1. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 01
Recanto das Capítulo 015
Letras
PERFEIÇÃO
novela de:
LUCAS VINÍCIUS
escrita por:
LUCAS VINÍCIUS
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO:
Lilica
Mariana
Mirela
Paulo
Cândida
Astolfo
Lisa
Bartolomeu
Carmélia
Ester
Leninha
Júlio
Rosana
Néia
Raquel
Jeca
2. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 02
Leandro
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
Diretora, Garota 1, Garota 2, Garoto 1
CENA 1. ESCOLA ESTADUAL DE SP. EXT. DIA. CONTINUIDADE DO
CAP.ANTERIOR.
Continuidade da última cena do capítulo Anterior. PAULO E
MIRELA APÓS SE BEIJAREM E SEREM FLAGRADOS PELA DIRETORA SE
ASSUSTAM.
DIRETORA —— Posso saber o que está acontecendo
aqui?
MIRELA —— (apavorada) Diretora?
DIRETORA —— Beijando em horário de aula. Ou
melhor, de recreio.
MIRELA —— (desesperada) Eu posso explicar,
diretora, eu/
DIRETORA —— Pois bem. Se explique.
MIRELA —— Eu e o Paulo, nós/
PAULO —— (p/ Diretora) A culpa não foi dela,
senhora.
DIRETORA —— (p/ Paulo) E você, quem é? Não devia
estar trabalhando? Ficar abusando de
menores na porta da escola?
PAULO FICA INDIGNADO COM O QUE DISSE A DIRETORA.
PAULO —— O quê? Abusando de menores?
DIRETORA —— Bom, já chega! Culpada ou não eu vou
ser obrigada a chamar sua irmã aqui, já
que seus pais moram longe.
MIRELA —— (desesperada) Ai, meu Deus. Por
favor, diretora, minha irmã vai me
matar se souber disso.
DIRETORA —— Pensasse nisso antes de sair
beijando qualquer marginal que passa
pela rua.
PAULO —— (irritado) Marginal?!
DIRETORA —— (p/ Mirela) Me acompanhe até a
diretoria. (p/ Paulo) E você, pra casa!
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DIRETORA VAI SAINDO. MARIANA E LILICA QUE DENUNCIARAM MIRELA
FICAM A SORRI PRA ELA, DE BRAÇOS CRUZADOS.
MIRELA —— (p/ as duas, indignada) Suas
traidoras! A dois minutos estavam
falando de pôsteres de Justin Bieber...
e aí vão lá e me denunciam?
MARIANA —— A culpa foi toda sua, que ficou
beijando esse garoto. Garoto não, que
esse daí aparenta ter uns 30 anos!
PAULO —— (p/ Menina 1) Olha como cê fala, ô
garota! (p/ Mirela) Mirela...
MIRELA —— (vira-se) Sim?
PAULO —— Me desculpa, mas eu preciso ir.
MIRELA —— (braba) O quê? Vai me deixar levar a
bronca sozinha, é isso?
PAULO —— Sua irmã ia te bater mais ainda se
soubesse que quem você beijou é o
Paulo, não acha?
MIRELA —— (calma) Tem razão. Pode ir, vai.
PAULO —— Tá. Até mais ver, então.
PAULO VAI SAINDO. MIRELA ENCARA AS DUAS MENINAS.
MIRELA —— (p/ as duas) Saibam que o que vocês
fizeram é pecado. Judas!
LILICA —— (ri) Ah, Mirela, vai estudar!
MIRELA —— Eu vou é arrancar os cabelos de
vocês a puxões! Piranhas!
MIRELA VAI SAINDO E ESBARRA NUMA DELAS DE PROPÓSITOS. AS DUAS
COMEÇAM A RIR.
LILICA —— (rindo) Ai, amiga adorei!
MARIANA —— Eu também! Quem diria que a Mirela é
pobretona, tem alma de pobretona, e
pelo visto, namorado pobretão!
AS DUAS RIEM MARAVILHADAS.
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CENA 2. ESCOLA PÚBLICA DE SP. INT. SALA DIREÇÃO. DIA.
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LISA ACABA DE RECEBER TELEFONEMA E ESTÁ ATENDENDO. ASTOLFO E
CÂNDIDA AO LADO.
LISA —— (assustada ao telefone) Como é que
é? (T) Mas a Mirela? A minha irmã? (T)
Ai, meu Deus, não é possível! (T) Tá,
vou ver o que posso fazer. Mas eu não
posso deixar a escola onde trabalho.
(T) Tá, vou ver o que posso fazer.(T)
De qualquer modo, obrigada, diretora
Margarida. Tchau!
LISA DESLIGA O TELEFONE AFLITA E RETORNA PRA ASTOLFO E
CÂNDIDA.
CÂNDIDA —— O que houve, querida?
ASTOLFO —— É da escola onde sua irmã estuda?
LISA —— Isso. (aflita) Gente, a Mirela tá me
arrumando um tanto de confusão que eu
não imaginava isso dela. Imagina que
inventou agora de beijar um garoto no
local de escola?
CÃNDIDA —— (espantada) Ah! Isso é probidíssimo.
Aqui e em todas as escolas.
LISA —— O pior é que eu não posso sair
daqui, não é?
ASTOLFO —— Não, pode sim. Pode resolver isso na
outra escola. A professora Cida,
substituta de inglês, mas também
entende de língua portuguesa. Ela pode
substituí-la por umas horas.
LISA —— Ai, muito obrigada, dr. Astolfo!
CÂNDIDA —— Então vá lá. E traga notícias!
LISA —— Pode deixar. Com licença.
APRESSADA, LISA PEGA SUA BOLSA EM CIMA DA MESA E VAI SAINDO.
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CENA 2. CASA DE BARTOLOMEU E CARMÉLIA. INT. SALA. DIA.
NO CENTRO DA SALA, BARTOLOMEU E CARMÉLIA SENTADOS AO CHÃO,
CONTAM UMA BOLADA DE NOTAS DE DINHEIRO, ALEGRES.
BARTOLOMEU —— Ah, sobrou bastante ainda.
CARMÉLIA —— É, depois que a desmiolada da Néia
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quis uma parte, sobrou é pouco, isso
sim.
A CAMPAINHA TOCA.
CARMÉLIA —— Ai, sempre toca na hora errada.
(grita) Maria Helena!!!
Campainhaaaa!!!! (p/ Barto) Vamos
esconder esse dinheiro, vai que é
visita.
BARTOLOMEU VAI ENFIANDO O DINHEIRO ONDE PODE. LENINHA VEM
CAMINHANDO EM DIREÇÃO à PORTA. QUANDO ELA ABRE, DÁ DE CARA
COM ESTER. AS DUAS SE OLHAM;
ESTER —— Eles estão aí?
LENINHA —— (baixinho) Sim, estão. Vá lá, que
vai pegá-los no flagra!
ESTER VAI ENTRANDO E DÁ DE CARA COM BARTÔ E CARMÉLIA NO CHÃO.
ESTER —— Muito bonito!
CARMÉLIA E BARTOLOMEU SE ASSUSTAM, LEVANTANDO DO CHÃO.
CARMÉLIA —— (assustada) Ester?
ESTER —— Eu mesma.
BARTOLOMEU —— Sabemos que é você. Mas... o que tá
fazendo aqui?
ESTER —— Não esperavam a minha visita
surpresa, não é mesmo?
BARTOLOMEU —— Ah, claro que não.
LENINHA VEM SE APROXIMANDO PARA VER TUDO.
LENINHA —— (animada) Oba! Sempre sai morte
nessas discussões!
ESTER —— (p/ Barto e Carmélia) Eu quero o
dinheiro que vocês dois junto com a
Néia, roubaram do cofre da mansão do
meu sogro!
BARTÔ E CARMÉLIA FICAM PASMOS, PÁLIDOS E ASSUSTADOS, SE OLHAM
TOSSINDO.
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CARMÉLIA —— (disfarça) Di/ Di-dinheiro, Ester?
ESTER —— (ri) Ah, vão tomar banho! Com esse
teatrinho chulo de vocês. Ó só, devolve
em quanto é tempo. Eu vou chamar a
polícia e vocês sim estarão
encrencados.
CARMÉLIA —— (desentendida) Mas... do que você
está falando?
ESTER —— Ai, ai. Confessem que roubaram.
BARTOLOMEU —— Confessar uma coisa que não
aconteceu?
ESTER —— Muito bem. Estarei ligando pra
polícia nos próximos dois minutos. Vão
ou não confessar?
BARTOLOMEU E CARMÉLIA SE OLHAM AFLITOS.
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CENA 3. RESTAURANTE JAPONÊS. INT. DIA. CONTINUIDADE.
Continuidade do cap.anterior. JÚLIO DETRÁS DE ROSANA, OS DOIS
SE OLHAM E O CLIMA ESQUENTA. ROSANA DISFARÇA E PIGARREIA.
ROSANA —— (pigarreia) Ah...
JÚLIO —— Perdão dizer isso agora, mas você
tem belos olhos!
ROSANA —— (sem graça) Você achou? Puxa...
JÚLIO —— Sim, são belos olhos. Castanhos.
JÚLIO QUEBRA O CLIMA E PIGARREANDO VOLTA A SEU LUGAR.
JÚLIO —— Bom... aprendeu a comer com o hashi?
ROSANA —— (ri) Não, não, não, não. É difícil,
principalmente pra mim,que só comi
sushi uma vez e foi do modo
abrasileirado.
JÚLIO —— Com a colher?
ROSANA —— (descontraída) Não, com a mão!
JÚLIO CAI NA GARGALHADA BEM ALTO, ROSANA DISFARÇA.
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CENA 4. FAVELA DE SP. BARRACO DE RAQUEL. EXT. DIA.
CAM MOSTRA O EXT. DA CASA DE RAQUEL. RAQUEL VEM ABRINDO A
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PORTA E SAINDO DE CASA. QUANDO ELA OLHA PRA FRENTE DÁ DE CARA
COM NÉIA, QUE ESTAVA ESPERANDO-A PERTO DA PORTA.
RAQUEL —— Que susto!
NÉIA —— Desculpa.
RAQUEL —— Pera, que eu tô reconhecendo você. É
a empregada dos Almeida Júnior's.
NÉIA —— Eu mesma. Eu queria conversar com
você.
RAQUEL —— Conversar comigo? Na boa, eu não tô
no meu expediente. E cobro caro!
NÉIA —— Não entendi. Expediente do quê?
RAQUEL —— Ah... achava que você queria um...
deixa pra lá, esquece! Vamos entrar né,
a casa é simples mas cabe duas pessoas,
é ou não é?
RAQUEL ENTRA PRIMEIRO EM SUA CASA. NÉIA VAI ATRÁS.
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CENA 5. FAVELA. CASA DE RAQUEL. INT. SALA. DIA.
NÉIA COM RECEIO. ESTÁ SENTADA NO VELHO SOFÁ, RAQUEL DE PÉ.
NÉIA —— Poxa, isso aqui é mesmo um exemplo
de simplicidade!
RAQUEL —— Se é! Você quer uma água, um suco,
um chá, um café?
NEÍA —— Ah... me traga então uma água, por
favor.
RAQUEL —— É pra já! Já volto!
RAQUEL VAI SAINDO EM DIREÇÃO à COZINHA. NÉIA SE LEVANTA PARA
VER BEM A CASA.
NÉIA —— Eu, hein. Essa casa é um lixo. Mas
tem bonitos quadros.
NÉIA SE APROXIMA ATÉ A ESTANTE. ELA SE ASSUSTA E ESPANTA AO
VER A CAIXA DE JOIAS DE EUNICE, ALI, EM CIMA DA ESTANTE.
NÉIA —— (para si, apavorada) Meu Deus! É a
caixa de joias que sumiu, da casa do
dr. Júlio!
8. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 08
RAQUEL CHEGA COM O COPO, MAS QUANDO VÊ NÉIA ALI PERTO DA
ESTANTE JÁ SE ASSUSTA.
RAQUEL —— Ah... me desculpa, a água.
NÉIA —— (disfarça) Ah, tá. Obrigada!
NÉIA SAI DE PERTO E PEGA O COPO. TORNA A SENTAR NO SOFÁ DE
NOVO. RAQUEL SENTE QUE ALGO ESTÁ ESTRANHO.
RAQUEL —— Então... o que você queria falar pra
mim?
NÉIA —— Sabe... queria perguntar se você
conhece a Ester. A noiva do Leandro.
RAQUEL —— (disfarça e mente) Ah... mais ou
menos, só de vista.
NÉIA —— Não, mas você tem que conhecer
alguém lá na mansão, porque como você
entraria na festa de noivado?
RAQUEL —— Ah... sou conterrânea do dr. Júlio.
Nascemos na mesma cidade.
NÉIA —— Ah... que curioso. Só por isso?
RAQUEL —— Não, não. A prima da minha prima é
prima dele. Sabe né, por isso a gente
se conhece.
NÉIA —— Olha... essas historinhas estão bem
má convincentes. Então é melhor você me
dizer a verdade. (olha pra caixa de
joias) Toda a verdade!
RAQUEL SE ASSUSTA.
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CENA 6. CASA DE CARMÉLIA E BARTOLOMEU. INT. SALA. DIA.
CONTINUIDADE.
Continuação da Cena 2. DUM LADO, CARMÉLIA E BARTOLOMEU, DO
OUTRO, ESTER E LENINHA.
ESTER —— E então? Vão confessar ou vou ter
que ligar pra polícia?
CARMÉLIA —— (assusta-se) Polícia? Mas... pra que
precisa de polícia? Podemos resolver
isso pessoalmente, sem polícia.
LENINHA —— (animada) Também acho, assim 'mermo'
no tapa!
9. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 09
BARTO E CARMÉLIA—— (juntos) Cala a boca, Maria
Helena!
CARMÉLIA —— (estranhando, p/ Leninha) Aliás,
você não devia estar do nosso lado,
hein, sua mal-amada?
LENINHA —— Sabe o que é/
ESTER —— Não, porque foi ela quem me contou!
CARMÉLIA SE ESPANTA NA HORA, FICA HORRORIZADA.
CARMÉLIA —— O quê?
LENINHA —— (apavorada) Ai, Ester, por que foi
contar?
CARMÉLIA —— Mas eu mato você/
ESTER —— (interrompe, muxoxa) Não! Se fizer
isso, ela vai procurar os direitos dela
na justiça. Aí sim vocês vão pagar na
cadeia. E vão ficar pobres, ainda.
LENINHA —— (animada) Isso mesmo! Vou lá no
Tribunal denunciar a senhora!
CARMÉLIA —— (indignada) Mas o que é isso? Um
complô?! Um complô, dessas duaszinhas
aí?
ESTER —— A senhora me respeite! E o senhor,
seu Bartolomeu, que vexame, que mico.
Se vestir de Sherlock Holmes? Além do
quê, é infantil demais pra um velho
gordo que usa fraldão, que nem o
senhor!
CARMÉLIA CAI NA GARGALHADA, BARTOLOMEU FICA SEM REAÇÃO.
CARMÉLIA —— (rindo) Fraldão, essa boa!
BARTOLOMEU —— (irritado) Ô Carmélia! Você me devia
me defender!
LENINHA —— (sorrindo) Mas é verdade, ele usa
mesmo fraldão, eu até já vi, é da
Pamper's!
NISSO, TODOS COMEÇAM A RIR, MENOS ESTER QUE ESTÁ MUITO SÉRIA.
ESTER —— Vamos parar com o espetáculo de
circo.
BARTOLOMEU —— (p/ Leninha) Sua mexeriqueira! Está
demitida!
10. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 010
LENINHA —— (na lata) Se me demitir, eu vou lá
no SUS denunciar os senhores.
ESTER —— (cutuca) DP, Maria Helena, SUS é
hospital!
LENINHA —— Pois então, pra mostrar as marcas
das vassouradas que a dona Carmélia me
deu!
CARMÉLIA —— (alto) Tá bom! Tá bom, tá bom, tá
bom! Nós “roubou” o cofre!
ESTER —— (corrige) “Nós roubamos”!
LENINHA —— Cê também roubou, é, Ester?
ESTER —— É assim que se diz!
BARTOLOMEU —— Mas dona Ester, se denunciar a
gente, quem vai puxar saco das suas
festas chiques?
ESTER —— Não vou denunciar, não. Mas vou
querer o dinheiro de volta. E vocês
nunca mais, nunca mais vão pisar na
mansão, ouviram bem? Ouviram?!
CARMÉLIA E BARTOLOMEU CABISBAIXO, BALANÇAM A CABEÇA APENAS.
ESTER —— Ótimo. Deem-me o dinheiro!
NENHUM DOS DOIS RESPONDE.
ESTER —— Eu disse: me dá o dinheiro!
NO MAIOR DRAMA, CARMÉLIA ENFIA A MÃO NO SUTIÃ E PUXA UMA
BOLADA DE DINHEIRO ENTREGANDO ASSIM NAS MÃOS DE ESTER.
ESTER —— Eu sei que aqui não está tudo, mas
vocês SÃO POBRES. Fiquem com o resto.
(T) Passar bem!
ESTER VIRA-SE DÁ ALGUNS PASSOS, MAS PARA E TORNA A ENCARAR
CARMÉLIA.
ESTER —— Ah! Se ousarem demitir a Maria
Helena, vão se ver com... ela! E com a
polícia!
LENINHA —— Isso aí!
ESTER VIRA-SE E VAI SAINDO, LENINHA SORRI A TODO TEMPO.
CARMÉLIA E BARTOLOMEU SE ABRAÇAM ARRASADOS.
11. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 011
Corta para:
CENA 7. ESCOLA ESTADUAL DE SP. INT. SALA DIRETORIA. DIA.
LISA CONVERSANDO COM DIRETORA. NA CADEIRA AO LADO MIRELA.
LISA —— (se levanta) Beijou outro garoto?!
DIRETORA —— Isso mesmo. Me parecia um
marginalzinho de rua.
LISA —— (indignada, p/ Mirela) Mirela! Você
é muito nova pra namorar! E lembre-se,
estudos em primeiro lugar!
MIRELA —— É errado namorar, Lisa?! Não
prejudica os estudos/
DIRETORA —— (muxoxa, e se levanta) Se engana.
Namoro prejudica sim os estudos. E sua
irmã que é professora deve saber disso.
(p/ Lisa) Não é?
LISA —— Já tive alguns casos, sim. Diretora
Margarida, talvez não seja o caso de
dar broncas, colocar de castigo ou
suspender. Mirela e eu podemos
conversar numa sala mais reservada?
DIRETORA —— Bom. Sou do contra, mas pode, sim.
Vou levá-los até a sala dos
professores.
LISA —— Muito obrigada.
MIRELA FICA COM CARA AMARRADA.
Corta para:
CENA 8. FACULDADE DE SP. EXT. CAMPUS. DIA.
ÁRVORE. LÁ, CONVERSAM JECA, 1 GAROTO E MAIS 3 GAROTAS.
JECA —— Aí, saquem só... pretendo acabar com
a marra dum cara aí.
GAROTO —— Ah, é, que cara?
GAROTA 2 —— Ah, agora fiquei curiosa!
NESSE INSTANTE, LEANDRO VEM DESCENDO A ESCADA E SAINDO DA
FACULDADE. JECA O AVISTA E APONTANDO DISCRETAMENTE DIZ:
JECA —— (aponta) Aquele.
GAROTA 1 —— O Leandro Almeida? Cara, ele é o
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maior gato da escola, você não vai
prejudicar ele!
JECA —— Quê que é?! Vai defender o bígamo?!
GAROTO —— Na boa, João, você não devia se
meter nisso. Se o cara tá pegando as
duas, ele que se ferra. E ó, também
você tá querendo fazer a linha bom-
moço? Não tá parecendo!
JECA —— Ih... tu gosta dele também, é? Quer
namorar ele? Um momentinho só!
LEANDRO VEM PASSANDO POR ALI, JECA RAPIDAMENTE CORRE E SE
JOGA EM SUA FRENTE.
JECA —— E aí, Leandro Maltaroli!
LEANDRO —— (bufa) Aff... O que você quer, ô,
babaca?!
JECA —— Hum, me chama assim não que eu gamo!
LEANDRO —— Olha só, João, eu sei que você tá
tentando me tirar do sério, só pra eu
te quebrar a cara e ser expulso, não é
isso?! Mas isso não vai acontecer,
porque eu não sou irresponsável feito
você!
JECA —— Ui, ui, ui! Tô morrendo de medo de
você, ô, filho de médico do cacete!
LEANDRO —— Não tem medo? Por quê não parte pra
cima, então?!
JECA —— Porque pretendo quebrar tua cara
sim, mas dum outro jeito!
LEANDRO —— (ri) Você pensa, pensa que me
destrói com palavras, ameaças e tal.
JECA —— Então tá. Continua achando aí, ô,
mauriçola. Enquanto isso, eu vou me
divertindo e muito. E... abre teu olho.
JECA VIRA-SE E SAI. LEANDRO FICA AFLITO, COM A PULGA ATRÁS DA
ORELHA.
Corta para:
CENA 9. ESCOLA ESTADUAL. INT. SALA PROFESSORES. DIA.
LISA E MIRELA SENTADAS à MESA, FRENTE A FRENTE. MIRELA
CABISBAIXO.
13. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 013
LISA —— Vamo lá. Mirela, comece me contando
quem era o garoto que você estava
beijando. Eu quero saber e quero saber
de tudo.
MIRELA —— Mas Lisa, eu não posso/
LISA —— (corta) Claro que pode! Você tem a
obrigação de me contar, Mirela.
MIRELA —— (bufa, mentindo) Ai... era o …
Márcio.
LISA —— Márcio? E quem é esse Márcio?!
MIRELA —— Um colega, Lisa, um colega.
LISA —— Tá, ele é um colega, mas quem? Onde
mora, com quem mora, estuda, não
estuda?
MIRELA —— Ai! Eu não fiz um dossiê do coitado,
não, tá?
LISA —— Ai, que decepção.
MIRELA —— Ai, Lisa. Foi um beijo, um inocente
beijo.
LISA —— Tá, um beijo. Mas é no beijo que
começa, Mirela. Depois vocês... vocês
começam a namorar, você engravida e
termina por interromper os estudos.
Quer isso pra sua vida?
MIRELA —— Claro que eu não quero. (se levanta)
Tá bom, você veio, me deu o sermão.
Pode ir, tá?
LISA —— Nada disso! Senta aí que eu quero te
contar uma história.
MIRELA BUFA E IGNORANDO LISA SE SENTA.
LISA —— Olha... quando a mamãe Joana tinha
sua idade, um pouco mais velha, 17 pra
fazer 18, conheceu o papai, o Cleiton.
MIRELA —— E daí? Pra que tá me contando isso?
LISA —— Deixa eu terminar. Eles começaram a
namorar nessa época, quando ainda
estudavam. Num dia, tava caindo uma
chuva terrível! Tão terrível, que a
mamãe e o papai, que estavam perto duma
fazenda tiveram que passar a noite por
lá mesmo.
MIRELA —— E...? O que demais tem nisso?
LISA —— Tem que foi nessa noite que a mamãe
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engravidou! Sem o consentimento dum
adulto, eles acabaram transando. Tá,
não posso dizer que foi uma coisa
terrivel, porque foi assim que eu
nasci. No mínimo foi irresponsabilidade
deles.
MIRELA —— Tá, mas no que isso me ajuda?
LISA —— Isso te alerta! Ambos, papai e a
mamãe tiveram que parar de estudar e
começar a trabalhar na roça. Você
quer isso pra você?
MIRELA —— Claro que não quero. Mas também é
drama da sua parte. Hoje em dia dá pra
conciliar trabalho e estudo
normalmente.
LISA —— Com um filho na barriga dá? Será,
Mirela?
MIRELA —— Nossa, falando assim até parece que
eu tô grávida.
LISA —— Graças a Deus, não está! (se
levanta) Olha, eu tenho que voltar pra
escola, deixei minha classe toda sob o
comando da inspetora.
MIRELA —— Tá.
LISA —— Por sorte, eu implorei pra que a
diretora não te suspendesse. Fica bem,
e pense nisso. Beijo.
LISA DÁ UM BEIJO EM MIRELA E VAI SAINDO. CAM FOCA MIRELA
PENSATIVA, ABALADA.
Corta para:
CENA 10. FAVELA. BARRACO RAQUEL. INT. SALA. CONTINUIDADE.
Continuação da Cena 5. RAQUEL E NÉIA.
RAQUEL —— (se levanta, pálida) Espera! Eu não
tenho direito de te contar.
NÉIA —— Como não? Eu sei que alguma coisa
está errada nessa história. Você disse
que só conhecia a Ester de vista, mas/
RAQUEL —— “Mas” nada! Olha, já conversamos
demais! Faz favor, eu preciso ir pra
igreja. Dá licença!
NÉIA —— (se levanta) Tudo bem! (séria) Mas
15. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 015 PÁGINA 015
saiba... é melhor ter uma aliada do que
uma inimiga. E uma inimiga que
investiga.
NÉIA ENCARA RAQUEL E VAI SAINDO, BATENDO A PORTA EM SEGUIDA.
RAQUEL FICA TRANSTORNADA. CORRE E PEGA A CAIXA DE JOIAS
ASSUSTADA.
RAQUEL —— Meu Deus! Ela reconheceu a caixa que
sumiu da mansão! E se ela resolve me
denunciar?
RAQUEL FICA AFLITA, AGARRADA À CAIXA DE JOIAS.
Corta para:
FIM DO CAPÍTULO.