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1. A estação



Eu não sei o que estou sentindo exatamente... Às vezes parece que tem um buraco na
minha vida... Como se ela não tivesse sentido... Como se os dias só passassem e eu
continuo a mesma. Sem acrescentar nada... Como se a minha vida fosse dominada por uma
continua repetição.
Não tenho motivos aparentes reclamar. Moro com meus pais e meu irmão mais novo. Eu
tenho praticamente tudo o que eu quero e preciso: roupas legais (eu acho), um quarto com
uma fechadura, um computador (que já está em estado terminal), livros e uma máquina
fotográfica. As vezes me questiono se realmente é de tudo isso que eu preciso...coisas
materiais.Estou no ensino médio e ás vezes parece que o tempo esta andando mais
rápido...me cedendo cada vez mais responsabilidade...como se tudo esse processo de
aprendizagem estivesse destinado a apenas uma escolha que mudará o resto da sua vida.O
que serei?.
Mas e se eu não quiser seguir o meio convencional?
Coloque-se em meu lugar... Você foi obrigado a entra em um trem sem saída – “Ensino
médio”. O trem fará uma longa e exaustiva viagem na qual você enfrentará diferentes
coisas: desde medo até a mais intensa felicidade... E por hora nesse trem você tem um
único objetivo: não se perder de seu vagão. Quando você percebe que o que realmente
esta acontecendo nessa viagem é: você esta sentado assistindo os melhores anos da sua
vida passar acenando por você. Esses anos já se passaram. Eles não vão voltar. Você olha
pra traz e percebe que todo esse tempo você estava sendo cegado por um ideal imposto
pela sociedade dizendo que você deve passar por esse processo. O ataque de pânico
começa em seus pés, dizendo para eles que você tem que se ir pra longe, recuperar o
tempo. Mais ir pra onde? Se você esta preso nesse trem?A crise de pânico vai subindo... E
fica insuportável quando chega ao seu coração. Você se apavora, pois durante os melhores
anos da sua vida - física e mentalmente - você se esqueceu dessa parte de seu corpo.
Percebendo que sua jornada esta no fim, você precisa fazer esse órgão voltar a bater; no
entanto a dúvida vem como uma nuvem densa, e você não têm certeza se esse órgão um
dia chegou a bater. Você olha fora do trem e consegue ouvir os batimentos de todos;
menos o seu. Você sabe que um dia a crise vai subir a sua cabeça,como se fosse um
veneno,queimando por dentro, e você não vai ser capaz de se controlar. Como vai ser?
Você vai deitar no chão e rolar?Ficar no escuro de seus pensamentos até o veneno sair se
seu sistema? Ou esse entorpecimento vai durar a vida toda?Quando você esquece um
pouco esse entorpecimento... Você olha pela janela e todas as placas do caminho ficam
dizendo que em breve você terá que fazer uma escolha. A escolha mais importante de sua
vida. O veneno começa a queimar mais agora. Na verdade é por isso que você esta no trem,
para fazer essa escolha. Mais e se você não estiver pronta?E se você não quiser estar
pronta?Ou se pior ainda... Você sabe que Deus o destinou a algo grande... Mais algo que
você ainda não descobriu oque e ninguém faz o mínimo esforço para ajudá-lo?
Um som estridente do sinal ecoou na minha cabeça, demorei alguns segundos para voltar
para o mundo real. Meus colegas não chegaram a perceber minha ausência. Nem o
professor (eu espero), mais não fiquei nem um pouco interessada em descobrir o que eu
perdi naquela aula de filosofia... Pois certamente Sócrates e Platão não eram exatamente o
que eu precisava no momento. Eu só tinha que agüentar mais uma aula antes de ir pra
casa: artes. Essa era a aula em que eu me sentia mais confortável, talvez seja o fato de que
a arte pode ser o que você quiser. Enquanto eu me dirigia para a proxima aula, ao invés de
sair rápidamente e ir beber água como sempre faço (meio como uma estratégia para me
livrar da impressão de “presa na sala de aula”) eu observei atentamente o comportamento
de meus colegas da escola, que muitas vezes me proporcionava o entreterimento
necessário pela mnhã. Não que eu seja uma pessoa excluída da sociedade, eu tenho
amigas, mais na maioria das vezes eu me sinto melhor sozinha, livre para meus
pensamentos masoquistas, livre para minhas explosões de humor, minha idéias pouco
convencionais, livre para ser eu mesma sem me importar com a opinião dos outros. Mais
olhando para meus colegas eu percebi que eles sempre se comportam de um modo
incrívelmente confiantes, como se os adolescentes fossem intocáveis, como se sempre
estivessem certos, talvez até um pouco arrogantes. E sim, é triste admitir que muitas vezes
venho a acreditar que toda essa pose é gerada de um insegurança por parte deles. Antes
que eu pudesse me aprofundar mais em minhas teorias o professor entrou pela porta com
ar tanto que apressado tentando combater o falatório. Eu realmente gostava de artes,
então virei toda minha atenção para Sr. Cole que no momento em que ele finalmente
conseguiu a atenção para si mesmo. “Turma hoje nós vamos ter uma aula teórica” – Ele
disse prevendo uma vaia da classe. Isso era estranho, pois hoje era dia de nossa aula
prática. Agora entendi por que ele revelou isso como se estivesse prestes a puxar o pino de
uma granada.
“Como?” – “Por quê?” – “Você deve estar de brincadeira!” – Isso era tudo o que você
conseguiu ouvir na sala naquele momento. Mas com uma expressão cansada ele aumentou
sue nível de voz para conseguir atravessar pelo falatório e disse:
“Mais isso é porque amanhã nos vamos ter um convidado especial...” – Todos ficaram em
silencio. “... Ele é um ex-aluno meu que está retornado à cidade... ele é músico... e como
nós estamos estudando a música através da história eu achei que seria ótimo...” – Antes
dele acabar a sala já estava falando de novo e meus pensamentos... Como sempre...
voando.
Isso me lembrou da última vez em que o Sr. Cole tentou trazer um convidado para nossa
sala, ele trouxe uma artista plástica... A única coisa de que me lembro foi a desaprovação
das meninas e dos meninos desviando as perguntas técnicas para os números de seu
celular. Depois desse incidente eu nunca achei que ele iria trazer mais alguém para nossa
sala. Mais de repente uma curiosidade intensa passou pela minha cabeça... Como será que
o musico que passou pela fase do trem? Será que ele conseguiu atingir o seu chamado
maior? Ou talvez música seja só um hobbie? Certamente não seriam coisas para perguntar
amanhã na aula, mais seria interessante ler sua expressão. Esse era outro vicio meu, Ler as
pessoas, alguns podem dizer que isso é julgar... Mais para mim é diferente. Eu apenas as
leio, observo a expressão em seus olhos, o jeito de andar, falar.
A aula voou. Sai em silencio fantasiando em minha mente como ele seria... Como seria sua
musica. Outra coisa que eu devo-vos informar música e uma das minhas paixões. A música
parece despertar em mim diferentes sentidos, como se eu conseguisse olhar pra dentro de
mim. Do lado de fora do portão minha melhor amiga me esperava para irmos caminhando
para casa. Como sempre. Eu sabia que a primeira coisa que ela ia falar seria um comentário
sobre a aula e nosso futuro convidado. Anna era uma amiga diferente das outras... Nós nos
conhecemos desde pequenas, mais hoje nos temos interesses diferentes, mais é claro que
ainda e muito agradável estar perto dela.

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A estação

  • 1. 1. A estação Eu não sei o que estou sentindo exatamente... Às vezes parece que tem um buraco na minha vida... Como se ela não tivesse sentido... Como se os dias só passassem e eu continuo a mesma. Sem acrescentar nada... Como se a minha vida fosse dominada por uma continua repetição. Não tenho motivos aparentes reclamar. Moro com meus pais e meu irmão mais novo. Eu tenho praticamente tudo o que eu quero e preciso: roupas legais (eu acho), um quarto com uma fechadura, um computador (que já está em estado terminal), livros e uma máquina fotográfica. As vezes me questiono se realmente é de tudo isso que eu preciso...coisas materiais.Estou no ensino médio e ás vezes parece que o tempo esta andando mais rápido...me cedendo cada vez mais responsabilidade...como se tudo esse processo de aprendizagem estivesse destinado a apenas uma escolha que mudará o resto da sua vida.O que serei?. Mas e se eu não quiser seguir o meio convencional? Coloque-se em meu lugar... Você foi obrigado a entra em um trem sem saída – “Ensino médio”. O trem fará uma longa e exaustiva viagem na qual você enfrentará diferentes coisas: desde medo até a mais intensa felicidade... E por hora nesse trem você tem um único objetivo: não se perder de seu vagão. Quando você percebe que o que realmente esta acontecendo nessa viagem é: você esta sentado assistindo os melhores anos da sua vida passar acenando por você. Esses anos já se passaram. Eles não vão voltar. Você olha pra traz e percebe que todo esse tempo você estava sendo cegado por um ideal imposto pela sociedade dizendo que você deve passar por esse processo. O ataque de pânico começa em seus pés, dizendo para eles que você tem que se ir pra longe, recuperar o tempo. Mais ir pra onde? Se você esta preso nesse trem?A crise de pânico vai subindo... E fica insuportável quando chega ao seu coração. Você se apavora, pois durante os melhores anos da sua vida - física e mentalmente - você se esqueceu dessa parte de seu corpo. Percebendo que sua jornada esta no fim, você precisa fazer esse órgão voltar a bater; no entanto a dúvida vem como uma nuvem densa, e você não têm certeza se esse órgão um dia chegou a bater. Você olha fora do trem e consegue ouvir os batimentos de todos; menos o seu. Você sabe que um dia a crise vai subir a sua cabeça,como se fosse um veneno,queimando por dentro, e você não vai ser capaz de se controlar. Como vai ser? Você vai deitar no chão e rolar?Ficar no escuro de seus pensamentos até o veneno sair se seu sistema? Ou esse entorpecimento vai durar a vida toda?Quando você esquece um pouco esse entorpecimento... Você olha pela janela e todas as placas do caminho ficam dizendo que em breve você terá que fazer uma escolha. A escolha mais importante de sua vida. O veneno começa a queimar mais agora. Na verdade é por isso que você esta no trem, para fazer essa escolha. Mais e se você não estiver pronta?E se você não quiser estar pronta?Ou se pior ainda... Você sabe que Deus o destinou a algo grande... Mais algo que você ainda não descobriu oque e ninguém faz o mínimo esforço para ajudá-lo? Um som estridente do sinal ecoou na minha cabeça, demorei alguns segundos para voltar para o mundo real. Meus colegas não chegaram a perceber minha ausência. Nem o professor (eu espero), mais não fiquei nem um pouco interessada em descobrir o que eu perdi naquela aula de filosofia... Pois certamente Sócrates e Platão não eram exatamente o
  • 2. que eu precisava no momento. Eu só tinha que agüentar mais uma aula antes de ir pra casa: artes. Essa era a aula em que eu me sentia mais confortável, talvez seja o fato de que a arte pode ser o que você quiser. Enquanto eu me dirigia para a proxima aula, ao invés de sair rápidamente e ir beber água como sempre faço (meio como uma estratégia para me livrar da impressão de “presa na sala de aula”) eu observei atentamente o comportamento de meus colegas da escola, que muitas vezes me proporcionava o entreterimento necessário pela mnhã. Não que eu seja uma pessoa excluída da sociedade, eu tenho amigas, mais na maioria das vezes eu me sinto melhor sozinha, livre para meus pensamentos masoquistas, livre para minhas explosões de humor, minha idéias pouco convencionais, livre para ser eu mesma sem me importar com a opinião dos outros. Mais olhando para meus colegas eu percebi que eles sempre se comportam de um modo incrívelmente confiantes, como se os adolescentes fossem intocáveis, como se sempre estivessem certos, talvez até um pouco arrogantes. E sim, é triste admitir que muitas vezes venho a acreditar que toda essa pose é gerada de um insegurança por parte deles. Antes que eu pudesse me aprofundar mais em minhas teorias o professor entrou pela porta com ar tanto que apressado tentando combater o falatório. Eu realmente gostava de artes, então virei toda minha atenção para Sr. Cole que no momento em que ele finalmente conseguiu a atenção para si mesmo. “Turma hoje nós vamos ter uma aula teórica” – Ele disse prevendo uma vaia da classe. Isso era estranho, pois hoje era dia de nossa aula prática. Agora entendi por que ele revelou isso como se estivesse prestes a puxar o pino de uma granada. “Como?” – “Por quê?” – “Você deve estar de brincadeira!” – Isso era tudo o que você conseguiu ouvir na sala naquele momento. Mas com uma expressão cansada ele aumentou sue nível de voz para conseguir atravessar pelo falatório e disse: “Mais isso é porque amanhã nos vamos ter um convidado especial...” – Todos ficaram em silencio. “... Ele é um ex-aluno meu que está retornado à cidade... ele é músico... e como nós estamos estudando a música através da história eu achei que seria ótimo...” – Antes dele acabar a sala já estava falando de novo e meus pensamentos... Como sempre... voando. Isso me lembrou da última vez em que o Sr. Cole tentou trazer um convidado para nossa sala, ele trouxe uma artista plástica... A única coisa de que me lembro foi a desaprovação das meninas e dos meninos desviando as perguntas técnicas para os números de seu celular. Depois desse incidente eu nunca achei que ele iria trazer mais alguém para nossa sala. Mais de repente uma curiosidade intensa passou pela minha cabeça... Como será que o musico que passou pela fase do trem? Será que ele conseguiu atingir o seu chamado maior? Ou talvez música seja só um hobbie? Certamente não seriam coisas para perguntar amanhã na aula, mais seria interessante ler sua expressão. Esse era outro vicio meu, Ler as pessoas, alguns podem dizer que isso é julgar... Mais para mim é diferente. Eu apenas as leio, observo a expressão em seus olhos, o jeito de andar, falar. A aula voou. Sai em silencio fantasiando em minha mente como ele seria... Como seria sua musica. Outra coisa que eu devo-vos informar música e uma das minhas paixões. A música parece despertar em mim diferentes sentidos, como se eu conseguisse olhar pra dentro de mim. Do lado de fora do portão minha melhor amiga me esperava para irmos caminhando para casa. Como sempre. Eu sabia que a primeira coisa que ela ia falar seria um comentário sobre a aula e nosso futuro convidado. Anna era uma amiga diferente das outras... Nós nos
  • 3. conhecemos desde pequenas, mais hoje nos temos interesses diferentes, mais é claro que ainda e muito agradável estar perto dela.