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“Minha vida não é fácil!Tenho que matar um leão por dia.”

(Da maioria das pessoas hoje em dia)
A jornada do guerreiro tem em si algo de extenuante e nocivo. Muitos
deles , ao longo de sua caminhada , acabam por resumir sua luta por
afirmação e pela vitória, como principio regente da vida.
Ao assimilar e resumir a própria vida, a uma sucessão de pódios a
serem disputados, este arquétipo se deixa dominar por sua face mais
sombria , onde as razões do próprio ego berram a todos os que não
querem ouvir , o quanto a pretensa superioridade do guerreiro
imaturo pode alcançar.
Na sua fase sombria, a nobreza que todo guerreiro pode exercer em
seus atos – lutando por causas de interesse coletivo e provocando
mudanças positivas em seu meio e no seu próprio ser - é soterrada
por um individualismo exacerbado. O medo do fracasso e da
impotência, leva o guerreiro imaturo a crer que só a disputa, a
competição, pode torná-lo superior e capaz perante o mundo.
Por consequência, os guerreiros sombrios são obcecados pelo aspecto
competitivo da vida. Lutam por causas estranhas e alheias; indignas e
até mesmo nocivas a sua própria integridade: a afirmação de sua
superioridade justifica todos os meios.
Em sua jornada por um mundo que considera ideal para si mesmo, se
um Guerreiro imaturo encontra um oponente que não se encaixa em
seus valores ou que seja um empecilho aos seus planos, não hesita em
transformá-lo em inimigo: um vilão a ser eliminado ou convertido
(anulado).
Esse caminho produz uma visão superficial da vida; conduz à tentação
dualista em dividir a existência entre vencedores e perdedores, heróis e
vilões, opressores e oprimidos, superiores e submissos. Uma crença
diluída em vários campos: esportes, trabalho, lazer, negócios, religião;
em todos eles a tendência guerreira em saciar o próprio ego, ansioso por
distinção e reconhecimento, se apoia num sistema de crenças que anula
a diversidade do mundo e dos indivíduos. “Se não está comigo, está
contra mim”: esse é o bordão de todo grande Deus redentor e
messiânico; de todo político fascista, de todo violento integrante de
torcida organizada, de todo homofóbico que não concebe a vivência de
outras formas de sexualidade além dos muros da heteronormatividade.
“Nu, orelha cortada com faca, marcas de espancamento no corpo,
amarrado pelo pescoço em um poste na Avenida Rui Barbosa, no
bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Assim foi encontrado um
adolescente negro, “acusado” de praticar furtos na zona sul
carioca.”(Fonte:http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/02/04/me
nino-negro-e-espancado-e-amarrado-nu-em-poste-na -zona-sul-do-rio/)

Nossa cultura reforça o
arquétipo do guerreiro ,
sobretudo nas classes que
detêm o poder . Num
mundo de disputas e
competição intensa, os
pretensos Guerreiros
emprestam às suas ações
um significado
hierárquico e dualista.
Reforçam a ideia de que
os vencedores sejam
recompensados, e os
perdedores sejam
punidos pelo sofrimento.

Quem perde a
corrida do mercado
de trabalho , tem
destino anônimo e
marginal; existência
e direitos alienados.
Não é coincidência que em uma sociedade patriarcal como a nossa, o
arquétipo do guerreiro tenha dominado a cultura. Este define a noção de
masculinidade e a tem em condição superior. Ao homem é dado o poder
de ação e luta; a supremacia nos mecanismos sociais, nas esferas de poder.
Para as mulheres é reservado o papel do doador - visto muitas vezes como
fraco e ingênuo pelo guerreiro imaturo-, o caridoso anônimo e silencioso,
que se diminui em prol do zelo e da solicitude.

Mulheres que ousam experimentar os
padrões masculinos de existência, são
alvo de críticas e muita polêmica; não
só por corromperem o papel que lhes é
dado , mas por evidenciarem que o
direito de se impor no mundo, e tomar
as rédeas de sua própria vida é
pertencente a TODOS.
Os homens são tão fortemente socializados para serem guerreiros que
não apenas são impedidos de desenvolverem outros aspectos de si
mesmos como também tendem a promover a luta e a disputa como
fim em si mesmas. A nossa cultura costuma opor supremacia (aspecto
masculino) e zelo (aspecto feminino), pois o universo patriarcal
costuma desvalorizar o zelo - algo que pode trazer dependência e
passividade - e reprovar a incapacidade de alto gestão. Mas quando
separada do zelo, a ação torna-se egoísta e destrutiva.

Esse é o patamar de ação do guerreiro imaturo. Burlar as regras do bom
combate; apelar para truques e trapaças; criar inimigos cujo extermínio
preencha uma necessidade insaciável de aceitação e valorização;
serem péssimos perdedores. São ações associadas ao espírito que ainda
não aprendeu a concentrar sua vontade de operar mudanças em prol
de causas construtivas, benéficas para si mesmo, e para os outros;
cedendo a impulsos encontrados na infância da vivência arquetípica
Impulsos que em geral , residem numa má relação com o arquétipo do órfão,
existente em todos nós. Importante para o reconhecimento de nossas
fraquezas e da nossa real necessidade de cuidado e amor, o órfão é
constantemente oprimido pelo guerreiro na Sombra, pois aquele é visto
como incapaz e submisso, algo que um suposto bom guerreiro abomina.

O guerreiro que não se concilia com seu órfão interior, tende a viver em constante
negação, e costuma projeta-la em supervalorização, escondendo suas fraquezas e
defeitos, proferindo qualidades que não possui. Exterminam dragões pela crença
em se tornarem pessoas distintas ou por que aquele inimigo externo, na verdade
reside nele.
Guerreiros que cuidam de suas necessidades mais primordiais, estão cientes de
que todos tem direito a realização e a satisfação; de que todos podem ser os
heróis de suas próprias vidas. Por essa razão, sua noção de superioridade não
residi numa falsa autonomia, mas na consciência de que o destino de todos os
homens se unem por laços e necessidades comuns a todo e qualquer ser
humano.
Os guerreiros desenvolvem sua confiança, provando sua superioridade em
relação aos demais, adquirindo controle sobre suas vidas. Mas ele cresce em
sua trajetória quando admite sua vulnerabilidade, necessidade de amor e
amparo. Dessa forma se sentem realmente capazes de lutar por si mesmos ou
pelos que ainda não possuem tais condições.

Só depois de abandonarem o apego ao controle, e aos impulsos da vaidade e do Ego,
suas vidas deixam de ser uma eterna provação. Podem amar e ser respeitados por
aquilo que conquistaram. Um pré-requisito indispensável para se tornarem Magos.

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O guerreiro na sombra e a busca por reconhecimento através da competição e disputa

  • 1. “Minha vida não é fácil!Tenho que matar um leão por dia.” (Da maioria das pessoas hoje em dia)
  • 2. A jornada do guerreiro tem em si algo de extenuante e nocivo. Muitos deles , ao longo de sua caminhada , acabam por resumir sua luta por afirmação e pela vitória, como principio regente da vida. Ao assimilar e resumir a própria vida, a uma sucessão de pódios a serem disputados, este arquétipo se deixa dominar por sua face mais sombria , onde as razões do próprio ego berram a todos os que não querem ouvir , o quanto a pretensa superioridade do guerreiro imaturo pode alcançar.
  • 3. Na sua fase sombria, a nobreza que todo guerreiro pode exercer em seus atos – lutando por causas de interesse coletivo e provocando mudanças positivas em seu meio e no seu próprio ser - é soterrada por um individualismo exacerbado. O medo do fracasso e da impotência, leva o guerreiro imaturo a crer que só a disputa, a competição, pode torná-lo superior e capaz perante o mundo. Por consequência, os guerreiros sombrios são obcecados pelo aspecto competitivo da vida. Lutam por causas estranhas e alheias; indignas e até mesmo nocivas a sua própria integridade: a afirmação de sua superioridade justifica todos os meios. Em sua jornada por um mundo que considera ideal para si mesmo, se um Guerreiro imaturo encontra um oponente que não se encaixa em seus valores ou que seja um empecilho aos seus planos, não hesita em transformá-lo em inimigo: um vilão a ser eliminado ou convertido (anulado).
  • 4. Esse caminho produz uma visão superficial da vida; conduz à tentação dualista em dividir a existência entre vencedores e perdedores, heróis e vilões, opressores e oprimidos, superiores e submissos. Uma crença diluída em vários campos: esportes, trabalho, lazer, negócios, religião; em todos eles a tendência guerreira em saciar o próprio ego, ansioso por distinção e reconhecimento, se apoia num sistema de crenças que anula a diversidade do mundo e dos indivíduos. “Se não está comigo, está contra mim”: esse é o bordão de todo grande Deus redentor e messiânico; de todo político fascista, de todo violento integrante de torcida organizada, de todo homofóbico que não concebe a vivência de outras formas de sexualidade além dos muros da heteronormatividade.
  • 5. “Nu, orelha cortada com faca, marcas de espancamento no corpo, amarrado pelo pescoço em um poste na Avenida Rui Barbosa, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Assim foi encontrado um adolescente negro, “acusado” de praticar furtos na zona sul carioca.”(Fonte:http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/02/04/me nino-negro-e-espancado-e-amarrado-nu-em-poste-na -zona-sul-do-rio/) Nossa cultura reforça o arquétipo do guerreiro , sobretudo nas classes que detêm o poder . Num mundo de disputas e competição intensa, os pretensos Guerreiros emprestam às suas ações um significado hierárquico e dualista. Reforçam a ideia de que os vencedores sejam recompensados, e os perdedores sejam punidos pelo sofrimento. Quem perde a corrida do mercado de trabalho , tem destino anônimo e marginal; existência e direitos alienados.
  • 6. Não é coincidência que em uma sociedade patriarcal como a nossa, o arquétipo do guerreiro tenha dominado a cultura. Este define a noção de masculinidade e a tem em condição superior. Ao homem é dado o poder de ação e luta; a supremacia nos mecanismos sociais, nas esferas de poder. Para as mulheres é reservado o papel do doador - visto muitas vezes como fraco e ingênuo pelo guerreiro imaturo-, o caridoso anônimo e silencioso, que se diminui em prol do zelo e da solicitude. Mulheres que ousam experimentar os padrões masculinos de existência, são alvo de críticas e muita polêmica; não só por corromperem o papel que lhes é dado , mas por evidenciarem que o direito de se impor no mundo, e tomar as rédeas de sua própria vida é pertencente a TODOS.
  • 7. Os homens são tão fortemente socializados para serem guerreiros que não apenas são impedidos de desenvolverem outros aspectos de si mesmos como também tendem a promover a luta e a disputa como fim em si mesmas. A nossa cultura costuma opor supremacia (aspecto masculino) e zelo (aspecto feminino), pois o universo patriarcal costuma desvalorizar o zelo - algo que pode trazer dependência e passividade - e reprovar a incapacidade de alto gestão. Mas quando separada do zelo, a ação torna-se egoísta e destrutiva. Esse é o patamar de ação do guerreiro imaturo. Burlar as regras do bom combate; apelar para truques e trapaças; criar inimigos cujo extermínio preencha uma necessidade insaciável de aceitação e valorização; serem péssimos perdedores. São ações associadas ao espírito que ainda não aprendeu a concentrar sua vontade de operar mudanças em prol de causas construtivas, benéficas para si mesmo, e para os outros; cedendo a impulsos encontrados na infância da vivência arquetípica
  • 8. Impulsos que em geral , residem numa má relação com o arquétipo do órfão, existente em todos nós. Importante para o reconhecimento de nossas fraquezas e da nossa real necessidade de cuidado e amor, o órfão é constantemente oprimido pelo guerreiro na Sombra, pois aquele é visto como incapaz e submisso, algo que um suposto bom guerreiro abomina. O guerreiro que não se concilia com seu órfão interior, tende a viver em constante negação, e costuma projeta-la em supervalorização, escondendo suas fraquezas e defeitos, proferindo qualidades que não possui. Exterminam dragões pela crença em se tornarem pessoas distintas ou por que aquele inimigo externo, na verdade reside nele.
  • 9. Guerreiros que cuidam de suas necessidades mais primordiais, estão cientes de que todos tem direito a realização e a satisfação; de que todos podem ser os heróis de suas próprias vidas. Por essa razão, sua noção de superioridade não residi numa falsa autonomia, mas na consciência de que o destino de todos os homens se unem por laços e necessidades comuns a todo e qualquer ser humano.
  • 10. Os guerreiros desenvolvem sua confiança, provando sua superioridade em relação aos demais, adquirindo controle sobre suas vidas. Mas ele cresce em sua trajetória quando admite sua vulnerabilidade, necessidade de amor e amparo. Dessa forma se sentem realmente capazes de lutar por si mesmos ou pelos que ainda não possuem tais condições. Só depois de abandonarem o apego ao controle, e aos impulsos da vaidade e do Ego, suas vidas deixam de ser uma eterna provação. Podem amar e ser respeitados por aquilo que conquistaram. Um pré-requisito indispensável para se tornarem Magos.