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Abril 2014 | AMANHÃ | 20 |
Abril 2014 | AMANHÃ | 20 |
Especial
8.407
Reconhecimento global:
maior exportadora do
sul do país, a BRF é uma
das poucas empresas
que chegam lá fora com
uma marca própria
AMANHÃ | Abril 2014| 21 |
Q
farta no campo e com uma taxa de câm-
bio um pouco mais favorável, o quadro
mudou totalmente. As exportações da
região deram um salto de 18,1% em rela-
ção a 2012, chegando a US$ 52 bilhões,
o equivalente a um quinto de tudo que o
Brasilembarcounoperíodo.Dequebra,o
saldo da balança comercial voltou a ficar
positivo em US$ 1,1 bilhão.
O problema é que a dependência em
relação às exportações de commodities
submete o sul – e o restante do país – a
um rol de incertezas. Uma estiagem, aqui,
provoca mais do que prejuízos para os
produtores: também desequilibra a quan-
tidadededinheiroqueentraesaidopaíse,
emúltimaanálise,afetaosíndicesdainfla-
ção, das taxas de juros e, claro, do câmbio.
Some-se a isso um mercado doméstico
ávidoporconsumoeoresultadoéumaele-
vação geral dos preços e, principalmente,
doscustosdeprodução.“Nãoépormenos
quetemostantadificuldadeparaexpandir
o espaço da indústria na pauta brasileira
de exportações”, constata José Augusto
RANKING DE AMANHÃ MOSTRA QUAIS SÃO AS MAIORES EXPORTADORAS DO
SUL DO PAÍS – E OS DESAFIOS QUE ENFRENTAM PARA CRESCER LÁ FORA
{Edição: Andreas Müller
Reportagens: Ricardo Lacerda, Robson
Pandolfi, Pedro Henrique Tavares,
Leonardo Pujol e Emanuel Neves}
Quem exportou mais em 2013	
Exportações totais dos três Estados do sul, em US$ bilhões FOB
18,2
8,7
25,0RIO GRANDE DO SUL
PARANÁ
SANTA CATARINA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Secex
ue o agronegócio tem um peso
considerável no desempenho da
balança comercial do sul do país, não é
nenhumanovidade.Oquesurpreendeéo
fatodeque,mesmocomtodososesforços
para agregar valor aos embarques, os três
Estadoscontinuemtãovulneráveisaota-
manhodesuascolheitas.Bastaconferiros
números mais recentes disponibilizados
pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
que servem de base para a elaboração
desta edição do Especial Exportação.
Em 2012, quando uma estiagem arrasou
a safra de grãos, provocando perdas que
chegaramamaisde70%dacolheita,osul
do país amargou um déficit comercial de
US$ 5,2 bilhões – o maior desde o início
da série histórica do MDIC, em 1998. No
ano seguinte, porém, com a produção
DO SUL PARA
O MUNDOFotos:Divulgação
Abril 2014 | AMANHÃ | 22 |
de Castro, presidente da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB). Só
em 2013, lembra ele, o país registrou um
déficit comercial de US$ 105 bilhões no
segmento de produtos manufaturados. E
não há qualquer perspectiva de que essa
conta vá melhorar no futuro próximo.
“Enquanto não resolvermos os nossos
problemas estruturais e continuarmos
apostando em medidas paliativas, como
reduções temporárias de impostos, não
vamosterumaparticipaçãoexpressivano
comércio internacional”, lamenta ele.
Nesse contexto, as empresas que
despontam nas próximas páginas são ex-
ceçõesadmiráveis.Trata-se,afinal,deuma
pequenaelitedeindústriasqueconseguiu
romperasbarreirasconjunturaiseseinse-
rir com qualidade nos fluxos de comércio
internacional. Com base nos dados do
governofederal,AMANHÃelaborouum
ranking exclusivoqueapontaquaissãoas
que mais exportam e importam pelo sul
do país. É bem verdade que muitas ainda
dependem diretamente do campo para
prosperar – como é o caso das tradings
e cooperativas que comercializam grãos
e carnes in natura. Mas algumas já per-
ceberam que industrializar a produção
é o melhor caminho para rentabilizar as
exportações e buscar um espaço mais
digno nos mercados estrangeiros.
Omelhorexemploéagrandecampeã
do ranking, a Brasil Foods (BRF). Sob a
liderançadoempresárioAbílioDinizdesde
maiode2013,amultinacionalqueagregaas
marcas Sadia e Perdigão está passando por
uma verdadeira reestruturação comercial.
O objetivo: fortalecer suas operações no
exterior com algo mais do que carne de
frango. Como se verá na reportagem a
seguir, Diniz não tem sido suave nas mu-
danças implementadas na gestão da BRF.
No mercado, diz-se que a companhia está
passando por um processo de “Sadização”.
Istoé:resgatandoaagressividadecomercial
eaculturaqueconsagrouaSadiacomouma
das grandes marcas brasileiras no exterior.
EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DE SANTA CATARINA
* Valores em US$ bilhões FOB
EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DO PARANÁ
* Valores em US$ bilhões FOB
EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DO RIO GRANDE DO SUL
* Valores em US$ bilhões FOB
7,15
3,48
4,19
0,99
4,02
5,29
1,51
4,52
6,69
2,19
5,97
7,95
3,47
9,01
10,17
5,00
14,57
14,52
7,94
9,62
9,47
7,29
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18,77
15,66
14,84
19,39
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14,55 14,77
19,34
8,03
3,70
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10,03
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10,01
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7,38
18,39
8,33
11,22
15,24
15,24
6,43
14,17
15,38
7,58
17,39
19,43
9,05
17,71
17,39
25,09
8,92 8,68
18,23
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012
EXPORTADORES DO SUL
AMANHÃ | Abril 2014| 23 |
A BRF não é a única. Além dela,
aparecemnorankingdiversasoutrasem-
presasdealimentos–comoBunge,Seara,
Coamo,JBSAveseSantaTeresinha.Quase
todas vêm registrando bons resultados no
comércio com outros países, com opera-
ções que não se restringem ao simples ato
de produzir e vender grãos e carnes. Mas
aindasãopoucasasqueconseguem,como
aBRF,apostarnaconstruçãodeumamar-
caprópria.ACooperativaCentralAurora
(Aurora Alimentos), do oeste de Santa
Catarina, por exemplo, exportou mais de
“É DIFÍCIL BANCAR CUSTOS QUE OS
CONCORRENTES LÁ FORA NÃO TÊM.
MAS NOS SAÍMOS BEM PORQUE TEMOS
UM MODELO ÚNICO DE OPERAÇÃO,
COM ESCALA E VERTICALIZAÇÃO”
Luis Gustavo Lopes Iensen,
Diretor corporativo internacional da Weg
US$412,2milhõesem2013,umavançode
32,3% em relação ao total embarcado no
ano anterior. Segundo Leomar Somensi,
diretorcomercialdacooperativa,osaltose
deveaumaquestãomeramenteconjuntu-
ral: nunca o Brasil vendeu tanta carne de
frango lá fora. “Hoje, o país exporta a pro-
teína para mais de 160 destinos no mun-
do – e nós fazemos parte desse processo”,
conta ele. As vendas com marca própria
aindasãoescassaserepresentamnãomais
do que 4% do total. De qualquer forma, a
Aurora está determinada a expandir seus
resultados fora das fronteiras brasileiras.
“Nesteano,tínhamosametadeobter15%
danossareceitabrutacomasexportações.
Acabamos fechando em 18%. Ou seja: dá
para crescer mesmo sem ter uma marca
própria lá fora”, diz Somensi.
Articular-se é preciso
É claro que o ranking dos maiores
exportadores do sul também traz indús-
trias especializadas em itens de alto valor
agregado. Na lista aparecem montadoras
de veículos (Renault, Volvo, General
Motors), fabricantes de máquinas e equi-
pamentos (Weg, Embraco e Whirlpool),
companhias ligadas ao setor petrolífero
(Braskem e Petrobras) e muitas outras.
Estas, porém, apresentaram resultados
menos vistosos do que aquelas compa-
nhias que atuam com commodities. A
Whirlpool, por exemplo, encerrou 2013
comumaquedade14,8%nasexportações
pelo sul. Já a Tupy registrou um recuo de
5,6%,enquantoWegteveumdecréscimo
de 1,7% nos embarques. E a explicação
recainãosósobreatradicionalburocracia
ousobreaprecariedadedainfraestrutura
do país. Ela também passa por um dos
pontos fracos do Brasil na atual conjun-
tura global: a falta de acordos bilaterais
de comércio.
Carga instável: a
soja em grão tem
peso cada vez maior
no desempenho dos
exportadores do sul
Abril 2013 | AMANHÃ | 24 |
Rubens Barbosa, ex-embaixador
do Brasil em Washington, acredita
que o país está ficando isolado no jogo
do comércio internacional. “Temos de
acompanhar mais de perto as negocia-
ções e os acordos de livre comércio que
outros países concorrentes vêm firman-
do com mercados desenvolvidos, como
os Estados Unidos e a União Europeia.
Hoje,estamostotalmenteforadisso – até
porque não temos competitividade para
buscar uma inserção maior”, avalia Bar-
bosa,quepresideoConselhoSuperiorde
ComércioExteriordaFiesp,emSãoPaulo.
Para reverter esse quadro, o Brasil tem de
promoverumaverdadeiracampanhapela
redução de custos internos e a busca de
maiores patamares de eficiência. “A má-
quina burocrática, o alto custo da mão de
obraedaenergia,aineficiênciadosportos
–tudoquerepresentaocusto-Brasiltemde
ser atacado para que possamos recuperar
a competitividade das nossas indústrias”,
entende ele. Luis Gustavo Lopes Iensen,
diretor corporativo da Weg, concorda: “É
difícil bancar custos que os concorrentes
lá fora não têm. Nos saímos bem porque
temosummodeloúnicodeoperação,com
escala e verticalização”.
Uma revisão no Mercosul
Para que mais empresas consigam
triunfar lá fora, o Brasil também precisa
rever sua relação com o Mercosul. Hoje,
diz Barbosa, o bloco sul-americano é mui-
tas vezes um empecilho, e nem sempre
um impulso à expansão das exportações
brasileiras. Pelas regras acordadas, o Brasil
não pode negociar acordos bilaterais com
nenhumoutropaíssemterabênçãodeto-
dososintegrantesdoMercosul.Oresultado
équeopaísficaàmargemdasconversações
queasdemaispotênciasvêmtravandoentre
si. Mesmo as negociações em bloco, como
a tentativa de um acordo bilateral entre o
Mercosul e a União Europeia, esbarram na
necessidade de se ter o consenso de países
como o Paraguai e, principalmente, a Ar-
gentina. “A gente entende que o Mercosul
deveria voltar a ser o que era quando foi
concebido: um instrumento de abertura
deportasnomercadoexterno.Umacordo
quenosajudeanegociarcomosmercados
desenvolvidos e a colocar em prática po-
líticas de diversificação das exportações”,
defende Barbosa.
Aliás, os impasses entre os países-
-membrosdoMercosulafetamatémesmo
aquelas empresas que chegaram ao Brasil
dispostas a explorar as oportunidades do
bloco, como é o caso da Renault. Sétima
maior exportadora do sul do país, a mon-
tadora mantém uma cadeia de produção
com unidades fabris no Brasil e na Argen-
tina.“Éumaquestãoestratégica.Cadapaís
fabrica determinados produtos e, juntos,
elessecomplementam”,explicaCaíqueFer-
reira, diretor de comunicação da Renault
do Brasil. Ele não comenta as barreiras
alfandegárias que têm sido colocadas pela
Argentina aos produtos brasileiros. Mas
sabe-se que a Renault, assim como outras
companhias – entre vinícolas, indústrias
calçadistas etc –, estão sofrendo para
manter as vendas no mercado argentino.
Comoseveráaseguir,esteéapenasumdos
grandes desafios no caminho das maiores
exportadoras da região sul.
Fora do time: amarrado ao Mercosul, o Brasil tem dificuldades para negociar acordos com mercados desenvolvidos, como a União Europeia
EXPORTADORES DO SUL
Alain Jocard/AFP
A receita que
vem de forade operações internacionais a acordos
comerciais, o que há em comum entre as
empresas que lideram o ranking das
grandes exportadoras do sul
Olhos no exterior: sob o
comando de Abílio Diniz, a
BRF, maior exportadora do
sul, deve se tornar ainda
mais agressiva lá fora
exportadores do sul
AnaPaulaPaiva/Valor/Folhapress
Brasil Foods não é mais a mesma.
Maior exportadora do sul do país,
a companhia vem passando por profun-
das transformações sob o comando do
empresárioAbilioDiniz,atualpresidente
do conselho de administração. Descrito
comoumsujeitoambiciosoecompetitivo,
Diniz não hesitou em deixar sua marca.
Quase todos os executivos, incluindo o
ex-presidente José Antônio do Prado Fay,
foram substituídos. Tudo para “arrumar a
casa”,comochegouajustificarduranteuma
conferênciacominvestidoreseanalistasde
mercado no final de 2013, ao término de
mais um trimestre decepcionante – com
lucros 60% menores do que os do quarto
trimestrede2012.“Acompanhiaprecisava
receber um choque de rejuvenescimento,
efoiissoqueprocuramosfazer:colocaras
pessoas certas nos lugares certos e reor-
ganizar nossos processos”, afirmou Diniz,
de 77 anos.
Nos primeiros 100 dias de sua ges-
tão, Diniz montou uma equipe de 70 a
80executivosparapensaremumprojeto
dereestruturação–ou,nassuaspalavras,
para “desentortar” a empresa. Um dos fo-
cos era tornar a BRF uma empresa mais
comercial e menos industrial. “Antes de
Abilio Diniz assumir a presidência do
conselho, a BRF era conhecida por seu
foconaprodução.Ametadanovagestão
é mudar esse foco para o mercado, com
uma internacionalização cada vez mais
forte”,analisaSandraPeres,analista-chefe
da corretora de investimentos Coinva-
lores. Para dar vida à estratégia, foi ins-
tituído um novo cargo, o de presidente
executivo internacional, ocupado por
Pedro Faria, da agência de investimentos
Tarpon, que patrocinou a ida de Abilio
ao conselho.
Com a casa arrumada, a BRF entra
em 2014 com um foco na expansão de
suas operações no exterior – um sinal
claro de que deve manter a liderança no
ranking dos maiores exportadores do sul.
E isso pode levá-la a um retorno às suas
raízes – um processo conhecido como
reverse takeover. Os executivos remanes-
centes da Sadia já foram todos embora,
mas a BRF vive uma reaproximação com
a velha marca, em um processo que já
recebeu até nome: “sadização”. “No mer-
cado internacional, a BRF é líder com
a marca Sadia em diversas categorias
em países do Oriente Médio. A marca
tem também grande força em países da
África”, explica Augusto Ribeiro, vice-
-presidente de finanças e relações com
Investidores da BRF.
A BRF surgiu para desvincular as
operações da Sadia e da Perdigão. O
reconhecimento internacional da Sadia,
no entanto, pode encurtar o caminho do
conglomerado para atingir e preservar
a liderança das vendas em mercados
externos. Nos últimos anos, além da am-
pliação da equipe de vendas em diversos
países, a BRF criou um departamento
regional de marketing – que, em 2013,
desenvolveu várias campanhas focadas
na marca Sadia. “Em Dubai e em outros
países árabes, o frango é conhecido pela
palavra “sadia”. O foco de internacionali-
zação, por isso, vai ser o o fortalecimento
da Sadia lá fora”, projeta Sandra, da Coin-
valores. “O Brasil já não cresce como
antigamente, a inflação compromete a
renda da população. A BRF está focando
em mercados com maior potencial de
crescimento e, no próximo trimestre,
deve apresentar resultados mais robus-
tos”, aposta ela.
Mesmo com resultados fracos no
segundo semestre – em função, prin-
cipalmente, dos custos operacionais
A resultantes da reestruturação –, a BRF
encerrou 2013 com um crescimento
moderado: alta de 7% na receita líquida
em relação ao ano anterior. Menos mal
que o lucro líquido da empresa atingiu
R$ 1,1 bilhão, um acréscimo de 38%
em relação ao ano anterior, com um
crescimento da margem líquida de 2,7%
para 3,5%. O mercado externo absorveu
43,8% das vendas. Foram exportadas, ao
todo, 2,5 milhões de toneladas, com um
crescimento de 1,5% em relação ao ano
anterior. No acumulado do ano, houve
melhora tanto em relação ao volume de
exportação (19,5%) quanto ao fatura-
mento em dólares (13,6%).
Para 2014, a grande novidade é a
fábrica em Abu Dhabi, nos Emirados
Árabes Unidos, a primeira construída
pela BRF fora do Brasil. “É um dos prin-
cipais pilares da estratégia de investir em
produtos processados, com marca forte,
maior valor agregado e rentabilidade, em
mercados em franca expansão, como
Oriente Médio, norte da África e su-
deste da Ásia”, destacou Abilio Diniz em
um comunicado aos acionistas. “A BRF
quer passar de companhia exportadora
a produtora global. Essa transformação
deve ser feita, principalmente, com aqui-
sições. Trabalhar a internacionalização
será muito positivo para a BRF, pois a
empresa irá se desenvolver mais ainda
e vai colher experiências de fora para
dentro”, diz Augusto Ribeiro. Ele admite
que a BRF vem passando por mudanças
importantes. Mas se mostra otimista
com os contornos que ela começa a
tomar – de uma companhia globalizada
AnaPaulaPaiva/Valor/Folhapress
AMANHÃ | Abril 2014| 27 |
da receita bruta da Brasil Foods
veio do exterior em 2013
43%
Abril 2014 | AMANHÃ | 28 |
não só nas vendas, mastambém nas ope-
rações. “Nosso objetivo é atuar com pro-
fundo conhecimento dos consumidores
e clientes locais nos mercados definidos
como estratégicos, ao mesmo tempo
em que replicamos nesses mercados os
pilares do modelo de atuação da BRF”,
diz Ribeiro.
Cooperativas ganham espaço
No lastro da BRF, outras empresas
do ramo de alimentos vêm buscando
espaço no mercado externo. O conjunto
das exportações da Cooperativa Cen-
tral Aurora Alimentos cresceu 46,7%
e atingiu R$ 1,5 bilhão em 2013. Ásia,
Japão, África, Europa e Oriente Médio
foram responsáveis por três quartos das
vendas. E o grande vetor do crescimen-
to foi a carne de frango, cuja receita se
expandiu em mais de 60%. “Ampliamos
nosso foco em proteína de frango, com
“O SETOR
AUTOMOTIVO
ESTÁ PROVANDO
QUE O BRASIL
PODE, SIM, SER
EXPORTADOR
DE PRODUTOS
MANUFATURADOS.
BASTA TER
AS POLÍTICAS
CERTAS PARA
ATRAIR O
INVESTIMENTO”
Olivier Murguet,
presidente
da Renault
EMPRESA SETOR VALOR EXPORTADO
(em US$ FOB milhões)
BRF - Brasil Foods S/A Alimentos e bebidas 3.188,90
Renault do Brasil S/A Automotivo 1.169,23
Coamo Cooperativa 846,09
Vancouros Ind. Couros Ltda. Couro e calçados 111,02
Whirlpool S/A Eletrodomésticos 532,40
Us. Açúcar S. Terezinha Ltda. Energia 710,93
Stihl Ferr. Motorizadas Ltda. Ferramentas 207,52
Cargill Agrícola S/A Grãos 1.666,73
Braslumber Ind. Mold. Ltda. Madeira e florestamento 89,70
John Deere Brasil Ltda. Máquinas agrícolas 323,17
Weg Equip. Elétricos S/A Máquinas e equipamentos 740,56
Portobello S/A Material de construção 33,09
Tupy S/A Metalurgia 441,72
Klabin S/A Papel e celulose 345,05
Petrobras Petróleo 824,36
Braskem S/A Petroquímica 1.833,65
Pirelli Pneus Ltda. Plástico e borracha 190,55
Gelnex Ind. e Comércio Ltda. Química 69,61
Arcelormittal Brasil S/A Siderurgia e mineração 86,15
Souza Cruz S/A Tabaco 690,76
AS 20 MAIORES EXPORTADORAS POR SETOR
Companhias ligadas ao agronegócio se destacam entre as maiores por segmento
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
a integração de fábricas à empresa por
meio de compra ou locação. O Brasil
é um grande exportador de aves, e nós
queremos ampliar nossa fatia nesse mer-
cado”, explica Leomar Somensi, diretor
comercial da Aurora.
Agora, a cooperativa aposta no
crescimento dos suínos para continuar
galgando postos no exterior. Em julho
do ano passado, aconteceu o primeiro
embarque de carne suína in natura para
o Japão. A novidade foi comemorada pe-
las empresas do setor. Não é por menos:
o Japão é o maior mercado consumidor
de suínos do mundo. Logo, a abertura
amplia consideravelmente o potencial
de exportação das companhias brasi-
leiras. “Nossa expectativa em relação ao
Japão é muito grande. Podemos esperar
um crescimento expressivo para esse
mercado, já que a base ainda é pequena”,
analisa Somensi.
EXPORTADORES DO SUL
Abril 2014 | AMANHÃ | 30 |
Turbinadas lá fora: em 2012, pela primeira vez, a Weg faturou mais com o mercado externo do que no Brasil
Acontribuiçãodasvendasexternasna
composição da receita operacional bruta
total da Aurora no ano passado (R$ 5,7
bilhões) foi de 18,6%. Para os próximos
anos, a meta é ampliar essa fatia para
algo entre 25% e 30%. “Nosso grande
foco para 2014 é consolidar o processo
de ampliação que começou no ano pas-
sado. Com isso, projetamos uma receita
de R$ 6,5 bilhões até o final do ano, um
crescimento de aproximadamente 15%
em relação a 2013”, detalha Somensi.
Outra grande cooperativa brasileira,
a Coamo, vem aproveitando o embalo
dascommoditiesparacrescernoexterior.
Maior cooperativa agrícola da América
Latina, a organização de Campo Mou-
rão (PR) somou, em 2013, 3,5 milhões
de toneladas de grãos embarcadas para
o exterior, num valor total de US$ 1,2
bilhão. A China desponta como a prin-
cipal compradora de soja. Já o farelo de
sojatemcomoprincipaldestinoaEuropa,
enquanto o milho é preferência de países
doOrienteMédioedaÁfrica.Oritmode
crescimento segue forte: em 2012, a ex-
pansãodaempresachegoupertodos20%,
com um faturamento de R$ 7,1 bilhões.
No ano passado, emplacou mais 11,2%,
com vendas de mais de R$ 8 bilhões.
Uma das explicações para o suces-
so do sistema cooperativista pode ser
encontrado na maior participação dos
cooperados nos lucros, o que aumenta
seu comprometimento com a eficiência
dasoperações.Somenteem2013,assobras
(lucros) da Coamo chegaram a R$ 519,7
milhões. O valor, 15% superior ao de
2012, foi distribuído entre os mais de
26 mil cooperados. “O cooperativismo
funciona muito bem, e cada vez mais os
produtores estão sendo conscientizados
da validade do sistema, que dá um bom
suporte econômico por meio do crédito,
além de auxílio técnico, armazenagem,
industrialização, comercialização e ex-
portação”, garante José Aroldo Galassini,
diretor-presidente da Coamo.
Desindustrialização, onde?
Nos últimos anos, o número de
vozes que entoam a crítica à desindus-
trialização e à falta de competitividade
da economia brasileira aumentou con-
sideravelmente. E há razões para isso:
as commodities já dominam a pauta de
exportações brasileira; o saldo comercial
dos produtos industrializados vem apre-
sentando déficits cada vez mais elevados
–sóem2013,passoudeUS$100 bilhões;
e o Brasil ocupa uma posição pífia entre
os países com melhor ambiente de
negócios – no ranking Doing Business
de 2012, o país aparece como o 130º
colocado, uma queda de duas posições
em relação a 2011. Como base de com-
EXPORTADORES DO SUL
Abril 2014 | AMANHÃ | 32 |
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EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS
BRF - Brasil Foods S/A 1.100,25 1.114,54 974,11 3.188,90 3.308,34 -3,61
Bunge Alimentos S/A 911,87 278,74 1.099,21 2.289,82 1.722,29 32,95
Braskem S/A --- --- 1.833,65 1.833,65 1.509,19 21,50
Cargill Agrícola S/A 770,84 --- 895,89 1.666,73 1.306,09 27,61
Seara Alimentos Ltda. 609,95 673,10 98,52 1.381,57 1.478,09 6,53
Louis Dreyfus Commodities Brasil S/A 685,91 --- 694,05 1.379,96 908,64 34,15
Renault do Brasil S/A 1.169,23 --- --- 1.169,23 1.087,35 7,53
Nidera Sementes Ltda. 444 --- 561,12 1.005,12 817,96 22,88
ADM Do Brasil Ltda. 346,2 75,26 430,94 852,40 842,59 1,16
Coamo 805,38 40,71 --- 846,09 856,21 1,18
Bianchini S/A --- --- 838,02 838,02 765,80 9,43
Petrobras 322,58 90,67 411,11 824,36 896,86 8,08
Weg Equipamentos Elétricos S/A --- 740,56 --- 740,56 753,78 -1,75
CHS do Brasil 629,63 --- 110,81 740,44 610,85 21,21
Usina de Açúcar Santa Terezinha Ltda. 710,93 --- --- 710,93 804,70 -11,65
Souza Cruz S/A --- 396,98 293,78 690,76 725,33 -4,76
Whirlpool S/A --- 532,40 --- 532,40 625,21 -14,84
JBS Aves Ltda. --- 115,70 407,37 523,07 231,25 126,19
Volvo do Brasil Veículos Ltda. 478,02 --- --- 478,02 472,81 1,10
General Motors do Brasil Ltda. --- --- 453,91 453,91 170,05 166,93
Noble Brasil S/A 142,51 --- 303,31 445,82 358,90 24,21
Tupy S/A --- 441,72 --- 441,72 467,88 -5,59
Amaggi Exportação e Importação Ltda. 161,55 71,97 180,78 414,30 235,65 75,81
Cooperativa Central Aurora Alimentos --- 412,20 --- 412,20 311,53 32,31
Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda. --- 161,28 222,62 383,90 482,53 -20,44
Universal Leaf Tabacos Ltda. --- --- 373,43 373,43 398,83 -6,37
CTA Continental Tobaccos Alliance S/A --- 70,76 276,81 347,58 303,90 14,37
Klabin S/A 345,05 118,28 463,00 345,05 424,06 -18,63
John Deere Brasil Ltda. --- --- 323,17 323,17 242,61 33,2
Volkswagen do Brasil Ltda. 319,47 --- --- 319,47 240,08 33,07
JTi Processadora de Tabaco do Brasil Ltda. --- 36,36 255,96 292,33 196,88 48,48
BSBIOS Indústria e Comércio de Biodiesel --- --- 279,95 279,95 168,88 65,77
Philip Morris Brasil Indústria e Comércio Ltda. --- 56,62 218,19 274,82 294,21 -6,59
Usina Alto Alegre S/A - Açúcar e Álcool 255,88 --- --- 255,88 213,23 19,98
AGCO do Brasil --- --- 244,04 244,04 255,64 -4,54
Marcopolo S/A --- --- 235,67 235,67 258,40 -8,80
Premium Tabacos do Brasil Ltda. --- 55,69 163,82 219,51 197,01 11,42
Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda. --- --- 207,52 207,52 208,36 -0,40
Câmera Agroalimentos S/A --- --- 204,42 204,42 204,48 -0,03
Marasca Comércio de Cereais Ltda. --- --- 201,73 201,73 202,39 -0,33
Companhia Cacique de Café Solúvel 200,26 --- --- 200,26 216,34 -7,43
Pirelli Pneus Ltda. --- --- 190,55 190,55 179,03 6,43
Robert Bosch Ltda. 188,69 --- --- 188,69 213,05 -11,44
China Brasil Tabacos Exportadora S/A --- --- 182,76 182,76 90,97 100,9
C. Vale - Cooperativa Agroindustrial 179,76 --- --- 179,76 202,44 -11,21
AS 90 EMPRESAS QUE MAIS EXPORTAM A PARTIR DO SUL*
As companhias que lideraram os embarques na região, em 2013
O ranking abaixo foi elaborado a partir de dados disponibilizados publicamente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC). Para cada Estado, o MDIC lista apenas as 40 empresas com maior valor exportado no ano.
TOTAL
2013
TOTAL
2012
VARIAÇÃO
(%)
Valores exportados em US$ milhões FOB
EXPORTADORES DO SUL
POS.
2012
POS.
2013
*AMANHÃ excluiu do ranking a Quip e a CGQ Construções Offshore, cujos números se referiram a exportações de plataformas que não saíram do país
AMANHÃ | Abril 2014| 33 |
TOTAL
2012
50
43
49
---
48
44
51
46
67
---
---
55
56
62
66
54
18
---
---
73
63
58
---
72
---
70
74
68
75
80
81
76
79
85
---
---
---
89
90
---
---
---
---
88
---
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
Valores exportados em US$ milhões FOB
POS.
2012
POS.
2013
Copacol - Cooperativa Agroindustrial Consolata 167,47 --- --- 167,47 139,88 19,73
CNH Latin America Ltda. 155,88 --- --- 155,88 166,76 -6,53
CMPC Celulose Riograndense Ltda. --- --- 143,40 143,40 140,54 2,03
Pamplona Alimentos S/A --- 141,70 --- 141,70 172,29 -17,75
Forjas Taurus S/A --- --- 140,76 140,76 142,76 -1,40
Alibem Comercial de Alimentos Ltda. --- --- 134,23 134,23 95,80 40,11
Cia. Iguaçu de Café Solúvel 130,42 --- --- 130,42 136,33 -4,34
Tyson do Brasil Alimentos Ltda. --- 126,87 --- 126,87 162,41 -21,88
Cooperativa Agroindustrial Lar 124,17 --- --- 124,17 91,57 35,60
Caterpillar Brasil Ltda. 121,72 --- --- 121,72 43,68 178,61
Aker Solutions do Brasil Ltda. 119,2 --- --- 119,20 69,25 72,13
Cooperativa Agrária Agroindustrial 118,99 --- --- 118,99 125,49 -5,18
Pampeano Alimentos S/A --- --- 117,40 117,40 116,28 0,97
Tramontina S/A Cutelaria --- --- 112,27 112,27 99,49 12,84
Vancouros Indústria e Comércio de Couros Ltda. 111,02 --- --- 111,02 91,95 20,74
Randon S/A Implementos e Participações --- --- 107,79 107,79 130,79 -17,59
Universal Leaf Tabacos Ltda. --- 105,79 --- 105,79 543,04 -80,51
Oleoplan S/A --- --- 100,38 100,38 48,65 106,32
Cocamar Cooperativa Agroindustrial 99,31 --- --- 99,31 67,13 47,95
Coopavel Cooperativa Agroindustrial 93,7 --- --- 93,70 77,27 21,26
Kaefer Agro Industrial Ltda. 90,87 --- --- 90,87 97,85 -7,13
Agrícola Jandelle Ltda. 90,21 --- --- 90,21 113,6 -20,59
Braslumber Indústria de Molduras Ltda. 89,7 --- --- 89,70 71,42 25,60
Braspine Madeiras Ltda. 88,3 --- --- 88,30 77,83 13,46
Gonçalves & Tortola S/A 87,16 --- --- 87,16 60,47 44,12
Arcelormittal Brasil S/A --- 86,15 --- 86,15 86,11 0,05
AAM do Brasil Ltda. 85,24 --- --- 85,24 76,69 11,15
Companhia Providência Indústria e Comércio 85,12 --- --- 85,12 89,33 -4,71
Ceagro Agrícola Ltda. 79,45 --- --- 79,45 75,00 5,94
Gelnex Indústria e Comércio Ltda. --- 69,61 --- 69,61 59,34 17,30
Curtume Viposa S/A --- 68,56 --- 68,56 58,62 16,97
Incasa S/A --- 65,15 --- 65,15 73,01 -10,77
Schulz S/A --- 62,03 --- 62,03 62,21 -0,29
Vossko do Brasil Alimentos Congelados Ltda. --- 43,93 --- 43,93 43,84 0,20
Sertrading S/A --- 40,73 --- 40,73 20,14 102,22
Frame Madeiras Especiais Ltda. --- 37,85 --- 37,85 28,07 34,84
Marubeni Brasil S/A --- 35,28 --- 35,28 6,57 436,8
Netzsch do Brasil Indústria e Comércio Ltda. --- 34,56 --- 34,56 32,13 7,56
Indústria de Compensados Guararapes Ltda. --- 34,44 --- 34,44 32,01 7,58
Zen S/A Indústria Metalúrgica --- 33,29 --- 33,29 31,69 5,05
Portobello S/A --- 33,09 --- 33,09 25,64 29,05
Takata Brasil S/A --- 32,29 --- 32,29 29,57 9,22
Electro Aço Altona S/A --- 31,78 --- 31,78 30,79 3,20
Iguaçu Celulose Papel S/A --- 31,64 --- 31,64 33,46 -5,42
Fiagril Ltda. --- 29,97 --- 29,97 12,27 144,3
VARIAÇÃO
(%)EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS
TOTAL
2013
Abril 2014 | AMANHÃ | 34 |
paração, a África do Sul é a 39ª colocada
e o Peru, o 43º. Já no Global Competi-
tiveness Report de 2012/2013, o Brasil
está em 48º lugar em um ranking de 144
países. O problema é que, nos 12 pilares
de competitividade do último relatório,
aparece no primeiro quartil apenas nos
quesitos “tamanho de mercado” e “sofis-
ticação dos negócios”.
Mas há quem contrarie esse ciclo de
pessimismo.AWeg,tradicionalfabrican-
tedemotoreselétricos,geradoresetrans-
formadores, aparece na nona colocação
na lista das 25 empresas brasileiras com
maior presença global, elaborada pela
revista América Economia. Logo atrás,
justamente,daBRF.Venceressasbarreiras
exigiu um misto de produção em escala
e integração entre as áreas de produção.
“Assim como outras indústrias, também
sofremos com os gargalos logísticos, a
legislação trabalhista ultrapassada e a alta
carga de impostos. É difícil ser competi-
tivo arcando com custos que os concor-
rentes de fora não têm. Mas procuramos
contornar isso com ganhos de produtivi-
dade”, explica Luis Gustavo Lopes Iensen,
diretorcorporativointernacionaldaWeg.
Segundo ele, a empresa faz questão de
ter suas próprias fundições e verticalizar
ao máximo a produção – fabricando até
mesmo os fios de cobre que utilizam.
“Não somos uma simples montadora:
processamos as matérias-primas. Isso
explica o número relativamente elevado
de funcionários em relação ao nosso
faturamento”, explica.
Além de ter maior controle sobre
os custos da produção, a Weg ganha
flexibilidade nos prazos de entrega e,
consequentemente, mais competitivi-
dade. Ainda que esteja em 13° lugar no
ranking dos maiores exportadores do sul,
com US$ 740 milhões exportados em
2013, seu faturamento vai além do que
é produzido nas 15 plantas industriais
no país. Há outras 11 fábricas espalhadas
pelos cinco continentes, que produzem
de tintas e vernizes a motores elétricos,
transformadores, painéis e geradores.
O valor da diversificação
Foi a diversificação de produtos que
levou a Weg a uma conquista inédita
em 2012: pela primeira vez, as vendas
no mercado externo (51% do total)
foram maiores do que as do mercado
doméstico. Em 2013, o mercado interno
equilibrou a balança, com 50% para cada
lado. “O ano passado, nossas vendas se
mantiveram estáveis, pois houve uma
leve retração no mercado internacional.
Tivemos um crescimento relativamente
bom na área de bens de consumo, mas
não na área industrial”, diz Iensen.
As aplicações para a indústria são
responsáveis pela maior parte das ven-
das da Weg no exterior, o que explica a
leve retração de 1,7% nas exportações
em2013.“NossocorebusinessnaEuropa
são os motores elétricos para aplicação
na indústria. Esse é o carro-chefe das
nossas vendas no exterior”, garante Ien-
sen.JánoBrasil,háumalinharesidencial,
que inclui, por exemplo, bombas e moto-
res para piscinas. Mas a entrada da Weg
nesse mercado ainda é pequena fora do
país, admite Iensen.
O objetivo da empresa, agora, é atin-
gir os R$ 20 bilhões de faturamento em
2020 – em 2013, a empresa fechou com
R$ 6,8 bilhões. Traçada em 2011, a meta
representa quatro vezes o faturamento
da empresa na época. “Há um cresci-
mento orgânico e um planejamento de
aquisições e fusões. Temos mapeadas as
oportunidades de cada área de negócios
no Brasil e no exterior”, afirma Iensen.
Para isso, diz ele, a Weg desenvolve
seus produtos de olho nas tendências
globais de consumo e conta, ainda, com
uma área de certificações que aprova
(ou não) os produtos de acordo com
as normas das entidades reguladoras
exportadores do sul
Os maiores exportadores do Paraná	
Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB	
1.169,23
1.100,25
911,87
805,38
770,84
710,93
685,91
629,63
478,02
444,00
430,25
346,20
345,05
322,58
319,47
255,88
200,26
188,69
179,76
179,70
RENAULT DO BRASIL S/A
BRF - BRASIL FOODS S/A
BUNGE ALIMENTOS S/A
COAMO
CARGILL AGRíCOLA S/A
US. AÇÚCAR S. TEREZINHA LTDA.
LOUIS DREYFUS
CHS DO BRASIL
VOLVO DO BRASIL
NIDERA SEMENTES LTDA.
SEARA
ADM DO BRASIL LTDA.
KLABIN S/A
PETROBRAS
VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA.
US. Alto ALEGRE S/A
Cia. CACIQUE DE CAFÉ SOLÚVEL
ROBERT BOSCH LTDA.
C. VALE
SEARA ALIMENTOS LTDA.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
AMANHÃ | Abril 2014| 35 |
OS MAIORES EXPORTADORES DE SANTA CATARINA
Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB
1.114,54
740,56
673,10
532,40
441,72
412,20
396,98
278,74
161,28
141,70
126,87
118,28
115,70
105,79
90,67
86,15
75,26
71,97
70,76
69,61
BRF - BRASIL FOODS S/A
WEG EQUIP. ELÉTRICOS S/A
SEARA ALIMENTOS LTDA.
WHIRLPOOL S/A
TUPY S/A
COOP. CENTRAL AURORA ALIM.
SOUZA CRUZ S/A
BUNGE ALIMENTOS S/A
ALLIANCE ONE
PAMPLONA ALIMENTOS S/A
TYSON DO BRASIL ALIM. LTDA.
KLABIN S/A
JBS AVES LTDA.
UNIVERSAL LEAF TABACOS
PETROBRAS
ARCELORMITTAL
ADM DO BRASIL LTDA.
AMAGGI EXP. E IMP. LTDA.
CTA CONT. TOBACCOS ALLIANCE S/A
GELNEX
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
internacionais e características de cada
mercado. “É esse cumprimento dos mais
exigentespadrõesinternacionaisquenos
coloca como um dos maiores players de
motores elétricos do mundo, à altura
de qualquer concorrente internacional”,
orgulha-se Iensen.
Carros para o mundo
O setor automotivo também vem
buscando reverter as tendências ne-
gativas da participação da indústria
na balança comercial brasileira. No
sul, quem desponta nesse sentido é a
Renault. O Brasil já é o segundo maior
mercado da montadora, atrás apenas da
França – o que não é nada desprezível
para uma marca presente em 128 países.
As três fábricas do Complexo Ayrton
Senna, em São José dos Pinhais (PR),
receberam em 2013 um investimento
de R$ 500 milhões, suficientes para am-
pliar a capacidade de produção de 280
mil para 380 mil carros por ano. Mas a
prioridade não é exatamente exportar.
A ideia é abocanhar uma fatia maior de
um mercado que continua em expansão:
o interno. “Hoje, temos 6,6% do mercado
brasileiro de veículos. A ideia é chegar a
8% em 2016. Há espaço para isso, prin-
cipalmente se analisarmos a proporção
de automóveis por habitantes”, explica
Caique Ferreira, diretor de comunicação
da Renault. No Brasil, diz ele, há apenas
um automóvel para cada sete habitan-
tes, em média. Já nos Estados Unidos,
a proporção é de um veículo para cada
dois habitantes.
A Renault é tanto a maior expor-
tadora quanto a maior importadora
entre as montadoras do sul do país. Esse
volume de comércio externo não vem,
necessariamente, da insuficiência de
atendimento da demanda do mercado.
É uma decisão estratégica da empresa: a
produção do Clio ocorre na Argentina,
enquanto modelos como Duster, Logan
e Sandero, de grande demanda no Brasil,
OS MAIORES EXPORTADORES DO RIO GRANDE DO SUL
Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB
1.833,65
1.099,21
974,11
895,89
838,02
694,05
561,12
453,91
430,94
411,11
407,37
373,43
323,17
303,31
293,78
279,95
276,81
255,96
244,04
235,67
BRASKEM S/A
BUNGE ALIMENTOS S/A
BRF - BRASIL FOODS S/A
CARGILL AGRÍCOLA S/A
BIANCHINI S/A
LOUIS DREYFUS
NIDERA SEMENTES LTDA.
GM DO BRASIL LTDA.
ADM DO BRASIL LTDA.
PETROBRAS
JBS AVES LTDA.
UNIVERSAL LEAF TABACOS LTDA.
JOHN DEERE BRASIL LTDA.
NOBLE BRASIL S/A
SOUZA CRUZ S/A
BSBIOS
CTA
JTI PROC. TABACO BRASIL LTDA.
AGCO DO BRASIL
MARCOPOLO S/A
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012
são fabricados no Paraná. Essa espécie
de rodízio global, é claro, aumenta o vo-
lume comercializado pela empresa com
diferentes países – especialmente com a
própriaArgentina. Dos63 mil carrosque
a Renault exportou em 2013, cerca de 50
mil (ou quase 80%) foram enviados para
a Argentina, diz Caique.
A Renault não está sozinha nesse
modelo de produção. Hoje, a Argenti-
na representa aproximadamente três
quartos das exportações brasileiras de
veículos. Isso ocorre porque as mon-
tadoras fazem questão de manter uma
matriz de produção capaz de aproximar
os dois mercados. “Temos um acordo
de integração produtiva com a Argen-
tina. A produção deles depende de
peças brasileiras, assim como o Brasil
também depende das peças argentinas.
Há também vários modelos brasileiros
produzidos na Argentina, e vice-versa.
Os dois mercados são interdependentes”,
diz Luiz Moan Yabiku Junior, presidente
da Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea).
Ocrescimentodaproduçãodosetor
automotivo, aliás, também contraria os
rumores de uma desindustrialização. O
setor nunca produziu tanto. Em 2013,
foram 3,7 milhões de unidades, o que
representou um crescimento de 9,9% em
relação a 2012 – e um recorde histórico
para o setor. Já as exportações fecharam
em 563 mil unidades em 2013. Até o final
da década, a meta da Anfavea é pratica-
mente dobrar as vendas externas, com
cerca de 1 milhão de unidades enviadas
para o exterior todos os anos. Para isso, o
país já conta com investimentos de peso
anunciados pelas montadoras: a BMW
já está se instalando em Santa Catarina,
enquanto Mercedes-Benz e Land Rover
anunciaram novas plantas nos Estados
de São Paulo e Rio de Janeiro, respec-
tivamente. No total, os investimentos
chegam a quase R$ 2 bilhões. “O Brasil
é o quarto maior mercado automotivo
do mundo, mas apenas o sétimo maior
produtor.Precisamossubirnorankingda
produção”, atenta Moan, que também é
diretor institucional da General Motors
no Brasil. Ele diz não ter dúvidas de que
as montadoras brasileiras ainda vão se
tornar grandes exportadoras de produ-
tos de alto valor agregado. “Temos grau
de competitividade e tecnologia para
exportar para qualquer lugar do mundo”,
afirma. Espera-sequeo setorautomotivo
não se torne uma ilustre exceção.
EXPORTADORES DO SUL
Para além da fronteira: exportações puxaram os resultados da Coamo, que fechou 2013 com um crescimento de mais de 11% na receita bruta
Abril 2014 | AMANHÃ | 36 |
Tipo exportação:
plataformas como a P-55
jamais saíram do país,
mas ajudaram a vitaminar
as contas externas da
região sul em 2013
Superávit
flutuanteA EXPORTAÇÃO DE
PLATAFORMAS SALVOU
A BALANÇA COMERCIAL
DO SUL DO PAÍS EM 2013,
MAS NÃO ESCONDEU
SUAS FRAGILIDADES
EXPORTADORES DO SUL
Divulgação
ara compreender as recentes
mudanças na pauta de expor-
tações do sul do país é preciso voltar
no tempo. Mais precisamente, até 6 de
outubro de 2013. Naquele dia, a Petro-
bras concluiu uma operação que não só
vitaminou os números da balança co-
mercial brasileira – evitando o primeiro
déficit em 14 anos – como também
alterou a lista de produtos que o país,
e o sul em particular, mais exportam. E
foi uma senhora operação, diga-se: com
a ajuda de seis rebocadores, a empresa
lançou ao mar a P-55, uma das gigantes-
cas plataformas de petróleo construídas
pelo consórcio de empresas Quip no
ERB-1, como é conhecido o estaleiro
de Rio Grande. Com mais de 52 mil
toneladas e área superior a dois campos
de futebol, a estrutura levaria 16 dias
para cumprir o trajeto entre o porto
gaúcho e o campo de Roncador, na
Bacia de Campos, onde seria conectada
a poços situados a até 18 mil metros
de profundidade. Tratava-se, afinal, da
maior plataforma semissubmersível já
construída no Brasil e uma das maiores
do mundo. Mais do que isso: foi uma das
mais expressivas operações de exporta-
ção da história da Petrobras.
Os analistas em comércio exterior,
porém, tendem a subtrair a P-55 das
contas da balança comercial brasileira
em 2013. E a razão é simples: embora
tenha sido exportada, a plataforma não
chegou a sair do país. Isso foi possível
graças ao Repetro, sigla que designa
um programa de nome quilométrico:
Regime Aduaneiro Especial de Expor-
tação e Importação de Bens Destinados
à Exploração e à Produção de Petróleo
e Gás Natural. Desde 2004, o Repetro
autoriza a exportação, sem saída do
território nacional, de plataformas de
perfuração e produção de petróleo ou
P
Divulgação
Abril 2014 | AMANHÃ | 40 |
bons resultados à balança comercial do
Rio Grande do Sul. Mas dificilmente
compensará a queda no valor oriundo
das operações da Petrobras. “Como é
uma exportação fictícia, as plataformas
não devem ser encaradas como um
número muito pontual. Elas distorcem a
estatística das exportações”, destaca Ce-
zar Müller, coordenador do Conselho
de Relações Internacionais e Comércio
Exterior da Fiergs.
Sem as plataformas, a pauta de
exportações do Rio Grande do Sul se
mantém atrelada a um padrão histórico
– e pouco alentador: a total predomi-
nância das commodities agrícolas sobre
os produtos manufaturados. A exceção
é a venda de automóveis, que aparece
na sétima colocação entre os itens mais
exportados. Antes, aparecem a soja e
seus derivados (bagaço e óleo), fumo,
carne de frango, miúdos e polímeros
petroquímicos – que, embora sejam
industrializados, são vendidos também
como commodity. Exatamente o oposto
do que ocorre na pauta de importações,
que traz diversos itens de alto conteúdo
tecnológico.
Nesse sentido, o Rio Grande do Sul
repete uma tendência bem brasileira.
Somente em 2013, o déficit da balança
comercial do país para produtos manu-
faturados superou os US$ 100 bilhões.
“Apenas para equilibrar a balança
comercial nesse segmento teríamos
de dobrar as nossas exportações. Isso
demonstra o desafio que temos pela
frente”, ressalta Müller, da Fiergs.
Não há nada de errado em exportar
grãos, carnes, polímeros e outras com-
modities. Com terras em abundância e
clima favorável, é natural que o Brasil
continue sendo um grande celeiro do
mundo. O problema é o baixo peso
dos produtos manufaturados na pauta
de exportações. Atualmente, 65% dos
produtos exportados pelo Brasil são
commodities, como minério de ferro,
gás natural. A P-55, especificamente, foi
adquirida pela Petrobras Netherlands
B.V. (PNBV), subsidiária da estatal
brasileira na Holanda, para depois
ser alugada para operar no Brasil. A
operação permite que as petroleiras
não paguem PIS, Cofins e IPI sobre as
plataformas. E permite também que
o governo adicione receitas artificiais
nas contas externas brasileiras. Aliás,
artificiais e também ocasionais – já que,
em 2014, o país “exportará” apenas duas
plataformas, num valor total de US$ 2,5
bilhões, quase US$ 5 bilhões a menos
do que no ano anterior.
Na onda do petróleo
O fato é que as operações da Petro-
bras afetaram a composição da pauta
exportadora do sul do país, especial-
mente a do Rio Grande do Sul. Em 2013,
as vendas externas do Estado somaram
US$ 25 bilhões – e mais de 18% desse
valor se refere a plataformas. Não por
acaso, foi primeira vez em muitos anos
que a soja perdeu o posto de produto
mais exportado pelos gaúchos – ainda
que os volumes embarcados tenham
mais que dobrado em relação a 2012,
quando houve a quebra de safra. Em
2014, a promissora colheita deve trazer
Principais produtos importados	
Valores em US$ milhões FOB
2.024,81
1.998,85
1.697,73
1.653,77
333,27
267,28
259,13
224,78
171,38
147,16
Fertilizantes e insumos
Automóveis
Petróleo
Motores e autopeças
Componentes eletrônicos
Pneus
Máquinas e peças agrícolas
Trigo
Feijão
Combustíveis diversos
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
Principais produtos exportados		
Valores em US$ milhões FOB
3.966,56
2.024,11
1.473,37
1.218,46
1.131,91
947,22
756,91
618,57
566,38
551,90
Soja em grão
Carne de ave e derivados
Bagaço de soja
Açúcar
Automóveis
Milho em grão
Combustíveis diversos
Motores e autopeças
Madeira
Óleo de soja
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
exportadores do sul
a pauta paranaense
AMANHÃ | Abril 2014| 41 |
soja e carnes. Uma realidade que deixa o
país cada vez mais exposto a oscilações
externas de preço.
“O mercado das commodities é
muito instável, pois quem define os
preços é o mercado internacional, as
quantidades e o clima. Somos meros
agentes passivos”, analisa José Augusto
de Castro, presidente da Associação
de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Neste ano, diz ele, só o minério de ferro
já registrou uma queda de 30% nos pre-
ços. No caso dos produtos manufatu-
rados, o exportador tem mais controle
sobre o valor cobrado. “Os contratos são
de médio e longo prazo. Isso dá mais
estabilidade, garantindo que não haverá
cortes bruscos de receita de exportação”,
diz Castro.
O celeiro do sul
Sozinho, o Paraná respondeu por
quase 10% das exportações brasileiras
em 2013. Grande parte delas veio das
commodities, especialmente da soja,
com quase US$ 4 bilhões. Mas há outros
produtos primários importantes que
agregam mais valor à pauta de exporta-
ção paranaense: carnes, açúcares, cere-
ais, madeira, papel e celulose e móveis.
O Porto de Paranaguá já se especializou
na exportação desses bens. “Diferente-
mente de Santa Catarina, o Paraná tem
uma estrutura portuária mais focada na
movimentação de mercadorias a granel,
o que resulta em um menor volume de
embarques e desembarques de contêi-
neres”, afirma Roberto Antonio Peredo
Zurcher, economista da Fiep.
Essa estrutura facilita a exportação
de grãos, que não são transportados em
contêineres. E, quando o assunto é soja,
quem aparece como um componente
forte nas exportações paranaenses é a
Coamo.
Maior exportadora entre as coo-
perativas do Brasil, a Coamo enviou
cerca de 3,5 milhões de toneladas de
soja ao exterior em 2013 – ao preço de
US$ 805,3 milhões. A maior parte dos
embarques foi de farelo de soja (des-
tinado principalmente à Europa) e de
soja em grão (para a China). José Aroldo
Gallassini, presidente da Coamo, diz
que o principal desafio no caminho
dos exportadores é logístico. Cada
saca de soja enfrenta gargalos como
frete caro, rodovias em más condições
e demora no embarque. “O ano passado
foi um desastre”, lamenta. Segundo ele,
a cooperativa sofreu com a demora no
Porto de Paranaguá, que chegou a ter
117 navios na fila de espera, impondo
um atraso de 110 dias no embarque
e multas de US$ 10 mil a US$ 15 mil
dólares por navio a cada dia de atraso.
“Chegamos a comprar produto na
Europa para atender os clientes que já
haviamcomprado,eembarcamosmilho
para o Japão por Rio Grande, distante
1.400 km do Mato Grosso do Sul, onde
o grão foi colhido.”
Para minimizar o problema, a ad-
ministração do Porto de Paranaguá ins-
tituiu uma portaria que dá preferência
aos navios que já têm carga completa.
Antes, todos esperavam na mesma fila
e precisavam aguardar a aquisição do
PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS
Valores em US$ milhões FOB
1.134,10
978,07
647,20
531,60
433,63
248,61
213,69
171,37
160,24
121,82
CÁTODOS DE COBRE
POLÍMEROS PETROQUÍMICOS
FIOS PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL
PRODUTOS SIDERÚRGICOS
ROUPAS E TECIDOS
PNEUS
AUTOMÓVEIS
FERTILIZANTES E ADUBOS
LUVAS DE BORRACHA
GARRAFAS E FRASCOS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS
Valores em US$ milhões FOB
1.934,35
876,34
591,27
481,08
419,78
417,85
411,08
241,77
209,77
163,72
CARNE DE AVE E DERIVADOS
FUMO E DERIVADOS
COMPRESSORES DE REFRIG.
SOJA EM GRÃO
CARNE SUÍNA E DERIVADOS.
MOTORES ELÉTRICOS
BLOCOS DE MOTORES
CARNES PROCESSADAS
MADEIRAS
MÓVEIS E SEUS ACESSÓRIOS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
A PAUTA CATARINENSE
Abril 2014 | AMANHÃ | 42 |
PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS
Valores em US$ milhões FOB
3.679,03
1.777,70
2.654,16
1.684,51
152,77
781,08
185,87
551,54
178,64
114,45
PETRÓLEO
AUTOMÓVEIS
NAFTA PETROQUÍMICA
FERTILIZANTES E INSUMOS
MOTORES E AUTOPEÇAS
BENS DE CAPITAL INDUSTRIAIS
TRIGO
BORRACHAS
MÁQUINAS E PEÇAS AGRÍCOLAS
PNEUS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS
Valores em US$ milhões FOB
4.225,19
2.250,72
282,84
SOJA EM GRÃO*
FUMO E DERIVADOS
POLÍMEROS PETROQUÍMICOS
CARNE DE AVE E DERIVADOS
BAGAÇO DE SOJA
MÁQUINAS E PEÇAS AGRÍCOLAS
MOTORES E AUTOPEÇAS
ARROZ
TRIGO
ÓLEO DE SOJA
*Pela contabilidade oficial, o principal produto exportado é plataforma de petróleo, mas AMANHÃ
desconsiderou por se tratar de uma metodologia que contabiliza os últimos três anos.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
325,83
362,66
503,73
808,47
1.201,99
1.360,56
1.841,87
produto para embarcar, o que gerava
mais atrasos. “Agora, podemos embar-
car em três berços, desde que haja pelo
menos 18 mil toneladas por navio. Isso
favoreceu muito e, neste ano, ainda não
tivemos problemas de embarque”, diz
Gallassini.
Problemas na Argentina
Desde 2008, Santa Catarina não
sabe o que é ter uma balança comercial
superavitária. De 2009 a 2013, a balança
comercial catarinense acumulou um
déficit de US$ 20 bilhões. O diagnós-
tico é simples: Santa Catarina importa
muito mais do que exporta. Na última
década, as compras realizadas pelo
Estado cresceram 14 vezes, enquanto
as exportações mal triplicaram. O
que explica o descompasso é o perfil
industrial de Santa Catarina, que de-
pende mais de produtos e componentes
fabricados no exterior – daí o fato de a
pauta de importações ser dominada por
cátodos de cobre (usados em indústrias
como construção civil, eletroeletrônica
e automotiva), polímeros, pneus para
ônibus e caminhões, além de matérias-
-primas da área de confecção, como
fibras artificiais e fios têxteis. Pelos
cálculos de Maria Teresa Bustamante,
presidente da Câmara de Comércio
Exterior da Fiesc, pelo menos 70% das
importações catarinenses são de maté-
rias-primas industriais. “Esses produtos
passaram a ser adquiridos no exterior
porque são de excelente qualidade e têm
preços em condição de compor bem o
custo de fabricação. É uma importação
produtiva”, garante ela. Nesse contexto,
o aumento das compras externas é um
bom sinal: trata-se de uma consequên-
cia direta da ampliação da capacidade
instalada das indústrias instaladas em
Santa Catarina.
Se as importações não preocupam,
as exportações catarinenses têm se
mostrado decepcionantes. Os embar-
ques do Estado caem sem parar desde
2011. E a principal razão está no sul da
América do Sul. “O protecionismo exa-
cerbado da Argentina tem sido muito
sentido em Santa Catarina. Perdemos
um polo de importação expressivo,
um parceiro que, pela proximidade
geográfica, deveria ser um mercado
natural para nossos produtos, assim
como o Brasil é para os deles”, afirma
Maria Teresa. “Tínhamos um espaço
expressivo na pauta de calçados, têxteis,
refrigeração e motores. Agora, percebe-
mos que alguns produtos deixaram de
fazer parte dessa pauta”.
As exportações de componentes
para motores, por exemplo, caíram de
US$ 405 milhões para US$ 391 milhões
entre 2012 e 2013. Os compressores de
ar para refrigeração também apresen-
taram queda acentuada no período, de
US$ 504 milhões para US$ 407 milhões.
“Além da burocracia cada vez maior nas
exportações para a Argentina, há custos
exorbitantes para manter mercadorias
que chegam a ficar 180 dias nas áreas
alfandegárias. O problema da Argentina
chegou ao limite e os exportadores não
têm mais fôlego para superar essas bar-
reiras”, lamenta Maria Teresa, da Fiesc.
A PAUTA GAÚCHA
Abril 2014 | AMANHÃ | 44 |
Às compras:
urbanização da
população chinesa
é uma oportunidade
única para os
exportadores do sul
exportadores do sul
Novos destinos,
velhos gargalosa boa notícia: cada vez mais exportadores do sul
conquistam clientes em mercados periféricos.
a má: poucos deles vendem mais que commodities
HuChenhuan/Xinhua/AFP
AMANHÃ | Abril 2014| 45 |
China vai sustentar um cresci-
mentoeconômicorelativamente
elevado, mas não superelevado.” A frase
do presidente chinês Xi Jinping durante
uma conferência na China não deixa
dúvidas: até os chineses já aceitaram
que a era do crescimento de dois dígitos
chegouaofim.Otemidodesaquecimento
da economia chinesa colocou em alerta
muitos analistas que previam um forte
impactonasexportaçõesbrasileiras.Mas
o quadro que se apresenta é inverso: à
medida que reduz seu ímpeto de cres-
cimento, a China parece cada vez mais
ávida pelos produtos clássicos da pauta
de exportações brasileiras.
Em 2010, as exportações do Brasil
para a China somavam US$ 30,7 bilhões.
Em 2013, já chegavam a US$ 46 bilhões,
um crescimento de 50%. No mesmo
intervalo de tempo, as vendas para os
Estados Unidos avançaram apenas 26%.
Convém lembrar que, até 2008, os ame-
ricanoseramosgrandescompradoresde
produtos brasileiros. Deixaram essa lide-
rança após a crise do subprime – e, desde
então, jamais recuperaram os índices de
comércioquecostumavammantercomo
Brasil.JáaChina,àquelaaltura,eraapenas
o terceiro país que mais importava do
Brasil. Perdia até para a Argentina.
Hoje, há cerca de 30 milhões de chi-
neses vivendo abaixo da linha da pobreza
– com menos de 150 euros por ano. E a
estatística,porincrívelquepareça,merece
alguma comemoração. Até o ano 2000,
o país contava com mais que o dobro de
pessoas abaixo da linha da pobreza. De lá
para cá, milhões de chineses se inseriram
nomercadodeconsumoemigrarampara
as cidades – onde passaram a demandar
alimentos que o Brasil exporta em abun-
dância, como o café. “Até a década de
1990, o consumo de café era proibido na
China, por ser considerado uma prática
ocidental. No passo passado, porém, o
“
A RIO GRANDE DO SUL - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões F.O.B.
4.550,98
2.897,17
2.522,37
1.897,53
1.641,62
715,95
647,64
565,63
545,83
484,83
CHINA
PANAMÁ*
HOLANDA*
ARGENTINA
ESTADOS UNIDOS
PARAGUAI
COREIA DO SUL
ALEMANHA
BÉLGICA
URUGUAI
* Trata-se de uma distorção causada pela contabilização das plataformas de petróleo e gás.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
SANTA CATARINA - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões FOB
1.021,38
691,61
523,56
523,29
517,64
357,36
311,42
301,12
284,50
278,17
ESTADOS UNIDOS
CHINA
JAPÃO
HOLANDA
ARGENTINA
REINO UNIDO
MÉXICO
RÚSSIA
BÉLGICA
ALEMANHA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
PARANÁ - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões FOB
3.978,88
2.048,89
839,00
720,41
635,46
628,94
622,46
420,61
418,70
382,80
CHINA
ARGENTINA
HOLANDA
ESTADOS UNIDOS
ALEMANHA
ARÁBIA SAUDITA
PARAGUAI
JAPÃO
FRANÇA
COREIA DO SUL
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
HuChenhuan/Xinhua/AFP
Abril 2014 | AMANHÃ | 46 |
país já importou 1 milhão de sacas. Os
chineses estão aprendendo a apreciar o
café”, afirma Fernando Mourad, diretor da
Câmara Chinesa de Comércio do Brasil
(CCCB). Hoje, diz ele, a rede de cafeterias
Starbucks tem mais lojas na China do que
nos Estados Unidos.
Esse contexto explica por que os
embarques para a China devem crescer a
despeito dos resultados do PIB. Segunda
maior economia do mundo – e pronta
parasetornaraprimeiraaté2016,segundo
umrelatóriodaUniversidadedeOxford–,
aChinavemdeixandoparatrásomodelo
queatransformounapotênciadehoje.Em
vezdospesadosinvestimentosestataisem
infraestrutura e do foco nas exportações,
o governo chinês vem dando prioridade
ao crescimento do mercado interno. “Isso
não significa que não podemos manter o
crescimento a um passo rápido, mas não
queremos mais isso”, afirmou o presidente
Xi Jinping, em uma conferência realizada
no ano passado.
O foco no fortalecimento do merca-
do interno abre boas oportunidades para
o Brasil – e, consequentemente, para a
região sul. “O presidente Xi Jinping já
deu sinais de que nós, latino-americanos
ebrasileiros,teremosumagrandeimpor-
tâncianaagendadiplomáticaecomercial
chinesa. Esse comércio é fundamental
parasustentarocrescimentochinêseper-
mitir que o país seja reconhecido como
uma potência global”, afirma Mourad, da
CCCB. Em 15 de julho, logo após a Copa,
Jinping e outros líderes dos países em de-
senvolvimentovirãoaoBrasilparaasexta
cúpuladosBrics,quereúneBrasil,Rússia,
Índia, China e África do Sul.
O drama do Mercosul
O Mercosul não é mais o mesmo.
Nos últimos anos, o bloco deixou de ser
a esperança de uma abertura do Brasil
para o mundo e se tornou uma espécie
de fardo político. Os poucos acordos
comerciais do bloco são com mercados
pouco expressivos – como Egito, Mar-
rocos e Israel. Enquanto isso, potências
como Estados Unidos e Japão alinham
importantes acordos bilaterais com a
Inglaterra. Também há bons exemplos
naprópriaAméricaLatina:oChilejátem
mais de 50 acordos comerciais assinados
com outros países e blocos econômicos.
Basicamente, o Mercosul esbarra
na própria burocracia – que exige, entre
outros caprichos, consenso dos países-
-membros na consolidação de tratados
comoutrasnações.Issoexplicaporquea
negociaçãodeumaáreadelivrecomércio
comaUniãoEuropeia,consideradaestra-
tégica para o Brasil, já se arrasta há mais
de uma década sem avanços expressivos.
A letargia, é claro, traz consequências di-
Amarrados à mesa: regras aduaneiras do Mercosul impedem que o Brasil negocie acordos mais vantajosos com outros países e blocos
Agência Brasil
exportadores do sul
AMANHÃ | Abril 2014| 47 |
retasàbalançacomercialbrasileira.Entre
2012e2013,asexportaçõesparaospaíses
europeuscaíram12%,deUS$37,4bilhões
para US$ 33 bilhões. “O Brasil caiu numa
camisa de força da qual não quer ou não
sabe como sair. O país não tem liberdade
para tomar decisões e, assim, fica isolado
comercialmente.Cadaacordotemdeser
negociadoembloco”,analisaJoséAugusto
de Castro, presidente da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O Brasil propõe uma eliminação
de 87% das tarifas de importação de
produtos europeus. Uruguai e Paraguai
defendem um percentual ainda maior,
de quase 90%. Já a Argentina pleiteia, no
máximo, 80%. Pudera: com uma econo-
miafragilizada,osargentinostememque
aaberturaàsimportaçõeseuropeiaspossa
agravar sua crise cambial. Mais ainda
com o preço da soja em queda e com a
redução na safra de trigo, entre outros
fatores que enfraquecem a presença da
Argentinanosfluxosglobaisdecomércio.
Segundo Castro, da AEB, o país está se
desdobrando para gerar novas receitas
cambiais – e a única forma de conseguir
isso é com um superávit comercial de, no
mínimo, US$ 10 bilhões por ano. No ano
passado, por exemplo, o saldo argentino
foi de US$ 9 bilhões.
O sul sente mais
O sul do país é a região que mais
sente as consequências da falta de enten-
dimento entre os países do Mercosul, es-
pecialmentedaArgentina.Em2010,oRio
GrandedoSultinhaomercadoargentino
comodestinode10%desuasexportações.
Hoje, o percentual é de 7,6%. A queda é
agravada pela complicada situação do
setorcalçadista.Em2013,asexportações
decalçadosbrasileirosparaláencolheram
13%. “A Argentina é o nosso segundo
mercado mais importante. Por força da
políticaprotecionista,estamosperdendo
umagrandeparticipaçãonessemercado”,
diz Heitor Klein, presidente executivo da
RIO GRANDE DO SUL - MAIORES SUPERÁVITS
* Valores em US$ milhões FOB
3.318,33
2.897,17
2.392,74
715,95
545,83
CHINA
PANAMÁ
HOLANDA
PARAGUAI
BÉLGICA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
SANTA CATARINA - MAIORES SUPERÁVITS
* Valores em US$ milhões FOB
523,29
314,14
301,12
284,50
245,85
HOLANDA
JAPÃO
RÚSSIA
BÉLGICA
ARÁBIA SAUDITA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
PARANÁ - MAIORES SUPERÁVITS
* Valores em US$ milhões FOB
774,39
686,90
628,94
343,04
320,69
CHINA
HOLANDA
ARÁBIA SAUDITA
PERU
HONG KONG
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados (Abicalçados).
Para Cezar Müller, coordenador do
Conselho de Relações Internacionais e
Comércio Exterior da Fiergs, também
pesa o fato de a Argentina não favo-
recer os países do Mercosul em suas
decisões de compra. “O Rio Grande do
Sul tem perdido posições importantes
em função das barreiras e do controle
de importações argentinas. E não temos
tido nenhum tipo de sinalização de que
isso irá mudar”, diz ele.
Uma ponta de esperança surgiu nas
últimas semanas, com a perspectiva de
troca das listas de ofertas entre os países
– uma possibilidade que conta com a
simpatia da Argentina. Com isso, as ne-
gociações com a União Europeia podem
finalmente avançar. Recentemente, tanto
oBrasilquantoaArgentinacomeçarama
articular propostas para apresentar uma
oferta comum aos europeus. Após uma
reunião entre os ministros argentinos da
Abril 2014 | AMANHÃ | 48 || 48 |
Economia, Axel Kicillof, e da Indústria,
Debora Giorgi, o ministro de Desenvol-
vimento, Indústria e Comércio Exterior
brasileiro, Mauro Borges, afirmou que
o país está caminhando para uma oferta
conjunta do Mercosul. Se não acontecer,
o Brasil já dá mostras de que poderá
puxar o processo de forma independen-
te – conforme apregoa a presidente da
Confederação Nacional de Agricultura
do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu.
“Outra alternativa seria transformar o
Mercosulemumaáreadelivrecomércio,
deixando de ser uma união aduaneira, o
que concederia aos países do bloco liber-
dadeparanegociaracordosbilaterais.Ou
vamos esperar que a Argentina puxe o
Brasilparajuntodelanacrise?”,questiona
Castro, da AEB.
Mercados alternativos
O fato é que o ranking dos maiores
compradores de produtos do sul do país
está mudando. A China está crescendo e
os destinos mais tradicionais – Estados
Unidos e Argentina – perdem força. Ao
mesmo tempo, uma tendência começa a
se consolidar: a de expansão nas vendas
paramercadosque,atébempoucotempo
atrás, eram considerados alternativos.
Países como os da região da Indochina
–Tailândia, Cingapura, Vietnã e Malásia
–, entre outros que vêm despontando na
lista dos principais destinos das exporta-
çõesdosEstadosdosul(vejamaisdetalhes
exportadores do sul
NO Rio Grande do Sul
País
Holanda	292,88
Tailândia	187,77
Coreia do Sul	 113,74
Taiwan (Formosa)	 88,68
Cingapura	60,25
Crescimento
em 2013 (%)
EM Santa Catarina
País
Cingapura	24,03
China	23,46
Peru	15,25
Bolívia	15,05
Chile	14,97
Crescimento
em 2013 (%)
DESTINOS* DE EXPORTAÇÕES QUE MAIS CRESCEM...
*Entre os 30 principais destinos das exportações do Estado. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
NO PAraná
País
Vietnã	409,31
Malásia	43,95
Emirados Árabes Unidos	 35,60
Espanha	34,13
França	33,11
Crescimento
em 2013 (%)
nas tabelas abaixo). O peso desses países
ainda é pequeno na balança comercial
brasileira,éverdade.Masseucrescimento
tem sido expressivo – o que abre novas
oportunidadesparaaregiãosul.OParaná,
por exemplo, registrou um salto de mais
de 400% nas vendas para o Vietnã entre
2012 e 2013. Já o Rio Grande do Sul viu
seus embarques quase triplicarem para
a Tailândia. No caso de Santa Catarina,
o foco ainda está em países da América
Latina, como Peru, Bolívia e Chile.
Mas essa mudança não é necessa-
riamente boa. Para os Estados Unidos
e Argentina, a maior parte das exporta-
ções era de produtos manufaturados e
semimanufaturados.Paraossul-asiáticos,
concentra-seemprodutosbásicos,como
açúcar,minérios,ligasmetálicasederiva-
dos de petróleo. “Eles compram nossos
produtos e industrializam. Acabam se
tornando concorrentes no mercado
internacional. Nossa missão é tentar
recuperar nossa produtividade interna”,
analisa Müller, da Fiergs.
Nesse compasso, o aumento das
exportações para mercados tradicionais
depende, basicamente, de esforços isola-
dos de alguns setores – como o vitiviní-
cola.Dezanosatrás,oInstitutoBrasileiro
do Vinho (Ibravin) firmou uma parceria
com a Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex-
-Brasil) e lançou o Wines of Brasil. Hoje,
o projeto reúne 35 vinícolas de todo o
país na tentativa de promover o vinho
brasileiro no exterior, com ênfase nos
mercados com maior poder aquisitivo.
E já contabiliza conquistas importantes.
Principal mercado externo do vinho
brasileiro, os Estados Unidos respondem
agora por um quarto das exportações do
setor – não por acaso, já há um escritório
instalado no país para facilitar a entrada
de rótulos brasileiros. Iniciativas seme-
lhantes foram tomadas na Alemanha e
noReinoUnido.Osescritóriostrabalham
asmarcasnaimprensa,pontosdevendae
feiras, e promovem até aulas de enologia.
“O vinho brasileiro já atingiu maturidade
“As restrições argentinas nos
afetam muito, e não há sinal
de que irão mudar”
Cézar Müller
Coordenador de comércio exterior da Fiergs
Divulgação
AMANHÃ | Abril 2014| 49 |
no exterior. Não é mais um item exótico.
Formadores de opinião já conhecem a
produção local e veem o Brasil como um
produtorimportantenocenáriomundial.
Temos percebido uma evolução rápida”,
destaca Roberta Baggio Pedreira, gerente
do projeto Wines of Brasil.
Somente no primeiro semestre de
2013, o volume de vinhos exportados
para a Alemanha cresceu 20 vezes. Para
Hong Kong, o salto foi de 13 vezes. O
próximo passo é chegar à China, maior
importador de vinhos do mundo. “O
produto brasileiro tem um mercado
vasto pela frente. Os consumidores es-
trangeiros ainda têm muito a conhecer.
Nosso objetivo é que eles identifiquem o
nosso vinho como uma opção imediata
de compra”, explica Roberta. Países com
tradição no consumo da bebida, acres-
centa ela, estão aprendendo a apreciar o
tom frutado e o baixo teor alcoólico dos
rótulos made in Brazil. “Começamos a
entrar nas grandes redes internacionais.
Até então, nosso foco era construir a
imagem e a reputação. Agora, estamos
montando uma rede de distribuição.
O consumidor vai poder encontrar o
produto mais facilmente”, empolga-se
Roberta.
Novos destinos
Entre os setores que vêm perdendo
espaço lá fora, o calçadista é o que sofre
mais percalços. Em 2013, por exemplo,
a quantidade de calçados brasileiros
enviada para o exterior cresceu 8,5%
em relação ao ano anterior, chegando a
122,9milhõesdepares.Entretanto,oavan-
çonãoserefletiunocaixadasempresasdo
setor.Comocâmbiodesfavoráveleocerco
da concorrência asiática, o faturamento
totaldaindústriacalçadistaestacionouem
pouco mais de R$ 1 bilhão – um incre-
mento de apenas 0,2%emrelaçãoaoano
anterior. Além disso, os exportadores
perderam posições em mercados im-
portantes, como nos Estados Unidos,
onde a venda de calçados brasileiros
recuou 15%. Para contornar o proble-
ma, os empresários estão indo à luta.
“Estamos trabalhando na abertura de
novos mercados onde, até pouco tempo
atrás, não tínhamos uma participação
relevante”, explica Heitor Klein, da
Abicalçados. Entre os novos destinos
estão a Rússia, a China, o Paraguai e
Angola. O passo seguinte é emplacar
as marcas brasileiras no exterior, com
design original e maior valor agregado.
“Isso vem crescendo a cada ano. O
que ainda freia nossas exportações é o
custo-Brasil, que torna nosso produto
pouco competitivo. Se não fosse isso,
voltaríamos a crescer rapidamente
nesses países”, sustenta Klein.
Déficit nas bombas: só em 2013, as importações da Petrobras totalizaram US$ 5,2 bilhões no sul do país
exportadores do sul
Abril 2014 | AMANHÃ | 50 |
Carros e
gasolinaa forte expansão no consumo nacional
de veículos coloca as montadoras e a
petrobras no topo do ranking das empresas
que mais importam pelo sul do país
Divulgação
ma análise cuidadosa da lista das
empresas que mais importam
pela região sul do país revela aquilo que
qualquer pessoa já desconfiava: nunca
se consumiu tanto carro no Brasil. No
ranking, elaborado com dados do Mi-
nistério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC), despon-
tam diferentes montadoras de veículos
– lá estão Renault, Volkswagen, Toyota,
Nissan e Volkswagen. Na liderança, com
importaçõestotaisdeUS$5,2bilhõesem
2013,apareceaPetrobras.Quenãomonta
veículos, mas é (a única) responsável por
abastecê-los no Brasil. Ao todo, os portos
do sul receberam US$ 12 bilhões em
importações de carros e combustíveis.
É quase 46% de tudo que chegou pelas
docas das 50 maiores importadoras da
região em 2013.
E nem poderia ser diferente. Nos
últimos dez anos, a elevação da renda
média dos brasileiros, combinada com a
melhora no acesso ao crédito, alavancou
oconsumodeveículos–ecombustíveis–
emtodoopaís.OBrasilsetornouumdos
poucosmercadosdomundoqueganham
mais carros e motos do que gente. Dados
do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran) revelam que, entre 2003 e
2013,houveumaumentodenadamenos
que123%nafrotabrasileira.Praticamente
12 mil carros por dia ao longo de dez
anos. Nesse mesmo período, porém, a
população cresceu apenas 11%.
Felizmente, como mostra o ranking
dos maiores importadores, o sul foi pro-
tagonistanessagrandetransformação.As
importações de veículos e combustíveis
refletem o crescimento da indústria
automotiva na região, liderada pelo polo
de São José dos Pinhais – que agrupa Re-
nault, Nissan, Volkswagen e Volvo. E que
deve ser reforçada no futuro com o início
das operações da BMW em Araquari.
Em 2013, aliás, a BMW apareceu pela
primeira vez na lista dos maiores impor-
tadores do sul do país, com compras de
US$ 166,4 milhões, todas elas realizadas
pelo Porto de Itajaí.
Importantes importações
Osnúmerostambématestamqueos
portosdosulestãoàalturadasnecessida-
desdaindústriaautomotiva–quenãosão
poucas. Para viabilizar a movimentação
de veículos (tanto para exportação quan-
to importação), os terminais precisam
contar com estruturas específicas para
descarregamento e armazenamento
das unidades. “Nesses portos, sempre é
preciso ter um pátio automotivo. Não
por acaso, nessa nova Lei dos Portos, nós
defendemos a necessidade de ampliação
desses pátios, já que pretendemos termi-
nar esta década com a exportação de 1
milhão de veículos”, explica Luiz Moan
Yabiku Junior, presidente da Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores(Anfavea).Em2013,lembra
ele, o Brasil exportou 563 mil carros.
As marcas associadas à Anfavea re-
U presentam, hoje, 80% da produção global
de veículos. E poucas delas concentram
suas linhas de produção em um único
país.Aocontrário:quasetodaselasdesen-
volvem cadeias de produção integradas
com unidades no exterior – e dependem
fortemente da eficiência dos portos para
viabilizarseusnegócios.Ouseja:ofatode
o sul importar muitos carros não repre-
sentaumafaltadecapacidadedaindústria
automotiva local. É apenas reflexo de um
modelo de atuação global que, até o mo-
mento,estádandocertotambémnoBra-
sil.“Semprehaveráumacomplementação
com produtos importados. Há modelos
que não compensa você produzir aqui,
porque não consegue ter economia de
escalasuficienteparadescentralizarapro-
dução em todo o mundo”, explica Yabiku,
quetambémédiretorinstitucionaldaGe-
neral Motors. De qualquer forma, conta
ele,oBrasiltemumaposiçãoprivilegiada
nosetorautomotivo:é,aomesmotempo,
o quarto maior mercado consumidor e o
PARANÁ - MAIORES DÉFICITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
1.268,22
685,61
654,37
562,41
527,28
NIGÉRIA
ALEMANHA
ESTADOS UNIDOS
FRANÇA
SUÉCIA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
PARANÁ - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
774,39
686,90
628,94
343,04
320,69
CHINA
HOLANDA
ARÁBIA SAUDITA
PERU
HONG KONG
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
AMANHÃ | Abril 2014| 51 |
Divulgação
Abril 2014 | AMANHÃ | 52 |
EXPORTADORES DO SUL
1
3
4
2
5
6
11
9
7
18
20
13
10
22
8
19
23
17
---
12
15
21
---
---
26
---
31
32
28
30
35
39
44
41
29
36
37
47
42
45
---
---
16
---
---
---
46
40
---
27
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
AS 50 EMPRESAS QUE MAIS IMPORTAM A PARTIR DO SUL
As companhias que lideraram os embarques na região, em 2013
Valores importados em US$ milhões FOB
POS.
2012
POS.
2013
Petrobras 1.777,44 --- 3.425,28 5.202,72 5.566,63 -6,35
Braskem S/A --- --- 2.072,63 2.072,63 1.877,19 10,41
Renault do Brasil S/A 1.757,39 --- --- 1.757,39 1.589,14 10,59
Volkswagen do Brasil Ltda. 1.749,10 --- --- 1.749,10 1.904,72 -8,17
Toyota do Brasil Ltda. --- --- 1.727,44 1.727,44 1.534,59 12,57
CISA Trading S/A --- --- 937,88 937,88 1.110,44 -15,54
Volvo do Brasil Veículos Ltda. 717,85 --- --- 717,85 539,20 33,13
Yara Brasil Fertilizantes S/A 171,5 --- 485,87 657,37 599,63 9,62
Copper Trading S/A --- 628,17 --- 628,17 831,13 -24,42
John Deere Brasil Ltda. --- --- 565,08 565,08 384,36 47,02
CNH Latin America Ltda. 550,66 --- --- 550,66 367,64 49,78
Positivo Informática S/A 515,82 --- --- 515,82 453,87 13,65
Bunge Fertilizantes S/A 191,34 --- 216,70 408,04 569,53 -28,35
Mosaic Fertilizantes do Brasil Ltda. 290,63 --- 104,76 395,39 330,76 16,34
Nissan do Brasil Automóveis Ltda. 394,65 --- --- 394,65 701,26 -43,72
Capital Trade Importação e Exportação Ltda. --- 371,57 --- 371,57 374,18 -0,7
Dow Brasil --- 365,02 --- 365,02 327,89 11,32
Columbia Trading S/A --- 362,13 --- 362,13 400,52 -9,59
Fertipar Fertilizantes do Paraná Ltda. 348,83 --- --- 348,83 247,21 41,11
Electrolux do Brasil S/A 326,94 --- --- 326,94 456,03 -28,31
Sainte Marie Importação e Exportação Ltda. --- 326,41 --- 326,41 432,72 -24,57
Komport Comercial Importadora S/A --- 297,02 --- 297,02 333,29 -10,88
General Motors do Brasil Ltda. --- --- 285,60 285,60 103,31 176,45
Quip S/A --- --- 271,12 271,12 3,72 ---
Sertrading (BR) Ltda. --- 270,89 --- 270,89 244,25 10,91
Ascensus Trading & Logística Ltda. --- 269,82 --- 269,82 260,16 3,71
Fertilizantes Heringer S/A 159,62 --- 86,46 246,09 201,97 21,84
Whirlpool S/A --- 233,50 --- 233,50 200,05 16,72
Diamond Business Trading S/A --- 223,26 --- 223,26 227,02 -1,66
Trop Comércio Exterior Ltda. --- 213,30 --- 213,30 211,3 0,94
AGCO do Brasil --- --- 207,97 207,97 190,81 9,00
Bunge Alimentos S/A 102,77 103,45 --- 206,22 174,32 18,29
South Service Trading S/A --- 201,24 --- 201,24 146,12 37,72
Macrofertil 199,43 --- --- 199,43 150,82 32,23
BRF- Brasil Foods S/A 187,62 --- --- 187,62 4,57 ---
Roche Diagnostica Brasil Ltda. --- 182,01 --- 182,01 188,14 -3,26
Fertilizantes Piratini Ltda. --- --- 181,61 181,61 181,5 0,06
Reyc Comércio e Participações Ltda. --- 177,51 --- 177,51 138,18 28,46
Milênia Agrociências S/A 171,02 --- --- 171,02 150,77 13,43
Link Comercial Importadora e Exportadora Ltda. --- 170,92 --- 170,92 143,98 18,71
BMW do Brasil Ltda. --- 166,36 --- 166,36 --- ---
Agro Industrial São Luiz Ltda. 165,99 --- --- 165,99 57,10 190,66
Pirelli Pneus Ltda. --- --- 162,69 162,69 186,01 -12,54
Plant Bem Fertilizantes S/A 162,55 --- --- 162,55 89,28 82,06
CHS do Brasil 84,03 --- 73,72 157,75 125,48 25,71
Nortox S/A 155,87 --- --- 155,87 123,44 26,27
International --- --- 147,34 147,34 143,39 2,76
Unifertil --- --- 146,75 146,75 160,71 -8,68
Tetra Pak Ltda. 145,71 --- --- 145,71 28,81 405,68
First S/A --- 144,15 --- 144,15 228,83 -37,00
EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS
TOTAL
2013
TOTAL
2012
VARIAÇÃO
(%)
AMANHÃ | Abril 2014| 53 |
SANTA CATARINA - MAIORES DÉFICITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
3.839,86
1.049,56
586,32
566,87
434,54
CHINA
CHILE
ARGENTINA
ALEMANHA
ÍNDIA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
SANTA CATARINA - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
523,29
314,14
301,12
284,50
245,85
HOLANDA
JAPÃO
RÚSSIA
BÉLGICA
ARÁBIA SAUDITA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
RIO GRANDE DO SUL - MAIORES DÉFICITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
1.882,77
1.790,53
1.285,90
468,64
408,41
ARGENTINA
NIGÉRIA
ARGÉLIA
MÉXICO
MARROCOS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
RIO GRANDE DO SUL - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013
* Valores em US$ milhões FOB
3.318,33
2.897,17
2.392,74
715,95
545,83
CHINA
PANAMÁ
HOLANDA
PARAGUAI
BÉLGICA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
sétimo maior polo produtor de veículos
do planeta.
Nesse cenário, é compreensível que
a Petrobras desponte como a grande im-
portadora do sul do país. E ao que tudo
indica vai manter essa posição por muito
tempo. Para atender ao crescimento do
consumo interno, a estatal já anunciou
que deverá dobrar os volumes de im-
portação de combustíveis. As previsões
dão conta de que as compras externas
da empresa deverão se estabilizar em 60
mil barris por dia, neste ano. No ano pas-
sado, a média foi 32 mil barris. A notícia
é mais um fator de preocupação para os
investidoresdacompanhia,àsvoltascom
umendividamentocrescenteedenúncias
desuperfaturamentoemágestão.Noano
passado, a produção de óleo e gás da Pe-
trobras caiu 2,5%, o menor resultado des-
de2008.Alémdisso,apetroleiracontinua
amarradaàpolíticadecontroledepreços
do governo federal, que a obriga a vender
combustíveis a um valor mais baixo que
o da compra. Não por acaso, a Petrobras
é a companhia menos rentável entre as
grandesdosetornomundo,segundoum
levantamento divulgado em março pelo
Credit Suisse.
Compras da competitividade
A maioria dos importadores, po-
rém, vem registrando sequências de
bons resultados. É o caso da Yara Bra-
sil. Dona de um quarto do mercado
brasileiro de adubos e fertilizantes, a
companhia desponta na oitava coloca-
ção entre as maiores importadoras do
sul do país. Só em 2013, suas compras
externas totalizaram US$ 657,3 mi-
lhões, um avanço de 9,6% em relação
ao ano anterior. E a tendência é de que
esses valores cresçam ainda mais: em
dezembro de 2012, a Yara adquiriu a
divisão de fertilizantes da Bunge em um
negócio avaliado em US$ 750 milhões.
No Brasil, a incorporação foi concluída
em agosto – e o plano é que as sinergias
Abril 2014 | AMANHÃ | 54 |
PARANÁ - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões FOB
3.204,49
2.322,15
1.374,78
1.321,07
1.268,22
981,11
627,90
545,55
527,28
471,55
CHINA
ARGENTINA
ESTADOS UNIDOS
ALEMANHA
NIGÉRIA
FRANÇA
ESPANHA
ITÁLIA
SUÉCIA
MÉXICO
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
SANTA CATARINA - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões FOB
4.531,47
1.230,15
1.103,97
1.023,72
845,05
455,66
434,54
371,19
342,43
289,14
CHINA
CHILE
ARGENTINA
ESTADOS UNIDOS
ALEMANHA
PERU
ÍNDIA
COREIA DO SUL
ITÁLIA
INDONÉSIA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
RIO GRANDE DO SUL - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES
* Valores em US$ milhões FOB
3.780,30
1.790,53
1.285,90
1.274,91
1.232,64
723,5
665,39
468,64
408,41
385,31
ARGENTINA
NIGÉRIA
ARGÉLIA
ESTADOS UNIDOS
CHINA
ALEMANHA
VENEZUELA
MÉXICO
MARROCOS
ITÁLIA
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
com a nova controlada comecem a dar
resultados a partir deste ano.
Atualmente, 70% das matérias-pri-
mas utilizadas pelos fabricantes brasilei-
ros de fertilizantes são importadas. E o
índice poderia ser ainda maior. O Brasil,
comosesabe,éumgrandeconsumidorde
fertilizantes,masaindacarecedeinsumos
essenciais pra produzi-los. “Por exemplo:
não temos gás natural suficiente para
transformaronitrogênioemamônia,que
é necessária para produzir o fertilizante”,
esclareceLairHanzen,presidentedaYara
Brasil.Amaiorpartedasimportaçõessão
de substâncias simples, como nitrogênio,
fósforo e cloreto de potássio. As reservas
brasileiras desses produtos, além de es-
cassas, localizam-se em pontos de difícil
acesso, o que torna a importação mais
vantajosa. A única fornecedora brasileira
de cloreto de potássio é a Vale – que não
atende nem a 10% da demanda nacional.
Origens preferenciais
A maior parte das importações bra-
sileiras de insumos para fertilizantes tem
origem na Rússia e na Bielorússia, seguidas
por Canadá e Alemanha. Mas, no placar
geral, são dois os países que mais vendem
produtos para o Brasil e, especialmente,
paraaregiãosul:ChinaeArgentina.“Nossas
exportaçõesparaomercadochinêssecon-
centram, basicamente, em commodities e
produtos básicos, como plásticos, borra-
chas, calçados e couros. Já as importações
sãobemmaispulverizadas.Nocasodosul,
predominamasmáquinaseosequipamen-
tos”, constata Fernando Mourad, diretor da
Câmara Chinesa de Comércio do Brasil
(CCCB). O desequilíbrio se deve a velhos
problemas estruturais do país. “Nosso sis-
tema tributário é arcaico. Perdemos muito
tempocomosimplesatodepagarastaxas”,
reclama Fábio Pesavento, coordenador do
NúcleodeEconomiaEmpresarialdaESPM-
-Sul. Felizmente, isso não tem impedido as
grandesimportadorasdosuldeobterbons
resultados.
EXPORTADORES DO SUL
Abril 2014 | AMANHÃ | 56 |
supersafra de grãos que o Brasil
colheu em 2013 foi comemorada
pelo governo, pelas empresas e pelos
próprios produtores – que, apenas um
ano antes, haviam sofrido com uma das
mais violentas estiagens da história. O
que ninguém comemorou foram os ver-
dadeiros malabarismos que alguns pro-
dutorestiveramdefazerparatransportar
suas mercadorias até os compradores
internacionais. As dificuldades não se
resumiram à habitual precariedade das
estradas, tampouco à escassez de opções
em modais alternativos, cujo custo de
frete é mais baixo. Dessa vez, o excesso
de produção provocou um gargalo não
apenasnasviasterrestresdeacessocomo
tambémdentrodosportos.Operandono
limite da movimentação, muitos deles
registraram atrasos e filas de espera de
navios em alto-mar, com prejuízos tanto
para os produtores quanto para os trans-
portadores.Semopções,algumascoope-
rativas montaram grandes operações de
remanejamento. A Coamo, por exemplo,
teve de ir até Rio Grande, no extremo sul
do país, para embarcar sacas de soja co-
lhidasnointeriordoMatoGrossodoSul.
Tudo porque Paranaguá, àquela altura,
estava com capacidade esgotada – com
dificuldades por terra e mar.
E isso explica uma mudança impor-
tante no panorama portuário do sul do
país:pelaprimeiravezdesde1994,oporto
deRioGrandevoltouaseraprincipalpla-
taforma de escoamento de soja do sul do
país,àfrentedeParanaguá–norestantedo
Brasil, ainda perde para o Porto de Santos,
líder absoluto em embarques de granéis e
contêineres. No total, o terminal gaúcho
movimentou 8,2 milhões de toneladas de
grãos, com um aumento de 132,4% em
relação a 2012. É bem verdade que a safra
recorde do Rio Grande do Sul, de 12,7
milhões de toneladas, ajudou a inflar os
números. Mas, além disso, o Porto de Rio
Grandetambémfoiimpulsionadopelore-
cebimentodecargasoriundasdediferentes
partesdopaís,comoParaná,MatoGrosso
do Sul, Mato Grosso e até Goiás.
PauloBertinetti,presidentedoSindi-
catodosTerminaisMarítimosdeGranéis
Sólidos e Líquidos em Geral do Porto do
Rio Grande (Sintermar), comemora a
conquista com ressalvas. Para ele, o que
ocorreu em 2013 foi mais um sintoma
de uma velha moléstia: a infraestrutura
insuficiente dos terminais portuários
brasileiros – que sofrem para dar conta
dademandaaoprimeirosinaldeaumento
na produção. “Vários portos do país têm
uma movimentação graneleira muito
forte,maspoucaestruturaparadarvazão
ao que chega, especialmente da região
centro-oeste do país”, conta ele. O resul-
tado é que, com os investimentos certos,
Rio Grande se projeta como uma opção
deescoamentonãosóparaosprodutores
gaúchos,masparatodosqueparamnafila
dosdemaisportosbrasileiros.“Algunsdos
A nossos terminais, como os da Bianchini,
da Termasa, da Tergrasa e da Bunge
Alimentos, estão bem aparelhados para
fazer a movimentação graneleira”, conta
Bertinetti,quetambémésuperintendente
do Terminal de Contêineres (Tecon) do
Porto de Rio Grande.
Expansão necessária
A estrutura dos portos brasileiros
pode ser insuficiente para dar conta da
demanda. Mas isso não significa que é
precária. Paranaguá, por exemplo, já se
consolidou como o grande terminal de
movimentação de granéis do sul do país,
compelomenos20berçosdeatracaçãoe
umcaladode15metrosdeprofundidade
– suficiente para navios de grande porte.
Nos últimos anos, o complexo portuário
recebeu R$ 470 milhões em investimen-
tos do governo paranaense em obras de
infraestrutura e desenvolvimento, como
novasbalançascomerciais,equipamentos
edragagem.Aestruturaatualaindaopera
nolimite,maséinegávelqueseexpandiu.
Nos últimos dez anos, por exemplo, a
movimentação de contêineres mais que
dobrou em Paranaguá, chegando a quase
263 mil toneladas em 2013 (o número
desconsidera contêineres vazios). O
desafio, agora, é ampliar ainda mais esses
números.“Paranaguáestáoperandoperto
dolimitedesuacapacidadeeprecisa,com
urgência, de novos projetos de expansão”,
sustentaPaulinhoDalmaz,diretortécnico
Desafios na zona
de embarque
os principais portos do sul do país evoluíram bastante na
última década. mas ainda têm dificuldades para atender a
toda a demanda dos exportadores da região
exportadores do sul
AMANHÃ | Abril 2014| 57 |
Pronto para zarpar:
supersafra recolocou
Rio Grande na liderança
da movimentação de
soja no sul do país
da Administração dos Portos de Parana-
guá e Antonina (Appa).
A situação muda nos três principais
portos de Santa Catarina – Itajaí, São
Francisco do Sul e Imbituba. Com uma
infraestrutura moderna, ideal para a mo-
vimentação de contêineres, os terminais
catarinenses vêm se destacando como
opções eficientes para as empresas que
exportam produtos manufaturados e
semimanufaturados. Um exemplo disso
é o Porto de Itajaí. Em 2013, o complexo
movimentou cerca de US$ 17,4 bilhões
entre entradas e saídas – um valor
pequeno se comparado ao de Santos
(US$ 122,7 bilhões) ou de Paranaguá
(US$ 33,8 bilhões). Mesmo assim, des-
tacou-se por movimentar as cargas com
maior valor agregado entre os dez prin-
cipais portos do país, segundo os dados
do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Os números mostram que, em média,
cada quilo de carga embarcada por Itajaí
em 2013 custava US$ 2,2. Em Santos,
para se ter uma ideia, o valor médio de
cadaquilonãopassoudeUS$1,3.EmRio
Grande, foi de US$ 1,1 e, em Paranaguá,
de apenas US$ 0,8.
“A nossa estrutura retroportuária
para produtos secos está muito bem
estruturada. Isso nos coloca no mercado
com um diferencial”, acredita o enge-
nheiro Antonio Ayres, superintendente
do porto de Itajaí. Ele lembra que, atual-
mente,metadedasmercadoriasquesaem
pelo porto catarinense é de alimentos
congelados,resultadodiretodeumasérie
deinvestimentosemcâmarasfrigoríficas
com capacidade de comportar até 180
mil toneladas de carne. Além disso, des-
taca que Itajaí está mudando seu perfil
Fotos:Divulgação
Abril 2014 | AMANHÃ | 58 |
de atuação. Até 2007, era um complexo
portuário com vocação claramente ex-
portadora – cerca de 90% dos produtos
movimentadossedestinavamaoexterior.
Hoje, a situação é de equilíbrio: 51% das
cargassãodeimportaçõeseorestante,de
exportações. “Com a mudança do perfil
comercial do país ao longo dos anos, pas-
samos a ter um investimento maior nas
importações, o que nos deu equilíbrio
no fluxo de mercadorias”, argumenta ele.
O equilíbrio entre exportações e
importações é um fator importante de
competitividade dos portos. No Tecon
Rio Grande, por exemplo, cerca de 75%
das cargas movimentadas são exportadas
Ao contrário de Santa Catarina,
onde o aumento das importações na úl-
tima década acabou equilibrando o fluxo
dos portos, o Rio Grande do Sul mantém
uma forte vocação exportadora. “Santa
Catarina, assim como o Paraná, são
Estados que tiveram coragem de liderar
uma guerra fiscal, fazendo com que as
suas indústrias crescessem e passassem
a fazer negócios internacionais”, salienta
Bertinetti. Nesse contexto, o executivo
traz como exemplos o anúncio recente
davindadaBMWparaAraquari(SC),os
rumores sobre a chegada da Mercedes-
-Benz em solo catarinense e, ainda, o
impacto positivo que a indústria auto-
mobilística vem causando no fluxo de
comércio exterior do Paraná a partir do
ano 2000. “Enquanto isso, o Rio Grande
do Sul segue um Estado essencialmente
exportador de produtos agrícolas, fumo,
couro, madeira, cavaco etc”, lamenta.
Apesardesuapequenacosta,amenor
entre os três Estados da região sul, Santa
Catarina se consolidou como uma das
principais plataformas de comércio exte-
riordoBrasilnosúltimosanos.Oconjunto
decincoterminais–SãoFranciscodoSul,
Itajaí,Imbituba,PortonaveeItapoá–regis-
trou crescimentos exponenciais em 2013.
Segundo Wilen Manteli, presidente da
AssociaçãoBrasileiradeTerminaisPortu-
ários(ABTP),oportodeItapoá,localizado
do outro lado da baía de São Francisco do
Sul, foi o que mais expandiu sua movi-
mentação,saltandode270milcontêineres
movimentados em 2012 para 465 mil em
2013. “É um porto novo e que já está com
sua capacidade lotada, absorvendo cargas
detodososterminaisdeSantosparabaixo”,
explica Manteli. Ainda assim, os números
daABTPapontamcomograndedestaque
da região sul no quesito movimentação
de contêineres a Portonave, que integra
o complexo de Itajaí. Em 2013, a movi-
mentação no terminal chegou a 730 mil
contêineres, com grande destaque para as
cargas refrigeradas.Expansão que não para: Paranaguá vem se destacando na movimentação de contêineres
eapenas25%,importadas.“Aquitemmuito
contêinervazio.Quantoexisteimportação
e exportação meio a meio, a importação
libera o contêiner que vai direto para a
exportação,oquedámaiscompetitividade
para qualquer porto”, explica Bertinetti.
Ainda assim, a busca por melhores condi-
ções de atendimento para quem opera no
terminal gaúcho é constante. Tanto que o
Teconestáinvestindonaampliaçãodeseus
três berços de atracação, de 300 para 400
metros cada, o que viabilizará a atracação
de navios ainda maiores – que chegam
a ter até 370 metros de comprimento.
Estima-sequeoaportepossachegaràcasa
dos R$ 200 milhões.
Embarques
(em mil toneladas)1
1 Peso total das exportações em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios
SANTA CATARINA		 9.793,75
RIO GRANDE DO SUL		 4.417,32
PARANÁ 		 3.908,74
considerando-se somente a movimentação dos portos,
santa catarina é o estado do sul que mais exporta
exportadores do sul
AMANHÃ | Abril 2014| 59 |
EM MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES, O PORTO DE NAVEGANTES,
QUE É PRIVADO, JÁ SE APROXIMA DOS MAIORES DO SUL DO PAÍS...
Desperdício costeiro
De qualquer forma, novos investi-
mentos são necessários para desafogar
a produção tanto do agronegócio como
da indústria brasileira. Filinito Jorge
Eisenbach Neto, professor de Logística
da PUC do Paraná, entende que o Brasil
aproveita pouco seu próprio potencial.
Afinal, o mais de 7,4 mil quilômetros de
costa, mas concentra suas exportações
nos terminais do sul e do sudeste. Só o
PortodeSantosficacom42%detudoque
oBrasilmovimentanocomércioexterior.
A superconcentração deixa os ex-
portadores brasileiros sujeitos aos mais
variados tipos de problemas. Entre eles,
a falta de mão de obra especializada.
Tal como ocorre com as indústrias, os
portos também enfrentam dificuldades
para encontrar e reter profissionais de
nível operacional – como estivadores,
auxiliares de manutenção, operadores
de máquinas, entre outros. “O Brasil não
tem mão de obra adequada e, logo, não
tem competência técnica para competir
lá fora. É um apagão”, expõe o professor.
Osportostambémesbarramnafalta
de uma estrutura adequada de acesso.
Recentemente,ogovernobrasileiroanun-
ciou a intenção de investir R$ 54 bilhões
na melhorias dos portos do país até 2017.
“Mas esse investimento só vai sanar os
problemasdosetorsevieracompanhado
de um uso mais racional das rodovias,
hidrovias e ferrovias, além de uma boa
administração”, entende Dirceu Lopes,
superintendentedoPortodeRioGrande.
Que assim seja.
1 Peso total das exportações em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios
2 Unidades totais embarcadas em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios
QUANDO ANALISADOS SEPARADAMENTE, OS PORTOS DE SANTA
CATARINA AINDA FICAM ATRÁS DE RIO GRANDE E PARANAGUÁ
UF
UF
UF
PORTO DE RIO GRANDE RS 4.417,32
TUP PORTONAVE SC 4.004,24
PORTO DE PARANAGUÁ PR 3.908,74
TUP PORTO ITAPOÁ SC 3.226,36
PORTO DE ITAJAÍ SC 1.953,98
PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 498,31
PORTO DE IMBITUBA SC 110,86
PORTO DE RIO GRANDE RS 278,56
PORTO DE PARANAGUÁ PR 263,35
TUP PORTONAVE (NAVEGANTES) SC 261,59
TUP PORTO ITAPOÁ SC 206,39
PORTO DE ITAJAÍ SC 127,25
PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 30,57
PORTO DE IMBITUBA SC 5,84
PORTO DE PARANAGUÁ PR 7.902,14
TUP PORTONAVE SC 7.569,40
PORTO DE RIO GRANDE RS 6.427,01
TUP PORTO ITAPOÁ SC 5.645,76
PORTO DE ITAJAÍ SC 4.109,11
PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 880,67
PORTO DE IMBITUBA SC 179,91
EMBARQUES
CONTÊINERES
MOVIMENTAÇÃO TOTAL
(EM MIL TONELADAS)1
(EM MIL TONELADAS)2
(EM MIL TONELADAS)3
3 Peso estimado dos embarques e desembarques totais do porto, incluindo-se contêineres vazios
* Portos privados
...MAS É PARANAGUÁ QUE REINA NA REGIÃO QUANDO SE LEVA EM
CONTA A MOVIMENTAÇÃO TOTAL (EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES)
Abril 2014 | AMANHÃ | 60 |
UM RAIO-X DOS PORTOS DO SUL
Os investimentos que estão atracando nos principais terminais da região
PARANÁ
PORTO DE PARANAGUÁ
Responsável por movimentar 4,5% de tudo que passou pelos portos brasileiros em
2013, Paranaguá é, hoje, um dos principais polos exportadores de granéis sólidosdo
país. Conta com 20 berços de atracação e um calado com 15 metros de profundidade.
Emsetembro,ogovernoestadualanunciouqueinjetarámaisR$175milhõesemobras
de expansão e modernização do porto. A maior parte desse valor – R$ 115 milhões
– será utilizada em obras de dragagem nos berços de atracação. Com a lei dos portos,
porém, algumas iniciativas foram postergadas.
SANTA CATARINA
PORTO DE ITAJAÍ
Nosdezúltimosanos,recebeumaisdeR$1,3bilhãoeminvestimentos.Dessetotal,R$
620 milhões vieram da União para o terminal público e outros R$ 750 milhões foram
aportados pelos administradores dos terminais privados.
PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL
Contacomváriosterminaisprivados.Umdeles,o Tesc,prevêinvestimentosdeR$150
milhõesaté2015.Aomesmotempo,umconsórciodeempresasestudaapossibilidade
de construir um novo terminal de granéis, no valor de R$ 500 milhões.
PORTO DE IMBITUBA
Desde fevereiro, vem passando por novas obras de dragagem com o objetivo de ele-
var a profundidade do calado dos atuais 14 metros para 17 metros. O valor total do
investimento é de R$ 36 milhões.
RIO GRANDE DO SUL
PORTO DE RIO GRANDE
Beneficiadopelasupersafradegrãoseoesgotamentodacapacidadedemovimentação
em outros portos, Rio Grande retomou o posto de principal plataforma de exporta-
ção de soja do sul do país – posição que não ostentava desde 1994. Para este ano, a
expectativa é de um crescimento de mais 12% na movimentação do grão. Possui 14
canais acostáveis com profundidades que variam de 5 a 12,8 metros. Em contêineres,
tem como destaque o Tecon Rio Grande, com três berços de atracação de 300 metros
cada – que devem ser expandidos para 400 metros até 2016.
EXPORTADORES DO SUL
uem confere a lista dos maiores
exportadores do sul (na página
30) se depara com diversos nomes que
costumam despontar também em outro
ranking – o das maiores empresas da
região. Brasil Foods, Bunge Alimentos,
Braskem, Renault, ADM do Brasil são
algumas das dezenas de empresas que,
além de se destacarem como grandes ex-
portadoras, brilham também no ranking
das 500 Maiores do Sul, elaborado anual-
menteporAMANHÃemparceriacoma
Q
Quando a força está dentro de casa: crescimento do mercado interno pesou no desempenho de notáveis exportadoras, como a Renault
exportadores do sul
Abril 2014 | AMANHÃ | 62 |
As soluções
políticasdesconcentrar as exportações e firmar
acordos de cooperação internacional estão na
pauta de prioridades dos governos do sul
PwC. É natural que grandes companhias
sejam, também, grandes exportadoras.
Masoverdadeiroproblemaestánaoutra
ponta,entreaspequenasemédiasempre-
sasdosuldopaís:aindasãopoucasasque
conseguem vender lá fora.
Prova disso está em um indicador
conhecido como Índice de Herfindhal-
-Hirschman (ou HHI, na sigla em inglês),
que expressa o nível de concentração
das exportações de um país ou estado.
Até 2010, segundo o levantamento mais
recente da Apex Brasil, os três Estados
do sul apresentavam um HHI acima de
mil pontos – um patamar de concentra-
ção que os especialistas consideram de
moderado a alto. O Rio Grande do Sul,
por exemplo, apresentava 1.275 pontos,
o menor índice da região. Já Santa Ca-
tarina ficava em 1.777 pontos, enquanto
o Paraná chegava a 2.117 pontos. De lá
para cá, ao que tudo indica esse padrão
se mantém. Em 2013, por exemplo, as 40
maiores exportadoras paranaenses res-
Divulgaçaõ
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Especial Exportação da Revista AMANHÃ (2014)

  • 1. Abril 2014 | AMANHÃ | 20 | Abril 2014 | AMANHÃ | 20 | Especial 8.407 Reconhecimento global: maior exportadora do sul do país, a BRF é uma das poucas empresas que chegam lá fora com uma marca própria
  • 2. AMANHÃ | Abril 2014| 21 | Q farta no campo e com uma taxa de câm- bio um pouco mais favorável, o quadro mudou totalmente. As exportações da região deram um salto de 18,1% em rela- ção a 2012, chegando a US$ 52 bilhões, o equivalente a um quinto de tudo que o Brasilembarcounoperíodo.Dequebra,o saldo da balança comercial voltou a ficar positivo em US$ 1,1 bilhão. O problema é que a dependência em relação às exportações de commodities submete o sul – e o restante do país – a um rol de incertezas. Uma estiagem, aqui, provoca mais do que prejuízos para os produtores: também desequilibra a quan- tidadededinheiroqueentraesaidopaíse, emúltimaanálise,afetaosíndicesdainfla- ção, das taxas de juros e, claro, do câmbio. Some-se a isso um mercado doméstico ávidoporconsumoeoresultadoéumaele- vação geral dos preços e, principalmente, doscustosdeprodução.“Nãoépormenos quetemostantadificuldadeparaexpandir o espaço da indústria na pauta brasileira de exportações”, constata José Augusto RANKING DE AMANHÃ MOSTRA QUAIS SÃO AS MAIORES EXPORTADORAS DO SUL DO PAÍS – E OS DESAFIOS QUE ENFRENTAM PARA CRESCER LÁ FORA {Edição: Andreas Müller Reportagens: Ricardo Lacerda, Robson Pandolfi, Pedro Henrique Tavares, Leonardo Pujol e Emanuel Neves} Quem exportou mais em 2013 Exportações totais dos três Estados do sul, em US$ bilhões FOB 18,2 8,7 25,0RIO GRANDE DO SUL PARANÁ SANTA CATARINA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Secex ue o agronegócio tem um peso considerável no desempenho da balança comercial do sul do país, não é nenhumanovidade.Oquesurpreendeéo fatodeque,mesmocomtodososesforços para agregar valor aos embarques, os três Estadoscontinuemtãovulneráveisaota- manhodesuascolheitas.Bastaconferiros números mais recentes disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que servem de base para a elaboração desta edição do Especial Exportação. Em 2012, quando uma estiagem arrasou a safra de grãos, provocando perdas que chegaramamaisde70%dacolheita,osul do país amargou um déficit comercial de US$ 5,2 bilhões – o maior desde o início da série histórica do MDIC, em 1998. No ano seguinte, porém, com a produção DO SUL PARA O MUNDOFotos:Divulgação
  • 3. Abril 2014 | AMANHÃ | 22 | de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Só em 2013, lembra ele, o país registrou um déficit comercial de US$ 105 bilhões no segmento de produtos manufaturados. E não há qualquer perspectiva de que essa conta vá melhorar no futuro próximo. “Enquanto não resolvermos os nossos problemas estruturais e continuarmos apostando em medidas paliativas, como reduções temporárias de impostos, não vamosterumaparticipaçãoexpressivano comércio internacional”, lamenta ele. Nesse contexto, as empresas que despontam nas próximas páginas são ex- ceçõesadmiráveis.Trata-se,afinal,deuma pequenaelitedeindústriasqueconseguiu romperasbarreirasconjunturaiseseinse- rir com qualidade nos fluxos de comércio internacional. Com base nos dados do governofederal,AMANHÃelaborouum ranking exclusivoqueapontaquaissãoas que mais exportam e importam pelo sul do país. É bem verdade que muitas ainda dependem diretamente do campo para prosperar – como é o caso das tradings e cooperativas que comercializam grãos e carnes in natura. Mas algumas já per- ceberam que industrializar a produção é o melhor caminho para rentabilizar as exportações e buscar um espaço mais digno nos mercados estrangeiros. Omelhorexemploéagrandecampeã do ranking, a Brasil Foods (BRF). Sob a liderançadoempresárioAbílioDinizdesde maiode2013,amultinacionalqueagregaas marcas Sadia e Perdigão está passando por uma verdadeira reestruturação comercial. O objetivo: fortalecer suas operações no exterior com algo mais do que carne de frango. Como se verá na reportagem a seguir, Diniz não tem sido suave nas mu- danças implementadas na gestão da BRF. No mercado, diz-se que a companhia está passando por um processo de “Sadização”. Istoé:resgatandoaagressividadecomercial eaculturaqueconsagrouaSadiacomouma das grandes marcas brasileiras no exterior. EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DE SANTA CATARINA * Valores em US$ bilhões FOB EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DO PARANÁ * Valores em US$ bilhões FOB EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL DO RIO GRANDE DO SUL * Valores em US$ bilhões FOB 7,15 3,48 4,19 0,99 4,02 5,29 1,51 4,52 6,69 2,19 5,97 7,95 3,47 9,01 10,17 5,00 14,57 14,52 7,94 9,62 9,47 7,29 13,95 13,28 11,98 18,77 15,66 14,84 19,39 15,37 16,76 14,55 14,77 19,34 8,03 3,70 9,40 9,90 4,86 10,48 5,59 10,03 11,80 5,98 10,01 12,35 15,02 7,38 18,39 8,33 11,22 15,24 15,24 6,43 14,17 15,38 7,58 17,39 19,43 9,05 17,71 17,39 25,09 8,92 8,68 18,23 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012 EXPORTADORES DO SUL
  • 4. AMANHÃ | Abril 2014| 23 | A BRF não é a única. Além dela, aparecemnorankingdiversasoutrasem- presasdealimentos–comoBunge,Seara, Coamo,JBSAveseSantaTeresinha.Quase todas vêm registrando bons resultados no comércio com outros países, com opera- ções que não se restringem ao simples ato de produzir e vender grãos e carnes. Mas aindasãopoucasasqueconseguem,como aBRF,apostarnaconstruçãodeumamar- caprópria.ACooperativaCentralAurora (Aurora Alimentos), do oeste de Santa Catarina, por exemplo, exportou mais de “É DIFÍCIL BANCAR CUSTOS QUE OS CONCORRENTES LÁ FORA NÃO TÊM. MAS NOS SAÍMOS BEM PORQUE TEMOS UM MODELO ÚNICO DE OPERAÇÃO, COM ESCALA E VERTICALIZAÇÃO” Luis Gustavo Lopes Iensen, Diretor corporativo internacional da Weg US$412,2milhõesem2013,umavançode 32,3% em relação ao total embarcado no ano anterior. Segundo Leomar Somensi, diretorcomercialdacooperativa,osaltose deveaumaquestãomeramenteconjuntu- ral: nunca o Brasil vendeu tanta carne de frango lá fora. “Hoje, o país exporta a pro- teína para mais de 160 destinos no mun- do – e nós fazemos parte desse processo”, conta ele. As vendas com marca própria aindasãoescassaserepresentamnãomais do que 4% do total. De qualquer forma, a Aurora está determinada a expandir seus resultados fora das fronteiras brasileiras. “Nesteano,tínhamosametadeobter15% danossareceitabrutacomasexportações. Acabamos fechando em 18%. Ou seja: dá para crescer mesmo sem ter uma marca própria lá fora”, diz Somensi. Articular-se é preciso É claro que o ranking dos maiores exportadores do sul também traz indús- trias especializadas em itens de alto valor agregado. Na lista aparecem montadoras de veículos (Renault, Volvo, General Motors), fabricantes de máquinas e equi- pamentos (Weg, Embraco e Whirlpool), companhias ligadas ao setor petrolífero (Braskem e Petrobras) e muitas outras. Estas, porém, apresentaram resultados menos vistosos do que aquelas compa- nhias que atuam com commodities. A Whirlpool, por exemplo, encerrou 2013 comumaquedade14,8%nasexportações pelo sul. Já a Tupy registrou um recuo de 5,6%,enquantoWegteveumdecréscimo de 1,7% nos embarques. E a explicação recainãosósobreatradicionalburocracia ousobreaprecariedadedainfraestrutura do país. Ela também passa por um dos pontos fracos do Brasil na atual conjun- tura global: a falta de acordos bilaterais de comércio. Carga instável: a soja em grão tem peso cada vez maior no desempenho dos exportadores do sul
  • 5. Abril 2013 | AMANHÃ | 24 | Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, acredita que o país está ficando isolado no jogo do comércio internacional. “Temos de acompanhar mais de perto as negocia- ções e os acordos de livre comércio que outros países concorrentes vêm firman- do com mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos e a União Europeia. Hoje,estamostotalmenteforadisso – até porque não temos competitividade para buscar uma inserção maior”, avalia Bar- bosa,quepresideoConselhoSuperiorde ComércioExteriordaFiesp,emSãoPaulo. Para reverter esse quadro, o Brasil tem de promoverumaverdadeiracampanhapela redução de custos internos e a busca de maiores patamares de eficiência. “A má- quina burocrática, o alto custo da mão de obraedaenergia,aineficiênciadosportos –tudoquerepresentaocusto-Brasiltemde ser atacado para que possamos recuperar a competitividade das nossas indústrias”, entende ele. Luis Gustavo Lopes Iensen, diretor corporativo da Weg, concorda: “É difícil bancar custos que os concorrentes lá fora não têm. Nos saímos bem porque temosummodeloúnicodeoperação,com escala e verticalização”. Uma revisão no Mercosul Para que mais empresas consigam triunfar lá fora, o Brasil também precisa rever sua relação com o Mercosul. Hoje, diz Barbosa, o bloco sul-americano é mui- tas vezes um empecilho, e nem sempre um impulso à expansão das exportações brasileiras. Pelas regras acordadas, o Brasil não pode negociar acordos bilaterais com nenhumoutropaíssemterabênçãodeto- dososintegrantesdoMercosul.Oresultado équeopaísficaàmargemdasconversações queasdemaispotênciasvêmtravandoentre si. Mesmo as negociações em bloco, como a tentativa de um acordo bilateral entre o Mercosul e a União Europeia, esbarram na necessidade de se ter o consenso de países como o Paraguai e, principalmente, a Ar- gentina. “A gente entende que o Mercosul deveria voltar a ser o que era quando foi concebido: um instrumento de abertura deportasnomercadoexterno.Umacordo quenosajudeanegociarcomosmercados desenvolvidos e a colocar em prática po- líticas de diversificação das exportações”, defende Barbosa. Aliás, os impasses entre os países- -membrosdoMercosulafetamatémesmo aquelas empresas que chegaram ao Brasil dispostas a explorar as oportunidades do bloco, como é o caso da Renault. Sétima maior exportadora do sul do país, a mon- tadora mantém uma cadeia de produção com unidades fabris no Brasil e na Argen- tina.“Éumaquestãoestratégica.Cadapaís fabrica determinados produtos e, juntos, elessecomplementam”,explicaCaíqueFer- reira, diretor de comunicação da Renault do Brasil. Ele não comenta as barreiras alfandegárias que têm sido colocadas pela Argentina aos produtos brasileiros. Mas sabe-se que a Renault, assim como outras companhias – entre vinícolas, indústrias calçadistas etc –, estão sofrendo para manter as vendas no mercado argentino. Comoseveráaseguir,esteéapenasumdos grandes desafios no caminho das maiores exportadoras da região sul. Fora do time: amarrado ao Mercosul, o Brasil tem dificuldades para negociar acordos com mercados desenvolvidos, como a União Europeia EXPORTADORES DO SUL Alain Jocard/AFP
  • 6. A receita que vem de forade operações internacionais a acordos comerciais, o que há em comum entre as empresas que lideram o ranking das grandes exportadoras do sul Olhos no exterior: sob o comando de Abílio Diniz, a BRF, maior exportadora do sul, deve se tornar ainda mais agressiva lá fora exportadores do sul AnaPaulaPaiva/Valor/Folhapress
  • 7. Brasil Foods não é mais a mesma. Maior exportadora do sul do país, a companhia vem passando por profun- das transformações sob o comando do empresárioAbilioDiniz,atualpresidente do conselho de administração. Descrito comoumsujeitoambiciosoecompetitivo, Diniz não hesitou em deixar sua marca. Quase todos os executivos, incluindo o ex-presidente José Antônio do Prado Fay, foram substituídos. Tudo para “arrumar a casa”,comochegouajustificarduranteuma conferênciacominvestidoreseanalistasde mercado no final de 2013, ao término de mais um trimestre decepcionante – com lucros 60% menores do que os do quarto trimestrede2012.“Acompanhiaprecisava receber um choque de rejuvenescimento, efoiissoqueprocuramosfazer:colocaras pessoas certas nos lugares certos e reor- ganizar nossos processos”, afirmou Diniz, de 77 anos. Nos primeiros 100 dias de sua ges- tão, Diniz montou uma equipe de 70 a 80executivosparapensaremumprojeto dereestruturação–ou,nassuaspalavras, para “desentortar” a empresa. Um dos fo- cos era tornar a BRF uma empresa mais comercial e menos industrial. “Antes de Abilio Diniz assumir a presidência do conselho, a BRF era conhecida por seu foconaprodução.Ametadanovagestão é mudar esse foco para o mercado, com uma internacionalização cada vez mais forte”,analisaSandraPeres,analista-chefe da corretora de investimentos Coinva- lores. Para dar vida à estratégia, foi ins- tituído um novo cargo, o de presidente executivo internacional, ocupado por Pedro Faria, da agência de investimentos Tarpon, que patrocinou a ida de Abilio ao conselho. Com a casa arrumada, a BRF entra em 2014 com um foco na expansão de suas operações no exterior – um sinal claro de que deve manter a liderança no ranking dos maiores exportadores do sul. E isso pode levá-la a um retorno às suas raízes – um processo conhecido como reverse takeover. Os executivos remanes- centes da Sadia já foram todos embora, mas a BRF vive uma reaproximação com a velha marca, em um processo que já recebeu até nome: “sadização”. “No mer- cado internacional, a BRF é líder com a marca Sadia em diversas categorias em países do Oriente Médio. A marca tem também grande força em países da África”, explica Augusto Ribeiro, vice- -presidente de finanças e relações com Investidores da BRF. A BRF surgiu para desvincular as operações da Sadia e da Perdigão. O reconhecimento internacional da Sadia, no entanto, pode encurtar o caminho do conglomerado para atingir e preservar a liderança das vendas em mercados externos. Nos últimos anos, além da am- pliação da equipe de vendas em diversos países, a BRF criou um departamento regional de marketing – que, em 2013, desenvolveu várias campanhas focadas na marca Sadia. “Em Dubai e em outros países árabes, o frango é conhecido pela palavra “sadia”. O foco de internacionali- zação, por isso, vai ser o o fortalecimento da Sadia lá fora”, projeta Sandra, da Coin- valores. “O Brasil já não cresce como antigamente, a inflação compromete a renda da população. A BRF está focando em mercados com maior potencial de crescimento e, no próximo trimestre, deve apresentar resultados mais robus- tos”, aposta ela. Mesmo com resultados fracos no segundo semestre – em função, prin- cipalmente, dos custos operacionais A resultantes da reestruturação –, a BRF encerrou 2013 com um crescimento moderado: alta de 7% na receita líquida em relação ao ano anterior. Menos mal que o lucro líquido da empresa atingiu R$ 1,1 bilhão, um acréscimo de 38% em relação ao ano anterior, com um crescimento da margem líquida de 2,7% para 3,5%. O mercado externo absorveu 43,8% das vendas. Foram exportadas, ao todo, 2,5 milhões de toneladas, com um crescimento de 1,5% em relação ao ano anterior. No acumulado do ano, houve melhora tanto em relação ao volume de exportação (19,5%) quanto ao fatura- mento em dólares (13,6%). Para 2014, a grande novidade é a fábrica em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a primeira construída pela BRF fora do Brasil. “É um dos prin- cipais pilares da estratégia de investir em produtos processados, com marca forte, maior valor agregado e rentabilidade, em mercados em franca expansão, como Oriente Médio, norte da África e su- deste da Ásia”, destacou Abilio Diniz em um comunicado aos acionistas. “A BRF quer passar de companhia exportadora a produtora global. Essa transformação deve ser feita, principalmente, com aqui- sições. Trabalhar a internacionalização será muito positivo para a BRF, pois a empresa irá se desenvolver mais ainda e vai colher experiências de fora para dentro”, diz Augusto Ribeiro. Ele admite que a BRF vem passando por mudanças importantes. Mas se mostra otimista com os contornos que ela começa a tomar – de uma companhia globalizada AnaPaulaPaiva/Valor/Folhapress AMANHÃ | Abril 2014| 27 | da receita bruta da Brasil Foods veio do exterior em 2013 43%
  • 8. Abril 2014 | AMANHÃ | 28 | não só nas vendas, mastambém nas ope- rações. “Nosso objetivo é atuar com pro- fundo conhecimento dos consumidores e clientes locais nos mercados definidos como estratégicos, ao mesmo tempo em que replicamos nesses mercados os pilares do modelo de atuação da BRF”, diz Ribeiro. Cooperativas ganham espaço No lastro da BRF, outras empresas do ramo de alimentos vêm buscando espaço no mercado externo. O conjunto das exportações da Cooperativa Cen- tral Aurora Alimentos cresceu 46,7% e atingiu R$ 1,5 bilhão em 2013. Ásia, Japão, África, Europa e Oriente Médio foram responsáveis por três quartos das vendas. E o grande vetor do crescimen- to foi a carne de frango, cuja receita se expandiu em mais de 60%. “Ampliamos nosso foco em proteína de frango, com “O SETOR AUTOMOTIVO ESTÁ PROVANDO QUE O BRASIL PODE, SIM, SER EXPORTADOR DE PRODUTOS MANUFATURADOS. BASTA TER AS POLÍTICAS CERTAS PARA ATRAIR O INVESTIMENTO” Olivier Murguet, presidente da Renault EMPRESA SETOR VALOR EXPORTADO (em US$ FOB milhões) BRF - Brasil Foods S/A Alimentos e bebidas 3.188,90 Renault do Brasil S/A Automotivo 1.169,23 Coamo Cooperativa 846,09 Vancouros Ind. Couros Ltda. Couro e calçados 111,02 Whirlpool S/A Eletrodomésticos 532,40 Us. Açúcar S. Terezinha Ltda. Energia 710,93 Stihl Ferr. Motorizadas Ltda. Ferramentas 207,52 Cargill Agrícola S/A Grãos 1.666,73 Braslumber Ind. Mold. Ltda. Madeira e florestamento 89,70 John Deere Brasil Ltda. Máquinas agrícolas 323,17 Weg Equip. Elétricos S/A Máquinas e equipamentos 740,56 Portobello S/A Material de construção 33,09 Tupy S/A Metalurgia 441,72 Klabin S/A Papel e celulose 345,05 Petrobras Petróleo 824,36 Braskem S/A Petroquímica 1.833,65 Pirelli Pneus Ltda. Plástico e borracha 190,55 Gelnex Ind. e Comércio Ltda. Química 69,61 Arcelormittal Brasil S/A Siderurgia e mineração 86,15 Souza Cruz S/A Tabaco 690,76 AS 20 MAIORES EXPORTADORAS POR SETOR Companhias ligadas ao agronegócio se destacam entre as maiores por segmento Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 a integração de fábricas à empresa por meio de compra ou locação. O Brasil é um grande exportador de aves, e nós queremos ampliar nossa fatia nesse mer- cado”, explica Leomar Somensi, diretor comercial da Aurora. Agora, a cooperativa aposta no crescimento dos suínos para continuar galgando postos no exterior. Em julho do ano passado, aconteceu o primeiro embarque de carne suína in natura para o Japão. A novidade foi comemorada pe- las empresas do setor. Não é por menos: o Japão é o maior mercado consumidor de suínos do mundo. Logo, a abertura amplia consideravelmente o potencial de exportação das companhias brasi- leiras. “Nossa expectativa em relação ao Japão é muito grande. Podemos esperar um crescimento expressivo para esse mercado, já que a base ainda é pequena”, analisa Somensi. EXPORTADORES DO SUL
  • 9. Abril 2014 | AMANHÃ | 30 | Turbinadas lá fora: em 2012, pela primeira vez, a Weg faturou mais com o mercado externo do que no Brasil Acontribuiçãodasvendasexternasna composição da receita operacional bruta total da Aurora no ano passado (R$ 5,7 bilhões) foi de 18,6%. Para os próximos anos, a meta é ampliar essa fatia para algo entre 25% e 30%. “Nosso grande foco para 2014 é consolidar o processo de ampliação que começou no ano pas- sado. Com isso, projetamos uma receita de R$ 6,5 bilhões até o final do ano, um crescimento de aproximadamente 15% em relação a 2013”, detalha Somensi. Outra grande cooperativa brasileira, a Coamo, vem aproveitando o embalo dascommoditiesparacrescernoexterior. Maior cooperativa agrícola da América Latina, a organização de Campo Mou- rão (PR) somou, em 2013, 3,5 milhões de toneladas de grãos embarcadas para o exterior, num valor total de US$ 1,2 bilhão. A China desponta como a prin- cipal compradora de soja. Já o farelo de sojatemcomoprincipaldestinoaEuropa, enquanto o milho é preferência de países doOrienteMédioedaÁfrica.Oritmode crescimento segue forte: em 2012, a ex- pansãodaempresachegoupertodos20%, com um faturamento de R$ 7,1 bilhões. No ano passado, emplacou mais 11,2%, com vendas de mais de R$ 8 bilhões. Uma das explicações para o suces- so do sistema cooperativista pode ser encontrado na maior participação dos cooperados nos lucros, o que aumenta seu comprometimento com a eficiência dasoperações.Somenteem2013,assobras (lucros) da Coamo chegaram a R$ 519,7 milhões. O valor, 15% superior ao de 2012, foi distribuído entre os mais de 26 mil cooperados. “O cooperativismo funciona muito bem, e cada vez mais os produtores estão sendo conscientizados da validade do sistema, que dá um bom suporte econômico por meio do crédito, além de auxílio técnico, armazenagem, industrialização, comercialização e ex- portação”, garante José Aroldo Galassini, diretor-presidente da Coamo. Desindustrialização, onde? Nos últimos anos, o número de vozes que entoam a crítica à desindus- trialização e à falta de competitividade da economia brasileira aumentou con- sideravelmente. E há razões para isso: as commodities já dominam a pauta de exportações brasileira; o saldo comercial dos produtos industrializados vem apre- sentando déficits cada vez mais elevados –sóem2013,passoudeUS$100 bilhões; e o Brasil ocupa uma posição pífia entre os países com melhor ambiente de negócios – no ranking Doing Business de 2012, o país aparece como o 130º colocado, uma queda de duas posições em relação a 2011. Como base de com- EXPORTADORES DO SUL
  • 10. Abril 2014 | AMANHÃ | 32 | 1 2 3 5 4 7 6 10 9 11 13 8 14 17 12 15 16 31 20 41 23 21 52 24 19 18 27 22 29 30 47 42 28 33 26 25 45 35 36 38 32 39 34 --- 37 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS BRF - Brasil Foods S/A 1.100,25 1.114,54 974,11 3.188,90 3.308,34 -3,61 Bunge Alimentos S/A 911,87 278,74 1.099,21 2.289,82 1.722,29 32,95 Braskem S/A --- --- 1.833,65 1.833,65 1.509,19 21,50 Cargill Agrícola S/A 770,84 --- 895,89 1.666,73 1.306,09 27,61 Seara Alimentos Ltda. 609,95 673,10 98,52 1.381,57 1.478,09 6,53 Louis Dreyfus Commodities Brasil S/A 685,91 --- 694,05 1.379,96 908,64 34,15 Renault do Brasil S/A 1.169,23 --- --- 1.169,23 1.087,35 7,53 Nidera Sementes Ltda. 444 --- 561,12 1.005,12 817,96 22,88 ADM Do Brasil Ltda. 346,2 75,26 430,94 852,40 842,59 1,16 Coamo 805,38 40,71 --- 846,09 856,21 1,18 Bianchini S/A --- --- 838,02 838,02 765,80 9,43 Petrobras 322,58 90,67 411,11 824,36 896,86 8,08 Weg Equipamentos Elétricos S/A --- 740,56 --- 740,56 753,78 -1,75 CHS do Brasil 629,63 --- 110,81 740,44 610,85 21,21 Usina de Açúcar Santa Terezinha Ltda. 710,93 --- --- 710,93 804,70 -11,65 Souza Cruz S/A --- 396,98 293,78 690,76 725,33 -4,76 Whirlpool S/A --- 532,40 --- 532,40 625,21 -14,84 JBS Aves Ltda. --- 115,70 407,37 523,07 231,25 126,19 Volvo do Brasil Veículos Ltda. 478,02 --- --- 478,02 472,81 1,10 General Motors do Brasil Ltda. --- --- 453,91 453,91 170,05 166,93 Noble Brasil S/A 142,51 --- 303,31 445,82 358,90 24,21 Tupy S/A --- 441,72 --- 441,72 467,88 -5,59 Amaggi Exportação e Importação Ltda. 161,55 71,97 180,78 414,30 235,65 75,81 Cooperativa Central Aurora Alimentos --- 412,20 --- 412,20 311,53 32,31 Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda. --- 161,28 222,62 383,90 482,53 -20,44 Universal Leaf Tabacos Ltda. --- --- 373,43 373,43 398,83 -6,37 CTA Continental Tobaccos Alliance S/A --- 70,76 276,81 347,58 303,90 14,37 Klabin S/A 345,05 118,28 463,00 345,05 424,06 -18,63 John Deere Brasil Ltda. --- --- 323,17 323,17 242,61 33,2 Volkswagen do Brasil Ltda. 319,47 --- --- 319,47 240,08 33,07 JTi Processadora de Tabaco do Brasil Ltda. --- 36,36 255,96 292,33 196,88 48,48 BSBIOS Indústria e Comércio de Biodiesel --- --- 279,95 279,95 168,88 65,77 Philip Morris Brasil Indústria e Comércio Ltda. --- 56,62 218,19 274,82 294,21 -6,59 Usina Alto Alegre S/A - Açúcar e Álcool 255,88 --- --- 255,88 213,23 19,98 AGCO do Brasil --- --- 244,04 244,04 255,64 -4,54 Marcopolo S/A --- --- 235,67 235,67 258,40 -8,80 Premium Tabacos do Brasil Ltda. --- 55,69 163,82 219,51 197,01 11,42 Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda. --- --- 207,52 207,52 208,36 -0,40 Câmera Agroalimentos S/A --- --- 204,42 204,42 204,48 -0,03 Marasca Comércio de Cereais Ltda. --- --- 201,73 201,73 202,39 -0,33 Companhia Cacique de Café Solúvel 200,26 --- --- 200,26 216,34 -7,43 Pirelli Pneus Ltda. --- --- 190,55 190,55 179,03 6,43 Robert Bosch Ltda. 188,69 --- --- 188,69 213,05 -11,44 China Brasil Tabacos Exportadora S/A --- --- 182,76 182,76 90,97 100,9 C. Vale - Cooperativa Agroindustrial 179,76 --- --- 179,76 202,44 -11,21 AS 90 EMPRESAS QUE MAIS EXPORTAM A PARTIR DO SUL* As companhias que lideraram os embarques na região, em 2013 O ranking abaixo foi elaborado a partir de dados disponibilizados publicamente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Para cada Estado, o MDIC lista apenas as 40 empresas com maior valor exportado no ano. TOTAL 2013 TOTAL 2012 VARIAÇÃO (%) Valores exportados em US$ milhões FOB EXPORTADORES DO SUL POS. 2012 POS. 2013 *AMANHÃ excluiu do ranking a Quip e a CGQ Construções Offshore, cujos números se referiram a exportações de plataformas que não saíram do país
  • 11. AMANHÃ | Abril 2014| 33 | TOTAL 2012 50 43 49 --- 48 44 51 46 67 --- --- 55 56 62 66 54 18 --- --- 73 63 58 --- 72 --- 70 74 68 75 80 81 76 79 85 --- --- --- 89 90 --- --- --- --- 88 --- 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 Valores exportados em US$ milhões FOB POS. 2012 POS. 2013 Copacol - Cooperativa Agroindustrial Consolata 167,47 --- --- 167,47 139,88 19,73 CNH Latin America Ltda. 155,88 --- --- 155,88 166,76 -6,53 CMPC Celulose Riograndense Ltda. --- --- 143,40 143,40 140,54 2,03 Pamplona Alimentos S/A --- 141,70 --- 141,70 172,29 -17,75 Forjas Taurus S/A --- --- 140,76 140,76 142,76 -1,40 Alibem Comercial de Alimentos Ltda. --- --- 134,23 134,23 95,80 40,11 Cia. Iguaçu de Café Solúvel 130,42 --- --- 130,42 136,33 -4,34 Tyson do Brasil Alimentos Ltda. --- 126,87 --- 126,87 162,41 -21,88 Cooperativa Agroindustrial Lar 124,17 --- --- 124,17 91,57 35,60 Caterpillar Brasil Ltda. 121,72 --- --- 121,72 43,68 178,61 Aker Solutions do Brasil Ltda. 119,2 --- --- 119,20 69,25 72,13 Cooperativa Agrária Agroindustrial 118,99 --- --- 118,99 125,49 -5,18 Pampeano Alimentos S/A --- --- 117,40 117,40 116,28 0,97 Tramontina S/A Cutelaria --- --- 112,27 112,27 99,49 12,84 Vancouros Indústria e Comércio de Couros Ltda. 111,02 --- --- 111,02 91,95 20,74 Randon S/A Implementos e Participações --- --- 107,79 107,79 130,79 -17,59 Universal Leaf Tabacos Ltda. --- 105,79 --- 105,79 543,04 -80,51 Oleoplan S/A --- --- 100,38 100,38 48,65 106,32 Cocamar Cooperativa Agroindustrial 99,31 --- --- 99,31 67,13 47,95 Coopavel Cooperativa Agroindustrial 93,7 --- --- 93,70 77,27 21,26 Kaefer Agro Industrial Ltda. 90,87 --- --- 90,87 97,85 -7,13 Agrícola Jandelle Ltda. 90,21 --- --- 90,21 113,6 -20,59 Braslumber Indústria de Molduras Ltda. 89,7 --- --- 89,70 71,42 25,60 Braspine Madeiras Ltda. 88,3 --- --- 88,30 77,83 13,46 Gonçalves & Tortola S/A 87,16 --- --- 87,16 60,47 44,12 Arcelormittal Brasil S/A --- 86,15 --- 86,15 86,11 0,05 AAM do Brasil Ltda. 85,24 --- --- 85,24 76,69 11,15 Companhia Providência Indústria e Comércio 85,12 --- --- 85,12 89,33 -4,71 Ceagro Agrícola Ltda. 79,45 --- --- 79,45 75,00 5,94 Gelnex Indústria e Comércio Ltda. --- 69,61 --- 69,61 59,34 17,30 Curtume Viposa S/A --- 68,56 --- 68,56 58,62 16,97 Incasa S/A --- 65,15 --- 65,15 73,01 -10,77 Schulz S/A --- 62,03 --- 62,03 62,21 -0,29 Vossko do Brasil Alimentos Congelados Ltda. --- 43,93 --- 43,93 43,84 0,20 Sertrading S/A --- 40,73 --- 40,73 20,14 102,22 Frame Madeiras Especiais Ltda. --- 37,85 --- 37,85 28,07 34,84 Marubeni Brasil S/A --- 35,28 --- 35,28 6,57 436,8 Netzsch do Brasil Indústria e Comércio Ltda. --- 34,56 --- 34,56 32,13 7,56 Indústria de Compensados Guararapes Ltda. --- 34,44 --- 34,44 32,01 7,58 Zen S/A Indústria Metalúrgica --- 33,29 --- 33,29 31,69 5,05 Portobello S/A --- 33,09 --- 33,09 25,64 29,05 Takata Brasil S/A --- 32,29 --- 32,29 29,57 9,22 Electro Aço Altona S/A --- 31,78 --- 31,78 30,79 3,20 Iguaçu Celulose Papel S/A --- 31,64 --- 31,64 33,46 -5,42 Fiagril Ltda. --- 29,97 --- 29,97 12,27 144,3 VARIAÇÃO (%)EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS TOTAL 2013
  • 12. Abril 2014 | AMANHÃ | 34 | paração, a África do Sul é a 39ª colocada e o Peru, o 43º. Já no Global Competi- tiveness Report de 2012/2013, o Brasil está em 48º lugar em um ranking de 144 países. O problema é que, nos 12 pilares de competitividade do último relatório, aparece no primeiro quartil apenas nos quesitos “tamanho de mercado” e “sofis- ticação dos negócios”. Mas há quem contrarie esse ciclo de pessimismo.AWeg,tradicionalfabrican- tedemotoreselétricos,geradoresetrans- formadores, aparece na nona colocação na lista das 25 empresas brasileiras com maior presença global, elaborada pela revista América Economia. Logo atrás, justamente,daBRF.Venceressasbarreiras exigiu um misto de produção em escala e integração entre as áreas de produção. “Assim como outras indústrias, também sofremos com os gargalos logísticos, a legislação trabalhista ultrapassada e a alta carga de impostos. É difícil ser competi- tivo arcando com custos que os concor- rentes de fora não têm. Mas procuramos contornar isso com ganhos de produtivi- dade”, explica Luis Gustavo Lopes Iensen, diretorcorporativointernacionaldaWeg. Segundo ele, a empresa faz questão de ter suas próprias fundições e verticalizar ao máximo a produção – fabricando até mesmo os fios de cobre que utilizam. “Não somos uma simples montadora: processamos as matérias-primas. Isso explica o número relativamente elevado de funcionários em relação ao nosso faturamento”, explica. Além de ter maior controle sobre os custos da produção, a Weg ganha flexibilidade nos prazos de entrega e, consequentemente, mais competitivi- dade. Ainda que esteja em 13° lugar no ranking dos maiores exportadores do sul, com US$ 740 milhões exportados em 2013, seu faturamento vai além do que é produzido nas 15 plantas industriais no país. Há outras 11 fábricas espalhadas pelos cinco continentes, que produzem de tintas e vernizes a motores elétricos, transformadores, painéis e geradores. O valor da diversificação Foi a diversificação de produtos que levou a Weg a uma conquista inédita em 2012: pela primeira vez, as vendas no mercado externo (51% do total) foram maiores do que as do mercado doméstico. Em 2013, o mercado interno equilibrou a balança, com 50% para cada lado. “O ano passado, nossas vendas se mantiveram estáveis, pois houve uma leve retração no mercado internacional. Tivemos um crescimento relativamente bom na área de bens de consumo, mas não na área industrial”, diz Iensen. As aplicações para a indústria são responsáveis pela maior parte das ven- das da Weg no exterior, o que explica a leve retração de 1,7% nas exportações em2013.“NossocorebusinessnaEuropa são os motores elétricos para aplicação na indústria. Esse é o carro-chefe das nossas vendas no exterior”, garante Ien- sen.JánoBrasil,háumalinharesidencial, que inclui, por exemplo, bombas e moto- res para piscinas. Mas a entrada da Weg nesse mercado ainda é pequena fora do país, admite Iensen. O objetivo da empresa, agora, é atin- gir os R$ 20 bilhões de faturamento em 2020 – em 2013, a empresa fechou com R$ 6,8 bilhões. Traçada em 2011, a meta representa quatro vezes o faturamento da empresa na época. “Há um cresci- mento orgânico e um planejamento de aquisições e fusões. Temos mapeadas as oportunidades de cada área de negócios no Brasil e no exterior”, afirma Iensen. Para isso, diz ele, a Weg desenvolve seus produtos de olho nas tendências globais de consumo e conta, ainda, com uma área de certificações que aprova (ou não) os produtos de acordo com as normas das entidades reguladoras exportadores do sul Os maiores exportadores do Paraná Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB 1.169,23 1.100,25 911,87 805,38 770,84 710,93 685,91 629,63 478,02 444,00 430,25 346,20 345,05 322,58 319,47 255,88 200,26 188,69 179,76 179,70 RENAULT DO BRASIL S/A BRF - BRASIL FOODS S/A BUNGE ALIMENTOS S/A COAMO CARGILL AGRíCOLA S/A US. AÇÚCAR S. TEREZINHA LTDA. LOUIS DREYFUS CHS DO BRASIL VOLVO DO BRASIL NIDERA SEMENTES LTDA. SEARA ADM DO BRASIL LTDA. KLABIN S/A PETROBRAS VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA. US. Alto ALEGRE S/A Cia. CACIQUE DE CAFÉ SOLÚVEL ROBERT BOSCH LTDA. C. VALE SEARA ALIMENTOS LTDA. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013
  • 13. AMANHÃ | Abril 2014| 35 | OS MAIORES EXPORTADORES DE SANTA CATARINA Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB 1.114,54 740,56 673,10 532,40 441,72 412,20 396,98 278,74 161,28 141,70 126,87 118,28 115,70 105,79 90,67 86,15 75,26 71,97 70,76 69,61 BRF - BRASIL FOODS S/A WEG EQUIP. ELÉTRICOS S/A SEARA ALIMENTOS LTDA. WHIRLPOOL S/A TUPY S/A COOP. CENTRAL AURORA ALIM. SOUZA CRUZ S/A BUNGE ALIMENTOS S/A ALLIANCE ONE PAMPLONA ALIMENTOS S/A TYSON DO BRASIL ALIM. LTDA. KLABIN S/A JBS AVES LTDA. UNIVERSAL LEAF TABACOS PETROBRAS ARCELORMITTAL ADM DO BRASIL LTDA. AMAGGI EXP. E IMP. LTDA. CTA CONT. TOBACCOS ALLIANCE S/A GELNEX Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 internacionais e características de cada mercado. “É esse cumprimento dos mais exigentespadrõesinternacionaisquenos coloca como um dos maiores players de motores elétricos do mundo, à altura de qualquer concorrente internacional”, orgulha-se Iensen. Carros para o mundo O setor automotivo também vem buscando reverter as tendências ne- gativas da participação da indústria na balança comercial brasileira. No sul, quem desponta nesse sentido é a Renault. O Brasil já é o segundo maior mercado da montadora, atrás apenas da França – o que não é nada desprezível para uma marca presente em 128 países. As três fábricas do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), receberam em 2013 um investimento de R$ 500 milhões, suficientes para am- pliar a capacidade de produção de 280 mil para 380 mil carros por ano. Mas a prioridade não é exatamente exportar. A ideia é abocanhar uma fatia maior de um mercado que continua em expansão: o interno. “Hoje, temos 6,6% do mercado brasileiro de veículos. A ideia é chegar a 8% em 2016. Há espaço para isso, prin- cipalmente se analisarmos a proporção de automóveis por habitantes”, explica Caique Ferreira, diretor de comunicação da Renault. No Brasil, diz ele, há apenas um automóvel para cada sete habitan- tes, em média. Já nos Estados Unidos, a proporção é de um veículo para cada dois habitantes. A Renault é tanto a maior expor- tadora quanto a maior importadora entre as montadoras do sul do país. Esse volume de comércio externo não vem, necessariamente, da insuficiência de atendimento da demanda do mercado. É uma decisão estratégica da empresa: a produção do Clio ocorre na Argentina, enquanto modelos como Duster, Logan e Sandero, de grande demanda no Brasil, OS MAIORES EXPORTADORES DO RIO GRANDE DO SUL Empresas que mais exportaram pelo Estado em 2013 - valores em US$ milhões FOB 1.833,65 1.099,21 974,11 895,89 838,02 694,05 561,12 453,91 430,94 411,11 407,37 373,43 323,17 303,31 293,78 279,95 276,81 255,96 244,04 235,67 BRASKEM S/A BUNGE ALIMENTOS S/A BRF - BRASIL FOODS S/A CARGILL AGRÍCOLA S/A BIANCHINI S/A LOUIS DREYFUS NIDERA SEMENTES LTDA. GM DO BRASIL LTDA. ADM DO BRASIL LTDA. PETROBRAS JBS AVES LTDA. UNIVERSAL LEAF TABACOS LTDA. JOHN DEERE BRASIL LTDA. NOBLE BRASIL S/A SOUZA CRUZ S/A BSBIOS CTA JTI PROC. TABACO BRASIL LTDA. AGCO DO BRASIL MARCOPOLO S/A Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2012
  • 14. são fabricados no Paraná. Essa espécie de rodízio global, é claro, aumenta o vo- lume comercializado pela empresa com diferentes países – especialmente com a própriaArgentina. Dos63 mil carrosque a Renault exportou em 2013, cerca de 50 mil (ou quase 80%) foram enviados para a Argentina, diz Caique. A Renault não está sozinha nesse modelo de produção. Hoje, a Argenti- na representa aproximadamente três quartos das exportações brasileiras de veículos. Isso ocorre porque as mon- tadoras fazem questão de manter uma matriz de produção capaz de aproximar os dois mercados. “Temos um acordo de integração produtiva com a Argen- tina. A produção deles depende de peças brasileiras, assim como o Brasil também depende das peças argentinas. Há também vários modelos brasileiros produzidos na Argentina, e vice-versa. Os dois mercados são interdependentes”, diz Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Ocrescimentodaproduçãodosetor automotivo, aliás, também contraria os rumores de uma desindustrialização. O setor nunca produziu tanto. Em 2013, foram 3,7 milhões de unidades, o que representou um crescimento de 9,9% em relação a 2012 – e um recorde histórico para o setor. Já as exportações fecharam em 563 mil unidades em 2013. Até o final da década, a meta da Anfavea é pratica- mente dobrar as vendas externas, com cerca de 1 milhão de unidades enviadas para o exterior todos os anos. Para isso, o país já conta com investimentos de peso anunciados pelas montadoras: a BMW já está se instalando em Santa Catarina, enquanto Mercedes-Benz e Land Rover anunciaram novas plantas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, respec- tivamente. No total, os investimentos chegam a quase R$ 2 bilhões. “O Brasil é o quarto maior mercado automotivo do mundo, mas apenas o sétimo maior produtor.Precisamossubirnorankingda produção”, atenta Moan, que também é diretor institucional da General Motors no Brasil. Ele diz não ter dúvidas de que as montadoras brasileiras ainda vão se tornar grandes exportadoras de produ- tos de alto valor agregado. “Temos grau de competitividade e tecnologia para exportar para qualquer lugar do mundo”, afirma. Espera-sequeo setorautomotivo não se torne uma ilustre exceção. EXPORTADORES DO SUL Para além da fronteira: exportações puxaram os resultados da Coamo, que fechou 2013 com um crescimento de mais de 11% na receita bruta Abril 2014 | AMANHÃ | 36 |
  • 15. Tipo exportação: plataformas como a P-55 jamais saíram do país, mas ajudaram a vitaminar as contas externas da região sul em 2013 Superávit flutuanteA EXPORTAÇÃO DE PLATAFORMAS SALVOU A BALANÇA COMERCIAL DO SUL DO PAÍS EM 2013, MAS NÃO ESCONDEU SUAS FRAGILIDADES EXPORTADORES DO SUL Divulgação
  • 16. ara compreender as recentes mudanças na pauta de expor- tações do sul do país é preciso voltar no tempo. Mais precisamente, até 6 de outubro de 2013. Naquele dia, a Petro- bras concluiu uma operação que não só vitaminou os números da balança co- mercial brasileira – evitando o primeiro déficit em 14 anos – como também alterou a lista de produtos que o país, e o sul em particular, mais exportam. E foi uma senhora operação, diga-se: com a ajuda de seis rebocadores, a empresa lançou ao mar a P-55, uma das gigantes- cas plataformas de petróleo construídas pelo consórcio de empresas Quip no ERB-1, como é conhecido o estaleiro de Rio Grande. Com mais de 52 mil toneladas e área superior a dois campos de futebol, a estrutura levaria 16 dias para cumprir o trajeto entre o porto gaúcho e o campo de Roncador, na Bacia de Campos, onde seria conectada a poços situados a até 18 mil metros de profundidade. Tratava-se, afinal, da maior plataforma semissubmersível já construída no Brasil e uma das maiores do mundo. Mais do que isso: foi uma das mais expressivas operações de exporta- ção da história da Petrobras. Os analistas em comércio exterior, porém, tendem a subtrair a P-55 das contas da balança comercial brasileira em 2013. E a razão é simples: embora tenha sido exportada, a plataforma não chegou a sair do país. Isso foi possível graças ao Repetro, sigla que designa um programa de nome quilométrico: Regime Aduaneiro Especial de Expor- tação e Importação de Bens Destinados à Exploração e à Produção de Petróleo e Gás Natural. Desde 2004, o Repetro autoriza a exportação, sem saída do território nacional, de plataformas de perfuração e produção de petróleo ou P Divulgação
  • 17. Abril 2014 | AMANHÃ | 40 | bons resultados à balança comercial do Rio Grande do Sul. Mas dificilmente compensará a queda no valor oriundo das operações da Petrobras. “Como é uma exportação fictícia, as plataformas não devem ser encaradas como um número muito pontual. Elas distorcem a estatística das exportações”, destaca Ce- zar Müller, coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiergs. Sem as plataformas, a pauta de exportações do Rio Grande do Sul se mantém atrelada a um padrão histórico – e pouco alentador: a total predomi- nância das commodities agrícolas sobre os produtos manufaturados. A exceção é a venda de automóveis, que aparece na sétima colocação entre os itens mais exportados. Antes, aparecem a soja e seus derivados (bagaço e óleo), fumo, carne de frango, miúdos e polímeros petroquímicos – que, embora sejam industrializados, são vendidos também como commodity. Exatamente o oposto do que ocorre na pauta de importações, que traz diversos itens de alto conteúdo tecnológico. Nesse sentido, o Rio Grande do Sul repete uma tendência bem brasileira. Somente em 2013, o déficit da balança comercial do país para produtos manu- faturados superou os US$ 100 bilhões. “Apenas para equilibrar a balança comercial nesse segmento teríamos de dobrar as nossas exportações. Isso demonstra o desafio que temos pela frente”, ressalta Müller, da Fiergs. Não há nada de errado em exportar grãos, carnes, polímeros e outras com- modities. Com terras em abundância e clima favorável, é natural que o Brasil continue sendo um grande celeiro do mundo. O problema é o baixo peso dos produtos manufaturados na pauta de exportações. Atualmente, 65% dos produtos exportados pelo Brasil são commodities, como minério de ferro, gás natural. A P-55, especificamente, foi adquirida pela Petrobras Netherlands B.V. (PNBV), subsidiária da estatal brasileira na Holanda, para depois ser alugada para operar no Brasil. A operação permite que as petroleiras não paguem PIS, Cofins e IPI sobre as plataformas. E permite também que o governo adicione receitas artificiais nas contas externas brasileiras. Aliás, artificiais e também ocasionais – já que, em 2014, o país “exportará” apenas duas plataformas, num valor total de US$ 2,5 bilhões, quase US$ 5 bilhões a menos do que no ano anterior. Na onda do petróleo O fato é que as operações da Petro- bras afetaram a composição da pauta exportadora do sul do país, especial- mente a do Rio Grande do Sul. Em 2013, as vendas externas do Estado somaram US$ 25 bilhões – e mais de 18% desse valor se refere a plataformas. Não por acaso, foi primeira vez em muitos anos que a soja perdeu o posto de produto mais exportado pelos gaúchos – ainda que os volumes embarcados tenham mais que dobrado em relação a 2012, quando houve a quebra de safra. Em 2014, a promissora colheita deve trazer Principais produtos importados Valores em US$ milhões FOB 2.024,81 1.998,85 1.697,73 1.653,77 333,27 267,28 259,13 224,78 171,38 147,16 Fertilizantes e insumos Automóveis Petróleo Motores e autopeças Componentes eletrônicos Pneus Máquinas e peças agrícolas Trigo Feijão Combustíveis diversos Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 Principais produtos exportados Valores em US$ milhões FOB 3.966,56 2.024,11 1.473,37 1.218,46 1.131,91 947,22 756,91 618,57 566,38 551,90 Soja em grão Carne de ave e derivados Bagaço de soja Açúcar Automóveis Milho em grão Combustíveis diversos Motores e autopeças Madeira Óleo de soja Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 exportadores do sul a pauta paranaense
  • 18. AMANHÃ | Abril 2014| 41 | soja e carnes. Uma realidade que deixa o país cada vez mais exposto a oscilações externas de preço. “O mercado das commodities é muito instável, pois quem define os preços é o mercado internacional, as quantidades e o clima. Somos meros agentes passivos”, analisa José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Neste ano, diz ele, só o minério de ferro já registrou uma queda de 30% nos pre- ços. No caso dos produtos manufatu- rados, o exportador tem mais controle sobre o valor cobrado. “Os contratos são de médio e longo prazo. Isso dá mais estabilidade, garantindo que não haverá cortes bruscos de receita de exportação”, diz Castro. O celeiro do sul Sozinho, o Paraná respondeu por quase 10% das exportações brasileiras em 2013. Grande parte delas veio das commodities, especialmente da soja, com quase US$ 4 bilhões. Mas há outros produtos primários importantes que agregam mais valor à pauta de exporta- ção paranaense: carnes, açúcares, cere- ais, madeira, papel e celulose e móveis. O Porto de Paranaguá já se especializou na exportação desses bens. “Diferente- mente de Santa Catarina, o Paraná tem uma estrutura portuária mais focada na movimentação de mercadorias a granel, o que resulta em um menor volume de embarques e desembarques de contêi- neres”, afirma Roberto Antonio Peredo Zurcher, economista da Fiep. Essa estrutura facilita a exportação de grãos, que não são transportados em contêineres. E, quando o assunto é soja, quem aparece como um componente forte nas exportações paranaenses é a Coamo. Maior exportadora entre as coo- perativas do Brasil, a Coamo enviou cerca de 3,5 milhões de toneladas de soja ao exterior em 2013 – ao preço de US$ 805,3 milhões. A maior parte dos embarques foi de farelo de soja (des- tinado principalmente à Europa) e de soja em grão (para a China). José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, diz que o principal desafio no caminho dos exportadores é logístico. Cada saca de soja enfrenta gargalos como frete caro, rodovias em más condições e demora no embarque. “O ano passado foi um desastre”, lamenta. Segundo ele, a cooperativa sofreu com a demora no Porto de Paranaguá, que chegou a ter 117 navios na fila de espera, impondo um atraso de 110 dias no embarque e multas de US$ 10 mil a US$ 15 mil dólares por navio a cada dia de atraso. “Chegamos a comprar produto na Europa para atender os clientes que já haviamcomprado,eembarcamosmilho para o Japão por Rio Grande, distante 1.400 km do Mato Grosso do Sul, onde o grão foi colhido.” Para minimizar o problema, a ad- ministração do Porto de Paranaguá ins- tituiu uma portaria que dá preferência aos navios que já têm carga completa. Antes, todos esperavam na mesma fila e precisavam aguardar a aquisição do PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS Valores em US$ milhões FOB 1.134,10 978,07 647,20 531,60 433,63 248,61 213,69 171,37 160,24 121,82 CÁTODOS DE COBRE POLÍMEROS PETROQUÍMICOS FIOS PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL PRODUTOS SIDERÚRGICOS ROUPAS E TECIDOS PNEUS AUTOMÓVEIS FERTILIZANTES E ADUBOS LUVAS DE BORRACHA GARRAFAS E FRASCOS Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS Valores em US$ milhões FOB 1.934,35 876,34 591,27 481,08 419,78 417,85 411,08 241,77 209,77 163,72 CARNE DE AVE E DERIVADOS FUMO E DERIVADOS COMPRESSORES DE REFRIG. SOJA EM GRÃO CARNE SUÍNA E DERIVADOS. MOTORES ELÉTRICOS BLOCOS DE MOTORES CARNES PROCESSADAS MADEIRAS MÓVEIS E SEUS ACESSÓRIOS Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 A PAUTA CATARINENSE
  • 19. Abril 2014 | AMANHÃ | 42 | PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS Valores em US$ milhões FOB 3.679,03 1.777,70 2.654,16 1.684,51 152,77 781,08 185,87 551,54 178,64 114,45 PETRÓLEO AUTOMÓVEIS NAFTA PETROQUÍMICA FERTILIZANTES E INSUMOS MOTORES E AUTOPEÇAS BENS DE CAPITAL INDUSTRIAIS TRIGO BORRACHAS MÁQUINAS E PEÇAS AGRÍCOLAS PNEUS Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS Valores em US$ milhões FOB 4.225,19 2.250,72 282,84 SOJA EM GRÃO* FUMO E DERIVADOS POLÍMEROS PETROQUÍMICOS CARNE DE AVE E DERIVADOS BAGAÇO DE SOJA MÁQUINAS E PEÇAS AGRÍCOLAS MOTORES E AUTOPEÇAS ARROZ TRIGO ÓLEO DE SOJA *Pela contabilidade oficial, o principal produto exportado é plataforma de petróleo, mas AMANHÃ desconsiderou por se tratar de uma metodologia que contabiliza os últimos três anos. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 325,83 362,66 503,73 808,47 1.201,99 1.360,56 1.841,87 produto para embarcar, o que gerava mais atrasos. “Agora, podemos embar- car em três berços, desde que haja pelo menos 18 mil toneladas por navio. Isso favoreceu muito e, neste ano, ainda não tivemos problemas de embarque”, diz Gallassini. Problemas na Argentina Desde 2008, Santa Catarina não sabe o que é ter uma balança comercial superavitária. De 2009 a 2013, a balança comercial catarinense acumulou um déficit de US$ 20 bilhões. O diagnós- tico é simples: Santa Catarina importa muito mais do que exporta. Na última década, as compras realizadas pelo Estado cresceram 14 vezes, enquanto as exportações mal triplicaram. O que explica o descompasso é o perfil industrial de Santa Catarina, que de- pende mais de produtos e componentes fabricados no exterior – daí o fato de a pauta de importações ser dominada por cátodos de cobre (usados em indústrias como construção civil, eletroeletrônica e automotiva), polímeros, pneus para ônibus e caminhões, além de matérias- -primas da área de confecção, como fibras artificiais e fios têxteis. Pelos cálculos de Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, pelo menos 70% das importações catarinenses são de maté- rias-primas industriais. “Esses produtos passaram a ser adquiridos no exterior porque são de excelente qualidade e têm preços em condição de compor bem o custo de fabricação. É uma importação produtiva”, garante ela. Nesse contexto, o aumento das compras externas é um bom sinal: trata-se de uma consequên- cia direta da ampliação da capacidade instalada das indústrias instaladas em Santa Catarina. Se as importações não preocupam, as exportações catarinenses têm se mostrado decepcionantes. Os embar- ques do Estado caem sem parar desde 2011. E a principal razão está no sul da América do Sul. “O protecionismo exa- cerbado da Argentina tem sido muito sentido em Santa Catarina. Perdemos um polo de importação expressivo, um parceiro que, pela proximidade geográfica, deveria ser um mercado natural para nossos produtos, assim como o Brasil é para os deles”, afirma Maria Teresa. “Tínhamos um espaço expressivo na pauta de calçados, têxteis, refrigeração e motores. Agora, percebe- mos que alguns produtos deixaram de fazer parte dessa pauta”. As exportações de componentes para motores, por exemplo, caíram de US$ 405 milhões para US$ 391 milhões entre 2012 e 2013. Os compressores de ar para refrigeração também apresen- taram queda acentuada no período, de US$ 504 milhões para US$ 407 milhões. “Além da burocracia cada vez maior nas exportações para a Argentina, há custos exorbitantes para manter mercadorias que chegam a ficar 180 dias nas áreas alfandegárias. O problema da Argentina chegou ao limite e os exportadores não têm mais fôlego para superar essas bar- reiras”, lamenta Maria Teresa, da Fiesc. A PAUTA GAÚCHA
  • 20. Abril 2014 | AMANHÃ | 44 | Às compras: urbanização da população chinesa é uma oportunidade única para os exportadores do sul exportadores do sul Novos destinos, velhos gargalosa boa notícia: cada vez mais exportadores do sul conquistam clientes em mercados periféricos. a má: poucos deles vendem mais que commodities HuChenhuan/Xinhua/AFP
  • 21. AMANHÃ | Abril 2014| 45 | China vai sustentar um cresci- mentoeconômicorelativamente elevado, mas não superelevado.” A frase do presidente chinês Xi Jinping durante uma conferência na China não deixa dúvidas: até os chineses já aceitaram que a era do crescimento de dois dígitos chegouaofim.Otemidodesaquecimento da economia chinesa colocou em alerta muitos analistas que previam um forte impactonasexportaçõesbrasileiras.Mas o quadro que se apresenta é inverso: à medida que reduz seu ímpeto de cres- cimento, a China parece cada vez mais ávida pelos produtos clássicos da pauta de exportações brasileiras. Em 2010, as exportações do Brasil para a China somavam US$ 30,7 bilhões. Em 2013, já chegavam a US$ 46 bilhões, um crescimento de 50%. No mesmo intervalo de tempo, as vendas para os Estados Unidos avançaram apenas 26%. Convém lembrar que, até 2008, os ame- ricanoseramosgrandescompradoresde produtos brasileiros. Deixaram essa lide- rança após a crise do subprime – e, desde então, jamais recuperaram os índices de comércioquecostumavammantercomo Brasil.JáaChina,àquelaaltura,eraapenas o terceiro país que mais importava do Brasil. Perdia até para a Argentina. Hoje, há cerca de 30 milhões de chi- neses vivendo abaixo da linha da pobreza – com menos de 150 euros por ano. E a estatística,porincrívelquepareça,merece alguma comemoração. Até o ano 2000, o país contava com mais que o dobro de pessoas abaixo da linha da pobreza. De lá para cá, milhões de chineses se inseriram nomercadodeconsumoemigrarampara as cidades – onde passaram a demandar alimentos que o Brasil exporta em abun- dância, como o café. “Até a década de 1990, o consumo de café era proibido na China, por ser considerado uma prática ocidental. No passo passado, porém, o “ A RIO GRANDE DO SUL - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões F.O.B. 4.550,98 2.897,17 2.522,37 1.897,53 1.641,62 715,95 647,64 565,63 545,83 484,83 CHINA PANAMÁ* HOLANDA* ARGENTINA ESTADOS UNIDOS PARAGUAI COREIA DO SUL ALEMANHA BÉLGICA URUGUAI * Trata-se de uma distorção causada pela contabilização das plataformas de petróleo e gás. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 SANTA CATARINA - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões FOB 1.021,38 691,61 523,56 523,29 517,64 357,36 311,42 301,12 284,50 278,17 ESTADOS UNIDOS CHINA JAPÃO HOLANDA ARGENTINA REINO UNIDO MÉXICO RÚSSIA BÉLGICA ALEMANHA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 PARANÁ - PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões FOB 3.978,88 2.048,89 839,00 720,41 635,46 628,94 622,46 420,61 418,70 382,80 CHINA ARGENTINA HOLANDA ESTADOS UNIDOS ALEMANHA ARÁBIA SAUDITA PARAGUAI JAPÃO FRANÇA COREIA DO SUL Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 HuChenhuan/Xinhua/AFP
  • 22. Abril 2014 | AMANHÃ | 46 | país já importou 1 milhão de sacas. Os chineses estão aprendendo a apreciar o café”, afirma Fernando Mourad, diretor da Câmara Chinesa de Comércio do Brasil (CCCB). Hoje, diz ele, a rede de cafeterias Starbucks tem mais lojas na China do que nos Estados Unidos. Esse contexto explica por que os embarques para a China devem crescer a despeito dos resultados do PIB. Segunda maior economia do mundo – e pronta parasetornaraprimeiraaté2016,segundo umrelatóriodaUniversidadedeOxford–, aChinavemdeixandoparatrásomodelo queatransformounapotênciadehoje.Em vezdospesadosinvestimentosestataisem infraestrutura e do foco nas exportações, o governo chinês vem dando prioridade ao crescimento do mercado interno. “Isso não significa que não podemos manter o crescimento a um passo rápido, mas não queremos mais isso”, afirmou o presidente Xi Jinping, em uma conferência realizada no ano passado. O foco no fortalecimento do merca- do interno abre boas oportunidades para o Brasil – e, consequentemente, para a região sul. “O presidente Xi Jinping já deu sinais de que nós, latino-americanos ebrasileiros,teremosumagrandeimpor- tâncianaagendadiplomáticaecomercial chinesa. Esse comércio é fundamental parasustentarocrescimentochinêseper- mitir que o país seja reconhecido como uma potência global”, afirma Mourad, da CCCB. Em 15 de julho, logo após a Copa, Jinping e outros líderes dos países em de- senvolvimentovirãoaoBrasilparaasexta cúpuladosBrics,quereúneBrasil,Rússia, Índia, China e África do Sul. O drama do Mercosul O Mercosul não é mais o mesmo. Nos últimos anos, o bloco deixou de ser a esperança de uma abertura do Brasil para o mundo e se tornou uma espécie de fardo político. Os poucos acordos comerciais do bloco são com mercados pouco expressivos – como Egito, Mar- rocos e Israel. Enquanto isso, potências como Estados Unidos e Japão alinham importantes acordos bilaterais com a Inglaterra. Também há bons exemplos naprópriaAméricaLatina:oChilejátem mais de 50 acordos comerciais assinados com outros países e blocos econômicos. Basicamente, o Mercosul esbarra na própria burocracia – que exige, entre outros caprichos, consenso dos países- -membros na consolidação de tratados comoutrasnações.Issoexplicaporquea negociaçãodeumaáreadelivrecomércio comaUniãoEuropeia,consideradaestra- tégica para o Brasil, já se arrasta há mais de uma década sem avanços expressivos. A letargia, é claro, traz consequências di- Amarrados à mesa: regras aduaneiras do Mercosul impedem que o Brasil negocie acordos mais vantajosos com outros países e blocos Agência Brasil exportadores do sul
  • 23. AMANHÃ | Abril 2014| 47 | retasàbalançacomercialbrasileira.Entre 2012e2013,asexportaçõesparaospaíses europeuscaíram12%,deUS$37,4bilhões para US$ 33 bilhões. “O Brasil caiu numa camisa de força da qual não quer ou não sabe como sair. O país não tem liberdade para tomar decisões e, assim, fica isolado comercialmente.Cadaacordotemdeser negociadoembloco”,analisaJoséAugusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O Brasil propõe uma eliminação de 87% das tarifas de importação de produtos europeus. Uruguai e Paraguai defendem um percentual ainda maior, de quase 90%. Já a Argentina pleiteia, no máximo, 80%. Pudera: com uma econo- miafragilizada,osargentinostememque aaberturaàsimportaçõeseuropeiaspossa agravar sua crise cambial. Mais ainda com o preço da soja em queda e com a redução na safra de trigo, entre outros fatores que enfraquecem a presença da Argentinanosfluxosglobaisdecomércio. Segundo Castro, da AEB, o país está se desdobrando para gerar novas receitas cambiais – e a única forma de conseguir isso é com um superávit comercial de, no mínimo, US$ 10 bilhões por ano. No ano passado, por exemplo, o saldo argentino foi de US$ 9 bilhões. O sul sente mais O sul do país é a região que mais sente as consequências da falta de enten- dimento entre os países do Mercosul, es- pecialmentedaArgentina.Em2010,oRio GrandedoSultinhaomercadoargentino comodestinode10%desuasexportações. Hoje, o percentual é de 7,6%. A queda é agravada pela complicada situação do setorcalçadista.Em2013,asexportações decalçadosbrasileirosparaláencolheram 13%. “A Argentina é o nosso segundo mercado mais importante. Por força da políticaprotecionista,estamosperdendo umagrandeparticipaçãonessemercado”, diz Heitor Klein, presidente executivo da RIO GRANDE DO SUL - MAIORES SUPERÁVITS * Valores em US$ milhões FOB 3.318,33 2.897,17 2.392,74 715,95 545,83 CHINA PANAMÁ HOLANDA PARAGUAI BÉLGICA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 SANTA CATARINA - MAIORES SUPERÁVITS * Valores em US$ milhões FOB 523,29 314,14 301,12 284,50 245,85 HOLANDA JAPÃO RÚSSIA BÉLGICA ARÁBIA SAUDITA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 PARANÁ - MAIORES SUPERÁVITS * Valores em US$ milhões FOB 774,39 686,90 628,94 343,04 320,69 CHINA HOLANDA ARÁBIA SAUDITA PERU HONG KONG Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Para Cezar Müller, coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiergs, também pesa o fato de a Argentina não favo- recer os países do Mercosul em suas decisões de compra. “O Rio Grande do Sul tem perdido posições importantes em função das barreiras e do controle de importações argentinas. E não temos tido nenhum tipo de sinalização de que isso irá mudar”, diz ele. Uma ponta de esperança surgiu nas últimas semanas, com a perspectiva de troca das listas de ofertas entre os países – uma possibilidade que conta com a simpatia da Argentina. Com isso, as ne- gociações com a União Europeia podem finalmente avançar. Recentemente, tanto oBrasilquantoaArgentinacomeçarama articular propostas para apresentar uma oferta comum aos europeus. Após uma reunião entre os ministros argentinos da
  • 24. Abril 2014 | AMANHÃ | 48 || 48 | Economia, Axel Kicillof, e da Indústria, Debora Giorgi, o ministro de Desenvol- vimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro, Mauro Borges, afirmou que o país está caminhando para uma oferta conjunta do Mercosul. Se não acontecer, o Brasil já dá mostras de que poderá puxar o processo de forma independen- te – conforme apregoa a presidente da Confederação Nacional de Agricultura do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu. “Outra alternativa seria transformar o Mercosulemumaáreadelivrecomércio, deixando de ser uma união aduaneira, o que concederia aos países do bloco liber- dadeparanegociaracordosbilaterais.Ou vamos esperar que a Argentina puxe o Brasilparajuntodelanacrise?”,questiona Castro, da AEB. Mercados alternativos O fato é que o ranking dos maiores compradores de produtos do sul do país está mudando. A China está crescendo e os destinos mais tradicionais – Estados Unidos e Argentina – perdem força. Ao mesmo tempo, uma tendência começa a se consolidar: a de expansão nas vendas paramercadosque,atébempoucotempo atrás, eram considerados alternativos. Países como os da região da Indochina –Tailândia, Cingapura, Vietnã e Malásia –, entre outros que vêm despontando na lista dos principais destinos das exporta- çõesdosEstadosdosul(vejamaisdetalhes exportadores do sul NO Rio Grande do Sul País Holanda 292,88 Tailândia 187,77 Coreia do Sul 113,74 Taiwan (Formosa) 88,68 Cingapura 60,25 Crescimento em 2013 (%) EM Santa Catarina País Cingapura 24,03 China 23,46 Peru 15,25 Bolívia 15,05 Chile 14,97 Crescimento em 2013 (%) DESTINOS* DE EXPORTAÇÕES QUE MAIS CRESCEM... *Entre os 30 principais destinos das exportações do Estado. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 NO PAraná País Vietnã 409,31 Malásia 43,95 Emirados Árabes Unidos 35,60 Espanha 34,13 França 33,11 Crescimento em 2013 (%) nas tabelas abaixo). O peso desses países ainda é pequeno na balança comercial brasileira,éverdade.Masseucrescimento tem sido expressivo – o que abre novas oportunidadesparaaregiãosul.OParaná, por exemplo, registrou um salto de mais de 400% nas vendas para o Vietnã entre 2012 e 2013. Já o Rio Grande do Sul viu seus embarques quase triplicarem para a Tailândia. No caso de Santa Catarina, o foco ainda está em países da América Latina, como Peru, Bolívia e Chile. Mas essa mudança não é necessa- riamente boa. Para os Estados Unidos e Argentina, a maior parte das exporta- ções era de produtos manufaturados e semimanufaturados.Paraossul-asiáticos, concentra-seemprodutosbásicos,como açúcar,minérios,ligasmetálicasederiva- dos de petróleo. “Eles compram nossos produtos e industrializam. Acabam se tornando concorrentes no mercado internacional. Nossa missão é tentar recuperar nossa produtividade interna”, analisa Müller, da Fiergs. Nesse compasso, o aumento das exportações para mercados tradicionais depende, basicamente, de esforços isola- dos de alguns setores – como o vitiviní- cola.Dezanosatrás,oInstitutoBrasileiro do Vinho (Ibravin) firmou uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex- -Brasil) e lançou o Wines of Brasil. Hoje, o projeto reúne 35 vinícolas de todo o país na tentativa de promover o vinho brasileiro no exterior, com ênfase nos mercados com maior poder aquisitivo. E já contabiliza conquistas importantes. Principal mercado externo do vinho brasileiro, os Estados Unidos respondem agora por um quarto das exportações do setor – não por acaso, já há um escritório instalado no país para facilitar a entrada de rótulos brasileiros. Iniciativas seme- lhantes foram tomadas na Alemanha e noReinoUnido.Osescritóriostrabalham asmarcasnaimprensa,pontosdevendae feiras, e promovem até aulas de enologia. “O vinho brasileiro já atingiu maturidade “As restrições argentinas nos afetam muito, e não há sinal de que irão mudar” Cézar Müller Coordenador de comércio exterior da Fiergs Divulgação
  • 25. AMANHÃ | Abril 2014| 49 | no exterior. Não é mais um item exótico. Formadores de opinião já conhecem a produção local e veem o Brasil como um produtorimportantenocenáriomundial. Temos percebido uma evolução rápida”, destaca Roberta Baggio Pedreira, gerente do projeto Wines of Brasil. Somente no primeiro semestre de 2013, o volume de vinhos exportados para a Alemanha cresceu 20 vezes. Para Hong Kong, o salto foi de 13 vezes. O próximo passo é chegar à China, maior importador de vinhos do mundo. “O produto brasileiro tem um mercado vasto pela frente. Os consumidores es- trangeiros ainda têm muito a conhecer. Nosso objetivo é que eles identifiquem o nosso vinho como uma opção imediata de compra”, explica Roberta. Países com tradição no consumo da bebida, acres- centa ela, estão aprendendo a apreciar o tom frutado e o baixo teor alcoólico dos rótulos made in Brazil. “Começamos a entrar nas grandes redes internacionais. Até então, nosso foco era construir a imagem e a reputação. Agora, estamos montando uma rede de distribuição. O consumidor vai poder encontrar o produto mais facilmente”, empolga-se Roberta. Novos destinos Entre os setores que vêm perdendo espaço lá fora, o calçadista é o que sofre mais percalços. Em 2013, por exemplo, a quantidade de calçados brasileiros enviada para o exterior cresceu 8,5% em relação ao ano anterior, chegando a 122,9milhõesdepares.Entretanto,oavan- çonãoserefletiunocaixadasempresasdo setor.Comocâmbiodesfavoráveleocerco da concorrência asiática, o faturamento totaldaindústriacalçadistaestacionouem pouco mais de R$ 1 bilhão – um incre- mento de apenas 0,2%emrelaçãoaoano anterior. Além disso, os exportadores perderam posições em mercados im- portantes, como nos Estados Unidos, onde a venda de calçados brasileiros recuou 15%. Para contornar o proble- ma, os empresários estão indo à luta. “Estamos trabalhando na abertura de novos mercados onde, até pouco tempo atrás, não tínhamos uma participação relevante”, explica Heitor Klein, da Abicalçados. Entre os novos destinos estão a Rússia, a China, o Paraguai e Angola. O passo seguinte é emplacar as marcas brasileiras no exterior, com design original e maior valor agregado. “Isso vem crescendo a cada ano. O que ainda freia nossas exportações é o custo-Brasil, que torna nosso produto pouco competitivo. Se não fosse isso, voltaríamos a crescer rapidamente nesses países”, sustenta Klein.
  • 26. Déficit nas bombas: só em 2013, as importações da Petrobras totalizaram US$ 5,2 bilhões no sul do país exportadores do sul Abril 2014 | AMANHÃ | 50 | Carros e gasolinaa forte expansão no consumo nacional de veículos coloca as montadoras e a petrobras no topo do ranking das empresas que mais importam pelo sul do país Divulgação
  • 27. ma análise cuidadosa da lista das empresas que mais importam pela região sul do país revela aquilo que qualquer pessoa já desconfiava: nunca se consumiu tanto carro no Brasil. No ranking, elaborado com dados do Mi- nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), despon- tam diferentes montadoras de veículos – lá estão Renault, Volkswagen, Toyota, Nissan e Volkswagen. Na liderança, com importaçõestotaisdeUS$5,2bilhõesem 2013,apareceaPetrobras.Quenãomonta veículos, mas é (a única) responsável por abastecê-los no Brasil. Ao todo, os portos do sul receberam US$ 12 bilhões em importações de carros e combustíveis. É quase 46% de tudo que chegou pelas docas das 50 maiores importadoras da região em 2013. E nem poderia ser diferente. Nos últimos dez anos, a elevação da renda média dos brasileiros, combinada com a melhora no acesso ao crédito, alavancou oconsumodeveículos–ecombustíveis– emtodoopaís.OBrasilsetornouumdos poucosmercadosdomundoqueganham mais carros e motos do que gente. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) revelam que, entre 2003 e 2013,houveumaumentodenadamenos que123%nafrotabrasileira.Praticamente 12 mil carros por dia ao longo de dez anos. Nesse mesmo período, porém, a população cresceu apenas 11%. Felizmente, como mostra o ranking dos maiores importadores, o sul foi pro- tagonistanessagrandetransformação.As importações de veículos e combustíveis refletem o crescimento da indústria automotiva na região, liderada pelo polo de São José dos Pinhais – que agrupa Re- nault, Nissan, Volkswagen e Volvo. E que deve ser reforçada no futuro com o início das operações da BMW em Araquari. Em 2013, aliás, a BMW apareceu pela primeira vez na lista dos maiores impor- tadores do sul do país, com compras de US$ 166,4 milhões, todas elas realizadas pelo Porto de Itajaí. Importantes importações Osnúmerostambématestamqueos portosdosulestãoàalturadasnecessida- desdaindústriaautomotiva–quenãosão poucas. Para viabilizar a movimentação de veículos (tanto para exportação quan- to importação), os terminais precisam contar com estruturas específicas para descarregamento e armazenamento das unidades. “Nesses portos, sempre é preciso ter um pátio automotivo. Não por acaso, nessa nova Lei dos Portos, nós defendemos a necessidade de ampliação desses pátios, já que pretendemos termi- nar esta década com a exportação de 1 milhão de veículos”, explica Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores(Anfavea).Em2013,lembra ele, o Brasil exportou 563 mil carros. As marcas associadas à Anfavea re- U presentam, hoje, 80% da produção global de veículos. E poucas delas concentram suas linhas de produção em um único país.Aocontrário:quasetodaselasdesen- volvem cadeias de produção integradas com unidades no exterior – e dependem fortemente da eficiência dos portos para viabilizarseusnegócios.Ouseja:ofatode o sul importar muitos carros não repre- sentaumafaltadecapacidadedaindústria automotiva local. É apenas reflexo de um modelo de atuação global que, até o mo- mento,estádandocertotambémnoBra- sil.“Semprehaveráumacomplementação com produtos importados. Há modelos que não compensa você produzir aqui, porque não consegue ter economia de escalasuficienteparadescentralizarapro- dução em todo o mundo”, explica Yabiku, quetambémédiretorinstitucionaldaGe- neral Motors. De qualquer forma, conta ele,oBrasiltemumaposiçãoprivilegiada nosetorautomotivo:é,aomesmotempo, o quarto maior mercado consumidor e o PARANÁ - MAIORES DÉFICITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 1.268,22 685,61 654,37 562,41 527,28 NIGÉRIA ALEMANHA ESTADOS UNIDOS FRANÇA SUÉCIA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 PARANÁ - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 774,39 686,90 628,94 343,04 320,69 CHINA HOLANDA ARÁBIA SAUDITA PERU HONG KONG Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 AMANHÃ | Abril 2014| 51 | Divulgação
  • 28. Abril 2014 | AMANHÃ | 52 | EXPORTADORES DO SUL 1 3 4 2 5 6 11 9 7 18 20 13 10 22 8 19 23 17 --- 12 15 21 --- --- 26 --- 31 32 28 30 35 39 44 41 29 36 37 47 42 45 --- --- 16 --- --- --- 46 40 --- 27 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 AS 50 EMPRESAS QUE MAIS IMPORTAM A PARTIR DO SUL As companhias que lideraram os embarques na região, em 2013 Valores importados em US$ milhões FOB POS. 2012 POS. 2013 Petrobras 1.777,44 --- 3.425,28 5.202,72 5.566,63 -6,35 Braskem S/A --- --- 2.072,63 2.072,63 1.877,19 10,41 Renault do Brasil S/A 1.757,39 --- --- 1.757,39 1.589,14 10,59 Volkswagen do Brasil Ltda. 1.749,10 --- --- 1.749,10 1.904,72 -8,17 Toyota do Brasil Ltda. --- --- 1.727,44 1.727,44 1.534,59 12,57 CISA Trading S/A --- --- 937,88 937,88 1.110,44 -15,54 Volvo do Brasil Veículos Ltda. 717,85 --- --- 717,85 539,20 33,13 Yara Brasil Fertilizantes S/A 171,5 --- 485,87 657,37 599,63 9,62 Copper Trading S/A --- 628,17 --- 628,17 831,13 -24,42 John Deere Brasil Ltda. --- --- 565,08 565,08 384,36 47,02 CNH Latin America Ltda. 550,66 --- --- 550,66 367,64 49,78 Positivo Informática S/A 515,82 --- --- 515,82 453,87 13,65 Bunge Fertilizantes S/A 191,34 --- 216,70 408,04 569,53 -28,35 Mosaic Fertilizantes do Brasil Ltda. 290,63 --- 104,76 395,39 330,76 16,34 Nissan do Brasil Automóveis Ltda. 394,65 --- --- 394,65 701,26 -43,72 Capital Trade Importação e Exportação Ltda. --- 371,57 --- 371,57 374,18 -0,7 Dow Brasil --- 365,02 --- 365,02 327,89 11,32 Columbia Trading S/A --- 362,13 --- 362,13 400,52 -9,59 Fertipar Fertilizantes do Paraná Ltda. 348,83 --- --- 348,83 247,21 41,11 Electrolux do Brasil S/A 326,94 --- --- 326,94 456,03 -28,31 Sainte Marie Importação e Exportação Ltda. --- 326,41 --- 326,41 432,72 -24,57 Komport Comercial Importadora S/A --- 297,02 --- 297,02 333,29 -10,88 General Motors do Brasil Ltda. --- --- 285,60 285,60 103,31 176,45 Quip S/A --- --- 271,12 271,12 3,72 --- Sertrading (BR) Ltda. --- 270,89 --- 270,89 244,25 10,91 Ascensus Trading & Logística Ltda. --- 269,82 --- 269,82 260,16 3,71 Fertilizantes Heringer S/A 159,62 --- 86,46 246,09 201,97 21,84 Whirlpool S/A --- 233,50 --- 233,50 200,05 16,72 Diamond Business Trading S/A --- 223,26 --- 223,26 227,02 -1,66 Trop Comércio Exterior Ltda. --- 213,30 --- 213,30 211,3 0,94 AGCO do Brasil --- --- 207,97 207,97 190,81 9,00 Bunge Alimentos S/A 102,77 103,45 --- 206,22 174,32 18,29 South Service Trading S/A --- 201,24 --- 201,24 146,12 37,72 Macrofertil 199,43 --- --- 199,43 150,82 32,23 BRF- Brasil Foods S/A 187,62 --- --- 187,62 4,57 --- Roche Diagnostica Brasil Ltda. --- 182,01 --- 182,01 188,14 -3,26 Fertilizantes Piratini Ltda. --- --- 181,61 181,61 181,5 0,06 Reyc Comércio e Participações Ltda. --- 177,51 --- 177,51 138,18 28,46 Milênia Agrociências S/A 171,02 --- --- 171,02 150,77 13,43 Link Comercial Importadora e Exportadora Ltda. --- 170,92 --- 170,92 143,98 18,71 BMW do Brasil Ltda. --- 166,36 --- 166,36 --- --- Agro Industrial São Luiz Ltda. 165,99 --- --- 165,99 57,10 190,66 Pirelli Pneus Ltda. --- --- 162,69 162,69 186,01 -12,54 Plant Bem Fertilizantes S/A 162,55 --- --- 162,55 89,28 82,06 CHS do Brasil 84,03 --- 73,72 157,75 125,48 25,71 Nortox S/A 155,87 --- --- 155,87 123,44 26,27 International --- --- 147,34 147,34 143,39 2,76 Unifertil --- --- 146,75 146,75 160,71 -8,68 Tetra Pak Ltda. 145,71 --- --- 145,71 28,81 405,68 First S/A --- 144,15 --- 144,15 228,83 -37,00 EMPRESA VIA PR VIA SC VIA RS TOTAL 2013 TOTAL 2012 VARIAÇÃO (%)
  • 29. AMANHÃ | Abril 2014| 53 | SANTA CATARINA - MAIORES DÉFICITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 3.839,86 1.049,56 586,32 566,87 434,54 CHINA CHILE ARGENTINA ALEMANHA ÍNDIA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 SANTA CATARINA - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 523,29 314,14 301,12 284,50 245,85 HOLANDA JAPÃO RÚSSIA BÉLGICA ARÁBIA SAUDITA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 RIO GRANDE DO SUL - MAIORES DÉFICITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 1.882,77 1.790,53 1.285,90 468,64 408,41 ARGENTINA NIGÉRIA ARGÉLIA MÉXICO MARROCOS Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 RIO GRANDE DO SUL - MAIORES SUPERÁVITS EM 2013 * Valores em US$ milhões FOB 3.318,33 2.897,17 2.392,74 715,95 545,83 CHINA PANAMÁ HOLANDA PARAGUAI BÉLGICA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 sétimo maior polo produtor de veículos do planeta. Nesse cenário, é compreensível que a Petrobras desponte como a grande im- portadora do sul do país. E ao que tudo indica vai manter essa posição por muito tempo. Para atender ao crescimento do consumo interno, a estatal já anunciou que deverá dobrar os volumes de im- portação de combustíveis. As previsões dão conta de que as compras externas da empresa deverão se estabilizar em 60 mil barris por dia, neste ano. No ano pas- sado, a média foi 32 mil barris. A notícia é mais um fator de preocupação para os investidoresdacompanhia,àsvoltascom umendividamentocrescenteedenúncias desuperfaturamentoemágestão.Noano passado, a produção de óleo e gás da Pe- trobras caiu 2,5%, o menor resultado des- de2008.Alémdisso,apetroleiracontinua amarradaàpolíticadecontroledepreços do governo federal, que a obriga a vender combustíveis a um valor mais baixo que o da compra. Não por acaso, a Petrobras é a companhia menos rentável entre as grandesdosetornomundo,segundoum levantamento divulgado em março pelo Credit Suisse. Compras da competitividade A maioria dos importadores, po- rém, vem registrando sequências de bons resultados. É o caso da Yara Bra- sil. Dona de um quarto do mercado brasileiro de adubos e fertilizantes, a companhia desponta na oitava coloca- ção entre as maiores importadoras do sul do país. Só em 2013, suas compras externas totalizaram US$ 657,3 mi- lhões, um avanço de 9,6% em relação ao ano anterior. E a tendência é de que esses valores cresçam ainda mais: em dezembro de 2012, a Yara adquiriu a divisão de fertilizantes da Bunge em um negócio avaliado em US$ 750 milhões. No Brasil, a incorporação foi concluída em agosto – e o plano é que as sinergias
  • 30. Abril 2014 | AMANHÃ | 54 | PARANÁ - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões FOB 3.204,49 2.322,15 1.374,78 1.321,07 1.268,22 981,11 627,90 545,55 527,28 471,55 CHINA ARGENTINA ESTADOS UNIDOS ALEMANHA NIGÉRIA FRANÇA ESPANHA ITÁLIA SUÉCIA MÉXICO Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 SANTA CATARINA - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões FOB 4.531,47 1.230,15 1.103,97 1.023,72 845,05 455,66 434,54 371,19 342,43 289,14 CHINA CHILE ARGENTINA ESTADOS UNIDOS ALEMANHA PERU ÍNDIA COREIA DO SUL ITÁLIA INDONÉSIA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 RIO GRANDE DO SUL - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES * Valores em US$ milhões FOB 3.780,30 1.790,53 1.285,90 1.274,91 1.232,64 723,5 665,39 468,64 408,41 385,31 ARGENTINA NIGÉRIA ARGÉLIA ESTADOS UNIDOS CHINA ALEMANHA VENEZUELA MÉXICO MARROCOS ITÁLIA Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) - 2013 com a nova controlada comecem a dar resultados a partir deste ano. Atualmente, 70% das matérias-pri- mas utilizadas pelos fabricantes brasilei- ros de fertilizantes são importadas. E o índice poderia ser ainda maior. O Brasil, comosesabe,éumgrandeconsumidorde fertilizantes,masaindacarecedeinsumos essenciais pra produzi-los. “Por exemplo: não temos gás natural suficiente para transformaronitrogênioemamônia,que é necessária para produzir o fertilizante”, esclareceLairHanzen,presidentedaYara Brasil.Amaiorpartedasimportaçõessão de substâncias simples, como nitrogênio, fósforo e cloreto de potássio. As reservas brasileiras desses produtos, além de es- cassas, localizam-se em pontos de difícil acesso, o que torna a importação mais vantajosa. A única fornecedora brasileira de cloreto de potássio é a Vale – que não atende nem a 10% da demanda nacional. Origens preferenciais A maior parte das importações bra- sileiras de insumos para fertilizantes tem origem na Rússia e na Bielorússia, seguidas por Canadá e Alemanha. Mas, no placar geral, são dois os países que mais vendem produtos para o Brasil e, especialmente, paraaregiãosul:ChinaeArgentina.“Nossas exportaçõesparaomercadochinêssecon- centram, basicamente, em commodities e produtos básicos, como plásticos, borra- chas, calçados e couros. Já as importações sãobemmaispulverizadas.Nocasodosul, predominamasmáquinaseosequipamen- tos”, constata Fernando Mourad, diretor da Câmara Chinesa de Comércio do Brasil (CCCB). O desequilíbrio se deve a velhos problemas estruturais do país. “Nosso sis- tema tributário é arcaico. Perdemos muito tempocomosimplesatodepagarastaxas”, reclama Fábio Pesavento, coordenador do NúcleodeEconomiaEmpresarialdaESPM- -Sul. Felizmente, isso não tem impedido as grandesimportadorasdosuldeobterbons resultados. EXPORTADORES DO SUL
  • 31. Abril 2014 | AMANHÃ | 56 | supersafra de grãos que o Brasil colheu em 2013 foi comemorada pelo governo, pelas empresas e pelos próprios produtores – que, apenas um ano antes, haviam sofrido com uma das mais violentas estiagens da história. O que ninguém comemorou foram os ver- dadeiros malabarismos que alguns pro- dutorestiveramdefazerparatransportar suas mercadorias até os compradores internacionais. As dificuldades não se resumiram à habitual precariedade das estradas, tampouco à escassez de opções em modais alternativos, cujo custo de frete é mais baixo. Dessa vez, o excesso de produção provocou um gargalo não apenasnasviasterrestresdeacessocomo tambémdentrodosportos.Operandono limite da movimentação, muitos deles registraram atrasos e filas de espera de navios em alto-mar, com prejuízos tanto para os produtores quanto para os trans- portadores.Semopções,algumascoope- rativas montaram grandes operações de remanejamento. A Coamo, por exemplo, teve de ir até Rio Grande, no extremo sul do país, para embarcar sacas de soja co- lhidasnointeriordoMatoGrossodoSul. Tudo porque Paranaguá, àquela altura, estava com capacidade esgotada – com dificuldades por terra e mar. E isso explica uma mudança impor- tante no panorama portuário do sul do país:pelaprimeiravezdesde1994,oporto deRioGrandevoltouaseraprincipalpla- taforma de escoamento de soja do sul do país,àfrentedeParanaguá–norestantedo Brasil, ainda perde para o Porto de Santos, líder absoluto em embarques de granéis e contêineres. No total, o terminal gaúcho movimentou 8,2 milhões de toneladas de grãos, com um aumento de 132,4% em relação a 2012. É bem verdade que a safra recorde do Rio Grande do Sul, de 12,7 milhões de toneladas, ajudou a inflar os números. Mas, além disso, o Porto de Rio Grandetambémfoiimpulsionadopelore- cebimentodecargasoriundasdediferentes partesdopaís,comoParaná,MatoGrosso do Sul, Mato Grosso e até Goiás. PauloBertinetti,presidentedoSindi- catodosTerminaisMarítimosdeGranéis Sólidos e Líquidos em Geral do Porto do Rio Grande (Sintermar), comemora a conquista com ressalvas. Para ele, o que ocorreu em 2013 foi mais um sintoma de uma velha moléstia: a infraestrutura insuficiente dos terminais portuários brasileiros – que sofrem para dar conta dademandaaoprimeirosinaldeaumento na produção. “Vários portos do país têm uma movimentação graneleira muito forte,maspoucaestruturaparadarvazão ao que chega, especialmente da região centro-oeste do país”, conta ele. O resul- tado é que, com os investimentos certos, Rio Grande se projeta como uma opção deescoamentonãosóparaosprodutores gaúchos,masparatodosqueparamnafila dosdemaisportosbrasileiros.“Algunsdos A nossos terminais, como os da Bianchini, da Termasa, da Tergrasa e da Bunge Alimentos, estão bem aparelhados para fazer a movimentação graneleira”, conta Bertinetti,quetambémésuperintendente do Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Rio Grande. Expansão necessária A estrutura dos portos brasileiros pode ser insuficiente para dar conta da demanda. Mas isso não significa que é precária. Paranaguá, por exemplo, já se consolidou como o grande terminal de movimentação de granéis do sul do país, compelomenos20berçosdeatracaçãoe umcaladode15metrosdeprofundidade – suficiente para navios de grande porte. Nos últimos anos, o complexo portuário recebeu R$ 470 milhões em investimen- tos do governo paranaense em obras de infraestrutura e desenvolvimento, como novasbalançascomerciais,equipamentos edragagem.Aestruturaatualaindaopera nolimite,maséinegávelqueseexpandiu. Nos últimos dez anos, por exemplo, a movimentação de contêineres mais que dobrou em Paranaguá, chegando a quase 263 mil toneladas em 2013 (o número desconsidera contêineres vazios). O desafio, agora, é ampliar ainda mais esses números.“Paranaguáestáoperandoperto dolimitedesuacapacidadeeprecisa,com urgência, de novos projetos de expansão”, sustentaPaulinhoDalmaz,diretortécnico Desafios na zona de embarque os principais portos do sul do país evoluíram bastante na última década. mas ainda têm dificuldades para atender a toda a demanda dos exportadores da região exportadores do sul
  • 32. AMANHÃ | Abril 2014| 57 | Pronto para zarpar: supersafra recolocou Rio Grande na liderança da movimentação de soja no sul do país da Administração dos Portos de Parana- guá e Antonina (Appa). A situação muda nos três principais portos de Santa Catarina – Itajaí, São Francisco do Sul e Imbituba. Com uma infraestrutura moderna, ideal para a mo- vimentação de contêineres, os terminais catarinenses vêm se destacando como opções eficientes para as empresas que exportam produtos manufaturados e semimanufaturados. Um exemplo disso é o Porto de Itajaí. Em 2013, o complexo movimentou cerca de US$ 17,4 bilhões entre entradas e saídas – um valor pequeno se comparado ao de Santos (US$ 122,7 bilhões) ou de Paranaguá (US$ 33,8 bilhões). Mesmo assim, des- tacou-se por movimentar as cargas com maior valor agregado entre os dez prin- cipais portos do país, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Os números mostram que, em média, cada quilo de carga embarcada por Itajaí em 2013 custava US$ 2,2. Em Santos, para se ter uma ideia, o valor médio de cadaquilonãopassoudeUS$1,3.EmRio Grande, foi de US$ 1,1 e, em Paranaguá, de apenas US$ 0,8. “A nossa estrutura retroportuária para produtos secos está muito bem estruturada. Isso nos coloca no mercado com um diferencial”, acredita o enge- nheiro Antonio Ayres, superintendente do porto de Itajaí. Ele lembra que, atual- mente,metadedasmercadoriasquesaem pelo porto catarinense é de alimentos congelados,resultadodiretodeumasérie deinvestimentosemcâmarasfrigoríficas com capacidade de comportar até 180 mil toneladas de carne. Além disso, des- taca que Itajaí está mudando seu perfil Fotos:Divulgação
  • 33. Abril 2014 | AMANHÃ | 58 | de atuação. Até 2007, era um complexo portuário com vocação claramente ex- portadora – cerca de 90% dos produtos movimentadossedestinavamaoexterior. Hoje, a situação é de equilíbrio: 51% das cargassãodeimportaçõeseorestante,de exportações. “Com a mudança do perfil comercial do país ao longo dos anos, pas- samos a ter um investimento maior nas importações, o que nos deu equilíbrio no fluxo de mercadorias”, argumenta ele. O equilíbrio entre exportações e importações é um fator importante de competitividade dos portos. No Tecon Rio Grande, por exemplo, cerca de 75% das cargas movimentadas são exportadas Ao contrário de Santa Catarina, onde o aumento das importações na úl- tima década acabou equilibrando o fluxo dos portos, o Rio Grande do Sul mantém uma forte vocação exportadora. “Santa Catarina, assim como o Paraná, são Estados que tiveram coragem de liderar uma guerra fiscal, fazendo com que as suas indústrias crescessem e passassem a fazer negócios internacionais”, salienta Bertinetti. Nesse contexto, o executivo traz como exemplos o anúncio recente davindadaBMWparaAraquari(SC),os rumores sobre a chegada da Mercedes- -Benz em solo catarinense e, ainda, o impacto positivo que a indústria auto- mobilística vem causando no fluxo de comércio exterior do Paraná a partir do ano 2000. “Enquanto isso, o Rio Grande do Sul segue um Estado essencialmente exportador de produtos agrícolas, fumo, couro, madeira, cavaco etc”, lamenta. Apesardesuapequenacosta,amenor entre os três Estados da região sul, Santa Catarina se consolidou como uma das principais plataformas de comércio exte- riordoBrasilnosúltimosanos.Oconjunto decincoterminais–SãoFranciscodoSul, Itajaí,Imbituba,PortonaveeItapoá–regis- trou crescimentos exponenciais em 2013. Segundo Wilen Manteli, presidente da AssociaçãoBrasileiradeTerminaisPortu- ários(ABTP),oportodeItapoá,localizado do outro lado da baía de São Francisco do Sul, foi o que mais expandiu sua movi- mentação,saltandode270milcontêineres movimentados em 2012 para 465 mil em 2013. “É um porto novo e que já está com sua capacidade lotada, absorvendo cargas detodososterminaisdeSantosparabaixo”, explica Manteli. Ainda assim, os números daABTPapontamcomograndedestaque da região sul no quesito movimentação de contêineres a Portonave, que integra o complexo de Itajaí. Em 2013, a movi- mentação no terminal chegou a 730 mil contêineres, com grande destaque para as cargas refrigeradas.Expansão que não para: Paranaguá vem se destacando na movimentação de contêineres eapenas25%,importadas.“Aquitemmuito contêinervazio.Quantoexisteimportação e exportação meio a meio, a importação libera o contêiner que vai direto para a exportação,oquedámaiscompetitividade para qualquer porto”, explica Bertinetti. Ainda assim, a busca por melhores condi- ções de atendimento para quem opera no terminal gaúcho é constante. Tanto que o Teconestáinvestindonaampliaçãodeseus três berços de atracação, de 300 para 400 metros cada, o que viabilizará a atracação de navios ainda maiores – que chegam a ter até 370 metros de comprimento. Estima-sequeoaportepossachegaràcasa dos R$ 200 milhões. Embarques (em mil toneladas)1 1 Peso total das exportações em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios SANTA CATARINA 9.793,75 RIO GRANDE DO SUL 4.417,32 PARANÁ 3.908,74 considerando-se somente a movimentação dos portos, santa catarina é o estado do sul que mais exporta exportadores do sul
  • 34. AMANHÃ | Abril 2014| 59 | EM MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES, O PORTO DE NAVEGANTES, QUE É PRIVADO, JÁ SE APROXIMA DOS MAIORES DO SUL DO PAÍS... Desperdício costeiro De qualquer forma, novos investi- mentos são necessários para desafogar a produção tanto do agronegócio como da indústria brasileira. Filinito Jorge Eisenbach Neto, professor de Logística da PUC do Paraná, entende que o Brasil aproveita pouco seu próprio potencial. Afinal, o mais de 7,4 mil quilômetros de costa, mas concentra suas exportações nos terminais do sul e do sudeste. Só o PortodeSantosficacom42%detudoque oBrasilmovimentanocomércioexterior. A superconcentração deixa os ex- portadores brasileiros sujeitos aos mais variados tipos de problemas. Entre eles, a falta de mão de obra especializada. Tal como ocorre com as indústrias, os portos também enfrentam dificuldades para encontrar e reter profissionais de nível operacional – como estivadores, auxiliares de manutenção, operadores de máquinas, entre outros. “O Brasil não tem mão de obra adequada e, logo, não tem competência técnica para competir lá fora. É um apagão”, expõe o professor. Osportostambémesbarramnafalta de uma estrutura adequada de acesso. Recentemente,ogovernobrasileiroanun- ciou a intenção de investir R$ 54 bilhões na melhorias dos portos do país até 2017. “Mas esse investimento só vai sanar os problemasdosetorsevieracompanhado de um uso mais racional das rodovias, hidrovias e ferrovias, além de uma boa administração”, entende Dirceu Lopes, superintendentedoPortodeRioGrande. Que assim seja. 1 Peso total das exportações em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios 2 Unidades totais embarcadas em 2013, desconsiderando-se contêineres vazios QUANDO ANALISADOS SEPARADAMENTE, OS PORTOS DE SANTA CATARINA AINDA FICAM ATRÁS DE RIO GRANDE E PARANAGUÁ UF UF UF PORTO DE RIO GRANDE RS 4.417,32 TUP PORTONAVE SC 4.004,24 PORTO DE PARANAGUÁ PR 3.908,74 TUP PORTO ITAPOÁ SC 3.226,36 PORTO DE ITAJAÍ SC 1.953,98 PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 498,31 PORTO DE IMBITUBA SC 110,86 PORTO DE RIO GRANDE RS 278,56 PORTO DE PARANAGUÁ PR 263,35 TUP PORTONAVE (NAVEGANTES) SC 261,59 TUP PORTO ITAPOÁ SC 206,39 PORTO DE ITAJAÍ SC 127,25 PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 30,57 PORTO DE IMBITUBA SC 5,84 PORTO DE PARANAGUÁ PR 7.902,14 TUP PORTONAVE SC 7.569,40 PORTO DE RIO GRANDE RS 6.427,01 TUP PORTO ITAPOÁ SC 5.645,76 PORTO DE ITAJAÍ SC 4.109,11 PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL SC 880,67 PORTO DE IMBITUBA SC 179,91 EMBARQUES CONTÊINERES MOVIMENTAÇÃO TOTAL (EM MIL TONELADAS)1 (EM MIL TONELADAS)2 (EM MIL TONELADAS)3 3 Peso estimado dos embarques e desembarques totais do porto, incluindo-se contêineres vazios * Portos privados ...MAS É PARANAGUÁ QUE REINA NA REGIÃO QUANDO SE LEVA EM CONTA A MOVIMENTAÇÃO TOTAL (EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES)
  • 35. Abril 2014 | AMANHÃ | 60 | UM RAIO-X DOS PORTOS DO SUL Os investimentos que estão atracando nos principais terminais da região PARANÁ PORTO DE PARANAGUÁ Responsável por movimentar 4,5% de tudo que passou pelos portos brasileiros em 2013, Paranaguá é, hoje, um dos principais polos exportadores de granéis sólidosdo país. Conta com 20 berços de atracação e um calado com 15 metros de profundidade. Emsetembro,ogovernoestadualanunciouqueinjetarámaisR$175milhõesemobras de expansão e modernização do porto. A maior parte desse valor – R$ 115 milhões – será utilizada em obras de dragagem nos berços de atracação. Com a lei dos portos, porém, algumas iniciativas foram postergadas. SANTA CATARINA PORTO DE ITAJAÍ Nosdezúltimosanos,recebeumaisdeR$1,3bilhãoeminvestimentos.Dessetotal,R$ 620 milhões vieram da União para o terminal público e outros R$ 750 milhões foram aportados pelos administradores dos terminais privados. PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL Contacomváriosterminaisprivados.Umdeles,o Tesc,prevêinvestimentosdeR$150 milhõesaté2015.Aomesmotempo,umconsórciodeempresasestudaapossibilidade de construir um novo terminal de granéis, no valor de R$ 500 milhões. PORTO DE IMBITUBA Desde fevereiro, vem passando por novas obras de dragagem com o objetivo de ele- var a profundidade do calado dos atuais 14 metros para 17 metros. O valor total do investimento é de R$ 36 milhões. RIO GRANDE DO SUL PORTO DE RIO GRANDE Beneficiadopelasupersafradegrãoseoesgotamentodacapacidadedemovimentação em outros portos, Rio Grande retomou o posto de principal plataforma de exporta- ção de soja do sul do país – posição que não ostentava desde 1994. Para este ano, a expectativa é de um crescimento de mais 12% na movimentação do grão. Possui 14 canais acostáveis com profundidades que variam de 5 a 12,8 metros. Em contêineres, tem como destaque o Tecon Rio Grande, com três berços de atracação de 300 metros cada – que devem ser expandidos para 400 metros até 2016. EXPORTADORES DO SUL
  • 36. uem confere a lista dos maiores exportadores do sul (na página 30) se depara com diversos nomes que costumam despontar também em outro ranking – o das maiores empresas da região. Brasil Foods, Bunge Alimentos, Braskem, Renault, ADM do Brasil são algumas das dezenas de empresas que, além de se destacarem como grandes ex- portadoras, brilham também no ranking das 500 Maiores do Sul, elaborado anual- menteporAMANHÃemparceriacoma Q Quando a força está dentro de casa: crescimento do mercado interno pesou no desempenho de notáveis exportadoras, como a Renault exportadores do sul Abril 2014 | AMANHÃ | 62 | As soluções políticasdesconcentrar as exportações e firmar acordos de cooperação internacional estão na pauta de prioridades dos governos do sul PwC. É natural que grandes companhias sejam, também, grandes exportadoras. Masoverdadeiroproblemaestánaoutra ponta,entreaspequenasemédiasempre- sasdosuldopaís:aindasãopoucasasque conseguem vender lá fora. Prova disso está em um indicador conhecido como Índice de Herfindhal- -Hirschman (ou HHI, na sigla em inglês), que expressa o nível de concentração das exportações de um país ou estado. Até 2010, segundo o levantamento mais recente da Apex Brasil, os três Estados do sul apresentavam um HHI acima de mil pontos – um patamar de concentra- ção que os especialistas consideram de moderado a alto. O Rio Grande do Sul, por exemplo, apresentava 1.275 pontos, o menor índice da região. Já Santa Ca- tarina ficava em 1.777 pontos, enquanto o Paraná chegava a 2.117 pontos. De lá para cá, ao que tudo indica esse padrão se mantém. Em 2013, por exemplo, as 40 maiores exportadoras paranaenses res- Divulgaçaõ