4. A obra “ O ombro de Cláudia” trata do drama vivido por uma adolescente, Cláudia, filha de pais separados que é obrigada a co-habitar com o padrasto, homem que revelava ser um perfeito fanático pela religião, mau carácter, intolerante, pessoa de difícil trato e dominador que, ao chegar, altera toda a harmonia e felicidade reinantes naquele lar.
5. Embora pertencesse a uma família desestruturada, Cláudia mantinha uma relação saudável com a mãe, apesar de pontuais situações conflituosas ,fruto do comum e sempre existente conflito de gerações, mas sem quaisquer consequências , visto o diálogo, apoio e compreensão mútua terem sempre pautado a sua relação.
6. Todo este clima harmonioso foi profundamente abalado pela presença de Leonel naquela casa, não só pelo seu mau carácter como também pela modificação operada na mãe que seguia, aceitava e “bebia” cegamente todas as suas imposições.
7. Cláudia conhecia aquele homem, pois presenciara, há uns anos, um comportamento de traição dele com outra mulher, facto , que, sob ameaça, e coacção psicológica, nunca contara à mãe.
8. Cláudia vivia uma situação deveras difícil com repercussões físicas e psicológicas. O seu comportamento alterou-se na escola, o aproveitamento baixou, a falta de apetite era constante e, aquele homem marcara-a tão negativamente que começou a ter comichão no ombro direito, onde ele lhe tocara, ameaçando-a, se contasse à mãe sobre a traição.
9. A mãe ficou preocupada com a situação e decidiu levá-la a um médico que, depois de uma longa conversa, a encaminhou para uma psicóloga, realidade que Cláudia sempre escondeu dos amigos, temendo ser rejeitada por pensarem, precipitada e erradamente, que sofria de algum problema mental.
10. Assim, com a ajuda da psicóloga, conseguiu contar tudo a mãe, fazendo com que toda a harmonia voltasse àquele lar. Foi exactamente nesta fase da vida, isto é, adolescência, em que o amor dos pais mais falta faz, que a jovem passa por um momento indubitavelmente difícil, que a marca profundamente, e em que essa compreensão, orientação e amor tão necessários, parecem ser insuficientes.