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Leia o texto abaixo para em seguida responder à questão proposta:
O romantismo no Brasil encontrou no "mito do bom selvagem" uma maneira de enaltecer a
cultura nacional. A
produção com temática indígena ficou conhecida como "indianista".
Como contraposição ao português, nosso conquistador e colonizador, ou mesmo ao europeu,
e devidamente
distanciado do negro escravo, também "estrangeiro", o índio tornou-se o símbolo do homem
brasileiro, de sua
origem e originalidade, de seu caráter independente, puro (de "bom selvagem"), bravo e
honrado.
Ressalve-se, porém, que esse índio é compreendido através da óptica idealizadora do
romantismo e está longe
de corresponder a uma aproximação da realidade do índio brasileiro. Simboliza, antes, os
ideais de heroísmo e
humanidade das camadas cultas de nossa sociedade imperial.
No Romantismo europeu, esse papel foi exercido pela figura do cavaleiro medieval,
personagem histórica da
época de origem e formação das nações européias, que desempenhou o papel de herói em
várias obras literárias.
Substancialmente, o Indianismo está presente em nossas obras literárias românticas,
enquanto idealização e
valorização do índio, e também enquanto registro ou invenção imaginária de seu modo de
vida, costumes e
crenças, bem como de sua linguagem. Na época, tiveram impulso os estudos da língua tupi
antiga, cujos vocábulos
foram a partir de então aos poucos integrando a linguagem culta do Português escrito no
Brasil.
Os exemplos mais evidentes e significativos desse Indianismo podem ser encontrados na
poesia de Gonçalves
Dias e na prosa de José de Alencar.
QUESTÃO 1
A partir das discussões realizadas em sala de aula sobre o poema “I – Juca Pirama” de
Gonçalves Dias, explique –
através de um pequeno texto - porque o índio retratado nesta obra pode ser considerado o
típico cavaleiro
medieval.
O aluno deverá perceber que I Juca Pirama é o típico cavaleiro medieval por possuir
características nobres,
dignas, honradas, por ser capaz de abrir mão da própria dignidade e ser humilhado para voltar
e cuidar do
pai. Ele diz a verdade, ele é honrado e seu maior ato de heroísmo consiste no fato de aceitar a
humilhação na
frente de toda uma tribo por saber que tem que voltar vivo para cuidar do pai. Ao final do
poema ainda
prova sua bravura entregando-se à morte para provar que é digno de morrer.
QUESTÃO 2
Apesar de possuir as características de um herói, por que o velho tupi considera seu filho um
covarde? Justifique
sua resposta.
Porque na visão do pai ele foi um covarde por ter chorado na presença da morte e isso, para a
cultura
indígena representada pelo pai é um ato de covardia e não de heroísmo.
Leia o fragmento abaixo. A seguir, aponte, nomeando e dando exemplo, ou seja, mostrando
onde e/ou como aparecem no
texto
a) uma figura de linguagem utilizada;
b) um recurso sonoro empregado;
c) uma característica que indique ser este um poema do Romantismo.
Na Minha Terra
Amo o vento da noite sussurrante
A tremer nos pinheiros
E a cantiga do pobre caminhante
No rancho dos tropeiros;
E os monótonos sons de uma viola
No tardio verão,
E a estrada que além se desenrola
No véu da escuridão;
A restinga d’areia onde rebenta
O oceano a bramir,
Onde a lua na praia macilenta
Vem pálida luzir
(...)
E o longo vale de florinhas cheio
E a névoa que desceu,
Como véu de donzela em branco seio,
As estrelas do céu.
Álvares de Azevedo
Questão 1
Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. Se a
celebridade "x" está saindo com o ator "y", isso não tem nenhum interesse público. Mas,
dependendo de quem
sejam "x" e "y", é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo
menos.
As decisões do Banco Central para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase
não
despertam interesse, a não ser dos entendidos.
O jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma
sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais
apenas em
torno de seus interesses particulares.
(Fernando Barros e Silva, O jornalista e o assassino. Folha de São Paulo (versão on line),
18/04/2011. Acessado em 20/12/2011.)
a) A palavra público é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo.
Exemplifique cada um
desses empregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você utilizou para
fazer a distinção.
b) Qual é, no texto, a diferença entre o que é chamado de interesse público e o que é chamado
de interesse do
público?
Resposta Esperada
Espera-se que o candidato apresente uma passagem em que público é um substantivo (como
em “há notícias
que são de interesse do público”) e uma passagem em que público é um adjetivo (como em
“...têm óbvio
interesse público”). O candidato também deve explicitar o critério linguístico empregado para
distinguir um caso
do outro. Esse critério pode ser de base sintática ou morfossintática (por exemplo, o emprego
do artigo antes de
público em sua ocorrência como substantivo; a função sintática assumida pelo termo – núcleo
de um sintagma
nominal quando substantivo e modificador/adjunto adnominal quando adjetivo; concordância
de público com
interesse quando o primeiro funciona como um adjetivo) ou, ainda, de base semântica (por
exemplo, no caso em
que é empregado para designar ou nomear, público é um substantivo; quando é empregado
para caracterizar
ou qualificar, público é um adjetivo). Também se espera que o candidato diga qual é a
diferença, no texto, entre
interesse público e interesse do público: o primeiro diz respeito a fatos que devem ser, de
direito e dever, do
conhecimento de toda a sociedade; já o segundo diz respeito a fatos sobre os quais as pessoas
procuram se
informar em função de interesses particulares, independentemente de tais fatos afetarem ou
não a sociedade
como um todo.
Questão 3
TEXTO I
Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas
saíram da condição de pobreza absoluta
(rendimento médio domiciliar per capita até meio
salário mínimo mensal), permitindo que a taxa
nacional dessa categoria de pobreza caísse
33,6%, passando de 43,4% para 28,8%.
No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento
médio domiciliar per capita de até um quarto de
salário mínimo mensal), observa-se um
contingente de 13,1 milhões de brasileiros a
superar essa condição, o que possibilitou reduzir
em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de
pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em
2008.
(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por
estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.)
TEXTO II
(BENETT, chargesdobenett.zip.net. Acessado em 21/10/2011.)
a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois conceitos
que são abordados
no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem ser relacionados às
noções de miséria e
pobreza.
b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica.
Resposta Esperada
O candidato deve indicar que os termos miséria e pobreza do texto II podem ser relacionados,
respectivamente,
a pobreza extrema e pobreza absoluta do texto I, explicando que o conceito de pobreza
extrema (renda per
capita de até 1/4 do salário mínimo) indica uma situação pior que a apontada pelo conceito de
pobreza absoluta
(renda per capita de até 1/2 salário mínimo). O candidato deve ainda mostrar que a crítica
construída pela
charge é relativa aos critérios que são usados para estabelecer a distinção entre miséria e
pobreza. Finalmente,
espera-se que o candidato destaque elementos verbais e não verbais da charge que
evidenciam a crítica, tais
como: o conteúdo do diálogo entre as personagens, que sugere uma divisão entre pobreza e
miséria e, ao
mesmo tempo, a impossibilidade de estabelecer concretamente essa divisão; e o cenário
desenhado, que mostra LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS
Provas Comentadas• Língua Portuguesa e Literaturas• 2ª Fase
dois lados de uma favela, divididos por um esgoto a céu aberto, sem que haja qualquer sinal,
no cenário em
questão, que permita distinguir a miséria da pobreza.
Questão 7
O excerto abaixo foi extraído do poema Balada Feroz, de Vinícius de Moraes.
(...) Lança o teu poema inocente sobre o rio venéreo engolindo as cidades
Sobre os casebres onde os escorpiões se matam à visão dos amores miseráveis
Deita a tua alma sobre a podridão das latrinas e das fossas
Por onde passou a miséria da condição dos escravos e dos gênios. (...)
Amarra-te aos pés das garças e solta-as para que te levem
E quando a decomposição dos campos de guerra te ferir as narinas, lança-te sobre a cidade
mortuária
Cava a terra por entre as tumefações e se encontrares um velho canhão soterrado, volta
E vem atirar sobre as borboletas cintilando cores que comem as fezes verdes das estradas.
(...)
Suga aos cínicos o cinismo, aos covardes o medo, aos avaros o ouro
E para que apodreçam como porcos, injeta-os de pureza!
E com todo esse pus, faz um poema puro
E deixa-o ir, armado cavaleiro, pela vida
E ri e canta dos que pasmados o abrigarem
E dos que por medo dele te derem em troca a mulher e o pão.
Canta! canta, porque cantar é a missão do poeta
E dança, porque dançar é o destino da pureza
Faz para os cemitérios e para os lares o teu grande gesto obsceno
Carne morta ou carne viva – toma! Agora falo eu que sou um!
(Vinícius de Moraes, Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 51-
53.)LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS
Provas Comentadas• Língua Portuguesa e Literaturas• 2ª Fase
a) Como é próprio do modernismo poético, os versos acima contrariam a linguagem mais
depurada e as
imagens mais elevadas da lírica tradicional. Como podemos definir as imagens predominantes
em Balada feroz?
A que se referem tais imagens?
b) Qual é o papel da poesia e do poeta diante da realidade representada?
Questão 9
Os excertos abaixo foram extraídos do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.
(...) FIDALGO:Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.
DIABO:(...) E tu viveste a teu prazer,
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!...(...)
ANJO:Que querês?
FIDALGO:Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
é esta em que navegais.
ANJO:Esta é; que me demandais?
FIDALGO:Que me leixês embarcar.
sô fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
ANJO:Não se embarca tirania
neste batel divinal.
FIDALGO:Não sei por que haveis por mal
Que entr’a minha senhoria.
ANJO:Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca.
FIDALGO:Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? (...)
ANJO:Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso
com fumosa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso;
e porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso. (…)
SAPATEIRO:(...) E pera onde é a viagem?
DIABO:Pera o lago dos danados.
SAPATEIRO:Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
DIABO:Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
(...) E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
calaste dous mil enganos...
tu roubaste bem trint'anos
o povo com teu mester. (...)
SAPATEIRO:Pois digo-te que não quero!
DIABO:Que te pês, hás-de ir, si, si!
SAPATEIRO:Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
DIABO:Ouvir missa, então roubar,
é caminho per'aqui.
(Gil Vicente, Auto da barca do inferno, em Cleonice Berardinelli (org.), Antologia do teatro de
Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59
e 68-69.)
a) Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno? E o sapateiro?
b) Além das faltas específicas desses personagens, há uma outra, comum a ambos e bastante
praticada à época, que Gil
Vicente condena. Identifique essa falta e indique de que modo ela aparece em cada um dos
personagens
Resposta Esperada
Como razão da condenação do fidalgo, espera-se que o candidato identifique a soberba, a
arrogância, a
presunção, a reivindicação de prerrogativas para os de sua classe ou a tirania exercida sobre “o
pobre povo
queixoso”. O sapateiro, por sua vez, é acusado de enganar e roubar o povo por meio de seu
ofício (mester). O
candidato deve ainda identificar como falta comum aos dois personagens a prática vã da
religião. No caso do
fidalgo, essa prática se evidencia no fato de ele mandar que outras pessoas rezem em seu
lugar. Já o sapateiro
alega ter ouvido missase se confessado antes de morrer, escondendo que morrera
excomungad
Questão 10
Os trechos a seguir foram extraídos de Memórias de um sargento de milíciase Vidas secas,
respectivamente.
O som daquela voz que dissera “abra a porta” lançara entre eles, como dissemos, o espanto e
o medo. E não foi sem razão; era
ela o anúncio de um grande aperto, de que por certo não poderiam escapar. Nesse tempo
ainda não estava organizada a polícia da
cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e ideias da época. O
major Vidigal era o rei absoluto, o
árbitro supremo de tudo o que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que
julgava e distribuía a pena, e ao mesmo
tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não haviam
testemunhas, nem provas, nem
razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação
das sentenças que dava, fazia o que
queria, ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial.
Entretanto, façamos-lhe justiça, dados os
descontos necessários às ideias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e
o empregava em certos casos muito
bem empregado.
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1978, p. 21.)
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano:
– Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da
bolandeira:
– Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre
havia obedecido. Tinha muque e
substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia.
(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 28.)
a) Que semelhanças e diferenças podem ser apontadas entre o Major Vidigal, de Memórias de
um sargento de
milícias, e o soldado amarelo, de Vidas secas?
b) Como essas semelhanças e diferenças se relacionam com as características de cada uma das
obras?

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Leia o texto abaixo para em seguida responder à questão proposta

  • 1. Leia o texto abaixo para em seguida responder à questão proposta: O romantismo no Brasil encontrou no "mito do bom selvagem" uma maneira de enaltecer a cultura nacional. A produção com temática indígena ficou conhecida como "indianista". Como contraposição ao português, nosso conquistador e colonizador, ou mesmo ao europeu, e devidamente distanciado do negro escravo, também "estrangeiro", o índio tornou-se o símbolo do homem brasileiro, de sua origem e originalidade, de seu caráter independente, puro (de "bom selvagem"), bravo e honrado. Ressalve-se, porém, que esse índio é compreendido através da óptica idealizadora do romantismo e está longe de corresponder a uma aproximação da realidade do índio brasileiro. Simboliza, antes, os ideais de heroísmo e humanidade das camadas cultas de nossa sociedade imperial. No Romantismo europeu, esse papel foi exercido pela figura do cavaleiro medieval, personagem histórica da época de origem e formação das nações européias, que desempenhou o papel de herói em várias obras literárias. Substancialmente, o Indianismo está presente em nossas obras literárias românticas, enquanto idealização e valorização do índio, e também enquanto registro ou invenção imaginária de seu modo de vida, costumes e crenças, bem como de sua linguagem. Na época, tiveram impulso os estudos da língua tupi antiga, cujos vocábulos foram a partir de então aos poucos integrando a linguagem culta do Português escrito no Brasil. Os exemplos mais evidentes e significativos desse Indianismo podem ser encontrados na poesia de Gonçalves Dias e na prosa de José de Alencar. QUESTÃO 1 A partir das discussões realizadas em sala de aula sobre o poema “I – Juca Pirama” de Gonçalves Dias, explique –
  • 2. através de um pequeno texto - porque o índio retratado nesta obra pode ser considerado o típico cavaleiro medieval. O aluno deverá perceber que I Juca Pirama é o típico cavaleiro medieval por possuir características nobres, dignas, honradas, por ser capaz de abrir mão da própria dignidade e ser humilhado para voltar e cuidar do pai. Ele diz a verdade, ele é honrado e seu maior ato de heroísmo consiste no fato de aceitar a humilhação na frente de toda uma tribo por saber que tem que voltar vivo para cuidar do pai. Ao final do poema ainda prova sua bravura entregando-se à morte para provar que é digno de morrer. QUESTÃO 2 Apesar de possuir as características de um herói, por que o velho tupi considera seu filho um covarde? Justifique sua resposta. Porque na visão do pai ele foi um covarde por ter chorado na presença da morte e isso, para a cultura indígena representada pelo pai é um ato de covardia e não de heroísmo. Leia o fragmento abaixo. A seguir, aponte, nomeando e dando exemplo, ou seja, mostrando onde e/ou como aparecem no texto a) uma figura de linguagem utilizada; b) um recurso sonoro empregado; c) uma característica que indique ser este um poema do Romantismo. Na Minha Terra Amo o vento da noite sussurrante A tremer nos pinheiros E a cantiga do pobre caminhante No rancho dos tropeiros;
  • 3. E os monótonos sons de uma viola No tardio verão, E a estrada que além se desenrola No véu da escuridão; A restinga d’areia onde rebenta O oceano a bramir, Onde a lua na praia macilenta Vem pálida luzir (...) E o longo vale de florinhas cheio E a névoa que desceu, Como véu de donzela em branco seio, As estrelas do céu. Álvares de Azevedo Questão 1 Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. Se a celebridade "x" está saindo com o ator "y", isso não tem nenhum interesse público. Mas, dependendo de quem sejam "x" e "y", é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos. As decisões do Banco Central para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos. O jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses particulares.
  • 4. (Fernando Barros e Silva, O jornalista e o assassino. Folha de São Paulo (versão on line), 18/04/2011. Acessado em 20/12/2011.) a) A palavra público é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um desses empregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você utilizou para fazer a distinção. b) Qual é, no texto, a diferença entre o que é chamado de interesse público e o que é chamado de interesse do público? Resposta Esperada Espera-se que o candidato apresente uma passagem em que público é um substantivo (como em “há notícias que são de interesse do público”) e uma passagem em que público é um adjetivo (como em “...têm óbvio interesse público”). O candidato também deve explicitar o critério linguístico empregado para distinguir um caso do outro. Esse critério pode ser de base sintática ou morfossintática (por exemplo, o emprego do artigo antes de público em sua ocorrência como substantivo; a função sintática assumida pelo termo – núcleo de um sintagma nominal quando substantivo e modificador/adjunto adnominal quando adjetivo; concordância de público com interesse quando o primeiro funciona como um adjetivo) ou, ainda, de base semântica (por exemplo, no caso em que é empregado para designar ou nomear, público é um substantivo; quando é empregado para caracterizar ou qualificar, público é um adjetivo). Também se espera que o candidato diga qual é a diferença, no texto, entre interesse público e interesse do público: o primeiro diz respeito a fatos que devem ser, de direito e dever, do conhecimento de toda a sociedade; já o segundo diz respeito a fatos sobre os quais as pessoas procuram se informar em função de interesses particulares, independentemente de tais fatos afetarem ou não a sociedade
  • 5. como um todo. Questão 3 TEXTO I Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta (rendimento médio domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal), permitindo que a taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008. (Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.) TEXTO II (BENETT, chargesdobenett.zip.net. Acessado em 21/10/2011.) a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois conceitos que são abordados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem ser relacionados às noções de miséria e pobreza. b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica. Resposta Esperada
  • 6. O candidato deve indicar que os termos miséria e pobreza do texto II podem ser relacionados, respectivamente, a pobreza extrema e pobreza absoluta do texto I, explicando que o conceito de pobreza extrema (renda per capita de até 1/4 do salário mínimo) indica uma situação pior que a apontada pelo conceito de pobreza absoluta (renda per capita de até 1/2 salário mínimo). O candidato deve ainda mostrar que a crítica construída pela charge é relativa aos critérios que são usados para estabelecer a distinção entre miséria e pobreza. Finalmente, espera-se que o candidato destaque elementos verbais e não verbais da charge que evidenciam a crítica, tais como: o conteúdo do diálogo entre as personagens, que sugere uma divisão entre pobreza e miséria e, ao mesmo tempo, a impossibilidade de estabelecer concretamente essa divisão; e o cenário desenhado, que mostra LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS Provas Comentadas• Língua Portuguesa e Literaturas• 2ª Fase dois lados de uma favela, divididos por um esgoto a céu aberto, sem que haja qualquer sinal, no cenário em questão, que permita distinguir a miséria da pobreza. Questão 7 O excerto abaixo foi extraído do poema Balada Feroz, de Vinícius de Moraes. (...) Lança o teu poema inocente sobre o rio venéreo engolindo as cidades Sobre os casebres onde os escorpiões se matam à visão dos amores miseráveis Deita a tua alma sobre a podridão das latrinas e das fossas Por onde passou a miséria da condição dos escravos e dos gênios. (...) Amarra-te aos pés das garças e solta-as para que te levem E quando a decomposição dos campos de guerra te ferir as narinas, lança-te sobre a cidade mortuária Cava a terra por entre as tumefações e se encontrares um velho canhão soterrado, volta E vem atirar sobre as borboletas cintilando cores que comem as fezes verdes das estradas.
  • 7. (...) Suga aos cínicos o cinismo, aos covardes o medo, aos avaros o ouro E para que apodreçam como porcos, injeta-os de pureza! E com todo esse pus, faz um poema puro E deixa-o ir, armado cavaleiro, pela vida E ri e canta dos que pasmados o abrigarem E dos que por medo dele te derem em troca a mulher e o pão. Canta! canta, porque cantar é a missão do poeta E dança, porque dançar é o destino da pureza Faz para os cemitérios e para os lares o teu grande gesto obsceno Carne morta ou carne viva – toma! Agora falo eu que sou um! (Vinícius de Moraes, Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 51- 53.)LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS Provas Comentadas• Língua Portuguesa e Literaturas• 2ª Fase a) Como é próprio do modernismo poético, os versos acima contrariam a linguagem mais depurada e as imagens mais elevadas da lírica tradicional. Como podemos definir as imagens predominantes em Balada feroz? A que se referem tais imagens? b) Qual é o papel da poesia e do poeta diante da realidade representada? Questão 9 Os excertos abaixo foram extraídos do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente. (...) FIDALGO:Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO:(...) E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer por que rezem lá por ti!...(...) ANJO:Que querês? FIDALGO:Que me digais,
  • 8. pois parti tão sem aviso, se a barca do paraíso é esta em que navegais. ANJO:Esta é; que me demandais? FIDALGO:Que me leixês embarcar. sô fidalgo de solar, é bem que me recolhais. ANJO:Não se embarca tirania neste batel divinal. FIDALGO:Não sei por que haveis por mal Que entr’a minha senhoria. ANJO:Pera vossa fantesia mui estreita é esta barca. FIDALGO:Pera senhor de tal marca nom há aqui mais cortesia? (...) ANJO:Não vindes vós de maneira pera ir neste navio. Essoutro vai mais vazio: a cadeira entrará e o rabo caberá e todo vosso senhorio. Vós irês mais espaçoso com fumosa senhoria, cuidando na tirania do pobre povo queixoso; e porque, de generoso, desprezastes os pequenos,
  • 9. achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes fumoso. (…) SAPATEIRO:(...) E pera onde é a viagem? DIABO:Pera o lago dos danados. SAPATEIRO:Os que morrem confessados, onde têm sua passagem? DIABO:Nom cures de mais linguagem! Esta é a tua barca, esta! (...) E tu morreste excomungado: não o quiseste dizer. Esperavas de viver, calaste dous mil enganos... tu roubaste bem trint'anos o povo com teu mester. (...) SAPATEIRO:Pois digo-te que não quero! DIABO:Que te pês, hás-de ir, si, si! SAPATEIRO:Quantas missas eu ouvi, não me hão elas de prestar? DIABO:Ouvir missa, então roubar, é caminho per'aqui. (Gil Vicente, Auto da barca do inferno, em Cleonice Berardinelli (org.), Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59 e 68-69.) a) Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno? E o sapateiro? b) Além das faltas específicas desses personagens, há uma outra, comum a ambos e bastante praticada à época, que Gil Vicente condena. Identifique essa falta e indique de que modo ela aparece em cada um dos personagens Resposta Esperada
  • 10. Como razão da condenação do fidalgo, espera-se que o candidato identifique a soberba, a arrogância, a presunção, a reivindicação de prerrogativas para os de sua classe ou a tirania exercida sobre “o pobre povo queixoso”. O sapateiro, por sua vez, é acusado de enganar e roubar o povo por meio de seu ofício (mester). O candidato deve ainda identificar como falta comum aos dois personagens a prática vã da religião. No caso do fidalgo, essa prática se evidencia no fato de ele mandar que outras pessoas rezem em seu lugar. Já o sapateiro alega ter ouvido missase se confessado antes de morrer, escondendo que morrera excomungad Questão 10 Os trechos a seguir foram extraídos de Memórias de um sargento de milíciase Vidas secas, respectivamente. O som daquela voz que dissera “abra a porta” lançara entre eles, como dissemos, o espanto e o medo. E não foi sem razão; era ela o anúncio de um grande aperto, de que por certo não poderiam escapar. Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e ideias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo o que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não haviam testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação das sentenças que dava, fazia o que queria, ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial. Entretanto, façamos-lhe justiça, dados os descontos necessários às ideias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem empregado. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 21.)
  • 11. Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano: – Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro? Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: – Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc. É conforme. Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 28.) a) Que semelhanças e diferenças podem ser apontadas entre o Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias, e o soldado amarelo, de Vidas secas? b) Como essas semelhanças e diferenças se relacionam com as características de cada uma das obras?