1) O documento analisa a história de Judas Iscariotes, discípulo traidor de Jesus, contextualizando sua vida e origem familiar.
2) Explica como o pecado secreto de Judas, desviando fundos do grupo, levou a que "Satanás entrasse nele" e o usasse para trair Jesus.
3) Descreve como Judas, após entregar Jesus, sentiu remorso mas não arrependimento, tirando a própria vida em vez de buscar perdão. Isso mostra que ele nunca aprendeu com Jesus
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O Judas interior e lições contra a vida dupla
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O Judas que há dentro de nós
sábado, 1 de agosto de 2014
Texto Bíblico: Lucas 22: 2 – 6.
Para que entendamos a história de
Judas, precisamos falar de Simão. E
quem foi este? Na verdade, foi o pai
daquele que seria discípulo e traidor de
Jesus. Simão Iscariotes ganhou fama
como lutador sob o regime que
antecedeu ao de Roma, mas que não
conseguiu seu objetivo (a independência
de Israel). Quando seu filho nasceu
(Judas), os vizinhos tiveram suas
esperanças renovadas. “PRESTE
ATENÇÃO ÀQUELE ALI”, diziam alguns.
“Um dia ele será um homem de Deus”.
O sobrenome de Judas veio de seu pai,
provavelmente em referência ao lugar onde ele fora criado. Em aramaico, Ish-keriot significa
“homem de Queriote”.
Ele era filho da tribo de Judá, criado no coração da Judéia, e tinha o honrado nome de Judas
– Será que poderia haver algum judeu mais leal em todo Israel? Judas era o zelote admirável
e decidido vindo da cidade de Queriote, na Judéia. Pois bem, esse distinto homem judeu foi
escolhido para ser um dos doze discípulos diretos de Jesus, recebendo o mesmo
treinamento e os mesmos benefícios da proximidade com o Filho de Deus. Por fim, ele
inspirou confiança suficiente para guardar e administrar o dinheiro de todo o grupo (Jo 13:
29).
Entretanto, algo aconteceu dentro de Judas que o levou a seguir um caminho muito
diferente dos demais. Ninguém sabe exatamente quando isso aconteceu, embora Jesus
tenha dado uma dica. Após Jesus saciar a fome dos cinco mil homens e suas famílias, estes
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começaram a pensar numa maneira de estabelecer o mestre como seu rei, e derrubar o
governo atual. Isso era tudo o que Judas queria ouvir. Mas “sabendo Jesus que pretendiam
proclamá-lo rei à sua força, retirou-se novamente sozinho para o monte” (Jo 6: 15). Como
diz Swindoll (2008), “isso deve ter confundido Judas enquanto ele corria para o mar da
Galileia com os outros discípulos e entrava no barco como o Mestre lhes havia orientado”.
Logo após esse fato, Jesus proferiu um discurso profundo e duro para a multidão ao redor
(João 6: 55-58), que os fizeram retirar, deixando somente os doze com Ele. Depois, Jesus
também perguntou se os doze também queriam ir com os outros, o que eles recusaram; por
fim, deu uma oportunidade ímpar para que Judas externasse suas frustrações, mas ele se
calou (Jo 6: 67-71).
Corroborando com Swindoll (2008), aquele teria sido o momento ideal para Judas dizer
“Ajuda-me, Senhor. Eu sou essa pessoa. Perdi a confiança em ti, e as sementes do
ressentimento germinaram. Tenho medo do rumo que as coisas vão tomar. Salva-me”. Mas
ele não fez isso. Permaneceu calado, enquanto Pedro falava pelo grupo e declarava a
lealdade de todos.
1. A vida dupla de Judas (Jo 12:5-6).
Resumindo e contextualizando, Jesus e seus discípulos viajaram a Jerusalém para a
celebração da Páscoa e dos Pães Asmos e aproveitou para visitar seu amigo Lázaro e suas
irmãs (Marta e Maria), pouco tempo depois de ressuscitá-lo. Certa noite, um homem de
Betânia – que Marcos o chama de “Simão, o leproso” (Mc 14: 3) e Lucas o identifica como
fariseu (Lc 7: 39) – deu um grande banquete e convidou Jesus, seus discípulos e várias outras
pessoas estimadas, como Lázaro e suas irmãs. Foi nesse jantar, que Maria usou um jarro de
alabastro com um perfume caríssimo para ungir os pés de Jesus, fato que demonstrou uma
revolta sem igual de Judas. A verdade é que o tesoureiro de confiança já estava desviando os
fundos do grupo havia algum tempo. E depois de ver quase um ano de salário desaparecer
por entre as rachaduras de um chão de pedras, Judas não suportou.
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O pecado secreto transforma a mente e torce os valores de uma pessoa. Geralmente, as
pessoas que desviam dinheiro raramente roubam muito na primeira vez. À medida que o
desvio se torna um hábito, eles racionalizam seu pecado com o objetivo de preservar algum
senso de dignidade. Enquanto isso, o ciclo de compulsão e vergonha vai criando uma
separação entre seus pensamentos particulares e uma imagem pública cuidadosamente
elaborada, esta última aceita como seu verdadeiro eu.
O mesmo é verdadeiro em relação a qualquer pecado. Um enorme abismo entre a pessoa
pública e o eu particular sempre se inicia com uma pequena rachadura, uma decisão de
ocultar o pecado. A isso chamamos de vida dupla.
Judas já estava cultivando uma vida dupla havia meses (ou anos). Sua fachada religiosa
mantinha um forte ressentimento, que fez questão de deixar oculto aos outros discípulos.
Ninguém suspeitava de seu pecado secreto. Quando repreendeu o “desperdício” de Maria,
Judas de alguma maneira tentou chamar a atenção de todos para a mesma denúncia. Tanto
conseguiu que a maior parte dos presentes na casa passou a condenar Maria por uma razão
ou outra. Como Jesus enxergou a verdade, tratou logo de assumir o controle da situação e
colocou todos em seu devido lugar.
Sendo assim, fica mais fácil entender a expressão que Lucas se refere a Judas no texto base
da nossa reflexão, quando diz que “Satanás entrou em Judas”. Dos doze discípulos, Satanás
escolheu aquele que nutria um pecado secreto e cultivava uma vida dupla. Fica claro,
portanto, que Satanás encontra maior liberdade para trabalhar à mediada que aumenta o
abismo entre as imagens pública e particular de uma pessoa. Judas criou uma porta, e
Satanás entrou sem ser notado.
Não podemos afirmar com certeza o que Judas sabia no momento em que se tornou
ferramenta de Satanás. Ele achava que seu desejo de libertar Israel da tirania de Roma
justificava praticamente qualquer meio que fosse necessário. Até mesmo a ideia de trair um
amigo fiel não pesou em sua consciência.
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2. Confundindo arrependimento com remorso (Lc 22: 48; Mt 27: 4).
Depois de “entregar” Jesus aos principais líderes judeus, e perceber que os julgamentos de
seu mestre diante dos líderes religiosos mostraram que ele já estava condenado antes
mesmo de sua prisão, deixou Judas completamente surpreso. Vencido pelo remorso¹, ele
tentou desfazer o que já tinha feito, mas foi tarde demais (Mt 27: 4). Judas tentou devolver o
dinheiro, mas os principais sacerdotes se recusaram a aceitar de volta as trinta moedas de
prata que lhe haviam pagado.
Agora, o traidor se viu incapaz de viver com seu pecado, mas também sem disposição para
se arrepender dele, saiu, encontrou uma árvore distante perto de um despenhadeiro e,
naquela mesma noite, enforcou-se. Na morte, Judas deixou de fazer a necessária conexão
entre remorso e arrependimento, assim como fizera na vida. Ele nada aprendera dos anos
que passou com Jesus. A escolha de dar fim à vida, em vez de confessar seu pecado e buscar
perdão, simplesmente consumou a hipócrita vida dupla que Judas já cultivava havia meses.
No final, Judas morreu como sempre viveu, emaranhado num secreto caso de amor com o
pecado.
3. Lições para o Judas que há dentro de nós.
“Isso pode Arnaldo?” A regra é clara: Pode sim. A história de Judas pode se tornar a nossa,
pois o pecado secreto é um assassino que não faz distinção entre pessoas, e aqueles que
acham que estão imunes são os mais vulneráveis de todos.
Sendo assim, a partir do trágico exemplo de Judas, podemos considerar quatro princípios
dignos de nossa reflexão. São eles:
1) A associação com o que é espiritual não garante que nos tornamos pessoas espirituais.
Pertencer a uma igreja sadia e cultivar relacionamentos com pessoas espiritualmente
maduras devem ser prioridades. Contudo, a simples associação com esses crentes não
nutrem a alma, do mesmo modo que simplesmente se sentar à mesa não nutrirá o nosso
corpo. Para nos desenvolvermos espiritualmente, devemos incorporar pessoalmente
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aquilo que Jesus ofereceu, nos submetendo à verdade que recebemos por meio de sua
Palavra. Caso contrário, enganaremos a nós mesmos e nos tornaremos nossos piores
inimigos;
2) A corrupção moral em segredo é mais mortal que a corrupção moral visível. Não há
câncer mais mortal do que aquele que não é detectado. O mesmo é verdade em relação
ao pecado. Manter nossa natureza pecaminosa escondida nos impede de aplicar o
remédio que Jesus forneceu por meio do dom da salvação (1Jo 1:9). Deixar de confessar
e receber perdão nos força a lidar com os efeitos mortais do pecado de uma maneira
que certamente causará mais dano depois. Custou a vida de Judas!
3) Satanás e seus demônios estão procurando qualquer oportunidade para trabalhar
contra o Senhor. A pessoa que carrega pecados não resolvidos dentro de si é um vaso
perfeito por meio do qual Satanás pode atacar as pessoas e os planos de Deus (Gn 4:6-7;
Ef 4:25-27; 5:15-16; 1Pe 5:6-8). Assim como foi com Judas, depois que Satanás provocou
todo o dano que poderia realizar, então permite que o vaso seja consumido pelo pecado
que carrega;
4) Nenhuma tristeza pode se comparar ao remorso de alguém que descobre tarde demais
que não entendeu as palavras de Jesus e desprezou seu amor. O engano é a principal
ferramenta do diabo. Uma vez que tenha acabado de usar alguém, ele cruelmente
desmascara a verdade para revelar as consequências das escolhas estúpidas feitas pela
pessoa. Dessa forma, será muito difícil suportar o combinado de vergonha, humilhação,
arrependimento, autocondenação e desprezo.
O remédio para a vida dupla foi dado pelo próprio Jesus. Ele disse: “Se vocês permanecerem
firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e
a verdade os libertará” (João 8:31-32).
#XôVidaDupla... #PermaneçamosEmCRISTO!
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Por Linaldo Lima
(Sermão baseado nas lições extraídas do livro “Jesus, o maior de todos” / Charles R. Swindoll;
Mundo Cristão, 2008 - (Série heróis da fé)).
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¹Remorso – 1. Aflição, tormento de consciência, por um ato mau que se praticou; 2. Revolta
da consciência contra uma ação pecaminosa ou culpável; remordimento.