O documento discute o uso da tecnologia no ensino de astronomia, tanto presencial quanto a distância. Ele propõe o desenvolvimento de um curso online de capacitação de professores em astronomia para atender a alta demanda e suprir as deficiências na formação inicial e contínua dos professores. O curso seria oferecido em parceria com redes formais de capacitação para garantir escala e impacto.
1. Uso da tecnologia no ensino de
astronomia:
presencial e a distância
Elysandra Figuerêdo
( Apoio INCT-A, Fapesp e L´Oreal/UNESCO/ABC )
Outubro de 2009
2. Uso da Tecnologia na Astronomia
Astronomia é uma das áreas do
conhecimento que mais se beneficiam do
uso da tecnologia:
@ Telescópios e Instrumentos de última
geração
@ Missões Espaciais
@ Softwares para Redução e Análise de
Dados
@ Observações Remotas
@ Telescópios Robóticos, etc...
Podemos dizer que a Astronomia está na fronteira quanto ao uso da tecnologia !
3. Uso da Tecnologia no Ensino de Astronomia
Se podemos dirigir um carrinho em Marte com o uso da
tecnologia, o que dirá
simular ou até mesmo substituir por completo o
ambiente da sala de aula por um AVA ?
Objetivo dessa Palestra:
Discutir como podemos nos beneficiar da nossa velha amiga tecnologia para oferecer
para toda a comunidade um ensino de astronomia de forma inovadora, de excelência,
inclusiva e ao mesmo tempo sem fronteiras !
4. Uso da Tecnologia versus EaD
Normalmente relacionamos o uso da tecnologia com EaD, mas a mesma tecnologia da
EaD pode ser utilizada para melhor a qualidade do ensino na sala de aula !
Daqui em diante falarei apenas em EaD, mas todas as ferramentas podem ser adaptadas para
um curso presencial.
5. Vencendo barreiras e Pré-conceitos
O que é fácil acreditar ?
O uso inevitável da tecnologia no ensino.
Fato: Vivemos e trabalhamos com alunos que já nasceram na era digital. Ou nos atualizamos
em termos de ensino ou não conseguiremos mais acompanhar o inevitável progresso.
O que pode ser fácil acreditar ?
Que é possível criar um ambiente virtual de aprendizado que complemente e melhore a
qualidade do ensino presencial
O que é difícil ?
Que é possível criar um ambiente virtual de aprendizado que substitua, sem perder a
qualidade, um curso presencial.
Fato: Educados dentro do sistema tradicional, é difícil para nós acreditar que um outro tipo de
educação é possível.
Mas existem outros fatores que devem ser levados em consideração...
6. Alunos EaD no Brasil
[Segundo Carlos Bielschowsky (Secretário de Educação a Distância – MEC – 15 CIEAD]:
- Existem atualmente 2.648.031 alunos matriculados em cursos a distância no Brasil
- Em cursos de graduação EaD, foi estimado 1 milhão de matrículas em 2009 (Na USP
por exemplo temos 54 mil)
A demanda por EaD no Brasil é alta !
Mas quem são os alunos de EaD no Brasil ?
- Possui menor renda familiar em comparação com os alunos presenciais
- Predominância do sexo feminino e idades avançadas (30-34 anos)
- A grande maioria é a principal fonte de renda da família
- Os pais dos alunos EaD possuem baixa escolaridade em comparação com os alunos
presenciais
- Presença de alunos residentes fora dos grandes centros
EaD no Brasil atende principalmente os mais pobres, enquanto o ensino
presencial continua sendo um privilégio.
7. Escolas EaD no Brasil
Segundo CensoEaD.br (Profa. Rita Maria Lino Tarcia – 15 CIEAD]:
- Existem 1752 cursos de graduação a distância / 109 instituições credenciadas no
Brasil (2008)
- Avanço do setor privado em relação ao público
Apesar do público alvo de EaD representar a população de mais baixa renda, existem
poucas iniciativas, e até certa resistência, do setor público no que diz respeito a essa
modalidade.
Dentre as principais “justificativas” estão:
- a dificuldade em oferecer EaD de qualidade
- a evasão ser maior na modalidade a distância
- o medo de que essa modalidade venha a substituir os cursos presenciais
8. Entendendo alguns Mitos
EaD é sinônimo de curso por correspondência
Mito – A única semelhança entre ambos é promover a inclusão social
EaD é um curso presencial em formato digital
Mito – EaD deve simular o ambiente da sala de aula em todos os sentidos
A evasão média em EaD é altíssima
Mito – a evasão média em EaD é algo em torno de 18.5%. Os motivos de evasão
são principalmente falta de dinheiro ou tempo.
O objetivo principal da EaD é substituir o ensino presencial
Mito – ambos podem trabalhar em parceria, mas somente EaD pode levar ensino de
qualidade para longe dos grandes centros.
Ser professor de EaD é mais fácil do que professor do ensino presencial
Mito – a quantidade de trabalho de um professor EaD costuma ser maior do que a de
um professor presencial
Não existe EaD de qualidade SERÁ ???
9. EaD de qualidade
Sim ! É possivel fazer um curso a
distância de qualidade !
Um exemplo de excelência:
The Open University (Reino Unido)
Ranking de Satisfação dos Estudantes:
2005 – Terceiro Lugar
2006 – Primeiro Lugar
2007 – Primeiro Lugar
2008 – Terceiro Lugar
The OU oferece APENAS
cursos a distância !
Mas é necessário muito trabalho,
mas muito... mas muito mesmo !
10. O que é a Universidade Aberta do Brasil?
É um programa do Ministério da Educação criado em 2005 e
possui como prioridade a capacitação de professores da
educação básica. Seu objetivo é estimular a articulação e
integração de um sistema nacional de educação superior para
interiorização de cursos superiores público tendo como base o
aprimoramento da educação a distância. Apesar da prioridade
na capacitação de professores da educação básica com a
oferta de cursos de licenciatura e de formação continuada o
Sistema UAB também disponibiliza vários outros cursos
superiores nas mais diversas áreas do saber.
Os cursos oferecidos no Sistema UAB são pagos?
Os cursos oferecidos no Sistema UAB são ofertados por
instituições publicas de ensino superior, portanto, são
gratuitos. No entanto, as instituições podem cobrar taxas de
matrículas.
Como universidades podem participar da UAB?
As Universidades precisam aguardar aberturas de editais ou
chamada de envio de propostas de projeto de oferta de
cursos superiores.
11. Mas o que é EaD de fato ?
EaD é uma modalidade de ensino multimídia e multitarefas que estimula as
interações básicas:
aluno ↔ interface
aluno ↔ conteúdo
aluno ↔ professor-tutor
aluno ↔ aluno
Máximo de 50 alunos por tutor (UNESCO)
Como fazer um curso EaD?
O primeiro passo é escolher um AVA de acordo com o público alvo.
AVAs mais sofisticados normalmente exigem equipamentos
melhores e banda larga, mas é possível usar recursos minimalistas
para EaD mantendo a qualidade do curso.
Alguns exemplos: Plataformas EaD, Web 2.0, Blogs, Second Life
20. Separando o Joio do Trigo
“Ombudsman
da
Astronomia”
Blog
Colaborativo
da CESAB ?
21. Ferramentas - TICs
Independente do ambiente virtual de aprendizado utilizado (plataforma, blog ou
Web2.0), as TICs para o ensino online são as mesmas e devem ser exploradas
com parcimônia e de forma inclusiva (acesso via internet discada):
- PodCast e Streaming - conteúdos de áudio que podem ser acessados via
Internet e ouvidos em computadores e em MP3 Players. Deve haver transcrição.
- Vídeo Aulas – apresentações em powerpoint com ilustrações, animações e
audio.
- Textos para download e impressão.
- Vídeos ilustrativos e de divulgação.
- Páginas wikis, verbetes e FAQs.
- Sala de aulas assíncronas – estímulo da interação aluno-aluno Monitorada!
- Avaliação (múltipla escolha colaborativa, participação e TCC)
22. A utilização da tecnologia de Informação e Comunicação,
com parcimônia, é o primeiro passo para garantir um curso a
distância de qualidade.
O segundo passo é não subestimar a importância da tutoria
Mas como podemos explorar melhor esses
recursos para o ensino de astronomia ?
Um desafio para o INCT-A
23. Objetivos Estratégicos do INCT de Astrofísica
Dentre os 5 objetivos estratégicos, o INCT de Astrofísica propôs uma linha de ação
voltada para a disseminação de conceitos básicos da Astronomia, no âmbito escolar
Divulgação Ensino
Várias Iniciativas: Poucas iniciativas:
Matérias em Revistas (e.g. SciAm BR ) Extensão Universitária (IAG, ON etc.)
Revistas Especializadas (e.g. Astronomy)
Livros e Séries em Fascículos Livro Virtual de Astronomia (K&F)
Sites de divulgação: APOD
Blogs de Astrônomos Mestrado Prof. (EACH, UNICSUL,
Sites dos Observatórios UEFS, IAG, etc)
Press Release etc.
Cursos e Materiais do ON
Material de Apoio a Formação
Continuada (Canalle, TnE, Ciencia a
Portal do Universo Mão – IFUSP, USP SC, UEFS etc )
25. Uma das formas mais eficientes e
multiplicadoras de disseminar conceitos é
trabalhar diretamente com
A Formação de Professores
(um problema “eterno” ou não ?)
A formação do professor está longe da realidade na sala de aula. Há uma
descontextualização entre o que o professor aprende e o que aplica no seu
cotidiano (pesquisa da Fundação Carlos Chagas – segundo entrevista com
Dorinha Seabra - presidente do CONSED)
Duas possibilidades: ou o professor desconhece completamente o
conteúdo a ser ensinado ou ele conhece de forma superficial e não
suficiente para concatenar as idéias e ensinar de forma segura e eficiente.
26. Uma contribuição emergencial :
Ensinar conteúdos dentro do programa Formação Continuada oferecido pelo
MEC para professores em exercício nas redes públicas estaduais de educação.
Uma contribuição para que esse problema não seja mais “eterno”:
1. Formação dos professores já capacitados: A formação continuada vem para
resolver o problema da formação, mas devemos também nos preocupar com a
formação inicial (cursos de licenciatura) ganhando novas gerações de
professores já capacitados.
2. Qualidade do Ensino médio e Fundamental: É necessário uma análise crítica
do conteúdo relacionado a Astronomia nos PCNs e nas propostas curriculares
estaduais pois esses possuem imprecisões.
27. Dimensionando o problema
A Realidade Atual: 1.300.000 funções docentes no ensino
fundamental e médio
Nosso Universo: desses professores, mais de 300 mil atuam em
áreas relacionadas ao ensino de ciências.
Desses 300 mil somente 15 % são formados nas disciplinas em que atuam.
Para capacitar esse pessoal através dos meios tradicionais
de ensino seriam necessários dezenas de anos
Se 10 instituições brasileiras resolvessem oferecer um curso
atendendo 100 professores por semestre seriam necessários 150
anos para atender a demanda atual !
É necessário ir além dos métodos tradicionais para
atender a atual demanda, mas sem perda de qualidade
28. Proposta para o desenvolvimento de um
curso de Astronomia a distância para
professores da rede pública no Brasil
Oferta: Suficientemente alta para suprir a demanda
Conteúdo: adequado para professores, auto-suficiente e baseado nos PCNs
Localização: abrangência nacional
Duração: Curta e que seja feito em horários livres
Carreira: emissão de diplomas que ofereça progressão para o professor
29. Redes formais de formação continuada
(Missão Social)
Articulação aos esforços públicos já existentes – Rede Nacional de
formação continuada do MEC que provem estímulos do tipo
progressão de carreira docente.
Inserção do Curso em políticas públicas de formação e capacitação
de professores e inclusão social dentro das Secretarias dos Estados.
Em outras palavras...
As inscrições devem ser estimulada por ações governamentais de apoio
aos estabelecimentos de ensino em regiões com pior desempenho escolar.
Para não ser apenas mais uma iniciativa que não sairá do projeto piloto
será necessário que esse curso esteja vinculada as Redes Formais de
capacitação de professores !
30. Curso a distância de Capacitação de
Professores em Astronomia
Objetivo - Contribuir para melhorar o ensino da Astronomia,
no ensino fundamental e médio, por meio da capacitação de
professores, em âmbito nacional, utilizando modernas
tecnologias de informação e comunicação.
Público Alvo – professores do ensino médio e fundamental
da rede pública de ensino
Conteúdo – O conteúdo do curso deve englobar todos os
itens da ementa escolar da rede pública de ensino. Deverão
ser elaborados e revisados pelos membros especialistas
do INCT dentro dos critérios exigidos pelo MEC e abordando
o contéudo dos PCNs e as propostas curriculares estaduais.
31. Fase 1
Estruturação
Fase 2
Projeto Piloto
Desenvolvimento
Fase 3
Implementação
32. Um Cronograma Possível
Estruturação
Abr 2009 – Mar 2010
Desenvolvimento Projeto Piloto
Abr 2010 – Mar 2011 Abril 2011
Implementação
Março 2012
33. Onde Estamos: Fase 1 – Estruturação
Levantamento de Informações burocrática – estudo da legislação e estatísticas;
programas públicos de apoio à formação de professores; estruturas formais de
treinamento de professores; experiências similares em andamento; fatores de
motivação dos professores; principais estudos sobre avanços e dificuldades no ensino
de ciências; análise de recenseamento de docentes de ciências e condições de
trabalho. (QUASE COMPLETO)
Definição da Equipe de trabalho – definir equipe de planejamento, gestão,
desenvolvimento e execução do curso, definir e dividir tarefas; fazer o mapeamento
do número potencial de tutores e monitores nos grupos vinculados ao INCT de
Astrofísica. Definir equipe administrativa e de informática. Análise de Custos. (EM
DESENVOLVIMENTO)
Conteúdo e Abrangência - Definição precisa do objetivo do curso (curso voltado
para professores com anexos explicativos de como ele poderá usar o conteúdo
aprendido para ensinar seus alunos). Análise dos parâmetros curriculares
nacionais (diferentes versões) e as propostas estaduais de ensino de ciências.
Seleção do conteúdo do curso. (COMPLETO)
Formato do Curso - Análise das opções de capacitação de professores em
termos de progressão funcional, modularidade, ambiente virtual, duração. Escolha
do ambiente de aprendizagem. Elaboração da ementa do curso e divisão dos
módulos. Preparação do ambiente de aprendizagem. (EM DESENVOLVIMENTO)
35. Datas Importantes
Maio de 2009 – O projeto inicial foi apresentado e aprovado pelo Comitê
Científico do INCT-A
Junho - Criação da comissão de coordenação para o Curso
11 de Setembro de 2009 – Primeira reunião presencial no IAG/USP para
apresentação e discussão da proposta inicial.
Setembro - Início do desenvolvimento da Fase I
5 de Outubro – Início das reuniões Virtuais Semanais
Novembro – Submissão do projeto final para o Comitê Científico do INCT-A
Março de 2010 – Finalização da Fase I
36. Pessoas Envolvidas
Coordenadores do Curso (EaD-INCT):
Elysandra Figueredo – IAG/USP
Marisa Cassim (como consultora)
Newton Figueiredo – UNIFEI
Vera Martin – UEFS
Maria de Fátima Saraiva – UFRGS
Carlos Dutra – UNIPAMPA
Jules Soares – UESC
Colaboradores Ativos:
Gustavo Rojas – UFSCar
Thaís Mothé – OV
Coordenador do INCT-A: João Steiner
Vice-Coordenadora do INCT-A: Beatriz Barbuy
Coordenador do Comitê de Ensino e Divulgação: Augusto Damineli
37. Meta para 10 anos
Formar metade dos professores já em atuação na rede pública de ensino !
Como ?
10 núcleos estaduais do INCT (somos 27)
1500 professores formados por ano em cada núcleo
Oferecendo o curso 3 vezes por ano, cada vez com 500 professores
10 anos do trabalho de 10 tutores por núcleo.
1 equipe de informática competente
1 equipe administrativa competente
E muito trabalho pela frente... mas muito mesmo !
150 MIL professores capacitados em apenas
10 anos !
38. Espaço para discussões e/ou para obter mais
informações e/ou para se manter atualizado sobre o
andamento dessa proposta:
http://groups.google.com/group/ead-inct