O documento discute infecções oportunistas causadas por fungos em pacientes imunocomprometidos, incluindo candidíase, criptococose e aspergilose. Detalha os agentes causadores, vias de transmissão, manifestações clínicas, diagnóstico laboratorial e tratamento dessas infecções fúngicas.
1. Universidade Federal doRiode Janeiro
Biomedicina
LudmilaAlem
Parasitologia/2015
Bloco II – Parasitas Teciduais II
Infecções Oportunistas
São causadas por fungos termotolerantes (que crescem a uma temperatura de
37ºC), de baixa virulência e que determinam doenças em hospedeiros com graves deficiências do
sistema imune ou pacientes susceptíveis por algum motivo (diabéticos, mulheres grávidas,
neonatos, idosos, pacientes na UTI...)
Porta de entrada variável e podem acometer os mais variados órgãos, produzindo quadros
polimórficos que se apresentam como manifestação cutânea, subcutânea ou sistêmica.
Invadem os tecidos na forma de hifa.
As leveduras se aderem a superfície do tecido enquanto o tubo germinal/futuras hifas
auxilia na invasão do tecido.
Infecção VS Doença: A infecção pode vir a constituir doença dependendo do balanço entre
os fatores envolvidos: patógeno, hospedeiro e ambiente. As dosagens desses fatores, suas
condições podem levar ao desenvolvimento da doença
Leveduras: Candida spp
Cryptococcus neoformans
Micélio: Aspergillus spp
Candidíase – Candida spp
-Levedura comensal: presente na microbiota normal do trato gastrointestinal, urinário.
-DimorfismoReverso: Forma Levedura =>Forma Filamentosa. Fator: desequilíbrio
imunológico ou em laboratório: adição de soro e temperatura a 37ºC.
-Nos tecidos parasitados apresenta hifas com aspectopeculiar (pseudo-hifas)
1.1 Candidíase Superficial:vulvovaginite, oral(neonatos ), intertrigosa (na pele em
pessoas obesas eem crianças), onicomicose(nas unhas, empessoas obesas e pelo uso
de sapatos fechados)
1.2 Candidíase Disseminada:em 80% dos pacientes HIV positivos como primeira
infecção oportunista. Revela um prognostico ruim, pois indica que existe uma doença de
base grave/forte. Podeevoluir para Candidíase Esofagiana e Pulmonar.
1.3 Candida em Biofilmes: As leveduras têm capacidade de formar colônias (biofilmes)
em aparelhos hospitalares como cateteres. Aderem-seao substrato e secretamuma
matriz extracelular para fixar a colônia no local. O fenótipo de células criadas no
biofilme é muito mais resistente que as células isoladas ou planctônicas.
Para células planctônicas: Administração defluconazol, anfotericina B e caspofungina.
Para Biofilmes: Forma lipídica de anfotericina B e caspofungina.
As hifas secretamenzimas hidrolíticas: proteinases SAPs quedanificamo tecido e
facilitam a invasão do fungo para os tecidos e vasos sanguíneos.
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Candidemia– DisseminaçãodoFungo: uma alteração foi notada no quadro
epidemiológico sendo que a C. albicans deixou de ser a única cepa de importância,
outras cepas mostraramter particularidades quanto à resistência aos antifúngicos. O
uso preventivodofluconazol acabou criando uma pressão seletiva e espécies mais
resistentes foramselecionadas dificultando o tratamento, além de que o espectro de
ação dos antifúngicos não é extenso.
DiagnósticoLaboratorial
1) Exame direto: é usado para pele, unha, tecidos obtidos por biópsia, exsudatos
espessos eoutros materiais densos. Visa observar leveduras e tubos
germinais/formas filamentosas (pseudo-hifas)
2) Exame de cultura: a amostra biológica, além do processamento para
evidenciação pelo exame direto, deverá ser utilizada para isolamento do agente
etiológico e observação da macromorfologia. Espécies do gênero Candida tendem
a apresentar coloração brancaou creme, em colônias leveduriformes
homogêneas de textura cremosa e superfície lisa.
3) Prova do tubo germinativo: A partir de uma colônia isolada, se faz a suspensão
adicionando soro e incubando-seà 37ºC por algumas horas (2h a 3h). Uma
gota dessa suspensão é observada em microscópio e se identificada a
formação de tubo germinativo é confirmado diagnóstico para C. albicans.
4) Prova Bioquímica: Diversas fontes de carboidratos são colocadas em tubos
respectivos, e a levedura é semeada em cada tubo. A fermentação é revelada por
formação de bolhas de gás. Os resultados são comparados a tabelas existentes na
bibliografia, assimdiferentes espécies possuemdistintos perfis de fermentação.
5) Sistemas manuais e automatizados:baseiam-se, essencialmente, em provas de
assimilação de carboidratos, porémos fabricantes, emgeral, recomendam a
realização de provas adicionais, como análise macro e micromorfológica.
Figura 1: Candida albicans
Observar: Leveduras.
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Criptococose – Cryptococcus neoformans
-Classifica-se como umamicose sistêmica,subaguda a crônica.
-Adquirida pela inalação dos esporos produzidos pelo Cryptococcusneoformans,
freqüentemente encontrado na natureza onde são encontrados legumes em
decomposição;no chão, em fezes de pássaros e de morcegos,tanto em áreas
urbanas como em rurais no Brasil
- A principal fonte ambiental: relacionada a excrementos de pássaros,em frutas,
vegetais e madeira.
-Cryptococcusneoformans: afeta individíduos imunodeprimidos
-Mais associado a indivíduos imunodeprimidos portadores do vírus HIV.
-Capacidade de crescer e sobreviver intracelular: sobrevivência dentro de
macrófagos.
-Sobrevivea fagocitose
-Não é susceptível a enzimas lisossomais
-Pode sobreviver no macrófago e sair do mesmo sem matar a célula e desencadear
uma resposta imune.
-Cryptococcusgatti: afeta indivíduos imunocompetentes e também imunodeprimidos.
Figura 2: Candida albicans
Observar: Pseudo-Hifa e Leveduras
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-
Leveduracapsulada: importante fator de virulência, onde seus componentes
capsulares são associadosà diminuição da migração de leucócitos aos sítios da
lesão contribuindo para a disseminaçãohematogênica.
-Pode manifestar-sedeforma epidêmica com manifestações pulmonares e do SNC.
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Quadro clínico
- A evolução da infecção dá-se através do acometimento das meninges, pele, rins, e outros
órgãos. Tendo como manifestação freqüente febre, e após o acometimento (SNC), a
cefaléia, vômitos e diminuição da consciência relatada em 50% dos casos.
-Resposta tecidual varia, mas quase 50% dos casos de AIDS: a disseminação do C.
neoformans é hematogênica apresentando lesões na pele, caracterizadas por pápulas, pústulas,
abscessos e ulcerações
DiagnósticoLaboratorial
Material: Líquor, urina, lavado broncoalveolar, raspados delesões cutâneas e
fragmentos de tecidos.
1) Exame direto: uso de tinta nanquim que demonstra leveduras capsuladas,
arredondadas ou ovais, comtamanho e espessura decápsulas variáveis. As amostras
de escarro e outras purulentas podem ser tratadas com KOH a 10% a fim de eliminar
a maioria das células do hospedeiro e outros artefatos que poderiam ser confundidos
com C. neoformans.
2) Exame de cultura: as amostras são semeadas em ágar Sabouraud e em outros meios
diferencias. Nestes meios, a enzima fenoloxidase produzida pelo microrganismo age
sobre os substratos do meio produzindo melanina, através de uma reação de
oxidação, resultando numa coloração amarronzada ou preta das colônias.
As colônias de leveduras produtoras de melanina, uréase positivas e
capsuladas levam à suspeita de C. neoformans, sendo que a identificação
definitiva é feita a partir do perfil fisiológico do fungo: assimila inositol, não
assimila lactose e cresce a 37ºC.
A morfologia microscópica revela leveduras arredondadas ou ovais, isoladas
ou aos pares, de paredes finas e de tamanhos variados, não ocorrendo
pseudo-hifas e hifas verdadeiras. As células são, usualmente, envoltas por
cápsulas, que variam em espessura.
3) Teste sorológico: ésensível, específico, e permite umdiagnóstico rápido e seguro.
Durantea infecção, antígenos capsulares polissacarídicos solúveis são encontrados
em fluidos corporais, epodem ser detectados e quantificados com anti-soro
específico.
Diferenciaçãodas leveduras Candida e Cryptococcus.
-Teste de Urease: Cryptococcus degrada ureasemudando o pH e assimse um
corante sensívelestiver presente, a cor da solução muda. Candida não degrada.
-Crescimento do tubo germinativo: Cryptococcus não produz eCandida sim.
-Análise da Capacidade de Fermentação de Açúcares: Cryptococcus não tem
capacidade fermentativa.
Terapia Antifúngica
1) Fluconazol: Único que atravessa a barreira hemato-encefálica.
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Aspergilose – Aspergillus spp
- Fungo de distribuição universalna natureza; (Não presente no corpo naturalmente)
-Fonte de contágio mais comumé a via aérea (inalação de conídios do ambiente ou
ingestão), e que emergiu como causa de infecção gravecom risco de vida em pacientes
imunodeprimidos.
-A inalação de esporos de fungos podecausar doenças pulmonares que vão desde a
inflamação localdasvias aéreas para infecçõesgraves e com risco de vida do pulmão, tais
como aspergilosebroncopulmonar alérgica, aspergiloseinvasiva.
- Os esporos inalados entrame germinam, originando hifas nos pulmões e que tendem a
invadir também outros tecidos ou órgãos
Agentes etiológicos: A. fumigatuséo agente mais comumdas várias formas de
manifestação da aspergilose. Porém, atualmente observa-seumaumento
progressivo da doençacausada por outras espécies, como A. flavus, A. niger e A.
terreus, sendo esseúltimo resistente à anfotericina
Figura 3: Cryptococcus neoformans
Observar levedura com cápsula
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Manifestações clínicas: Emindivíduos imunocompetentes, como lesões localizadas
em unhas, pés, canal auditivo, olhos e forma bronco-pulmonar alérgica. Em pacientes
imunocomprometidos, tende à forma disseminada ou cerebral, de alta letalidade,
geralmente, associada a neutropenia ou à doenças debilitantes
MorfologiaMicroscópica:Talo filamentoso constituído por hifas septadas, das hifas
saem estruturas denominadas conidióforo esituada acima desses encontram-seas
vesículas (deforma variável– esférica, alongada, elíptica) que é uma das
características de identificação de espécie. Da vesícula saem células condiogêneas
(fiálides) e a partir dessas, cadeias de conídeos.Esse conjuntofiálides +cadeiade
conídeos = cabeça aspergilar.
DiagnósticoLaboratorial: O diagnóstico preciso da aspergiloseinvasiva é complicado
e pode ser difícil de obter, uma vez que os sintomas clínicos são semelhantes aos de
outras infecções. O aparecimento de febre persistente, único sinal de infecção, e a
existência de sintomas inespecíficos ou atenuados com uso de medicação à basede
corticosteróides, dificultam o diagnóstico.
Amostra: secreção do trato respiratório, material de biópsia e lavado brônquico.
-Exame microscópico revela hifas septadas e hialinas.resfcc
-Cultura: colônias de Aspergillus fumigatus, a espécie mais associada à doença em
humanos, podemser facilmente isoladas com desenvolvimento, na superfície do
meio, de filamentos brancos-hifas - que setornam verde a verde-acinzentado, coma
formação de esporos.
Tratamento:
-Itraconazol. (boa resposta e acessível)
-Voriconazol. (Melhor resposta terapêutica, melhor sobrevida e segurança –
medicamento de alto custo)
-AnfotericinaB lipossomal. (Podeser considerada primeira escolha em alguns casos)
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Figura 4: Aspergillus flavus
Observar vesícula, fiálide, conídio.
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Figura 5: Aspergillus
Observar conidióforo, vesícula, fiálides + conídeos
(cabeça aspergilar)
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DADOS APENAS NA AULA PRÁTICA
Histoplasma capsulatum
Micose oportunista sistêmicacausada por fungo dimórfico.
Afeta os órgãos internos e é uma zoonose, transmitida por aves e morcegos.
Vida Saprofítica: Hifas septadas, macroconídeos arredondados comparedes
rugosas.
Vida parasitária: Leveduras ovóides agrupadas.
Paracoccidioides brasiliensis
Micose sistema causada por fungo dimórfico
Vida saprofítica: hifas septadas e conídeos ovóides
Vida parasitária: leveduras com múltiplos brotos (RODA DELEME)
Figura 7: Histoplasma capsulatum
Observar hifa septada e macroconídeo arredondado com parede rugosa.
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Figura 8: P. brasiliensis- forma parasitária de Levedura com múltiplosbrotos – RODA DE LEME