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PROCESSO N.º: 912.280
NATUREZA: DENÚNCIA
ÓRGÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO
DAS NEVES
DENUNCIANTE: TRANSPORTADORA ABREU E SOUZA
LTDA.
À Secretaria da Primeira Câmara,
Vistos os autos etc.
Os presentes autos cuidam de denúncia, com pedido liminar,
realizada pela Transportadora Abreu e Souza Ltda., em face do Pregão
Presencial n.º 053/2013, Processo Licitatório n.º 157/2013, da Prefeitura
Municipal de Ribeirão das Neves, cujo objeto é a “contratação de empresa para
a prestação de serviços de locação de 14 (quatorze) veículos – tipo van, para
transporte de pessoas, alunos com necessidades especiais e mobilidade
reduzida”.
A denunciante alega, em síntese, que a exigência de certidão de
regularidade ambiental como critério de qualificação técnica é contrária à Lei
n.º 8666/93, pois, para a realização da atividade de transporte de alunos,
objeto da licitação, não há necessidade de que a empresa detenha tal
certificação, nos termos da Resolução n.º 237 do CONAMA. Assim, requer a
imediata suspensão do processo licitatório para que a Administração
Municipal promova as devidas correções.
Encontra amparo no nosso ordenamento jurídico a inclusão, no
edital, da exigência do licenciamento veicular ambiental, expedido pelo órgão
estadual ou municipal competente, para as atividades sujeitas a transporte
público. No caso concreto dos autos, busca-se preservar a qualidade do ar,
cujo objetivo é garantir que o transporte público ocorra de forma sustentável e
ambientalmente segura. Para tanto, ações de prevenção, combate e redução de
emissões de poluentes e dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico se
fazem necessárias. Vejo na norma editalícia um passo positivo contra a
poluição do ar por veículos que prestarão serviços ao poder público.
O controle da poluição atmosférica veicular não passou
despercebido pelo legislador, que o contemplou em diversos normativos
específicos, exempli gratia, Leis n.os
6.938/1981 (art. 3º, I a IV); 8.723/1993
(art. 3º); Resolução CONAMA 451/2012, dentre outros.
A ausência de parâmetros de sustentabilidade nas compras ou
contratações de governo significa negativa de vigência ao art. 225 da
Constituição da República.
Observe-se que a possibilidade de tratamento diferenciado de
empresas em função dos impactos ambientais negativos gerados na produção
de bens ou na prestação de serviços tem sede constitucional.
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
(...)
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços
e de seus processos de elaboração e prestação.”
Nesse passo, descortino acórdão do Tribunal de Contas da União
– TCU, no Processo n.º TC 019.615/94-9, de relatoria do Ministro José
Antônio B. de Macedo, nos seguintes termos:
“A proibição de cláusulas ou condições que restrinjam o caráter
competitivo, todavia, não constitui óbice a que a Administração
estabeleça os requisitos mínimos para a participação no certame
considerados necessários à garantia da execução do contrato, à
segurança e perfeição da obra ou do serviço, à regularidade do
fornecimento ou ao atendimento de qualquer outro interesse
público.” (in D.O.U. de 4/9/1995, p. 13.620).
Percebe-se, pois, que o gestor público passou a ter novo repto
nas licitações, qual seja: escolher proposta mais vantajosa, respeitar a
isonomia entre os licitantes e promover, por meio do procedimento de
aquisições públicas, o desenvolvimento nacional sustentável, unindo e
combinando harmonicamente estes princípios de modo a conferir-lhes real
efetividade.
Não se faz a licitação que se quer, mas aquela que a lei indica
como mais favorável ao interesse público, e que, a teor do ordenamento
vigente, só pode ser a que propicie sustentabilidade também no transporte
público, cabendo à autoridade pública gestora estimar os custos direto e
indireto do serviço a ser contratado; levar em consideração, por exemplo, a
poluição ambiental por ele gerada; o consumo de energia por ele demandado;
a despesa com a manutenção; a matéria prima por ele incorporada na linha de
produção, que não deve ser perigosa ou nociva à saúde; os resíduos poluentes
por ele gerados no decorrer de sua vida útil e no seu descarte; que não se
utilize de mão de obra informal, escrava, trabalho infantil ou condições de
trabalho legalmente indesejáveis; se incorpora tecnologia que reduz impacto
ambiental etc.
Tão importante quanto atender à específica necessidade da
Administração que venha a motivar a abertura de procedimento licitatório é,
com o advento da Lei n.º 12.349/10, buscar sustentabilidade nas contratações
de governo, esta voltada para a geração de emprego, aumento da renda, e,
sobretudo, redução de impactos ambientais negativos com o fim de preservar
o meio ambiente.
Ao contrário do que se sustenta nas razões da denúncia, é dever
legal do gestor público dar efetividade ambiental (art. 3º da Lei n.º 8.666.93)
às contratações públicas, em respeito ao princípio constitucional de proteção
do meio ambiente (art. 225/CR). Portanto, privilegiar serviços prestados com
base em parâmetros que minimizem danos ambientais (art. 7º, XI, a e b, da
Lei n.º 12.305/10), é respeitar a Constituição, as normas internacionais
ratificadas e demais leis de proteção ambiental, contemplando, dessa forma,
interesse público primário.
Assim, em juízo preliminar, não vislumbro disposições
editalícias ou práticas restritivas aos interesses da Administração e dos
particulares capazes de ensejar a determinação de anulação ou a suspensão do
certame no qual, em consonância com os comandos do art. 3º da Lei Nacional
de Licitações e Contratos, alterado pela Lei n.º 12.349/2010, previu-se critério
ambiental para contratação de serviços de transporte público voltado para
cadeirantes.
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Ressalto, não obstante, que esta Corte de Contas poderá
determinar a suspensão do procedimento licitatório em epígrafe, na fase em
que se encontrar, até a assinatura do contrato, caso se demonstre a
necessidade com o exame mais aprofundado.
Intime-se a denunciante desta decisão. Após, remetam-se os
autos ao órgão técnico, para análise, e, posteriormente, ao Ministério Público
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Em seguida, citem-se a Prefeita Daniela Corrêa Nogueira Cunha
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Martins, do Município de Ribeirão das Neves, para, no prazo improrrogável
de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 307, do referido normativo, apresentar
defesa e documentos que julguem pertinentes, sob pena de revelia.
Informe-se que somente serão aceitas manifestações de defesa
subscritas pela parte ou por procurador devidamente habilitado nos autos,
mediante instrumento de mandato original ou cópia autenticada.
Havendo manifestação, encaminhe-se o processo à unidade
técnica para novo exame, e, após, ao Parquet, para parecer conclusivo,
conforme previsto na alínea “d” do inciso IX do art. 61, regimental.
Decorrido in albis o prazo, remetam-se os autos diretamente ao
órgão ministerial.
Tribunal de Contas, em 28/3/14.
HAMILTON COELHO
Conselheiro Substituto
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912280 tcemg (1)

  • 1. PROCESSO N.º: 912.280 NATUREZA: DENÚNCIA ÓRGÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO DAS NEVES DENUNCIANTE: TRANSPORTADORA ABREU E SOUZA LTDA. À Secretaria da Primeira Câmara, Vistos os autos etc. Os presentes autos cuidam de denúncia, com pedido liminar, realizada pela Transportadora Abreu e Souza Ltda., em face do Pregão Presencial n.º 053/2013, Processo Licitatório n.º 157/2013, da Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves, cujo objeto é a “contratação de empresa para a prestação de serviços de locação de 14 (quatorze) veículos – tipo van, para transporte de pessoas, alunos com necessidades especiais e mobilidade reduzida”. A denunciante alega, em síntese, que a exigência de certidão de regularidade ambiental como critério de qualificação técnica é contrária à Lei n.º 8666/93, pois, para a realização da atividade de transporte de alunos, objeto da licitação, não há necessidade de que a empresa detenha tal certificação, nos termos da Resolução n.º 237 do CONAMA. Assim, requer a imediata suspensão do processo licitatório para que a Administração Municipal promova as devidas correções. Encontra amparo no nosso ordenamento jurídico a inclusão, no edital, da exigência do licenciamento veicular ambiental, expedido pelo órgão estadual ou municipal competente, para as atividades sujeitas a transporte público. No caso concreto dos autos, busca-se preservar a qualidade do ar,
  • 2. cujo objetivo é garantir que o transporte público ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura. Para tanto, ações de prevenção, combate e redução de emissões de poluentes e dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico se fazem necessárias. Vejo na norma editalícia um passo positivo contra a poluição do ar por veículos que prestarão serviços ao poder público. O controle da poluição atmosférica veicular não passou despercebido pelo legislador, que o contemplou em diversos normativos específicos, exempli gratia, Leis n.os 6.938/1981 (art. 3º, I a IV); 8.723/1993 (art. 3º); Resolução CONAMA 451/2012, dentre outros. A ausência de parâmetros de sustentabilidade nas compras ou contratações de governo significa negativa de vigência ao art. 225 da Constituição da República. Observe-se que a possibilidade de tratamento diferenciado de empresas em função dos impactos ambientais negativos gerados na produção de bens ou na prestação de serviços tem sede constitucional. “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.” Nesse passo, descortino acórdão do Tribunal de Contas da União – TCU, no Processo n.º TC 019.615/94-9, de relatoria do Ministro José Antônio B. de Macedo, nos seguintes termos:
  • 3. “A proibição de cláusulas ou condições que restrinjam o caráter competitivo, todavia, não constitui óbice a que a Administração estabeleça os requisitos mínimos para a participação no certame considerados necessários à garantia da execução do contrato, à segurança e perfeição da obra ou do serviço, à regularidade do fornecimento ou ao atendimento de qualquer outro interesse público.” (in D.O.U. de 4/9/1995, p. 13.620). Percebe-se, pois, que o gestor público passou a ter novo repto nas licitações, qual seja: escolher proposta mais vantajosa, respeitar a isonomia entre os licitantes e promover, por meio do procedimento de aquisições públicas, o desenvolvimento nacional sustentável, unindo e combinando harmonicamente estes princípios de modo a conferir-lhes real efetividade. Não se faz a licitação que se quer, mas aquela que a lei indica como mais favorável ao interesse público, e que, a teor do ordenamento vigente, só pode ser a que propicie sustentabilidade também no transporte público, cabendo à autoridade pública gestora estimar os custos direto e indireto do serviço a ser contratado; levar em consideração, por exemplo, a poluição ambiental por ele gerada; o consumo de energia por ele demandado; a despesa com a manutenção; a matéria prima por ele incorporada na linha de produção, que não deve ser perigosa ou nociva à saúde; os resíduos poluentes por ele gerados no decorrer de sua vida útil e no seu descarte; que não se utilize de mão de obra informal, escrava, trabalho infantil ou condições de trabalho legalmente indesejáveis; se incorpora tecnologia que reduz impacto ambiental etc. Tão importante quanto atender à específica necessidade da Administração que venha a motivar a abertura de procedimento licitatório é,
  • 4. com o advento da Lei n.º 12.349/10, buscar sustentabilidade nas contratações de governo, esta voltada para a geração de emprego, aumento da renda, e, sobretudo, redução de impactos ambientais negativos com o fim de preservar o meio ambiente. Ao contrário do que se sustenta nas razões da denúncia, é dever legal do gestor público dar efetividade ambiental (art. 3º da Lei n.º 8.666.93) às contratações públicas, em respeito ao princípio constitucional de proteção do meio ambiente (art. 225/CR). Portanto, privilegiar serviços prestados com base em parâmetros que minimizem danos ambientais (art. 7º, XI, a e b, da Lei n.º 12.305/10), é respeitar a Constituição, as normas internacionais ratificadas e demais leis de proteção ambiental, contemplando, dessa forma, interesse público primário. Assim, em juízo preliminar, não vislumbro disposições editalícias ou práticas restritivas aos interesses da Administração e dos particulares capazes de ensejar a determinação de anulação ou a suspensão do certame no qual, em consonância com os comandos do art. 3º da Lei Nacional de Licitações e Contratos, alterado pela Lei n.º 12.349/2010, previu-se critério ambiental para contratação de serviços de transporte público voltado para cadeirantes. Com esses argumentos, indefiro o pedido liminar. Ressalto, não obstante, que esta Corte de Contas poderá determinar a suspensão do procedimento licitatório em epígrafe, na fase em que se encontrar, até a assinatura do contrato, caso se demonstre a necessidade com o exame mais aprofundado. Intime-se a denunciante desta decisão. Após, remetam-se os autos ao órgão técnico, para análise, e, posteriormente, ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, para manifestação preliminar, conforme disposto no § 3º do art. 61 da Resolução n.º 12/2008.
  • 5. Em seguida, citem-se a Prefeita Daniela Corrêa Nogueira Cunha e a Presidente da Comissão Permanente de Licitação Márcia Verônica Martins, do Município de Ribeirão das Neves, para, no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 307, do referido normativo, apresentar defesa e documentos que julguem pertinentes, sob pena de revelia. Informe-se que somente serão aceitas manifestações de defesa subscritas pela parte ou por procurador devidamente habilitado nos autos, mediante instrumento de mandato original ou cópia autenticada. Havendo manifestação, encaminhe-se o processo à unidade técnica para novo exame, e, após, ao Parquet, para parecer conclusivo, conforme previsto na alínea “d” do inciso IX do art. 61, regimental. Decorrido in albis o prazo, remetam-se os autos diretamente ao órgão ministerial. Tribunal de Contas, em 28/3/14. HAMILTON COELHO Conselheiro Substituto Relator