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Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.864
DOI: 10.5007/2175-7941.2012v29nesp2p864
UM JEITO DE FAZER HIPERMÍDIA PARA O ENSI-
NO DE FÍSICA+ *
Tatiana da Silva
Departamento de Física – UFSC
Florianópolis – SC
Resumo
Neste trabalho, apresentam-se as bases teóricas e metodológicas
do processo de elaboração e de produção de materiais didáticos
apoiados em recursos computacionais, tais como animações, simu-
lações, jogos e laboratórios virtuais, para uso no ensino de física.
Os materiais foram construídos com recursos de hipermídia, que
une os conceitos de não linearidade, hipertexto e multimídia (ani-
mações, simulações, sons) em uma só linguagem. O conceito de
hipermídia adotado é definido como um meio, uma linguagem e
um produto audiovisual, e pode ser associado ao conceito de obje-
to de aprendizagem, o que permite a criação de materiais digitais
com diferentes granularidades, que vão desde uma atividade até
um curso completo. Se o material didático for criado com essa
preocupação, ele pode ser utilizado em diferentes ambientes de
aprendizagem, sob diferentes plataformas, e fornece uma base pa-
ra que a avaliação de seu uso possa ser feita também em diferentes
situações didáticas. Os temas abordados fazem parte de conteúdos
discutidos no Ensino Médio e nas disciplinas de física básica do
Ensino Superior. Os materiais descritos neste trabalho (anima-
ções, simulações, jogos e laboratórios virtuais) encontram-se dis-
poníveis em página aberta na internet
+
One way to make hypermedia for teaching Physics
* Recebido:
Aceito: agosto de 2012.
da Silva, T. 865
(HTTP://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/index.html) e alguns deles
também podem ser acessados a partir do banco de objetos educa-
cionais do MEC.
Palavras-chave: Objetos de aprendizagem. Hipermídia. Ensino de
Física. Educação online.
Abstract
In this paper, we present the theoretical and methodological basis
of the preparation and production of teaching materials supported
by computer resources such as animations, simulations, games and
virtual labs, for use in teaching physics. The materials were built
with hypermedia resources, joining the concepts of nonlinearity,
hypertext and multimedia (animations, simulations, sound) in one
language. The hypermedia concept adopted states it is a means to
an end, a language and an audiovisual product enabling the
association with the concept of learning object which allows the
creation of digital materials with different granularities ranging
from one activity to a full course. If the courseware is created with
this concern, it can be used in different learning environments
under different platforms, and provide a basis for the evaluation of
its use in different teaching situations. The topics discussed
(animations, simulations, games and virtual labs) are part of
content in high school and in the disciplines of basic physics of
higher education. The materials are available on an open page on
the Internet (HTTP://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/index.html)
and some of them can also be accessed from the MEC´s database
of educational objects.
Keywords: Learning objects. Hypermedia . Physics teaching.
Online education.
I. Introdução
A elaboração de materiais didáticos apoiados no uso do computador en-
volve uma rede complexa de saberes e requer a adoção de uma estratégia instru-
cional bem definida para a sua produção. Os primeiros realizadores dessa produção
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.866
no Brasil foram, em geral, professores universitários que se envolveram com a
produção de materiais didáticos para cursos de ensino na modalidade a distância
(EAD) apoiados em recursos computacionais nos quais assumiram a função de
professores conteudistas (CORDEIRO; ROSA; FREITAS, 2006). Ou seja, muitos
não eram pesquisadores atuantes na área de ensino, mas a urgência ou a pressão
para que a oferta de cursos nessa modalidade se realizasse acabou por envolver
profissionais comprometidos com o ensino, mas não necessariamente pesquisado-
res nessa área. Não obstante, a oferta de cursos na modalidade a distância trouxe
uma série de perguntas novas a serem respondidas e muito se tem aprendido com a
realização de cursos nessa modalidade, abrindo um vasto campo de investigação e
avaliação. O comprometimento natural com o ensino por parte de todos os envol-
vidos fez com que a reflexão nunca deixasse de se fazer presente. Como os envol-
vidos são professores, a necessidade e a preocupação inerentes de se apoiar os
alunos no seu processo de aprendizagem levam a reflexões sobre quais as melhores
metodologias de utilização do computador no ensino, qual o diferencial que o seu
uso tem frente às metodologias tradicionais, como assegurar ou potencializar as
formas de apresentação e de discussão de conteúdos para que esses materiais cum-
pram seus objetivos. Assim, sabemos que se trata de uma área relativamente nova,
em fase de construção desse “saber fazer”, ou seja, ainda não existem respostas
conclusivas para muitas perguntas e, por isso, a produção de materiais didáticos
digitais já se estabelece também como uma área de investigação que se justifica
per se.
As necessidades dos cursos a distância apoiados em recursos computacio-
nais acabaram por antecipar a prática, o fazer aos resultados de pesquisas direcio-
nadas à inserção das “novas tecnologias” no ambiente educacional como um ins-
trumento de ensino-aprendizagem. Entretanto, torna-se cada vez mais claro que
não é um trabalho que se realize sem envolvimento, sem busca por respaldo em
trabalhos de pesquisa em ensino e que vêm contribuindo de maneira decisiva para
pesquisas nesse campo de atuação. Normalmente, parte-se da premissa de que as
tecnologias da informação e comunicação (TICs) podem ser aliadas porque têm um
enorme potencial para enriquecer, facilitar, dinamizar, enfim, podem favorecer o
processo de ensino e aprendizagem à medida que os recursos digitais trazem para o
espaço educacional imagens, sons, vídeos, animações, simulações, hipertextos,
possibilidades de abordagens diferentes de um dado conteúdo que atendam a esti-
los de aprendizagens diferentes, assim como possibilidades de interação e de cola-
boração presencial e a distância. Hoje, falamos, então, em uma educação online ou
educação digital como a que possibilita que as situações didáticas ocorram sem
limitação de espaço e de tempo e que se realiza nas modalidades presencial, semi-
da Silva, T. 867
presencial e a distância. Além disso, a educação é vista como o meio para trans-
formação da sociedade, o que abre a oportunidade de uma exploração mais crítica
e ética do uso da informação e da comunicação via rede mundial de computadores.
É importante destacar que a etimologia da palavra “tecnologia” (do grego
tekhné = “técnica, arte, ofício” e logia = “estudo”) mostra que é uma palavra que
representa a apropriação do conhecimento técnico e científico, das ferramentas,
dos recursos e dos processos desenvolvidos, principalmente, a partir do conheci-
mento para manipular o espaço em que vivemos e que podemos explorar. Vivemos
em um mundo tecnológico onde usamos desde ferramentas simples como uma
caneta até complexas como um computador, uma sonda espacial ou um satélite. No
âmbito da educação, são consideradas tecnologias os livros didáticos, os quadros
negros ou brancos e a própria sala de aula. Por isso, as ditas “novas tecnologias”
referem-se aos recursos digitais tais como o hipertexto, a multimídia, a rede mun-
dial de computadores. Elas se referem às tecnologias que possibilitam a aprendiza-
gem mediada por computadores (MANOVICH, 2001; FILATRO, 2003; GOS-
CIOLA, 2003).
Entretanto, ainda há muita polêmica e certo caos decorrentes da forma
como esses materiais começaram a ser elaborados e porque a elaboração desses
materiais parece não ter um valor do ponto de vista da pesquisa em ensino (BAR-
ROSO; BEVILAQUA; FELIPE, 2009). No entanto, os progressos alcançados pela
ciência da computação e a consequente expansão da EAD tornaram esse processo
de elaboração inevitável e precisamos responder a essa demanda da melhor manei-
ra possível. Percebe-se que há consenso de que são pontos cruciais à elaboração
dos materiais a não transposição direta de materiais usados no presencial para o
virtual, as formas de planejamento e de utilização das tecnologias digitais voltadas
para fins educacionais, o diferencial que esses recursos podem ter para que não se
faça um uso banalizado e que os recursos computacionais não representam uma
solução mágica para os problemas educacionais. Cada modalidade, cada forma de
se fazer a educação tem sua linguagem, suas características, suas especificidades,
ou seja, uma identidade, e é essa identidade que está sendo construída.
Nesse sentido, este trabalho apresenta materiais didáticos hipermídia com
a intenção de evidenciar as bases teóricas e metodológicas do processo de elabora-
ção e de produção de materiais didáticos digitais para uso no ensino de física e para
possibilitar que, a partir de seu uso, possa-se, também, construir um instrumento de
avaliação.
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.868
II. Formas de uso do computador e fundamentação teórica para elaboração
dos materiais didáticos
O computador pode ser incorporado no ambiente educacional de formas
plurais (VALENTE, 1995; MORAN, 2000; FIOLHAIS, 2003). É a forma de usá-
lo, a abordagem metodológica e as estratégias didáticas que determinarão se o
computador simplesmente “substitui” o papel do professor e/ou do livro, ou seja,
se é uma versão informatizada dos métodos convencionais de ensino ou se o com-
putador é um facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Nesse caso, ele é
uma ferramenta, uma mídia que permite ao aluno assumir o papel central no seu
processo de aprendizagem e, ao invés de memorizar informação, é-lhe ensinado
buscar e usar a informação (VALENTE, 1995; MORAN, 2007).
As “novas tecnologias” abrem espaço para o uso do computador como
uma ferramenta; elas ampliam as possibilidades educacionais do uso do computa-
dor ao propiciarem um aprendizado autônomo, criando condições para busca e
seleção de informação e para a resolução de problemas. Ao se definir a forma de
uso do computador, definem-se também quais e como serão os softwares educati-
vos e as atividades a serem utilizadas e/ou elaboradas. Assim, pode-se varrer um
amplo espectro utilizando-se abordagens pedagógicas ou andragógicas que se
apoiam em teorias de aprendizagem que vão da comportamentalista à construtivis-
ta ou, segundo alguns autores, à construcionista. Contudo, muitas vezes, não é
possível escolher uma única abordagem, mas utiliza-se de uma combinação delas
(VALENTE, 1995; BARROSO; BEVILAQUA; FELIPE, 2009).
É nesse contexto que se inclui a elaboração dos materiais didáticos descri-
tos neste trabalho apoiados em recursos digitais, o qual lança mão de princípios
construtivistas de como as pessoas aprendem. Não obstante, no que concerne ao
ensino e à aprendizagem de ciências, entende-se que é preciso levar em considera-
ção os processos cognitivos utilizados pelos indivíduos para representar e organi-
zar o conhecimento existente e o novo, as representações criadas, ou seja, a cons-
trução de modelos mentais coerentes. Nesse sentido, estreita-se para as teorias de
mudança conceitual (ÖZDEMIR; CLARK, 2007), e mais especificamente no pro-
cesso de ensino-aprendizagem em física (VOSNIADOU, 1994). No construtivis-
mo, um novo conhecimento é construído a partir da interação dos conhecimentos
existentes na mente dos aprendizes com novas experiências e ideias. A mudança
conceitual entende que as concepções existentes não podem ser negligenciadas e
que precisam ser incluídas no processo de instrução para que as representações
alternativas às de senso comum possam ser aceitas e modificadas coerentemente
para explicar os fenômenos observados de forma científica. Isso porque se acredita
da Silva, T. 869
que, ao se apresentarem aos estudantes representações distintas das não científicas,
eles são “forçados” a um conflito cognitivo que pode levá-los a reconhecer as
inconsistências entre os conhecimentos existentes em sua mente com os apresenta-
dos levando-os a substituírem os conceitos incorretos pelos cientificamente corre-
tos. Esse processo todo faz o estudante lidar com diferentes representações, o que,
somado à integração de vários recursos (textos, imagens estáticas ou não, links,
animações, simulações), precisa levar em consideração a carga cognitiva gerada.
Assim, pode lançar mão de estratégias que favoreçam o processamento da infor-
mação na memória do estudante. Por isso, um aliado nesse processo é o desenho
didático ou design instrucional que se apoia na teoria da carga cognitiva (SWEL-
LER; VAN MERRIENBOER; PAAS, 1998; FILATRO, 2008; JONG, 2010) para
canalizar a atenção do aluno de forma eficiente e que será mais bem discutido na
próxima seção.
A elaboração de materiais instrucionais digitais precisa de um conjunto de
referenciais teóricos que podem ser afins ou não (ALLY, 2004), envolver conhe-
cimento de trabalhos de pesquisa em ensino de física que discutam as dificuldades
de ensino e aprendizagem nos temas estudados, linguagem, aspectos cognitivos da
aprendizagem, o papel das visualizações em ciências.
Na abordagem construtivista escolhida pressupõe engajamento ativo dos
estudantes, feedback constante com interação e retorno no próprio ambiente de
aprendizagem, conexões com contextos do mundo real e ou com as ideias existen-
tes a respeito dos conceitos tratados.
O foco dos conteúdos apresentados é o da utilização de recursos visuais
que fornecem representações diferentes das de senso comum normalmente docu-
mentadas na literatura de pesquisa em ensino de física e em ensino de ciências.
É importante destacar que há estudos que demonstram a eficácia de mate-
riais didáticos apoiados em recursos computacionais em facilitar o aprendizado
(BODEMER; PLOETZNER, 2002; CHIEN; CHANG, 2011) e a mudança concei-
tual (BELL; TRUNDLE, 2008). Todavia, também, existem aqueles que chamam
atenção para os problemas que podem ser exacerbados no processo de ensino e
aprendizagem em decorrência do uso desses recursos. O cenário ainda não está
bem definido, mas há avanços importantes que apontam para a importância da
interatividade, da organização espacial da informação apresentada e da compreen-
são do papel da visualização no ensino de ciências (HEGARTY, 2004; BODE-
MER et al, 2004; SPANJERS, van GOG; van MERRIËNBOER, 2010).
O conhecimento de todas essas questões permite a reflexão para que a
construção dos materiais usem os recursos digitais de forma apropriada e de acordo
com os objetivos de aprendizagem.
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.870
III. Elaboração de materiais didáticos digitais
A elaboração de materiais didáticos digitais (aplicativos, animações, si-
mulações) envolve uma rede complexa de saberes e a adoção de uma estratégia
instrucional para sua produção. Entender e optar por uma abordagem de acordo
com uma teoria de aprendizagem é um desses saberes. Isso porque, além de se ter
um entendimento de como as pessoas aprendem de acordo com a fase de desen-
volvimento humano (infância, adolescência e adulta), e de se saber quais são as
especificidades do conteúdo abordado, é preciso, também, compreender quais são
as ferramentas e os recursos tecnológicos adequados aos objetivos pretendidos, a
linguagem que vai tornar a comunicação efetiva e a forma de apresentação e de
disponibilização do ‘produto final’, o que inclui, também, uma reflexão quanto a
sua estética. Desse modo, toda essa rede ampla de saberes precisa estar em fase,
em consonância com os pressupostos teóricos para criar condições de uma apren-
dizagem efetiva; é por isso que, com o desenvolvimento da educação a distância
apoiada em recursos computacionais além das novas tecnologias, precisa-se tam-
bém da formação de equipes multidisciplinares e de um desenho instrucional (de-
sign instrucional) ou um desenho didático; ele é responsável pela articulação entre
conteúdo, sua forma e sua função para que se cumpram os objetivos educacionais
pretendidos. Segundo Filatro (2003, p. 64), design instrucional é “a ação intencio-
nal e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a
utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educa-
cionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem huma-
na a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos”. Ainda segundo
Filatro (2003, p. 56), “o design acaba trazendo à superfície as funções internas de
um produto, exprimindo-as não apenas visualmente, mas em diferentes níveis e
formas, entre eles os modos sensoriais (cores, formas, texturas, sons) e modos
cognitivos (linguagem, metáforas, hipertexto, mapas conceituais, realidade virtu-
al)”.
O desenho instrucional lança mão de métodos instrucionais para canalizar
a atenção do aluno a partir da compreensão de como as pessoas aprendem e se
apoia na teoria da carga cognitiva (SWELLER; van MERRIENBOER; PAAS,
1998; FILATRO, 2008; JONG, 2010). Na elaboração de um material multimídia
este é um ponto crucial, pois de acordo com a ciência cognitiva, a compreensão é
frequentemente caracterizada como a construção de um modelo mental que repre-
senta os objetos e as relações semânticas descritas em um texto. Há processos que
vão favorecer essa construção e outros que a limitarão em decorrência do esforço
mental necessário a esse processo de construção. Cabe, assim, ao design instrucio-
da Silva, T. 871
nal utilizar estratégias que facilitem os canais de processamento da informação
pela memória. Quando há várias fontes de informação exigindo o processamento
pela memória humana, é preciso adotar princípios que reduzam a carga cognitiva e
que direcionem a atenção para que a memória chamada de memória de trabalho
possa unir, realizar os processos de integração das informações visuais e auditivas
e, assim, promover a integração com o conhecimento existente que está armazena-
do na memória denominada memória de longo prazo. Define-se, também, a legibi-
lidade de um material, de um documento (PANSANATO; NUNES, 1999; FILA-
TRO, 2008), a qual está relacionada tanto com a apresentação do texto (o tamanho
da fonte, o espaçamento, a família tipográfica), que interfere na velocidade de
leitura, quanto com a integração entre forma e conteúdo, a distribuição dos recur-
sos interativos, de áreas sensibilizadas, de ícones, de organização e da apresentação
da informação para minimizar os esforços com a orientação e com a navegação.
Assim, o design instrucional atua tanto na direção de reduzir a carga cognitiva
quanto no favorecimento de processos de recuperação e transferência dos conhe-
cimentos armazenados na memória de longo prazo e, consequentemente, na dire-
ção de possibilitar uma aprendizagem mais efetiva. Alguns exemplos são eliminar
músicas de fundo que não estejam relacionadas ao conteúdo; disponibilizar pala-
vras, imagens e sons em uma apresentação unificada; apresentar duas modalidades
sensoriais em vez de uma; posicionar um texto dentro de uma imagem e não abai-
xo da imagem (FILATRO, 2008). Logo, o design instrucional permite produzir
conhecimento de acordo com os princípios e métodos mais adequados a diferentes
tipos de aprendizagem, e é fundamentado em diferentes áreas de conhecimento
(ciências humanas, ciências da informação, ciências da administração).
Nessa perspectiva, ele se fundamenta em uma série de princípios que são
importantes para a elaboração de materiais didáticos apoiados em recursos compu-
tacionais. Pode-se inclusive concluir que a melhor maneira de possibilitar o apren-
dizado online é através da integração de mídias, mas como fazer essa integração?
A escolha feita deve ser a de elaborar materiais didáticos digitais hipermí-
dia. O conceito de hipermídia é bastante complexo e se confunde com os conceitos
de hipertexto e multimídia. Contudo, vale antecipar que a hipermídia é entendida
como uma linguagem comunicacional de expressão não linear e interativa que atua
de forma multimidiática, pressupõe criação de conteúdo e o encontro entre estética
e conceito (BAIRON, 2011). Na próxima seção, discutem-se elementos que leva-
rão à produção de material educacional hipermídia.
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.872
IV. Interface, arquitetura e granularidade
É importante, agora, pensar na realização propriamente dita dos materiais
uma vez que se tem clareza de que o cerne da elaboração dos materiais didáticos
digitais está na instrução, no conteúdo, e que se pretende elaborá-los de tal forma a
estimular e a potencializar os processos cognitivos que levarão a uma aprendiza-
gem online efetiva.
Na seção anterior, discutiu-se que a legibilidade de um documento eletrô-
nico é maior ou menor, dependendo do modo de apresentação da informação
(PANSANATO; NUNES, 1999; FILATRO, 2008). A união de informações ver-
bais (palavras escritas ou faladas) e não verbais (imagens, vídeos, animações, mú-
sica e sons de fundo) podem favorecer os processos mentais e tornar mais efetivo o
aprendizado online. Pode-se, então, pensar em utilizar recursos computacionais
como hipertexto, multimídia e hipermídia para promover essa união. Esses recur-
sos têm existência fora do contexto educacional e suas definições são emprestadas
de outras áreas como comunicação, jornalismo e inclusive do cinema. A definição
desses recursos é importante, entretanto, ainda dependem do autor que as utiliza.
Sendo assim, as definições adotadas neste trabalho estão de acordo com as
apresentadas por Gosciola (2003): o hipertexto é um texto digital composto por
conjuntos de informações, blocos de conteúdos (lexias) interligados por elos asso-
ciativos, chamados links, os quais permitem que o leitor “percorra” o texto, ou
seja, que faça sua leitura na ordem que desejar. No caso do hipertexto, esses links
normalmente são outros documentos, outros textos. A multimídia, por sua vez, é a
integração em uma mesma tecnologia de informações diversas como imagens,
animações, sons, vídeos, textos, entre outros, mas com pouca interatividade. Já a
hipermídia é a tecnologia que reúne recursos de hipertexto e de multimídia viabili-
zando uma exploração de diferentes partes de um material de maneira não linear.
A hipermídia se distingue da multimídia por apresentar um nível de inte-
ratividade, de navegabilidade e de volume de documentos superior e com mais
informações audiovisuais do que o hipertexto (GOSCIOLA, 2003, p. 34). Um
exemplo interessante para distinguir multimídia de hipermídia é fornecido por
Gosciola (2003, p. 36): “a TV que oferece possibilidades de mudar de canal, alterar
o volume do som, cor e brilho é multimídia, mas a TV interativa digital que ofere-
ce programas interativos, como possibilidade de escolha entre algumas câmeras,
deixa de ser multimídia e passa a ser hipermídia”. Na multimídia, os conteúdos são
apresentados sem ou com poucas possibilidades de interferência na ordem da apre-
sentação ou na expansão das informações disponíveis. Para resumir, a definição
adotada se baseia em Gosciola (2003, p. 18), a partir da afirmação de que “A hi-
da Silva, T. 873
permídia, aqui, é vista como um meio, uma linguagem e um produto audiovisual, o
que significa que a concepção da matriz hipermídia é o audiovisual e não o hiper-
texto, apesar de desenvolver a lógica criada nesse meio”.
A escolha da interface, ou seja, do espaço que delimita e organiza o con-
teúdo a ser apresentado, tem como ponto central a interatividade e a não linearida-
de, visto que elas também são exigências dos objetivos de aprendizagem que visam
a envolver o aluno ativamente no seu processo de construção do conhecimento e
facilitar que ele alcance os objetivos pretendidos pelo elaborador do material. É
importante definir o conceito de interatividade como uma característica da configu-
ração do material que se refere às opções oferecidas, às possibilidades configura-
das que permitirão ao usuário interagir com o material e com outras pessoas. As-
sim, ela é uma condição necessária para que haja interação.
A hipermídia é a interface escolhida na elaboração dos materiais descritos
neste trabalho; é através dela que se faz a integração entre forma e conteúdo, a
distribuição dos recursos interativos, de áreas sensibilizadas, de ícones, de organi-
zação e apresentação da informação. Um aspecto que precisa ser destacado é que a
hipermídia voltada para fins educacionais assume características distintas daquela
voltada para outros fins porque há uma intenção de guiar o aluno em uma navega-
ção por um documento voltado para um dado domínio de conhecimento. Ou seja, é
importante dar possibilidades de se percorrer o material por diferentes caminhos,
mas não é desejável que o aluno se perca e nem se distancie do que está sendo
discutido. Assim, é preciso definir também uma arquitetura de navegação que
permita uma navegação de maneira não linear, mas com o cuidado de evitar a
desorientação e as explorações aleatórias na internet. Por isso, opta-se por usar
links externos em uma seção à parte e, também, tornar viável o uso do material
offline, disponibilizando-o no formato de CD ou DVD. Os links presentes no mate-
rial remetem a informações mais detalhadas sobre o que está sendo apresentado e à
realização de conexões entre unidades do próprio material. É importante destacar
que o uso de links externos traz problemas indesejáveis, tais como a instabilidade
das páginas e as mudanças de endereço e de conteúdo. Por isso, eles são pouco
utilizados nos materiais aqui descritos.
Neste ponto, precisa-se fazer mais uma escolha: como serão definidas as
menores unidades de forma a tornar possível uma navegação não linear, fluída, que
não pareça truncada, e que permita a utilização livre sem perda de conteúdo e con-
tinuidade? E mais, de forma a adequar diferentes necessidades e contextos? A
resposta é a opção por trabalhar com o conceito de “objetos de aprendizagem” ou
“objetos educacionais”, cuja definição adotada é a apresentada por Wiley (2000),
que restringe a definição a qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.874
apoiar a aprendizagem, excluindo explicitamente recursos não digitais como livros
e os não reutilizáveis. Representa, assim, quaisquer materiais que possam ser dis-
tribuídos pela internet, independentemente do tamanho, os quais necessariamente
precisam ter os seguintes atributos: “reutilizáveis”, “digitais”, “recursos” e “apren-
dizagem”. Essas características exigem que as escolhas feitas no planejamento
levem à elaboração de materiais que possam ser incorporados em diferentes con-
textos (reusabilidade), acessados de diferentes lugares, e que independam do nú-
mero de usuários (acessibilidade), da plataforma utilizada e de mudanças decorren-
tes de alterações de versão de softwares ou que necessitem de atualizações (intero-
perabilidade e durabilidade). Essas características também são importantes para
que se justifiquem os altos custos e tempo envolvidos na produção desses materi-
ais. Assim, no que tange às menores unidades, à granularidade, opta-se por montar
um tema completo que versa sobre um assunto que pode ser “quebrado” em unida-
des menores relacionadas aos subtemas do assunto que está sendo apresentado.
Essa “quebra” ou segmentação define objetos de aprendizagem menores de conte-
údo único e as opções de não linearidade, possibilitando percorrer diferentes cami-
nhos de navegação pelo material. É importante ressaltar que essa escolha também
está intimamente ligada ao contexto e ao público alvo para os quais os materiais
foram elaborados. Neste trabalho, há materiais que correspondem a aulas online
disponibilizadas na plataforma de ensino e aprendizagem para alunos de licenciatu-
ra do consórcio CEDERJ. Contudo, a característica de objeto de aprendizagem
permite que sejam disponibilizados fora desse contexto e para outros públicos.
Na Fig. 1, apresenta-se um exemplo da arquitetura de navegação. Nesse
exemplo, pode-se ver que a arquitetura escolhida é fixa e tem por objetivo oferecer
ao usuário sua localização, sua orientação dentro da hipermídia, para que, através
disso, a navegação seja eficaz e discreta, a fim de evitar desorientação e de não
distrair o usuário (HEGARTY, 2004). Ela mostra o conteúdo disponível e como
ele está organizado permitindo ao usuário escolher o que será visto e em que se-
quência; ou seja, procura-se minimizar o esforço cognitivo e propiciar a interação.
No exemplo, o usuário tem possibilidades de navegação pelos subtópicos listados
na barra de navegação. Em cada subtópico, apresentam-se as páginas internas,
fornecendo-se mais uma opção de navegação e novamente sua localização desta-
cando-se a página que está sendo acessada. Na parte inferior, os botões de “voltar”
e “avançar” permitem uma navegação linear. Ainda nesse exemplo, pode-se ver
que o conteúdo é apresentado na forma de um aplicativo simples, onde o aluno
deve identificar se a área sob a curva que aparece destacada em branco é positiva
ou negativa. Assim, a interatividade está presente não só na navegação, mas tam-
bém na resolução online do exercício proposto. Esse gráfico faz parte de uma aula
da Silva, T. 875
online, mas pode ser utilizado isoladamente como um objeto de aprendizagem
independente do material.
Fig.1 – Interface gráfica de uma hipermídia sobre gráficos de movimen-
tos (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/movimentos/f1a-aula6/1_INDICE.html).
A elaboração de uma hipermídia com todas essas características requer
uma equipe de trabalho. A incorporação das “novas tecnologias” no processo edu-
cacional vem evidenciando a necessidade cada vez maior da integração de diferen-
tes especialistas na criação de materiais para promover o aprendizado online. O
ideal é a composição de uma equipe multidisciplinar que envolva profissionais de
diversas áreas, desde a área de conhecimento envolvida a programadores, webde-
signers, designers instrucionais, psicólogos e outros. A formação dessa equipe
depende de vários fatores, dentre os quais podem-se citar o econômico, o tempo
disponível e as características do material a ser elaborado. Esses materiais podem
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.876
ser simples ou extremamente complexos. No nosso caso, a equipe de elaboração
foi composta basicamente pelos especialistas no conteúdo (físicos) e webdesigners
(com formação em Desenho Industrial) e eles assumiram atribuições de designers
instrucionais e de programadores. É a formação e a competência dos webdesigners
que vai determinar a qualidade da interface gráfica, das animações e simulações do
material produzido assim como a sua navegabilidade, arquitetura de navegação e
interatividade.
Feitas todas essas escolhas, pode-se partir para a elaboração propriamente
dita definindo-se uma metodologia de trabalho descrita a seguir.
V. Metodologia de elaboração de materiais digitais
A atuação de diferentes profissionais exige, também, a adoção de uma es-
tratégia instrucional bem definida: escolhe-se o conteúdo, quais recursos didáticos
serão explorados, como eles serão estruturados e, a partir da escolha dos profissio-
nais da área de design, quais serão as possibilidades que poderão ser exploradas.
Para isso, é preciso elaborar um roteiro, é preciso roteirizar a exemplo do que se
faz no cinema ou na elaboração de qualquer obra audiovisual. Conforme afirma
Gosciola (2003, p. 140): “Para a hipermídia e para qualquer outro produto audi-
ovisual, antes de existir um roteiro existe um argumento, baseado em uma ideia,
em uma história narrada por alguém em conversas entre as pessoas”.
O roteiro é fundamental para que cada profissional envolvido na equipe
multidisciplinar possa entender o que será feito, programado, gravado e desenvol-
vido, garantindo-se, através disso, que a sua execução leve em conta todos os prin-
cípios discutidos até aqui. O roteirista é necessariamente o responsável pelo conte-
údo. Na hipermídia, o conteúdo é o ponto central. É no roteiro que se definem
conteúdos, animações, simulações, links, interatividade, estratégias didáticas e
possibilidades de caminhos a serem percorridos pelo usuário para que haja uma
plena utilização da hipermídia. Muitas vezes, é preciso fazer um levantamento de
banco de imagens, animações e vídeos que sirvam de referência para o webdesig-
ner ou que possam ser integradas aos materiais procurando-se respeitar os direitos
autorais de quem os produziu.
Optamos por elaborar os roteiros no formato de storyboard usando um
programa de criação de apresentação de slides, no qual cada tela, cada slide corres-
ponde a uma tela da hipermídia. A ideia da limitação à tela é porque se procura
evitar páginas longas que necessitam de barras de rolagem. Assim, é apresentado
não só o conteúdo por página, mas também os links, os caminhos possíveis a serem
percorridos ao se indicarem as formas de acesso a essa página e como ela se rela-
da Silva, T. 877
ciona com as demais, além de sugestões de ações, transições, imagens e animações
relacionadas com o texto apresentado. Um exemplo de uma tela de um storyboard
e a respectiva tela da hipermídia é mostrado na Fig. 2. Para efeitos de simplifica-
ção, nesse exemplo, as telas que remetem aos links não são mostradas. Com o
roteiro pronto, o designer instrucional, no nosso caso, o webdesigner, faz a sua
leitura, define sua estratégia de produção, o que será programado, quais os recur-
sos, quais os programas que serão utilizados, quais os tipos de links, qual a arquite-
tura de navegação e a identidade visual do material. Ele faz um estudo e apresenta
uma proposta ao roteirista. Após a aprovação pelo roteirista, o webdesigner dá
início à produção propriamente dita. Essa etapa leva a muitas idas e vindas, a al-
gumas limitações e frustrações, mas também a surpresas e a soluções interessantes,
não pensadas pelo roteirista, até a finalização do material. É um processo longo de
criação conjunta que exige muita paciência, correção de muitos erros de ambos os
lados e muita conversa até que tudo saia conforme o desejado. É pertinente escla-
recer, neste ponto, a questão da autoria de uma obra hipermídia, tanto porque ela
integra diferentes profissionais quanto pela presença de inclusão de links a docu-
mentos, páginas e outros recursos que não são de autoria do roteirista.
A autoria em hipermídia está para o processo de geração de conteúdos –
como textos, sons, imagens, vídeos, simulações assim como a autoração em hi-
permídia está para o processo de edição desses conteúdos. Os programas utilizados
pelo webdesigner ou pelo programador para produzir o material incluindo recursos
interativos são, por usa vez, chamados de sistemas de autoração (authoring sys-
tems). Segundo Gosciola (2003, p. 153),
o roteiro de hipermídia elabora a associação direta entre os recur-
sos técnicos específicos para a navegabilidade não linear em am-
bientes hipermídia definidos pelos links e os diversos conteúdos
apresentados através dos respectivos meios – ou seja, os conteúdos
em forma de texto, gráfico, áudio e vídeo –, planejados por um tra-
balho de roteirização e organizados por um sistema de autoração.
O material foi produzido utilizando-se o software de autoração Flash MX,
que fornece o produto final que atende aos requisitos discutidos acima. Ele permite
que o material possa ser utilizado em qualquer navegador ou que funcione offline.
Entretanto, vários outros programas são utilizados para a edição das diferentes
mídias que compõem o material e são de escolha dos webdesigners.
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.878
Fig. 2 – Imagens estáticas da tela do roteiro (acima) e a respectiva tela
da hipermídia CARONTE: Fases da Lua
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte/fasesdalua/portugues_aluacarasdiferentes.ht
ml) (abaixo) elaborada no âmbito do edital MCT/SECIS/CNPq 63/2008 e disponi-
bilizada em dezembro de 2010.
da Silva, T. 879
VI. Materiais elaborados e suas características
Nas seções anteriores, discutiram-se os requisitos e princípios utilizados
na criação dos materiais didáticos digitais hipermídia. Pretende-se, agora, apresen-
tar alguns dos materiais elaborados e suas características. É importante ressaltar
que a maior parte deles foi elaborada para disciplinas de Física Básica de um curso
de licenciatura em Física na modalidade a distância do Consórcio CEDERJ de
agosto de 2004 a fevereiro de 2007. Esses materiais compõem os recursos digitais
disponibilizados aos alunos e permite que eles estudem online na plataforma de
ensino a distância dessa instituição em um espaço destinado ao material “web”,
nome utilizado para distingui-lo do material impresso. O conhecimento adquirido e
a metodologia de trabalho desenvolvida permitiram ampliar conteúdos sobre fe-
nômenos astronômicos inicialmente produzidos para esse curso no âmbito de um
edital lançado na comemoração do Ano Internacional da Astronomia em 2008 e
outros trabalhos que estão em andamento.
Pensando no conceito de objetos de aprendizagem, podem-se separar al-
gumas “partes” em recursos digitais, tais como animações, simulações, exercícios
virtuais, aplicativos, laboratórios virtuais e jogos. Alguns dos materiais se encon-
tram disponibilizados no banco de objetos educacionais do MEC (SILVA, 2009) e
em www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica e www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte. A seguir,
apresentam-se alguns exemplos.
VI.1 Animações
Uma animação é um tipo de sequência dinâmica de imagens; é um ele-
mento gráfico animado, mas preferencialmente não contínuo, distinguindo-se,
assim, do vídeo. A não continuidade se justifica porque aumenta o nível de contro-
le do usuário, uma vez que ele controla a animação ao invés de assistir passiva-
mente e também pelo nível de exigência do sistema cognitivo (CHANDLER,
2004; HEGARTY, 2004; LOWE, 2004).
A opção por esse tipo de recurso foi motivada pela busca por oferta de re-
presentações cuja visualização requer capacidade de abstração elevada ou para
apresentar um modelo para a explicação de um dado fenômeno. Ou seja, procurou-
se não fazer um uso indiscriminado desse recurso e observar o diferencial que ele
pode trazer frente aos materiais tradicionais. Por exemplo, discutir a distribuição de
cargas de acordo com o processo de eletrização.
Na Fig. 3, mostra-se uma imagem estática de uma animação sobre o pro-
cesso de eletrização por indução, a qual é executada em etapas fornecendo o con-
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.880
trole da animação ao aluno e é iniciada no botão em amarelo “clique aqui”. A inte-
ratividade é proposta para além desse “controle” introduzindo-se, à medida que o
aluno avança com a animação, perguntas e áreas ativas onde ele clica para saber o
que acontece em determinados pontos do sistema tratado. Ou seja, combina-se
ação com reflexão e faz-se o convite para que ele tome decisões. Há outras possibi-
lidades de interatividade utilizadas em outras animações, tais como usar o mouse
para atritar um pente no cabelo de um personagem e aproximá-lo de um papel para
a explicação da distribuição de cargas no mesmo.
Fig. 3 – Animação para discussão do processo de eletrização por indução
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/eletricos/icf2_mod4_aula1/eletrostatica.html –
o caminho de navegação é “Eletrostática”, “Eletrização” e clique na página 3).
VI.2 Simulações
Uma simulação é um recurso que permite a apresentação de modelos sim-
plificados de situações reais ou hipotéticas de forma dinâmica. Elas possibilitam
explorar mudanças de referenciais, representações de fenômenos, fazer observa-
ções, testar hipóteses, explorar situações fictícias ou perigosas. É importante res-
saltar que o modelo já vem pronto oferecendo ao aluno a possibilidade de explorar
as opções fornecidas pelo elaborador do material, de avaliar os resultados apresen-
da Silva, T. 881
tados e de refinar conceitos. Dependendo das características, recebem nomes espe-
cíficos, tais como aplicativos e laboratórios virtuais.
xx Aplicativos
Um aplicativo é uma simulação que permite a escolha de parâmetros ca-
racterísticos de um dado sistema e a observação, em tempo real, do resultado obti-
do em função da alteração desses parâmetros inerentes ao sistema em estudo. Na
Fig. 4, mostra-se o aplicativo para estudo do movimento circular, utilizando-se,
para isso, o movimento de um satélite ao redor da Terra. Os parâmetros que podem
ser alterados são o raio da órbita e as velocidades linear e angular; há opção de
escolhas dos gráficos que podem ser visualizados à medida que a simulação é
executada. Além disso, há opção de consulta à teoria e a um tutorial, ambos forne-
cidos utilizando-se links acessados por meio de clique em botões, através do que a
informação é apresentada em uma janela que se abre à parte (pop-up).
Fig. 4 – Aplicativo com várias opções de alteração de parâmetros do mo-
vimento circular
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/movimentos/f1a-aula11/indice.html).
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.882
xx Laboratórios Virtuais
O laboratório virtual é uma simulação que permite a realização de maneira
virtual de um experimento real. Normalmente, destacam-se ou justificam-se sua
relevância para situações que representam risco, como manipulação de substâncias
nocivas à saúde ou que são impossíveis de serem obtidas; de experimentos com-
plexos, caros ou cujo tempo real para se processarem não se adéqua ao tempo real
disponível para o estudo, logo é preciso “acelerar” o fenômeno para que todas as
suas características possam ser exploradas. Os laboratórios criados, entretanto,
visam oferecer outras possibilidades de exploração. A ideia é poder explorar a
discussão virtualmente para que se possa entender microscopicamente um fenôme-
no, apresentar a relação entre representações real e esquemática, possibilitar a
exploração do funcionamento de um instrumento sem correr o risco de queimá-lo
durante o aprendizado. Para isso, a interatividade é programada a fim de fazer com
que a manipulação aconteça utilizando-se atalhos do teclado como as setas (para
cima, para baixo, direita e esquerda) e o mouse. Alguns dos laboratórios virtuais
elaborados foram eletroscópio, potenciômetro, multímetro e montagem de circuitos
elétricos simples. Imagens estáticas de alguns desses exemplos são apresentadas na
Fig. 5.
VI.3 Vídeos
Os vídeos podem ser gravações de fenômenos reais ou serem elaborados a
partir de animações ou outras modelagens computacionais. Nesse recurso, a intera-
tividade não vai além dos botões de iniciar, pausar e parar. Optamos por utilizar
esse recurso para “resumir” uma discussão. Um exemplo é do vídeo
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis-solar/movterra.htm) que parte de uma
analogia com o cotidiano, nesse caso, um vídeo sobre dois movimentos da Terra
(translação e rotação), a partir de um balé (Fig. 6).
VI.4 Exercícios virtuais
Os exercícios virtuais são atividades realizadas no próprio ambiente virtu-
al, e constituem um recurso que possibilita realizar um diálogo com o usuário,
permitindo que tal recurso possa avaliar a sua compreensão a partir de feedback
imediato e de interagir com o conteúdo. Essa interação vem sendo apontada como
um elemento importante para a eficácia de recursos computacionais na melhoria da
aprendizagem (Lowe, 2004). Algumas atividades criadas foram: perguntas de
múltipla escolha, verdadeiro ou falso, quiz e jogos conforme ilustra a Fig. .
da Silva, T. 883
Fig. 5 – Imagens estáticas de laboratórios virtuais: um eletroscópio de fo-
lhas (parte de cima) e montagem de circuitos elétricos simples com possibilidades
de observação do circuito esquemático e do “real” concomitantemente (parte de
baixo).
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.884
Fig. 6 – Imagem da abertura de um vídeo sobre a descrição dos movi-
mentos de translação e rotação da Terra a partir da execução de um balé.
O uso de quiz (um exemplo é o Responda Rápido, disponível em
http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis-solar/respondarapido.htm) e jogos (um
exemplo é Fases da Lua: o jogo – http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis-
solar/faseslunares.htm) abre espaço para uma aprendizagem lúdica mais divertida e
motivada pelo desafio. Entretanto, a competição e a busca por vencer, pela resposta
que dá “certo” podem desviar a atenção e distanciar do conceito que está sendo
discutido. Assim, a estratégia didática utilizada pelo professor é extremamente
importante para manter o foco na aprendizagem, motivando discussões e a reflexão
conceitual.
da Silva, T. 885
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Fig. 7 – Imagens estáticas de exercícios virtuais: Na parte de cima da fi-
gura, a identificação dos elementos de uma lâmpada incandescente
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/eletricos/icf2_mod4_aula1/exercicios.html)
e na parte de baixo, uma questão de múltipla escolha sobre fases lunares
(http://www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte/fasesdalua/portugues_aluacarasdiferentes.html).
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.886
VII. Prós, contras e desdobramentos
A elaboração e a produção de materiais didáticos hipermídia apresentam-
se como uma forma interessante e promissora para o desenvolvimento de materiais
didáticos para o ensino de física e de ciências. O intuito é o de viabilizar uma edu-
cação online que propicie uma aprendizagem efetiva e que procure valorizar dife-
rentes formas de apresentação dos conteúdos. Trata-se, portanto, de um processo
complexo que envolve a formação de equipes multidisciplinares, alto investimento
de tempo e recursos. Entretanto, após a sua produção e disponibilização, podem ser
utilizados em diferentes contextos, em diferentes sistemas operacionais, por muitas
pessoas ao mesmo tempo. Exigem muita reflexão, coerência e clareza sobre os
objetivos de aprendizagem, sobre as opções de interatividade e a relevância da
visualização no ensino.
A hipermídia tem como característica a busca por disponibilizar informa-
ção no menor tempo e com a maior clareza possível (GOSCIOLA, 2003, p. 221).
A partir de sua disponibilização e de seu uso, essas informações viabilizam, tam-
bém, pesquisas sobre sua eficácia na aprendizagem, as quais têm se mostrado bas-
tante complexas, multidisciplinares e com alguns resultados controversos.
Neste trabalho, apresentaram-se as bases teóricas e a metodologia dos
processos de elaboração, produção e disponibilização dos materiais descritos. Eles
se encontram disponíveis em páginas abertas, para uso livre. Dentre os materiais
elaborados, o que vem sendo bastante utilizado e com relatos de uso em espaços
formais e não formais de ensino é o que trata de fenômenos astronômicos básicos
(SILVA, 2009; SILVA; CHITOLINA, 2011; SILVA; BARROSO, 2011).
Do ponto de vista da pesquisa, esse tema fornece um referencial rico para
a investigação a respeito da visualização no ensino de ciências e da aprendizagem,
a partir do uso de recursos digitais. Uma avaliação preliminar (SILVA; BARRO-
SO, 2008) feita em momentos semipresenciais de uma disciplina presencial com
estudantes do curso de Licenciatura em Física do IF/UFRJ
1
, que envolveu aspectos
de avaliação de conteúdo e de percepção em relação ao sistema hipermídia, os
estudantes manifestaram facilidade no uso dos aplicativos, e houve uma ligeira
correlação entre as manifestações positivas a respeito desse uso e o desempenho no
teste de avaliação de aprendizagem. Foi apresentado, também, aos estudantes do
curso de licenciatura a distância, um questionário similar ao aplicado a essa turma,
disponibilizado dentro da própria plataforma de EAD e sem obrigatoriedade de
1
Pesquisa que está em andamento no âmbito de um projeto do Observatório da Educação
(UFRJ-PEF-PEM – edital 038/2010/CAPES/INEP/SECAD).
da Silva, T. 887
resposta. A receptividade para o uso dessa hipermídia na discussão do tema, consi-
derado pelos alunos como difícil, foi similar às obtidas no trabalho com a turma do
curso presencial.
Agradecimentos
Aos webdesigners e programadores que integraram a Web Física do con-
sórcio CEDERJ e à Professora Marta Feijó Barroso (IF/UFRJ). Os materiais elabo-
rados foram financiados pelo Consórcio CEDERJ e pelo CNPq (CARONTE).
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Hipermídia para Ensino de Física

  • 1. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.864 DOI: 10.5007/2175-7941.2012v29nesp2p864 UM JEITO DE FAZER HIPERMÍDIA PARA O ENSI- NO DE FÍSICA+ * Tatiana da Silva Departamento de Física – UFSC Florianópolis – SC Resumo Neste trabalho, apresentam-se as bases teóricas e metodológicas do processo de elaboração e de produção de materiais didáticos apoiados em recursos computacionais, tais como animações, simu- lações, jogos e laboratórios virtuais, para uso no ensino de física. Os materiais foram construídos com recursos de hipermídia, que une os conceitos de não linearidade, hipertexto e multimídia (ani- mações, simulações, sons) em uma só linguagem. O conceito de hipermídia adotado é definido como um meio, uma linguagem e um produto audiovisual, e pode ser associado ao conceito de obje- to de aprendizagem, o que permite a criação de materiais digitais com diferentes granularidades, que vão desde uma atividade até um curso completo. Se o material didático for criado com essa preocupação, ele pode ser utilizado em diferentes ambientes de aprendizagem, sob diferentes plataformas, e fornece uma base pa- ra que a avaliação de seu uso possa ser feita também em diferentes situações didáticas. Os temas abordados fazem parte de conteúdos discutidos no Ensino Médio e nas disciplinas de física básica do Ensino Superior. Os materiais descritos neste trabalho (anima- ções, simulações, jogos e laboratórios virtuais) encontram-se dis- poníveis em página aberta na internet + One way to make hypermedia for teaching Physics * Recebido: Aceito: agosto de 2012.
  • 2. da Silva, T. 865 (HTTP://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/index.html) e alguns deles também podem ser acessados a partir do banco de objetos educa- cionais do MEC. Palavras-chave: Objetos de aprendizagem. Hipermídia. Ensino de Física. Educação online. Abstract In this paper, we present the theoretical and methodological basis of the preparation and production of teaching materials supported by computer resources such as animations, simulations, games and virtual labs, for use in teaching physics. The materials were built with hypermedia resources, joining the concepts of nonlinearity, hypertext and multimedia (animations, simulations, sound) in one language. The hypermedia concept adopted states it is a means to an end, a language and an audiovisual product enabling the association with the concept of learning object which allows the creation of digital materials with different granularities ranging from one activity to a full course. If the courseware is created with this concern, it can be used in different learning environments under different platforms, and provide a basis for the evaluation of its use in different teaching situations. The topics discussed (animations, simulations, games and virtual labs) are part of content in high school and in the disciplines of basic physics of higher education. The materials are available on an open page on the Internet (HTTP://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/index.html) and some of them can also be accessed from the MEC´s database of educational objects. Keywords: Learning objects. Hypermedia . Physics teaching. Online education. I. Introdução A elaboração de materiais didáticos apoiados no uso do computador en- volve uma rede complexa de saberes e requer a adoção de uma estratégia instru- cional bem definida para a sua produção. Os primeiros realizadores dessa produção
  • 3. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.866 no Brasil foram, em geral, professores universitários que se envolveram com a produção de materiais didáticos para cursos de ensino na modalidade a distância (EAD) apoiados em recursos computacionais nos quais assumiram a função de professores conteudistas (CORDEIRO; ROSA; FREITAS, 2006). Ou seja, muitos não eram pesquisadores atuantes na área de ensino, mas a urgência ou a pressão para que a oferta de cursos nessa modalidade se realizasse acabou por envolver profissionais comprometidos com o ensino, mas não necessariamente pesquisado- res nessa área. Não obstante, a oferta de cursos na modalidade a distância trouxe uma série de perguntas novas a serem respondidas e muito se tem aprendido com a realização de cursos nessa modalidade, abrindo um vasto campo de investigação e avaliação. O comprometimento natural com o ensino por parte de todos os envol- vidos fez com que a reflexão nunca deixasse de se fazer presente. Como os envol- vidos são professores, a necessidade e a preocupação inerentes de se apoiar os alunos no seu processo de aprendizagem levam a reflexões sobre quais as melhores metodologias de utilização do computador no ensino, qual o diferencial que o seu uso tem frente às metodologias tradicionais, como assegurar ou potencializar as formas de apresentação e de discussão de conteúdos para que esses materiais cum- pram seus objetivos. Assim, sabemos que se trata de uma área relativamente nova, em fase de construção desse “saber fazer”, ou seja, ainda não existem respostas conclusivas para muitas perguntas e, por isso, a produção de materiais didáticos digitais já se estabelece também como uma área de investigação que se justifica per se. As necessidades dos cursos a distância apoiados em recursos computacio- nais acabaram por antecipar a prática, o fazer aos resultados de pesquisas direcio- nadas à inserção das “novas tecnologias” no ambiente educacional como um ins- trumento de ensino-aprendizagem. Entretanto, torna-se cada vez mais claro que não é um trabalho que se realize sem envolvimento, sem busca por respaldo em trabalhos de pesquisa em ensino e que vêm contribuindo de maneira decisiva para pesquisas nesse campo de atuação. Normalmente, parte-se da premissa de que as tecnologias da informação e comunicação (TICs) podem ser aliadas porque têm um enorme potencial para enriquecer, facilitar, dinamizar, enfim, podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem à medida que os recursos digitais trazem para o espaço educacional imagens, sons, vídeos, animações, simulações, hipertextos, possibilidades de abordagens diferentes de um dado conteúdo que atendam a esti- los de aprendizagens diferentes, assim como possibilidades de interação e de cola- boração presencial e a distância. Hoje, falamos, então, em uma educação online ou educação digital como a que possibilita que as situações didáticas ocorram sem limitação de espaço e de tempo e que se realiza nas modalidades presencial, semi-
  • 4. da Silva, T. 867 presencial e a distância. Além disso, a educação é vista como o meio para trans- formação da sociedade, o que abre a oportunidade de uma exploração mais crítica e ética do uso da informação e da comunicação via rede mundial de computadores. É importante destacar que a etimologia da palavra “tecnologia” (do grego tekhné = “técnica, arte, ofício” e logia = “estudo”) mostra que é uma palavra que representa a apropriação do conhecimento técnico e científico, das ferramentas, dos recursos e dos processos desenvolvidos, principalmente, a partir do conheci- mento para manipular o espaço em que vivemos e que podemos explorar. Vivemos em um mundo tecnológico onde usamos desde ferramentas simples como uma caneta até complexas como um computador, uma sonda espacial ou um satélite. No âmbito da educação, são consideradas tecnologias os livros didáticos, os quadros negros ou brancos e a própria sala de aula. Por isso, as ditas “novas tecnologias” referem-se aos recursos digitais tais como o hipertexto, a multimídia, a rede mun- dial de computadores. Elas se referem às tecnologias que possibilitam a aprendiza- gem mediada por computadores (MANOVICH, 2001; FILATRO, 2003; GOS- CIOLA, 2003). Entretanto, ainda há muita polêmica e certo caos decorrentes da forma como esses materiais começaram a ser elaborados e porque a elaboração desses materiais parece não ter um valor do ponto de vista da pesquisa em ensino (BAR- ROSO; BEVILAQUA; FELIPE, 2009). No entanto, os progressos alcançados pela ciência da computação e a consequente expansão da EAD tornaram esse processo de elaboração inevitável e precisamos responder a essa demanda da melhor manei- ra possível. Percebe-se que há consenso de que são pontos cruciais à elaboração dos materiais a não transposição direta de materiais usados no presencial para o virtual, as formas de planejamento e de utilização das tecnologias digitais voltadas para fins educacionais, o diferencial que esses recursos podem ter para que não se faça um uso banalizado e que os recursos computacionais não representam uma solução mágica para os problemas educacionais. Cada modalidade, cada forma de se fazer a educação tem sua linguagem, suas características, suas especificidades, ou seja, uma identidade, e é essa identidade que está sendo construída. Nesse sentido, este trabalho apresenta materiais didáticos hipermídia com a intenção de evidenciar as bases teóricas e metodológicas do processo de elabora- ção e de produção de materiais didáticos digitais para uso no ensino de física e para possibilitar que, a partir de seu uso, possa-se, também, construir um instrumento de avaliação.
  • 5. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.868 II. Formas de uso do computador e fundamentação teórica para elaboração dos materiais didáticos O computador pode ser incorporado no ambiente educacional de formas plurais (VALENTE, 1995; MORAN, 2000; FIOLHAIS, 2003). É a forma de usá- lo, a abordagem metodológica e as estratégias didáticas que determinarão se o computador simplesmente “substitui” o papel do professor e/ou do livro, ou seja, se é uma versão informatizada dos métodos convencionais de ensino ou se o com- putador é um facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Nesse caso, ele é uma ferramenta, uma mídia que permite ao aluno assumir o papel central no seu processo de aprendizagem e, ao invés de memorizar informação, é-lhe ensinado buscar e usar a informação (VALENTE, 1995; MORAN, 2007). As “novas tecnologias” abrem espaço para o uso do computador como uma ferramenta; elas ampliam as possibilidades educacionais do uso do computa- dor ao propiciarem um aprendizado autônomo, criando condições para busca e seleção de informação e para a resolução de problemas. Ao se definir a forma de uso do computador, definem-se também quais e como serão os softwares educati- vos e as atividades a serem utilizadas e/ou elaboradas. Assim, pode-se varrer um amplo espectro utilizando-se abordagens pedagógicas ou andragógicas que se apoiam em teorias de aprendizagem que vão da comportamentalista à construtivis- ta ou, segundo alguns autores, à construcionista. Contudo, muitas vezes, não é possível escolher uma única abordagem, mas utiliza-se de uma combinação delas (VALENTE, 1995; BARROSO; BEVILAQUA; FELIPE, 2009). É nesse contexto que se inclui a elaboração dos materiais didáticos descri- tos neste trabalho apoiados em recursos digitais, o qual lança mão de princípios construtivistas de como as pessoas aprendem. Não obstante, no que concerne ao ensino e à aprendizagem de ciências, entende-se que é preciso levar em considera- ção os processos cognitivos utilizados pelos indivíduos para representar e organi- zar o conhecimento existente e o novo, as representações criadas, ou seja, a cons- trução de modelos mentais coerentes. Nesse sentido, estreita-se para as teorias de mudança conceitual (ÖZDEMIR; CLARK, 2007), e mais especificamente no pro- cesso de ensino-aprendizagem em física (VOSNIADOU, 1994). No construtivis- mo, um novo conhecimento é construído a partir da interação dos conhecimentos existentes na mente dos aprendizes com novas experiências e ideias. A mudança conceitual entende que as concepções existentes não podem ser negligenciadas e que precisam ser incluídas no processo de instrução para que as representações alternativas às de senso comum possam ser aceitas e modificadas coerentemente para explicar os fenômenos observados de forma científica. Isso porque se acredita
  • 6. da Silva, T. 869 que, ao se apresentarem aos estudantes representações distintas das não científicas, eles são “forçados” a um conflito cognitivo que pode levá-los a reconhecer as inconsistências entre os conhecimentos existentes em sua mente com os apresenta- dos levando-os a substituírem os conceitos incorretos pelos cientificamente corre- tos. Esse processo todo faz o estudante lidar com diferentes representações, o que, somado à integração de vários recursos (textos, imagens estáticas ou não, links, animações, simulações), precisa levar em consideração a carga cognitiva gerada. Assim, pode lançar mão de estratégias que favoreçam o processamento da infor- mação na memória do estudante. Por isso, um aliado nesse processo é o desenho didático ou design instrucional que se apoia na teoria da carga cognitiva (SWEL- LER; VAN MERRIENBOER; PAAS, 1998; FILATRO, 2008; JONG, 2010) para canalizar a atenção do aluno de forma eficiente e que será mais bem discutido na próxima seção. A elaboração de materiais instrucionais digitais precisa de um conjunto de referenciais teóricos que podem ser afins ou não (ALLY, 2004), envolver conhe- cimento de trabalhos de pesquisa em ensino de física que discutam as dificuldades de ensino e aprendizagem nos temas estudados, linguagem, aspectos cognitivos da aprendizagem, o papel das visualizações em ciências. Na abordagem construtivista escolhida pressupõe engajamento ativo dos estudantes, feedback constante com interação e retorno no próprio ambiente de aprendizagem, conexões com contextos do mundo real e ou com as ideias existen- tes a respeito dos conceitos tratados. O foco dos conteúdos apresentados é o da utilização de recursos visuais que fornecem representações diferentes das de senso comum normalmente docu- mentadas na literatura de pesquisa em ensino de física e em ensino de ciências. É importante destacar que há estudos que demonstram a eficácia de mate- riais didáticos apoiados em recursos computacionais em facilitar o aprendizado (BODEMER; PLOETZNER, 2002; CHIEN; CHANG, 2011) e a mudança concei- tual (BELL; TRUNDLE, 2008). Todavia, também, existem aqueles que chamam atenção para os problemas que podem ser exacerbados no processo de ensino e aprendizagem em decorrência do uso desses recursos. O cenário ainda não está bem definido, mas há avanços importantes que apontam para a importância da interatividade, da organização espacial da informação apresentada e da compreen- são do papel da visualização no ensino de ciências (HEGARTY, 2004; BODE- MER et al, 2004; SPANJERS, van GOG; van MERRIËNBOER, 2010). O conhecimento de todas essas questões permite a reflexão para que a construção dos materiais usem os recursos digitais de forma apropriada e de acordo com os objetivos de aprendizagem.
  • 7. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.870 III. Elaboração de materiais didáticos digitais A elaboração de materiais didáticos digitais (aplicativos, animações, si- mulações) envolve uma rede complexa de saberes e a adoção de uma estratégia instrucional para sua produção. Entender e optar por uma abordagem de acordo com uma teoria de aprendizagem é um desses saberes. Isso porque, além de se ter um entendimento de como as pessoas aprendem de acordo com a fase de desen- volvimento humano (infância, adolescência e adulta), e de se saber quais são as especificidades do conteúdo abordado, é preciso, também, compreender quais são as ferramentas e os recursos tecnológicos adequados aos objetivos pretendidos, a linguagem que vai tornar a comunicação efetiva e a forma de apresentação e de disponibilização do ‘produto final’, o que inclui, também, uma reflexão quanto a sua estética. Desse modo, toda essa rede ampla de saberes precisa estar em fase, em consonância com os pressupostos teóricos para criar condições de uma apren- dizagem efetiva; é por isso que, com o desenvolvimento da educação a distância apoiada em recursos computacionais além das novas tecnologias, precisa-se tam- bém da formação de equipes multidisciplinares e de um desenho instrucional (de- sign instrucional) ou um desenho didático; ele é responsável pela articulação entre conteúdo, sua forma e sua função para que se cumpram os objetivos educacionais pretendidos. Segundo Filatro (2003, p. 64), design instrucional é “a ação intencio- nal e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educa- cionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem huma- na a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos”. Ainda segundo Filatro (2003, p. 56), “o design acaba trazendo à superfície as funções internas de um produto, exprimindo-as não apenas visualmente, mas em diferentes níveis e formas, entre eles os modos sensoriais (cores, formas, texturas, sons) e modos cognitivos (linguagem, metáforas, hipertexto, mapas conceituais, realidade virtu- al)”. O desenho instrucional lança mão de métodos instrucionais para canalizar a atenção do aluno a partir da compreensão de como as pessoas aprendem e se apoia na teoria da carga cognitiva (SWELLER; van MERRIENBOER; PAAS, 1998; FILATRO, 2008; JONG, 2010). Na elaboração de um material multimídia este é um ponto crucial, pois de acordo com a ciência cognitiva, a compreensão é frequentemente caracterizada como a construção de um modelo mental que repre- senta os objetos e as relações semânticas descritas em um texto. Há processos que vão favorecer essa construção e outros que a limitarão em decorrência do esforço mental necessário a esse processo de construção. Cabe, assim, ao design instrucio-
  • 8. da Silva, T. 871 nal utilizar estratégias que facilitem os canais de processamento da informação pela memória. Quando há várias fontes de informação exigindo o processamento pela memória humana, é preciso adotar princípios que reduzam a carga cognitiva e que direcionem a atenção para que a memória chamada de memória de trabalho possa unir, realizar os processos de integração das informações visuais e auditivas e, assim, promover a integração com o conhecimento existente que está armazena- do na memória denominada memória de longo prazo. Define-se, também, a legibi- lidade de um material, de um documento (PANSANATO; NUNES, 1999; FILA- TRO, 2008), a qual está relacionada tanto com a apresentação do texto (o tamanho da fonte, o espaçamento, a família tipográfica), que interfere na velocidade de leitura, quanto com a integração entre forma e conteúdo, a distribuição dos recur- sos interativos, de áreas sensibilizadas, de ícones, de organização e da apresentação da informação para minimizar os esforços com a orientação e com a navegação. Assim, o design instrucional atua tanto na direção de reduzir a carga cognitiva quanto no favorecimento de processos de recuperação e transferência dos conhe- cimentos armazenados na memória de longo prazo e, consequentemente, na dire- ção de possibilitar uma aprendizagem mais efetiva. Alguns exemplos são eliminar músicas de fundo que não estejam relacionadas ao conteúdo; disponibilizar pala- vras, imagens e sons em uma apresentação unificada; apresentar duas modalidades sensoriais em vez de uma; posicionar um texto dentro de uma imagem e não abai- xo da imagem (FILATRO, 2008). Logo, o design instrucional permite produzir conhecimento de acordo com os princípios e métodos mais adequados a diferentes tipos de aprendizagem, e é fundamentado em diferentes áreas de conhecimento (ciências humanas, ciências da informação, ciências da administração). Nessa perspectiva, ele se fundamenta em uma série de princípios que são importantes para a elaboração de materiais didáticos apoiados em recursos compu- tacionais. Pode-se inclusive concluir que a melhor maneira de possibilitar o apren- dizado online é através da integração de mídias, mas como fazer essa integração? A escolha feita deve ser a de elaborar materiais didáticos digitais hipermí- dia. O conceito de hipermídia é bastante complexo e se confunde com os conceitos de hipertexto e multimídia. Contudo, vale antecipar que a hipermídia é entendida como uma linguagem comunicacional de expressão não linear e interativa que atua de forma multimidiática, pressupõe criação de conteúdo e o encontro entre estética e conceito (BAIRON, 2011). Na próxima seção, discutem-se elementos que leva- rão à produção de material educacional hipermídia.
  • 9. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.872 IV. Interface, arquitetura e granularidade É importante, agora, pensar na realização propriamente dita dos materiais uma vez que se tem clareza de que o cerne da elaboração dos materiais didáticos digitais está na instrução, no conteúdo, e que se pretende elaborá-los de tal forma a estimular e a potencializar os processos cognitivos que levarão a uma aprendiza- gem online efetiva. Na seção anterior, discutiu-se que a legibilidade de um documento eletrô- nico é maior ou menor, dependendo do modo de apresentação da informação (PANSANATO; NUNES, 1999; FILATRO, 2008). A união de informações ver- bais (palavras escritas ou faladas) e não verbais (imagens, vídeos, animações, mú- sica e sons de fundo) podem favorecer os processos mentais e tornar mais efetivo o aprendizado online. Pode-se, então, pensar em utilizar recursos computacionais como hipertexto, multimídia e hipermídia para promover essa união. Esses recur- sos têm existência fora do contexto educacional e suas definições são emprestadas de outras áreas como comunicação, jornalismo e inclusive do cinema. A definição desses recursos é importante, entretanto, ainda dependem do autor que as utiliza. Sendo assim, as definições adotadas neste trabalho estão de acordo com as apresentadas por Gosciola (2003): o hipertexto é um texto digital composto por conjuntos de informações, blocos de conteúdos (lexias) interligados por elos asso- ciativos, chamados links, os quais permitem que o leitor “percorra” o texto, ou seja, que faça sua leitura na ordem que desejar. No caso do hipertexto, esses links normalmente são outros documentos, outros textos. A multimídia, por sua vez, é a integração em uma mesma tecnologia de informações diversas como imagens, animações, sons, vídeos, textos, entre outros, mas com pouca interatividade. Já a hipermídia é a tecnologia que reúne recursos de hipertexto e de multimídia viabili- zando uma exploração de diferentes partes de um material de maneira não linear. A hipermídia se distingue da multimídia por apresentar um nível de inte- ratividade, de navegabilidade e de volume de documentos superior e com mais informações audiovisuais do que o hipertexto (GOSCIOLA, 2003, p. 34). Um exemplo interessante para distinguir multimídia de hipermídia é fornecido por Gosciola (2003, p. 36): “a TV que oferece possibilidades de mudar de canal, alterar o volume do som, cor e brilho é multimídia, mas a TV interativa digital que ofere- ce programas interativos, como possibilidade de escolha entre algumas câmeras, deixa de ser multimídia e passa a ser hipermídia”. Na multimídia, os conteúdos são apresentados sem ou com poucas possibilidades de interferência na ordem da apre- sentação ou na expansão das informações disponíveis. Para resumir, a definição adotada se baseia em Gosciola (2003, p. 18), a partir da afirmação de que “A hi-
  • 10. da Silva, T. 873 permídia, aqui, é vista como um meio, uma linguagem e um produto audiovisual, o que significa que a concepção da matriz hipermídia é o audiovisual e não o hiper- texto, apesar de desenvolver a lógica criada nesse meio”. A escolha da interface, ou seja, do espaço que delimita e organiza o con- teúdo a ser apresentado, tem como ponto central a interatividade e a não linearida- de, visto que elas também são exigências dos objetivos de aprendizagem que visam a envolver o aluno ativamente no seu processo de construção do conhecimento e facilitar que ele alcance os objetivos pretendidos pelo elaborador do material. É importante definir o conceito de interatividade como uma característica da configu- ração do material que se refere às opções oferecidas, às possibilidades configura- das que permitirão ao usuário interagir com o material e com outras pessoas. As- sim, ela é uma condição necessária para que haja interação. A hipermídia é a interface escolhida na elaboração dos materiais descritos neste trabalho; é através dela que se faz a integração entre forma e conteúdo, a distribuição dos recursos interativos, de áreas sensibilizadas, de ícones, de organi- zação e apresentação da informação. Um aspecto que precisa ser destacado é que a hipermídia voltada para fins educacionais assume características distintas daquela voltada para outros fins porque há uma intenção de guiar o aluno em uma navega- ção por um documento voltado para um dado domínio de conhecimento. Ou seja, é importante dar possibilidades de se percorrer o material por diferentes caminhos, mas não é desejável que o aluno se perca e nem se distancie do que está sendo discutido. Assim, é preciso definir também uma arquitetura de navegação que permita uma navegação de maneira não linear, mas com o cuidado de evitar a desorientação e as explorações aleatórias na internet. Por isso, opta-se por usar links externos em uma seção à parte e, também, tornar viável o uso do material offline, disponibilizando-o no formato de CD ou DVD. Os links presentes no mate- rial remetem a informações mais detalhadas sobre o que está sendo apresentado e à realização de conexões entre unidades do próprio material. É importante destacar que o uso de links externos traz problemas indesejáveis, tais como a instabilidade das páginas e as mudanças de endereço e de conteúdo. Por isso, eles são pouco utilizados nos materiais aqui descritos. Neste ponto, precisa-se fazer mais uma escolha: como serão definidas as menores unidades de forma a tornar possível uma navegação não linear, fluída, que não pareça truncada, e que permita a utilização livre sem perda de conteúdo e con- tinuidade? E mais, de forma a adequar diferentes necessidades e contextos? A resposta é a opção por trabalhar com o conceito de “objetos de aprendizagem” ou “objetos educacionais”, cuja definição adotada é a apresentada por Wiley (2000), que restringe a definição a qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para
  • 11. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.874 apoiar a aprendizagem, excluindo explicitamente recursos não digitais como livros e os não reutilizáveis. Representa, assim, quaisquer materiais que possam ser dis- tribuídos pela internet, independentemente do tamanho, os quais necessariamente precisam ter os seguintes atributos: “reutilizáveis”, “digitais”, “recursos” e “apren- dizagem”. Essas características exigem que as escolhas feitas no planejamento levem à elaboração de materiais que possam ser incorporados em diferentes con- textos (reusabilidade), acessados de diferentes lugares, e que independam do nú- mero de usuários (acessibilidade), da plataforma utilizada e de mudanças decorren- tes de alterações de versão de softwares ou que necessitem de atualizações (intero- perabilidade e durabilidade). Essas características também são importantes para que se justifiquem os altos custos e tempo envolvidos na produção desses materi- ais. Assim, no que tange às menores unidades, à granularidade, opta-se por montar um tema completo que versa sobre um assunto que pode ser “quebrado” em unida- des menores relacionadas aos subtemas do assunto que está sendo apresentado. Essa “quebra” ou segmentação define objetos de aprendizagem menores de conte- údo único e as opções de não linearidade, possibilitando percorrer diferentes cami- nhos de navegação pelo material. É importante ressaltar que essa escolha também está intimamente ligada ao contexto e ao público alvo para os quais os materiais foram elaborados. Neste trabalho, há materiais que correspondem a aulas online disponibilizadas na plataforma de ensino e aprendizagem para alunos de licenciatu- ra do consórcio CEDERJ. Contudo, a característica de objeto de aprendizagem permite que sejam disponibilizados fora desse contexto e para outros públicos. Na Fig. 1, apresenta-se um exemplo da arquitetura de navegação. Nesse exemplo, pode-se ver que a arquitetura escolhida é fixa e tem por objetivo oferecer ao usuário sua localização, sua orientação dentro da hipermídia, para que, através disso, a navegação seja eficaz e discreta, a fim de evitar desorientação e de não distrair o usuário (HEGARTY, 2004). Ela mostra o conteúdo disponível e como ele está organizado permitindo ao usuário escolher o que será visto e em que se- quência; ou seja, procura-se minimizar o esforço cognitivo e propiciar a interação. No exemplo, o usuário tem possibilidades de navegação pelos subtópicos listados na barra de navegação. Em cada subtópico, apresentam-se as páginas internas, fornecendo-se mais uma opção de navegação e novamente sua localização desta- cando-se a página que está sendo acessada. Na parte inferior, os botões de “voltar” e “avançar” permitem uma navegação linear. Ainda nesse exemplo, pode-se ver que o conteúdo é apresentado na forma de um aplicativo simples, onde o aluno deve identificar se a área sob a curva que aparece destacada em branco é positiva ou negativa. Assim, a interatividade está presente não só na navegação, mas tam- bém na resolução online do exercício proposto. Esse gráfico faz parte de uma aula
  • 12. da Silva, T. 875 online, mas pode ser utilizado isoladamente como um objeto de aprendizagem independente do material. Fig.1 – Interface gráfica de uma hipermídia sobre gráficos de movimen- tos (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/movimentos/f1a-aula6/1_INDICE.html). A elaboração de uma hipermídia com todas essas características requer uma equipe de trabalho. A incorporação das “novas tecnologias” no processo edu- cacional vem evidenciando a necessidade cada vez maior da integração de diferen- tes especialistas na criação de materiais para promover o aprendizado online. O ideal é a composição de uma equipe multidisciplinar que envolva profissionais de diversas áreas, desde a área de conhecimento envolvida a programadores, webde- signers, designers instrucionais, psicólogos e outros. A formação dessa equipe depende de vários fatores, dentre os quais podem-se citar o econômico, o tempo disponível e as características do material a ser elaborado. Esses materiais podem
  • 13. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.876 ser simples ou extremamente complexos. No nosso caso, a equipe de elaboração foi composta basicamente pelos especialistas no conteúdo (físicos) e webdesigners (com formação em Desenho Industrial) e eles assumiram atribuições de designers instrucionais e de programadores. É a formação e a competência dos webdesigners que vai determinar a qualidade da interface gráfica, das animações e simulações do material produzido assim como a sua navegabilidade, arquitetura de navegação e interatividade. Feitas todas essas escolhas, pode-se partir para a elaboração propriamente dita definindo-se uma metodologia de trabalho descrita a seguir. V. Metodologia de elaboração de materiais digitais A atuação de diferentes profissionais exige, também, a adoção de uma es- tratégia instrucional bem definida: escolhe-se o conteúdo, quais recursos didáticos serão explorados, como eles serão estruturados e, a partir da escolha dos profissio- nais da área de design, quais serão as possibilidades que poderão ser exploradas. Para isso, é preciso elaborar um roteiro, é preciso roteirizar a exemplo do que se faz no cinema ou na elaboração de qualquer obra audiovisual. Conforme afirma Gosciola (2003, p. 140): “Para a hipermídia e para qualquer outro produto audi- ovisual, antes de existir um roteiro existe um argumento, baseado em uma ideia, em uma história narrada por alguém em conversas entre as pessoas”. O roteiro é fundamental para que cada profissional envolvido na equipe multidisciplinar possa entender o que será feito, programado, gravado e desenvol- vido, garantindo-se, através disso, que a sua execução leve em conta todos os prin- cípios discutidos até aqui. O roteirista é necessariamente o responsável pelo conte- údo. Na hipermídia, o conteúdo é o ponto central. É no roteiro que se definem conteúdos, animações, simulações, links, interatividade, estratégias didáticas e possibilidades de caminhos a serem percorridos pelo usuário para que haja uma plena utilização da hipermídia. Muitas vezes, é preciso fazer um levantamento de banco de imagens, animações e vídeos que sirvam de referência para o webdesig- ner ou que possam ser integradas aos materiais procurando-se respeitar os direitos autorais de quem os produziu. Optamos por elaborar os roteiros no formato de storyboard usando um programa de criação de apresentação de slides, no qual cada tela, cada slide corres- ponde a uma tela da hipermídia. A ideia da limitação à tela é porque se procura evitar páginas longas que necessitam de barras de rolagem. Assim, é apresentado não só o conteúdo por página, mas também os links, os caminhos possíveis a serem percorridos ao se indicarem as formas de acesso a essa página e como ela se rela-
  • 14. da Silva, T. 877 ciona com as demais, além de sugestões de ações, transições, imagens e animações relacionadas com o texto apresentado. Um exemplo de uma tela de um storyboard e a respectiva tela da hipermídia é mostrado na Fig. 2. Para efeitos de simplifica- ção, nesse exemplo, as telas que remetem aos links não são mostradas. Com o roteiro pronto, o designer instrucional, no nosso caso, o webdesigner, faz a sua leitura, define sua estratégia de produção, o que será programado, quais os recur- sos, quais os programas que serão utilizados, quais os tipos de links, qual a arquite- tura de navegação e a identidade visual do material. Ele faz um estudo e apresenta uma proposta ao roteirista. Após a aprovação pelo roteirista, o webdesigner dá início à produção propriamente dita. Essa etapa leva a muitas idas e vindas, a al- gumas limitações e frustrações, mas também a surpresas e a soluções interessantes, não pensadas pelo roteirista, até a finalização do material. É um processo longo de criação conjunta que exige muita paciência, correção de muitos erros de ambos os lados e muita conversa até que tudo saia conforme o desejado. É pertinente escla- recer, neste ponto, a questão da autoria de uma obra hipermídia, tanto porque ela integra diferentes profissionais quanto pela presença de inclusão de links a docu- mentos, páginas e outros recursos que não são de autoria do roteirista. A autoria em hipermídia está para o processo de geração de conteúdos – como textos, sons, imagens, vídeos, simulações assim como a autoração em hi- permídia está para o processo de edição desses conteúdos. Os programas utilizados pelo webdesigner ou pelo programador para produzir o material incluindo recursos interativos são, por usa vez, chamados de sistemas de autoração (authoring sys- tems). Segundo Gosciola (2003, p. 153), o roteiro de hipermídia elabora a associação direta entre os recur- sos técnicos específicos para a navegabilidade não linear em am- bientes hipermídia definidos pelos links e os diversos conteúdos apresentados através dos respectivos meios – ou seja, os conteúdos em forma de texto, gráfico, áudio e vídeo –, planejados por um tra- balho de roteirização e organizados por um sistema de autoração. O material foi produzido utilizando-se o software de autoração Flash MX, que fornece o produto final que atende aos requisitos discutidos acima. Ele permite que o material possa ser utilizado em qualquer navegador ou que funcione offline. Entretanto, vários outros programas são utilizados para a edição das diferentes mídias que compõem o material e são de escolha dos webdesigners.
  • 15. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.878 Fig. 2 – Imagens estáticas da tela do roteiro (acima) e a respectiva tela da hipermídia CARONTE: Fases da Lua (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte/fasesdalua/portugues_aluacarasdiferentes.ht ml) (abaixo) elaborada no âmbito do edital MCT/SECIS/CNPq 63/2008 e disponi- bilizada em dezembro de 2010.
  • 16. da Silva, T. 879 VI. Materiais elaborados e suas características Nas seções anteriores, discutiram-se os requisitos e princípios utilizados na criação dos materiais didáticos digitais hipermídia. Pretende-se, agora, apresen- tar alguns dos materiais elaborados e suas características. É importante ressaltar que a maior parte deles foi elaborada para disciplinas de Física Básica de um curso de licenciatura em Física na modalidade a distância do Consórcio CEDERJ de agosto de 2004 a fevereiro de 2007. Esses materiais compõem os recursos digitais disponibilizados aos alunos e permite que eles estudem online na plataforma de ensino a distância dessa instituição em um espaço destinado ao material “web”, nome utilizado para distingui-lo do material impresso. O conhecimento adquirido e a metodologia de trabalho desenvolvida permitiram ampliar conteúdos sobre fe- nômenos astronômicos inicialmente produzidos para esse curso no âmbito de um edital lançado na comemoração do Ano Internacional da Astronomia em 2008 e outros trabalhos que estão em andamento. Pensando no conceito de objetos de aprendizagem, podem-se separar al- gumas “partes” em recursos digitais, tais como animações, simulações, exercícios virtuais, aplicativos, laboratórios virtuais e jogos. Alguns dos materiais se encon- tram disponibilizados no banco de objetos educacionais do MEC (SILVA, 2009) e em www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica e www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte. A seguir, apresentam-se alguns exemplos. VI.1 Animações Uma animação é um tipo de sequência dinâmica de imagens; é um ele- mento gráfico animado, mas preferencialmente não contínuo, distinguindo-se, assim, do vídeo. A não continuidade se justifica porque aumenta o nível de contro- le do usuário, uma vez que ele controla a animação ao invés de assistir passiva- mente e também pelo nível de exigência do sistema cognitivo (CHANDLER, 2004; HEGARTY, 2004; LOWE, 2004). A opção por esse tipo de recurso foi motivada pela busca por oferta de re- presentações cuja visualização requer capacidade de abstração elevada ou para apresentar um modelo para a explicação de um dado fenômeno. Ou seja, procurou- se não fazer um uso indiscriminado desse recurso e observar o diferencial que ele pode trazer frente aos materiais tradicionais. Por exemplo, discutir a distribuição de cargas de acordo com o processo de eletrização. Na Fig. 3, mostra-se uma imagem estática de uma animação sobre o pro- cesso de eletrização por indução, a qual é executada em etapas fornecendo o con-
  • 17. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.880 trole da animação ao aluno e é iniciada no botão em amarelo “clique aqui”. A inte- ratividade é proposta para além desse “controle” introduzindo-se, à medida que o aluno avança com a animação, perguntas e áreas ativas onde ele clica para saber o que acontece em determinados pontos do sistema tratado. Ou seja, combina-se ação com reflexão e faz-se o convite para que ele tome decisões. Há outras possibi- lidades de interatividade utilizadas em outras animações, tais como usar o mouse para atritar um pente no cabelo de um personagem e aproximá-lo de um papel para a explicação da distribuição de cargas no mesmo. Fig. 3 – Animação para discussão do processo de eletrização por indução (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/eletricos/icf2_mod4_aula1/eletrostatica.html – o caminho de navegação é “Eletrostática”, “Eletrização” e clique na página 3). VI.2 Simulações Uma simulação é um recurso que permite a apresentação de modelos sim- plificados de situações reais ou hipotéticas de forma dinâmica. Elas possibilitam explorar mudanças de referenciais, representações de fenômenos, fazer observa- ções, testar hipóteses, explorar situações fictícias ou perigosas. É importante res- saltar que o modelo já vem pronto oferecendo ao aluno a possibilidade de explorar as opções fornecidas pelo elaborador do material, de avaliar os resultados apresen-
  • 18. da Silva, T. 881 tados e de refinar conceitos. Dependendo das características, recebem nomes espe- cíficos, tais como aplicativos e laboratórios virtuais. xx Aplicativos Um aplicativo é uma simulação que permite a escolha de parâmetros ca- racterísticos de um dado sistema e a observação, em tempo real, do resultado obti- do em função da alteração desses parâmetros inerentes ao sistema em estudo. Na Fig. 4, mostra-se o aplicativo para estudo do movimento circular, utilizando-se, para isso, o movimento de um satélite ao redor da Terra. Os parâmetros que podem ser alterados são o raio da órbita e as velocidades linear e angular; há opção de escolhas dos gráficos que podem ser visualizados à medida que a simulação é executada. Além disso, há opção de consulta à teoria e a um tutorial, ambos forne- cidos utilizando-se links acessados por meio de clique em botões, através do que a informação é apresentada em uma janela que se abre à parte (pop-up). Fig. 4 – Aplicativo com várias opções de alteração de parâmetros do mo- vimento circular (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/movimentos/f1a-aula11/indice.html).
  • 19. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.882 xx Laboratórios Virtuais O laboratório virtual é uma simulação que permite a realização de maneira virtual de um experimento real. Normalmente, destacam-se ou justificam-se sua relevância para situações que representam risco, como manipulação de substâncias nocivas à saúde ou que são impossíveis de serem obtidas; de experimentos com- plexos, caros ou cujo tempo real para se processarem não se adéqua ao tempo real disponível para o estudo, logo é preciso “acelerar” o fenômeno para que todas as suas características possam ser exploradas. Os laboratórios criados, entretanto, visam oferecer outras possibilidades de exploração. A ideia é poder explorar a discussão virtualmente para que se possa entender microscopicamente um fenôme- no, apresentar a relação entre representações real e esquemática, possibilitar a exploração do funcionamento de um instrumento sem correr o risco de queimá-lo durante o aprendizado. Para isso, a interatividade é programada a fim de fazer com que a manipulação aconteça utilizando-se atalhos do teclado como as setas (para cima, para baixo, direita e esquerda) e o mouse. Alguns dos laboratórios virtuais elaborados foram eletroscópio, potenciômetro, multímetro e montagem de circuitos elétricos simples. Imagens estáticas de alguns desses exemplos são apresentadas na Fig. 5. VI.3 Vídeos Os vídeos podem ser gravações de fenômenos reais ou serem elaborados a partir de animações ou outras modelagens computacionais. Nesse recurso, a intera- tividade não vai além dos botões de iniciar, pausar e parar. Optamos por utilizar esse recurso para “resumir” uma discussão. Um exemplo é do vídeo (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis-solar/movterra.htm) que parte de uma analogia com o cotidiano, nesse caso, um vídeo sobre dois movimentos da Terra (translação e rotação), a partir de um balé (Fig. 6). VI.4 Exercícios virtuais Os exercícios virtuais são atividades realizadas no próprio ambiente virtu- al, e constituem um recurso que possibilita realizar um diálogo com o usuário, permitindo que tal recurso possa avaliar a sua compreensão a partir de feedback imediato e de interagir com o conteúdo. Essa interação vem sendo apontada como um elemento importante para a eficácia de recursos computacionais na melhoria da aprendizagem (Lowe, 2004). Algumas atividades criadas foram: perguntas de múltipla escolha, verdadeiro ou falso, quiz e jogos conforme ilustra a Fig. .
  • 20. da Silva, T. 883 Fig. 5 – Imagens estáticas de laboratórios virtuais: um eletroscópio de fo- lhas (parte de cima) e montagem de circuitos elétricos simples com possibilidades de observação do circuito esquemático e do “real” concomitantemente (parte de baixo).
  • 21. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.884 Fig. 6 – Imagem da abertura de um vídeo sobre a descrição dos movi- mentos de translação e rotação da Terra a partir da execução de um balé. O uso de quiz (um exemplo é o Responda Rápido, disponível em http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis-solar/respondarapido.htm) e jogos (um exemplo é Fases da Lua: o jogo – http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/sis- solar/faseslunares.htm) abre espaço para uma aprendizagem lúdica mais divertida e motivada pelo desafio. Entretanto, a competição e a busca por vencer, pela resposta que dá “certo” podem desviar a atenção e distanciar do conceito que está sendo discutido. Assim, a estratégia didática utilizada pelo professor é extremamente importante para manter o foco na aprendizagem, motivando discussões e a reflexão conceitual.
  • 22. da Silva, T. 885 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Fig. 7 – Imagens estáticas de exercícios virtuais: Na parte de cima da fi- gura, a identificação dos elementos de uma lâmpada incandescente (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/webfisica/eletricos/icf2_mod4_aula1/exercicios.html) e na parte de baixo, uma questão de múltipla escolha sobre fases lunares (http://www.fsc.ufsc.br/~tati/caronte/fasesdalua/portugues_aluacarasdiferentes.html).
  • 23. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.886 VII. Prós, contras e desdobramentos A elaboração e a produção de materiais didáticos hipermídia apresentam- se como uma forma interessante e promissora para o desenvolvimento de materiais didáticos para o ensino de física e de ciências. O intuito é o de viabilizar uma edu- cação online que propicie uma aprendizagem efetiva e que procure valorizar dife- rentes formas de apresentação dos conteúdos. Trata-se, portanto, de um processo complexo que envolve a formação de equipes multidisciplinares, alto investimento de tempo e recursos. Entretanto, após a sua produção e disponibilização, podem ser utilizados em diferentes contextos, em diferentes sistemas operacionais, por muitas pessoas ao mesmo tempo. Exigem muita reflexão, coerência e clareza sobre os objetivos de aprendizagem, sobre as opções de interatividade e a relevância da visualização no ensino. A hipermídia tem como característica a busca por disponibilizar informa- ção no menor tempo e com a maior clareza possível (GOSCIOLA, 2003, p. 221). A partir de sua disponibilização e de seu uso, essas informações viabilizam, tam- bém, pesquisas sobre sua eficácia na aprendizagem, as quais têm se mostrado bas- tante complexas, multidisciplinares e com alguns resultados controversos. Neste trabalho, apresentaram-se as bases teóricas e a metodologia dos processos de elaboração, produção e disponibilização dos materiais descritos. Eles se encontram disponíveis em páginas abertas, para uso livre. Dentre os materiais elaborados, o que vem sendo bastante utilizado e com relatos de uso em espaços formais e não formais de ensino é o que trata de fenômenos astronômicos básicos (SILVA, 2009; SILVA; CHITOLINA, 2011; SILVA; BARROSO, 2011). Do ponto de vista da pesquisa, esse tema fornece um referencial rico para a investigação a respeito da visualização no ensino de ciências e da aprendizagem, a partir do uso de recursos digitais. Uma avaliação preliminar (SILVA; BARRO- SO, 2008) feita em momentos semipresenciais de uma disciplina presencial com estudantes do curso de Licenciatura em Física do IF/UFRJ 1 , que envolveu aspectos de avaliação de conteúdo e de percepção em relação ao sistema hipermídia, os estudantes manifestaram facilidade no uso dos aplicativos, e houve uma ligeira correlação entre as manifestações positivas a respeito desse uso e o desempenho no teste de avaliação de aprendizagem. Foi apresentado, também, aos estudantes do curso de licenciatura a distância, um questionário similar ao aplicado a essa turma, disponibilizado dentro da própria plataforma de EAD e sem obrigatoriedade de 1 Pesquisa que está em andamento no âmbito de um projeto do Observatório da Educação (UFRJ-PEF-PEM – edital 038/2010/CAPES/INEP/SECAD).
  • 24. da Silva, T. 887 resposta. A receptividade para o uso dessa hipermídia na discussão do tema, consi- derado pelos alunos como difícil, foi similar às obtidas no trabalho com a turma do curso presencial. Agradecimentos Aos webdesigners e programadores que integraram a Web Física do con- sórcio CEDERJ e à Professora Marta Feijó Barroso (IF/UFRJ). Os materiais elabo- rados foram financiados pelo Consórcio CEDERJ e pelo CNPq (CARONTE). Referências Bibliográficas ARANTES, M. J. C. A escrita do hipertexto: produção textual no ciberespaço. Estudos Linguísticos. São Paulo, p. 1385-1395. v. 35. Disponível em: <www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4-publica-estudos- 2006/sistema06/54.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2011. ALLY, M. Foundations of educational theory for online learning. In: ANDERSON, T.; ELLOUMI, F. Theory and Practice of Online Learning. Ca- nadá, 2004. BARROSO, M. F.; BEVILAQUA, D.; FELIPE, G. Visualização e interatividade no ensino de física e a produção de aplicativos computacionais. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, XVIII, 2009, Vitória, Espírito Santo. A- nais do XVIII Simpósio Nacional de Ensino de Física, Vitória, jan. 2009. BELL, R. L.; TRUNDLE, K. C. The use of a computer simulation to promote scientific conceptions of moon phases. Journal of Research in Science Teaching, v. 45, n. 3, p. 346-372, 2008. BODEMER, D.; PLOETZNER R. Encouraging the active integration of infor- mation during learning with multiple and interactive representations. In: INTER- NATIONAL WORKSHOP ON DYNAMIC VISUALIZATIONS AND LEARN- ING, 2002, Tübingen, Germany. Atas do International Workshop on Dynamic Visualizations and Learning, Tübingen, Germany, 2002. Disponível em: <www.iwm-kmrc.de/workshops/visualization/bodemer.pdf>. Acesso em 24 de ago.de 2012.
  • 25. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 29, n. Especial 2: p. 864-890, out. 2012.888 BODEMER, D.; PLOETZNER R.; FEUERLEIN, I.; SPADA, H. The active inte- gration of information during learning with dynamic and interactive visualizations. Learning and Instruction, v. 14, p. 325-341, 2004. CHANDLER, P. The crucial role of cognitive processes in the design of dynamic visualizations. Learning and Instruction, v. 14, 2004, p. 353-357. CHIEN, Y.-T.; CHANG, C.-Y. Comparison of different instructional multimedia designs for improving student science-process skill learning. J. Sci. Educ. Technol, versão online. DOI 10.1007/s10956-011-9286-3. CORDEIRO, B. M. P.; ROSA, C.; FREITAS, M. Educação a distância e o conteu- dista: uma relação dialógica. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: APOIO AO ALUNO PARA SUCESSO DA APRENDIZAGEM, 4, 2006, Brasília – DF. Disponível em: <www.abed.org.br/seminario2006/pdf/tc034.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2012. FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: Editora Senac, 2003. _________. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008. FIOLHAIS, C.; TRINDADE, J. Física no computador: o computador como uma ferramenta no ensino e na aprendizagem. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 25, n. 3, p. 259-272, setembro 2003. GOSCIOLA, V. Roteiro para as novas mídias: do cinema às mídias interativas. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2003. HEGARTY, M. Dynamic visualizations and learning: getting to the di cult ques- tions. Learning and Instruction, v. 14, p. 343-351, 2004. JONG, T. Cognitive load theory, educational research and instructional design: some food for thought. Instr. Sci., v. 38, p. 105-134, 2010. LOWE, R. Interrogation of a dynamic visualization during learning. Learning and Instruction, v. 14, p. 257-274, 2004. MANOVICH, L. The Language of New Media. MIT Press, 2001. 394 p.
  • 26. da Silva, T. 889 MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na Educação: Teoria & Prática. Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 137-144, setembro 2000. ________. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5. ed. Campinas: Papirus, 2011. ÖZDEMIR, G.; CLARK, D. B. An overview of conceptual change theories. Eurasia Journal of Mathematics, Science & Technology Education, v. 3, n. 4, p. 351-361, 2007. PANSANATO, L. T. E.; NUNES, M. G. V. Autoria de aplicações hipermídia para ensino. Revista Brasileira de Informática na Educação, n. 5, 1999. SILVA, T. Ensino a distância e tecnologias na educação: o estudo de fenômenos astronômicos. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 26, p. 533-546, 2009. SILVA, T.; BARROSO, M. F. Fenômenos astronômicos e ensino a distância: pro- dução e avaliação de materiais didáticos. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, XI, 2008, Curitiba. Atas do XI Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, Curitiba, 2008. SILVA, T.; CHITOLINA, D. Lunar Phases and its multiple faces. In: REUNIÃO BIENAL DA REDPOP, XII, 2011, Campinas. Caderno de Resumos da XII Re- união Bienal da Redpop, Campinas: UNICAMP, 2011, p. 435. Disponível em: <www.mc.unicamp.br/redpop2011/trabalhos/cadernoderesumos.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2012. ________. Popularização da Ciência e a produção de materiais didáticos. In: EN- CONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, XIII, 2011, Foz do Iguaçu. Disponível em: <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/enf/2011/sys/resumos/T1652-1.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2012. SILVA, T.; BARROSO, M. F. Computer based educational material for teaching and learning lunar phases. In: ESERA, 2011, Lyon, França. Caderno de Resumos da Conferência ESERA. Lyon: ESERA, 2011, p. 291.
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