SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  12
Situação de aprendizagem:
Conto: Pausa, de Moacyr Scliar
Público alvo: 6º e 7º ano.
Conteúdos: gênero conto e elementos da narrativa.
Número de aulas: de 8 a 10 aulas.
Que tal uma...
?
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9
GcTs3KVqlqwY3jPkNMuQjTXVk9j6DzZVZZi
C_KPFyx7F6S8vuwy_
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS-
oZkAdFSbCUeh02mevaMOlma-
h6LbIR9eDqDkHujIte3jcriEVQ
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9Gc
STaPYLf77tbrGF8R8_YIu8IF3PoRrShSh3YKM
QXJ46skAa_hso
Para...
um café.
relaxar.
curtir os
amigos.
Você já parou para pensar
em como os momentos de
pausa são importantes em
sua vida? Como são seus
momentos de pausa?
Nós leremos um texto de Moacyr Scliar. Você
conhece o autor? Leu algum texto dele?
Moacyr Scliar
Moacyr Jaime Scliar foi um escritor brasileiro. Formado
em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde
pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de
contos, romances, ensaios e literatura infantojuvenil. Wikipédia
Antecipação e levantamento de hipóteses
O texto escolhido para leitura de hoje é um conto:
Pausa, de Moacyr Scliar, mas antes da leitura reflita:
• Sobre que tema o texto trabalha?
• Como você acha que o personagem principal consegue
a sua pausa?
Agora, leia o texto.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro,
fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando
sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as
sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma
sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o
chapéu:
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem.
Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço,
caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no
balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o
gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
Pausa
− Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último
andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento
pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou
o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no
papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis
buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por
um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da
testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e
resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na
cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em
sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente: ouviu o apito soturno de um
vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a
bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma
revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; anoite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os
guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
Moacyr Scliar
E então, suas hipóteses iniciais e as
pensadas durante a leitura se
verificaram? O que o surpreendeu no
texto lido?
Depois de compartilhadas as
observações sobre o texto, deve-se
iniciar o levantamento dos elementos da
narrativa.
A sugestão para este momento é que a sala
seja dividida em grupos e cada um dos grupos
trabalhe com um dos elementos da narrativa.
Depois de discutidos os elementos, cada
grupo deverá apresentar para sala as suas
conclusões.
É importante que o professor interfira para
complementar, quando necessário, ou para
garantir que haja respeito entre os colegas.
Produto final
Para finalizar, cada grupo produzirá um
conto, que trabalhe a mesma questão presente
no texto de Moacyr Scliar, ou seja, a
necessidade de “pausa” que cada um de nós
temos.
Bom trabalho!

Contenu connexe

En vedette

Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...
Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...
Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...Gisa31
 
12 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032
12 0292-00-313105-1-1 et-2012052820003212 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032
12 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032Pedro Flores Gutierrez
 
Gênero conto e propaganda
Gênero conto e propagandaGênero conto e propaganda
Gênero conto e propagandaMariany Dutra
 
Apresentação para o nono ano conto e crônica
Apresentação para o nono ano   conto e crônicaApresentação para o nono ano   conto e crônica
Apresentação para o nono ano conto e crônicaMariangela Santos
 
Conto social 9º
Conto social 9ºConto social 9º
Conto social 9ºRoseny90
 
Gênero Textual: Conto
Gênero Textual: ContoGênero Textual: Conto
Gênero Textual: ContoMyllenne Abreu
 

En vedette (13)

Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...
Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...
Situação de aprendizagem feita e analisada pela Profª Jane Aparecida Santos d...
 
12 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032
12 0292-00-313105-1-1 et-2012052820003212 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032
12 0292-00-313105-1-1 et-20120528200032
 
Pausa oficina
Pausa oficinaPausa oficina
Pausa oficina
 
Gênero conto e propaganda
Gênero conto e propagandaGênero conto e propaganda
Gênero conto e propaganda
 
Conto de amor
Conto de amorConto de amor
Conto de amor
 
Apresentação para o nono ano conto e crônica
Apresentação para o nono ano   conto e crônicaApresentação para o nono ano   conto e crônica
Apresentação para o nono ano conto e crônica
 
Conto social 9º
Conto social 9ºConto social 9º
Conto social 9º
 
Gêneros Literários
Gêneros Literários Gêneros Literários
Gêneros Literários
 
Generos literarios
Generos literariosGeneros literarios
Generos literarios
 
Conto
ContoConto
Conto
 
Gênero Textual: Conto
Gênero Textual: ContoGênero Textual: Conto
Gênero Textual: Conto
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Gêneros Literários 2.0
Gêneros Literários 2.0Gêneros Literários 2.0
Gêneros Literários 2.0
 

Similaire à Pausa de Moacyr Scliar

Pausa apresentação do power point
Pausa   apresentação  do power pointPausa   apresentação  do power point
Pausa apresentação do power pointmarluques
 
Situação de aprendizagem
Situação de aprendizagemSituação de aprendizagem
Situação de aprendizagemmarluques
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemRosângela Faria
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagem2628330
 
Sequência didática com gênero textual conto
Sequência didática com gênero textual contoSequência didática com gênero textual conto
Sequência didática com gênero textual contoThauane Furquim
 
Grupo 2 cecília meireles (1)
Grupo 2   cecília meireles (1)Grupo 2   cecília meireles (1)
Grupo 2 cecília meireles (1)RogeriaStorti
 
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)Pausa 130616221426-phpapp02 (2)
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)Ana Paula Cor
 
Grupo 2 cecília meireles
Grupo 2   cecília meirelesGrupo 2   cecília meireles
Grupo 2 cecília meireleslmoreira13
 
Situação de aprendizagem Lucilene
Situação de aprendizagem LucileneSituação de aprendizagem Lucilene
Situação de aprendizagem Lucilenemaragsilva
 
Aula mgme alessandra
Aula mgme alessandraAula mgme alessandra
Aula mgme alessandragiselemmlopes
 
Conto -Pausa
Conto -PausaConto -Pausa
Conto -Pausa1j2uliana
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemsoniagabaldo
 
Trabalho em grupo situação de aprendizagem
Trabalho em grupo   situação de aprendizagemTrabalho em grupo   situação de aprendizagem
Trabalho em grupo situação de aprendizagemLilicah
 
Manuel bandeira cotidiano (1)
Manuel bandeira cotidiano (1)Manuel bandeira cotidiano (1)
Manuel bandeira cotidiano (1)nagelavdb
 

Similaire à Pausa de Moacyr Scliar (20)

Pausa apresentação do power point
Pausa   apresentação  do power pointPausa   apresentação  do power point
Pausa apresentação do power point
 
Situação de aprendizagem
Situação de aprendizagemSituação de aprendizagem
Situação de aprendizagem
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagem
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagem
 
Pausa
PausaPausa
Pausa
 
Sequência didática com gênero textual conto
Sequência didática com gênero textual contoSequência didática com gênero textual conto
Sequência didática com gênero textual conto
 
Grupo 2 cecília meireles (1)
Grupo 2   cecília meireles (1)Grupo 2   cecília meireles (1)
Grupo 2 cecília meireles (1)
 
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)Pausa 130616221426-phpapp02 (2)
Pausa 130616221426-phpapp02 (2)
 
Grupo 2 cecília meireles
Grupo 2   cecília meirelesGrupo 2   cecília meireles
Grupo 2 cecília meireles
 
Situação de aprendizagem Lucilene
Situação de aprendizagem LucileneSituação de aprendizagem Lucilene
Situação de aprendizagem Lucilene
 
Aula mgme alessandra
Aula mgme alessandraAula mgme alessandra
Aula mgme alessandra
 
Conto -Pausa
Conto -PausaConto -Pausa
Conto -Pausa
 
Conto
ContoConto
Conto
 
Conto 2
Conto 2Conto 2
Conto 2
 
Construção de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagemConstrução de uma situação de aprendizagem
Construção de uma situação de aprendizagem
 
Trabalho em grupo situação de aprendizagem
Trabalho em grupo   situação de aprendizagemTrabalho em grupo   situação de aprendizagem
Trabalho em grupo situação de aprendizagem
 
Aula mgme abre
Aula mgme abreAula mgme abre
Aula mgme abre
 
Aula mgme abre
Aula mgme abreAula mgme abre
Aula mgme abre
 
Sequência didática crônica pausa
Sequência didática   crônica pausaSequência didática   crônica pausa
Sequência didática crônica pausa
 
Manuel bandeira cotidiano (1)
Manuel bandeira cotidiano (1)Manuel bandeira cotidiano (1)
Manuel bandeira cotidiano (1)
 

Pausa de Moacyr Scliar

  • 1. Situação de aprendizagem: Conto: Pausa, de Moacyr Scliar Público alvo: 6º e 7º ano. Conteúdos: gênero conto e elementos da narrativa. Número de aulas: de 8 a 10 aulas.
  • 4. Você já parou para pensar em como os momentos de pausa são importantes em sua vida? Como são seus momentos de pausa?
  • 5. Nós leremos um texto de Moacyr Scliar. Você conhece o autor? Leu algum texto dele? Moacyr Scliar Moacyr Jaime Scliar foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura infantojuvenil. Wikipédia
  • 6. Antecipação e levantamento de hipóteses O texto escolhido para leitura de hoje é um conto: Pausa, de Moacyr Scliar, mas antes da leitura reflita: • Sobre que tema o texto trabalha? • Como você acha que o personagem principal consegue a sua pausa? Agora, leia o texto.
  • 7. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: — Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. — Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz. — Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: — Por que não vens almoçar? — Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu: — Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé: Pausa
  • 8. − Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... - Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel. - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade: - Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
  • 9. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente: ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. - Já vai, seu Isidoro? - Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. - Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente. - Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; anoite caía. - O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa. Moacyr Scliar
  • 10. E então, suas hipóteses iniciais e as pensadas durante a leitura se verificaram? O que o surpreendeu no texto lido? Depois de compartilhadas as observações sobre o texto, deve-se iniciar o levantamento dos elementos da narrativa.
  • 11. A sugestão para este momento é que a sala seja dividida em grupos e cada um dos grupos trabalhe com um dos elementos da narrativa. Depois de discutidos os elementos, cada grupo deverá apresentar para sala as suas conclusões. É importante que o professor interfira para complementar, quando necessário, ou para garantir que haja respeito entre os colegas.
  • 12. Produto final Para finalizar, cada grupo produzirá um conto, que trabalhe a mesma questão presente no texto de Moacyr Scliar, ou seja, a necessidade de “pausa” que cada um de nós temos. Bom trabalho!