa de muitas lutas possibilitam que os               social, quando passa a administrar e gerir o conflito
assistentes sociais sejam capazes de formular e exe-           de classes, o que pressupõe, na sociedade brasileira,
cutar políticas sociais em órgãos da administração             a relação capital/trabalho constituída por meio do
pública, empresas e organizações da sociedade ci-              processo de industrialização e urbanização.
vil, além de realizar pesquisas que auxiliem a ide-
alização e implementação dessas políticas. Os pro-
fissionais podem também elaborar, acompanhar,
executar e avaliar projetos na área social, prestar                    O SERVIÇO SOCIAL SE REPRODUZ
assessoria e consultoria, realizar estudos, inclusi-                 COMO UM TRABALHO ESPECIALIZADO
ve de análises de conjuntura, para identificar de-                         NA SOCIEDADE POR SER
mandas e necessidades sociais, além de realizar vi-                      SOCIALMENTE NECESSÁRIO.
sitas, perícias técnicas e emitir laudos e pareceres.
O assistente social deve também estar preparado
para exercer funções de direção em organizações
públicas e privadas na área de serviço social, fazer
visitas a campos de estágio e instituições, e com
                                                                         É IMPORTANTE SABER MAIS.
igual competência se preparar para assumir o ma-
                                                                       SUGERIMOS, ENTÃO, A BUSCA EM
gistério e a formação de outros assistentes sociais
                                                                      OUTRAS FONTES E A RELEITURA DA
e, principalmente, orientar a população na iden-
                                                                      AULA 9, P. 175, LIVRO 3 – DIMENSÕES
tificação de recursos para defesa de seus direitos e
                                                                        DO TRABALHO DO ASSISTENTE
exercício de cidadania.                                                SOCIAL NAS POLÍTICAS SOCIAIS.
    Entre as determinações do serviço social chama-
nos a atenção a característica de ser uma profissão
que não emerge com a função social precípua de
produzir conhecimentos, construindo um campo
“próprio” de saber. Não partilhando do concerto
das ciências, a profissão não constituiu uma “teoria
própria”; dispõe, isso sim, de uma história e da capa-
                                                                 *     ANOTAÇõES

cidade de se inteirar de outros campos do saber, como
administração, ciências sociais, história, psicologia,
antropologia, filosofia e outras ciências..
    Mas é com as políticas públicas que o assistente
social assegura à população o exercício de direito
de cidadania: educação, saúde, trabalho, assistência
social, previdência social, Justiça, agricultura, sane-
amento, habitação popular e meio ambiente, conse-
guidas por meio de muitas lutas e embates, sempre
com vistas ao comando único, a descentralização
político-administrativa e a respectiva previsão de
recursos para o financiamento e a conseqüente exe-
cução.

                                                          91
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  • 1. Educação sem fronteiras SERVIÇO SOCIAL Autores Edilene Maria de Oliveira Araújo Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho Maria Aparecida da Silva Maria Roney de Queiroz Leandro 5 www.interativa.uniderp.br www.unianhanguera.edu.br Anhanguera Publicações Valinhos/SP, 2009 00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1 1/5/09 3:52:57 PM
  • 2. © 2009 Anhanguera Publicações Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, Anhanguera Educacional resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Impresso no Brasil 2009 S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5). ISBN: 978-85-62280-06 1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social – Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série. ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. CDD: 360 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS Presidente Prof. Antonio Carbonari Netto Diretor Acadêmico Prof. José Luis Poli Diretor Administrativo Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior CAMPUS I Reitor ANHANGUERA PUBLICAÇÕES Prof. Guilherme Marback Neto Vice-Reitor Diretor Profa. Heloísa Gianotti Pereira Prof. Diógenes da Silva Júnior Pró-Reitores Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior Gerente Acadêmico Pró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho Prof. Adauto Damásio Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato Gerente Administrativo Prof. Cássio Alvarenga Netto PROJETO DOS CURSOS Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli UNIDERP INTERATIVA Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira Diretor Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Prof. Ednilson Aparecido Guioti Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina Caldeira Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Coodernação Profa. Ana Lucia Américo Antonio Prof. Wilson Buzinaro Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli / Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate / Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora) Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias 00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2 1/5/09 3:52:57 PM
  • 3. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Nossa Missão, Nossos Valores ____________________ A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino- vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho. A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis- tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da Anhanguera. Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es- tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos espalhados por todo o Brasil. Boa aprendizagem e bons estudos! Prof. Antonio Carbonari Netto Presidente — Anhanguera Educacional iii
  • 4. Apresentação ____________________ A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos, arrojados, pluralistas, democráticos. Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par- ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social. Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni- dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a Distância. Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída. O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe- recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex- terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras. Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro- Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade de sua aprendizagem. É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos, preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade. Prof. Guilherme Marback Neto
  • 5. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Autores ____________________ EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986 Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003 Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002 ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObRE Graduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992 Especialização em Políticas Sociais – Universidade do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003 Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007 HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHO Graduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982 Graduação: Psicologia/Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992 Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004 Especialização: Gestão Judiciária Estratégica Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007 Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006 MARIA APARECIDA DA SILVA Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984 Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985 Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998 MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDRO Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987 Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993 v
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  • 7. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Sumário ____________________ MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social ......................................... 3 AULA 2 Projetos sociais: solucionando problemas .......................................................................... 10 UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea ................................................. 19 AULA 2 Divisão social do trabalho ................................................................................................... 24 AULA 3 Produção social e valor ........................................................................................................ 29 AULA 4 Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................ 37 AULA 5 Processos de trabalho e produção da riqueza social ........................................................... 43 AULA 6 O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ...................................................................... 48 AULA 7 Trabalho produtivo e improdutivo ...................................................................................... 52 AULA 8 A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho .................................................... 59 AULA 9 Trabalho e sociedade em rede .............................................................................................. 65 UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho em serviço social ................................................................................................................... 75 AULA 2 Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................ 78 AULA 3 O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as perspectivas e competências profissionais........................................................................... 81 vii
  • 8. AULA 4 Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários dos serviços sociais ............................................................................................................... 86 AULA 5 As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a sociedade ............................................................................................................................... 89 AULA 6 A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92 AULA 7 Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95 AULA 8 Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99 AULA 9 Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de respostas as demandas do trabalho...................................................................................... 103 SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 108 MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor ......................................... 111 AULA 2 Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ........................................................... 114 AULA 3 Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor ..................................... 118 AULA 4 Organizações de interesse público e legislações pertinentes .............................................. 122 AULA 5 As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais ................................. 127 AULA 6 Responsabilidade social e suas dimensões........................................................................... 131 AULA 7 Voluntariado ......................................................................................................................... 135 AULA 8 O voluntariado no terceiro setor.......................................................................................... 140 AULA 9 Financiamento do terceiro setor .......................................................................................... 144
  • 9. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA AULA 1 Contexto da cidadania .......................................................................................................... 153 AULA 2 Participação e controle social: instâncias de cidadania....................................................... 159 AULA 3 Conselhos de políticas públicas: assistência social .............................................................. 169 AULA 4 Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................ 174 AULA 5 Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência ............................. 179 AULA 6 Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA)................................. 187 AULA 7 Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................ 192 AULA 8 Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ................................................... 199 AULA 9 Atuação do profissional na efetivação do controle social ................................................... 207 SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 215 ix
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  • 11. AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho... Módulo PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho 73
  • 12. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social Apresentação Caro acadêmico! Você irá começar agora mais um período de aprendizado e muitas descobertas, pois estamos iniciando novo período de aula com a Unidade Didática: ESTRATÉGIAS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL. Nessa unidade trataremos a respeito da inserção do assistente social nos processos do trabalho – as estratégias de trabalho em serviço social – demandas tradicionais e demandas atuais – redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, perspectivas e competências profissionais – condições de trabalho e respostas profissionais – a relação assistente social e usuários dos serviços sociais – demandas e a interven- ção profissional no âmbito das relações entre o Estado e a sociedade – a dimensão ética e política da prática profissional e o serviço social como instrumento de cidadania e garantia de direitos – estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizado no desempenho do trabalho profissional – instrumentos, metodo- logias e técnicas utilizadas pelo serviço social na busca de respostas às demandas do trabalho. Contudo, para que o aprendizado se concretize é preciso muita dedicação e disponibilidade de cada um, principalmente de vocês, alunos; a nós cabe auxiliá-los nessa trajetória, dando as concepções teóricas, meto- dológicas e instrumentais para que vocês possam aprofundar as informações recebidas e consigam por meio do estudo e pesquisas atuar dentro da ética e do compromisso profissional. Ao escolher a profissão de assistente social, supomos que o aluno esteja pronto a desvendar caminhos na maioria das vezes bem pedregosos, mas que possa também visualizar alternativas que aos olhos comuns não é possível, pois essa é uma profissão única, que está em constante processo de mudança, que se refaz e age de acordo com o movimento das sociedades, dos seus povos e de tudo que se relaciona com as questões sociais. O desafio é grande, principalmente nesse contexto de globalização mundial, da hegemonia do capital financeiro, da redução na demanda e da flexibilização do trabalho, da pauperização crescente, da exclusão e agravamento das múltiplas expressões da questão social, base histórica da intervenção profissional. Não queremos de maneira alguma desestimulá-los, pelo contrário, queremos parabenizá-los por terem escolhido essa profissão e por vocês se sentirem preparados para segui-la, cumprindo com alguns requisitos que são essenciais e imprescindíveis para um exercício profissional consciente e ético (Projeto ético-político), e que a atuação profissional de vocês deixe explícitos os compromissos da categoria. Sejam bem-vindos! Professora especialista Maria Roney de Queiroz Leandro 74
  • 13. AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho... AULA ____________________ 1 Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL Serviço Social Conteúdo • Introdução ao tema Estratégias de Trabalho em Serviço Social – Considerações gerais • A questão social e a inserção do assistente social nos processos de trabalho Competências e habilidades • Compreender que a inserção do assistente social no processo de trabalho faz parte de um contexto e varia de acordo com o momento histórico/político • Discutir sobre as mudanças do mercado de trabalho e o projeto ético-político do serviço social Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social Duração 2h/a – via satélite com o professor interativo 2h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CONSIDERAÇÕES GERAIS PROCESSOS DO TRABALHO E AS ESTRATÉGIAS A sociedade contemporânea vem há tempos so- DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL frendo profundas mudanças, trazendo repercussões nas relações de trabalho e de produção. Na era da EXERCÍCIO DO SERVIÇO SOCIAL SEM SER globalização da economia e das inovações tecnoló- DISCRIMINADO, nem discriminar, por questões gicas, a flexibilização dos processos de trabalho, as de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física novas modalidades de produção admitidas e a ges- (Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro- tão e consumo da força de trabalho são situações fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética e que se vêm fazendo presentes, e de maneira bem direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a edição. ostensiva, no dia-a-dia da sociedade. Nesse cenário, p. 17). o serviço social se mostra mais uma vez redefinindo 75
  • 14. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social seu “fazer” por meio de parâmetros teóricos, meto- cas assumidas pelo serviço social na leitura da socie- dológicos, éticos e políticos. dade e na construção de respostas à questão social. A questão social é indissociável da sociabilidade “O que importa é entender a profissão hoje como capitalista e, particularmente, das configurações as- mais um tipo de trabalho na sociedade. Desde os sumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão anos 80, vem-se afirmando que o serviço social é uma especialização do trabalho, uma profissão particular monopolista do capital. A gênese da questão social inscrita na divisão social e técnica do trabalho coleti- na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo vo da sociedade¹.” da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das con- Tanto a divisão do trabalho na sociedade quanto dições necessárias à sua realização, assim como de a divisão técnica do trabalho no interior das estru- seus frutos. É inseparável da emergência do “traba- turas produtivas se mostram com novas formas de lhador livre”, que depende da venda de sua força de organização e de gestão de trabalho. trabalho como meio de satisfação de suas necessida- A reestruturação produtiva, tanto nas organiza- des vitais (IAMAMOTO, 2007). ções públicas como nas privadas, vem impondo a A mesma autora reitera que a questão social ex- todos os trabalhadores, incluindo também a cate- pressa, portanto, uma arena de lutas políticas e cul- goria de assistentes sociais, mudanças que trazem turais na disputa dos projetos societários, informa- repercussões nas suas relações sociais, interferin- dos por distintos interesses de classe na condução do diretamente nas vidas dos indivíduos com suas das políticas econômicas e sociais, que trazem o selo famílias, amigos, e principalmente nas relações do das particularidades históricas nacionais, podendo trabalho, impondo situações das mais conflitantes1, ser traduzidas pelas desigualdades econômicas, po- como: a precarização das relações de trabalho, ame- líticas e culturais das classes sociais, mediatizadas aça de desemprego, exigências de polivalência, mul- por disparidades nas relações de gênero, caracterís- tifuncionalidade, necessidade no desenvolvimento ticas étnico-raciais e formações regionais, colocan- de novas habilidades, entre outras. do em causa amplos segmentos da sociedade civil Dessa forma, para se compreender o serviço so- no acesso aos bens da civilização. cial, seus fundamentos históricos, teóricos e meto- Quando o assistente social é provocado para in- dológicos devem partir da premissa de que essa é tervir na realidade ele busca respostas aos questio- uma profissão determinada pela sociedade brasilei- namentos surgidos no exercício da profissão, valen- ra, que se desenvolveu por forças societárias, como do-se do próprio saber e de experiências acumula- uma especialização do trabalho. Mas, de outra for- das por meio de elaborações intelectuais e com as ma, a profissão é também e principalmente o fru- sistematizações da prática que foram reunidas ao to de muitas lutas e aprendizados por diferentes longo do tempo. Também se utiliza de técnicas e grupos e sujeitos que a constroem e a vivenciam. métodos que dão subsídios a sua intervenção; nesse Sujeitos que com a “prática” acumulam saberes, momento, segundo Faleiros (2008), o foco da inter- sistematizam essas informações em aprendizados venção social se constrói no processo de articula- e “devolvem”, contribuindo para a criação de uma ção do poder dos usuários e sujeitos da ação pro- cultura profissional. Logo, analisar a profissão su- fissional no enfrentamento das questões relacionais põe abordar, simultaneamente, todas as formas de complexas do dia, pois envolvem a construção de pensar e atuar que foram ao longo do tempo sendo estratégias para dispor de recursos, poder, agilida- incorporadas, atribuindo visibilidade às bases teóri- de, acesso, organização, informação, comunicação. O profissional de serviço social define seu trabalho 1 A inflexão nessa perspectiva foi dada por IANAMOTO, M.V. e CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo, a partir de estratégias de ação, utilizadas por meio Cortez/Celats, 1982. de instrumentos e técnicas de intervenção. 76
  • 15. AULA 1 — A Inserção do Assistente Social nos Processos do Trabalho... Para Faleiros é inegável a produção do conheci- O objeto do serviço social, nesse sentido, está mento no serviço social. Insiste no processo dialéti- intimamente vinculado a uma visão de homem e co de desconstrução/reconstrução do objeto da pro- mundo, fundamentado numa perspectiva teórica fissão como método crítico e histórico que possibi- de que, no modo capitalista de produção, impli- lita desenvolver estratégias relacionais e situacionais ca uma opção política – a teoria norteadora da da ação. Acredita também que a estratégia prática ação, a ação que reconstrói a teoria, demonstra da ação profissional só é possível construir com a de que lado está o serviço social. E, desde o mo- teorização da intervenção profissional, a partir da vimento de reconceituação, o serviço social tem procura do conhecimento do serviço social. construído uma ação voltada para a maioria da Dessa forma, o assistente social é sem dúvida um população. trabalhador especializado, que vende a sua capaci- dade de trabalho demandando uma força qualifica- da e de um “agir” que tem caráter científico, já que se baseia em teorias, diagnósticos, fundamentação VEJA BEM... teórico-científica. Esse processo de compra e venda ESTE ASSUNTO NÃO SE ESGOTA AQUI, da força de trabalho especializada em troca de um PELO CONTRÁRIO, ESSE É SÓ O INÍCIO salário faz com que o serviço social ingresse nesse E DEVE SERVIR PARA VOCÊ PROCURAR universo como mediador entre o capital e o traba- SUAS PRÓPRIAS ESTRATÉGIAS DE lho, mas que também se insere e vivencia as dificul- CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DO dades advindas do modelo capitalista vigente, por INSTRUMENTAL PARA vender sua própria força de trabalho. O SEU “AGIR”. O serviço social é uma profissão consolidada, le- gitimada socialmente, o que significa que tem uma função social. As profissões são criadas para respon- der às necessidades dos homens. O desenvolvimento Por tudo abordado, concluiremos essa exposição das forças produtivas envolve as necessidades de no- valendo-nos de Faleiros quando ele explica que o vas profissões, assim como considera outras desne- processo do trabalho se dá por meio de mediações cessárias. Mas, mesmo respondendo a uma necessi- complexas na dinâmica das relações particulares e dade social, ele pode ser corroborado pelo número de gerais dos processos de fragilização social para inter- assistentes sociais inseridos no mercado de trabalho, vir nas relações de força, nos recursos e nos poderes pelo fato de que eles, efetivamente, trabalham desen- institucionais, visando a fortalecer o poder dos mais volvendo ações que têm um produto, produto social frágeis, dos oprimidos, dos explorados, pelo resgate com dimensões econômicas e políticas; ainda assim, da sua cidadania, da sua autonomia, da sua auto- o serviço social mantém, historicamente, o dilema da estima, das condições singulares da sobrevivência especificidade profissional, especificidade essa que individual e coletiva, de sua participação e organi- é dada pelo objeto profissional. Em termos bastan- zação e que, para se ter sucesso nessa empreitada, o te simples, a questão é: para que trabalha o serviço profissional há de usar os instrumentos e técnicas social? A resposta a essa questão responde, também, mais acertadas à situação, ou seja, pôr em prática as com qual objetivo trabalha o serviço social. estratégias de trabalho em serviço social. CONTINUA NA PRÓXIMA AULA 77
  • 16. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social AULA ____________________ 2 Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: DEMANDAS TRADICIONAIS E DEMANDAS ATUAIS Conteúdo • Renovação e conservadorismo Serviço Social • Contextualização e mudanças no mercado de trabalho do assistente social • Demandas, trabalho e desafio profissional Competências e habilidades • Reconhecer as influências conjunturais na prática profissional e as mudanças necessárias para seu exercício • Debater o aprofundamento e o desdobramento dos campos de trabalho do serviço social Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social Duração 2h/a – via satélite com o professor interativo 2h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo “GARANTIA DO PLURALISMO, através do são a atuação do assistente social como mediador respeito às correntes profissionais democráticas nas relações sociais do trabalho, mas que, no proces- existentes e suas expressões teóricas, e compromis- so de institucionalização, o serviço social, enquanto so com o constante aprimoramento intelectual” profissão, desvenda sua inserção na sociedade, apre- (Princípios Fundamentais do Código de Ética Pro- endendo o significado social da prática profissional fissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente Social: Ética que a insere no conjunto das condições e relações e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. 3a ed. sociais que lhe atribuem um sentido histórico e nas p.17). quais se torna possível e necessário seu exercício; e Conforme visto na Aula 1, “A inserção do assis- que as estratégias se constroem no campo das possi- tente social nos processos do trabalho e estratégias bilidades, favorecendo, assim, o processo e o projeto de trabalho em serviço social” trazia para a discus- de vida do sujeito. 78
  • 17. AULA 2 — Trabalho e Serviço Social: Demandas Tradicionais e Demandas Atuais Esse foi um breve resgate do capítulo anterior, mudanças globais e as mudanças particulares. Ao se porém é também o início e o impulsionador das inserir num projeto ético-político engajado num pro- aulas seguintes. jeto nacional e popular, ele sofrerá os avanços e recuos Nesta aula retomaremos alguns temas certamen- diante dos movimentos sociais e do papel do Estado. te já vistos por vocês em outras oportunidades, mas são de extrema importância para o entendimento. CONTEXTUALIZAÇÃO E MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL RENOVAÇÃO E CONSERVADORISMO O agravamento da “questão social” diante da Não dá para descrever o serviço social, hoje, sem considerar o processo histórico e de profissionaliza- consolidação e da crise do capitalismo no mundo, ção, que segundo Iamamoto está “configurado em do processo de reestruturação produtiva, assumiu mecanismo de distribuição de caridade privada das na atualidade diferentes contornos, trazendo novos classes dominantes para se transformar em uma das desafios para a profissão. O acirramento das desi- engrenagens de execução das políticas sociais do Es- gualdades sociais, a exclusão social, o empobreci- tado e setores empresariais...” mento das populações, a inflação, o desemprego, a violência, a crise na proteção social, o déficit or- A necessidade de se impor enquanto profissão çamentário, a dívida externa, a crise financeira, o foi consubstanciada nas mudanças ocorridas nos afastamento do Estado frente às demandas sociais, cenários político, econômico e cultural, levando o enfim, todos esses fenômenos constituem-se como serviço social para outro foco de atuação, ou seja, inúmeros desafios para as diferentes profissões, em para a prestação de serviços sociais implementados especial para o serviço social. principalmente pelo Estado. Cabe salientar que a noção de Estado é bastante contraditória à medida Esse contexto de crise estrutural, caracterizado que agrega as classes burguesas, que não são homo- pelo aprofundamento da miséria e pelo colapso das gêneas, e o interesse dos trabalhadores, quer sejam políticas públicas, ecoa sistematicamente e traz sig- pela luta de classes, quer pelas necessidades do pro- nificantes transformações nos processos interventi- cesso de acumulação pelas classes dominadas. vos do assistente social e na formação profissional, exigindo mudanças reais. Dessa forma, como qual- Outros segmentos, talvez ainda minoritários no quer profissão inscrita na divisão social e técnica do conjunto de categorias, buscam reorientar o po- trabalho, o serviço social tem também sua utilidade tencial dessa prática na perspectiva das classes so- ciais subalternas, dos seus reais interesses sociais, o social e deve ser capaz de responder às necessidades que obriga o profissional a repensar o seu fazer de sociais. maneira antagônica sobre a definição oficial. É aí “As considerações que, hoje, se podem fazer sobre o que se expressa para o profissional um dilema de serviço social situam-se dentro dos limites do pró- grande dimensão, que não é apenas um dilema pro- prio capitalismo e das mudanças que se vêm im- fissional, mas essencialmente político. Ora, os pro- pondo nessa fase de desenvolvimento de nova for- fissionais são constituídos para que sejam agentes ma de acumulação, assentada no capital financeiro, mediadores do capital, que, em última instância, é na globalização, na revolução trabalho/emprego, a força que dispõe do poder de produzir e legitimar nos seguros sociais, na universalização das políti- tais serviços, de aprovar os estatutos profissionais, cas sociais e no modelo organizacional de gestão de de remunerar imediatamente os agentes. É a força serviços sociais, que inclui a privatização e a tercei- constituída que os remunera e determina sua par- rização” (FALEIROS, 1996). cela de poder, define e redefine sua prática, já que é Na verdade, o que está sendo colocado como desa- a classe capitalista que tem dominância política na fio para o serviço social vincula-se na tensão entre as correlação de forças sociais. 79
  • 18. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social Essa é, estruturalmente, a situação dos diver- na consciência de seus agentes, da temporalidade sos profissionais na sociedade capitalista. Só que o dessas práticas, da necessidade de redefinições.”2 assistente social tenta, pela luta, a identidade pro- De acordo com alguns segmentos, a moderniza- fissional, conferindo outra dimensão social à sua ção e o poder institucional demandam redefinições prática. Ele supõe um dilema de definição que não da atividade profissional, e de parâmetros de efici- está posto diretamente para quem os contrata, mas ência e racionalidade, favorecendo uma renovação para a categoria profissional: a questão política de permanente das bases de legitimidade do serviço definição dessa prática, que subordina, embora não social. elimine a questão propriamente técnico-profissio- Para Iamamoto, “quando o profissional vivencia a nal. Embora incorporando a necessidade de con- “crise” profissional sem questionar as bases políticas duzir a prática profissional de maneira eficiente e de legitimação de seu fazer, tal “crise” se resolve no competente, não é suficiente modernizar o aparato aprimoramento teórico-profissional em função das profissional para resolver um problema que não é exigências do processo de acumulação e de moder- meramente profissional. nização do Estado. Implica, necessariamente, efetuar mudanças teórico-práticas no serviço social, porém DEMANDAS, TRABALHO E DESAFIO acopladas à evolução das estratégias do bloco de po- PROFISSIONAL der no controle da sociedade civil e, em especial, das Não podemos desconsiderar que essa abordagem classes trabalhadoras, renovando os laços de aliança apresenta de imediato as implicações políticas da entre os agentes profissionais e o propósito de classe prática profissional, convergida por interesses de corporificado nas organizações institucionais a que classe, por determinações históricas da prática pro- os assistentes sociais encontram-se vinculados”. fissional e como atividade socialmente determinada A mesma autora acrescenta que, “diante des- pelas circunstâncias sociais objetivas e o desejo ex- te quadro, as respostas da categoria não têm sido presso na consciência, ou seja, há um descompasso unívocas, porque a categoria não é homogênea: ela entre o discurso e o exercício profissional, muitas reflete em si mesma as polarizações presentes na so- vezes fazendo parecer uma crise. ciedade”. O elemento unificador dessa análise é a proble- matização da legitimidade e dos momentos de “cri- se da profissão”, embasados em suas raízes sociais e É IMPORTANTE TAMBÉM BUSCAR OS teóricas. TEXTOS QUE JÁ FORAM TRABALHADOS SOBRE ESTE E OS OUTROS TEMAS. “Trata-se, portanto, de um esforço de compreender a prática profissional na sua dimensão histórica, como uma prática em processo, em constante reno- vação, fato este derivado, fundamentalmente, das modificações verificadas nas formas de expressão e no aprofundamento das contradições que peculia- rizam o desenvolvimento de nossas sociedades. À LEMBREM-SE: CONTINUAMOS NA medida que novas situações históricas se apresen- PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO ISSO, tam, a prática profissional – enquanto componen- NÃO CUSTA LER UM POUCO tes destas – é obrigada a se redefinir. As constan- MAIS SOBRE O TEMA. tes redefinições conformam mais uma “passagem de prática” do que uma prática cristalizada, o que muitas vezes é visto pela categoria como “crise pro- 2 Iamamoto, Marilda Vilela, Renovação e Conservadorismo no Serviço fissional”. Esta “crise” não é mais do que a expressão, Social – Ensaios Críticos, p. 89 – 8a ed., São Paulo: Cortez, 2007. 80
  • 19. AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho... AULA Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em Serviço Social ____________________ 3 O REDIMENSIONAMENTO DA PROfISSÃO: O MERCADO, AS CONDIÇõES DE TRABALHO, AS PERSPECTIVAS E COMPETêNCIAS PROfISSIONAIS Conteúdo • Formação acadêmica e o reconhecimento enquanto categoria profissional • Avanços e dificuldades no (para) exercício da profissão Competências e habilidades • Observar e analisar as mudanças ocorridas na sociedade e na categoria, principalmente após o rom- pimento histórico com o conservadorismo e o avanço da profissão com a regulamentação da Lei 8.662, de 7 de junho de 1993 • Compreender o funcionamento das regras da sociedade capitalista • Discutir a respeito dos impactos gerados pelo modelo capitalista no mercado de trabalho e no exer- cício da profissão Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social Duração 2h/a – via satélite com o professor interativo 2h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo “COMPROMISSO COM A QUALIDADE DOS FORMAÇÃO ACADêMICA E O RECONHECIMENTO SERVIÇOS PRESTADOS à população e com o apri- ENqUANTO CATEGORIA PROFISSIONAL moramento intelectual, na perspectiva da competên- O assistente social vem gradativamente am- cia profissional” (Princípios Fundamentais do Código pliando seu espaço de atuação, rompendo com o de Ética Profissional. CRESS 7a R-RJ. Assistente So- estigma de profissão vinculada aos serviços públi- cial: Ética e direitos. Coletânea de Leis e Resoluções. cos e abrangendo cada vez mais seu exercício pro- 3a ed. p. 17). fissional. 81
  • 20. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social Essa expansão do mercado de trabalho para o metodologia e instrumentos que agregam outros serviço social encontra resposta nas constantes saberes, como por exemplo o domínio básico da in- transformações que vem sofrendo a sociedade com formática, os quais, associados a uma escrita e ver- os avanços tecnológicos, a globalização e a reestru- balização correta da língua portuguesa, entre outros turação produtiva, que incidem diretamente nas re- atributos, contribuem para um prática profissional lações sociais, de trabalho e na economia. Tais fato- de qualidade em consenso com o que o mercado de res trazem consigo a necessidade de uma profissão trabalho exige. que atue nessas relações, as quais são inerentes ao processo de transformação, sendo o serviço social AVANÇOS E DIFICULDADES NO (PARA) seu principal representante. EXERCíCIO DA PROFISSÃO Frente a esses acontecimentos, Mota (1998) res- A seguir, reproduzimos reportagem jornalística, salta que a requisição do assistente social, antes de conforme disposição apresentada e divulgada pelo qualquer coisa, confirma que a expansão do capital site do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), implica o surgimento de novas necessidades sociais, matéria essa que resume alguns dos grandes avan- tornando imprescindível sua requisição para desen- ços da profissão, mas possibilita também visualizar volver um trabalho na área de assistência, educação, um dos maiores problemas enfrentados no exercí- saúde, em empresas, terceiro setor ou outros orga- cio profissional. nismos, no atendimento aos mais diferentes seg- mentos ou grupos. MERCADO DE TRABALHO DE SERVIÇO SOCIAL Novos mercados de trabalho se colocam à profis- ESTá EM CRESCIMENTO são no setor privado (empresarial) e no âmbito da 20 de fevereiro de 2008 sociedade civil (ONGs, instituições filantrópicas). Ressalte-se que no âmbito empresarial o profissio- Políticas de assistência social exigem profissio- nal insere-se nas atividades de gerenciamento nas nais. áreas de benefício e assistência social, incorporando, Salário é o principal problema da carreira. entretanto, novas funções originárias da lógica do Simone Harnik Do G1, em São Paulo. mercado, que visam a preservar o processo produti- A demanda por profissionais formados em ser- vo e a reprodução social. viço social é crescente no país, de acordo com o Cabe ressaltar que somente a formação básica e CFESS. A entidade tem registrado, ao todo, cerca de descomprometida do aluno não permitirá o exer- 74 mil profissionais e, segundo a instituição, a área cício da profissão com o perfil de profissional cada de atuação que mais emprega assistentes sociais é a vez mais requisitado, que é aquele com condições de saúde. para propor e negociar com a instituição seus pro- “A profissão vem crescendo muito, e há uma jetos, para defender seu campo de trabalho, suas demanda muito grande por profissionais. Hoje o qualificações e funções profissionais, conforme Ia- quadro de desemprego dos assistentes sociais é re- mamoto (2001): “requer, pois, ir além das rotinas duzido”, afirma a presidente do CFESS, Ivanete Bos- institucionais e buscar apreender o movimento da chetti. realidade para detectar tendências e possibilidades Após a saúde, de acordo com Ivanete, a segunda nela presentes passíveis de serem impulsionadas área que mais emprega é a de políticas de assistên- pelo profissional”. cia social. “O Ministério do Desenvolvimento Social É importante salientar que só o conhecimento estabeleceu que todos os municípios devem ter um inerente ao serviço social não basta para que o assis- Centro de Referência de Assistência Social. E a pre- tente social desempenhe sua função a contento, uma sença do assistente social junto da do psicólogo é vez que a prática profissional requer a utilização de obrigatória nesses centros”, explica. 82
  • 21. AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho... A professora Raquel Sant’Ana, vice-coordena- de recursos humanos, em programas de prevenção, dora do conselho de curso da Faculdade de Serviço bem como para a realização de visitas domiciliares Social da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com vistas a procederem ao diagnóstico social e aos concorda com Ivanete. “Os profissionais só ficam possíveis encaminhamentos. desempregados se quiserem mesmo. Emprego sem- Nos órgãos públicos as atuações são ainda mais pre tem, o problema é que os salários são muito bai- abrangentes, tanto nas esferas municipal, estadual e xos, geralmente não passam de R$ 2.000”, diz. federal. As atribuições variam desde a elaboração de “Existe uma desigualdade de salários muito gran- planos, planejamentos, projetos até ao atendimen- de pelo Brasil. Alguns municípios, principalmente to direto ao usuário em hospitais, centros de saúde, do interior do país, têm salários baixos. Mas já há clínicas, presídios, unidades educacionais de inter- alguns estados com valorização razoável”, afirma nação, abrigos, escolas, em órgãos ligados à constru- ção civil, entre outros. O Ministério Público, a De- Ivanete. “A média salarial de um profissional sem fensoria e o Fórum, por meio do Poder Judiciário, mestrado está em torno de R$. 1.500 e R$ 2.000. também são instâncias que têm ampliado o campo Pode haver salários superiores e outros em torno de de atuação do assistente social. R$ 800, em determinadas áreas”, exemplifica. As organizações não-governamentais (ONGs), em sua maioria, também pela necessidade contra- áreas de atuação tam um assistente social, tanto para elaboração e co- A quantidade de áreas que demandam a atua- ordenação de programas, pesquisas, projetos, como ção de um assistente social é vasta. Esse profissional para o atendimento aos usuários dos serviços. pode inserir-se tanto nos serviços públicos quanto em empresas particulares. ESPAÇOS EMERGENTES NO SERVIÇO SOCIAL Em universidades particulares o profissional de serviço social atua tanto na triagem para a conces- A atualidade aponta para espaços emergentes no serviço social, como: são de bolsas como na elaboração de programas, nos projetos de extensão e no atendimento junto • Orçamento participativo. aos familiares dos funcionários. • Os conselhos de políticas e de direitos. Ainda discorrendo sobre as universidades, po- • Reestruturação produtiva e novas demandas demos inferir outro campo promissor para o as- organizacionais do serviço social. sistente social, tendo como exemplo a docência • Desenvolvimento sustentável e meio ambiente. tanto nos cursos de graduação em serviço social • A filantropia empresarial e entidades da socie- presencial como nos cursos interativos, os quais dade civil. têm permitido um aumento significativo da em- • Os cuidados dirigidos à família e segmentos pregabilidade deste profissional e na função de co- vulneráveis. ordenação, como professores locais ou interativos. Vale ressaltar que em todas as áreas supramencio- Vale frisar que a abertura desse campo tem contri- nadas a abertura de espaço profissional, manuten- buído para que os referidos profissionais sejam es- ção e extensão estará condicionada à capacidade de timulados a galgar novos conhecimentos, uma vez o assistente social criar, elaborar, propor estratégias que as universidades têm exigido, minimamente, necessárias ao aprimoramento dos serviços, capa- especialização e mestrado somados à experiência cidade essa que terá de ser construída por meio da na área no momento de se selecionarem os referi- leitura, do estudo, da articulação, bem como da par- dos profissionais. ticipação contínua em discussões, cursos, conselhos Empresas de grande porte costumam contratar e demais instâncias e espaços que permitam a for- assistentes sociais tendo em vista sua atuação na área mulação e implementação das políticas públicas. 83
  • 22. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social Para trabalhar mensionamento das funções profissionais diante da Quem quiser trabalhar como assistente social limitação da esfera estatal. Mas se por um lado num precisa ter registro no conselho profissional da primeiro momento houve o achatamento e a dimi- região. A profissão é regulamentada desde 1957 e nuição da oferta de trabalho, por outro as próprias apenas o assistente social está habilitado para for- condições da perda e/ou diminuição de direitos e necer pareceres socioeconômicos utilizados em do aumento da pauperização, desemprego e outras avaliações. mazelas estão abrindo “portas”, possibilitando não Os conselhos regionais acompanham e fiscalizam só o exercício e o aumento da demanda de profis- o exercício profissional. Desse modo, quem não se sionais, mas também dando subsídios para atuação inscrever e exercer a atividade pode sofrer sanções no campo social. do órgão, que vão da advertência e multa até a perda Frisando sempre que todo trabalho exige estu- do diploma. do, dedicação, oportunidade, luta, conhecimento, Colaborou Fernanda Bassette discussão e muita experiência, que vai enriquecer a Assessoria de Imprensa do CFESS. teoria e, mais ainda, propiciar a aquisição de mais experiência... E assim vai. Nessa matéria há grandes informações sobre o que o pretendente, o estudante ou até mesmo o profissional, pode esperar ao cursar o serviço social, e também instigá-lo a uma das ações que é prerro- DEVO LEMBRAR-LHES QUE ESSE gativa inquestionável dos assistentes sociais, ou seja, ASSUNTO AINDA NÃO SE ESGOTOU a disposição para a luta, para a transformação social E QUE VAMOS CONTINUAR NA e para o debate político. PRÓXIMA AULA, MAS, ENQUANTO VOCÊ ESPERA, QUE TAL LER O Outras questões e o reordenamento das funções TEXTO ABAIXO? do Estado estão “entrando porta adentro” do exer- cício profissional, impulsionados pelo movimento de reconstrução das classes subalternas em busca da construção de um novo projeto societário imposto pelo quadro de crise do capital. Já nos anos 90, algumas mudanças se dão para os VOCê SABIA QUE profissionais no setor estatal, campo tradicional de no dia 13 de março de 2008 comemoraram-se os 15 atuação do assistente social, impostas pela política anos da homologação do Código de Ética do/da As- neoliberal, que altera profundamente as responsa- sistente Social. bilidades antes inerentes à esfera pública, aliada à desregulamentação do mercado e de corte de gastos Não poderíamos deixar de começar esta aula públicos. sem ressaltar a importância da “homologação do A redefinição do trabalho profissional no setor novo Código de Ética do Assistente Social. É um público encontra-se alicerçada na percepção das documento marcado por avanços no campo da contradições das lutas populares pela consolidação defesa da ética e dos direitos humanos no ser- dos direitos constitucionais num contexto de re- viço social e que afirmou e fortaleceu o Projeto dução de direitos. Constata-se que, na atualidade, Ético-Político Profissional das/dos assistentes quanto à perspectiva das reformas do Estado, há sociais brasileiros/as”. O código vigente era de um encaminhamento para a destruição dos servi- 9 de maio de 1986 e já não respondia às discus- ços públicos existentes, o que significa a redução sões e posicionamentos nas conjunturas sociais dos espaços de inserção profissional, além do redi- brasileiras. 84
  • 23. AULA 3 — O Redimensionamento da Profissão: O Mercado, as Condições de Trabalho... A nova proposta de código foi feita com a ativa de 1992), com aprovação na 21a edição do Encontro participação de assistentes sociais de todo o país, Nacional entre o Conselho Federal e os Conselhos sendo discutida em vários eventos: I Seminário Na- Regionais de Serviço Social. O documento foi pu- cional de Ética (agosto de 1991), VII CBAS (maio de blicado no Diário Oficial da União e passou a inte- 1992), II Seminário Nacional de Ética (novembro grar a carteira de identidade profissional. * ANOTAÇõES 85
  • 24. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social AULA ____________________ 4 CONDIÇõES DE TRABALHO E RESPOSTAS Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em PROfISSIONAIS. A RELAÇÃO ASSISTENTE SOCIAL E USUáRIOS DOS SERVIÇOS SOCIAIS Conteúdo • Exigências do processo de acumulação do capital e modernização do Estado Serviço Social • Condições de trabalho e protagonismo do serviço social. Respostas profissionais às demandas Competências e habilidades • Identificar e analisar a relação existente entre o assistente social e os usuários como detentores de direitos • Analisar a relação assistente social e equipe multiprofissional enquanto espaço, modo e técnicas de atuação Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social Duração 2h/a – via satélite com o professor interativo 2h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo Nesta aula vamos mais uma vez nos valer do Códi- profissional, a estratégia de intervenção adotada por go de Ética Profissional, no intuito de legalizar e dar este e o ambiente onde se deu a ação. E dessa forma a importância merecida a uma das esferas de atuação vemos cumprido o art. 5°. que é o auge do exercício profissional; pelo menos a meu ver, que é a relação com os usuários dos serviços. Art. 5o – São deveres do assistente social nas É nesse momento de interação e integração que o suas relações com os usuários: “saber” se transpõe para a prática e se dá o início da a) Contribuir para a viabilização da participação transformação, obviamente não só do usuário, mas, efetiva da população usuária nas decisões ins- numa relação circular, a transformação perpassa o titucionais. 86
  • 25. AULA 4 — Condições de Trabalho e Respostas Profissionais b) Garantir a plena informação e discussão so- de conflitos, carente de criatividade e de alternati- bre as possibilidades e conseqüências das si- vas factíveis, mas não por isso menos difícil de ser tuações apresentadas, respeitando democra- praticada. É por isso que rotineiramente ouvimos ticamente as decisões dos usuários, mesmo a seguinte frase: o assistente social não pode perder que sejam contrárias aos valores e às crenças duas coisas: a sensibilidade (para analisar todos os individuais dos profissionais, resguardados os ângulos da situação e de como está sendo ou foi princípios deste código. processada a questão, a história de vida que está por c) Democratizar as informações e o acesso aos trás ou que gerou o fato, não se deixar levar por as- programas disponíveis no espaço institucio- pectos preconceituosos, discriminatórios ou então nal, como um dos mecanismos indispensáveis que subjugue ou desconsidere o outro como sujeito, à participação dos usuários. bem como tudo mais que achar relevante para enca- d) Devolver as informações colhidas nos estudos minhamento ou solução) e a radicalidade (que não e pesquisas aos usuários, no sentido de que es- o deixará desistir de lutar, de garantir o direito, de tes possam usá-los para o fortalecimento dos cobrar pelo que não foi feito). seus interesses. Nesse caso vamos conhecer o que reza o Art. 6º do e) Informar à população usuária sobre a utili- Código de Ética – É vedado ao assistente social: zação de materiais de registro audiovisual e a) Exercer sua autoridade de maneira a limitar pesquisas a eles referentes e a forma de siste- ou cercear o direito do usuário de participar e matização dos dados obtidos. decidir livremente sobre seus interesses. f) Fornecer à população usuária, quando solici- b) Aproveitar-se de situações decorrentes da re- tado, informações concernentes ao trabalho lação assistente social-usuário para obter van- desenvolvido pelo serviço social e as suas con- tagens pessoais ou para terceiros. clusões, resguardado o sigilo profissional. c) Bloquear o acesso dos usuários aos serviços g) Contribuir para a criação de mecanismos que oferecidos pelas instituições, mediante atitudes venham desburocratizar a relação com os que venham a coagir e/ou a desrespeitar aqueles usuários no sentido de agilizar e melhorar os que buscam o atendimento de seus direitos. serviços prestados. h) Esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a amplitude de sua atua- EXIGêNCIAS DO PROCESSO DE ACUMULAÇÃO ção profissional. DO CAPITAL E MODERNIZAÇÃO DO ESTADO As ações do assistente social se dão intencional- Infelizmente, nem sempre o assistente social está mente em um processo de “troca”, em que o traba- preparado para esse desvelo e cumprimento. Algu- lhador venderá sua força de trabalho e, como re- mas vezes, esse profissional não está em condições torno, terá ações que “supram” suas necessidades, ou é inapto para essa prática. Não podemos tam- evidenciando um ciclo em que o capital legitima bém desconsiderar que situações recorrentes na seu caráter cumulativo e, em contrapartida, há um sua rotina (muita exigência do trabalho, a falta de ganho do trabalhador revertido pelos programas e condições físicas e psíquicas para o desenvolvimen- benefícios. to das atividades, baixos salários, estresse da vida Como forma de reduzir os níveis de conflito entre moderna, entre outros fatores) podem influenciar capital e trabalho e envolver os trabalhadores com sua prática e fazê-lo incorrer em tais atitudes. Mas os propósitos e metas das empresas, as organizações pode ser também que esse indivíduo perdeu ou buscam integrar políticas e práticas objetivando o nunca teve a aptidão necessária para trabalhar em “abafamento” de tensões e conflitos, gerados por ca- uma profissão que é eminentemente feita e cercada rências materiais, sociais e psicológicas. 87
  • 26. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social As mudanças que vêm ocorrendo nas organiza- CONDIÇÕES DE TRABALHO E PROTAGONISMO ções da produção e do processo de trabalho trazem DO SERVIÇO SOCIAL. RESPOSTAS transformações para todos os setores da vida, o que PROFISSIONAIS àS DEMANDAS não isenta a condição de exploração do capital, mas No Brasil firma-se como profissão integrada ao contribui para que o trabalhador ganhe em condi- setor público frente à ampliação do controle e da ções de realizar-se no trabalho, já que o trabalho é ação do Estado junto à sociedade civil. Por meio da incondicional a sua sobrevivência e faz da interven- Portaria 35, de 19/04/1949, do Ministério de Traba- ção do assistente social uma prática negadora da lho, Indústria e Comércio, o serviço social foi en- dominação do capital, elevando o trabalho à condi- quadrado no 14º grupo de profissões liberais. Po- ção de realização a mais humana possível. rém, apesar da regulamentação, não apresenta uma Nesse relato nos utilizaremos como exemplo do tradição de prática peculiar às profissões liberais serviço social desempenhado na empresa, mas que, na acepção corrente do termo. Historicamente, ele com poucas alterações, podem ser extrapolados não é um profissional autônomo que exerce inde- para outras áreas de atuação do assistente social, in- pendentemente suas funções, porém não exclui os clusive em órgãos públicos. traços que marcam uma prática liberal que viabili- Com o advento e resgate dos valores da Aborda- ze em seus agentes especializados certa margem de gem Humanística da Administração, com o uso de manobra e de liberdade no exercício de suas fun- teorias, contextos de liderança, motivação, comuni- ções institucionais. cação informal, dinâmicas de grupo, dentre outros, Na relação e no contato direto com os usuários, houve ganhos nas discussões na empresa, rompen- abre-se a possibilidade de reorientar a forma de do com os conceitos clássicos mecanicistas de admi- intervenção e da interpretação do papel desse pro- nistração. Hoje se pode observar uma retomada – fissional. Com a indefinição do que é e do que faz, mesmo que indefinida teoricamente –, por meio da abre-se ao assistente social a possibilidade de apre- requisição do assistente social junto à empresa, para sentar propostas de trabalho que ultrapassem a de- suprir com as carências do trabalhador na oferta de manda institucional. Porém, dentre as organizações serviços assistenciais, materiais, trabalhos grupais, institucionais que mediatizam o exercício profissio- relações interpessoais, dentre outros, que visam nal, o Estado ocupa uma posição de destaque por à qualidade de vida no trabalho, a fim de garantir ser tradicionalmente um dos maiores empregadores também a melhoria dos bens e serviços produzidos desse profissional no Brasil. pelo trabalhador e ofertados pela empresa. De acordo com alguns segmentos, a modernização Como afirma Faleiros (2002), a construção do ob- e o poder institucional demandam redefinições da jeto do serviço social hoje se faz dentro do contexto atividade profissional e de parâmetros de eficiência institucional, no exercício do poder profissional, no e racionalidade, favorecendo uma renovação perma- confronto de estratégias de sobrevivência/vivência nente das bases de legitimidade do serviço social. com as exigências da reprodução e as formas de per- Nos marcos de uma profissão com um passado cepção, representação e manifestação de interesses e eivado pelo pragmatismo e pelo utilitarismo, repre- identidades das organizações. senta um avanço significativo no estabelecimento Nesse sentido, o serviço social na empresa tem de bases para o seu repensar crítico, que estabelece que configurar-se como o processo de reprodução parâmetros teoricamente sólidos e fundamentais, do objeto da profissão, gerenciando os serviços so- ao recuperar o que há de mais criativo, do ponto ciais oferecidos pelo seu requisitante, atuando junto de vista do método e da teoria social crítico-dialé- às relações sociais, interpessoais e grupais, articulan- tica, como pano de fundo para o enriquecimento do novos mecanismos para promover a efetividade das interpretações de situações sociais a partir das das ações assistenciais de que dispõe a empresa, bus- quais atua o serviço social, assim como das próprias cando promover a qualidade de vida no trabalho. particularidades profissionais. 88
  • 27. AULA 5 — As Demandas e a Intervenção Profissional no Âmbito das Relações entre o Estado e a Sociedade AULA ____________________ 5 Unidade Didática – Estratégias de Trabalho em AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO PROfISSIONAL NO ÂMBITO DAS RELAÇõES ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE Serviço Social Conteúdo • Avanços sociais, comando único nas políticas públicas e protagonismo profissional • Formas de inserção e espaços emergentes do serviço social Competências e habilidades • Compreender a atuação e importância do assistente social na discussão e exercício nas (das) políticas públicas • Caracterizar e qualificar a prática profissional Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal • Verificar texto disponibilizado na Galeria da Unidade Didática • O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social Duração 2h/a – via satélite com o professor interativo 2h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo AS DEMANDAS E A INTERVENÇÃO sociais que têm no Estado uma expressão condensa- PROFISSIONAL NO âMBITO DAS RELAÇÕES da da trama do poder vigente na sociedade. ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE É uma dinâmica complexa a produção da sociedade O contexto da ação profissional supõe indaga- que constrói o serviço social, dependendo também da ções teóricas que norteiam a prática profissional, articulação de seus conhecimentos, da reflexão sobre definindo suas particularidades nas respostas que o seu fazer profissional, aprofundando o processo dia- fornecem às demandas instituídas. lético das mediações que realiza para fortalecer os do- As relações sociais envolvem poder, sendo rela- minados e oprimidos nas suas mais diversas relações. ções de luta e confronto entre classes e segmentos (FALEIROS, 2008). 89
  • 28. Unidade Didática — Estratégias de Trabalho em Serviço Social O mesmo autor faz uma referência ao conceito sessorias, consultorias, pesquisas, empresas e outros. de fortalecimento ou empowerment como objeto O mercado de trabalho na área social foi alterado e construído de intervenção profissional e ressalta, acrescido como produto da lógica neoliberal de re- que desde a publicação de Metodologia e ideologia dução das políticas sociais que acarretou a diminui- do trabalho social, principalmente em Saber profis- ção dos serviços públicos, mas contraditoriamente sional e poder institucional, pensa ser o serviço so- produziu uma miséria que reclama a organização de cial uma relação de poder e é nessa relação de poder serviços sociais para o amortecimento das tensões que se produz a particularidade do serviço social no e conflitos. Nessa perspectiva, o campo de atuação contexto de relação de forças. admite amplo espectro coberto pelo serviço social. Não percamos de vista que as mudanças na socie- “Se afirmássemos que a instituição serviço social é pro- dade impelem ao desenvolvimento de novas teorias, duto da realidade social mais abrangente, expressaría- que por sua vez embasa a prática e será de funda- mos apenas um ângulo da questão, pois a profissão se mental importância para a construção histórica e o afirma como instituição peculiar na e a partir da di- desenvolvimento social. visão do trabalho social, respondendo às necessidades A produção/reprodução das relações sociais sociais derivadas da prática histórica das classes sociais abrange, também, “formas de pensar, isto é, formas na produção e reprodução dos meios de vida e de tra- de consciência, por meio das quais se apreende a balho de forma socialmente determinada.” (MARIL- vida social. DA IAMAMOTO; RAUL DE CARVALHO, 2008). A desconstrução/construção do objeto de serviço so- Avanços sociais, comando único nas cial passa por uma discussão das relações de saber políticas públicas e protagonismo profissional. e poder, aprofundando o olhar crítico e de conflito Formas de inserção e espaços emergentes do que advém dos questionamentos dos anos 60/70, serviço social da vinculação aos movimentos sociais dos anos 80, Um dos grandes avanços ocorridos nos últimos sem cair no dogmatismo ou relativismo. (FALEI- anos nos debates e produções sobre a questão ética ROS, 2008) e profissional foi materializado no Código de Éti- Nos dias de hoje, é um grande equívoco achar ca Profissional de 1993. A revisão do texto de 1986 que o assistente social deve se motivar somente processou-se em dois níveis, reafirmando os seus com o rompimento da prática que condiciona a valores fundantes – na liberdade e na justiça social lógica da benesse no enfrentamento dos proble- –, articulada a partir da exigência democrática: a mas sociais ou executam programas somente para democracia é tomada como valor ético-político quem “deles precisam” sem fornecer a essas pesso- central, na medida em que é o único padrão de or- as os instrumentos de que precisam para construir ganização político-social capaz de assegurar a expli- sua própria cidadania, garantir e ampliar seus di- citação dos valores essenciais da liberdade e da eqüi- reitos individuais. dade. É ela, ademais, que favorece a ultrapassagem Dentre as diversas profissões, os assistentes so- das limitações reais que a ordem burguesa impõe ao ciais são os que têm uma formação das mais amplas desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos que lhes permite trabalhar nas mais diversas áreas. e garantias individuais e sociais e das tendências à Nas instituições públicas e privadas, com as políti- autonomia e à autogestão social. Em segundo lugar, cas sociais, de maneira geral, em saúde, habitação, cuidou-se de precisar a normatização do exercício educação, desde o nível do planejamento, passando profissional de modo a permitir que aqueles valores pelo administrativo, até a execução, na ponta. sejam retraduzidos no relacionamento entre assis- Também encontra trabalho em organizações tentes sociais, instituições/organizações e popula- não-governamentais, no sistema judiciário, em as- ção, preservando-se os direitos e deveres profissio- 90
  • 29. AULA 5 — As Demandas e a Intervenção Profissional no Âmbito das Relações entre o Estado e a Sociedade nais, a qualidade dos serviços e a responsabilidade A constituição e a institucionalização do serviço diante do usuário. (CEFSS). social como profissão na sociedade dependem de Os espaços de trabalho da categoria conquis- uma progressiva ação do Estado na regulação da vida tado à custa de muitas lutas possibilitam que os social, quando passa a administrar e gerir o conflito assistentes sociais sejam capazes de formular e exe- de classes, o que pressupõe, na sociedade brasileira, cutar políticas sociais em órgãos da administração a relação capital/trabalho constituída por meio do pública, empresas e organizações da sociedade ci- processo de industrialização e urbanização. vil, além de realizar pesquisas que auxiliem a ide- alização e implementação dessas políticas. Os pro- fissionais podem também elaborar, acompanhar, executar e avaliar projetos na área social, prestar O SERVIÇO SOCIAL SE REPRODUZ assessoria e consultoria, realizar estudos, inclusi- COMO UM TRABALHO ESPECIALIZADO ve de análises de conjuntura, para identificar de- NA SOCIEDADE POR SER mandas e necessidades sociais, além de realizar vi- SOCIALMENTE NECESSÁRIO. sitas, perícias técnicas e emitir laudos e pareceres. O assistente social deve também estar preparado para exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área de serviço social, fazer visitas a campos de estágio e instituições, e com É IMPORTANTE SABER MAIS. igual competência se preparar para assumir o ma- SUGERIMOS, ENTÃO, A BUSCA EM gistério e a formação de outros assistentes sociais OUTRAS FONTES E A RELEITURA DA e, principalmente, orientar a população na iden- AULA 9, P. 175, LIVRO 3 – DIMENSÕES tificação de recursos para defesa de seus direitos e DO TRABALHO DO ASSISTENTE exercício de cidadania. SOCIAL NAS POLÍTICAS SOCIAIS. Entre as determinações do serviço social chama- nos a atenção a característica de ser uma profissão que não emerge com a função social precípua de produzir conhecimentos, construindo um campo “próprio” de saber. Não partilhando do concerto das ciências, a profissão não constituiu uma “teoria própria”; dispõe, isso sim, de uma história e da capa- * ANOTAÇõES cidade de se inteirar de outros campos do saber, como administração, ciências sociais, história, psicologia, antropologia, filosofia e outras ciências.. Mas é com as políticas públicas que o assistente social assegura à população o exercício de direito de cidadania: educação, saúde, trabalho, assistência social, previdência social, Justiça, agricultura, sane- amento, habitação popular e meio ambiente, conse- guidas por meio de muitas lutas e embates, sempre com vistas ao comando único, a descentralização político-administrativa e a respectiva previsão de recursos para o financiamento e a conseqüente exe- cução. 91