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Perante a visão que só a alma tem
Senão o destino de esperar pela morte em vida
É da natureza humana ser descontente, querer possuir
Passados os quatro Impérios
Surgir à luz do dia
A Europa — todos esses Impérios acabaram
Pobre de quem vive seguro
Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e
as certezas
Pobre aquele que se dá por contente
Gerações passam
De que tratam as três partes de
Mensagem?
A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de
formação de Portugal e seu crescimento.
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expansão de Portugal, os
Descobrimentos.
A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da
estagnação da pátria e, profeticamente,
do seu ressurgimento.
A parte «O Encoberto» implica a visão
esotérica de Pessoa, uma síntese de história,
mito e profecia. Esta parte situa-se depois do
desastre de Alcácer Quibir. Está aliás toda
centrada na figura do rei D. Sebastião, o
encoberto. Logo pelos títulos se vê que a
organização, agora, decorre mais do
simbolismo, não se adoptando tanto o
formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe
é «Pax in excelsis» (‘Paz nos céus’), que
corresponderá ao estado ideal conseguido
com o profetizado Quinto Império.
O Encoberto
I — Os símbolos
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II — Os avisos
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III — Os tempos
Noite (85-86)
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Calma (88-89)
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O Quinto Império
O Quinto Império, a Nova Vida
Triste de quem vive em casa,
Pobre de quem vive seguro
Contente com o seu lar,
Pobre de quem, seguro, se contenta com o
pouco que tem
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Sem um sonho maior, um desejo
Faça até mais rubra a brasa
Um íntimo fogo e objectivo
Da lareira a abandonar
Um sonho maior que faça abandonar
todos os confortos e as certezas
Triste de quem é feliz!
Pobre aquele que se dá por contente
Vive porque a vida dura
Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais
deseja
Nada na alma lhe diz
Esse não tem alma
Mais que a lição de raiz —
Senão o instinto de não morrer
Ter por vida a sepultura.
Senão o destino de esperar pela morte em
vida
Eras sobre eras se somem
Gerações passam
No tempo que em eras vem.
Num tempo que é feito de gerações
Ser descontente é ser homem.
É da natureza humana ser descontente,
querer possuir.
Que as forças cegas se domem
Mas as forças da guerra, irracionais, param
Pela visão que a alma tem!
Perante a visão que só a alma tem
E assim, passados os quatro
Passados os quatro Impérios
Tempos do ser que sonhou,
Completado o seu reino terreno
A terra será o teatro
A Terra verá o quinto
Do dia claro, que no atro
Surgir à luz do dia
Da erma noite começou.
Ele que começou a gerar-se da noite (morte)
Grécia, Roma, Cristandade,
Grécia, Roma, o Império Cristão
Europa — os quatro se vão
A Europa — todas esses Impérios acabaram
Para onde vai toda idade.
Acabaram porque tudo se acaba com o tempo
Quem vem viver a verdade
Falta assim viver o Império da Verdade
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O Quinto Império a que preside D. Sebastião.
O Quinto Império, a Nova Vida
Pobre de quem vive seguro
Pobre de quem, seguro, se contenta com
o pouco que tem
Sem um sonho maior, um desejo
Um íntimo fogo e objectivo
Um sonho maior que faça abandonar
todos os confortos e as certezas
Pobre aquele que se dá por contente
Pobre de quem apenas sobrevive e nada
mais deseja
Esse não tem alma
Senão o instinto de não morrer
Senão o destino de esperar pela morte em
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Gerações passam
Num tempo que é feito de gerações
É da natureza humana ser descontente,
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Sebastião
Nevoeiro
Nem governante nem leis, nem tempos de paz ou
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No que no presente é um fulgor triste
Portugal, país pobre, sem esperança e entristecido
Vida exterior sem luz intensa, sem fogo de paixão e
vontade
Como as luzes do fogo-fátuo (que surge dos
materiais em decomposição)
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Portugal é, no presente, como o nevoeiro.
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negativa de Portugal, que estará a
«entristecer». Portugal surge personificado,
marcado pela falta de identidade nacional
(acentuada pelos quatro conetores
disjuntivos em «nem rei nem lei, nem paz
nem guerra») e por um estado de
indefinição. A simbologia do título
(«Nevoeiro») ajuda nesta caracterização
depreciativa. Também boa parte do léxico da
primeira estrofe remete para a opacidade,
embora em contraste com a hipótese de uma
luz («fulgor baço», «brilho sem luz», «fogo-
fátuo»).
Entretanto, surge o parêntese «(Que
ânsia distante perto chora?)», a assinalar
a passagem para um clima menos cético.
A oposição de caráter paradoxal
«distante perto» relaciona-se com a linha
ideológica que estrutura Mensagem: a
simultaneidade da decadência de
Portugal e a esperança do seu renascer.
Dois pares de anáforas («Ninguém»,
«Ninguém»; «Tudo», «Tudo»)
intensificam a indefinição que envolve
Portugal.
O apelo final («É a hora!») e a
saudação em latim («Valete, fratres»), pelo
tom exortativo que encerram revelam a
crença na mudança de um Portugal que,
no último verso da segunda estrofe, ainda
surge mergulhado em «nevoeiro».
Compara este final de Mensagem
com as estâncias (quase) finais também
de Os Lusíadas (sobretudo 145-146, p.
191).
No final de ambas as obras, o texto
assume um tom disfórico, com a descrição
crítica do povo português. Contudo, em
ambos os poemas, surge um apelo à
renovação. Nos Lusíadas, o poeta lembra a
D. Sebastião a qualidade dos seus
vassalos. No último poema de Mensagem,
traça-se um retrato sombrio da nação
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O Quinto Império: a visão profética de Fernando Pessoa para Portugal

  • 1.
  • 2. «Traduções» a copiar nas lacunas (aqui, desordenadas, claro):   Perante a visão que só a alma tem Senão o destino de esperar pela morte em vida É da natureza humana ser descontente, querer possuir Passados os quatro Impérios Surgir à luz do dia A Europa — todos esses Impérios acabaram Pobre de quem vive seguro Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas Pobre aquele que se dá por contente Gerações passam
  • 3.
  • 4. De que tratam as três partes de Mensagem?
  • 5. A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de formação de Portugal e seu crescimento. A 2.ª parte, «Mar Português», versa a expansão de Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.
  • 6. A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de Alcácer Quibir. Está aliás toda centrada na figura do rei D. Sebastião, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não se adoptando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «Pax in excelsis» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.
  • 7.
  • 8. O Encoberto I — Os símbolos D. Sebastião (71) O Quinto Império (72-73) O Desejado (74) As Ilhas Afortunadas (75) O Encoberto (76) II — Os avisos O Bandarra (79) António Vieira (80) [Screvo meu livro à beira-mágoa] (81)
  • 9. III — Os tempos Noite (85-86) Tormenta (87) Calma (88-89) Antemanhã (90) Nevoeiro (91)
  • 10.
  • 11. O Quinto Império O Quinto Império, a Nova Vida
  • 12. Triste de quem vive em casa, Pobre de quem vive seguro Contente com o seu lar, Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem Sem que um sonho, no erguer de asa, Sem um sonho maior, um desejo Faça até mais rubra a brasa Um íntimo fogo e objectivo Da lareira a abandonar Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas
  • 13. Triste de quem é feliz! Pobre aquele que se dá por contente Vive porque a vida dura Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja Nada na alma lhe diz Esse não tem alma Mais que a lição de raiz — Senão o instinto de não morrer Ter por vida a sepultura. Senão o destino de esperar pela morte em vida
  • 14. Eras sobre eras se somem Gerações passam No tempo que em eras vem. Num tempo que é feito de gerações Ser descontente é ser homem. É da natureza humana ser descontente, querer possuir. Que as forças cegas se domem Mas as forças da guerra, irracionais, param Pela visão que a alma tem! Perante a visão que só a alma tem
  • 15. E assim, passados os quatro Passados os quatro Impérios Tempos do ser que sonhou, Completado o seu reino terreno A terra será o teatro A Terra verá o quinto Do dia claro, que no atro Surgir à luz do dia Da erma noite começou. Ele que começou a gerar-se da noite (morte)
  • 16. Grécia, Roma, Cristandade, Grécia, Roma, o Império Cristão Europa — os quatro se vão A Europa — todas esses Impérios acabaram Para onde vai toda idade. Acabaram porque tudo se acaba com o tempo Quem vem viver a verdade Falta assim viver o Império da Verdade Que morreu D. Sebastião? O Quinto Império a que preside D. Sebastião.
  • 17.
  • 18. O Quinto Império, a Nova Vida Pobre de quem vive seguro Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem Sem um sonho maior, um desejo Um íntimo fogo e objectivo Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas
  • 19. Pobre aquele que se dá por contente Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja Esse não tem alma Senão o instinto de não morrer Senão o destino de esperar pela morte em vida
  • 20. Gerações passam Num tempo que é feito de gerações É da natureza humana ser descontente, querer possuir Mas as forças da guerra, irracionais, param Perante a visão que só a alma tem
  • 21. Passados os quatro Impérios Completado o seu reino terreno A Terra verá o quinto Surgir à luz do dia Ele que começou a gerar-se da noite (morte)
  • 22. Grécia, Roma, o Império Cristão A Europa — todas esses Impérios acabaram Acabaram porque tudo se acaba com o tempo Falta assim viver o Império da Verdade O Quinto Império a que preside D. Sebastião
  • 23.
  • 24. Nevoeiro Nem governante nem leis, nem tempos de paz ou de conflito Podem definir a verdade, a essência No que no presente é um fulgor triste Portugal, país pobre, sem esperança e entristecido Vida exterior sem luz intensa, sem fogo de paixão e vontade Como as luzes do fogo-fátuo (que surge dos materiais em decomposição)
  • 25. Os Portugueses não sabem o que verdadeiramente querem! Não conhecem a sua alma — o seu Destino Nem para o bem, nem para o mal Adivinha-se, no entanto, uma ânsia neles, uma ânsia de querer Mas tudo é incerto, morte Tudo em Portugal é parcial, não há vontade de erguer nada Portugal é, no presente, como o nevoeiro.
  • 26. É o momento de surgir o Quinto Império, a Nova Vida. À vitória!
  • 27.
  • 28. O poema inicia-se com uma imagem negativa de Portugal, que estará a «entristecer». Portugal surge personificado, marcado pela falta de identidade nacional (acentuada pelos quatro conetores disjuntivos em «nem rei nem lei, nem paz nem guerra») e por um estado de indefinição. A simbologia do título («Nevoeiro») ajuda nesta caracterização depreciativa. Também boa parte do léxico da primeira estrofe remete para a opacidade, embora em contraste com a hipótese de uma luz («fulgor baço», «brilho sem luz», «fogo- fátuo»).
  • 29. Entretanto, surge o parêntese «(Que ânsia distante perto chora?)», a assinalar a passagem para um clima menos cético. A oposição de caráter paradoxal «distante perto» relaciona-se com a linha ideológica que estrutura Mensagem: a simultaneidade da decadência de Portugal e a esperança do seu renascer. Dois pares de anáforas («Ninguém», «Ninguém»; «Tudo», «Tudo») intensificam a indefinição que envolve Portugal.
  • 30. O apelo final («É a hora!») e a saudação em latim («Valete, fratres»), pelo tom exortativo que encerram revelam a crença na mudança de um Portugal que, no último verso da segunda estrofe, ainda surge mergulhado em «nevoeiro».
  • 31.
  • 32.
  • 33.
  • 34. Compara este final de Mensagem com as estâncias (quase) finais também de Os Lusíadas (sobretudo 145-146, p. 191).
  • 35.
  • 36. No final de ambas as obras, o texto assume um tom disfórico, com a descrição crítica do povo português. Contudo, em ambos os poemas, surge um apelo à renovação. Nos Lusíadas, o poeta lembra a D. Sebastião a qualidade dos seus vassalos. No último poema de Mensagem, traça-se um retrato sombrio da nação portuguesa, mas conclui-se com uma exortação à mudança, à ação.