O documento compara dois textos que falam sobre aniversários na infância. Um é uma crônica de José Manuel dos Santos que vê os aniversários como momentos felizes de estar com a família, contrastando com os aniversários atuais que trazem saudade. O outro é um poema de Álvaro de Campos que sente nostalgia incômoda pelo passado perdido. Enquanto Santos não teme a velhice, Campos inveja o tempo em que era feliz sem saber.
7. Em ambos os textos os aniversários
na infância são vistos como ocasião feliz,
a que comparecem os familiares. É uma
memória de quando ainda estavam todos
vivos, contraposta aos aniversários de
hoje, que implicam recordar as ausências
e já sugerem sentimentos diferentes. Para
o cronista, constituem motivo de saudade
benfazeja; para o poeta, nostalgia
incómoda, «raiva de não ter trazido o
passado roubado na algibeira».
8. A partir daqui, as perspetivas de
Santos e de Campos não coincidem,
como notou José António Mendonça.
Enquanto o sujeito poético de
«Aniversário» inveja esse tempo em que
era feliz, lamentando porventura não ter
percebido que o era, na crónica
homónima publicada no Expresso, se se
teme a velhice, não se enjeita a passagem
dos anos («o tempo que me fez») e revivese a felicidade havida («lembro esses
mortos como se fossem vivos»).
9. José António MENDONÇA, «Intertextualidade com Pessoa — uma miríade de
outros», Ensaios entre desporto e literatura, Barreiro, Editorial Fabril, 2007, p.
4321.
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32. TPC — [Lembro que estão em Gaveta de
Nuvens as instruções acerca de trabalho,
a entregar até 10 de dezembro, em torno
de poema de Fernando Pessoa.]