O documento discute a importância da ética e da cidadania nas organizações. Define ética como um modo de comportamento adquirido socialmente e diferencia ética de moral, sendo que ética se refere às formas como as pessoas se comportam na sociedade. Também define cidadania como um processo de educação e conquista de direitos que constrói uma convivência harmônica. Finalmente, argumenta que a ausência de princípios éticos fragiliza organizações e que o futuro depende de colocar as pessoas e não apenas os resultados no centro das atenções
1. ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL
Prof. Aleandra
AULA 1
Objetivo da Aula:
Breve estudo sobre ética, cidadania e a relação com a moral, trata da
importância para o sucesso dos negócios. A intenção é de descobrir de que
maneira o comportamento ético e as atitudes socialmente responsáveis podem
traduzir-se em melhores resultados para as empresas, e evidenciar as
verdadeiras motivações para exercer tal comportamento.
Definição de Ética
Ética vem do grego ethos, que significa analogamente “modo de ser” ou
“caráter”,como um modo de comportamento, que não corresponde a uma
disposição natural mas que é adquirido ou conquistado por hábito. É esse
caráter não natural da maneira de ser do homem que, na Antiguidade, confere
à ética sua dimensão moral. Não há, porém, entre os principais autores que
abordam o tema, um consenso sobre o conceito de ética.
Segundo Vazquez (1985, p. 12), “ética é a teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade. ou seja, é a ciência de uma
forma específica do comportamento humano.” Essa definição sublinha o
caráter científico da ética; isto é, corresponde à necessidade de uma
abordagem científica dos problemas morais.
Por outro lado, segundo Valls (1986, p. 48), “a ética preocupa-se com as
formas humanas de resolver as contradições entre necessidade e
possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o individual e o social, entre o
econômico e o moral, entre o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural
e entre a inteligência e a vontade”, evidenciando as contradições enfrentadas
pelos indivíduos na tomada de decisões envolvendo dilemas éticos.
Diferença Ética e Moral
2. Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas,
sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do
homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela
tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos
costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter
obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores
que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na
sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja,
Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.
Definição de Cidadania
Ninguém nasce cidadão, mas torna-se cidadão pela educação. Porque a
educação atualiza a inclinação potencial e natural dos homens à vida
comunitária ou social. Cidadania é, nesse sentido, um processo. Processo que
começou nos primórdios da humanidade e que se efetiva através do
conhecimento e conquista dos direitos humanos, não como algo pronto,
acabado; mas, como aquilo que se constrói.
Assim como a ética a cidadania é hoje questão fundamental, quer na
educação, quer na família e entidades, para o aperfeiçoamento de um modo de
vida. Não basta o desenvolvimento tecnológico, científico para que a vida fique
melhor. É preciso uma boa e razoável convivência na comunidade política,
para que os gestos e ações de cidadania possa estabelecer um viver
harmônico, mais justo e menos sofredor.
Efeitos do comportamento antiético e não Cidadão
Suborno, usado para fazer uma escolha parecer mais atraente ao
tomador da decisão, reduz a liberdade de escolha ao alterar as condições sob
as quais uma decisão é feita. Assim, o suborno resulta na alocação de mais
recursos para uma alternativa menos desejável, e o custo da alternativa acaba
sendo mais caro pois o gasto com o suborno tem que ser recuperado.
Chantagens – na forma de ameaças ou abuso de força, que impedem
um vendedor de lidar com certos consumidores, ou compradores de comprar
certos produtos ou serviços – diminuem a competição efetiva. Isso resulta em
preços maiores e/ou produtos e serviços piores. Os altos preços resultam na
diminuição da demanda, e a satisfação do consumidor diminui por causa da
piora na qualidade dos produtos e serviços.
Informação enganosa cria impressões falsas e leva consumidores a
escolher bens e serviços que dão menos satisfação do que aqueles que teriam
sido comprados com a informação correta. As informações enganosas geram
gasto de dinheiro que poderia ser usado para outras aquisições. Além disso, o
fornecimento de bens e serviços que diferem dos prometidos também distorce
o sistema, pois os recursos serão alocados para os itens fornecidos e não para
os desejados.
3. Discriminação injusta resulta na compra de serviços de pessoas
menos capazes, ou na venda de bens a pessoas que dão a eles menor valor
do que os que foram discriminados dariam. Tudo isso resulta num menor nível
de satisfação, tanto para produtores quanto para consumidores.
BIBLIOGRAFIA:
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1998.
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito
Cultural, 1984.
4. TEXTO PARA ATIVIDADE EM SALA:
ÉTICA E CIDADANIA NAS ORGANIZAÇÕES
Basta um olhar mais cauteloso e pronto! O resultado sempre é um
sentimento de discórdia, de revolta, de insatisfação, de descontentamento etc.
Isso não é paranóia ou uma visão fruto da nossa imaginação. É a realidade nua
e crua que sobrevoa os domínios das organizações em geral [pelo menos da
grande maioria]. No mundo organizacional, como no mundo da sociedade, a
crise de valores éticos e morais leva a turbulências, mais cedo ou mais tarde,
que gera, também, uma certa crise de gestão. O que eu quero expressar é uma
realidade que está presente no cotidiano das diversas formas de organização:
a ausência de uma cultura organizacional regida por princípios e valores éticos.
É preciso reconhecer que tivemos muitos avanços neste sentido. Parece
que nem tudo está perdido. Para mim, a ética é a base que sustenta qualquer
estrutura organizacional. Não importa que tipo de organização está em foco. O
que importa é a presença de princípios que tragam no seu bojo uma relação de
respeito, lealdade e transparência. Eu sei que é difícil tratar deste assunto
quando o tema principal é as relações interpessoais ou as relações
interorganizacionais.
A defesa incondicional dos interesses próprios ou de grupos leva as
pessoas e alguns profissionais a cometerem, na maioria das vezes, os
chamados atos anti-éticos ou aéticos. No entanto, a colheita dos resultados
sempre representará uma safra ruim. Procurar atalhos para obter os resultados
desejados fragiliza a pessoa ou o profissional diante dos seus pares. A falta de
ética no exercício das relações humanas e profissionais é digna de pessoas
frágeis que são e serão, se não procurarem a mudança, escravas de um
materialismo e de um egoísmo responsáveis pelo seu contínuo fracasso.
É muito enganoso achar que o mundo é dos espertos. Qual mundo é
deles? O mundo da arrogância, da ganância, do individualismo, da
prosperidade material a qualquer custo, do pensamento único, do egoísmo.
Sinceramente, eu não quero este mundo. Você quer? Você deseja? Não? Pois
bem, os princípios e valores éticos sustentam as pessoas e as organizações de
sucesso. Por mais complexo que seja ser ético em um mundo regido pelas
imensas e profundas diferenças econômicas e sociais, pela avidez financeira e
pela excessiva taxação governamental, a sociedade não pode perder o foco
nesta questão. Não existe discurso ou debate sobre aspectos de cidadania se
não houver a inclusão da ética no contexto trabalhado.
A evolução do pensamento organizacional precisa passar pelo prisma da
ética e da cidadania. Não é produtivo, e nunca será, desenvolver ferramentas,
teorias ou dinâmicas sem incorporar os princípios e valores éticos como
alicerce de trabalho e gestão. Não é preciso ser um visionário ou um guru para
5. saber disso. O futuro das organizações passa pela redefinição dos papéis de
seus líderes no estabelecimento de uma cultura organizacional pautada pela
ética. Este desafio somente será vencido quando as organizações aprenderem
a colocar as pessoas no centro das atenções [com dignidade e respeito] e não
como meios de obtenção dos resultados. Quero dizer: não colocar no centro
das atenções com o olhar do interesse de apenas conseguir os resultados, mas
com o interesse de buscar o melhor para todos sem prejudicar as pessoas
externas à organização. Se você enxerga nisso uma realidade impossível de
ser alcançada, não se espante. Você não é alienígena. Mas se você enxerga
isso bem! O mundo e as organizações precisam de pessoas assim como
possível, muito!
Paulo Rogério dos Santos Lima
Publicado no culturatura em: Fev/05