O documento descreve o serviço de gestão de investimentos robótica da ETFmatic, a primeira empresa registada em Portugal a oferecer este tipo de serviço. A ETFmatic usa algoritmos para construir e gerir carteiras de investimento compostas por fundos negociados em bolsa, cobrando uma taxa anual de 0,5% do património. O fundador explica como o serviço funciona e como pretende torná-lo acessível a mais investidores europeus no futuro.
Observador.pt - Esqueça o gestor de conta. Chegou o primeiro robô que lhe gere o dinheiro
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Esqueça o gestor de conta. Chegou o primeiro robô que
lhe gere o dinheiro
25 Outubro 2016
ECONOMIA
A ETFmatic é a primeira gestora robótica de ativos registada
em Portugal. Luis Rivera, o espanhol que lidera a firma
britânica, explica como consegue reduzir as comissões a
0,5% do património por ano.
Os gestores robóticos de patrimónios não são uma novidade. Há oito
anos que proliferam nos Estados Unidos da América, onde já
administram mais de 45 mil milhões de euros. Há quem estime que a
carteira global dos gestores-robôs chegará a dois biliões de euros até
2020, apenas nos EUA.
O modelo de gestão de patrimónios – em que o dinheiro dos clientes é
investido automaticamente por decisão de algoritmos financeiros – está
a chegar à Europa mais lentamente. No mês de maio passado, a
ETFmatic lançou o seu serviço robótico de gestão de carteiras em 17
países europeus, incluindo Portugal. A companhia tinha carimbado o
seu passaporte britânico na Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários no mês anterior.
David Almas
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Numa conversa por correio eletrónico, Luis Rivera, o empreendedor
espanhol que fundou a ETFmatic em Londres, explicou ao Observador
como funciona o seu algoritmo, quanto cobram pelo serviço e porque os
fundos cotados devem estar na carteiras dos investidores. Afinal, o
“ETF” em ETFmatic refere-se a exchangetraded funds, ou seja, fundos
cotados na bolsa.
Luis Rivera, acionista fundador e diretor executivo da ETFmatic.
Dizem que a ETFmatic é um “roboadvisor”. O que é isso?
É um termo popularizado nos Estados Unidos pela Wealthfront e pela
Betterment, duas startups que agora gerem vários milhares de milhões
de dólares. Tenta ilustrar que não precisamos de intermediários nos
processos de investimento que podem ser automatizados. [O termo] não
se traduz bem na regulamentação europeia, porque nós temos uma
licença de gestão discricionária de investimento e não de
aconselhamento.
Começaram as operações em dezembro de 2015, há quase dez
meses. Qual é o montante gerido atualmente pela ETFmatic?
Temos estado a afinar o nosso produto com um grupo pequeno de
utilizadores desde fevereiro e “abrimos as portas” em maio. Gerimos
atualmente menos de 50 milhões de euros.
Quanto pertence a investidores portugueses?
Menos de cinco milhões de euros.
Porque se concentram em fundos cotados de índice?
[Porque permite uma] diversificação eficiente ao nível dos custos e
elevada liquidez.
Quais são os vossos principais critérios na eleição de fundos?
Publicámos um estudo que descreve a nossa abordagem em detalhe. Os
nossos [fundos] favoritos tendem a ser dos principais gestores, com
taxas de encargos correntes muito reduzidas e replicação física.
Como decidem os pesos a atribuir a cada fundo?
A nossa plataforma combina a classificação de risco dos nossos clientes
– obtida através de questionários comportamentais que medem a
atitude face ao risco em termos de exposição, paciência e estratégia –
com mais de 250 modelos de carteira, que, depois, são ainda mais
personalizados. Também propomos os Starter Portfolios, em que os
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clientes escolhem a alocação entre obrigações e ações, e as carteiras
personalizadas, ainda numa versão-piloto limitada, em que os clientes
decidem os seus próprios fundos e pesos e nós gerimos a carteira de
modo a ficar próxima dessa alocação ideal.
Cozinhar uma carteira de fundos
A ETFmatic está a testar uma solução paralela: o portfolio.kitchen. “Temos testado com profissionais da área das finanças nos últimos
meses”, revela Luis Rivera. Neste serviço, os clientes compõem as suas próprias carteiras a partir de uma lista de uma centena de fundos de
índice. É uma via mais económica: custa 0,3% do património por ano.
Porque escolheram o Saxo Bank como depositário dos
fundos?
Pelas suas condições gerais e pelo seu histórico. Também têm um das
mais modernas infraestruturas.
O custo de gestão é de 0,5% do património por ano. Não é
elevado para um serviço algorítmico?
Quando comparado com o que está disponível nos Estados Unidos, é
bastante alto. Acreditamos que, quando comparado com a oferta na
Europa, é um preço muito competitivo, em particular porque é uma
comissão que inclui tudo. Para a maioria dos clientes, é
significativamente mais barato do que uma solução “faça-você-próprio”
que envolva a negociação através de um corretor.
Este custo anual inclui as comissões de transação sobre os
fundos e as despesas de guarda de títulos?
Inclui tudo exceto os custos implícitos nos fundos, conhecidos por taxa
de encargos correntes. [A taxa de encargos correntes inclui custos de
gestão, depósito, supervisão e outras despesas correntes da gestão do
fundo.]
Como cobram os gestores robóticos?
A ETFmatic tem uma comissão de 0,5% por ano, mas nem todos os concorrentes europeus cobram da mesma maneira. A alemã Cashboard
não tem uma comissão fixa; apenas fica com 10% dos lucros dos clientes. A britânica Fiver-a-Day cobra uma comissão de 0,25% sobre os
depósitos, além da comissão de gestão de 0,34%. A espanhola Indexa Capital tem comissões decrescentes com o montante investido, de
0,45% a 0,10%. A britânica Money Farm isenta os muito ricos (mais de um milhão de libras) e os menos ricos (menos de dez mil libras); todos
os outros pagam entre 0,4% e 0,6%. Em todos os casos, estas são apenas as comissões dos gestores de patrimónios. Os investidores são
também alvo das comissões dos fundos selecionados pelos gestores.
Nos Estados Unidos da América, a comissão média neste tipo
de serviço é de 0,3%. A WiseBanyan, por exemplo, não cobra
comissão no serviçobase. Pode ser um caminho a seguir?
Revemos continuamente os nossos custos para ver quanto podemos
reduzir as comissões. As estruturas de custos e de incentivos nos
Estados Unidos são muito diferentes quando comparadas com as da
Europa.
O que impede um investidor de aplicar o mínimo de mil euros
na ETFmatic e, depois, replicar essa carteira com o resto do
seu dinheiro numa corretora nacional económica, como o
Banco Carregosa (que também é parceiro do Saxo Bank), ou
numa corretora paneuropeia, como a DeGiro, que isenta os
clientes de comissões sobre alguns fundos cotados?
4. 25/10/2016 Esqueça o gestor de conta. Chegou o primeiro robô que lhe gere o dinheiro – Observador
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Essa parece a abordagem que eu e o Johan [Hellman, cofundador e
diretor de operações] aplicámos com uma folha de cálculo antes de
lançar a ETFmatic. Isso envolve muito trabalho, cometem-se erros a dar
ordens e eles [os intermediários financeiros] cobram comissões e
margens escondidas. As nossas carteiras não envolvem tecnologia de
ponta; apenas fazemos que seja mais simples e barato para a maioria
das pessoas.
Planeiam ter uma versão em português do vosso portal e das
vossas aplicações?
Vamos implementar várias línguas durante 2017. O português é um
candidato provável.
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