SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  9
DOSSIÊ TEMÁTICO
26




      © IMEX FRANKFURT




     FEIRAS: MODELO
     E S G O TA D O ?
     O modelo até poderá estar esgotado, mas uma coisa é certa, este tema é
     inesgotável. O primeiro dossiê temático sobre feiras remonta à edição nº7 da ainda
     Festas&Eventos, em 2007. Nessa ocasião abordámos as vantagens de participar em
     feiras, e a necessidade, dita por especialistas, de olhá-las como um investimento
     e não como um custo. Falámos, do ponto de vista do expositor, da importância
     de planear a feira, de fazer o follow-up, de avaliar o retorno, de apostar num
     stand dinâmico e interactivo. O caso de estudo escolhido, nessa altura, foi a BTL.
     Ora, escolhendo o mesmo tema para este dossiê, tínhamos de procurar novos
     testemunhos e novas leituras, e mesmo especialistas que, não inteiramente
     dedicados ao sector, poderiam oferecer aquela visão mais descomprometida e dar
     contributos interessantes.
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
                                                                                                                                                                       27




                                                         Num mundo globalizado, o visitante
                                                         profissional tanto pode ir a uma
                                                         feira em Londres como em Lisboa,
REINVENTAR AS FEIRAS                                     “interessa-lhe é encontrar a feira que
                                                         lhe proporcione a solução para o seu
“O modelo não está esgotado”,                            problema”. Este facto remete para
afirma, peremptoriamente, António                        a tendência de subsectorização das
Brito, especialista em feiras, detentor                  feiras, ou seja, a existência de feiras
da certificação CEM (Certified in                        de menor dimensão, muito mais
Exhibition Management) e director da                     especializadas. “Esta é a nova realidade
empresa New Events.                                      e a solução para os problemas de
                                                         cada um”. E além da solução para o
“As feiras permitem o                                    seu problema, o visitante quer muito
                                                         mais do que isso, “quer experiências,
relacionamento humano e são o                            oportunidade de contactos, formação.

único meio, dentro do marketing                          “Não há feira que se preze que             António Brito. Este tem apenas a obri-
                                                                                                    gação de atrair visitantes de qualidade,
mix, que apela aos cinco sentidos”.                      não tenha um programa paralelo”.           cabendo ao expositor transformá-los
                                                                                                    em compradores. “Corredores cheios
Enquanto esses dois factores forem                       Também Mafalda Weinstein, direc-           não são sinónimo de sucesso”.
importantes, elas não vão deixar de                      tora de feiras do IIR Portugal/Angola      Além da componente educativa ou
existir, diz o especialista. Mas como                    (Institute for International Research),    formativa, devem ser criados, segundo
tudo na vida também este sector tem                      uma empresa do Grupo Informa,              o fundador da New Events, vários
que sofrer uma evolução, “temos de                       considera que já “não se trata de vender   momentos de networking. O próprio
reinventar o conceito de feiras”. E como                 espaço, mas de colaborar na maximi-        espaço da feira pode ser reinventado.
é que isso pode ser feito? Entendendo a                  zação do esforço que um participante       “Arrisco afirmar que as feiras em
oferta e a procura, refere António Brito.                faz para estar presente”. Segundo a        Portugal, no que respeita ao contributo
“Têm que existir sinergias entre aquilo                  experiente directora de feiras “há que     que o design pode ter num evento, são
a que eu chamo a trilogia das feiras:                    ter a consciência de que o objectivo não   ainda pouco inovadoras”, diz Pedro
organizador, expositor e visitante. Sem                  é só investir num stand bonito, mas        Figueiredo, especialista em design,
dúvida que as alavancas, os motores,                     essencialmente numa acção concertada       responsável pela pós-graduação em
são os expositores e os visitantes. O                    de marketing, integrada nos objectivos     Design de Eventos da Escola Superior
organizador é um intermediário e um                      mais latos da feira”. Em relação aos       de Artes e Design de Matosinhos. Então
facilitador de negócios”.                                programas paralelos, de formação e         como inovar, e que papel o design deve
O foco principal, hoje em dia, segundo                   networking, a especialista avisa, “devem   ter? “Se pensarmos que os objectos e
o director da New Events, tem que ser o                  ser organizados com profissionalismo       os espaços com que nos confrontamos
visitante, “a qualidade, a qualificação dos              para que não sejam apenas mais um          no dia-a-dia são desenhados e que a
visitantes e as suas necessidades, é o mais              palco para apresentações comerciais dos    inovação e as experiências dependem
importante e o que distingue as feiras”.                 expositores. É indispensável que o seu     do design, facilmente se compreende
                                                         conteúdo seja focado para o mercado a      as mais-valias que as linguagens,
                                                         que se destina”.                           os instrumentos e as metodologias
                                                         O papel do organizador de feiras está      do design podem ter no âmbito das
                                                         alterado. Este tem agora que “criar        feiras”, salienta Pedro Figueiredo. Para
                                                         novos conceitos, novas formas de           ter influência nas feiras, quer do lado
                                                         actuação para maximizar o negócio de       do expositor, quer do organizador,
                                                         expositores e visitantes” e não apenas     o design tem que ser uma disciplina
                                                         vender metros quadrados. “Se tivermos      chamada a intervir desde o plane-
                                                         melhores expositores, que saibam           amento do evento. “A identidade, a
                                                         preparar a feira, que estabeleçam          funcionalidade, a interactividade, o
                                                         objectivos, façam o follow-up, melhor      conforto, a segurança, a inovação, em
                                                         para o organizador também”, lembra         súmula, as qualidades distintivas de


                                                                                                                                    W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
28




                                                                                                          destes tipos de eventos, fora do seu
                                                                                                          país de origem: eventos corporativos,
                                                                                                          programas de incentivo, congressos
                                                                                                          associativos, conferências, seminá-
                                                                                                          rios, feiras, road-shows, lançamento
                                                                                                          de produtos, eventos promocionais ou
                                                                                                          programas de formação”, conta à Event
                                                                                                          Point Ray Bloom, responsável da IMEX.
                                                                                                          Além da recomendação dos intermediá-
                                                                                                          rios, os potenciais compradores passam
                                                                                                          ainda pelo crivo da IMEX, que os
                                                                                                          analisa e admite no programa, ou não.
                                                                                                          Os hosted buyers seleccionados têm
                                                                                                          que ter quatro reuniões por dia com os
        © EIBTM
                                                                                                          expositores da sua preferência, usando
                                                                                                          os programas de marcação de reuniões
                                                                                                          disponibilizados pela IMEX. Isto resulta
     uma feira, dependem do design”. Um                       determinar o sucesso de um certame.         em 8 ou 12 reuniões por comprador,
     espaço pode ser transformado de forma                    Fomos conhecer mais em detalhe os           “mas normalmente vão a muitas mais ”,
     a favorecer o contacto entre as pessoas                  programas da IMEX e da EIBTM, feiras        esclarece Ray Bloom, que salienta que as
     e a propiciar negócios.                                  do sector da meetings industry.             reuniões são auditadas pela IMEX. Para
     E por falar na importância do espaço,                    “A EIBTM celebra a 23ª edição e             este responsável um programa deste
     recorde-se o exemplo da Marina de                        podemos dizer que o evento foi              tipo é fulcral no sucesso de uma feira.
     Vilamoura Boat-Show. Esta mostra de                      suportado por um programa de buyers
     embarcações de recreio passou a ser                      que entretanto se desenvolveu, que
     feita... na água, podendo as embarca-                    é imperativo e faz parte dos valores        O QUE SE PASSA EM
     ções ser escolhidas, experimentadas                      da marca”, explica Graeme Barnet,
     e adquiridas no momento. Segundo                         director do evento. “A qualidade do         PORTUGAL
     Paulo Jorge, da GL Events, empresa                       programa reflecte-se no sucesso da
     responsável pela organização, foi                        feira, e nos negócios feitos pelos forne-   As alturas de crise reflectem-se
     “muito interessante” trabalhar o novo                    cedores e compradores”, e por isso o        imediatamente no sector das feiras de
     formato. E para os expositores foi mais                  critério de escolha dos compradores é       negócios. Quando a economia cresce,
     fácil mostrar o produto e fazer negócio.                 apertado. Para a EIBTM são elegíveis        as feiras proliferam, quando decai
     “Cada mostra deverá ser personalizada                    participantes que organizem, influen-       surgem logo as dificuldades. Como
     e concebida mediante as necessidades                     ciem ou decidam orçamentos de               vimos atrás, o negócio vai mais além da
     do mercado. Só assim podemos inovar                      eventos, incentivos, congressos. Cada       venda do espaço. “As feiras não deca-
     e motivar clientes e potenciais clientes”,               comprador é obrigado a acomodar na          íram do ponto de vista do número de
     acredita o director da GL Events.                        sua agenda diária sete reuniões com         expositores. O que tem decaído é a área
                                                              expositores. Em troca, a EIBTM paga         ocupada e isto afecta de sobremaneira o
                                                              a viagem e a estadia em Barcelona. No       organizador”, sublinha António Brito,
     VISITANTES QUALIFICADOS                                  ano passado foram pré-agendadas 55          da New Events. As empresas conti-
                                                              mil reuniões. Num inquérito realizado       nuam a participar, mas com menor
     Os programas de hosted buyers                            aos hosted buyers, 89% afirma que a         investimento. “Estamos num momento
     (compradores convidados) são uma                         decisão de compra foi um resultado          de sobrevivência, quem sobreviver se
     forma do organizador chamar à                            directo da ida à feira.                     calhar vai ter os melhores anos da sua
     feira visitantes qualificados. Nem                       A IMEX trabalha com intermediários          vida, no futuro”.
     sempre funcionam, segundo António                        na selecção dos compradores-chave           A situação no país é complicada a
     Brito, porque por vezes há capaci-                       para fazerem parte do programa da           vários níveis e neste sector, segundo
     dade financeira para os trazer, “mas                     feira. “Para se qualificarem como hosted    Mafalda Weinstein, há “falta de estra-
     não há capacidade para qualificar,                       buyers, estes devem ser responsáveis        tégia e um monopólio nas mãos das
     nem para controlar”. Mas um bom                          por planear, organizar, recomendar          Associações”. A responsável alerta para
     programa de hosted buyers pode                           ou decidir orçamentos de algum              os preços incomportáveis de aluguer de
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
                                                                                                                                                                   29




instalações, “que impedem as empresas                    radical de atitude.”                   que são profissionais. É algo difícil de
privadas de organizar feiras, e trans-                   O problema dos espaços também          evitar enquanto não houver alguma
formaram o negócio no monopólio dos                      é levantado por António Brito, que     entidade ou associação que no fundo
donos do espaço”. Para além disso o                      salienta igualmente os preços exces-   regulamente o sector”. E quem o
problema do calendário que é, segundo                    sivos de aluguer. “Temos espaços       poderia fazer? Segundo o responsável
a especialista, “sobrecarregadíssimo”,                   que estão completamente fora da        da New Events essa tarefa deveria caber
“sendo muitas vezes realizadas feiras no                 realidade. Ainda não perceberam        a uma Associação Portuguesa de Feiras
mesmo sector em simultâneo em Lisboa                     o que se passa neste país.” O espe-    e Congressos “com força, e não de
e no Porto, o que não faz sentido num                    cialista lamenta também o facto de     lobbies”. E devia haver mais regulação.
mercado com a dimensão do nosso”.                        haver espaços com exclusividade de
Há várias coisas a fazer, portanto, mas                  fornecedores. Por outro lado, Brito    “Há organizadores de feiras que
para Weinstein o mais importante é a                     considera que este é um sector com
“vontade de alterar o status quo”. “Para                 demasiados “oportunistas”.“Olham       nem empresa têm.”
isso é necessário que todos os envolvidos                as feiras como mera oportunidade
no negócio das feiras estejam de acordo                  de negócio, que é temporal, mas que
de que é necessária uma mudança                          enquanto dura causa danos naqueles




 PUB




                                                                                                                                W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
30




     TRÊS PERGUNTAS A                                         TRÊS PERGUNTAS A                            EXPONOR QUER ORGANIZAR
     ANTÓNIO BRITO, DIRECTOR                                  MAFALDA WEINSTEIN,                          FEIRAS EM MOÇAMBIQUE
     DA NEW EVENTS                                            DIRECTORA DE FEIRAS DA                      Com um percurso de longos anos no
                                                                                                          sector das feiras em Portugal, Mafalda
                                                              IIR PORTUGAL/ANGOLA                         Weinstein, do IIR Portugal/Angola, tem
     “O mercado dos eventos é um                                                                          uma posição privilegiada na obser-
                                                                                                          vação do mercado português, além da
     mercado de prima donas”                                  “As feiras na Alemanha são um               experiência na organização de feiras
                                                                                                          em Angola. Para entrar no mercado
     Deveria existir um estatuto de organi-                   exemplo”                                    angolano é “indispensável fazerem-se
     zador profissional de feiras?                                                                         parcerias com entidades locais, centros
     Sim, como existe em muitos países do                     Onde poderíamos apostar para ter            de exposições, hotéis, imprensa, asso-
     mundo, onde para se ser organizador é                    uma feira internacional de referência       ciações, e procurar bons fornecedores”,
     preciso um grau de exigência mínima.                     em Portugal?                                diz Mafalda Weinstein. Em Angola isso
                                                              Essa é a “one million dolar question”.      não se revelou problemático. A respon-
     Esse estatuto deveria ser criado pela                    Seria muita pretensão da minha parte        sável caracteriza da seguinte forma a
     Associação Portuguesa de Feiras e                        achar que tinha a receita para a feira      realidade internacional: “Estratégia!
     Congressos?                                              de sucesso em Portugal. Acredito que        Profissionalismo! Concorrência!
     Teria que ser uma entidade que tivesse                   exista, mas para a encontrar é neces-       Competência! Motivação! Resultados!” E
     alguma força, também política, porque                    sário prospecção, estudos, contactos,       refere que “a maioria dos organizadores
     a indústria de feiras gera milhões e gera                etc., e delinear uma estratégia, definir    de feiras internacionais são empresas
     valor para as cidades.                                   objectivos. E trabalho... muito trabalho.   multinacionais como a Informa, a cujos
                                                                                                          accionistas têm que apresentar resul-
     É impossível fazer uma feira de                          Consegue identificar uma feira que           tados. Há no entanto excepções, como é
     eventos com sucesso em Portugal?                         seja um exemplo a seguir?                   o caso da Alemanha, em que o mercado
     O mercado dos eventos é um mercado                       Uma feira em Portugal... a Futurália –      das feiras está nas mãos das autarquias,
     de prima donas em que toda a gente                       Salão de Oferta Educativa Formação e        que vêem nas feiras, como aliás todos
     tem a mania que é importante. Querem                     Empregabilidade. Lá fora há imensas.        deveriam ver, um motor da economia”.
     promoção, mas não querem pagar para                      As feiras na Alemanha são um exemplo        Em relação a Angola há “muitas oportu-
     a ter. Mas não é só aqui, é ao nível global.             de eficácia e profissionalismo.             nidades de negócio”.
     A Portugal Eventos [n.d.r. Feira que                                                                 Também em Angola está a Exponor,
     terminou depois de apenas duas edições]                  Fazem sentido feiras abertas ao             que iniciou a sua experiência fora de
     foi um dos projectos mais interessantes                  público e a profissionais? Como juntar       portas em 1998, com a realização de
     onde estive envolvido e foi bom para                     com eficácia estes dois mundos?              uma feira em Ourense, Espanha, e outra
     todos, menos para quem a organizou.                      Pode ou não fazer, tudo depende do          na Cidade da Praia, Cabo Verde. Um ano
                                                              sector e dos objectivos. Se estivermos a    mais tarde, surgiram as primeiras feiras
                                                              falar de uma feira muito específica na      em Maputo (Moçambique) e em São
                                                              área da saúde cujo objectivo é apre-        Paulo, Brasil. Em 2009, a Associação
                                                              sentar novos equipamentos à classe          Empresarial de Portugal, detentora da
                                                              médica, não faz sentido estar aberta        Exponor, firmou um protocolo com a
                                                              ao público. Mas se estivermos a falar       Feira Internacional de Luanda. Segundo
                                                              de uma feira do ambiente ou na área         a Exponor, a falta de fornecedores,
                                                              da educação, por exemplo, faz sentido       de recursos humanos e a burocracia
                                                              abrir ao público em geral com o objec-      são “problemas bem reais”. “No caso
                                                              tivo de promover, divulgar e educar.        de Angola, apoiámo-nos bastante no
                                                                                                          nosso parceiro local e temos conseguido
                                                                                                          minimizá-los.” Os mercados português
                                                                                                          e angolano, são “bastante diferentes”.
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
                                                                                                                                                                          31




“No caso angolano, notamos uma                           Como forma de compensar as perdas no
                                                         mercado nacional, que vive um período
grande apetência pelos produtos                          complicado, a estratégia da Exponor
                                                         passa por aprofundar a internacionali-
portugueses, principalmente                              zação. “Temos um acordo firmado com
                                                         uma entidade moçambicana para, no
porque, regra geral, apresentam                          futuro, vir a constituir uma empresa
                                                         vocacionada para a organização de feiras
uma excelente relação                                    naquele país.”
                                                         O Brasil pode ser também um mercado
qualidade-preço. Ao contrário do                         a ter em conta, segundo António Brito,
                                                         director da New Events. “Temos de voltar
que se poderá supor à partida,                           a descobrir o Brasil, e com outros olhos”.
                                                         O especialista afirma que aquele país da
notamos também que Angola é                              América do Sul está a viver um grande
                                                         crescimento neste sector e que ainda não
um mercado de gostos bastante                            passou pelos problemas que Portugal e a
                                                         Europa estão a passar ao nível das feiras.
sofisticados, que sabe distinguir                        Também a ExpoSalão Batalha já
                                                         avançou para outros mercados,
os bons dos maus produtos”.                              nomeadamente os do Norte de África:          © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT
                                                         Marrocos, Tunísia e Argélia.

 PUB




                                                                                                                                       W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
32




        © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT                          © SIA INTERACTIVE




                                                              TRÊS PERGUNTAS A ANDRE RABANEA, ESPECIALISTA EM
                                                              MARKETING DE GUERRILHA DA TORKE
                                                              “Não adianta ter um mau produto e dar t-shirts de graça”
                                                              Como é que as marcas/empresas se podem diferenciar numa feira?
                                                              Em primeiro lugar as empresas têm que ter um serviço ou um produto de quali-
                                                              dade. Não adianta ter um mau produto e dar t-shirts de graça. Isso pode causar
                                                              filas no stand, mas não se reflecte em vendas. A experiência com a marca acaba
                                                              por ser a principal forma de atrair de uma forma diferenciada, para depois explicar
                                                              como funciona a empresa e os seus serviços.

                                                              Como trabalhar fora do espaço de feira, antes e depois do evento?
                                                              Existem várias estratégias que podem ser feitas ao redor de uma feira, numa fase
        © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT
                                                              teaser e pós-evento. Tudo com o objectivo de dar a conhecer melhor a marca e gerar
                                                              mais visitas ao stand. Fora do espaço da feira existem vários suportes onde o visitante
                                                              passa antes de entrar: o metro, a paragem de autocarro mais próxima, estaciona-
                                                              mento, chão, postes no caminho... tudo o que vemos nas ruas são potenciais meios
                                                              de comunicação que podemos utilizar para comunicar de uma forma diferenciada.

                                                              Muitos dos folhetos que se recolhem nas feiras vão directos para o caixote do lixo.
                                                              Como reverter essa situação?
                                                              Isso é uma coisa que pode ser melhorada. Ninguém quer carregar ou ficar com o
                                                              folheto. Uma das soluções pode ser passar a informação para os telemóveis dos
                                                              visitantes. Nada de papel.
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
                                                                                                                                                             33




   © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT                                                        © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT




TRÊS PERGUNTAS A LUÍS RASQUILHA E EDUARDO GARCIA, DA A MAIS-VALIA DA TECNOLOGIA
AYR CONSULTING, EMPRESA DE DETECÇÃO DE TENDÊNCIAS Uma das formas de tornar as feiras
                                                                                       mais dinâmicas pode passar pelo uso
                                                                                       da tecnologia. Fomos conversar com
“A questão é fazer de cada feira uma experiência”                                      uma empresa com soluções para feiras,
                                                                                       a Sia Interactive, para saber quais as
Há algum padrão de comportamento dos visitantes numa feira? São atraídos por           tendências em termos de tecnologia
que tipo de estímulos?                                                                 para este sector. “Propomos solu-
Há, mas é igual ao de qualquer outro consumidor exposto a uma acção de marke-          ções em que o visitante da feira não
ting. Por que é que isto pode ser do meu interesse? O que espero encontrar lá?         participe de forma passiva, e tenha
Quem está lá? Que nível de interlocução terei lá dentro. E, principalmente, e uma      uma experiência com a marca”, refere
vez no espaço da feira, o que é que este serviço ou produto faz por mim, pelo meu      à Event Point Luís Gachineiro. O
negócio, pelos meus clientes?                                                          conteúdo, em vez de estar disponibili-
                                                                                       zado num folheto que o visitante leva,
Fala-se muito em tornar as feiras experiências interactivas. Como comentam?            é apresentado de forma impactante
O importante é definir que experiência se deve criar que reproduza ao máximo o         e imersiva, através de jogos, simu-
benefício que se vai tirar do que se está a oferecer. Os verdadeiros craques desta     ladores, animações 3D, superfícies
área são os museus britânicos. O “Blitz Experience” do Imperial War Museum é           multitoque, e outras tecnologias que
quase perfeito. O London Dungeon acrescentou cheiros aos seus diaporamas, para         apelem aos vários sentidos. Vivemos
aumentar a verosimilhança e levar o público a sentir os factos retratados da forma     numa sociedade com excesso de infor-
mais próxima possível. Difícil? Não! Dá trabalho? Sim. Funciona? Claro!                mação, refere Luís Gachineiro, “83%
                                                                                       da comunicação actual é feita para o
Como tornar mais interessante a participação do visitante numa feira, e mais           olhar apenas, e isso significa que as
eficiente para quem expõe esse contacto com os visitantes?                              pessoas cada vez mais começam a ser
A questão aqui não é dar experiências, mas fazer de cada feira “uma experiência”.      selectivas”. A utilização de tecnologia
Ou seja, que se sinta à partida que há negócios bons a serem feitos, seja através de   pode ser diferenciadora.
vendas, seja através do conhecimento que se ganha. E que na feira os expositores       As soluções dependem dos orça-
possam demonstrar de forma atractiva, tangível e credível o que podem oferecer         mentos dos clientes, mas a tecnologia
aos seus compradores.                                                                  não está só ao alcance das grandes
                                                                                       marcas e empresas. “Trabalhamos


                                                                                                                          W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO?
34




                                                                                                          FEIRAS VIRTUAIS
                                                                                                          NÃO SUBSTITUEM AS
                                                                                                          TRADICIONAIS
                                                                                                          A maioria dos nossos entrevistados
                                                                                                          olha as feiras virtuais com alguma
                                                                                                          cautela. Consideram que esta ferra-
                                                                                                          menta serve como lançamento e
                                                                                                          prolongamento da feira propriamente
                                                                                                          dita, nunca a substituindo. A Exponor
                                                                                                          Digital oferece aos expositores soluções
                                                                                                          em termos de feiras virtuais, mas como
                                                                                                          complemento da feira tradicional.
                                                                                                          Segundo Paulo Nogueira, responsável
                                                                                                          da empresa, “são muito raras as situa-
                                                                                                          ções em que uma feira virtual que existe
                                                                                                          isolada obtém o sucesso pretendido”.
                                                                                                          Tendo isso em consideração, a Exponor
                                                                                                          Digital propõe uma ferramenta que
                                                                                                          antes da feira permite publicitar o
                                                                                                          evento na Internet, distribuir emails,
                                                                                                          mostrar a planta da exposição, fornecer
                                                                                                          informações sobre o expositor, etc.
                                                                                                          Durante a feira permite o webcast, por
                                                                                                          exemplo. E depois da feira possibilita
        LUÍS GACHINEIRO . SIA INTERACTIVE
        © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT
                                                                                                          um fórum de discussão, um e-marke-
                                                                                                          tplace e stand de vendas. Sempre
                                                                                                          numa lógica de complemento. E Paulo
     para as maiores marcas mundiais, mas                     No entender do responsável da Sia           Nogueira não acredita que isto se vá
     também para uma pequena empresa                          Interactive, as soluções de toque e         alterar “sem profundas e inovadoras
     têxtil de Vila do Conde”, exemplifica                    multitoque já começam a estar banali-       alterações tecnológicas”. Também
     o responsável de marketing da Sia                        zadas. “Temos usado muito a tecno-          António Brito, da New Events, consi-
     Interactive. O facto é que há clientes                   logia kinética”, salienta. O futuro passa   dera que a feira virtual faz sentido para
     que pensam que estes meios são caros,                    “pelas experiências imersivas, que          prolongar no tempo a visibilidade dos
     e “muitas vezes ficam surpreendidos                      utilizem o maior número de sentidos”.       produtos e serviços dos expositores.
     por não serem tão caros quanto isso,                     E há dados que o comprovam. “75%            Opinião partilhada por Andre Rabanea,
     sendo que o investimento que fazem                       das nossas emoções são influenciadas        da Torke., “Funcionam como teaser e
     em tecnologia tem resultados a curto                     pelo cheiro. Há 65% de probabilidades       no pós-evento, ajudando a comple-
     e médio prazo”, explica. “É lógico que                   de mudarmos a nossa disposição              mentar a feira com um espaço onde
     fica mais barato comprar um pop-up,                      quando estamos expostos a sonori-           poderemos ir buscar mais informação”.
     mas o impacto é reduzido... as pessoas                   dades que nos agradam. O mero toque,        Luís Rasquilha e Eduardo Garcia, da
     já nem olham”. É necessário pois um                      o toque subtil no consumidor aumenta        Ayr Consulting, antevêem “um mix
     certo convencimento dos clientes,                        também a avaliação de satisfação do         virtual versus presencial”.
     porque a presença em feira implica                       cliente”. As soluções tecnológicas têm      “Dependendo da categoria do produto
     investimentos avultados, e no entanto a                  então de aproveitar estes momentos          poderemos iniciar um caminho mais
     aposta em tecnologia tem recrudescido.                   subtis para seduzir os clientes, para       virtual, mas, ainda assim, exclusiva-
     Luís Gachineiro partilha com a                           comunicar. O desafio maior está na          mente virtual será um nicho”
     Event Point algumas tendências .                         criação de conteúdos.
                                                                                                          Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)
                                                                                                          Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

Contenu connexe

Tendances

Apres obbi clientes_2013
Apres obbi clientes_2013Apres obbi clientes_2013
Apres obbi clientes_2013
Obbi Group
 
Gestão do Design
Gestão do DesignGestão do Design
Gestão do Design
Igor Drudi
 
Empreendedorismo na comunicação
Empreendedorismo na comunicaçãoEmpreendedorismo na comunicação
Empreendedorismo na comunicação
CEMP2010
 
aula palestra empreendedorismo para alunos de economia
aula palestra empreendedorismo para alunos de economiaaula palestra empreendedorismo para alunos de economia
aula palestra empreendedorismo para alunos de economia
Fernando TECO Sodré
 
Empreendedorismo Power Point[1]
Empreendedorismo Power Point[1]Empreendedorismo Power Point[1]
Empreendedorismo Power Point[1]
DanielaSaBarbosa
 

Tendances (20)

Construção de negócios digitais com business model generation
Construção de negócios digitais com business model generationConstrução de negócios digitais com business model generation
Construção de negócios digitais com business model generation
 
Apres obbi clientes_2013
Apres obbi clientes_2013Apres obbi clientes_2013
Apres obbi clientes_2013
 
Gestão do Design
Gestão do DesignGestão do Design
Gestão do Design
 
Gestão em Design - Futuro - 10
Gestão em Design - Futuro - 10Gestão em Design - Futuro - 10
Gestão em Design - Futuro - 10
 
Empreendedorismo na comunicação
Empreendedorismo na comunicaçãoEmpreendedorismo na comunicação
Empreendedorismo na comunicação
 
aula palestra empreendedorismo para alunos de economia
aula palestra empreendedorismo para alunos de economiaaula palestra empreendedorismo para alunos de economia
aula palestra empreendedorismo para alunos de economia
 
Gestão em Design - Seminários - 05
Gestão em Design - Seminários - 05Gestão em Design - Seminários - 05
Gestão em Design - Seminários - 05
 
Gestão em Design - Organização - 02
Gestão em Design - Organização - 02Gestão em Design - Organização - 02
Gestão em Design - Organização - 02
 
Business Design
Business DesignBusiness Design
Business Design
 
INAVE - Relatório benchmarking ao ecossistema empreendedor de Barcelona
INAVE - Relatório benchmarking ao ecossistema empreendedor de BarcelonaINAVE - Relatório benchmarking ao ecossistema empreendedor de Barcelona
INAVE - Relatório benchmarking ao ecossistema empreendedor de Barcelona
 
Empr2
Empr2Empr2
Empr2
 
Gestão em Design - Identidade - 07
Gestão em Design - Identidade - 07Gestão em Design - Identidade - 07
Gestão em Design - Identidade - 07
 
Unitrade n2
Unitrade n2Unitrade n2
Unitrade n2
 
Empreendedorismo e Comunicação Corporativa: As Atividades do Profissional de ...
Empreendedorismo e Comunicação Corporativa: As Atividades do Profissional de ...Empreendedorismo e Comunicação Corporativa: As Atividades do Profissional de ...
Empreendedorismo e Comunicação Corporativa: As Atividades do Profissional de ...
 
Resumo do livro: Business Model Generation
Resumo do livro: Business Model GenerationResumo do livro: Business Model Generation
Resumo do livro: Business Model Generation
 
Empreendedorismo Power Point[1]
Empreendedorismo Power Point[1]Empreendedorismo Power Point[1]
Empreendedorismo Power Point[1]
 
Marca "Felipe Valério Criatividade" - IBMEC
Marca "Felipe Valério Criatividade" - IBMECMarca "Felipe Valério Criatividade" - IBMEC
Marca "Felipe Valério Criatividade" - IBMEC
 
Criar modelos de negócio
Criar modelos de negócioCriar modelos de negócio
Criar modelos de negócio
 
Modelos de Negócio
Modelos de NegócioModelos de Negócio
Modelos de Negócio
 
Apresentação TFG Ana Carolina D'La Guardia Fernandes
Apresentação TFG Ana Carolina D'La Guardia FernandesApresentação TFG Ana Carolina D'La Guardia Fernandes
Apresentação TFG Ana Carolina D'La Guardia Fernandes
 

En vedette

Políticas públicas para que la tecnología conduzca al
Políticas públicas para que la tecnología conduzca alPolíticas públicas para que la tecnología conduzca al
Políticas públicas para que la tecnología conduzca al
himeco2
 
Mision vision
Mision visionMision vision
Mision vision
Baysat
 
Sorteo Ciclo 13 Y 14
Sorteo Ciclo 13 Y 14Sorteo Ciclo 13 Y 14
Sorteo Ciclo 13 Y 14
ingjazz
 
G gz centraal
G gz centraalG gz centraal
G gz centraal
adevalk
 
Pensamiento lateral
Pensamiento lateralPensamiento lateral
Pensamiento lateral
hande2013
 
Corporación1
Corporación1Corporación1
Corporación1
StefannyC
 
Sistemas de información institucional
Sistemas de información institucionalSistemas de información institucional
Sistemas de información institucional
diarpri
 
Casos de exito vira consultores
Casos de exito vira consultoresCasos de exito vira consultores
Casos de exito vira consultores
Javier Carvajal
 
Professores apaixonados texto o.t
 Professores apaixonados  texto o.t Professores apaixonados  texto o.t
Professores apaixonados texto o.t
Elaine Mello
 

En vedette (20)

Narrativas publicitárias na TV - Reflexões - versão pública - Profª Erika Zuz...
Narrativas publicitárias na TV - Reflexões - versão pública - Profª Erika Zuz...Narrativas publicitárias na TV - Reflexões - versão pública - Profª Erika Zuz...
Narrativas publicitárias na TV - Reflexões - versão pública - Profª Erika Zuz...
 
Villalba
VillalbaVillalba
Villalba
 
Mcenroe Progress
Mcenroe ProgressMcenroe Progress
Mcenroe Progress
 
El desarrollo profesional de los docentes en entornos personales de aprendiza...
El desarrollo profesional de los docentes en entornos personales de aprendiza...El desarrollo profesional de los docentes en entornos personales de aprendiza...
El desarrollo profesional de los docentes en entornos personales de aprendiza...
 
R1 b2
R1 b2R1 b2
R1 b2
 
Políticas públicas para que la tecnología conduzca al
Políticas públicas para que la tecnología conduzca alPolíticas públicas para que la tecnología conduzca al
Políticas públicas para que la tecnología conduzca al
 
Mision vision
Mision visionMision vision
Mision vision
 
Annals international symposium of pharmaceutical sciences
Annals international symposium of pharmaceutical sciencesAnnals international symposium of pharmaceutical sciences
Annals international symposium of pharmaceutical sciences
 
Sorteo Ciclo 13 Y 14
Sorteo Ciclo 13 Y 14Sorteo Ciclo 13 Y 14
Sorteo Ciclo 13 Y 14
 
G gz centraal
G gz centraalG gz centraal
G gz centraal
 
7 consejos para hablar en publico
7 consejos para hablar en publico7 consejos para hablar en publico
7 consejos para hablar en publico
 
Uso del correo
Uso del correoUso del correo
Uso del correo
 
Pensamiento lateral
Pensamiento lateralPensamiento lateral
Pensamiento lateral
 
R1 b5
R1 b5R1 b5
R1 b5
 
Corporación1
Corporación1Corporación1
Corporación1
 
Water disaster
Water disasterWater disaster
Water disaster
 
Gestão de projetos ágeis - breve estudo de caso
Gestão de projetos ágeis - breve estudo de casoGestão de projetos ágeis - breve estudo de caso
Gestão de projetos ágeis - breve estudo de caso
 
Sistemas de información institucional
Sistemas de información institucionalSistemas de información institucional
Sistemas de información institucional
 
Casos de exito vira consultores
Casos de exito vira consultoresCasos de exito vira consultores
Casos de exito vira consultores
 
Professores apaixonados texto o.t
 Professores apaixonados  texto o.t Professores apaixonados  texto o.t
Professores apaixonados texto o.t
 

Similaire à Revista Event Point - Opinião

Felipe cavalcante complan v2
Felipe cavalcante   complan v2Felipe cavalcante   complan v2
Felipe cavalcante complan v2
licianecosta
 
1223564022 organização de_eventos (1)
1223564022 organização de_eventos (1)1223564022 organização de_eventos (1)
1223564022 organização de_eventos (1)
Ricardo Lameiras
 
Scout Business Challenge
Scout Business ChallengeScout Business Challenge
Scout Business Challenge
Daniela Simão
 
Microsoft word entrevista francisco-banha_-.doc
Microsoft word   entrevista francisco-banha_-.docMicrosoft word   entrevista francisco-banha_-.doc
Microsoft word entrevista francisco-banha_-.doc
ISEL
 

Similaire à Revista Event Point - Opinião (20)

inRetail Congress
inRetail CongressinRetail Congress
inRetail Congress
 
Grupo garra feira delta
Grupo garra   feira deltaGrupo garra   feira delta
Grupo garra feira delta
 
Relatório Centro de Referência em Inovação
Relatório Centro de Referência em InovaçãoRelatório Centro de Referência em Inovação
Relatório Centro de Referência em Inovação
 
Adit brasil
Adit brasilAdit brasil
Adit brasil
 
Felipe cavalcante complan v2
Felipe cavalcante   complan v2Felipe cavalcante   complan v2
Felipe cavalcante complan v2
 
Feiras e Exposições.pptx
Feiras e Exposições.pptxFeiras e Exposições.pptx
Feiras e Exposições.pptx
 
Empreendedorismo Gestão e Negócios - Rafael Kiso - Focusnetworks
Empreendedorismo Gestão e Negócios - Rafael Kiso - FocusnetworksEmpreendedorismo Gestão e Negócios - Rafael Kiso - Focusnetworks
Empreendedorismo Gestão e Negócios - Rafael Kiso - Focusnetworks
 
1223564022 organização de_eventos (1)
1223564022 organização de_eventos (1)1223564022 organização de_eventos (1)
1223564022 organização de_eventos (1)
 
Scout Business Challenge
Scout Business ChallengeScout Business Challenge
Scout Business Challenge
 
Turismo
TurismoTurismo
Turismo
 
Palestra inteligência de mercado Semana da Administração FNC e FG
Palestra inteligência de mercado Semana da Administração FNC e FGPalestra inteligência de mercado Semana da Administração FNC e FG
Palestra inteligência de mercado Semana da Administração FNC e FG
 
Módulo 10
Módulo 10Módulo 10
Módulo 10
 
Convenção de vendas ideias para uma convenção produtiva
Convenção de vendas   ideias para uma convenção produtivaConvenção de vendas   ideias para uma convenção produtiva
Convenção de vendas ideias para uma convenção produtiva
 
Manual do Visitante de Feiras - 2ª Edição
Manual do Visitante de Feiras - 2ª EdiçãoManual do Visitante de Feiras - 2ª Edição
Manual do Visitante de Feiras - 2ª Edição
 
Prémio Melhor Apresentação para a brains@work
Prémio Melhor Apresentação para a brains@workPrémio Melhor Apresentação para a brains@work
Prémio Melhor Apresentação para a brains@work
 
Workshop Business Design Inventta
Workshop Business Design InventtaWorkshop Business Design Inventta
Workshop Business Design Inventta
 
Relevância e abrangência do marketing jurídico
Relevância e abrangência do marketing jurídicoRelevância e abrangência do marketing jurídico
Relevância e abrangência do marketing jurídico
 
Como Contratar um Empresa de Design Gráfico
Como Contratar um Empresa de Design GráficoComo Contratar um Empresa de Design Gráfico
Como Contratar um Empresa de Design Gráfico
 
Microsoft word entrevista francisco-banha_-.doc
Microsoft word   entrevista francisco-banha_-.docMicrosoft word   entrevista francisco-banha_-.doc
Microsoft word entrevista francisco-banha_-.doc
 
Aprenda A Repensar Seus Eventos
Aprenda A Repensar Seus EventosAprenda A Repensar Seus Eventos
Aprenda A Repensar Seus Eventos
 

Plus de Luís Gachineiro (8)

Gira Tigra 2017
Gira Tigra 2017Gira Tigra 2017
Gira Tigra 2017
 
Continente prepara-se para a explosão do ecommerce
Continente prepara-se para a explosão do ecommerceContinente prepara-se para a explosão do ecommerce
Continente prepara-se para a explosão do ecommerce
 
Luis gachineiro cv 2012
Luis gachineiro cv 2012Luis gachineiro cv 2012
Luis gachineiro cv 2012
 
Revista Festas e Eventos - Opinião
Revista Festas e Eventos - OpiniãoRevista Festas e Eventos - Opinião
Revista Festas e Eventos - Opinião
 
Revista HiperSuper - Ponto de venda 2.0
Revista HiperSuper - Ponto de venda 2.0Revista HiperSuper - Ponto de venda 2.0
Revista HiperSuper - Ponto de venda 2.0
 
Apresentação SIA Interactive 2011
Apresentação SIA Interactive 2011Apresentação SIA Interactive 2011
Apresentação SIA Interactive 2011
 
TEDxO´Porto 2011
TEDxO´Porto 2011TEDxO´Porto 2011
TEDxO´Porto 2011
 
SIA Interactive Presentation
SIA Interactive PresentationSIA Interactive Presentation
SIA Interactive Presentation
 

Dernier

Dernier (6)

ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
 
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsBoas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
 
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
 
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploPadrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
 
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docxATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
 

Revista Event Point - Opinião

  • 1. DOSSIÊ TEMÁTICO 26 © IMEX FRANKFURT FEIRAS: MODELO E S G O TA D O ? O modelo até poderá estar esgotado, mas uma coisa é certa, este tema é inesgotável. O primeiro dossiê temático sobre feiras remonta à edição nº7 da ainda Festas&Eventos, em 2007. Nessa ocasião abordámos as vantagens de participar em feiras, e a necessidade, dita por especialistas, de olhá-las como um investimento e não como um custo. Falámos, do ponto de vista do expositor, da importância de planear a feira, de fazer o follow-up, de avaliar o retorno, de apostar num stand dinâmico e interactivo. O caso de estudo escolhido, nessa altura, foi a BTL. Ora, escolhendo o mesmo tema para este dossiê, tínhamos de procurar novos testemunhos e novas leituras, e mesmo especialistas que, não inteiramente dedicados ao sector, poderiam oferecer aquela visão mais descomprometida e dar contributos interessantes.
  • 2. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 27 Num mundo globalizado, o visitante profissional tanto pode ir a uma feira em Londres como em Lisboa, REINVENTAR AS FEIRAS “interessa-lhe é encontrar a feira que lhe proporcione a solução para o seu “O modelo não está esgotado”, problema”. Este facto remete para afirma, peremptoriamente, António a tendência de subsectorização das Brito, especialista em feiras, detentor feiras, ou seja, a existência de feiras da certificação CEM (Certified in de menor dimensão, muito mais Exhibition Management) e director da especializadas. “Esta é a nova realidade empresa New Events. e a solução para os problemas de cada um”. E além da solução para o “As feiras permitem o seu problema, o visitante quer muito mais do que isso, “quer experiências, relacionamento humano e são o oportunidade de contactos, formação. único meio, dentro do marketing “Não há feira que se preze que António Brito. Este tem apenas a obri- gação de atrair visitantes de qualidade, mix, que apela aos cinco sentidos”. não tenha um programa paralelo”. cabendo ao expositor transformá-los em compradores. “Corredores cheios Enquanto esses dois factores forem Também Mafalda Weinstein, direc- não são sinónimo de sucesso”. importantes, elas não vão deixar de tora de feiras do IIR Portugal/Angola Além da componente educativa ou existir, diz o especialista. Mas como (Institute for International Research), formativa, devem ser criados, segundo tudo na vida também este sector tem uma empresa do Grupo Informa, o fundador da New Events, vários que sofrer uma evolução, “temos de considera que já “não se trata de vender momentos de networking. O próprio reinventar o conceito de feiras”. E como espaço, mas de colaborar na maximi- espaço da feira pode ser reinventado. é que isso pode ser feito? Entendendo a zação do esforço que um participante “Arrisco afirmar que as feiras em oferta e a procura, refere António Brito. faz para estar presente”. Segundo a Portugal, no que respeita ao contributo “Têm que existir sinergias entre aquilo experiente directora de feiras “há que que o design pode ter num evento, são a que eu chamo a trilogia das feiras: ter a consciência de que o objectivo não ainda pouco inovadoras”, diz Pedro organizador, expositor e visitante. Sem é só investir num stand bonito, mas Figueiredo, especialista em design, dúvida que as alavancas, os motores, essencialmente numa acção concertada responsável pela pós-graduação em são os expositores e os visitantes. O de marketing, integrada nos objectivos Design de Eventos da Escola Superior organizador é um intermediário e um mais latos da feira”. Em relação aos de Artes e Design de Matosinhos. Então facilitador de negócios”. programas paralelos, de formação e como inovar, e que papel o design deve O foco principal, hoje em dia, segundo networking, a especialista avisa, “devem ter? “Se pensarmos que os objectos e o director da New Events, tem que ser o ser organizados com profissionalismo os espaços com que nos confrontamos visitante, “a qualidade, a qualificação dos para que não sejam apenas mais um no dia-a-dia são desenhados e que a visitantes e as suas necessidades, é o mais palco para apresentações comerciais dos inovação e as experiências dependem importante e o que distingue as feiras”. expositores. É indispensável que o seu do design, facilmente se compreende conteúdo seja focado para o mercado a as mais-valias que as linguagens, que se destina”. os instrumentos e as metodologias O papel do organizador de feiras está do design podem ter no âmbito das alterado. Este tem agora que “criar feiras”, salienta Pedro Figueiredo. Para novos conceitos, novas formas de ter influência nas feiras, quer do lado actuação para maximizar o negócio de do expositor, quer do organizador, expositores e visitantes” e não apenas o design tem que ser uma disciplina vender metros quadrados. “Se tivermos chamada a intervir desde o plane- melhores expositores, que saibam amento do evento. “A identidade, a preparar a feira, que estabeleçam funcionalidade, a interactividade, o objectivos, façam o follow-up, melhor conforto, a segurança, a inovação, em para o organizador também”, lembra súmula, as qualidades distintivas de W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
  • 3. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 28 destes tipos de eventos, fora do seu país de origem: eventos corporativos, programas de incentivo, congressos associativos, conferências, seminá- rios, feiras, road-shows, lançamento de produtos, eventos promocionais ou programas de formação”, conta à Event Point Ray Bloom, responsável da IMEX. Além da recomendação dos intermediá- rios, os potenciais compradores passam ainda pelo crivo da IMEX, que os analisa e admite no programa, ou não. Os hosted buyers seleccionados têm que ter quatro reuniões por dia com os © EIBTM expositores da sua preferência, usando os programas de marcação de reuniões disponibilizados pela IMEX. Isto resulta uma feira, dependem do design”. Um determinar o sucesso de um certame. em 8 ou 12 reuniões por comprador, espaço pode ser transformado de forma Fomos conhecer mais em detalhe os “mas normalmente vão a muitas mais ”, a favorecer o contacto entre as pessoas programas da IMEX e da EIBTM, feiras esclarece Ray Bloom, que salienta que as e a propiciar negócios. do sector da meetings industry. reuniões são auditadas pela IMEX. Para E por falar na importância do espaço, “A EIBTM celebra a 23ª edição e este responsável um programa deste recorde-se o exemplo da Marina de podemos dizer que o evento foi tipo é fulcral no sucesso de uma feira. Vilamoura Boat-Show. Esta mostra de suportado por um programa de buyers embarcações de recreio passou a ser que entretanto se desenvolveu, que feita... na água, podendo as embarca- é imperativo e faz parte dos valores O QUE SE PASSA EM ções ser escolhidas, experimentadas da marca”, explica Graeme Barnet, e adquiridas no momento. Segundo director do evento. “A qualidade do PORTUGAL Paulo Jorge, da GL Events, empresa programa reflecte-se no sucesso da responsável pela organização, foi feira, e nos negócios feitos pelos forne- As alturas de crise reflectem-se “muito interessante” trabalhar o novo cedores e compradores”, e por isso o imediatamente no sector das feiras de formato. E para os expositores foi mais critério de escolha dos compradores é negócios. Quando a economia cresce, fácil mostrar o produto e fazer negócio. apertado. Para a EIBTM são elegíveis as feiras proliferam, quando decai “Cada mostra deverá ser personalizada participantes que organizem, influen- surgem logo as dificuldades. Como e concebida mediante as necessidades ciem ou decidam orçamentos de vimos atrás, o negócio vai mais além da do mercado. Só assim podemos inovar eventos, incentivos, congressos. Cada venda do espaço. “As feiras não deca- e motivar clientes e potenciais clientes”, comprador é obrigado a acomodar na íram do ponto de vista do número de acredita o director da GL Events. sua agenda diária sete reuniões com expositores. O que tem decaído é a área expositores. Em troca, a EIBTM paga ocupada e isto afecta de sobremaneira o a viagem e a estadia em Barcelona. No organizador”, sublinha António Brito, VISITANTES QUALIFICADOS ano passado foram pré-agendadas 55 da New Events. As empresas conti- mil reuniões. Num inquérito realizado nuam a participar, mas com menor Os programas de hosted buyers aos hosted buyers, 89% afirma que a investimento. “Estamos num momento (compradores convidados) são uma decisão de compra foi um resultado de sobrevivência, quem sobreviver se forma do organizador chamar à directo da ida à feira. calhar vai ter os melhores anos da sua feira visitantes qualificados. Nem A IMEX trabalha com intermediários vida, no futuro”. sempre funcionam, segundo António na selecção dos compradores-chave A situação no país é complicada a Brito, porque por vezes há capaci- para fazerem parte do programa da vários níveis e neste sector, segundo dade financeira para os trazer, “mas feira. “Para se qualificarem como hosted Mafalda Weinstein, há “falta de estra- não há capacidade para qualificar, buyers, estes devem ser responsáveis tégia e um monopólio nas mãos das nem para controlar”. Mas um bom por planear, organizar, recomendar Associações”. A responsável alerta para programa de hosted buyers pode ou decidir orçamentos de algum os preços incomportáveis de aluguer de
  • 4. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 29 instalações, “que impedem as empresas radical de atitude.” que são profissionais. É algo difícil de privadas de organizar feiras, e trans- O problema dos espaços também evitar enquanto não houver alguma formaram o negócio no monopólio dos é levantado por António Brito, que entidade ou associação que no fundo donos do espaço”. Para além disso o salienta igualmente os preços exces- regulamente o sector”. E quem o problema do calendário que é, segundo sivos de aluguer. “Temos espaços poderia fazer? Segundo o responsável a especialista, “sobrecarregadíssimo”, que estão completamente fora da da New Events essa tarefa deveria caber “sendo muitas vezes realizadas feiras no realidade. Ainda não perceberam a uma Associação Portuguesa de Feiras mesmo sector em simultâneo em Lisboa o que se passa neste país.” O espe- e Congressos “com força, e não de e no Porto, o que não faz sentido num cialista lamenta também o facto de lobbies”. E devia haver mais regulação. mercado com a dimensão do nosso”. haver espaços com exclusividade de Há várias coisas a fazer, portanto, mas fornecedores. Por outro lado, Brito “Há organizadores de feiras que para Weinstein o mais importante é a considera que este é um sector com “vontade de alterar o status quo”. “Para demasiados “oportunistas”.“Olham nem empresa têm.” isso é necessário que todos os envolvidos as feiras como mera oportunidade no negócio das feiras estejam de acordo de negócio, que é temporal, mas que de que é necessária uma mudança enquanto dura causa danos naqueles PUB W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
  • 5. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 30 TRÊS PERGUNTAS A TRÊS PERGUNTAS A EXPONOR QUER ORGANIZAR ANTÓNIO BRITO, DIRECTOR MAFALDA WEINSTEIN, FEIRAS EM MOÇAMBIQUE DA NEW EVENTS DIRECTORA DE FEIRAS DA Com um percurso de longos anos no sector das feiras em Portugal, Mafalda IIR PORTUGAL/ANGOLA Weinstein, do IIR Portugal/Angola, tem “O mercado dos eventos é um uma posição privilegiada na obser- vação do mercado português, além da mercado de prima donas” “As feiras na Alemanha são um experiência na organização de feiras em Angola. Para entrar no mercado Deveria existir um estatuto de organi- exemplo” angolano é “indispensável fazerem-se zador profissional de feiras? parcerias com entidades locais, centros Sim, como existe em muitos países do Onde poderíamos apostar para ter de exposições, hotéis, imprensa, asso- mundo, onde para se ser organizador é uma feira internacional de referência ciações, e procurar bons fornecedores”, preciso um grau de exigência mínima. em Portugal? diz Mafalda Weinstein. Em Angola isso Essa é a “one million dolar question”. não se revelou problemático. A respon- Esse estatuto deveria ser criado pela Seria muita pretensão da minha parte sável caracteriza da seguinte forma a Associação Portuguesa de Feiras e achar que tinha a receita para a feira realidade internacional: “Estratégia! Congressos? de sucesso em Portugal. Acredito que Profissionalismo! Concorrência! Teria que ser uma entidade que tivesse exista, mas para a encontrar é neces- Competência! Motivação! Resultados!” E alguma força, também política, porque sário prospecção, estudos, contactos, refere que “a maioria dos organizadores a indústria de feiras gera milhões e gera etc., e delinear uma estratégia, definir de feiras internacionais são empresas valor para as cidades. objectivos. E trabalho... muito trabalho. multinacionais como a Informa, a cujos accionistas têm que apresentar resul- É impossível fazer uma feira de Consegue identificar uma feira que tados. Há no entanto excepções, como é eventos com sucesso em Portugal? seja um exemplo a seguir? o caso da Alemanha, em que o mercado O mercado dos eventos é um mercado Uma feira em Portugal... a Futurália – das feiras está nas mãos das autarquias, de prima donas em que toda a gente Salão de Oferta Educativa Formação e que vêem nas feiras, como aliás todos tem a mania que é importante. Querem Empregabilidade. Lá fora há imensas. deveriam ver, um motor da economia”. promoção, mas não querem pagar para As feiras na Alemanha são um exemplo Em relação a Angola há “muitas oportu- a ter. Mas não é só aqui, é ao nível global. de eficácia e profissionalismo. nidades de negócio”. A Portugal Eventos [n.d.r. Feira que Também em Angola está a Exponor, terminou depois de apenas duas edições] Fazem sentido feiras abertas ao que iniciou a sua experiência fora de foi um dos projectos mais interessantes público e a profissionais? Como juntar portas em 1998, com a realização de onde estive envolvido e foi bom para com eficácia estes dois mundos? uma feira em Ourense, Espanha, e outra todos, menos para quem a organizou. Pode ou não fazer, tudo depende do na Cidade da Praia, Cabo Verde. Um ano sector e dos objectivos. Se estivermos a mais tarde, surgiram as primeiras feiras falar de uma feira muito específica na em Maputo (Moçambique) e em São área da saúde cujo objectivo é apre- Paulo, Brasil. Em 2009, a Associação sentar novos equipamentos à classe Empresarial de Portugal, detentora da médica, não faz sentido estar aberta Exponor, firmou um protocolo com a ao público. Mas se estivermos a falar Feira Internacional de Luanda. Segundo de uma feira do ambiente ou na área a Exponor, a falta de fornecedores, da educação, por exemplo, faz sentido de recursos humanos e a burocracia abrir ao público em geral com o objec- são “problemas bem reais”. “No caso tivo de promover, divulgar e educar. de Angola, apoiámo-nos bastante no nosso parceiro local e temos conseguido minimizá-los.” Os mercados português e angolano, são “bastante diferentes”.
  • 6. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 31 “No caso angolano, notamos uma Como forma de compensar as perdas no mercado nacional, que vive um período grande apetência pelos produtos complicado, a estratégia da Exponor passa por aprofundar a internacionali- portugueses, principalmente zação. “Temos um acordo firmado com uma entidade moçambicana para, no porque, regra geral, apresentam futuro, vir a constituir uma empresa vocacionada para a organização de feiras uma excelente relação naquele país.” O Brasil pode ser também um mercado qualidade-preço. Ao contrário do a ter em conta, segundo António Brito, director da New Events. “Temos de voltar que se poderá supor à partida, a descobrir o Brasil, e com outros olhos”. O especialista afirma que aquele país da notamos também que Angola é América do Sul está a viver um grande crescimento neste sector e que ainda não um mercado de gostos bastante passou pelos problemas que Portugal e a Europa estão a passar ao nível das feiras. sofisticados, que sabe distinguir Também a ExpoSalão Batalha já avançou para outros mercados, os bons dos maus produtos”. nomeadamente os do Norte de África: © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT Marrocos, Tunísia e Argélia. PUB W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
  • 7. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 32 © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT © SIA INTERACTIVE TRÊS PERGUNTAS A ANDRE RABANEA, ESPECIALISTA EM MARKETING DE GUERRILHA DA TORKE “Não adianta ter um mau produto e dar t-shirts de graça” Como é que as marcas/empresas se podem diferenciar numa feira? Em primeiro lugar as empresas têm que ter um serviço ou um produto de quali- dade. Não adianta ter um mau produto e dar t-shirts de graça. Isso pode causar filas no stand, mas não se reflecte em vendas. A experiência com a marca acaba por ser a principal forma de atrair de uma forma diferenciada, para depois explicar como funciona a empresa e os seus serviços. Como trabalhar fora do espaço de feira, antes e depois do evento? Existem várias estratégias que podem ser feitas ao redor de uma feira, numa fase © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT teaser e pós-evento. Tudo com o objectivo de dar a conhecer melhor a marca e gerar mais visitas ao stand. Fora do espaço da feira existem vários suportes onde o visitante passa antes de entrar: o metro, a paragem de autocarro mais próxima, estaciona- mento, chão, postes no caminho... tudo o que vemos nas ruas são potenciais meios de comunicação que podemos utilizar para comunicar de uma forma diferenciada. Muitos dos folhetos que se recolhem nas feiras vão directos para o caixote do lixo. Como reverter essa situação? Isso é uma coisa que pode ser melhorada. Ninguém quer carregar ou ficar com o folheto. Uma das soluções pode ser passar a informação para os telemóveis dos visitantes. Nada de papel.
  • 8. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 33 © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT TRÊS PERGUNTAS A LUÍS RASQUILHA E EDUARDO GARCIA, DA A MAIS-VALIA DA TECNOLOGIA AYR CONSULTING, EMPRESA DE DETECÇÃO DE TENDÊNCIAS Uma das formas de tornar as feiras mais dinâmicas pode passar pelo uso da tecnologia. Fomos conversar com “A questão é fazer de cada feira uma experiência” uma empresa com soluções para feiras, a Sia Interactive, para saber quais as Há algum padrão de comportamento dos visitantes numa feira? São atraídos por tendências em termos de tecnologia que tipo de estímulos? para este sector. “Propomos solu- Há, mas é igual ao de qualquer outro consumidor exposto a uma acção de marke- ções em que o visitante da feira não ting. Por que é que isto pode ser do meu interesse? O que espero encontrar lá? participe de forma passiva, e tenha Quem está lá? Que nível de interlocução terei lá dentro. E, principalmente, e uma uma experiência com a marca”, refere vez no espaço da feira, o que é que este serviço ou produto faz por mim, pelo meu à Event Point Luís Gachineiro. O negócio, pelos meus clientes? conteúdo, em vez de estar disponibili- zado num folheto que o visitante leva, Fala-se muito em tornar as feiras experiências interactivas. Como comentam? é apresentado de forma impactante O importante é definir que experiência se deve criar que reproduza ao máximo o e imersiva, através de jogos, simu- benefício que se vai tirar do que se está a oferecer. Os verdadeiros craques desta ladores, animações 3D, superfícies área são os museus britânicos. O “Blitz Experience” do Imperial War Museum é multitoque, e outras tecnologias que quase perfeito. O London Dungeon acrescentou cheiros aos seus diaporamas, para apelem aos vários sentidos. Vivemos aumentar a verosimilhança e levar o público a sentir os factos retratados da forma numa sociedade com excesso de infor- mais próxima possível. Difícil? Não! Dá trabalho? Sim. Funciona? Claro! mação, refere Luís Gachineiro, “83% da comunicação actual é feita para o Como tornar mais interessante a participação do visitante numa feira, e mais olhar apenas, e isso significa que as eficiente para quem expõe esse contacto com os visitantes? pessoas cada vez mais começam a ser A questão aqui não é dar experiências, mas fazer de cada feira “uma experiência”. selectivas”. A utilização de tecnologia Ou seja, que se sinta à partida que há negócios bons a serem feitos, seja através de pode ser diferenciadora. vendas, seja através do conhecimento que se ganha. E que na feira os expositores As soluções dependem dos orça- possam demonstrar de forma atractiva, tangível e credível o que podem oferecer mentos dos clientes, mas a tecnologia aos seus compradores. não está só ao alcance das grandes marcas e empresas. “Trabalhamos W W W. E VE NT P OI NT.C O M. PT
  • 9. D O S S I Ê T E M Á T I C O . FEIRAS: MODELO ESGOTADO? 34 FEIRAS VIRTUAIS NÃO SUBSTITUEM AS TRADICIONAIS A maioria dos nossos entrevistados olha as feiras virtuais com alguma cautela. Consideram que esta ferra- menta serve como lançamento e prolongamento da feira propriamente dita, nunca a substituindo. A Exponor Digital oferece aos expositores soluções em termos de feiras virtuais, mas como complemento da feira tradicional. Segundo Paulo Nogueira, responsável da empresa, “são muito raras as situa- ções em que uma feira virtual que existe isolada obtém o sucesso pretendido”. Tendo isso em consideração, a Exponor Digital propõe uma ferramenta que antes da feira permite publicitar o evento na Internet, distribuir emails, mostrar a planta da exposição, fornecer informações sobre o expositor, etc. Durante a feira permite o webcast, por exemplo. E depois da feira possibilita LUÍS GACHINEIRO . SIA INTERACTIVE © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT um fórum de discussão, um e-marke- tplace e stand de vendas. Sempre numa lógica de complemento. E Paulo para as maiores marcas mundiais, mas No entender do responsável da Sia Nogueira não acredita que isto se vá também para uma pequena empresa Interactive, as soluções de toque e alterar “sem profundas e inovadoras têxtil de Vila do Conde”, exemplifica multitoque já começam a estar banali- alterações tecnológicas”. Também o responsável de marketing da Sia zadas. “Temos usado muito a tecno- António Brito, da New Events, consi- Interactive. O facto é que há clientes logia kinética”, salienta. O futuro passa dera que a feira virtual faz sentido para que pensam que estes meios são caros, “pelas experiências imersivas, que prolongar no tempo a visibilidade dos e “muitas vezes ficam surpreendidos utilizem o maior número de sentidos”. produtos e serviços dos expositores. por não serem tão caros quanto isso, E há dados que o comprovam. “75% Opinião partilhada por Andre Rabanea, sendo que o investimento que fazem das nossas emoções são influenciadas da Torke., “Funcionam como teaser e em tecnologia tem resultados a curto pelo cheiro. Há 65% de probabilidades no pós-evento, ajudando a comple- e médio prazo”, explica. “É lógico que de mudarmos a nossa disposição mentar a feira com um espaço onde fica mais barato comprar um pop-up, quando estamos expostos a sonori- poderemos ir buscar mais informação”. mas o impacto é reduzido... as pessoas dades que nos agradam. O mero toque, Luís Rasquilha e Eduardo Garcia, da já nem olham”. É necessário pois um o toque subtil no consumidor aumenta Ayr Consulting, antevêem “um mix certo convencimento dos clientes, também a avaliação de satisfação do virtual versus presencial”. porque a presença em feira implica cliente”. As soluções tecnológicas têm “Dependendo da categoria do produto investimentos avultados, e no entanto a então de aproveitar estes momentos poderemos iniciar um caminho mais aposta em tecnologia tem recrudescido. subtis para seduzir os clientes, para virtual, mas, ainda assim, exclusiva- Luís Gachineiro partilha com a comunicar. O desafio maior está na mente virtual será um nicho” Event Point algumas tendências . criação de conteúdos. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)