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APOSTILA
LÍNGUA PORTUGUESA
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Compreensão, Interpretação e reescritura de textos com domínio das relações morfossintáticas semânticas
e discursivas.
Texto
A palavra texto vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a
idéia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um
todo inter-relacionado, um todo coeso e coerente.
Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a
identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua
por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna-se,
assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências a que
ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do
autor diante de uma temática qualquer.
Denotação e Conotação
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e significado, por
esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante +
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real.
Já a conotação é um sentido que só advém à palavra numa dada situação figurada, fantasiosa e que, para
sua compreensão, depende do contexto.
Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e
significado.
Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o
espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores.
Ainda com base no signo lingüístico, encontra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significações).
Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um
sentido fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua significação através de expressões que lhe
completem e esclareçam o sentido.
Como Ler e Entender Bem um Texto
O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas quais tem necessidade de se comunicar, de
estabelecer relações dos mais variados tipos, de obter deles reações ou comportamentos, interagindo
socialmente por meio do seu discurso.
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa.
A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura,
extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a
interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar
uma palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória
visual, favorecendo o entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser
a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como
pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros
textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos
momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem
dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais
marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que
responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à
pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa
mais completa.
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base
de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A
descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida
no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor, desta
maneira a resposta será mais consciente e segura.
TEXTO LITERÁRIO
Conotação Figurado, subjetivo Pessoal
TEXTO NÃO-LITERÁRIO
Denotação Claro, objetivo Informativo
TIPOS DE COMPOSIÇÃO
1. Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação
de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar
aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos,
mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é
muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas.
2. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos
constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue
da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.
A Narração envolve:
I) Quem? Personagem;
II) Quê? Fatos, enredo;
III) Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
IV) Onde? O lugar da ocorrência;
V) Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;
VI) Por quê? A causa dos acontecimentos.
3. Dissertação: dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em
argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é
necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a
fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Instruções Gerais
Em primeiro lugar, você deve ter em mente que interpretação de textos em testes de múltipla escolha
pressupõe armadilhas da banca. Isso significa dizer que as questões são montadas de modo a induzir o
incauto e sofrido concursando ao erro. Nesse sentido, é importante observar os comandos da questão (de
acordo com o texto, conforme o texto, segundo o autor...). Se forem esses os comandos, você deve-se
limitar à realidade do texto. Muitas vezes, as alternativas extrapolam as verdades do texto; ou ainda
diminuem essas mesmas verdades; ou fazem afirmações que nem de longe estão no texto.
Exemplo de Editorial
Em 1952, inspirado nas descrições do viajante Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias de
canibalismo de índios brasileiros. São documentos de alto valor histórico (...)
Porém não podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob influência do Renascimento, mitigou a
violência antropofágica com imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e corpos esbeltos de
europeus. As índias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês Rubens.
No século XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, rudes e nada
idealizadas, Portinari evitou o ângulo do colonizador e procurou não fazer julgamentos. A Antropologia
persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade
desconcertante.
Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo é uma experiência simbólica e transcendental - jamais
alimentar.
Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam pedaços dos corpos dos seus mortos. Ainda hoje, os ianomâmis
misturam as cinzas dos amigos no purê de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que,
na antropofagia que chegou ao século XX, o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a
alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar toda a história a você, pretende superar os olhares
preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas
indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos.
É sagrado.
(adaptado de: Superinteressante, agosto, 1997, p.4)
Questão 15 da prova de 98
Considere as seguintes informações sobre o texto:
I - Segundo o próprio autor do texto, a revista tem como único objetivo tornar o leitor mais informado acerca
da história dos índios brasileiros.
II - Este texto introduz um artigo jornalístico sobre o canibalismo entre índios brasileiros.
III - Um dos principais assuntos do texto é a história da arte no Brasil.
Quais são corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e III
e) Apenas II e III
Resposta correta: B
Comentários:
A afirmação I usa a palavra único, e você deve ter muito cuidado com essa palavrinha, geralmente ela traz
uma armadilha. A afirmação reduz o texto, que vai bem além de ter como único objetivo informar sobre a
história dos índios. Aliás, não é a história dos índios, mas sim da antropofagia deles.
A afirmação III está erradíssima, pois a história da arte está longe de ser um dos assuntos principais do
texto.
Essas afirmações da banca merecem algumas observações. Em primeiro lugar, a afirmação I diz: "Segundo
o próprio autor do texto". Mas quem é esse autor, tendo em vista que se trata de editorial? Não há um autor
expresso. A afirmação II, considerada como certa, traz uma imprecisão. O texto não introduz um artigo
jornalístico. Como vimos, artigo é bem diferente. O editorial introduz matéria ou reportagem, nunca um
artigo. Percebe-se aqui que os professores que elaboraram o texto desconhecem a tipologia e a
nomenclatura textual do moderno jornalismo.
Testes
Vamos aproveitar alguns textos de provas de vestibulares, para formularmos algumas questões bem
emblemáticas em relação à interpretação de textos.
Questão 1
Qual das alternativas abaixo é a correta:
No Brasil colonial, os portugueses e suas autoridades evitaram a concentração de escravos de uma mesma
etnia nas propriedades e nos navios negreiros.
A) Os portugueses impediram totalmente a concentração de escravos de mesma etnia nas propriedades e
nos navios negreiros.
Essa política, a multiplicidade lingüística dos negros e as hostilidades recíprocas que trouxeram da África
dificultaram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano, incluindo-se aí a
preservação das línguas.
B) A política dos portugueses foi ineficiente, pois apenas a multiplicidade cultural dos negros, de fato,
impediu a formação de núcleos solidários.
Os negros, porém, ao longo de todo o período colonial, tentaram superar a diversidade de culturas que os
dividia, juntando fragmentos das mesmas mediante procedimentos diversos, entre eles a formação de
quilombos e a realização de batuques e calundus. (...)
C) A única forma que os negros encontraram para impedir essa ação dos portugueses foi formando
quilombos e realizando batuques e calundus.
As autoridades procuraram evitar a formação desses núcleos solidários, quer destruindo os quilombos, que
causavam pavor aos agentes da Coroa - e, de resto, aos proprietários de escravos em geral -, quer
reprimindo os batuques e os calundus promovidos pelos negros. Sob a identidade cultural, poderiam gerar
uma consciência danosa para a ordem colonial. Por isso, capitães-do-mato, o Juízo Eclesiástico e, com
menos empenho, a Inquisição foram colocados em seu encalço.
D) A Inquisição não se empenhou em reprimir a cultura dos negros, porque estava ocupada com ações
maiores.
Porém alguns senhores aceitaram as práticas culturais africanas - e indígenas - como um mal necessário à
manutenção dos escravos. Pelo imperativo de convertê-los ao catolicismo, ainda, alguns clérigos
aprenderam as línguas africanas, como um jesuíta na Bahia e o padre Vieira, ambos no Seiscentos. Outras
pessoas, por se envolverem no tráfico negreiro ou viverem na África - como Matias Moreira, residente em
Angola no final do Quinhentos -, devem igualmente ter-se familiarizado com as línguas dos negros.
E) Apesar do empenho dos portugueses, a cultura africana teve penetração entre alguns senhores e entre
alguns clérigos. Cada um, é bem verdade, tinha objetivos específicos para tanto.
(Adaptado de: VILLALTA, Luiz Carlos. O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura. In: MELLO e
SOUZA. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997. V1. P.341-342.)
Resposta
A) Observe o advérbio totalmente. Além disso, o texto usa o verbo evitar, a afirmação utiliza impedir. Eles
são semanticamente bem distintos. Logo, a afirmação exagera, extrapola o texto. Cuidado com os
advérbios.
B) A afirmativa b diz apenas a multiplicidade cultural dos negros. No texto, foram a multiplicidade e as
hostilidades recíprocas. Portanto, a afirmativa b reduz a verdade do texto.
C) Na afirmativa, há a expressão a única forma, e o texto usa entre eles. Novamente, temos uma redução,
uma diminuição da verdade textual.
D) O texto não explica a falta de empenho da Inquisição, dessa maneira a afirmação não está no texto.
Trata-se de um acréscimo à realidade textual.
E) Resposta Correta.
Questão 2
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta de acordo com o texto.
A) Sendo a cultura negra um mal necessário para a manutenção dos escravos, sua eliminação foi um erro
das autoridades coloniais portuguesas.
B) Os religiosos eram autoritários, obrigando os escravos negros a se converterem ao catolicismo europeu e
a abandonarem sua religião de origem.
C) As autoridades portuguesas conduziam a política escravagista de modo que africanos de uma mesma
origem não permanecessem juntos.
D) As línguas africanas foram eliminadas no Brasil colonial, tendo os escravos preservado apenas alguns
traços culturais, como sua religião.
E) A identidade cultural africana, representada pelos batuques e calundus, causava danos às pessoas de
origem européia.
Resposta
A) O texto não classifica como erro das autoridades coloniais. Essa é uma inferência que o leitor poderá
fazer por sua conta e risco.
B) O autoritarismo era dos proprietários de escravos e das autoridades. Busca-se aqui confundir o aluno
dizendo que era o autoritarismo dos religiosos. Há uma troca, uma inversão das afirmações do texto.
C) Resposta Correta: Essa afirmação está no texto.
D) A afirmação contradiz o que está no texto. As línguas africanas foram, inclusive, aprendidas por alguns
clérigos.
E) A afirmação exagera a verdade textual. O autor não chega a tanto. Se você chegar a essa conclusão é
por sua conta e risco.
Questão 03
Marque a alternativa correta, segundo o texto
O avanço do conhecimento é normalmente concebido como um processo linear, inexorável, em que as
descobertas são aclamadas tão logo venham à luz, e no qual as novas teorias se impõem com base na
evidência racional. Afastados os entraves da religião desde o século 17, o conhecimento vem florescendo
de maneira livre, contínua.
A) O avanço do conhecimento sempre será por um processo linear, do contrário não será avanço.
Um pequeno livro agora publicado no Brasil mostra que nem sempre é assim. Escrito na juventude (1924)
pelo romancista francês Louis-Ferdinand Céline, A Vida e a Obra de Semmelweis relata aquele que é um
dos episódios mais lúgubres no crônica da estupidez humana e talvez a pior mancha na história da
medicina.
B) O episódio de Semmelweis é indiscutivelmente a pior mancha na história da medicina.
C) O livro de Céline prova que nem sempre a racionalidade preponderava no cientificismo.
Ignác Semmelweis foi o descobridor da assepsia. Médico húngaro trabalhando num hospital de Viena,
constatou que a mortalidade entre as parturientes, então um verdadeiro flagelo, era diferente nas duas alas
da maternidade. Numa delas, os partos eram realizados por estudantes; na outra, por parteiras.
Não se conhecia a ação dos microorganismos, e a febre puerperal era atribuída às causas mais
estapafúrdias. Em 1846, um colega de Semmelweis se cortou enquanto dissecava um cadáver, contraiu
uma infecção e morreu. Semmelweis imaginou que o contágio estivesse associado à manipulação de
tecidos nas aulas de anatomia.
Mandou instalar pias na ala dos estudantes e tornou obrigatório lavar as mãos com cloreto de cal. No mês
seguinte, a mortalidade entre as mulheres caiu para 0,2%! Mais incrível é o que aconteceu em seguida. Os
dados de Semmelweis foram desmentidos, ele foi exonerado, e as pias - atribuídas à superstição -,
arrancadas.
D) A ala dos estudantes apresentava menores problemas de contágio.
Nos dez anos seguintes, Semmelweis tentou alertar os médicos em toda a Europa, sem sucesso. A
Academia de Paris rejeitou seu método em 1858. Semmelweis enlouqueceu e foi internado. Em 1865,
invadiu uma sala de dissecação, feriu-se com o bisturi e morreu infeccionado. Pouco depois, Pasteur provou
que ele estava certo.
E) A rejeição aos métodos de Semmelweis ocorreu em função da inveja comum ao meio.
Para o leitor da nossa época, o interessante é que Semmelweis foi vítima de um obscurantismo científico.
Como nota o tradutor italiano no prefácio agregado à edição brasileira, qualquer xamã de alguma cultura
dita primitiva isolaria cadáveres e úteros por meio de rituais de purificação. No científico século 19, isso
parecia crendice.
(Adaptado de: FRIAS FILHO, Otávio. Ciência e superstição. Folha de S. Paulo, São Paulo 30 abril de 1998.)
Vocabulário
Inexorável - inabalável - inflexível
Lúgubre - triste - sombrio - sinistro
Estapafúrdia - extravagante - excêntrico - esdrúxulo -
Obscurantismo - oposição ao conhecimento - política de fazer algo para impedir o esclarecimento das
massas
Resposta
Atente para este texto: trata-se de um artigo jornalístico. Observe como ele atende às características
assinaladas na tipologia textual do jornalismo.
A) Observe que o texto usa o advérbio normalmente, mas a afirmação emprega sempre, mudando a
verdade do texto.
B) Novamente, se compararmos com o texto, veremos que o autor afirma que o episódio talvez seja a pior
mancha da história. Na afirmação, foi usado o advérbio indiscutivelmente acrescido de a pior mancha.
Trata-se de um exagero, um acréscimo à realidade do texto.
C) Resposta Correta: O texto afirma que nem sempre o avanço do conhecimento é um processo linear.
D) A ala dos estudantes apresentava maiores problemas de contágio, pois as pias foram instaladas lá,
justamente para lavar as mãos dos estudantes que trabalhavam na dissecação de cadáveres.
E) A inveja não é abordada pelo texto, portanto trata-se de uma exterioridade. Você, pode achar verdadeiro,
mas a conclusão será pessoal
Questão 04
Com base no texto, assinale a alternativa correta.
A) Em relação aos povos primitivos, a Europa do século passado praticava uma medicina atrasada.
B) A comunidade científica sempre deixa de reconhecer o valor de uma descoberta.
C) A higiene das mãos com cloreto de cal reduziu moderadamente a incidência de febre puerperal.
D) Semmelweis feriu-se com o bisturi infectado porque queria provar a importância de sua descoberta.
E) Ignorar a redução nas estatísticas obituárias resultante da introdução da assepsia foi uma grande
estupidez.
Questão 05
A partir da leitura do texto, é possível concluir que:
A) o livro A Vida e a Obra de Semmelweis recebeu recentemente uma cuidadosa tradução para o italiano.
B) a teoria de Semmelweis foi rejeitada porque propunha a existência de microorganismos, que não podia
ser provada cientificamente.
C) a nacionalidade húngara do médico pode ter sido um empecilho para sua aceitação na Europa do século
passado.
D) Semmelweis foi execrado pelos seus pares porque transformou a assepsia numa obsessão.
E) Semmelweis enlouqueceu em conseqüência da rejeição de sua descoberta.
Questão 04 - Resposta
Instruções:
As questões 4 e 5 devem merecer atenção. Estamos diante de questões de inferências. As alternativas
corretas não estão propriamente no texto, mas poderemos chegar facilmente a elas, ou seja, o autor nos
autoriza a concluir por elas.
A) O autor não classifica de atrasada a medicina européia da época.
B) Novamente o advérbio colocado para trair a atenção do aluno: sempre. Trata-se de um acréscimo, de um
exagero.
C) Não foi moderadamente. De novo o advérbio. Veja como as armadilhas são sempre as mesmas. Se você
as conhecer, ficará bem mais fácil chegar à resposta correta.
D) O texto simplesmente diz que ele se feriu. Não dá as causas.
E) Resposta Correta: Foi de fato uma estupidez. Essa é uma conclusão possível do texto. Observe que o
autor declara: "Mais incrível é o que aconteceu em seguida".
Questão 05 - Resposta
A) O livro foi recentemente publicado no Brasil.
B) Os microorganismos eram desconhecidos à época. Essa alternativa é perigosa, pode confundir o aluno.
C) Não há referência sobre essa afirmação. Os motivos, como já vimos, foram outros.
D) Semmelweis foi execrado por ter sido desmentido e por suas descobertas serem atribuídas à
superstição.
E) Resposta Correta: Pode-se, tranqüilamente chegar a esse conclusão.
Questão 06
Supondo que o leitor não saiba o significado da palavra xamã, o processo mais eficiente para buscar no
próprio texto uma indicação que elucide a dúvida consistirá em
A) considerar que a palavra encontra sua referência na cultura italiana, já que foi empregada pelo tradutor
da obra para o italiano.
B) Observar o contexto sintático em que ela ocorre: depois de pronome indefinido e antes de preposição.
C) Relacionar o seu significado às palavras leitor e prefácio.
D) Relacionar o seu significado às expressões cultura dita primitiva e rituais de purificação.
E) relacionar a palavra a outras que tenham a mesma terminação, como iansã, romã e anã.
Resposta
Todas as provas DE CONCURSOS PÚBLICOS ou VESTIBULARES trazem questões de vocabulário.
Empiricamente, você, candidato, quando não sabe o significado de uma palavra, busca o contexto. Cuidado!
Não é o contexto sintático. Saber se uma palavra exerce a função de sujeito ou de objeto não define o seu
valor semântico. Não confunda semântica com sintaxe. Xamã está no campo de ação de palavras dessa
cultura primitiva. A resposta correta, portanto, é D. Atente para a alternativa E: dá a nítida impressão de bom
humor. A banca também se diverte. O que anã e romã tem em comum com xamã? Gozação.
As questões a seguir estão baseadas no seguinte texto:
01
Lá pela metade do século 21, já não 02
haverá superpopulação humana, como 03
hoje. Os governos de
todo o mundo - 04
presumivelmente, todos democráticos - 05
poderão incentivar as pessoas à reprodu- 06
ção.
E será melhor que o façam com as 07
melhores pessoas. A eugenia humana - 08
isto é, a escolha dos
melhores exemplares 09
para a reprodução, de modo a aprimorar a 10
média da espécie, como já se fez com
ca- 11
valos - encontrará o período ideal para 12
sair da prancheta dos cientistas para a vi- 13
da real. Pessoas
selecionadas por suas 14
características genéticas serão emprega-15
das do estado. O funcionalismo público
te-16
rá uma nova categoria: a dos reprodutores.17
Este exercício de futurologia foi apresen-18
tado
seriamente pelo professor do Institu-19
to de Biociências da USP Osvaldo Frota-20
Pessoa, em palestra no
colóquio Brasil-Ale-21
manha - Ética e Genética, quarta-feira à 22
noite. [...] Nas conferências de segunda e 23
terça, a eugenia foi citada como um perigo 24
das novas tecnologias, uma idéia que não 25
é cientificamente -
e muito menos etica- 26
mente - defensável.
(TEIXEIRA, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. Zero Hora, 6.10.95, p. 5, 2º Caderno)
Questão 07
Considere as seguintes afirmações sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto.
I. O autor do texto é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico,
como indica o primeiro parágrafo.
II. O autor trata as idéias do professor Osvaldo Frota-Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da
palavra seriamente na linha 18.
III. Ao relatar posições contraditórias por parte dos cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela
que esta é uma concepção controversa.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
Questão 08
Assinale a alternativa que está de acordo com o texto.
A) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é
considerado excessivo.
B) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a
reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial.
C) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota-
Pessoa é a futurologia.
D) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética.
E) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma
oportunidade de trabalho apenas para homens.
Questão 09
Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana:
I. O uso restritivo da palavra humana (linha 07), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 07) não se
refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie.
II. Pelos princípios expostos no texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos
quais será feita a seleção dos melhores exemplares.
III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
Questão 07 - Resposta
Normalmente em provas de Concursos e Vestibulares é solicitado do concursando este tipo de informação:
saber de quem é a opinião. Muitas vezes, como é este o caso, o autor apenas expressa o ponto de vista de
outra pessoa.
A resposta correta é D.
Questão 08 - Resposta
A) Resposta Correta: Hoje existe superpopulação.
B) A causa da queda da população não foi revelada no texto.
C) Esta conclusão é falsa. O tal professor fez apenas um exercício de futurologia. Novamente a banca tenta
iludir e confundir você. Cuidado!
D) Aqui temos uma troca: o maior perigo das novas tecnologias não é a ética, mas sim a eugenia.
E) Em absoluto o texto afirma que são os homens: aborda as pessoas em geral. Além disso, também não
faz afirmações sobre o mercado de trabalho.
Questão 09 - Resposta
O uso restritivo de humana diz exatamente isto: humana. Logo, não se estende a outras espécies.
Resposta Correta: D
Texto
O peso original volta depois das dietas 01
O corpo humano, mesmo submetido 02
ao sacrifício de uma dieta
alimentar 03
rígida, tem tendência a voltar ao peso 04
inicial determinado por um equilíbrio 05
interno, segundo
recente estudo reali- 06
zado por cientistas norte-americanos. 07
Depois do aumento de alguns quilos 08
supérfluos, o metabolismo buscará 09
eliminar o peso excessivo. 10
O corpo dispõe de um equilíbrio que 11
tenta manter seu peso em um nível 12
constante, que varia em função de 13
cada indivíduo. O estudo sugere
que 14
conservar o peso do corpo é um fenô- 15
meno biológico, não apenas uma ati- 16
vidade voluntária. O
corpo ajusta seu 17
metabolismo em resposta a aumentos 18
ou perdas de peso. Dessa forma, 19
depois de
cada dieta restrita, o metabo- 20
lismo queimará menos calorias do que 21
antes. Uma pessoa que perdeu
recente- 22
mente pouco peso vai consumir menos 23
calorias que uma pessoa do mesmo 24
peso que
sempre foi magra. A pesquisa 25
conclui que emagrecer não é impossí- 26
vel, mas muito difícil e requer o
consu- 27
mo do número exato de calorias quei- 28
madas. Ou seja, uma alimentação mo- 29
derada e uma
atividade física estável a 30
longo prazo.
(Zero Hora, encarte VIDA, 06/05/1995)
Questão 10
Segundo o texto, é correto afirmar:
A) Uma dieta alimentar rígida determina o equilíbrio interno do peso corpóreo.
B) O equilíbrio interno é um fenômeno biológico.
C) Conservar o peso não depende somente da vontade individual.
D) O ajuste de peso significa queima de calorias.
E) O número exato de calorias queimadas vincula-se a uma dieta.
Questão 11
Das opções abaixo, todas podem substituir, sem prejuízo ao texto, a palavra rígida (l. 03),
A) menos rigorosa
B) austera
C) severa
D) íntegra
E) séria
Questão 10 - Resposta
Antes de mais nada, observe que o texto é um editorial de um caderno de Zero Hora. Portanto, não há um
autor em especial declarado.
A) O texto busca exatamente mostrar o contrário.
B) Conservar o peso é um fenômeno biológico. Temos, de novo, uma inversão com o objetivo de confundir
o aluno.
C) Resposta Correta: Existem outros fatores.
D) Essa afirmação não está no texto.
E) O número exato de calorias queimadas depende de outros fatores.
Questão 11- Resposta
Esse tipo de questão é muito comum: ele propõe a substituição de palavras. Em alguns Concursos ou
Vestibulares, em vez de uma, aparecem três palavras, tornando o exercício mais trabalhoso. A palavra
rígida só não pode ser substituída por íntegra, que vem de integridade, honestidade.
CRITÉRIOS PARA UMA BOA PRODUÇÃO DE TEXTOS
O que observar ?
I - Quanto ao aspecto estético;
- legibilidade da letra;
- travessão;
- paragrafação;
- ausência de rasuras
II - Quanto ao aspecto gramatical:
- Ortografia;
- Acentuação;
- Concordância;
- Pontuação;
- Colocação pronominal;
- Regência Verbal.
III- Quanto ao aspecto estilístico :
- Repetição de palavras;
- Frases longas. Emprego de palavras desnecessárias ;
- Uso inadequado do pronome onde;
- Uso de adjetivos inexpressivos. Presença de elementos da língua falada (oralidade);
- Emprego repetitivo das palavras que, porque e mas;
- Prolixidade.
IV- Aspecto estrutural
Na narrativa
- Presença de um conflito básico ou de uma idéia central, seqüência lógica - temporal.
- Seqüência entre as idéias.
- Presença de aspectos pertinentes à idéia (conflito) central.
- Mundo interior da personagem (o que ela pensa e sente).
- Seleção das falas da personagem.
- Caracterização física e/ ou psicológica da personagem.
- Criação do suspense.
- Desfecho, Coerência do foco narrativo.
- Coerência entre os fatos apresentados.
Na descrição
- Descrição das personagem (s) com características físicas e psicológicas.
Seleção dos detalhes com uma idéia básica.
Na dissertação
- Seleção dos argumentos.
- Análise de efeitos argumentativos de um recurso expressivo.
- A Tese.
- Desenvolvimento da análise de um problema.
- Esquema de argumentação.
I - NARRAÇÃO
A narração se caracteriza, essencialmente, pelo dinâmico, pela ação. Sempre é realizada sobre fatos de
caráter dinâmico, onde o verbo predomina.
É o relato das circunstâncias de um fato. Todo relato de fatos envolve: - -
- um narrador na 1° ou 3° pessoa;
- apresentação dos fatos em ordem cronológica ou de importância das circunstâncias que o envolveram.
A caracterização é a fala dos personagens.
O narrador é aquele através do qual a história nos chega; por isso, acaba por impor condições para o
desenvolvimento dos demais elementos narrativos. Sabemos que, por exemplo, um narrador-personagem
(aquele que narra em primeira pessoa e está, de alguma maneira, envolvido na história que conta) não tem,
a princípio, acesso ao mundo interior das outras personagens, não possui um conhecimento pleno sobre a
totalidade dos seres que participam de sua história . Se por acaso, um narrador personagem passar mais
informações que as possíveis para o seu "foco", o leitor pode, imediatamente, desconfiar da veracidade do
narrado, questionar o narrador (a não ser que o personagem tenha sido construído como um mentiroso
salafrário...) e, mais ainda, apontar um problema de incoerência textual.
Todo assunto deve ter começo (prólogo), meio (trama) e fim (epílogo).
Quando o narrador está em 1° pessoa ele narra sua própria estória, tornando-se o centro das atenções.
Ex: "Eu quisera ser poeta, Ou compositor de hino, E num linguajar cristalino, Só fazer versos perfeitos,
Porém, eu tenho esse defeito.
Quando o narrador está em 3° pessoa, ele relata a estória de outra pessoa ou coisa, estando
completamente fora da estória, servindo apenas como interlocutor.
Ex: "Os romeiros sobem a ladeira, Cheia de espinhos, cheias de pedras, Sobem a ladeira que levam a
Deus, e vão cantando louvores pelo caminho.".
A ordem dos fatos em toda a estória se desenrola em duas coordenadas: tempo e espaço.
- tempo: pode ser cronológico, quando os fatos são narrados na mesma ordem em que eles se dão no
mundo real e há uma narrativa linear (com/meio/fim); ou psicológico, quando nós nos envolvemos em um
tempo que flui dentro de nós independentemente do relógio. Para a personagem, um minuto pode parecer
uma eternidade ou uma vida eterna pode ser sentida num instante.
Uma outra característica que merece ser destacada é a que diz respeito ao próprio ritmo da narrativa.
Sabemos que os acontecimentos podem ser narrados conforme uma estruturação de temporalidade
seqüencial (os fatos seguem-se uns aos outros , na medida em que aconteceram, ou acontecem) ou
rompendo-se essa estruturação através de flashbacks (retrospectivas) e de flashforwards (antecipações).
- espaço pode ser:
físico; lugar material (externo), onde se passam os fatos: rua, casa, cidade, etc;
social; aglomerado de pessoas com objetivos comuns, ou seja, onde os indivíduos se congregam para fins
sociais: cinema, sala de aula, baile.
Discurso direto e indireto
O discurso direto identifica-se com a fala dos personagens, quando o narrador está falando e transfere suas
falas às personagens, nesse momento as personagens assumem o fio da narrativa. Ocorre a introdução do
verbo dizer e outros sinônimos, e dos sinais específicos de pontuação (:-).
Ex: O menino disse: - Hoje não quero ir à escola.
A mãe retrucou: - Não posso aceitar que você não vá.
No discurso indireto, só o narrador fala pelos personagens. Os sinais de pontuação são trocados pela
conjunção que, conservando-se o verbo dizer ou seus sinônimos.
Ex: O menino disse que não queria ir à escola, a mão retrucou que não poderia aceitar que ele não fosse.
Na passagem do discurso direto para o indireto, os verbos que estão no presente vão para o passado, os
que estão no passado vão para o mais-que-perfeito, "isto aqui" vira "aquilo lá" e "esta" vira "aquela".
Na passagem do indireto para o direto, fazemos o caminho contrário.
Veja alguns exemplos:
Do direto para o indireto:
- A chuva veio logo, disse ele.
Ele disse que a chuva vinha logo.
- Estas memórias vão dar o que falar - admitia esfregando as mãos contentes, ao reler esses lances
inéditos.
Admitia esfregando as mãos contentes, ao reler aqueles lances inéditos, que aquelas memórias iam dar o
que falar.
Do indireto para o direto:
O marido perguntou se Diva queria café no quarto.
O marido perguntou:
- Quer café no quarto, Diva ?
Rodrigo perguntou se tu falaste com o Dr. Brandão.
Rodrigo perguntou:
- Falaste com o Dr. Brandão ?
Policarpo Quaresma me perguntou como ia a família.
Policarpo Quaresma me perguntou:
- Como vai a família ?
Verbos de elocução
Observe o verbo grifado:
O pai chamou Carlinhos e perguntou:
- Quem quebrou o vidro, meu filho ?
Observe :
A . O pedreiro disse que estava à disposição.
B . O pedreiro disse: Estou à disposição.
Transformamos:
A - discurso indireto em B - discurso direto . Faça o mesmo:
Observe:
A . Intrigado o pai perguntou ao filho:
Você viu ontem uma carteira em cima desta mesa ?
B . Intrigado, o pai perguntou ao filho se ele vira, no dia anterior, uma carteira em cima daquela mesa.
Transformamos: A - discurso direto em B - discurso indireto.
O narrador empregou o verbo perguntar para indicar a personagem a que pertence a fala. Denomina-se
verbo de elocução (verbos dicendi).
Veja agora uma relação dos principais verbos de elocução:
dizer (afirmar, declarar) exclamar (gritar, bradar)
perguntar (indagar, interrogar) pedir (solicitar, rogar)
responder ( retrucar, replicar) exortar (aconselhar)
contestar (negar, objetar) ordenar (mandar, determinar)
Além desses verbos de sentido geral, existem outros, mais amplos.. Veja alguns:
sussurar,
murmurar,
balbuciar,
cochichar,
segredar,
esclarecer,
sugerir,
soluçar,
comentar,
propor,
convidar,
cumprimentar,
repetir,
estranhar,
insistir,
prosseguir,
continuar,
ajuntar,
acrescentar,
concordar,
consentir,
anuir,
intervir,
repetir,
rosnar,
berrar,
protestar,
contrapor,
desculpar,
justificar-se,
suspirar,
rir,
etc.
Pontuação no discurso direto
A fala da personagem, no discurso direto, deve vir disposta em parágrafo e introduzida por travessão.
Virou-se para o pai e aconselhou:
Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado.
Os verbos de elocução são pontuados de acordo com sua posição.
1a
posição
- antes da fala - separa-se por dois pontos :
O pai chamou Pedrinho e perguntou :Quem quebrou o vidro, meu filho ?
2a
posição
- depois da fala - separa-se por travessão ou vírgula :
Agora você se chama Teresinha, disse me beijando a face.
Agora você se chama Teresinha - disse me beijando a face.
3a
posição
- no meio da fala - separa-se por travessão ou vírgula:
A Sociedade - afirmava Simão - tem obrigação de fazer o enterro.
Nesse dia , observou Luís Garcia sorrindo levemente, há de ser tão sincera como hoje.
(Machado de Assis)
Numa narrativa, nem sempre os verbos de elocução estão expressos. Costuma-se omiti-los principalmente
em falas curtas ou para traduzir tensão psicológica das personagens.
Utilização do discurso direto na produção de um texto.
Seleção das falas mais significativas, isto é, as falas pertinentes ao conflito básico vivido pelas personagens.
Não se deve ter a pretensão de retratar fielmente a realidade, relatando tudo o que as personagens
poderiam ter dito.
Adequação das falas ao nível cultural das personagens e principalmente ao registro lingüístico.
Discurso indireto
Estabelece-se o discurso indireto, quando o narrador, em vez de deixar a personagem falar, reproduz com
suas palavras o que foi dito, Exemplo:
Chamou um moleque e bradou-lhe que fosse à casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não
estivesse em casa, perguntasse onde podia ser encontrado(...)
( Machado de Assis)
Se o narrador reproduzisse diretamente a fala da personagem, a construção do texto seria assim:
Chamou um moleque e bradou-lhe :
Vá a casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não estiver em casa, pergunte onde pode ser
encontrado.
No discurso indireto, também podem estar presentes verbos dicendi, mas seguidos de orações
substantivas, geralmente iniciadas com a conjunção que ou se.
Na passagem do discurso direto para o indireto ou vice-versa, importa observar algumas transformações
importantes:
discurso direto: primeira pessoa
Eles perguntaram : - O que devemos fazer ?
1) Discurso indireto: terceira pessoa
2) Eles perguntaram o que deviam fazer.
discurso direto: imperativo
O professor ordenou: - Façam o exercício !
1) Discurso indireto: pretérito imperfeito do subjuntivo
2) O professor ordenou que fizéssemos o exercício.
discurso direto: futuro do presente
A enfermeira explicou: - Com o medicamento, a criança dormirá calmamente
discurso indireto: futuro do pretérito
A enfermeira explicou que, com o medicamento, a criança dormiria calmamente.
discurso direto: presente do indicativo
Ela me perguntou : - A quem devo entregar o trabalho ?
1) Discurso indireto : pretérito imperfeito do indicativo
2) Ela me perguntou a quem devia entregar o trabalho.
discurso direto: pretérito perfeito
Ele disse : - Estive na escola e falei com o diretor.
Discurso indireto: pretérito mais-que-perfeito
Ele disse que estivera na escola e falara com o diretor.
Discurso indireto livre
Às vezes, no entanto, as falas do narrador e da personagem parecem confundir-se numa só, sem que se
saiba claramente a quem elas pertencem, Trata-se, neste caso, do discurso indireto livre. Observe, por
exemplo, esta passagem de Graciliano Ramos, extraída do romance Vidas secas:
O suor umedeceu-lhe as mãos duras. Então ? Suando com medo de uma peste que se escondia
tremendo ?
Note que a primeira frase pertence ao narrador, porém as interrogações são da personagem; entretanto,
não há indicações dessa mudança através de verbos dicendi, o que exclui também as conjunções
integrantes. Assim, a narrativa se torna mais fluente, aproximando mais narrador e personagem.
Monólogo
O monólogo, constitui, fundamentalmente, o registro das divagações interiores. Pode ser uma narrativa ou
um simples relato, o qual pode ter a forma de um acontecimento determinado ou de análise do
acontecimento, das relações lógicas ou causais aí implicadas.
O monólogo é sempre, apesar do termo, uma linguagem dirigida a um interlocutor vivo; as reações deste
permitem a correção no curso da alocução. Em alguns casos, o monólogo pode passar a ser uma forma
encoberta de linguagem coloquial e ser regulada de fora. As duas formas também possuem, além dos
meios de codificação verbais, uma série de elementos expressivos complementares ou
"marcadores"(prosódicos, mímica e gestos expressivos), que pontuam diferentemente recursos sintáticos
que podem ser semelhantes ou idênticos. Além disto, as duas formas permitem, em certa medida, que a
estrutura gramatical da enunciação fique incompleta (elipse), de tal forma que o monólogo se aproxime
estruturalmente do diálogo.
O texto apresenta o registro de um monólogo do narrador-personagem. Leia-o atentamente.
Alguns dias depois achava-me no banheiro, nu, fumando, fantasiando maluqueiras, o que sempre me
acontece. Fico assim duas horas, sentado no cimento. Tomo uma xícara de café às seis horas e entro no
banheiro. Saio às oito. Visto-me à pressa e corro para a repartição. Enquanto estou ali fumando, nu, as
pernas estiradas, dão-se grandes revoluções na minha vida. Faço um livro notável, um romance. Os jornais
gritam, uns me atacam, outros me defendem. O diretor olha-me com raiva, mas sei perfeitamente que aquilo
é ciúme e não me incomodo. Vou crescer muito. Quando o homem me repreender por causa da informação
errada, compreenderei que se zanga porque o meu livro é comentado nas cidades grandes. E ouvirei as
censuras resignado. Um sujeito me dirá:
Meus parabéns, seu Silva. O senhor escreveu uma obra excelente. Está aqui a opinião dos críticos.
Muito obrigado, doutor.
Abro a torneira, molho os pés. Às vezes passo uma semana compondo esse livro que vai ter grande êxito e
acaba traduzido em línguas distantes. Mas isto me enerva. Ando no mundo da lua . Quando saio de casa,
não vejo os conhecidos. Chego atrasado à repartição. Escrevo omitindo palavras, e se alguém me fala,
acontece-me responder verdadeiros contra-sensos. Para limitar-me às práticas ordinárias, necessito esforço
enorme, e isto é doloroso. Não consigo voltar a ser o Luís da Silva de todos os dias. Olham-me
surpreendidos: naturalmente digo tolices, sinto que tenho um ar apalermado. Tento reprimir estas crises de
megalomania, luto desesperadamente para afastá-las. Não me dão prazer: excitam-me e abatem-me.
Felizmente passam-se meses sem que isto me apareça.
De ordinário fico no banheiro, sentado, sem pensar, ou pensando em muitas coisas diversas umas das
outras, com os pés na água, fumando, perfeitamente Luís da Silva. Uma formiga que surge traz-me
quantidade enorme de recordações, tudo quanto li em almanaques sobre insetos. Agora não há nenhum
livro traduzido, nenhuma vaidade. Olho a formiga. Quando ela vai entrar no formigueiro, trago-a para perto
de mim, faço no chão um círculo com o dedo molhado, deixo-a numa ilha, sem poder escapulir-se. Observo-
a e penso nos costumes dela, que vi nos almanaques.
Graciliano Ramos. Angústia.
II - DESCRIÇÃO
O ato de descrever requer alguns fatores básicos, como: percepção, análise, classificação. Descrever é
traduzir em palavras, minuciosamente, um determinado objeto. A natureza da descrição é estática. Não se
faz à base da ação, mas sim à base do estado do objeto. Todo o trabalho descritivo deve ser precedido de
um levantamento de dados por parte do observador do objeto.
Pode ser definida também como a definição de um objeto ou pessoa, através da exploração dos aspectos
que caracterizam esse objeto ou pessoa.
Ex: " ... um cara gordo, bem gordo, com a barriga saindo fora da cinta, paletozão largo, chapéu, e um
revólver pequeno no coldre ... ".
Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com
um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o
português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que
tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido;
mas ambos corajosos.
Nesse texto, extraído do romance O cortiço, Aluísio Azevedo selecionou determinados detalhes das
personagens suficientes para caracterizar e sugerir ao leitor a força bruta de Jerônimo e a agilidade de
Firmo. As demais características físicas que compõem essas personagens (olhos, rosto, cabelo, peito,
pernas, etc.) são articuladas pela imaginação do leitor. Podemos dizer que o autor, diante da realidade física
ou psicológica que está sendo descrita, coloca apenas as peças fundamentais de um quebra-cabeça,
deixando as demais peças para serem preenchidas pela imaginação do leitor.
A descrição como enriquecimento da narração
A descrição constitui um excelente recurso a ser utilizado dentro de um texto narrativo. Podemos dizer
inclusive que será ela a responsável pela vitalidade e expressividade da narrativa. Ela consegue criar toda a
atmosfera dramática e afetiva do texto e é através dela que o narrador penetra na alma da personagem.
Observe, no texto seguinte, a presença da descrição dentro da narrativa.
Maria Irma escutou-me , séria. A boquinha era quase linear; os olhos tinham fundo, fogo, luz e
mistério, e tonteava-me ainda mais o negrume encapelado dos cabelos. Quando eu ia repetir meu amor
pela terceira vez, ela, com voz tênue como cascata de orvalho, de folha em flor e flor em folha, respondeu-
me:
- Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo
acreditar...
Guimarães Rosa, Minha gente
Esse trecho perderá toda a atmosfera psicológica se omitirmos os trechos descritivos:
Maria Irma escutou-me. Quando eu ia repetir meu amor pela terceira vez, ela respondeu-me:
- Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo
acreditar...
1- Fornecemos, a seguir, alguns trechos descritivos.
Com base nos aspectos selecionados pelo autor, informe qual a impressão básica que cada um deles
transmite:
(1) beleza (3) ironia (5) bisbilhotice
(2) sensualidade (4) introspecção
a) Mas a repolhuda moça não se conformava com aquela desgraça. Vivia triste. As banhas cresciam-lhe
cada vez mais; estava vermelha; cansava por cinco passos. Era um desgosto sério! Recorria a vinagre;
dava-se a longos exercícios pela varanda; mas qual ! - as enxúndias aumentavam sempre. Lindoca
estava cada vez mais redonda, mais boleada; estremecia cada vez mais com o seu peso; os olhos
desapareciam-lhe na abundância das bochechas; o seu nariz parecia um lombinho; as suas costas,
uma almofada. Bufava."
Aluísio Azevedo, O mulato.
b) Olívia era atraente, tinha uns olhos quentes, uma boca vermelha de lábios cheios.
Érico Veríssimo, Olhai os lírios do campo.
c) Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de
nós. Cinqüenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte
elegante e maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros,
espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se
estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo que ela olhava só,
ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para dentro de si, porque deixava cair
as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma
e a vida dos outros.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
d) As senhoras casadas eram bonitas; a mesma solteira não devia ter sido feia, aos vinte e cinco anos; mas
Sofia primava entre todas elas.
Não seria tudo o que o nosso amigo sentia, mas era muito. Era daquela casta de mulheres que o
tempo, como um escultor vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos dias. Essas
esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e
sete; era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se não quisesse prolongar
ainda o trabalho, por dois ou três anos.
Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro, quando o nosso Rubião falava com a
Palha, e eles iam sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já não sublinham nada;
compõem logo as cousas, por si mesmos, em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são
capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos, braços, são melhores, e ela ainda os faz
ótimos por meio de atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde suportar, - cousa
que o próprio Rubião achou a princípio que destoava do resto da cara, - o excesso de sobrancelhas, -
isso mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto mui particular.
Traja bem; comprime a cintura e o tronco no corpinho de lã fina cor de castanha, obra simples, e traz
nas orelhas duas pérolas verdadeiras - mimo que o nosso Rubião lhe deu pela Páscoa.
Machado de Assis, Quincas Borba
e) Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase magestosa em que se
movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se
espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma jóia. Ela.
Clarice Lispector, Laços de família.
2- Destaque, no texto abaixo, as passagens descritivas.
a) Inesperadamente reaparece o Silvino muito branco, com as suíças mais pretas, pelo contraste do medo.
Raul Pompéia, O Ateneu
b) Fechei-me no quarto. Pela janela aberta entrava um cheiro de mato misantropo. Debrucei-me.
Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro, que riscou um
psiu de luz.
Guimarães Rosa, Sagarana
c) Sentada em uma mesa, a velha cafetina. Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes
moles.
Leonor Maria A . de Carvalho, aluna
d) Vieram tomar o menino da Senhora. Séria, mãe, moça dos olhos grandes, nem sequer era formosa; o
filho, abaixo de ano, requeria seus afagos. Não deviam cumprir essa ação, para o marido, homem
forçoso. Ela procedera mal, ele estava do lado da honra.
Guimarães Rosa, Tutaméia.
e) Enfim, num morrer de mês, voltei ao São Martinho. Entrei modificado, sério, de poucas falas. Evitei falar
com Dona Lúcia. Foi até bom que Naninha mostrasse interesse por mim. Moça limpa, sem um dedal de
pecado. Se a mulher de Frederico viesse com imposições, falando em passeios pelos matos, eu era
muito Eduardo de Sá Meneses de mandar que comprasse um espelho.
José Cândido de Carvalho, Olha para o céu, Frederico
3- Acrescente ao texto narrativo frases descritivas, na seqüência que você julgar adequada.
Trecho narrativo:
Uma tarde me chegou uma cabrocha me pedindo esmola para a mãe doente. Dei dois mil-réis. Voltou no
outro dia, para falar não sei de quê.
Frases descritivas:
a) Tinha os olhos claros e umas feições admiráveis.
b) O corpo era bem-feito.
c) Pequena.
d) Os olhos, de um verde desmaiado, mas muito suja.
e) Mexia com os quartos, quando andava.
4- Releia o texto "d" da 1a
questão.
O que o autor quis dizer com:
a) "Sofia rastejava os vinte e oito anos".
b) "Era daquela casta de mulheres que o tempo..."
c) "...era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques..."
5- Qual o objeto de cada uma das descrições a seguir ?
Sublinhe as palavras que identificam os objetos , as noções ou os personagens descritos.
a) "Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, braços dobrados como dois gravetos,
as mãos protegendo a cabeça. Tinha os gambitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa-de-
meia esburacada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia estar morto.
Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo mesmo, um traste inútil, abandonado sobre a
calçada. Um menor abandonado."
(Fernando Sabino)
b) "Na noite de S. João, a fogueira armada em pirâmide apontando para alguma estrela; galhos, gravetos,
e folhas amparadas por toras mais grossas. Por baixo de tudo, bolas de alcatrão e um leve cheiro de
álcool antigo (se lhes parecer possível) ."
(Gustavo Bernardo)
c) "Era um menino. Nem bonito nem feio; tem boca, orelhas, sexo e nariz no seu devido lugar, cinco dedos
em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se bem da empreitada .
Já enfrentou dez minutos de vida. Ainda traz consigo, nos olhinhos esgazeados, um resto de
eternidade."
( Fernando Sabino )
Respostas/ Gabarito
1-
a- (3) b- (2) c- (5) d- (1) e- (4)
2-
a) Muito branco, com as suíças pretas, pelo contraste do medo.
b) Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro que riscou um
psiu de luz.
c) Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes moles.
d) Séria, mãe; moça de olhos grandes, nem sequer era formosa; abaixo de ano
e) modificado, sério de poucas falas. Moça limpa, sem um dedal de pecado.
3-
Esse exercício admite várias soluções aceitáveis.
4- (com)
a) Sofia contava aproximadamente os 28 anos.
(classe)
b) Era daquela linhagem de mulheres que o tempo...
c) ...era de supor que só aos trinta atingiria o auge de sua beleza...
5-
Somente não sublinhe:
a) ..."para se defender contra o frio da noite.
... como podia estar morto.
... abandonado sobre a calçada. Um..."
b)..."Na noite de S. João, a ...(se lhes parecer possível)"
c) "Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se muito bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos
de vida".
DESCRIÇÃO E NARRAÇÃO
Para que fique claro a diferença entre narração e descrição, vamos destacar dois momentos do texto:
A) Jerônimo, esbravecido pelo insulto, cresceu para o adversário com um soco armado; o cabra, porém,
deixou-se cair de costas, a perna direita levantada; e o soco passou por cima, varando o espaço, enquanto
o português apanhava no ventre um pontapé desesperado.
B) Os instrumentos calaram-se logo. Fez-se um profundo silêncio. Ninguém se mexeu do lugar em que
estava. E, no meio da grande roda, iluminados amplamente pelo capitoso luar de abril, os dois homens,
perfilados defronte um do outro, olhavam-se em desafio.
Nesses dois trechos, o narrador transmite aspectos da realidade. Há, porém, uma diferença na maneira
como esses aspectos são captados.
No texto A, o autor captou determinados aspectos da realidade em seu dinamismo, transmitindo ao leitor a
progressão dos fatos em seu desenvolvimento temporal. Essa forma de apresentar a realidade denomina-se
narração.
No texto B, os aspectos da realidade captados pelo narrador acontecem ao mesmo tempo, são simultâneos.
Não há entre eles qualquer marca temporal que indique progressão. Essa forma de apresentar a realidade
denomina-se descrição.
A descrição capta a simultaneidade dos fatos e aspectos que compõe a realidade.
Poderíamos dizer que a narração está para o cinema, assim como a descrição está para a fotografia.
1 - Informe, nos trechos seguintes, o processo utilizado pelo narrador:
narração ou descrição.
a) O outro erguera-se logo e, mal se tinha equilibrado, já uma rasteira o tombava para a direita, enquanto
da esquerda ele recebia uma tapona na orelha. Furioso, desferiu novo soco, mas o capoeira deu para
trás um salto de gato e o português sentiu um pontapé nos queixos.
b) Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco
com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o
português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento
que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e
destemido; mas ambos corajosos.
c) Piedade berrava, reclamando polícia; tinha levado um troca-queixos do marido, porque insistia em tirá-lo
da luta. As janelas do Miranda acumulavam-se de gente. Ouviam-se apitos, soprados com desespero.
d) Mas, lá pelo meio do pagode, a baiana caíra na imprudência de derrear-se toda sobre o português e
soprar-lhe um segredo, requebrando os olhos. Firmo, de um salto, aprumou-se então defronte dele,
medindo-o de alto a baixo com um olhar provocador e atrevido.
2 - Numa descrição, a ordenação dos fatos não é um fator determinante, por não haver entre eles
progressividade. Você encontrará em cada item a seguir um conjunto de aspectos. Ordene-os na
seqüência que julgar adequada e componha um texto descritivo.
a) Os olhos do gato riscam no escuro, verdes, demoníacos.
b) A ladeira faz uma curva.
c) As casas, velhas, tortas, desalinhadas, dormem.
d) Os passos ecoam, sinistros, secos, vagarosos.
e) Nenhuma janela acesa, nenhuma luz pelas frinchas.
f) Os lampiões silvam.
Respostas / Gabarito:
1-
a) narração b) descrição c) descrição d) narração
2-
Deve se aceitar qualquer seqüência, destacando-se:
a) o aspecto que se pretende enfatizar
b) o ritmo da seqüência de fatos
III - DISSERTAÇÃO
Consiste em tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário. Para dissertar sobre algum assunto, é
necessário planejamento e elaboração. Nem sempre exige pesquisas especializadas ou leituras profundas.
Na dissertação propriamente dita, não se verifica, como na narração, progressão temporal entre as frases e,
na maioria das vezes, o objeto da dissertação é abstraído do tempo e do espaço .
Comumentemente, em provas de concursos ou nos exames vestibulares a dissertação exigida versa sobre
tema genérico a respeito do qual uma pessoa mais ou menos informada possa escrever, desde que seja
possuidora de alguns conhecimentos básicos. Dentre eles, destacam-se dois fundamentais: conhecimento
sobre o tema e habilidade de expressão escrita.
- conhecimento sobre o tema:
Ao ler o tema exigido, a primeira coisa a fazer é elaborar um plano que dará segurança ao redator e firmeza
sobre o que vai dissertar. É preferível escolher poucas idéias e bem argumentá-las a simplesmente
constatar uma série de idéias sem argumentações coerentes. Seja qual for o tema, o espírito crítico do
redator, quando evidenciado, deve revelar expressividade e inteligência.
- habilidade de escrita:
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar : uma frase contendo a idéia principal (frase
nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal idéia.
Exemplo: " A televisão mostra uma realidade idealizada (idéia central) porque oculta os problemas sociais
realmente graves. (idéia secundária)
1- Exercício
Desenvolva as idéias apresentadas, construindo frases adequadas:
a- Muitas pessoas que vivem em grandes cidades sonham com a vida no campo porque...
b- O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que ...
c- As mulheres vêm conquistando um espaço cada vez maior na vida social e política de muitos países, no
entanto...
d- Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência; outras, porém, ...
e- Muita gente acha que arte é dispensável, mas ...
f- Devemos lutar para a preservação do meio ambiente, pois ...
g- O lazer é necessário ao homem, no entanto...
h- Muitos são contra as pesquisas espaciais, porque ...
i- Geralmente os alunos acham dificuldade em elaborar uma dissertação, pois ...
2- Exercício
Com base no exemplo, desenvolva as frases apresentadas, colocando
argumentos que apoiem as idéias expressas:
Exemplo:
idéia central - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente.
Desenvolvimento - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente, pois a alta concentração de
elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas que sofrem de
problemas respiratórios.
a- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado muita gente ao vício.
b- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação criados pelo homem.
c- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e hoje parece claro que esse problema não
pode ser resolvido apenas pela polícia.
d- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente.
e- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a sociedade brasileira.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
1 - Enumeração
Caracteriza-se pela exposição de um série de coisas,
uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, funções,
processos, situações, sempre oferecendo o complemente necessário à
afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se
os critérios de importância, preferência, classificação ou aleatoriamente.
Exemplo : O adolescente moderno está se tornando obeso por várias causas: alimentação inadequada, falta
de exercícios sistemáticos e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de tv.
Exercícios
No seu caderno , coloque a frase núcleo. Abaixo dela, apenas enumere os elementos que
completarão a frase. Depois monte um parágrafo.
Exemplo: Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o número de emissoras que dedicam parte
da sua programação à veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
Enumeração
a- A Santa Missa em seu lar
b- Terço Bizantino
c- Despertar da Fé
d- Palavra de Vida
e- Igreja da Graça no Lar
1- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante de tantos desmatamentos,
desequilíbrios sociológicos e poluição.
2- Existem várias razões que levam um homem a enveredar pelos caminhos do crime.
3- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo , porque pode trazer muitas conseqüências
indesejáveis.
4- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de
lazer .
5- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em várias categorias.
2 - Comparação
A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta idéias, fatos, fenômenos e
apresenta-lhes as semelhanças ou dessemelhanças.
Exemplo: "A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a velhice, pelo contrário, é dominada por
um vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felicidade é uma
ilusão, que só o sofrimento é real. " (Arthur Schopenhauer)
Exercícios
A partir das frases abaixo, desenvolver parágrafos com comparações.
1- A tensão do futebol é igual à tensão da vida.
2- Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador.
3- Assim como as palavras, as expressões fisionômicas também têm a sua linguagem.
4- Indubitavelmente, o vestibular pode ser comparado a uma angustiante corrida de obstáculos.
5- Comparando-se o antigo Código Nacional de Trânsito com o atual, percebe-se claramente que a lei exige
mais responsabilidade do motorista.
3 - Causa e conseqüência
A frase nuclear , muitas vezes, encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador) e ,
em outras situações, um segmento indicando conseqüências (fatos decorrentes)
Exemplo: O homem , dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos
teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver
numa sociedade fria e inamistosa.
Exercícios
Para cada assunto apresentado, redija um parágrafo dissertativo com relações de causa ou conseqüência.
1- O homem atua com vantagem sobre os outros animais pela sua capacidade de transformar elementos
naturais em instrumentos de dominação.
2- A tecnologia desenvolveu meios que possibilitam a comunicação entre pessoas separadas por milhares
de quilômetros.
3- Todo município conta , geralmente, com um sistema de tratamento da água a ser consumida pela
população.
4- Na maioria dos povos primitivos e civilizados , o casamento monogâmico é encontrado com maior
freqüência que o poligâmico.
5- A punição dos infratores está mais rigorosa e cara.
4 - Tempo e Espaço
Muitos parágrafos dissertativos obedecem temporalmente e espacialmente a evolução de idéias e
processos. Exemplo:
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta evolução . Primeiro, o homem aprendeu a
grunhir. Depois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só muitos séculos
mais tarde é que passou à comunicação de massa.
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os solos são profundos. Existe nessas
regiões uma forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela umidade
e calor. Nas região temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.(Melhem Adas)
Exercícios
Partindo das frases nucleares abaixo, construir parágrafos dissertativos ordenados por tempo e espaço.
1- Em todos os tempos, o mar tem exercido fascinante atração sobre o homem.
2- O homem sempre buscou proteção ao longo de sua história.
3- O Brasil conta com tipos de aficcionados por vários esportes.
4- As novelas brasileiras tentam mostrar não mais apenas o Rio de Janeiro, mas também outras regiões
brasileiras.
5- O homem sempre quis voar como os pássaros.
6- O uso do cinto de segurança tem evitado mortes em acidentes de trânsito.
5- Explicitação
Num parágrafo dissertativo, pode-se conceituar, exemplificar e aclarar as idéias para torná-las mais
compreensíveis.
Exemplo : "Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no
cordão umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém sangue vermelho-vivo,
recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbônico."
Exercícios
Explicitar as idéias contidas nas frases nucleares.
1- Os benefícios do esporte são muito apregoados hoje em dia.
2- A Internet é um auxílio rápido e eficaz às pesquisas escolares.
3- Uma mãe que vai buscar seu filho na escola pode somar muitos pontos e arcar com uma grande
quantidade de dinheiro em multas, se não obedecer ao novo Código Nacional de Trânsito.
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve delimitar-se ao tema que será desenvolvido e
que poderá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indígena, ela poderá
ser desenvolvida a partir das seguintes idéias:
a- A violência contra os povos indígenas é uma constante na história do Brasil.
b- O surgimento de várias entidades de defesa das populações indígenas.
c- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasileiro.
d- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fazer a estruturação do texto.
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
1- introdução - deve conter a idéia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafo) É a
abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os
objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de
análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.
2- desenvolvimento - exposição de elementos que vão fundamentar a idéia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores , da ilustração, da causa e da conseqüência, das
definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição
da idéia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas anteriormente.
3- conclusão - é a retomada da idéia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente,
uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação. (um parágrafo) .
Observe o texto abaixo:
Vida ou Morte
INTRODUÇÃO
A grande produção de armas nucleares, com seu incrível potencial destrutivo, criou uma situação ímpar na
história da humanidade: pela primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente a sua
própria raça da face do planeta.
DESENVOLVIMENTO
A capacidade de destruição das novas armas é tão grande que, se fossem usadas num conflito mundial, as
conseqüências de apenas algumas explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se
chegar ao aniquilamento total da espécie humana. Não haveria como sobreviver a um conflito dessa
natureza, pois todas as regiões seriam rapidamente atingidas pelos efeitos mortíferos das explosões.
CONCLUSÃO
Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da corrida armamentista e desviando
para fins pacíficos os imensos recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os homens
aprendem a conviver em paz , em escala mundial, ou simplesmente não haverá mais convivência de
espécie alguma, daqui a algum tempo. (Texto adaptado do artigo "Paz e corrida armamentista" in Douglas
Tufano)
Na introdução, o autor apresenta o tema (desenvolvimento científico levou o homem a produzir bombas que
possibilitam a destruição total da humanidade), no desenvolvimento, ele expõe os argumentos que apoiam a
sua afirmação inicial e na conclusão, conclui o seu pensamento inicial , com base nos argumentos.
Na dissertação, podem-se construir frases de sentido geral ou de sentido específico, particular. Às vezes,
uma afirmação de sentido geral pode não ser inaceitável, mas se for particularizada torna-se aceitável.
Exemplo: É proibido entrar nesta sala . (sentido geral) É proibido entrar nesta sala sem autorização. (sentido
específico)
Exercícios
Faça as especificações das afirmações, tornando-as aceitáveis.
a- A liberdade é perigosa.
b- Caminhar faz mal ao coração.
c- Assistir a televisão é prejudicial à criança.
d- Conduzir motocicleta é proibido.
Quando o autor se preocupa principalmente em expor suas idéias a respeito do tema abordado, fica claro que
seu objetivo é fazer com que o leitor concorde com ele. Nesse caso , tem-se a dissertação argumentativa Para
que a argumentação seja eficiente, o raciocínio deve ser exposto de maneira lógica, clara e coerente.
O autor de uma dissertação deve ter sempre em mente, as possíveis reações do leitor e por isso, devem-se
considerar todas as possíveis contra-argumentações, a fim de que possa " cercar" o leitor no sentido de evitar
possíveis desmentidos da tese que se está defendendo. As evidências são o melhor argumento.
Esquema comparativo
Com relação ao conteúdo específico:
Na Descrição: Retrato verbal: imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito
Na Narração: Fatos - pessoas e ações que geram o fato e as circunstâncias em que este ocorre: tempo, lugar,
causa, conseqüência, etc.
Na Dissertação: Idéias - exposição , debate, interpretação, avaliação - explicar, discutir, interpretar, avaliar
idéias.
Com relação aos Aspectos humanos:
Na Descrição: observação- percepção-relativismo desta percepção.
Na Narração: imaginação (fatos fictícios) - pesquisa- observação (fatos reais).
Na Dissertação: predomínio da razão - reflexão - raciocínio- argumentação.
Com relação à Composição:
Na Descrição: coleta de dados - seleção de imagens, aspectos - os mais singularizantes - .classificação -
enumeração das imagens e/ou aspectos selecionados.
Na Narração: levantamento (criação ou pesquisa) dos fatos . organização dos elementos narrativos (fatos,
personagens, ambiente, tempo e outras circunstâncias)
classificação - sucessão
Na Dissertação: levantamento das idéias .definição do ponto de vista dissertativo: exposição, discussão,
interpretação
Quanto as Formas:
Na Descrição: descrição subjetiva: criação, estrutura mais livre descrição objetiva: precisão, descrição e
modo científico.
Na Narração: Narração artística : subjetividade, criação, fatos fictícios narração objetiva: fatos reais,
fidelidade.
Na Dissertação: Dissertação científica - objetividade, coerência, solidez na argumentação, ausência de
intervenções pessoais, emocionais, análise de idéias.
Dissertação literária - criatividade e argumentação.
Referências Bibliográficas
As referências bibliográficas devem estar de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas).
A bibliografia final deve seguir o seguinte padrão:
a) Autor - último sobrenome com letra maiúscula, separado dos vírgula dos outros prenomes;
(ponto e dois espaços ou travessão)
b) Título - sublinhar ou colocar em itálico ;(ponto)
c) Anotador ou tradutor -(ponto)
d) Número da edição - se for a primeira , não se indica. Algarismo arábico, ponto, ed.(vírgula)
e) Casa publicadora - nome da casa (vírgula)
f) Ano da Publicação - em algarismo arábico (ponto)
g) Número de páginas ou volumes - em algarismos arábicos (ponto) Abrevia-se p. e não pag ou pg.
h) Ilustrações - se necessário (ponto)
i) Série ou coleções - em algarismos arábicos, entre parênteses (ponto)
TIPOLOGIA TEXTUAL
Comunicar-se com eficiência parece, a princípio, algo fácil e simples a qualquer indivíduo.
No entanto durante esse processo realizado automaticamente, não se questiona a seqüência de passos a
percorrer para que se consiga realizar o complexo ato de comunicação por meio da língua.
Classificação dos Tipos Textuais
As diferentes tipologias textuais existentes, são classificadas da seguinte maneira:
1) as que consideram as características textuais internas dos textos (ou formais);
2) as que consideram os traços textuais exteriores aos textos (ou funcionais);
3) as que conciliam traços internos e externos ao texto (formais e funcionais).
Classificação funcional
A classificação atende a critérios funcionais, de acordo com as funções que os textos desempenham em
relação ao leitor: informar, explicar ou orientar. Propõe-se, então, três categorias básicas:
a) jornalismo informativo: notícia, reportagem, história de interesse humano, informação pela imagem;
b) jornalismo interpretativo: reportagem em profundidade;
c) jornalismo opinativo: editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada, opinião do leitor.
Acrescentando alguns elementos, reduz-se essa classificação a duas categorias:
a) jornalismo informativo: nota, notícia, reportagem, entrevista
b) jornalismo operativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura, carta
Evidencia-se a proximidade que há entre gênero e tipos textuais. Os tipos textuais, assim, não se limitam
especificamente ao literário, ao jornalístico, ao técnico ou ao científico: são, na verdade, modelos gerais,
que são escolhidos, adaptados e readaptados de acordo com cada função especifica que exercem na
comunicação.
Classificação formal e funcional
Uma das grandes dificuldades encontradas nas classificações de tipos textuais decorre da não
diferenciação entre os planos ou níveis de análise, para uma classificação dos tipos textuais-discursivos em
níveis.
a) Primeiro nível: estruturas discursivas.
São estruturas discursivas disponíveis na língua, e, portanto, pertencentes ao plano das potencialidades da
língua, tradicionalmente identificadas como gêneros de discurso:
- estrutura narrativa [predicados de ação; ligação temporal];
- estrutura descritiva [predicados estáveis, ou equilibrados, em torno de entidades];
- estruturas de tipo expositivo/argumentativo [proposições, construções sintáticas complexas (subordinação)
e construções, ou arquitetações hipotéticas];
- estruturas procedurais [organizações seqüenciais nas quais a referência a pessoa tem menos interesse
que o processo em si (daí a ocorrência de sujeitos genéricos ou da impessoalidade); o verbo se apresenta
no modo dos diretivos, o imperativo, o futuro ou o infinitivo; é comum o uso de orações independentes];
- estrutura expressiva [predicados com verbos de opinião, avaliativos, ou subjetivos, em que predomina a
primeira pessoa];
- estruturas dialógicas [identificadas pela alternância das pessoas do discurso envolvidas, podendo, porém,
ser reproduzidas em certas formas da escrita].
b) Segundo nível: uso das estruturas discursivas em situações reais de comunicação.
São possibilidades de uso de estruturas que aparecem sob organizações típicas associadas às diversas
atividades desenvolvidas pelos indivíduos, como, por exemplo, a estória, a piada, o editorial.
c) Terceiro nível: função ou propósito comunicativo com que dada unidade discursiva é empregada, sua
força ilocucionária, ou a variedade de eventos comunicativos a que se associa.
Gêneros:
Primários , Secundários e Estilo
O gênero primário é caracterizado por tipos de enunciado espontâneos e naturais, que ocorrem na
imediatez da fala.
O gênero secundário, por tipos de enunciados da fala aprimorados por meio da escrita.
No que se refere ao estilo é possível fazer algumas observações:
Quando escrevemos, devemos criar um estilo próprio para valorizar o nosso trabalho. Sem nos alongarmos
no assunto, sugerimos aqui apenas três qualidades fundamentais do estilo: clareza, concisão e
originalidade.
A Clareza é a expressão de um pensamento. Para que ela ocorra, é necessário: pontuar corretamente,
evitar construção de frases com palavras em ordem inversa e evitar períodos longos, com muitas orações
intercaladas.
Exemplo:
"Meu tio, que chegou hoje, o qual é diretor de marketing de uma multinacional, trouxe-me boas notícias,
mas eu não as contarei a ninguém, enquanto morar aqui, porque isso, estou certo, me prejudicaria, por
muito tempo, na minha repartição."
Melhor seria:
"Meu tio, chegado hoje, é diretor de marketing de uma multinacional. Trouxe-me boas notícias, que a
ninguém contarei. Divulgando-as, isso me prejudicaria, por muito tempo, na repartição. Disso estou
certo."
A Concisão é a arte de encerrar um pensamento com o menor uso possível de palavra. Para que haja
concisão, é necessário: evitar um número excessivo de adjetivos, principalmente sinônimos, para cada
substantivo (manhã, linda, radiosa e magnífica); evitar palavras inúteis ou redundantes (atualmente, nos
dias de hoje, o homem atual ...); evitar, sempre que possível, o emprego de dois ou mais verbos juntos (vi
que estava sofrendo).
A originalidade, para ser conseguida, é preciso que não se empreguem lugares-comuns ou chavões,
evitando a repetição de frases vulgares, usadas constantemente pela gente inculta: (chorou um mar de
lágrimas; vem surgindo o astro-rei; seus cabelos cor de prata).
Tipos Textuais como "ferramenta"
Quando um indivíduo utiliza a linguagem, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que
inconscientemente. A escolha de um tipo é um dos passos a ser seguidos no processo de comunicação.
Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que está à disposição do indivíduo, sendo-lhe
facultado a escolha da melhor maneira que lhe convier para, no processo de comunicação, servir-lhe de
esteio na sua expressão lingüística. Utilizar-se de um tipo textual como uma estrutura básica normalmente
usada em uma determinada situação o torna uma valiosa "ferramenta" (ou "instrumento") que o indivíduo
procura, guia e controla para poder expressar a função primordial da linguagem que é atingir uma
comunicação, em maior ou menor grau, argumentativa, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é
integralmente alcançado e concretizado.
COESÃO E COERÊNCIA
Antes de tudo é preciso saber o que é coesão e coerência, pois sem essas duas chaves principais de
qualquer texto, você não vai a lugar nenhum.
Coesão - em nossa linguagem cotidiana procuramos executar manobras coesivas, muitas vezes, com o
intuito de melhorar a própria expressividade do enunciado. Veja alguns casos:
Em lugar de
- Comprei sorvetes. Dei os sorvetes a meus filhos.
usamos
- Comprei sorvetes. Dei-os a meus filhos.
Dei-os funciona como relacional que recupera em B o que havia sido colocado em A. O objetivo é evidenciar
o processo de repetição, considerado menos "rico ou sofisticado" por uma certa gramática.
O uso indevido de elementos de ligação invariavelmente podem comprometer os processos coesivos do
texto.
Coerência - A rigor, existem vários níveis e planos de coerência ou incoerência.
Veja alguns casos:
- Um sujeito resolve contar a última piada de papagaio num velório. Além de impertinente, a piada sofre de
uma síndrome geral de incoerência contextual. A situação lutuosa não permite que o decoro seja quebrado
e risos apareçam em torno do defunto.
- Em vestibular da Fuvest, o candidato saiu-se com a seguinte "... a palidez do sol tropical refletia nas águas
do rio Amazonas". Convenhamos que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez.
O riso provocado pela leitura daquele texto poético é derivado de um caso de incoerência no uso da
imagem.
A lista poderia aumentar muito. Basta reter a idéia que, no fundo, o problema básico envolvido na produção
da coerência é o do acerto das partes com relação ao todo textual; do ajuste seqüencial das idéias; da
progressão dos argumentos; das afirmativas que são explicadas... Coloque-se sempre no lugar do autor ou
do ouvinte para sentir se realmente está sendo coerente.
A NOVA ORTOGRAFIA
Acento agudo
O acento agudo desaparece das palavras da língua portuguesa em três casos como se pode ver a
seguir:
* nos ditongos (encontro de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras
paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
Assembléia Assembleia
Heróico Heroico
Idéia Ideia
Jibóia Jiboia
No entanto, as oxítonas (palavras com acento na última sílaba) e os monossílabos tônicos terminados em
éi, eu e oi continuam com o acento (no singular e /ou plural.
Exemplos: herói(s), ilhéus(us), chapéu(s), anéis, dói, céu.
*Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato (seqüência de duas vogais que pertencem
a sílabas diferentes) com a vogal anterior quando esta faz parte de um ditongo;
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
baiúca baiuca
boiúna boiuna
feiúra feiura
No entanto, as letras i e u continuam a ser acentuadas se formarem hiato mas estiverem sozinhas na
sílaba ou seguidas de s.
Exemplos: baú, baús, saída.
No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento
permanece. Exemplos: tuiuiú, Piauí.
*Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com o u tônico precedido das letras g e q seguido
de e e i. Esses casos são pouco freqüentes na língua portuguesa: apenas nas formas verbais de argüir
e redargüir.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
argúis arguis
argúem arguem
redargúis redarguis
redargúem redarguem
Acento diferencial
O acento diferencial é utilizado para permitir a identificação mais fácil de palavras homófonas, ou
seja, que têm a mesma pronúncia. Atualmente, usamos o acento diferencial – agudo ou circunflexo – em
vocábulos como pára (forma verbal), a fim de não confundir com para (a preposição), entre vários outros
exemplos.
Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial não será mais usado nesse caso e também
nos que estão a seguir:
 Péla ( do verbo pelar) e pela ( a união da preposição com o artigo);
 Pólo ( o substantivo) e pólo (a união antiga e popular de por e lo);
 Pélo (do verbo pelar) e pêlo (o substantivo);
 Pêra (o substantivo) e péra (o substantivo arcaico que significa pedra), em oposição a pêra (a
preposição arcaica que significa para ).
No entanto, duas palavras obrigatoriamente continuarão recebendo o acento diferencial:
PÔR (verbo) mantém o circunflexo para que não seja confundido com a preposição POR.
PÔDE (o verbo conjugado no passado) também mantém o circunflexo para que não haja confusão com
pode (o mesmo verbo conjugado no presente).
Observação: já em fôrma/forma o acento é facultativo.
Acento circunflexo
Com o acordo ortográfico, o acento circunflexo não será mais usado nas palavras terminadas em
oo.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
enjôo enjoo
vôo voo
abençôo abençoo
corôo corôo
magôo magoo
perdôo perdoo
Da mesma forma, deixa de ser usado o circunflexo na conjunção da terceira pessoa do plural do
presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
crêem creem
dêem deem
lêem leem
vêem veem
descrêem descreem
relêem releem
No entanto, nada muda na acentuação dos verbos ter, vir e seus derivados. Eles continuam com o acento
circunflexo no plural (eles têm, eles vêm), e no caso dos derivados, com o acento agudo nas formas que
possuem mais de uma sílaba no singular (ele detém, ele intervém).
Trema
Um sinal a menos
O trema, sinal gráfico de dois pontos usados em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos
que,qui, gue e gui, é pronunciada será abolido. É simples: ele deixa de existir na língua portuguesa. Vale
lembrar porém, que a pronúncia continua a mesma.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
agüentar aguentar
eloqüente eloquente
freqüente frequente
lingüiça linguiça
sagüi sagui
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo
anhangüera anhanguera
No entanto, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de origem estrangeira, bem como
em seus derivados.
Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano.
Hífen
Palavras compostas
O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações:
__quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s ou r.Nesse
caso, a consoante obrigatoriamente passa a ser duplicada;
__quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
anti-religioso antirreligioso
anti-semita antissemita
auto-aprendizagem autoaprendizagem
auto-estrada autoestrada
contra-regra contrarregra
contra-senha contrassenha
extra-escolar extraescolar
extra-regulamentação extrarregulamentação
No entanto, o hífen permanece quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do
segundo elemento também é r.
Exemplos: hiper-requintado, super-resistente.
Alfabeto
Novas letras
O acordo prevê que nosso alfabeto passa a ter 26 letras – hoje são 23. Além das atuais, serão
oficialmente incorporadas as letras, k, w e y. No entanto, seu emprego fica restrito a apenas alguns casos,
como já ocorre atualmente. Confira os principais exemplos:
__em nomes próprios de pessoas e seus derivados:
Exemplos: Franklin, frankliniano, Darwin, darwinismo, Wagner, wagneriano, Taylor, taylorista, Byron,
byroniano.
__em nomes próprios de lugares originários de outras línguas e seus derivados.
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano, Washington, Yokohama, Kiev.
__em símbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medidas internacionais.
Exemplos: Km (quilômetro), KLM (companhia aérea), K (potássio), W (watt), WWW (sigla de world wide
web, expressão que é sinônimo para a rede mundial de computadores).
__em palavras estrangeiras incorporadas à língua.
Exemplo: sexy, show, download, megabyte.
ORTOGRAFIA OFICIAL
EMPREGO DE ALGUMAS LETRAS
X ou CH ?  Emprega-se "X"
a. Após um ditongo:
caixa - paixão - peixe.
Exceção: recauchutar e seus derivados.
b. Após o grupo inicial en:
enxada - enxergar - enxame
Exceção:
← encher e seus derivados (que vêm de cheio)
← palavras iniciadas por ch que receberam o prefixo en: encharcar (de charco); enchapelar (de
chapéu)
c. Após o grupo inicial me:
mexer - México - mexerica
Exceção: mecha
d. Nas palavras de origem indígena ou africana:
Xingu - Xavante
e. Nas palavras inglesas aportuguesadas:
xerife - xampu
G ou J?  Emprega-se "G"
a. Nos substantivos terminados em:
← agem: aragem - friagem
← igem: origem - fuligem
← ugem: ferrugem
Exceções: pajem - lambujem
b. Nas palavras terminadas em:
← ágio: pedágio
← égio: colégio
← ígio: prestígio
← ógio: relógio
← úgio: refúgio
Emprega-se  "J"
a. Nas formas verbais terminadas em: jar
← arranjar (arranjei, arranjamos)
← viajar (viajo, viajaram)
b. Nas palavras de origem tupi, africana, árabe:
jibóia, pajé, canjica, manjericão, berinjela, moji
c. Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com j:
laranjeira (de laranja); lojista, lojinha (de loja).
S ou Z ?  Emprega-se "S"
a. Nas palavras que derivam de outras que se escrevem com s:
casebre, casinha, casarão (de casa)
pesquisar (de pesquisa); analisar (de análise)
Exceção: catequizar (catequese)
b. Nos sufixos
- ês - esa: português - portuguesa
chinês - chinesa
- ense, oso, osa (que formam adjetivos):
paraense - orgulhoso - caprichosa
- isa (indicando feminino):
poetisa - profetisa
c. Após ditongo: coisa, lousa, pousar
d. Nas formas do verbo pôr (e seus derivados) e querer:
pus, puseste, quis, quiseram
Emprega-se  "Z"
a . Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com z:
razão - razoável; raiz - enraizado
b. Nos sufixos:
- ez, eza (que formam substantivos abstratos a partir de adjetivos)
AdjetivoSubstantivo abstrato
Surdo  Surdez
Avaro  Avareza
Belo  Beleza
← izar (que formam verbos):
civilizar, humanizar, escravizar
← iza - ção (que formam substantivos):
civilização, humanização
S, SS ou Ç ? Emprega-se  "S"
Verbos com nd- Substantivos com ns
Distender Distensão
Ascender  Ascensão
Emprega-se "SS"
Verbos com ced - Substantivos com cess
Ceder  Cessão
Conceder Concessão
← Emprega-se  "Ç"
Verbos com ter- Substantivos com tenção
ConterContenção
Deter Detenção
Atente para a grafia de:
- acrescentar
- adolescência
- consciência
- isciplina
- fascinação
- piscina
- nascer
- obsceno
- ressuscitar
- seiscentos.
← X
Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /s/:
- experiência
- Sexta
- sintaxe
- texto.
← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /ks/:
clímax
- intoxicar
- nexo
- reflexo
- sexagésimo
- sexo
- tóxico.
← XC
← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com XC, mas que têm o som de /s/:
- excesso
- exceção
- excedente
- excepcional.
E ou I ? Emprega-se  "E"
a. Nos ditongos nasais: mãe, cães, capitães
b. Nas formas dos verbos com infinitivos terminados em : oar e uar
Abençoe
perdoe
continue
efetue
c. Em palavras como: se, senão, quase, sequer, irrequieto
Emprega-se "I"
Somente no ditongo interno: cãibra (ou câimbra)
H
← A letra "H" não representa nenhum som
← É usada nos dígrafos: nh - lh - ch
← É usada em algumas interjeições: ah, oh, hem
← Sobrevive por tradição em Bahia mas desaparece nos derivados: baiano, baianismo
Palavras homófonas
Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre x e ch:
← Brocha (pequeno prego) e broxa (pincel)
← Chá (nome de uma bebida) e xá (título de antigo soberano do Irã)
← Chácara (propriedade rural) e xácara (narrativa popular em versos)
← Cheque (ordem de pagamento) xeque (jogada de xadrez)
← Cocho (vasilha para alimentar animais) e coxo (manco)
← Tacha (pequeno prego) e taxa (imposto)
← Tachar (pôr defeito em) e taxar (cobrar imposto)
Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre z e s e pelo contraste gráfico:
← Cozer (cozinhar) e coser (costurar)
← Prezar (ter em consideração) e presar (prender, apreender)
← Traz (do verbo trazer) e trás (parte posterior)
← Acender (iluminar) e ascender (subir)
← Acento (sinal gráfico) e assento (onde se senta)
← Caçar (perseguir a caça) e cassar (anular)
← Cegar (tornar cego) e segar (cortar para colher)
← Censo (recenseamento) e senso (juízo)
← Cessão (ato de ceder), seção ( departamento - parte ou divisão ) secção ( corte ) sessão (reunião).
← Concerto (harmonia musical) e conserto (reparo)
← Espiar (ver, espreitar) e expiar (sofrer castigo)
← Incipiente (principalmente) e insipiente (ignorante)
← Intenção (propósito) e intensão (esforço, intensidade)
← Paço (palácio) e passo (passada)
Algumas palavras parônimas:
← Área (superfície) e ária (melodia)
← Deferir (conceder) e diferir (adiar ou divergir)
← Delatar (denunciar) e dilatar (estender)
← Descrição (representação) e discrição (reserva)
← Despensa (compartimento) e dispensa (desobriga)
← Emergir (vir à tona) e imergir (mergulhar)
← Emigrante (o que sai do próprio país) e imigrante (o que entra em um país estranho)
← Eminente (excelente) e iminente (imediato)
← Peão (que anda a pé) e pião (brinquedo)
← Recrear (divertir) e recriar (criar de novo)
← Se (pronome átono, conjunção) e si (pronome tônico, nota musical)
← Vultuoso (atacado de vultuosidade, ou seja, congestão na face) e vultoso (volumoso)
DICAS DE ORTOGRAFIA
Qual a série certinha?
a) civilizar, analisar, pesquizar
b) civilizar, analizar, pesquizar
c) civilisar, analisar, pesquisar
d) civilizar, analisar, pesquisar
A gente usa o sufixo -izar para formar verbos derivados de adjetivo:
civil civilizar
municipal municipalizar
Há palavras que já têm o s no radical delas. Aí a gente tem
que respeitar a família. Mantemos o s. E acrescentamos-lhe
-ar, não -izar:
análise analisar
pesquisa pesquisar
resposta do teste:D
Que opção está todinha certa?
a. Ele quiz fazer a transação, mas não fes.
b. Ele quiz fazer a transação, mas não fez.
c. Ele quis fazer a transação, mas não fes.
d. Ele quis fazer a transação, mas não fez.
É essa mesma. Você acertou em cheio. O verbo querer não tem z no nome. Então não terá z nunca.
Quando soar o som z, não duvide: escreva s:
quis,
quisemos,
quiseram;
quiser,
quisesse,
queséssemos,
quisesse.
O verbo fazer tem z no infinitivo. Ele permanece fiel à letrinha. Todas as vezes que soar z, escreve-se com
z:
faz
fazemos
fazem
fiz
fez
fizemos
fizeram
fizer
fizermos
fizerem
fizesse
fizéssemos
fizessem.
resposta do teste:D
Está certinha a grafia de:
a. garçom
b. garçon
c. garssom
d. garsson
a. Você acertou em cheio. Garçom se escreve assim. Com m final.
resposta do teste: A
Estão certinhas as palavras da série:
a. maciês, camponês, solidês, frigidês
b. maciez, camponez, solidez, frigidez
c. maciez, camponês, solidez, frigidez
d. maciez, camponês, solidez, frigidês
Com s ou z? Se houver um dicionário por perto, consulte-o. Sem o paizão, o jeito é aprender a lição.
Providência: saber de onde veio a palavra.
Se do adjetivo, é hora do z:
macio (maciez)
embriagado (embriaguez)
líquido (liquidez)
sólido (solidez)
frígido (frigidez)
Se do substantivo, o s pede passagem:
Portugal (português)
corte (cortês)
economia (economês)
campo (camponês)
resposta do teste:C
Estão certinhas as palavras:
a. rúbrica, previlégio
b. rubrica, previlégio
c. rúbrica, privilégio
d. rubrica, privilégio
Dizer rúbrica? Cruz-credo! Só o ex-ministro Kandir. Ele não deixa por menos. Também diz previlégio.
Seguir-lhe o exemplo? Só bobo. Rubrica é paroxítona. A sílaba tônica cai no bri. E privilégio se escreve com
i.
resposta do teste: D
Estão escritas como manda o figurino as palavras da série:
a. eu apóio, o apôio
b. eu apóio, o apoio
c. eu apoio, o apoio
d. eu apoio, o apôio
O ói faz parte de um grupo seleto. É o dos ditongos abertos. Joga no time do éi e do éu. Em qualquer
circunstância, no singular ou plural, eles são acentuados:
herói
jóia
jibóia
idéia
assembléia
céu
escarcéus.
Atenção, ditongo vive junto e não abre. Na separação silábica, mantenha-os coladinhos:
* i-déi-a
* as-sem-bléi-a
resposta do teste: B
PONTUAÇÃO
Emprega-se Vírgula ( , )
← Entre as orações coordenadas assindéticas.
Exemplo:
Ele arregaçou as mangas, pegou a enxada, pôs-se a trabalhar.
← Entre termos independentes entre si, não ligados por conjunção.
Exemplo:
O cinema, o teatro, a música, a dança ... nada o interessava.=
← Nas intercalações, por cortarem o que está logicamente ligado.
Exemplo:
Essas pessoas, creio eu, não têm o menor escrúpulo.
← Nas expressões: "isto é", "por exemplo", "ou melhor", "ou por outra", "ou seja", "quero dizer", "digo",
"digo melhor".
Exemplo:
Isto é bom, ou melhor, é ótimo.
← Entre as conjunções coordenativas, quando intercaladas.
Exemplo:
Eu, entretanto, nem sempre consigo o que quero.
← Com vocativos, apostos, orações adjetivas explicativas, orações apositivas, quando intercaladas na sua
principal.
Exemplos:
Ele, o melhor médico da clínica, participará de um congresso
Ele, que é o melhor médico da clínica, participará de um congresso.
← Para separar as orações adverbiais, sobretudo quando iniciarem período ou quando estiverem
intercaladas.
Exemplo:
Quando eu cheguei, ele já havia saído.
← Para separar os adjuntos adverbiais, sobretudo quando estão na ordem inversa ou ficam entre dois
verbos.
Exemplo:
Pudemos, finalmente, ficar sozinhos.
← Para separar termos aos quais queremos dar realce.
Exemplo:
As telhas, levou-as o vento.
← Para indicar que houve elipse de verbo.
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  • 2. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Compreensão, Interpretação e reescritura de textos com domínio das relações morfossintáticas semânticas e discursivas. Texto A palavra texto vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a idéia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo coeso e coerente. Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado. As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto. Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer. Denotação e Conotação Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante + significado) que se constroem as noções de denotação e conotação. O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real. Já a conotação é um sentido que só advém à palavra numa dada situação figurada, fantasiosa e que, para sua compreensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores. Ainda com base no signo lingüístico, encontra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e esclareçam o sentido. Como Ler e Entender Bem um Texto O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas quais tem necessidade de se comunicar, de estabelecer relações dos mais variados tipos, de obter deles reações ou comportamentos, interagindo socialmente por meio do seu discurso. Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento. Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes. No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor. A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
  • 3. adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa. Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura. TEXTO LITERÁRIO Conotação Figurado, subjetivo Pessoal TEXTO NÃO-LITERÁRIO Denotação Claro, objetivo Informativo TIPOS DE COMPOSIÇÃO 1. Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas. 2. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. A Narração envolve: I) Quem? Personagem; II) Quê? Fatos, enredo; III) Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos; IV) Onde? O lugar da ocorrência; V) Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; VI) Por quê? A causa dos acontecimentos. 3. Dissertação: dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Instruções Gerais Em primeiro lugar, você deve ter em mente que interpretação de textos em testes de múltipla escolha pressupõe armadilhas da banca. Isso significa dizer que as questões são montadas de modo a induzir o incauto e sofrido concursando ao erro. Nesse sentido, é importante observar os comandos da questão (de acordo com o texto, conforme o texto, segundo o autor...). Se forem esses os comandos, você deve-se limitar à realidade do texto. Muitas vezes, as alternativas extrapolam as verdades do texto; ou ainda diminuem essas mesmas verdades; ou fazem afirmações que nem de longe estão no texto. Exemplo de Editorial Em 1952, inspirado nas descrições do viajante Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias de canibalismo de índios brasileiros. São documentos de alto valor histórico (...) Porém não podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob influência do Renascimento, mitigou a violência antropofágica com imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e corpos esbeltos de europeus. As índias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês Rubens. No século XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ângulo do colonizador e procurou não fazer julgamentos. A Antropologia persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade desconcertante.
  • 4. Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo é uma experiência simbólica e transcendental - jamais alimentar. Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam pedaços dos corpos dos seus mortos. Ainda hoje, os ianomâmis misturam as cinzas dos amigos no purê de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que, na antropofagia que chegou ao século XX, o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar toda a história a você, pretende superar os olhares preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos. É sagrado. (adaptado de: Superinteressante, agosto, 1997, p.4) Questão 15 da prova de 98 Considere as seguintes informações sobre o texto: I - Segundo o próprio autor do texto, a revista tem como único objetivo tornar o leitor mais informado acerca da história dos índios brasileiros. II - Este texto introduz um artigo jornalístico sobre o canibalismo entre índios brasileiros. III - Um dos principais assuntos do texto é a história da arte no Brasil. Quais são corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e III e) Apenas II e III Resposta correta: B Comentários: A afirmação I usa a palavra único, e você deve ter muito cuidado com essa palavrinha, geralmente ela traz uma armadilha. A afirmação reduz o texto, que vai bem além de ter como único objetivo informar sobre a história dos índios. Aliás, não é a história dos índios, mas sim da antropofagia deles. A afirmação III está erradíssima, pois a história da arte está longe de ser um dos assuntos principais do texto. Essas afirmações da banca merecem algumas observações. Em primeiro lugar, a afirmação I diz: "Segundo o próprio autor do texto". Mas quem é esse autor, tendo em vista que se trata de editorial? Não há um autor expresso. A afirmação II, considerada como certa, traz uma imprecisão. O texto não introduz um artigo jornalístico. Como vimos, artigo é bem diferente. O editorial introduz matéria ou reportagem, nunca um artigo. Percebe-se aqui que os professores que elaboraram o texto desconhecem a tipologia e a nomenclatura textual do moderno jornalismo. Testes Vamos aproveitar alguns textos de provas de vestibulares, para formularmos algumas questões bem emblemáticas em relação à interpretação de textos. Questão 1 Qual das alternativas abaixo é a correta: No Brasil colonial, os portugueses e suas autoridades evitaram a concentração de escravos de uma mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros. A) Os portugueses impediram totalmente a concentração de escravos de mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros. Essa política, a multiplicidade lingüística dos negros e as hostilidades recíprocas que trouxeram da África dificultaram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano, incluindo-se aí a preservação das línguas. B) A política dos portugueses foi ineficiente, pois apenas a multiplicidade cultural dos negros, de fato, impediu a formação de núcleos solidários. Os negros, porém, ao longo de todo o período colonial, tentaram superar a diversidade de culturas que os dividia, juntando fragmentos das mesmas mediante procedimentos diversos, entre eles a formação de quilombos e a realização de batuques e calundus. (...)
  • 5. C) A única forma que os negros encontraram para impedir essa ação dos portugueses foi formando quilombos e realizando batuques e calundus. As autoridades procuraram evitar a formação desses núcleos solidários, quer destruindo os quilombos, que causavam pavor aos agentes da Coroa - e, de resto, aos proprietários de escravos em geral -, quer reprimindo os batuques e os calundus promovidos pelos negros. Sob a identidade cultural, poderiam gerar uma consciência danosa para a ordem colonial. Por isso, capitães-do-mato, o Juízo Eclesiástico e, com menos empenho, a Inquisição foram colocados em seu encalço. D) A Inquisição não se empenhou em reprimir a cultura dos negros, porque estava ocupada com ações maiores. Porém alguns senhores aceitaram as práticas culturais africanas - e indígenas - como um mal necessário à manutenção dos escravos. Pelo imperativo de convertê-los ao catolicismo, ainda, alguns clérigos aprenderam as línguas africanas, como um jesuíta na Bahia e o padre Vieira, ambos no Seiscentos. Outras pessoas, por se envolverem no tráfico negreiro ou viverem na África - como Matias Moreira, residente em Angola no final do Quinhentos -, devem igualmente ter-se familiarizado com as línguas dos negros. E) Apesar do empenho dos portugueses, a cultura africana teve penetração entre alguns senhores e entre alguns clérigos. Cada um, é bem verdade, tinha objetivos específicos para tanto. (Adaptado de: VILLALTA, Luiz Carlos. O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura. In: MELLO e SOUZA. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997. V1. P.341-342.) Resposta A) Observe o advérbio totalmente. Além disso, o texto usa o verbo evitar, a afirmação utiliza impedir. Eles são semanticamente bem distintos. Logo, a afirmação exagera, extrapola o texto. Cuidado com os advérbios. B) A afirmativa b diz apenas a multiplicidade cultural dos negros. No texto, foram a multiplicidade e as hostilidades recíprocas. Portanto, a afirmativa b reduz a verdade do texto. C) Na afirmativa, há a expressão a única forma, e o texto usa entre eles. Novamente, temos uma redução, uma diminuição da verdade textual. D) O texto não explica a falta de empenho da Inquisição, dessa maneira a afirmação não está no texto. Trata-se de um acréscimo à realidade textual. E) Resposta Correta. Questão 2 Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta de acordo com o texto. A) Sendo a cultura negra um mal necessário para a manutenção dos escravos, sua eliminação foi um erro das autoridades coloniais portuguesas. B) Os religiosos eram autoritários, obrigando os escravos negros a se converterem ao catolicismo europeu e a abandonarem sua religião de origem. C) As autoridades portuguesas conduziam a política escravagista de modo que africanos de uma mesma origem não permanecessem juntos. D) As línguas africanas foram eliminadas no Brasil colonial, tendo os escravos preservado apenas alguns traços culturais, como sua religião. E) A identidade cultural africana, representada pelos batuques e calundus, causava danos às pessoas de origem européia. Resposta A) O texto não classifica como erro das autoridades coloniais. Essa é uma inferência que o leitor poderá fazer por sua conta e risco.
  • 6. B) O autoritarismo era dos proprietários de escravos e das autoridades. Busca-se aqui confundir o aluno dizendo que era o autoritarismo dos religiosos. Há uma troca, uma inversão das afirmações do texto. C) Resposta Correta: Essa afirmação está no texto. D) A afirmação contradiz o que está no texto. As línguas africanas foram, inclusive, aprendidas por alguns clérigos. E) A afirmação exagera a verdade textual. O autor não chega a tanto. Se você chegar a essa conclusão é por sua conta e risco. Questão 03 Marque a alternativa correta, segundo o texto O avanço do conhecimento é normalmente concebido como um processo linear, inexorável, em que as descobertas são aclamadas tão logo venham à luz, e no qual as novas teorias se impõem com base na evidência racional. Afastados os entraves da religião desde o século 17, o conhecimento vem florescendo de maneira livre, contínua. A) O avanço do conhecimento sempre será por um processo linear, do contrário não será avanço. Um pequeno livro agora publicado no Brasil mostra que nem sempre é assim. Escrito na juventude (1924) pelo romancista francês Louis-Ferdinand Céline, A Vida e a Obra de Semmelweis relata aquele que é um dos episódios mais lúgubres no crônica da estupidez humana e talvez a pior mancha na história da medicina. B) O episódio de Semmelweis é indiscutivelmente a pior mancha na história da medicina. C) O livro de Céline prova que nem sempre a racionalidade preponderava no cientificismo. Ignác Semmelweis foi o descobridor da assepsia. Médico húngaro trabalhando num hospital de Viena, constatou que a mortalidade entre as parturientes, então um verdadeiro flagelo, era diferente nas duas alas da maternidade. Numa delas, os partos eram realizados por estudantes; na outra, por parteiras. Não se conhecia a ação dos microorganismos, e a febre puerperal era atribuída às causas mais estapafúrdias. Em 1846, um colega de Semmelweis se cortou enquanto dissecava um cadáver, contraiu uma infecção e morreu. Semmelweis imaginou que o contágio estivesse associado à manipulação de tecidos nas aulas de anatomia. Mandou instalar pias na ala dos estudantes e tornou obrigatório lavar as mãos com cloreto de cal. No mês seguinte, a mortalidade entre as mulheres caiu para 0,2%! Mais incrível é o que aconteceu em seguida. Os dados de Semmelweis foram desmentidos, ele foi exonerado, e as pias - atribuídas à superstição -, arrancadas. D) A ala dos estudantes apresentava menores problemas de contágio. Nos dez anos seguintes, Semmelweis tentou alertar os médicos em toda a Europa, sem sucesso. A Academia de Paris rejeitou seu método em 1858. Semmelweis enlouqueceu e foi internado. Em 1865, invadiu uma sala de dissecação, feriu-se com o bisturi e morreu infeccionado. Pouco depois, Pasteur provou que ele estava certo. E) A rejeição aos métodos de Semmelweis ocorreu em função da inveja comum ao meio. Para o leitor da nossa época, o interessante é que Semmelweis foi vítima de um obscurantismo científico. Como nota o tradutor italiano no prefácio agregado à edição brasileira, qualquer xamã de alguma cultura dita primitiva isolaria cadáveres e úteros por meio de rituais de purificação. No científico século 19, isso parecia crendice. (Adaptado de: FRIAS FILHO, Otávio. Ciência e superstição. Folha de S. Paulo, São Paulo 30 abril de 1998.) Vocabulário Inexorável - inabalável - inflexível Lúgubre - triste - sombrio - sinistro Estapafúrdia - extravagante - excêntrico - esdrúxulo - Obscurantismo - oposição ao conhecimento - política de fazer algo para impedir o esclarecimento das massas Resposta
  • 7. Atente para este texto: trata-se de um artigo jornalístico. Observe como ele atende às características assinaladas na tipologia textual do jornalismo. A) Observe que o texto usa o advérbio normalmente, mas a afirmação emprega sempre, mudando a verdade do texto. B) Novamente, se compararmos com o texto, veremos que o autor afirma que o episódio talvez seja a pior mancha da história. Na afirmação, foi usado o advérbio indiscutivelmente acrescido de a pior mancha. Trata-se de um exagero, um acréscimo à realidade do texto. C) Resposta Correta: O texto afirma que nem sempre o avanço do conhecimento é um processo linear. D) A ala dos estudantes apresentava maiores problemas de contágio, pois as pias foram instaladas lá, justamente para lavar as mãos dos estudantes que trabalhavam na dissecação de cadáveres. E) A inveja não é abordada pelo texto, portanto trata-se de uma exterioridade. Você, pode achar verdadeiro, mas a conclusão será pessoal Questão 04 Com base no texto, assinale a alternativa correta. A) Em relação aos povos primitivos, a Europa do século passado praticava uma medicina atrasada. B) A comunidade científica sempre deixa de reconhecer o valor de uma descoberta. C) A higiene das mãos com cloreto de cal reduziu moderadamente a incidência de febre puerperal. D) Semmelweis feriu-se com o bisturi infectado porque queria provar a importância de sua descoberta. E) Ignorar a redução nas estatísticas obituárias resultante da introdução da assepsia foi uma grande estupidez. Questão 05 A partir da leitura do texto, é possível concluir que: A) o livro A Vida e a Obra de Semmelweis recebeu recentemente uma cuidadosa tradução para o italiano. B) a teoria de Semmelweis foi rejeitada porque propunha a existência de microorganismos, que não podia ser provada cientificamente. C) a nacionalidade húngara do médico pode ter sido um empecilho para sua aceitação na Europa do século passado. D) Semmelweis foi execrado pelos seus pares porque transformou a assepsia numa obsessão. E) Semmelweis enlouqueceu em conseqüência da rejeição de sua descoberta. Questão 04 - Resposta Instruções: As questões 4 e 5 devem merecer atenção. Estamos diante de questões de inferências. As alternativas corretas não estão propriamente no texto, mas poderemos chegar facilmente a elas, ou seja, o autor nos autoriza a concluir por elas. A) O autor não classifica de atrasada a medicina européia da época. B) Novamente o advérbio colocado para trair a atenção do aluno: sempre. Trata-se de um acréscimo, de um exagero.
  • 8. C) Não foi moderadamente. De novo o advérbio. Veja como as armadilhas são sempre as mesmas. Se você as conhecer, ficará bem mais fácil chegar à resposta correta. D) O texto simplesmente diz que ele se feriu. Não dá as causas. E) Resposta Correta: Foi de fato uma estupidez. Essa é uma conclusão possível do texto. Observe que o autor declara: "Mais incrível é o que aconteceu em seguida". Questão 05 - Resposta A) O livro foi recentemente publicado no Brasil. B) Os microorganismos eram desconhecidos à época. Essa alternativa é perigosa, pode confundir o aluno. C) Não há referência sobre essa afirmação. Os motivos, como já vimos, foram outros. D) Semmelweis foi execrado por ter sido desmentido e por suas descobertas serem atribuídas à superstição. E) Resposta Correta: Pode-se, tranqüilamente chegar a esse conclusão. Questão 06 Supondo que o leitor não saiba o significado da palavra xamã, o processo mais eficiente para buscar no próprio texto uma indicação que elucide a dúvida consistirá em A) considerar que a palavra encontra sua referência na cultura italiana, já que foi empregada pelo tradutor da obra para o italiano. B) Observar o contexto sintático em que ela ocorre: depois de pronome indefinido e antes de preposição. C) Relacionar o seu significado às palavras leitor e prefácio. D) Relacionar o seu significado às expressões cultura dita primitiva e rituais de purificação. E) relacionar a palavra a outras que tenham a mesma terminação, como iansã, romã e anã. Resposta Todas as provas DE CONCURSOS PÚBLICOS ou VESTIBULARES trazem questões de vocabulário. Empiricamente, você, candidato, quando não sabe o significado de uma palavra, busca o contexto. Cuidado! Não é o contexto sintático. Saber se uma palavra exerce a função de sujeito ou de objeto não define o seu valor semântico. Não confunda semântica com sintaxe. Xamã está no campo de ação de palavras dessa cultura primitiva. A resposta correta, portanto, é D. Atente para a alternativa E: dá a nítida impressão de bom humor. A banca também se diverte. O que anã e romã tem em comum com xamã? Gozação. As questões a seguir estão baseadas no seguinte texto: 01 Lá pela metade do século 21, já não 02 haverá superpopulação humana, como 03 hoje. Os governos de todo o mundo - 04 presumivelmente, todos democráticos - 05 poderão incentivar as pessoas à reprodu- 06 ção. E será melhor que o façam com as 07 melhores pessoas. A eugenia humana - 08 isto é, a escolha dos melhores exemplares 09 para a reprodução, de modo a aprimorar a 10 média da espécie, como já se fez com ca- 11 valos - encontrará o período ideal para 12 sair da prancheta dos cientistas para a vi- 13 da real. Pessoas selecionadas por suas 14 características genéticas serão emprega-15 das do estado. O funcionalismo público te-16 rá uma nova categoria: a dos reprodutores.17 Este exercício de futurologia foi apresen-18 tado seriamente pelo professor do Institu-19 to de Biociências da USP Osvaldo Frota-20 Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Ale-21 manha - Ética e Genética, quarta-feira à 22 noite. [...] Nas conferências de segunda e 23 terça, a eugenia foi citada como um perigo 24 das novas tecnologias, uma idéia que não 25 é cientificamente - e muito menos etica- 26 mente - defensável. (TEIXEIRA, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. Zero Hora, 6.10.95, p. 5, 2º Caderno)
  • 9. Questão 07 Considere as seguintes afirmações sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto. I. O autor do texto é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico, como indica o primeiro parágrafo. II. O autor trata as idéias do professor Osvaldo Frota-Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da palavra seriamente na linha 18. III. Ao relatar posições contraditórias por parte dos cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela que esta é uma concepção controversa. Quais estão corretas? A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas III. D) Apenas II e III. E) I, II e III. Questão 08 Assinale a alternativa que está de acordo com o texto. A) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é considerado excessivo. B) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial. C) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota- Pessoa é a futurologia. D) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética. E) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma oportunidade de trabalho apenas para homens. Questão 09 Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana: I. O uso restritivo da palavra humana (linha 07), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 07) não se refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie. II. Pelos princípios expostos no texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos quais será feita a seleção dos melhores exemplares. III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico. Quais estão corretas? A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas I e III. D) Apenas II e III. E) I, II e III. Questão 07 - Resposta Normalmente em provas de Concursos e Vestibulares é solicitado do concursando este tipo de informação: saber de quem é a opinião. Muitas vezes, como é este o caso, o autor apenas expressa o ponto de vista de outra pessoa.
  • 10. A resposta correta é D. Questão 08 - Resposta A) Resposta Correta: Hoje existe superpopulação. B) A causa da queda da população não foi revelada no texto. C) Esta conclusão é falsa. O tal professor fez apenas um exercício de futurologia. Novamente a banca tenta iludir e confundir você. Cuidado! D) Aqui temos uma troca: o maior perigo das novas tecnologias não é a ética, mas sim a eugenia. E) Em absoluto o texto afirma que são os homens: aborda as pessoas em geral. Além disso, também não faz afirmações sobre o mercado de trabalho. Questão 09 - Resposta O uso restritivo de humana diz exatamente isto: humana. Logo, não se estende a outras espécies. Resposta Correta: D Texto O peso original volta depois das dietas 01 O corpo humano, mesmo submetido 02 ao sacrifício de uma dieta alimentar 03 rígida, tem tendência a voltar ao peso 04 inicial determinado por um equilíbrio 05 interno, segundo recente estudo reali- 06 zado por cientistas norte-americanos. 07 Depois do aumento de alguns quilos 08 supérfluos, o metabolismo buscará 09 eliminar o peso excessivo. 10 O corpo dispõe de um equilíbrio que 11 tenta manter seu peso em um nível 12 constante, que varia em função de 13 cada indivíduo. O estudo sugere que 14 conservar o peso do corpo é um fenô- 15 meno biológico, não apenas uma ati- 16 vidade voluntária. O corpo ajusta seu 17 metabolismo em resposta a aumentos 18 ou perdas de peso. Dessa forma, 19 depois de cada dieta restrita, o metabo- 20 lismo queimará menos calorias do que 21 antes. Uma pessoa que perdeu recente- 22 mente pouco peso vai consumir menos 23 calorias que uma pessoa do mesmo 24 peso que sempre foi magra. A pesquisa 25 conclui que emagrecer não é impossí- 26 vel, mas muito difícil e requer o consu- 27 mo do número exato de calorias quei- 28 madas. Ou seja, uma alimentação mo- 29 derada e uma atividade física estável a 30 longo prazo. (Zero Hora, encarte VIDA, 06/05/1995) Questão 10 Segundo o texto, é correto afirmar: A) Uma dieta alimentar rígida determina o equilíbrio interno do peso corpóreo. B) O equilíbrio interno é um fenômeno biológico. C) Conservar o peso não depende somente da vontade individual. D) O ajuste de peso significa queima de calorias. E) O número exato de calorias queimadas vincula-se a uma dieta. Questão 11 Das opções abaixo, todas podem substituir, sem prejuízo ao texto, a palavra rígida (l. 03), A) menos rigorosa B) austera C) severa D) íntegra E) séria Questão 10 - Resposta Antes de mais nada, observe que o texto é um editorial de um caderno de Zero Hora. Portanto, não há um autor em especial declarado. A) O texto busca exatamente mostrar o contrário.
  • 11. B) Conservar o peso é um fenômeno biológico. Temos, de novo, uma inversão com o objetivo de confundir o aluno. C) Resposta Correta: Existem outros fatores. D) Essa afirmação não está no texto. E) O número exato de calorias queimadas depende de outros fatores. Questão 11- Resposta Esse tipo de questão é muito comum: ele propõe a substituição de palavras. Em alguns Concursos ou Vestibulares, em vez de uma, aparecem três palavras, tornando o exercício mais trabalhoso. A palavra rígida só não pode ser substituída por íntegra, que vem de integridade, honestidade. CRITÉRIOS PARA UMA BOA PRODUÇÃO DE TEXTOS O que observar ? I - Quanto ao aspecto estético; - legibilidade da letra; - travessão; - paragrafação; - ausência de rasuras II - Quanto ao aspecto gramatical: - Ortografia; - Acentuação; - Concordância; - Pontuação; - Colocação pronominal; - Regência Verbal. III- Quanto ao aspecto estilístico : - Repetição de palavras; - Frases longas. Emprego de palavras desnecessárias ; - Uso inadequado do pronome onde; - Uso de adjetivos inexpressivos. Presença de elementos da língua falada (oralidade); - Emprego repetitivo das palavras que, porque e mas; - Prolixidade. IV- Aspecto estrutural Na narrativa - Presença de um conflito básico ou de uma idéia central, seqüência lógica - temporal. - Seqüência entre as idéias. - Presença de aspectos pertinentes à idéia (conflito) central. - Mundo interior da personagem (o que ela pensa e sente). - Seleção das falas da personagem. - Caracterização física e/ ou psicológica da personagem. - Criação do suspense. - Desfecho, Coerência do foco narrativo. - Coerência entre os fatos apresentados. Na descrição - Descrição das personagem (s) com características físicas e psicológicas. Seleção dos detalhes com uma idéia básica. Na dissertação - Seleção dos argumentos. - Análise de efeitos argumentativos de um recurso expressivo. - A Tese. - Desenvolvimento da análise de um problema. - Esquema de argumentação.
  • 12. I - NARRAÇÃO A narração se caracteriza, essencialmente, pelo dinâmico, pela ação. Sempre é realizada sobre fatos de caráter dinâmico, onde o verbo predomina. É o relato das circunstâncias de um fato. Todo relato de fatos envolve: - - - um narrador na 1° ou 3° pessoa; - apresentação dos fatos em ordem cronológica ou de importância das circunstâncias que o envolveram. A caracterização é a fala dos personagens. O narrador é aquele através do qual a história nos chega; por isso, acaba por impor condições para o desenvolvimento dos demais elementos narrativos. Sabemos que, por exemplo, um narrador-personagem (aquele que narra em primeira pessoa e está, de alguma maneira, envolvido na história que conta) não tem, a princípio, acesso ao mundo interior das outras personagens, não possui um conhecimento pleno sobre a totalidade dos seres que participam de sua história . Se por acaso, um narrador personagem passar mais informações que as possíveis para o seu "foco", o leitor pode, imediatamente, desconfiar da veracidade do narrado, questionar o narrador (a não ser que o personagem tenha sido construído como um mentiroso salafrário...) e, mais ainda, apontar um problema de incoerência textual. Todo assunto deve ter começo (prólogo), meio (trama) e fim (epílogo). Quando o narrador está em 1° pessoa ele narra sua própria estória, tornando-se o centro das atenções. Ex: "Eu quisera ser poeta, Ou compositor de hino, E num linguajar cristalino, Só fazer versos perfeitos, Porém, eu tenho esse defeito. Quando o narrador está em 3° pessoa, ele relata a estória de outra pessoa ou coisa, estando completamente fora da estória, servindo apenas como interlocutor. Ex: "Os romeiros sobem a ladeira, Cheia de espinhos, cheias de pedras, Sobem a ladeira que levam a Deus, e vão cantando louvores pelo caminho.". A ordem dos fatos em toda a estória se desenrola em duas coordenadas: tempo e espaço. - tempo: pode ser cronológico, quando os fatos são narrados na mesma ordem em que eles se dão no mundo real e há uma narrativa linear (com/meio/fim); ou psicológico, quando nós nos envolvemos em um tempo que flui dentro de nós independentemente do relógio. Para a personagem, um minuto pode parecer uma eternidade ou uma vida eterna pode ser sentida num instante. Uma outra característica que merece ser destacada é a que diz respeito ao próprio ritmo da narrativa. Sabemos que os acontecimentos podem ser narrados conforme uma estruturação de temporalidade seqüencial (os fatos seguem-se uns aos outros , na medida em que aconteceram, ou acontecem) ou rompendo-se essa estruturação através de flashbacks (retrospectivas) e de flashforwards (antecipações). - espaço pode ser: físico; lugar material (externo), onde se passam os fatos: rua, casa, cidade, etc; social; aglomerado de pessoas com objetivos comuns, ou seja, onde os indivíduos se congregam para fins sociais: cinema, sala de aula, baile. Discurso direto e indireto O discurso direto identifica-se com a fala dos personagens, quando o narrador está falando e transfere suas falas às personagens, nesse momento as personagens assumem o fio da narrativa. Ocorre a introdução do verbo dizer e outros sinônimos, e dos sinais específicos de pontuação (:-). Ex: O menino disse: - Hoje não quero ir à escola. A mãe retrucou: - Não posso aceitar que você não vá. No discurso indireto, só o narrador fala pelos personagens. Os sinais de pontuação são trocados pela conjunção que, conservando-se o verbo dizer ou seus sinônimos. Ex: O menino disse que não queria ir à escola, a mão retrucou que não poderia aceitar que ele não fosse. Na passagem do discurso direto para o indireto, os verbos que estão no presente vão para o passado, os que estão no passado vão para o mais-que-perfeito, "isto aqui" vira "aquilo lá" e "esta" vira "aquela". Na passagem do indireto para o direto, fazemos o caminho contrário. Veja alguns exemplos: Do direto para o indireto: - A chuva veio logo, disse ele. Ele disse que a chuva vinha logo.
  • 13. - Estas memórias vão dar o que falar - admitia esfregando as mãos contentes, ao reler esses lances inéditos. Admitia esfregando as mãos contentes, ao reler aqueles lances inéditos, que aquelas memórias iam dar o que falar. Do indireto para o direto: O marido perguntou se Diva queria café no quarto. O marido perguntou: - Quer café no quarto, Diva ? Rodrigo perguntou se tu falaste com o Dr. Brandão. Rodrigo perguntou: - Falaste com o Dr. Brandão ? Policarpo Quaresma me perguntou como ia a família. Policarpo Quaresma me perguntou: - Como vai a família ? Verbos de elocução Observe o verbo grifado: O pai chamou Carlinhos e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho ? Observe : A . O pedreiro disse que estava à disposição. B . O pedreiro disse: Estou à disposição. Transformamos: A - discurso indireto em B - discurso direto . Faça o mesmo: Observe: A . Intrigado o pai perguntou ao filho: Você viu ontem uma carteira em cima desta mesa ? B . Intrigado, o pai perguntou ao filho se ele vira, no dia anterior, uma carteira em cima daquela mesa. Transformamos: A - discurso direto em B - discurso indireto. O narrador empregou o verbo perguntar para indicar a personagem a que pertence a fala. Denomina-se verbo de elocução (verbos dicendi). Veja agora uma relação dos principais verbos de elocução: dizer (afirmar, declarar) exclamar (gritar, bradar) perguntar (indagar, interrogar) pedir (solicitar, rogar) responder ( retrucar, replicar) exortar (aconselhar) contestar (negar, objetar) ordenar (mandar, determinar) Além desses verbos de sentido geral, existem outros, mais amplos.. Veja alguns: sussurar, murmurar, balbuciar, cochichar, segredar, esclarecer, sugerir, soluçar, comentar,
  • 14. propor, convidar, cumprimentar, repetir, estranhar, insistir, prosseguir, continuar, ajuntar, acrescentar, concordar, consentir, anuir, intervir, repetir, rosnar, berrar, protestar, contrapor, desculpar, justificar-se, suspirar, rir, etc. Pontuação no discurso direto A fala da personagem, no discurso direto, deve vir disposta em parágrafo e introduzida por travessão. Virou-se para o pai e aconselhou: Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Os verbos de elocução são pontuados de acordo com sua posição. 1a posição - antes da fala - separa-se por dois pontos : O pai chamou Pedrinho e perguntou :Quem quebrou o vidro, meu filho ? 2a posição - depois da fala - separa-se por travessão ou vírgula : Agora você se chama Teresinha, disse me beijando a face. Agora você se chama Teresinha - disse me beijando a face. 3a posição - no meio da fala - separa-se por travessão ou vírgula: A Sociedade - afirmava Simão - tem obrigação de fazer o enterro. Nesse dia , observou Luís Garcia sorrindo levemente, há de ser tão sincera como hoje. (Machado de Assis) Numa narrativa, nem sempre os verbos de elocução estão expressos. Costuma-se omiti-los principalmente em falas curtas ou para traduzir tensão psicológica das personagens. Utilização do discurso direto na produção de um texto. Seleção das falas mais significativas, isto é, as falas pertinentes ao conflito básico vivido pelas personagens. Não se deve ter a pretensão de retratar fielmente a realidade, relatando tudo o que as personagens poderiam ter dito. Adequação das falas ao nível cultural das personagens e principalmente ao registro lingüístico. Discurso indireto Estabelece-se o discurso indireto, quando o narrador, em vez de deixar a personagem falar, reproduz com suas palavras o que foi dito, Exemplo:
  • 15. Chamou um moleque e bradou-lhe que fosse à casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não estivesse em casa, perguntasse onde podia ser encontrado(...) ( Machado de Assis) Se o narrador reproduzisse diretamente a fala da personagem, a construção do texto seria assim: Chamou um moleque e bradou-lhe : Vá a casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não estiver em casa, pergunte onde pode ser encontrado. No discurso indireto, também podem estar presentes verbos dicendi, mas seguidos de orações substantivas, geralmente iniciadas com a conjunção que ou se. Na passagem do discurso direto para o indireto ou vice-versa, importa observar algumas transformações importantes: discurso direto: primeira pessoa Eles perguntaram : - O que devemos fazer ? 1) Discurso indireto: terceira pessoa 2) Eles perguntaram o que deviam fazer. discurso direto: imperativo O professor ordenou: - Façam o exercício ! 1) Discurso indireto: pretérito imperfeito do subjuntivo 2) O professor ordenou que fizéssemos o exercício. discurso direto: futuro do presente A enfermeira explicou: - Com o medicamento, a criança dormirá calmamente discurso indireto: futuro do pretérito A enfermeira explicou que, com o medicamento, a criança dormiria calmamente. discurso direto: presente do indicativo Ela me perguntou : - A quem devo entregar o trabalho ? 1) Discurso indireto : pretérito imperfeito do indicativo 2) Ela me perguntou a quem devia entregar o trabalho. discurso direto: pretérito perfeito Ele disse : - Estive na escola e falei com o diretor. Discurso indireto: pretérito mais-que-perfeito Ele disse que estivera na escola e falara com o diretor. Discurso indireto livre Às vezes, no entanto, as falas do narrador e da personagem parecem confundir-se numa só, sem que se saiba claramente a quem elas pertencem, Trata-se, neste caso, do discurso indireto livre. Observe, por exemplo, esta passagem de Graciliano Ramos, extraída do romance Vidas secas: O suor umedeceu-lhe as mãos duras. Então ? Suando com medo de uma peste que se escondia tremendo ? Note que a primeira frase pertence ao narrador, porém as interrogações são da personagem; entretanto, não há indicações dessa mudança através de verbos dicendi, o que exclui também as conjunções integrantes. Assim, a narrativa se torna mais fluente, aproximando mais narrador e personagem. Monólogo O monólogo, constitui, fundamentalmente, o registro das divagações interiores. Pode ser uma narrativa ou um simples relato, o qual pode ter a forma de um acontecimento determinado ou de análise do acontecimento, das relações lógicas ou causais aí implicadas. O monólogo é sempre, apesar do termo, uma linguagem dirigida a um interlocutor vivo; as reações deste permitem a correção no curso da alocução. Em alguns casos, o monólogo pode passar a ser uma forma encoberta de linguagem coloquial e ser regulada de fora. As duas formas também possuem, além dos meios de codificação verbais, uma série de elementos expressivos complementares ou
  • 16. "marcadores"(prosódicos, mímica e gestos expressivos), que pontuam diferentemente recursos sintáticos que podem ser semelhantes ou idênticos. Além disto, as duas formas permitem, em certa medida, que a estrutura gramatical da enunciação fique incompleta (elipse), de tal forma que o monólogo se aproxime estruturalmente do diálogo. O texto apresenta o registro de um monólogo do narrador-personagem. Leia-o atentamente. Alguns dias depois achava-me no banheiro, nu, fumando, fantasiando maluqueiras, o que sempre me acontece. Fico assim duas horas, sentado no cimento. Tomo uma xícara de café às seis horas e entro no banheiro. Saio às oito. Visto-me à pressa e corro para a repartição. Enquanto estou ali fumando, nu, as pernas estiradas, dão-se grandes revoluções na minha vida. Faço um livro notável, um romance. Os jornais gritam, uns me atacam, outros me defendem. O diretor olha-me com raiva, mas sei perfeitamente que aquilo é ciúme e não me incomodo. Vou crescer muito. Quando o homem me repreender por causa da informação errada, compreenderei que se zanga porque o meu livro é comentado nas cidades grandes. E ouvirei as censuras resignado. Um sujeito me dirá: Meus parabéns, seu Silva. O senhor escreveu uma obra excelente. Está aqui a opinião dos críticos. Muito obrigado, doutor. Abro a torneira, molho os pés. Às vezes passo uma semana compondo esse livro que vai ter grande êxito e acaba traduzido em línguas distantes. Mas isto me enerva. Ando no mundo da lua . Quando saio de casa, não vejo os conhecidos. Chego atrasado à repartição. Escrevo omitindo palavras, e se alguém me fala, acontece-me responder verdadeiros contra-sensos. Para limitar-me às práticas ordinárias, necessito esforço enorme, e isto é doloroso. Não consigo voltar a ser o Luís da Silva de todos os dias. Olham-me surpreendidos: naturalmente digo tolices, sinto que tenho um ar apalermado. Tento reprimir estas crises de megalomania, luto desesperadamente para afastá-las. Não me dão prazer: excitam-me e abatem-me. Felizmente passam-se meses sem que isto me apareça. De ordinário fico no banheiro, sentado, sem pensar, ou pensando em muitas coisas diversas umas das outras, com os pés na água, fumando, perfeitamente Luís da Silva. Uma formiga que surge traz-me quantidade enorme de recordações, tudo quanto li em almanaques sobre insetos. Agora não há nenhum livro traduzido, nenhuma vaidade. Olho a formiga. Quando ela vai entrar no formigueiro, trago-a para perto de mim, faço no chão um círculo com o dedo molhado, deixo-a numa ilha, sem poder escapulir-se. Observo- a e penso nos costumes dela, que vi nos almanaques. Graciliano Ramos. Angústia. II - DESCRIÇÃO O ato de descrever requer alguns fatores básicos, como: percepção, análise, classificação. Descrever é traduzir em palavras, minuciosamente, um determinado objeto. A natureza da descrição é estática. Não se faz à base da ação, mas sim à base do estado do objeto. Todo o trabalho descritivo deve ser precedido de um levantamento de dados por parte do observador do objeto. Pode ser definida também como a definição de um objeto ou pessoa, através da exploração dos aspectos que caracterizam esse objeto ou pessoa. Ex: " ... um cara gordo, bem gordo, com a barriga saindo fora da cinta, paletozão largo, chapéu, e um revólver pequeno no coldre ... ". Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido; mas ambos corajosos. Nesse texto, extraído do romance O cortiço, Aluísio Azevedo selecionou determinados detalhes das personagens suficientes para caracterizar e sugerir ao leitor a força bruta de Jerônimo e a agilidade de Firmo. As demais características físicas que compõem essas personagens (olhos, rosto, cabelo, peito, pernas, etc.) são articuladas pela imaginação do leitor. Podemos dizer que o autor, diante da realidade física ou psicológica que está sendo descrita, coloca apenas as peças fundamentais de um quebra-cabeça, deixando as demais peças para serem preenchidas pela imaginação do leitor. A descrição como enriquecimento da narração A descrição constitui um excelente recurso a ser utilizado dentro de um texto narrativo. Podemos dizer inclusive que será ela a responsável pela vitalidade e expressividade da narrativa. Ela consegue criar toda a
  • 17. atmosfera dramática e afetiva do texto e é através dela que o narrador penetra na alma da personagem. Observe, no texto seguinte, a presença da descrição dentro da narrativa. Maria Irma escutou-me , séria. A boquinha era quase linear; os olhos tinham fundo, fogo, luz e mistério, e tonteava-me ainda mais o negrume encapelado dos cabelos. Quando eu ia repetir meu amor pela terceira vez, ela, com voz tênue como cascata de orvalho, de folha em flor e flor em folha, respondeu- me: - Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo acreditar... Guimarães Rosa, Minha gente Esse trecho perderá toda a atmosfera psicológica se omitirmos os trechos descritivos: Maria Irma escutou-me. Quando eu ia repetir meu amor pela terceira vez, ela respondeu-me: - Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo acreditar... 1- Fornecemos, a seguir, alguns trechos descritivos. Com base nos aspectos selecionados pelo autor, informe qual a impressão básica que cada um deles transmite: (1) beleza (3) ironia (5) bisbilhotice (2) sensualidade (4) introspecção a) Mas a repolhuda moça não se conformava com aquela desgraça. Vivia triste. As banhas cresciam-lhe cada vez mais; estava vermelha; cansava por cinco passos. Era um desgosto sério! Recorria a vinagre; dava-se a longos exercícios pela varanda; mas qual ! - as enxúndias aumentavam sempre. Lindoca estava cada vez mais redonda, mais boleada; estremecia cada vez mais com o seu peso; os olhos desapareciam-lhe na abundância das bochechas; o seu nariz parecia um lombinho; as suas costas, uma almofada. Bufava." Aluísio Azevedo, O mulato. b) Olívia era atraente, tinha uns olhos quentes, uma boca vermelha de lábios cheios. Érico Veríssimo, Olhai os lírios do campo. c) Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinqüenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros, espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo que ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para dentro de si, porque deixava cair as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma e a vida dos outros. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. d) As senhoras casadas eram bonitas; a mesma solteira não devia ter sido feia, aos vinte e cinco anos; mas Sofia primava entre todas elas. Não seria tudo o que o nosso amigo sentia, mas era muito. Era daquela casta de mulheres que o tempo, como um escultor vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos dias. Essas esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e sete; era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se não quisesse prolongar ainda o trabalho, por dois ou três anos. Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro, quando o nosso Rubião falava com a Palha, e eles iam sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já não sublinham nada; compõem logo as cousas, por si mesmos, em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos, braços, são melhores, e ela ainda os faz ótimos por meio de atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde suportar, - cousa que o próprio Rubião achou a princípio que destoava do resto da cara, - o excesso de sobrancelhas, - isso mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto mui particular.
  • 18. Traja bem; comprime a cintura e o tronco no corpinho de lã fina cor de castanha, obra simples, e traz nas orelhas duas pérolas verdadeiras - mimo que o nosso Rubião lhe deu pela Páscoa. Machado de Assis, Quincas Borba e) Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase magestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma jóia. Ela. Clarice Lispector, Laços de família. 2- Destaque, no texto abaixo, as passagens descritivas. a) Inesperadamente reaparece o Silvino muito branco, com as suíças mais pretas, pelo contraste do medo. Raul Pompéia, O Ateneu b) Fechei-me no quarto. Pela janela aberta entrava um cheiro de mato misantropo. Debrucei-me. Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro, que riscou um psiu de luz. Guimarães Rosa, Sagarana c) Sentada em uma mesa, a velha cafetina. Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes moles. Leonor Maria A . de Carvalho, aluna d) Vieram tomar o menino da Senhora. Séria, mãe, moça dos olhos grandes, nem sequer era formosa; o filho, abaixo de ano, requeria seus afagos. Não deviam cumprir essa ação, para o marido, homem forçoso. Ela procedera mal, ele estava do lado da honra. Guimarães Rosa, Tutaméia. e) Enfim, num morrer de mês, voltei ao São Martinho. Entrei modificado, sério, de poucas falas. Evitei falar com Dona Lúcia. Foi até bom que Naninha mostrasse interesse por mim. Moça limpa, sem um dedal de pecado. Se a mulher de Frederico viesse com imposições, falando em passeios pelos matos, eu era muito Eduardo de Sá Meneses de mandar que comprasse um espelho. José Cândido de Carvalho, Olha para o céu, Frederico 3- Acrescente ao texto narrativo frases descritivas, na seqüência que você julgar adequada. Trecho narrativo: Uma tarde me chegou uma cabrocha me pedindo esmola para a mãe doente. Dei dois mil-réis. Voltou no outro dia, para falar não sei de quê. Frases descritivas: a) Tinha os olhos claros e umas feições admiráveis. b) O corpo era bem-feito. c) Pequena. d) Os olhos, de um verde desmaiado, mas muito suja. e) Mexia com os quartos, quando andava. 4- Releia o texto "d" da 1a questão. O que o autor quis dizer com: a) "Sofia rastejava os vinte e oito anos". b) "Era daquela casta de mulheres que o tempo..." c) "...era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques..." 5- Qual o objeto de cada uma das descrições a seguir ? Sublinhe as palavras que identificam os objetos , as noções ou os personagens descritos. a) "Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, braços dobrados como dois gravetos, as mãos protegendo a cabeça. Tinha os gambitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa-de- meia esburacada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia estar morto. Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo mesmo, um traste inútil, abandonado sobre a calçada. Um menor abandonado."
  • 19. (Fernando Sabino) b) "Na noite de S. João, a fogueira armada em pirâmide apontando para alguma estrela; galhos, gravetos, e folhas amparadas por toras mais grossas. Por baixo de tudo, bolas de alcatrão e um leve cheiro de álcool antigo (se lhes parecer possível) ." (Gustavo Bernardo) c) "Era um menino. Nem bonito nem feio; tem boca, orelhas, sexo e nariz no seu devido lugar, cinco dedos em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se bem da empreitada . Já enfrentou dez minutos de vida. Ainda traz consigo, nos olhinhos esgazeados, um resto de eternidade." ( Fernando Sabino ) Respostas/ Gabarito 1- a- (3) b- (2) c- (5) d- (1) e- (4) 2- a) Muito branco, com as suíças pretas, pelo contraste do medo. b) Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro que riscou um psiu de luz. c) Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes moles. d) Séria, mãe; moça de olhos grandes, nem sequer era formosa; abaixo de ano e) modificado, sério de poucas falas. Moça limpa, sem um dedal de pecado. 3- Esse exercício admite várias soluções aceitáveis. 4- (com) a) Sofia contava aproximadamente os 28 anos. (classe) b) Era daquela linhagem de mulheres que o tempo... c) ...era de supor que só aos trinta atingiria o auge de sua beleza... 5- Somente não sublinhe: a) ..."para se defender contra o frio da noite. ... como podia estar morto. ... abandonado sobre a calçada. Um..." b)..."Na noite de S. João, a ...(se lhes parecer possível)" c) "Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se muito bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos de vida". DESCRIÇÃO E NARRAÇÃO Para que fique claro a diferença entre narração e descrição, vamos destacar dois momentos do texto: A) Jerônimo, esbravecido pelo insulto, cresceu para o adversário com um soco armado; o cabra, porém, deixou-se cair de costas, a perna direita levantada; e o soco passou por cima, varando o espaço, enquanto o português apanhava no ventre um pontapé desesperado. B) Os instrumentos calaram-se logo. Fez-se um profundo silêncio. Ninguém se mexeu do lugar em que estava. E, no meio da grande roda, iluminados amplamente pelo capitoso luar de abril, os dois homens, perfilados defronte um do outro, olhavam-se em desafio. Nesses dois trechos, o narrador transmite aspectos da realidade. Há, porém, uma diferença na maneira como esses aspectos são captados. No texto A, o autor captou determinados aspectos da realidade em seu dinamismo, transmitindo ao leitor a progressão dos fatos em seu desenvolvimento temporal. Essa forma de apresentar a realidade denomina-se narração.
  • 20. No texto B, os aspectos da realidade captados pelo narrador acontecem ao mesmo tempo, são simultâneos. Não há entre eles qualquer marca temporal que indique progressão. Essa forma de apresentar a realidade denomina-se descrição. A descrição capta a simultaneidade dos fatos e aspectos que compõe a realidade. Poderíamos dizer que a narração está para o cinema, assim como a descrição está para a fotografia. 1 - Informe, nos trechos seguintes, o processo utilizado pelo narrador: narração ou descrição. a) O outro erguera-se logo e, mal se tinha equilibrado, já uma rasteira o tombava para a direita, enquanto da esquerda ele recebia uma tapona na orelha. Furioso, desferiu novo soco, mas o capoeira deu para trás um salto de gato e o português sentiu um pontapé nos queixos. b) Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido; mas ambos corajosos. c) Piedade berrava, reclamando polícia; tinha levado um troca-queixos do marido, porque insistia em tirá-lo da luta. As janelas do Miranda acumulavam-se de gente. Ouviam-se apitos, soprados com desespero. d) Mas, lá pelo meio do pagode, a baiana caíra na imprudência de derrear-se toda sobre o português e soprar-lhe um segredo, requebrando os olhos. Firmo, de um salto, aprumou-se então defronte dele, medindo-o de alto a baixo com um olhar provocador e atrevido. 2 - Numa descrição, a ordenação dos fatos não é um fator determinante, por não haver entre eles progressividade. Você encontrará em cada item a seguir um conjunto de aspectos. Ordene-os na seqüência que julgar adequada e componha um texto descritivo. a) Os olhos do gato riscam no escuro, verdes, demoníacos. b) A ladeira faz uma curva. c) As casas, velhas, tortas, desalinhadas, dormem. d) Os passos ecoam, sinistros, secos, vagarosos. e) Nenhuma janela acesa, nenhuma luz pelas frinchas. f) Os lampiões silvam. Respostas / Gabarito: 1- a) narração b) descrição c) descrição d) narração 2- Deve se aceitar qualquer seqüência, destacando-se: a) o aspecto que se pretende enfatizar b) o ritmo da seqüência de fatos III - DISSERTAÇÃO Consiste em tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário. Para dissertar sobre algum assunto, é necessário planejamento e elaboração. Nem sempre exige pesquisas especializadas ou leituras profundas. Na dissertação propriamente dita, não se verifica, como na narração, progressão temporal entre as frases e, na maioria das vezes, o objeto da dissertação é abstraído do tempo e do espaço . Comumentemente, em provas de concursos ou nos exames vestibulares a dissertação exigida versa sobre tema genérico a respeito do qual uma pessoa mais ou menos informada possa escrever, desde que seja possuidora de alguns conhecimentos básicos. Dentre eles, destacam-se dois fundamentais: conhecimento sobre o tema e habilidade de expressão escrita. - conhecimento sobre o tema: Ao ler o tema exigido, a primeira coisa a fazer é elaborar um plano que dará segurança ao redator e firmeza sobre o que vai dissertar. É preferível escolher poucas idéias e bem argumentá-las a simplesmente constatar uma série de idéias sem argumentações coerentes. Seja qual for o tema, o espírito crítico do redator, quando evidenciado, deve revelar expressividade e inteligência. - habilidade de escrita:
  • 21. O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar : uma frase contendo a idéia principal (frase nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal idéia. Exemplo: " A televisão mostra uma realidade idealizada (idéia central) porque oculta os problemas sociais realmente graves. (idéia secundária) 1- Exercício Desenvolva as idéias apresentadas, construindo frases adequadas: a- Muitas pessoas que vivem em grandes cidades sonham com a vida no campo porque... b- O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que ... c- As mulheres vêm conquistando um espaço cada vez maior na vida social e política de muitos países, no entanto... d- Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência; outras, porém, ... e- Muita gente acha que arte é dispensável, mas ... f- Devemos lutar para a preservação do meio ambiente, pois ... g- O lazer é necessário ao homem, no entanto... h- Muitos são contra as pesquisas espaciais, porque ... i- Geralmente os alunos acham dificuldade em elaborar uma dissertação, pois ... 2- Exercício Com base no exemplo, desenvolva as frases apresentadas, colocando argumentos que apoiem as idéias expressas: Exemplo: idéia central - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente. Desenvolvimento - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas que sofrem de problemas respiratórios. a- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado muita gente ao vício. b- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação criados pelo homem. c- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas pela polícia. d- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente. e- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a sociedade brasileira. O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: 1 - Enumeração Caracteriza-se pela exposição de um série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classificação ou aleatoriamente. Exemplo : O adolescente moderno está se tornando obeso por várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de tv. Exercícios No seu caderno , coloque a frase núcleo. Abaixo dela, apenas enumere os elementos que completarão a frase. Depois monte um parágrafo. Exemplo: Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o número de emissoras que dedicam parte da sua programação à veiculação de programas religiosos de crenças variadas. Enumeração a- A Santa Missa em seu lar b- Terço Bizantino c- Despertar da Fé d- Palavra de Vida e- Igreja da Graça no Lar 1- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios sociológicos e poluição. 2- Existem várias razões que levam um homem a enveredar pelos caminhos do crime. 3- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo , porque pode trazer muitas conseqüências indesejáveis.
  • 22. 4- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer . 5- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em várias categorias. 2 - Comparação A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta idéias, fatos, fenômenos e apresenta-lhes as semelhanças ou dessemelhanças. Exemplo: "A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real. " (Arthur Schopenhauer) Exercícios A partir das frases abaixo, desenvolver parágrafos com comparações. 1- A tensão do futebol é igual à tensão da vida. 2- Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador. 3- Assim como as palavras, as expressões fisionômicas também têm a sua linguagem. 4- Indubitavelmente, o vestibular pode ser comparado a uma angustiante corrida de obstáculos. 5- Comparando-se o antigo Código Nacional de Trânsito com o atual, percebe-se claramente que a lei exige mais responsabilidade do motorista. 3 - Causa e conseqüência A frase nuclear , muitas vezes, encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador) e , em outras situações, um segmento indicando conseqüências (fatos decorrentes) Exemplo: O homem , dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade fria e inamistosa. Exercícios Para cada assunto apresentado, redija um parágrafo dissertativo com relações de causa ou conseqüência. 1- O homem atua com vantagem sobre os outros animais pela sua capacidade de transformar elementos naturais em instrumentos de dominação. 2- A tecnologia desenvolveu meios que possibilitam a comunicação entre pessoas separadas por milhares de quilômetros. 3- Todo município conta , geralmente, com um sistema de tratamento da água a ser consumida pela população. 4- Na maioria dos povos primitivos e civilizados , o casamento monogâmico é encontrado com maior freqüência que o poligâmico. 5- A punição dos infratores está mais rigorosa e cara. 4 - Tempo e Espaço Muitos parágrafos dissertativos obedecem temporalmente e espacialmente a evolução de idéias e processos. Exemplo: Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta evolução . Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa. Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas região temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.(Melhem Adas) Exercícios Partindo das frases nucleares abaixo, construir parágrafos dissertativos ordenados por tempo e espaço. 1- Em todos os tempos, o mar tem exercido fascinante atração sobre o homem. 2- O homem sempre buscou proteção ao longo de sua história. 3- O Brasil conta com tipos de aficcionados por vários esportes. 4- As novelas brasileiras tentam mostrar não mais apenas o Rio de Janeiro, mas também outras regiões brasileiras. 5- O homem sempre quis voar como os pássaros. 6- O uso do cinto de segurança tem evitado mortes em acidentes de trânsito. 5- Explicitação
  • 23. Num parágrafo dissertativo, pode-se conceituar, exemplificar e aclarar as idéias para torná-las mais compreensíveis. Exemplo : "Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbônico." Exercícios Explicitar as idéias contidas nas frases nucleares. 1- Os benefícios do esporte são muito apregoados hoje em dia. 2- A Internet é um auxílio rápido e eficaz às pesquisas escolares. 3- Uma mãe que vai buscar seu filho na escola pode somar muitos pontos e arcar com uma grande quantidade de dinheiro em multas, se não obedecer ao novo Código Nacional de Trânsito. Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve delimitar-se ao tema que será desenvolvido e que poderá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes idéias: a- A violência contra os povos indígenas é uma constante na história do Brasil. b- O surgimento de várias entidades de defesa das populações indígenas. c- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasileiro. d- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fazer a estruturação do texto. A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: 1- introdução - deve conter a idéia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafo) É a abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser defendida. 2- desenvolvimento - exposição de elementos que vão fundamentar a idéia principal que pode vir especificada através da argumentação, de pormenores , da ilustração, da causa e da conseqüência, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da idéia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas anteriormente. 3- conclusão - é a retomada da idéia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação. (um parágrafo) . Observe o texto abaixo: Vida ou Morte INTRODUÇÃO A grande produção de armas nucleares, com seu incrível potencial destrutivo, criou uma situação ímpar na história da humanidade: pela primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente a sua própria raça da face do planeta. DESENVOLVIMENTO A capacidade de destruição das novas armas é tão grande que, se fossem usadas num conflito mundial, as conseqüências de apenas algumas explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se chegar ao aniquilamento total da espécie humana. Não haveria como sobreviver a um conflito dessa natureza, pois todas as regiões seriam rapidamente atingidas pelos efeitos mortíferos das explosões. CONCLUSÃO Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da corrida armamentista e desviando para fins pacíficos os imensos recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os homens aprendem a conviver em paz , em escala mundial, ou simplesmente não haverá mais convivência de espécie alguma, daqui a algum tempo. (Texto adaptado do artigo "Paz e corrida armamentista" in Douglas Tufano) Na introdução, o autor apresenta o tema (desenvolvimento científico levou o homem a produzir bombas que possibilitam a destruição total da humanidade), no desenvolvimento, ele expõe os argumentos que apoiam a sua afirmação inicial e na conclusão, conclui o seu pensamento inicial , com base nos argumentos.
  • 24. Na dissertação, podem-se construir frases de sentido geral ou de sentido específico, particular. Às vezes, uma afirmação de sentido geral pode não ser inaceitável, mas se for particularizada torna-se aceitável. Exemplo: É proibido entrar nesta sala . (sentido geral) É proibido entrar nesta sala sem autorização. (sentido específico) Exercícios Faça as especificações das afirmações, tornando-as aceitáveis. a- A liberdade é perigosa. b- Caminhar faz mal ao coração. c- Assistir a televisão é prejudicial à criança. d- Conduzir motocicleta é proibido. Quando o autor se preocupa principalmente em expor suas idéias a respeito do tema abordado, fica claro que seu objetivo é fazer com que o leitor concorde com ele. Nesse caso , tem-se a dissertação argumentativa Para que a argumentação seja eficiente, o raciocínio deve ser exposto de maneira lógica, clara e coerente. O autor de uma dissertação deve ter sempre em mente, as possíveis reações do leitor e por isso, devem-se considerar todas as possíveis contra-argumentações, a fim de que possa " cercar" o leitor no sentido de evitar possíveis desmentidos da tese que se está defendendo. As evidências são o melhor argumento. Esquema comparativo Com relação ao conteúdo específico: Na Descrição: Retrato verbal: imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito Na Narração: Fatos - pessoas e ações que geram o fato e as circunstâncias em que este ocorre: tempo, lugar, causa, conseqüência, etc. Na Dissertação: Idéias - exposição , debate, interpretação, avaliação - explicar, discutir, interpretar, avaliar idéias. Com relação aos Aspectos humanos: Na Descrição: observação- percepção-relativismo desta percepção. Na Narração: imaginação (fatos fictícios) - pesquisa- observação (fatos reais). Na Dissertação: predomínio da razão - reflexão - raciocínio- argumentação. Com relação à Composição: Na Descrição: coleta de dados - seleção de imagens, aspectos - os mais singularizantes - .classificação - enumeração das imagens e/ou aspectos selecionados. Na Narração: levantamento (criação ou pesquisa) dos fatos . organização dos elementos narrativos (fatos, personagens, ambiente, tempo e outras circunstâncias) classificação - sucessão Na Dissertação: levantamento das idéias .definição do ponto de vista dissertativo: exposição, discussão, interpretação Quanto as Formas: Na Descrição: descrição subjetiva: criação, estrutura mais livre descrição objetiva: precisão, descrição e modo científico. Na Narração: Narração artística : subjetividade, criação, fatos fictícios narração objetiva: fatos reais, fidelidade. Na Dissertação: Dissertação científica - objetividade, coerência, solidez na argumentação, ausência de intervenções pessoais, emocionais, análise de idéias. Dissertação literária - criatividade e argumentação. Referências Bibliográficas
  • 25. As referências bibliográficas devem estar de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A bibliografia final deve seguir o seguinte padrão: a) Autor - último sobrenome com letra maiúscula, separado dos vírgula dos outros prenomes; (ponto e dois espaços ou travessão) b) Título - sublinhar ou colocar em itálico ;(ponto) c) Anotador ou tradutor -(ponto) d) Número da edição - se for a primeira , não se indica. Algarismo arábico, ponto, ed.(vírgula) e) Casa publicadora - nome da casa (vírgula) f) Ano da Publicação - em algarismo arábico (ponto) g) Número de páginas ou volumes - em algarismos arábicos (ponto) Abrevia-se p. e não pag ou pg. h) Ilustrações - se necessário (ponto) i) Série ou coleções - em algarismos arábicos, entre parênteses (ponto) TIPOLOGIA TEXTUAL Comunicar-se com eficiência parece, a princípio, algo fácil e simples a qualquer indivíduo. No entanto durante esse processo realizado automaticamente, não se questiona a seqüência de passos a percorrer para que se consiga realizar o complexo ato de comunicação por meio da língua. Classificação dos Tipos Textuais As diferentes tipologias textuais existentes, são classificadas da seguinte maneira: 1) as que consideram as características textuais internas dos textos (ou formais); 2) as que consideram os traços textuais exteriores aos textos (ou funcionais); 3) as que conciliam traços internos e externos ao texto (formais e funcionais). Classificação funcional A classificação atende a critérios funcionais, de acordo com as funções que os textos desempenham em relação ao leitor: informar, explicar ou orientar. Propõe-se, então, três categorias básicas: a) jornalismo informativo: notícia, reportagem, história de interesse humano, informação pela imagem; b) jornalismo interpretativo: reportagem em profundidade; c) jornalismo opinativo: editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada, opinião do leitor. Acrescentando alguns elementos, reduz-se essa classificação a duas categorias: a) jornalismo informativo: nota, notícia, reportagem, entrevista b) jornalismo operativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura, carta Evidencia-se a proximidade que há entre gênero e tipos textuais. Os tipos textuais, assim, não se limitam especificamente ao literário, ao jornalístico, ao técnico ou ao científico: são, na verdade, modelos gerais, que são escolhidos, adaptados e readaptados de acordo com cada função especifica que exercem na comunicação. Classificação formal e funcional Uma das grandes dificuldades encontradas nas classificações de tipos textuais decorre da não diferenciação entre os planos ou níveis de análise, para uma classificação dos tipos textuais-discursivos em níveis. a) Primeiro nível: estruturas discursivas. São estruturas discursivas disponíveis na língua, e, portanto, pertencentes ao plano das potencialidades da língua, tradicionalmente identificadas como gêneros de discurso: - estrutura narrativa [predicados de ação; ligação temporal]; - estrutura descritiva [predicados estáveis, ou equilibrados, em torno de entidades]; - estruturas de tipo expositivo/argumentativo [proposições, construções sintáticas complexas (subordinação) e construções, ou arquitetações hipotéticas]; - estruturas procedurais [organizações seqüenciais nas quais a referência a pessoa tem menos interesse que o processo em si (daí a ocorrência de sujeitos genéricos ou da impessoalidade); o verbo se apresenta no modo dos diretivos, o imperativo, o futuro ou o infinitivo; é comum o uso de orações independentes]; - estrutura expressiva [predicados com verbos de opinião, avaliativos, ou subjetivos, em que predomina a primeira pessoa]; - estruturas dialógicas [identificadas pela alternância das pessoas do discurso envolvidas, podendo, porém, ser reproduzidas em certas formas da escrita].
  • 26. b) Segundo nível: uso das estruturas discursivas em situações reais de comunicação. São possibilidades de uso de estruturas que aparecem sob organizações típicas associadas às diversas atividades desenvolvidas pelos indivíduos, como, por exemplo, a estória, a piada, o editorial. c) Terceiro nível: função ou propósito comunicativo com que dada unidade discursiva é empregada, sua força ilocucionária, ou a variedade de eventos comunicativos a que se associa. Gêneros: Primários , Secundários e Estilo O gênero primário é caracterizado por tipos de enunciado espontâneos e naturais, que ocorrem na imediatez da fala. O gênero secundário, por tipos de enunciados da fala aprimorados por meio da escrita. No que se refere ao estilo é possível fazer algumas observações: Quando escrevemos, devemos criar um estilo próprio para valorizar o nosso trabalho. Sem nos alongarmos no assunto, sugerimos aqui apenas três qualidades fundamentais do estilo: clareza, concisão e originalidade. A Clareza é a expressão de um pensamento. Para que ela ocorra, é necessário: pontuar corretamente, evitar construção de frases com palavras em ordem inversa e evitar períodos longos, com muitas orações intercaladas. Exemplo: "Meu tio, que chegou hoje, o qual é diretor de marketing de uma multinacional, trouxe-me boas notícias, mas eu não as contarei a ninguém, enquanto morar aqui, porque isso, estou certo, me prejudicaria, por muito tempo, na minha repartição." Melhor seria: "Meu tio, chegado hoje, é diretor de marketing de uma multinacional. Trouxe-me boas notícias, que a ninguém contarei. Divulgando-as, isso me prejudicaria, por muito tempo, na repartição. Disso estou certo." A Concisão é a arte de encerrar um pensamento com o menor uso possível de palavra. Para que haja concisão, é necessário: evitar um número excessivo de adjetivos, principalmente sinônimos, para cada substantivo (manhã, linda, radiosa e magnífica); evitar palavras inúteis ou redundantes (atualmente, nos dias de hoje, o homem atual ...); evitar, sempre que possível, o emprego de dois ou mais verbos juntos (vi que estava sofrendo). A originalidade, para ser conseguida, é preciso que não se empreguem lugares-comuns ou chavões, evitando a repetição de frases vulgares, usadas constantemente pela gente inculta: (chorou um mar de lágrimas; vem surgindo o astro-rei; seus cabelos cor de prata). Tipos Textuais como "ferramenta" Quando um indivíduo utiliza a linguagem, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que inconscientemente. A escolha de um tipo é um dos passos a ser seguidos no processo de comunicação. Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que está à disposição do indivíduo, sendo-lhe facultado a escolha da melhor maneira que lhe convier para, no processo de comunicação, servir-lhe de esteio na sua expressão lingüística. Utilizar-se de um tipo textual como uma estrutura básica normalmente usada em uma determinada situação o torna uma valiosa "ferramenta" (ou "instrumento") que o indivíduo procura, guia e controla para poder expressar a função primordial da linguagem que é atingir uma comunicação, em maior ou menor grau, argumentativa, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é integralmente alcançado e concretizado. COESÃO E COERÊNCIA Antes de tudo é preciso saber o que é coesão e coerência, pois sem essas duas chaves principais de qualquer texto, você não vai a lugar nenhum. Coesão - em nossa linguagem cotidiana procuramos executar manobras coesivas, muitas vezes, com o intuito de melhorar a própria expressividade do enunciado. Veja alguns casos:
  • 27. Em lugar de - Comprei sorvetes. Dei os sorvetes a meus filhos. usamos - Comprei sorvetes. Dei-os a meus filhos. Dei-os funciona como relacional que recupera em B o que havia sido colocado em A. O objetivo é evidenciar o processo de repetição, considerado menos "rico ou sofisticado" por uma certa gramática. O uso indevido de elementos de ligação invariavelmente podem comprometer os processos coesivos do texto. Coerência - A rigor, existem vários níveis e planos de coerência ou incoerência. Veja alguns casos: - Um sujeito resolve contar a última piada de papagaio num velório. Além de impertinente, a piada sofre de uma síndrome geral de incoerência contextual. A situação lutuosa não permite que o decoro seja quebrado e risos apareçam em torno do defunto. - Em vestibular da Fuvest, o candidato saiu-se com a seguinte "... a palidez do sol tropical refletia nas águas do rio Amazonas". Convenhamos que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez. O riso provocado pela leitura daquele texto poético é derivado de um caso de incoerência no uso da imagem. A lista poderia aumentar muito. Basta reter a idéia que, no fundo, o problema básico envolvido na produção da coerência é o do acerto das partes com relação ao todo textual; do ajuste seqüencial das idéias; da progressão dos argumentos; das afirmativas que são explicadas... Coloque-se sempre no lugar do autor ou do ouvinte para sentir se realmente está sendo coerente. A NOVA ORTOGRAFIA Acento agudo O acento agudo desaparece das palavras da língua portuguesa em três casos como se pode ver a seguir: * nos ditongos (encontro de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima). COMO É HOJE COMO VAI FICAR Assembléia Assembleia Heróico Heroico Idéia Ideia Jibóia Jiboia No entanto, as oxítonas (palavras com acento na última sílaba) e os monossílabos tônicos terminados em éi, eu e oi continuam com o acento (no singular e /ou plural. Exemplos: herói(s), ilhéus(us), chapéu(s), anéis, dói, céu. *Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato (seqüência de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes) com a vogal anterior quando esta faz parte de um ditongo; COMO É HOJE COMO VAI FICAR baiúca baiuca boiúna boiuna feiúra feiura No entanto, as letras i e u continuam a ser acentuadas se formarem hiato mas estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de s.
  • 28. Exemplos: baú, baús, saída. No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, Piauí. *Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com o u tônico precedido das letras g e q seguido de e e i. Esses casos são pouco freqüentes na língua portuguesa: apenas nas formas verbais de argüir e redargüir. COMO É HOJE COMO VAI FICAR argúis arguis argúem arguem redargúis redarguis redargúem redarguem Acento diferencial O acento diferencial é utilizado para permitir a identificação mais fácil de palavras homófonas, ou seja, que têm a mesma pronúncia. Atualmente, usamos o acento diferencial – agudo ou circunflexo – em vocábulos como pára (forma verbal), a fim de não confundir com para (a preposição), entre vários outros exemplos. Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial não será mais usado nesse caso e também nos que estão a seguir:  Péla ( do verbo pelar) e pela ( a união da preposição com o artigo);  Pólo ( o substantivo) e pólo (a união antiga e popular de por e lo);  Pélo (do verbo pelar) e pêlo (o substantivo);  Pêra (o substantivo) e péra (o substantivo arcaico que significa pedra), em oposição a pêra (a preposição arcaica que significa para ). No entanto, duas palavras obrigatoriamente continuarão recebendo o acento diferencial: PÔR (verbo) mantém o circunflexo para que não seja confundido com a preposição POR. PÔDE (o verbo conjugado no passado) também mantém o circunflexo para que não haja confusão com pode (o mesmo verbo conjugado no presente). Observação: já em fôrma/forma o acento é facultativo. Acento circunflexo Com o acordo ortográfico, o acento circunflexo não será mais usado nas palavras terminadas em oo. COMO É HOJE COMO VAI FICAR enjôo enjoo vôo voo abençôo abençoo corôo corôo magôo magoo perdôo perdoo Da mesma forma, deixa de ser usado o circunflexo na conjunção da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados. COMO É HOJE COMO VAI FICAR
  • 29. crêem creem dêem deem lêem leem vêem veem descrêem descreem relêem releem No entanto, nada muda na acentuação dos verbos ter, vir e seus derivados. Eles continuam com o acento circunflexo no plural (eles têm, eles vêm), e no caso dos derivados, com o acento agudo nas formas que possuem mais de uma sílaba no singular (ele detém, ele intervém). Trema Um sinal a menos O trema, sinal gráfico de dois pontos usados em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que,qui, gue e gui, é pronunciada será abolido. É simples: ele deixa de existir na língua portuguesa. Vale lembrar porém, que a pronúncia continua a mesma. COMO É HOJE COMO VAI FICAR agüentar aguentar eloqüente eloquente freqüente frequente lingüiça linguiça sagüi sagui seqüestro sequestro tranqüilo tranquilo anhangüera anhanguera No entanto, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados. Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano. Hífen Palavras compostas O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações: __quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s ou r.Nesse caso, a consoante obrigatoriamente passa a ser duplicada; __quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. COMO É HOJE COMO VAI FICAR anti-religioso antirreligioso anti-semita antissemita auto-aprendizagem autoaprendizagem auto-estrada autoestrada contra-regra contrarregra contra-senha contrassenha extra-escolar extraescolar extra-regulamentação extrarregulamentação No entanto, o hífen permanece quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também é r. Exemplos: hiper-requintado, super-resistente.
  • 30. Alfabeto Novas letras O acordo prevê que nosso alfabeto passa a ter 26 letras – hoje são 23. Além das atuais, serão oficialmente incorporadas as letras, k, w e y. No entanto, seu emprego fica restrito a apenas alguns casos, como já ocorre atualmente. Confira os principais exemplos: __em nomes próprios de pessoas e seus derivados: Exemplos: Franklin, frankliniano, Darwin, darwinismo, Wagner, wagneriano, Taylor, taylorista, Byron, byroniano. __em nomes próprios de lugares originários de outras línguas e seus derivados. Exemplos: Kuwait, kuwaitiano, Washington, Yokohama, Kiev. __em símbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medidas internacionais. Exemplos: Km (quilômetro), KLM (companhia aérea), K (potássio), W (watt), WWW (sigla de world wide web, expressão que é sinônimo para a rede mundial de computadores). __em palavras estrangeiras incorporadas à língua. Exemplo: sexy, show, download, megabyte. ORTOGRAFIA OFICIAL EMPREGO DE ALGUMAS LETRAS X ou CH ?  Emprega-se "X" a. Após um ditongo: caixa - paixão - peixe. Exceção: recauchutar e seus derivados. b. Após o grupo inicial en: enxada - enxergar - enxame Exceção: ← encher e seus derivados (que vêm de cheio) ← palavras iniciadas por ch que receberam o prefixo en: encharcar (de charco); enchapelar (de chapéu) c. Após o grupo inicial me: mexer - México - mexerica Exceção: mecha d. Nas palavras de origem indígena ou africana: Xingu - Xavante e. Nas palavras inglesas aportuguesadas: xerife - xampu G ou J?  Emprega-se "G" a. Nos substantivos terminados em: ← agem: aragem - friagem ← igem: origem - fuligem ← ugem: ferrugem
  • 31. Exceções: pajem - lambujem b. Nas palavras terminadas em: ← ágio: pedágio ← égio: colégio ← ígio: prestígio ← ógio: relógio ← úgio: refúgio Emprega-se  "J" a. Nas formas verbais terminadas em: jar ← arranjar (arranjei, arranjamos) ← viajar (viajo, viajaram) b. Nas palavras de origem tupi, africana, árabe: jibóia, pajé, canjica, manjericão, berinjela, moji c. Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com j: laranjeira (de laranja); lojista, lojinha (de loja). S ou Z ?  Emprega-se "S" a. Nas palavras que derivam de outras que se escrevem com s: casebre, casinha, casarão (de casa) pesquisar (de pesquisa); analisar (de análise) Exceção: catequizar (catequese) b. Nos sufixos - ês - esa: português - portuguesa chinês - chinesa - ense, oso, osa (que formam adjetivos): paraense - orgulhoso - caprichosa - isa (indicando feminino): poetisa - profetisa c. Após ditongo: coisa, lousa, pousar d. Nas formas do verbo pôr (e seus derivados) e querer: pus, puseste, quis, quiseram Emprega-se  "Z" a . Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com z: razão - razoável; raiz - enraizado b. Nos sufixos: - ez, eza (que formam substantivos abstratos a partir de adjetivos) AdjetivoSubstantivo abstrato Surdo  Surdez Avaro  Avareza Belo  Beleza ← izar (que formam verbos): civilizar, humanizar, escravizar ← iza - ção (que formam substantivos): civilização, humanização S, SS ou Ç ? Emprega-se  "S"
  • 32. Verbos com nd- Substantivos com ns Distender Distensão Ascender  Ascensão Emprega-se "SS" Verbos com ced - Substantivos com cess Ceder  Cessão Conceder Concessão ← Emprega-se  "Ç" Verbos com ter- Substantivos com tenção ConterContenção Deter Detenção Atente para a grafia de: - acrescentar - adolescência - consciência - isciplina - fascinação - piscina - nascer - obsceno - ressuscitar - seiscentos. ← X Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /s/: - experiência - Sexta - sintaxe - texto. ← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /ks/: clímax - intoxicar - nexo - reflexo - sexagésimo - sexo - tóxico. ← XC ← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com XC, mas que têm o som de /s/: - excesso - exceção - excedente - excepcional. E ou I ? Emprega-se  "E" a. Nos ditongos nasais: mãe, cães, capitães b. Nas formas dos verbos com infinitivos terminados em : oar e uar Abençoe perdoe continue efetue
  • 33. c. Em palavras como: se, senão, quase, sequer, irrequieto Emprega-se "I" Somente no ditongo interno: cãibra (ou câimbra) H ← A letra "H" não representa nenhum som ← É usada nos dígrafos: nh - lh - ch ← É usada em algumas interjeições: ah, oh, hem ← Sobrevive por tradição em Bahia mas desaparece nos derivados: baiano, baianismo Palavras homófonas Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre x e ch: ← Brocha (pequeno prego) e broxa (pincel) ← Chá (nome de uma bebida) e xá (título de antigo soberano do Irã) ← Chácara (propriedade rural) e xácara (narrativa popular em versos) ← Cheque (ordem de pagamento) xeque (jogada de xadrez) ← Cocho (vasilha para alimentar animais) e coxo (manco) ← Tacha (pequeno prego) e taxa (imposto) ← Tachar (pôr defeito em) e taxar (cobrar imposto) Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre z e s e pelo contraste gráfico: ← Cozer (cozinhar) e coser (costurar) ← Prezar (ter em consideração) e presar (prender, apreender) ← Traz (do verbo trazer) e trás (parte posterior) ← Acender (iluminar) e ascender (subir) ← Acento (sinal gráfico) e assento (onde se senta) ← Caçar (perseguir a caça) e cassar (anular) ← Cegar (tornar cego) e segar (cortar para colher) ← Censo (recenseamento) e senso (juízo) ← Cessão (ato de ceder), seção ( departamento - parte ou divisão ) secção ( corte ) sessão (reunião). ← Concerto (harmonia musical) e conserto (reparo) ← Espiar (ver, espreitar) e expiar (sofrer castigo) ← Incipiente (principalmente) e insipiente (ignorante) ← Intenção (propósito) e intensão (esforço, intensidade) ← Paço (palácio) e passo (passada) Algumas palavras parônimas: ← Área (superfície) e ária (melodia) ← Deferir (conceder) e diferir (adiar ou divergir) ← Delatar (denunciar) e dilatar (estender) ← Descrição (representação) e discrição (reserva) ← Despensa (compartimento) e dispensa (desobriga) ← Emergir (vir à tona) e imergir (mergulhar) ← Emigrante (o que sai do próprio país) e imigrante (o que entra em um país estranho) ← Eminente (excelente) e iminente (imediato) ← Peão (que anda a pé) e pião (brinquedo) ← Recrear (divertir) e recriar (criar de novo) ← Se (pronome átono, conjunção) e si (pronome tônico, nota musical) ← Vultuoso (atacado de vultuosidade, ou seja, congestão na face) e vultoso (volumoso) DICAS DE ORTOGRAFIA
  • 34. Qual a série certinha? a) civilizar, analisar, pesquizar b) civilizar, analizar, pesquizar c) civilisar, analisar, pesquisar d) civilizar, analisar, pesquisar A gente usa o sufixo -izar para formar verbos derivados de adjetivo: civil civilizar municipal municipalizar Há palavras que já têm o s no radical delas. Aí a gente tem que respeitar a família. Mantemos o s. E acrescentamos-lhe -ar, não -izar: análise analisar pesquisa pesquisar resposta do teste:D Que opção está todinha certa? a. Ele quiz fazer a transação, mas não fes. b. Ele quiz fazer a transação, mas não fez. c. Ele quis fazer a transação, mas não fes. d. Ele quis fazer a transação, mas não fez. É essa mesma. Você acertou em cheio. O verbo querer não tem z no nome. Então não terá z nunca. Quando soar o som z, não duvide: escreva s: quis, quisemos, quiseram; quiser, quisesse, queséssemos, quisesse. O verbo fazer tem z no infinitivo. Ele permanece fiel à letrinha. Todas as vezes que soar z, escreve-se com z: faz fazemos fazem fiz fez fizemos fizeram fizer fizermos fizerem fizesse fizéssemos fizessem. resposta do teste:D Está certinha a grafia de: a. garçom b. garçon
  • 35. c. garssom d. garsson a. Você acertou em cheio. Garçom se escreve assim. Com m final. resposta do teste: A Estão certinhas as palavras da série: a. maciês, camponês, solidês, frigidês b. maciez, camponez, solidez, frigidez c. maciez, camponês, solidez, frigidez d. maciez, camponês, solidez, frigidês Com s ou z? Se houver um dicionário por perto, consulte-o. Sem o paizão, o jeito é aprender a lição. Providência: saber de onde veio a palavra. Se do adjetivo, é hora do z: macio (maciez) embriagado (embriaguez) líquido (liquidez) sólido (solidez) frígido (frigidez) Se do substantivo, o s pede passagem: Portugal (português) corte (cortês) economia (economês) campo (camponês) resposta do teste:C Estão certinhas as palavras: a. rúbrica, previlégio b. rubrica, previlégio c. rúbrica, privilégio d. rubrica, privilégio Dizer rúbrica? Cruz-credo! Só o ex-ministro Kandir. Ele não deixa por menos. Também diz previlégio. Seguir-lhe o exemplo? Só bobo. Rubrica é paroxítona. A sílaba tônica cai no bri. E privilégio se escreve com i. resposta do teste: D Estão escritas como manda o figurino as palavras da série: a. eu apóio, o apôio b. eu apóio, o apoio c. eu apoio, o apoio d. eu apoio, o apôio O ói faz parte de um grupo seleto. É o dos ditongos abertos. Joga no time do éi e do éu. Em qualquer circunstância, no singular ou plural, eles são acentuados: herói jóia jibóia idéia assembléia
  • 36. céu escarcéus. Atenção, ditongo vive junto e não abre. Na separação silábica, mantenha-os coladinhos: * i-déi-a * as-sem-bléi-a resposta do teste: B PONTUAÇÃO Emprega-se Vírgula ( , ) ← Entre as orações coordenadas assindéticas. Exemplo: Ele arregaçou as mangas, pegou a enxada, pôs-se a trabalhar. ← Entre termos independentes entre si, não ligados por conjunção. Exemplo: O cinema, o teatro, a música, a dança ... nada o interessava.= ← Nas intercalações, por cortarem o que está logicamente ligado. Exemplo: Essas pessoas, creio eu, não têm o menor escrúpulo. ← Nas expressões: "isto é", "por exemplo", "ou melhor", "ou por outra", "ou seja", "quero dizer", "digo", "digo melhor". Exemplo: Isto é bom, ou melhor, é ótimo. ← Entre as conjunções coordenativas, quando intercaladas. Exemplo: Eu, entretanto, nem sempre consigo o que quero. ← Com vocativos, apostos, orações adjetivas explicativas, orações apositivas, quando intercaladas na sua principal. Exemplos: Ele, o melhor médico da clínica, participará de um congresso Ele, que é o melhor médico da clínica, participará de um congresso. ← Para separar as orações adverbiais, sobretudo quando iniciarem período ou quando estiverem intercaladas. Exemplo: Quando eu cheguei, ele já havia saído. ← Para separar os adjuntos adverbiais, sobretudo quando estão na ordem inversa ou ficam entre dois verbos. Exemplo: Pudemos, finalmente, ficar sozinhos. ← Para separar termos aos quais queremos dar realce. Exemplo: As telhas, levou-as o vento. ← Para indicar que houve elipse de verbo.