1. O documento discute a relação entre fé e obras na vida cristã segundo Tiago 2:14-26. A fé sem obras é morta, assim como um corpo sem espírito está morto.
2. Abraão e Raabe são citados como exemplos bíblicos de fé manifestada através de obras ao obedecerem a Deus.
3. Assim como um corpo sem atividade está morto, a fé sem obras concretas de amor e caridade está morta também.
8. Introdução.
A lição de hoje trata da fé manifestada através
das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser
imprescindível à vida cristã -, pois, sem fé é
impossível agradar a Deus (Hb 11.6) -, é preciso
reafirmar que o crente é salvo pela graça, por
meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o cristão andar por
ela (2 Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo
que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23).
Entretanto, a fé não é uma fuga da realidade. Por
isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt
5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que
uma fé viva é autenticada pela produção de boas
obras, pois não há antagonismo algum entre
ambas - fé e obras. Conforme aprenderemos, na
vida cristã, fé e obras não são distintas, mas
complementares.
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10. 1. Fé e obras.
Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor
pode afirmar que ela contradiz os ensinamentos do
apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação
pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos
cuidadosamente o tema em questão, veremos
que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese
alguma se contradizem. Quando Paulo escreve
sobre as obras, ele se refere à Lei - o orgulho nos
rituais judaicos e na obediência a um sistema de
regras religiosas - enquanto que Tiago, às obras de
misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão
do Senhor não se opôs ao apóstolo dos gentios.
Enquanto Paulo anunciava ao pecador a
salvação pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago
doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de
vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de
arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se
com a causa da salvação e o segundo, com o
efeito dela.
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12. 2. O cristão e a caridade.
"A fé não acompanhada de ação é morta",
declara Tiago. "Fazer", "realizar" e "agir" são atitudes
que integram a religião pura e imaculada: ajudar
os necessitados nas suas necessidades. A fé,
quando não produz tais frutos, é morta. A fim de
ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os
servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um
irmão ou a uma irmã, que estejam padecendo
necessidade, apenas uma palavra de "incentivo" e
não lhes dermos as coisas de que eles necessitam,
isso não resolverá o problema. Diante de alguém
necessitado, o que precisa ser feito? Orar e
despedi-lo sem nada? Se assim procedermos,
nossa oração não servirá para nada. Aliás, como
ensina João, a pessoa que não se compadece dos
necessitados não tem o amor de Deus em sua vida
(1 Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado
por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que
precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor
(Mt 25.40).
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14. 3. A "morte" da fé.
A concepção de fé apresentada na
Epístola de Tiago é a confiança em Deus:
"Tu crês que há um só Deus?" (v.19). Logo, as
obras de que Tiago fala, consistem na
expressão da vontade de Deus, ou seja,
amar o próximo, visitar os enfermos,
defender os direitos dos pobres, praticar a
justiça, etc. Esta é a fé viva em Deus! A
epístola nos ensina que se amamos o outro,
não amamos segundo as nossas
concupiscências, mas segundo o amor de
Deus por nós. Este amor nos estimula a amar
o ser humano independentemente de
quem ele seja. Ame o próximo e mostrará
uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a
tua é fé está morta.
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18. 1. Não basta "crer".
Tiago afirma que a crença teórica em Deus não
significa muita coisa. Os demônios, igualmente,
creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc
8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras, eles
"creem", ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus.
Entretanto, a confissão dos demônios não
implica um compromisso de obediência a Deus.
A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática
coerente do servo de Deus com tudo aquilo em
que ele diz crer. O autor da epístola demonstra
que a fé não consiste em um discurso, mas em
convicção autêntica, seguida da prática de
obras de amor, pois é justamente isso que Jesus
fez e ainda faz (At 10.38; Hb 13.8).
Exemplificando esse ensino da fé
compromissada com a ação, Tiago utiliza dois
ricos exemplos do Antigo Testamento.
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20. 2. Abraão.
O patriarca Abraão, conhecido como "pai
da fé", obedeceu a Deus quando o
Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque.
O patriarca de Israel já havia
demonstrado confiança em Deus quando
decidiu, por um ato de fé e obediência,
partir para uma terra desconhecida (Hb
11.8,9). Agora, Abraão estava diante de
uma prova de fé ainda mais dura: imolar o
seu filho amado e oferecê-lo em sacrifício
a Deus. Uma fé levada até as últimas
consequências! A obra de Abraão
demonstrou a sua confiança em Deus
independente das circunstâncias. E nós,
como estamos diante de Deus? Cremos
quando vai tudo bem, e está tudo certo
ou cremos apesar das circunstâncias?
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22. 3. Raabe.
Outro exemplo apresentado por Tiago é o de
Raabe, uma mulher gentia e prostituta que
vivia em Jericó durante a conquista da terra
de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou
os espias para olharem a terra, Raabe os
escondeu e, mais tarde, os ajudou a escapar
dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe
levou os espias a prometerem que nenhum
mal aconteceria a ela quando os israelitas
tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé
no Deus de Israel! Na certeza de que Deus
daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu
para proteger os espias enviados por Josué.
Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi
justificada e constituída na linhagem do nosso
Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5). É uma grande
mulher que consta como a heroína da fé (Hb
11.31).
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26. 1. Uma analogia do corpo sem espírito.
Para os que conhecem a Palavra de Deus, é
inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o
espírito e a alma (At 20.9,10; 1 Ts 5.23). O teólogo
britânico, John Stott, escreveu: "O nosso próximo é
uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E
Deus não o criou como uma alma sem corpo (para
que pudéssemos amar somente sua alma), nem
como um corpo sem alma (para que pudéssemos
preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar
físico), nem tampouco um corpo-alma em
isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos
com ele somente como um indivíduo, sem nos
preocupar com a sociedade em que ele vive).
Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e
social. Como ser humano, o nosso próximo pode
ser definido como 'um corpo-alma em sociedade'"
(Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o
fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só
podemos ser considerados humanos quando as
esferas espiritual, física e social estão inseparáveis.
Qual a relação desse assunto com a fé?
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28. 2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta.
"Assim como o corpo sem o espírito está
morto, assim também a fé sem obras é
morta" (v.26). Tiago nos ensina que não faz
sentido expressarmos uma fé verbalmente se
ela não tem ação concreta. Como as
pessoas constatarão que eu creio de todo
coração em Deus? À medida que os meus
atos em relação a elas revelarem o amor do
Criador. Se não houver obras de misericórdia,
amor, honestidade e carinho ao próximo, a
nossa fé estará morta, sepultada. Podemos
citar de cor e salteado o Credo Apostólico, o
credo da nossa denominação e milhares de
versículos da Bíblia. Mas se não houver ação,
tudo não passará de argumentos sem vida.
Deus nos livre dessa ignomínia!
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32. Conclusão.
Sabemos que o ser humano está vivo porque
ele tem atividade cerebral intacta, os
pulmões funcionam rotineiramente, o
coração bombeia o sangue, irrigando todo o
corpo. Isto é, o corpo humano está se
movimentando naturalmente. Da mesma
forma é a fé. Uma fé viva em Deus através do
seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de
todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas uma
fé sem obras está morta! É como um corpo
humano que não tem vida. Não respira mais.
Que possamos viver todas as implicações
reais de nossa crença em Deus.