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ECOARQUITETURA:                  SOLUÇÕES             INTELIGENTES              PARA         PROJETOS
SUSTENTÁVEIS
Amanda Zago Polesi (IC) e Nieri Soares de Araujo (Orientador)
Apoio: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa


Resumo

O presente estudo tem como propósito discutir sobre métodos projetuais para realizar uma obra
ecologicamente correta, comentando simultaneamente a importância da arquitetura sustentável, cada
vez mais procurada nos dias de hoje como solução para amenizar os impactos ambientais. A
pesquisa foi feita com base nas chamadas "Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes", desenvolvidas pelo
apresentador ganhador do Emmy, Steve Thomas. O objetivo é explicar cada uma das categorias,
além de comentar sobre outras técnicas que contribuem para a sustentabilidade em uma construção,
verificando, por fim, sua suficiência e eficiência quando aplicadas em uma obra. A pesquisa busca
também mostrar que há maneiras de se construir com menor impacto ambiental e maiores ganhos
sociais, sem, contudo, ser economicamente inviável. Por fim, para aplicar o estudo em situações
reais, foi escolhido um projeto para análise, no qual se verificou a utilização dos itens estudados e
fez-se uma constatação dos resultados.

Palavras-chave: arquitetura sustentável, método projetual, soluções alternativas


Abstract

The present study aims to discuss about projetual methods to realize an environmentally friend work,
commenting, at the same time, about sustainable architecture's importance, which has been
increasingly used these days as a solution to reduce environmental impacts. The research was based
on the "Five Bubbles of Green Building", developed by the Emmy winning award presenter Steve
Thomas. The main goal is to explain each category, besides commenting about other techniques that
contribute to sustainability on the construction site, checking, finally, its sufficiency and efficiency when
applied to a construction. The study also aims to show there are ways to build with less environmental
impact and more social benefits, without being, however, economically unfeasible. Finally, to apply the
study in a real situation, a project was chose for analysis, on which was verifyed the utilization of the
studied topics and a statement of results was made.

Key-words: sustainable architecture, projetual methods, alternative solutions




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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


│INTRODUÇÃO

A biosfera é fundamental para a sobrevivência dos seres vivos, especialmente do homem
que, ironicamente, é aquele que mais a deprecia. Isso nem sempre ocorreu desta forma,
pois nos primórdios da humanidade o impacto ambiental causado pela população humana
era pequeno, já que ela era reduzida e tecnologicamente pouco desenvolvida, além de
saber aproveitar os recursos naturais e respeitar seus limites.

O quadro crítico se inicia nos dois últimos séculos, quando se pensava que o crescimento
econômico desenfreado fosse vital ao progresso. Isso fez com que o mundo depositasse
suas esperanças de crescimento e desenvolvimento no volume da produção material, sem
levar em consideração a qualidade de vida e a distribuição social de tal produção.

Hoje há a consciência que a Terra possui uma capacidade limitada e que em determinado
momento ela não terá mais recursos para sustentar a humanidade. Isso, inclusive, já pode
ser notado em inúmeras regiões do planeta, e tem como seus grandes precursores o
irrefreável aumento demográfico, a demasiada poluição ambiental e o inconseqüente uso
dos recursos naturais.

Com o propósito de impedir que esse quadro continue se agravando sucessivamente, foi
proposta uma idéia que consistia em “suprir as necessidades do presente sem comprometer
a capacidade das próximas gerações de suprirem as de seu tempo” (AZUMA, M. e
FALKEMBACH, F., 2003), e a isso se denominou “desenvolvimento sustentável”.

O desenvolvimento sustentável incorpora ao planejamento urbano os fatores econômicos,
sociais e ambientais, levando em consideração as conseqüências das ações tanto em
longos como em curtos prazos.

Considerando-se que a construção civil é uma das maiores consumidoras de recursos,
energia e materiais, a grande e primeira mudança efetiva que deve ocorrer para reverter o
quadro de escassez de recursos naturais que encontramos hoje, está dentro dos elementos
que envolvem o setor construtivo. Assim, entra em ação a arquitetura sustentável, que visa
a criação de edifícios amigos do meio ambiente, por meio de técnicas e materiais que
variam do rudimentar à tecnologia de ponta, buscando sempre o objetivo de promover
equilíbrio entre o ser humano e seu habitat.

Foi apenas na segunda metade do século XX que se começou a executar esse tipo de
construção, após Clube de Roma (1968), Estocolmo (1972), Brundtland (1987), Eco 92
(1992) e Agenda 21 (1992). As construções realizadas antes de tais reflexões ecológicas
não eram planejadas com o intuito de não agredir o meio ambiente, assim, não eram
racionais, havia desperdício de materiais, geração de toneladas de entulho, gastos
incalculáveis de energia e água, etc. Segundo pesquisa do Departamento de Engenharia de

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Construção da Escola Politécnica da USP, “a construção desperdiça em média 56% do
cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de PVC e
eletrodutos” (TRIGUEIRO, 2003), além dos impactos causados durante o processo
construtivo.

Sabe-se que “os edifícios são responsáveis pelo consumo de 40% da energia total e por
gerar 40% de todo o lixo produzido pelo homem” (GEHLEN, 2008). Levando-se em conta a
proporção dos seus impactos, a indústria da construção pode e deve colaborar com a busca
de um desenvolvimento sustentável. É época de deixar de considerar somente o tripé
tempo, custo e qualidade, e passar a incorporar também os aspectos ambientais.

A discussão cada vez maior em relação aos problemas ambientais e à possibilidade de
escassez dos recursos naturais está aumentando a pressão exercida sobre empresas e
construtoras pelas entidades ambientais e por pesquisadores de fenômenos que podem
ocasionar uma catástrofe ecológica de grandes proporções. Com isso, praticar a
sustentabilidade, para essas empresas e construtoras, passou a ser um diferencial
mercadológico sobre o qual elas aproveitam para aumentar sua lucratividade e potencializar
a venda de seus produtos para um público consumidor mais preocupado e atento a essa
nova realidade que se estabelece. Porém, grande cuidado deve ser tomado pelo público
consumidor de tais produtos ou idéias, pois devido a essa “corrida maluca pelo verde” está
cada vez mais difícil diferenciar o que é um produto verdadeiramente sustentável daquele
que simplesmente recebe uma “maquiagem verde”, também conhecido por “greenwash”
(marketing utilizado para tentar encobrir um desempenho ambiental insatisfatório).

Diante da realidade apresentada, pode-se dizer que nosso país está caminhando na direção
certa. O Brasil passa por um momento em que a esperança é que predomina, tendo em
vista que o país tem atraído olhares de investidores e estrangeiros interessados em seu
mercado para tecnologias sustentáveis. Nas palavras da geógrafa Paola Figueiredo, “o
Brasil ainda engatinha nesse setor”, contudo a nação tem se mostrado com mais condições
que outras para liderar a transição para uma economia sustentável, servindo de exemplo
para os outros e mostrando que o novo modelo é viável, além de vantajoso tanto em termos
ambientais, como econômicos e sociais (IDÉIA SUSTENTÁVEL, 2009, Ed. 16). As maiores
oportunidades no país estão ligadas à energia renovável, resíduos sólidos, água, eficiência
energética e saneamento.



1.0│ECOPRINCÍPIOS

Muitas pessoas imaginam que para fazer arquitetura sustentável devemos executar
somente coberturas verdes, construções de bambu, madeira e materiais reciclados, etc.

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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


Entretanto, fazer uma arquitetura sustentável vai muito além disso; requer prévio estudo da
região, do terreno e seu entorno, análise de materiais viáveis e disponíveis, estudo da
melhor estratégia energética, melhor implantação, etc., enfim, uma série de fatores que vão
influir no melhor aproveitamento e na complexidade da obra. Para auxiliar na listagem
desses itens, os escritórios criaram os chamados “ecoprincípios”. Neste estudo, foi
escolhido um conjunto de ecoprincípios para análise, denominado “As Cinco Bolhas dos
Edifícios Verdes”.



1.1│ AS CINCO BOLHAS DOS EDIFÍCIOS VERDES

As “Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes” são princípios que relacionam os aspectos influentes
em uma construção verde, ou seja, delimitam o que deve ser levado em consideração em
obras sustentáveis, de acordo com a opinião de seu criador, Steve Thomas (apresentador
de televisão americano que trabalha com renovação de edifícios e propostas sustentáveis).

As cinco bolhas de Thomas, esquematizadas na Figura 1, possuem tamanhos diferentes; as
bolhas maiores (“Energia”, seguida de “Materiais” e “Mão-de-obra”) são consideradas mais
relevantes em relação às menores (“Saúde” e “Design”).




                           Figura 1. Steve Thomas's 5 bubbles of green building.
          Fonte: http://planetgreen.discovery.com/tv/renovation-nation/bubbles-green-building.html


Considerando o contexto histórico, a situação crítica das construções nos dias de hoje e a
sustentabilidade efervescendo nas veias da sociedade, tomaremos as “Cinco Bolhas dos
Edifícios Verdes” para estudo e análise, com o intuito de verificar sua eficiência (e
suficiência) na aplicação em obras atuais, à partir das conclusões realizadas.



1.1│ENERGIA

Ao observarmos o diagrama de Thomas, percebemos claramente que esta é a bolha mais
proeminente dentre as outras, já que é a energia (independente da sua fonte) que fará com
que com que todos os equipamentos, insumos, etc. funcionem em um edifício. Ela é
classificada em “energy in” (energia recebida) e “energy out” (energia utilizada).


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O mundo inteiro está passando por uma crise energética, pois as matérias extraídas da
natureza para produzir energia estão se tornando escassas, além de sua extração danificar
o meio ambiente. No mercado, quando um produto começa a se tornar escasso e raro seu
preço sobe e a solução é utilizar outros produtos semelhantes cujo custo seja menor. No
entanto, diferente dos produtos que podem ser substituídos, “a energia é absoluta e
universalmente insubstituível. Ela é a única fonte de todo trabalho realizado no sistema de
produção” (COMMONER, 1986). Sendo assim, nossa única saída é buscar outras formas de
produzi-la, devendo utilizar sempre uma fonte renovável e equipamentos tecnológicos
“maduros” de preço constante, pois isso permitirá que sempre tenhamos energia disponível
a um preço estável.

Para agravar o quadro, a necessidade energética do mundo está longe de ser saciada;
estima-se que no intervalo de 1990 a 2020 o consumo energético crescerá em 60%,
principalmente nos países em desenvolvimento (PINOTTI, 2010).

Mais especificamente na arquitetura, a energia possui relação direta com o projeto e isso
influi sobre as cidades, já que o edifício, comparado com outras atividades, é o que exige
maior demanda energética da cidade, tendo em vista que ele é seu principal elemento
constituidor. (KATO, 2007)

Tendo em vista estas preocupações, devemos optar pela adoção de partidos que envolvam
baixo consumo energético, tanto nos procedimentos do canteiro de obras, como no
funcionamento da edificação depois de pronta. Ser eficientemente energético não significa,
porém, somente utilizar equipamentos de baixo consumo, mas também levar em
consideração aspectos como: uma boa implantação, adoção de partidos arquitetônicos que
possam ser utilizados para produzir energia e/ou não requeiram tantos gastos com energia
(como por exemplo ar condicionado), além da utilização de fontes energéticas alternativas.

Enfim, poupar gastos energéticos é essencial no ramo da construção, já que, como foi dito
anteriormente, este é o setor que mais consome energia no país (13,8% do PIB – IBGE
1992).

As energias mais utilizadas nos dias de hoje são as provindas de combustíveis fósseis,
como o carvão, petróleo e gás natural.

Como pode ser visto no gráfico abaixo, os tipos de energias considerados renováveis e
limpos são os menos utilizados, e é este quadro que precisa ser revertido.




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Tabela 1 . Consumo de energia ao longo do processo produtivo   Gráfico 1. Matriz energética brasileira
do edifício                                                    Fonte: plano decenal de energia/Ministério
Fonte: O consumo de energia nos edifícios (MASCARÓ, 1983)      de Minas e energia/IMPSA


Apesar de as hidrelétricas dominarem o cenário brasileiro e serem consideradas uma forma
de energia renovável e não poluente, existe o problema das inundações que elas podem
provocar, ocasionando o deslocamento de populações e a destruição do bioma em seu
entorno.

Dentre as variáveis energéticas presentes no gráfico, aquelas que precisamos colocar como
líderes de mercado são a solar (placas solares ou sistemas fotovoltaicos) e a eólica.

A energia eólica, apesar de ser a fonte energética mais limpa do mundo, é normalmente
usada como complemento de outras formas de geração de energia, já que ela depende do
vento, um fenômeno natural inconstante e instável.

Já a energia solar, além de limpa, pode ser usada imediatamente ou armazenada para uso
posterior. Seu uso tem crescido constantemente, pois acredita-se que ela será a maior fonte
eficiente de energia no mundo a longo prazo (ROAF, 2006).

Ao contrário do que se pensa, a energia solar funciona em regiões pouco ensolaradas,
inclusive à noite e nos dias nublados (pois é um processo que independe do calor), e por
fim, a energia solar consegue gerar as altas temperaturas necessárias à geração de energia
elétrica.

Embora gastos enormes tenham sido direcionados à infra-estrutura de suporte para energia
convencional, do período de 1993 a 2003 a energia eólica aumentou em 10 vezes sua
quantidade de usuários; já os adeptos à energia solar aumentaram em 7 vezes nesse
mesmo período (PINOTTI, 2010).




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1.2│MATERIAIS

É uma categoria bastante grande, e envolve desde questões de certificação da qualidade
sobre os produtos que se quer utilizar, até sua produção e sua durabilidade. Os principais
fatores relevantes para a escolha dos materiais que serão utilizados em uma construção
sustentável (de acordo com ROAF, 2006) são: a energia necessária para produzi-los, o CO₂
resultante da sua fabricação, o impacto resultante de sua extração, toxidade, transporte e o
grau de poluição resultante do fim da sua vida útil.

A produção de qualquer material além de necessitar de energia, também gera resíduos, já
que todos são processados. A diferença está em escolher aqueles que foram mais
processados (requer maior gasto de energia e maior quantidade de resíduos) ou menos
processados (requer menos gasto de energia e menor quantidade e resíduos). Obviamente,
se a opção escolhida for a dos materiais menos processados estar-se-á contribuindo para a
sustentabilidade na obra.

Além dos citados acima, outro fator a ser considerado na escolha dos materiais deve ser a
energia incorporada de cada um, que é a energia total envolvida na sua fabricação. “Energia
incorporada é uma importante medida porque o uso de fontes de energia não renovável é a
principal razão para a degradação ambiental.” (ROAF, 2006) Para calculá-la precisamente
em um material, todos os estágios nos quais energia é utilizada devem ser considerados.

Quando escolhemos um material cuja energia incorporada é alta estamos sendo
ineficientes, pois “(...) para cada unidade de eletricidade fornecida a um consumidor, foi
consumida uma quantidade maior de energia primária para sua obtenção” (ROAF, 2006).

A energia incorporada dos materiais é também significativa de acordo com a quantidade em
que o material é aplicado na obra. Abaixo está uma tabela onde podem ser observados os
valores de energia incorporada de materiais na edificação:




                     Tabela 2. Energia incorporada dos materiais de uma edificação.

                   Fonte: Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável (ROAF, 2006)



Os impactos ambientais causados pelos materiais podem ser divididos em: impacto
ambiental devido à produção (uso de energia, exaustão dos recursos, aquecimento global,


                                                                                                   7
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chuva ácida, toxinas) e impacto ambiental devido ao uso (potencial de reuso/reciclagem e
descarte, danos à saúde).




                       Tabela 3. Impacto ambiental dos principais materiais de construção.

                                  Fonte: Ecohabitar - Arquitetura e Construção



Quando possível, deve-se optar por materiais locais ou aqueles que requerem o mínimo de
processamento em preferência àqueles altamente processados e de localidades mais
distantes. Produtos não-tóxicos devem substituir materiais quimicamente tratados e que
contêm toxinas. A durabilidade dos materiais também é muito significativa, já que afeta a
vida útil de uma edificação e o quanto uma casa de baixo consumo energético dura; todos
os materiais de construção devem ser facilmente recicláveis.

Por fim, um produto deve ser avaliado por todo o seu ciclo de vida, não se levando em
consideração apenas uma fase de sua vida-útil, pois esta pode induzir a uma avaliação
errônea do produto. É preciso analisar desde a sua fonte de matéria-prima, sua produção,
distribuição, utilização e despejo. O produto deve ser analisado nestas etapas segundo os
seguintes aspectos ambientais: resíduos, contaminação de solos, água e ar, consumo de
energia, barulho e habitat natural.



1.3│MÃO-DE-OBRA

A bolha referente à mão-de-obra diz respeito ao valor atribuído a uma construção bem
executada, tendo, portanto, maior durabilidade. Segundo Thomas, um edifício que dura
muitos e muitos anos pode ser considerado sustentável, pois se está poupando a realização
de construções novas ou reformas muito grandes e, consequentemente, um grande gasto
de energia e desperdício de materiais. Nesse espeque, seria válido, por exemplo, considerar
que uma casa antiga é sustentável.

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No entanto, há de se ressaltar que as técnicas e materiais antigos utilizados nesse tipo de
construção não levavam em consideração as preocupações com o meio ambiente, como
ocorre nos dias de hoje e, portanto, a durabilidade do edifício não pode ser considerada
como um único parâmetro de avaliação da sustentabilidade da construção, como
equivocadamente sustenta Thomas.

Além da durabilidade e das técnicas e materiais, a qualidade da mão-de-obra também é
fator relevante que interfere diretamente na sustentabilidade da obra. Quando se contrata
bons trabalhadores, que entendem a importância dos mínimos detalhes para a composição
da obra como um todo, estar-se-á contribuindo para a longevidade do edifício de maneira
direta.

Por outro lado,dispor de mão-de-obra qualificada, que valoriza tais ideais sustentáveis, é
uma tarefa difícil. A sustentabilidade social é um fator que pode ajudar a melhorar o
desempenho do trabalhador, tendo em vista que sua finalidade é possibilitar igual acesso a
todos a bens e serviços necessários para uma vida digna, fazendo, assim, com que o
trabalhador se sinta motivado e satisfeito. Promove-se, desta forma, uma melhora na
produtividade dos serviços.

Do triângulo da sustentabilidade, composto pela sustentabilidade econômica, ambiental e
social, o lado social é, de longe, o seu aspecto mais importante. É dele que emanam os
problemas ou soluções para os outros dois lados, o econômico e o ambiental.




                                 Figura 2. Triângulo da sustentabilidade.
                             Fonte: Ecosfera - Empreendimentos Sustentáveis



1.4│SAÚDE

A saúde é uma das menores bolhas do conjunto de Thomas, mas nem por isso sua
importância também deve ser reduzida. O sub-tema saúde está relacionado a aspectos que
variam desde a qualidade do ar interior até soluções em que se deve lidar com toxinas de
colas, materiais e tintas.

Saúde também está relacionada à segurança do lugar, assim, o mesmo deve estar
preparado para lidar com terremotos, incêndios e toxidade por compostos químicos. Além

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disso, os usuários devem sentir-se bem no ambiente, portanto ele deve ser um local que
propicie paz, tranqüilidade e sossego aos seus usuários. “A mente e o corpo estão
intimamente ligados; uma pessoa relaxada, confortável, e tranquila em uma casa
provavelmente será mais saudável como conseqüência.” (ROAF, 2006)

A qualidade do ar interior é fundamental tanto para a saúde como para a higiene dos
usuários do edifício, por isso devem ser tomadas providências para obter um ar interno de
qualidade, tais como: projetar utilizando técnicas que permitam uma construção mais
econômica, menos poluente e que impacte de forma menos agressiva o meio ambiente;
poupar a flora e a fauna circundante; procurar não causar contaminações, degradações ou
qualquer tipo de poluição, seja ela ambiental, visual, sonora, do ar, etc; garantir a segurança
interna e externa do edifício, bem como de seus usuários.



1.5│DESIGN

Por fim, mas não menos importante, a quinta e última bolha: Design. Obviamente, ao se
construir uma edificação verde, procura-se levar em consideração fatores como insolação,
tipos de energia, isolamentos térmicos, etc; itens como esses não podem ser ignorados,
mas o design é também um fator importante a ser acrescentado nessa lista.

O design de uma edificação pode variar de acordo com as seguintes situações: clima,
ambiente social, local e orientação solar. Segundo ROAF, “As edificações são nossa terceira
pele.” (ROAF, 2006) A primeira pele é a própria pele, a segunda são as roupas e a terceira
são as edificações. Ou seja, assim como trocamos de roupa de acordo com a temperatura,
o edifício também pode se adaptar de acordo com as condições externas.

Uma edificação com um bom design, além de fazer seus usuários sentirem-se confortáveis
dentro dela, também faz com que sua construção se harmonize com o bairro e com o meio
ambiente.

O design das construções verdes costuma ter um tamanho reduzido e simplificado
(dificilmente se verá mansões que são sustentáveis), por outro lado elas são extremamente
estilosas, inteligentes e de fácil manutenção.

Nos últimos tempos, tem crescido cada vez mais a quantidade de pessoas que optam por
realizar uma construção verde, mesmo sabendo que, a princípio, podem ter que investir
mais nela (a economia em utilizar esses sistemas só será percebida em alguns anos) do
que investiriam em uma construção convencional. O motivo disso é o aumento no número
de cidadãos conscientes, que querem colaborar para a saúde do planeta, além da
satisfação que existe de habitar um espaço de baixo impacto ambiental.


                                                                                               10
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1.6│APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE STEVE THOMAS

Tais conceitos definidos por S. Thomas podem ser encontrados, por exemplo, no 5.4.7 Arts
Center, localizado no Kansas, em Greensburg, região atingida por um tornado de
intensidade F5, em maio de 2007. Apesar de trágico, o acidente passou a representar uma
oportunidade para a cidade de se reconstruir como uma “cidade verde”. Assim, Greensburg
é a primeira cidade dos Estados Unidos a aprovar uma resolução para certificar que todos
os edifícios da cidade recebam o reconhecimento do LEED Platina, o nível mais alto de
classificação do sistema LEED. Sob tais circunstâncias, o 5.4.7 Arts Center foi construído
pelo Studio 804 (uma organização estudantil, sem fins lucrativos, formada por estudantes de
arquitetura da Universidade do Kansas) com o auxílio de Steve Thomas.




                                  Figura 3. 5.4.7 Arts Center
                                    Fontes: Joah Bussert



Alguns dos princípios aplicados na construção do edifício acima: o uso de turbinas eólicas,
placas solares, bomba de aquecimento geotérmica. Além disso, o edifício possui sistema de
captação de águas pluviais, jardim que requer pouca manutenção, piso de concreto,
sombreamento das janelas, módulos de telhado verde, ventilação cruzada, aproveitamento
de iluminação natural, isolamento feito em papel de jornal para poupar energia, parede
rainscreen, vidros de pouca manutenção e utilização de tapumes de madeira reciclada.



1.7│ÁGUA

Um item de enorme importância que não está presente dentre as Cinco Bolhas dos Edifícios
Verdes de Steve Thomas é a água. Um fator de tamanha importância como este não pode
simplesmente ser deixado de lado. O crescimento das populações mundiais, as mudanças
climáticas, a poluição e a interferência crescente do homem nos fluxos de água naturais são
fatores que conspiram para que a água se torne um dos produtos primários mais valorizados


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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


do século XXI (ROAF, 2006). “Num futuro muito próximo, a água representará para o setor
privado e a economia global o que o petróleo representa hoje.” (ALMEIDA, 2007)

Segundo o diretor de novos negócios da Tecnisa, Ricardo Leite, o consumo doméstico de
água é pequeno, quando comparado ao da agricultura e da indústria, que juntas utilizam
90% da água disponível. De toda a captação de água para uso industrial ou doméstico, de
5% a 20% não é sustentável a longo prazo, já que a quantidade destinada a tais usos que é
retirada dos lençóis freáticos e bacias hidrográficas é muito superior à da reposição natural
(ALMEIDA, 2007). O gráfico abaixo representa a composição dos usos domésticos da água.




                            Gráfico 2. Composição dos usos domésticos da água
                  Fonte: Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável (ROAF, 2006)



Segundo especialistas no assunto, a raiz da cultura do desperdício está na própria conta de
água, na qual se pode perceber que os valores cobrados são referentes a abastecimento e
coleta de esgoto, ou seja, nada se cobra pela água. Se os usuários sentissem no bolso a
dor do desperdício, a água certamente estaria sendo poupada. “A tecnologia e o
conhecimento de que dispomos hoje podem reduzir consideravelmente o impacto humano
nos ecossistemas, mas sua utilização em todo o seu potencial permanecerá reduzida
enquanto os serviços oferecidos pelos ecossistemas continuarem a ser percebidos como
‘gratuitos’ e ilimitados, e não receberem o seu devido valor.” (ALMEIDA, 2007)

De acordo com pesquisadores, por “desperdício” entende-se mais do que simplesmente
esquecer uma torneira pingando, significa deixar a água potável escoar pelo ralo sem utilizá-
la. Por isso se faz necessário incluir no conceito das pessoas o valor e a importância da
água, bem como fornecer a elas meios de economizá-la através de intervenções projetuais
que tornem seu consumo eficiente por meio de tecnologias que aproveitem o recurso da
melhor forma possível.




                                                                                                  12
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2.0│CUSTOS x EFICIÊNCIA

Uma dúvida que muitas pessoas possuem sobre se deveriam ou não pôr em prática ações
sustentáveis em suas construções é devido ao custo que isso pode acarretar à obra. Muitos
deixam de fazê-lo, pois o gasto inicial previsto é, de fato, maior do que o de uma construção
convencional. Essa decisão bastante comum, no entanto, é errônea, pois antes de se
decidir, deve-se levar em consideração todo o ciclo de vida da obra, não apenas o custo
estimado durante sua construção. Será ao longo da utilização cotidiana do imóvel que virá a
grande fatia de custos, que poderá chegar a grossos 80% do total, enquanto que os custos
com a construção representarão cerca de 14% (NADER, 2008). Em outras palavras, ao
desconsiderar sistemas racionais de energia e de aproveitamento de água logo na fase de
projeto, a economia conseguida (irrelevante se inserida no custo total da obra) custará muito
caro ao usuário durante a futura operação do imóvel. Este gasto seria desnecessário se o
usuário tivesse adotado equipamentos sustentáveis já no momento da construção, pois seu
investimento seria recuperado logo nos primeiros 18 meses de uso do imóvel.

Um dos responsáveis pelo dito “encarecimento da obra” sustentável é o próprio governo,
que ao invés de incentivar esse tipo de construção e, assim, reduzir os impostos dos
materiais certificados ou reciclados, exige uma série de tributos e burocracias que acabam
encarecendo a utilização desse tipo de material. A boa notícia é que essa mentalidade vem
mudando e devido à grande expansão da oferta e também por políticas públicas de
subsídios, já começa a se alinhar com o desejo dos ambientalistas.

“Resumindo, a sustentabilidade na construção não só é viável, como também necessária e
útil. Não é um resgate do passado nem uma ilusão do futuro” (NADER, 2008). “Muito em
breve, será possível construir casas sustentáveis pelo mesmo custo dos imóveis comuns e
isso, com toda a certeza, será a contribuição definitiva para que a construção de casas
sustentáveis passe a ser a regra e, não mais, a exceção” (NUNES, 2009).

Abaixo está uma tabela que relaciona o impacto ambiental positivo sobre o meio ambiente
de alguns elementos que colaboram para a sustentabilidade versus o custo de implantação
dos mesmos.




                                                                                          13
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                       Tabela 4. Impacto ambiental positivo X Custos de implantação
                               Fonte: Ecohabitar - Arquitetura e Construção



3.0│ELEMENTOS QUE CONTRIBUEM PARA A SUSTENTABILIDADE NA OBRA

Depois de decidir como será aplicada a sustentabilidade no projeto levando-se em
consideração os aspectos elaborados por Steve Thomas, passamos para a próxima etapa:
racionalização da obra.

Não basta ter simplesmente os ideais do projeto sustentáveis; precisa-se levar também em
consideração a execução do mesmo, visando sempre a racionalização dos recursos e o
planejamento dos processos, a fim de que não ocorram imprevistos e materiais não sejam
desperdiçados. Caso contrário, a obra será “falsamente sustentável”.

A racionalização não se restringe apenas a alterações de determinados processos
construtivos, mas exige que haja uma mudança de postura nas fases de projeto. Isso
envolve consequentemente, solucionar todos os problemas e detalhes envolvidos no
processo construtivo no momento da concepção (evitando posteriores improvisações no
canteiro de obras), além de promover maior integração entre os diferentes tipos de projetos
(elétrica, hidráulica, estrutural, etc).




                                                                                                      14
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A otimização dos recursos e do tempo de execução da obra permitem um aumento da
produtividade e a diminuição de custos e prazos e isso é o que muitas empresas têm
buscado nos últimos tempos.

Uma obra racional é conseguida quando nos utilizamos de três elementos (planejamento do
canteiro de obras, utilização de softwares BIM e prototipagem rápida) que serão explicados
a seguir.



3.1│PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS

“O projeto do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção,
responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e
temporárias, e das vias de circulação, necessárias ao desenvolvimento das operações de
apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo
com o projeto de produção do empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde
e motivação aos trabalhadores e, execução racionalizada dos serviços” (FERREIRA e
FRANCO, 1998).

Segundo LIMMER (1997), o canteiro de obras pode ser comparado a uma “fábrica móvel”,
onde os insumos (mão-de-obra, material e equipamentos) é que se deslocam em torno do
produto. Essa metáfora justifica a razão do arranjo do canteiro de obras ser uma das partes
mais importantes do planejamento da obra. Ao se planejar o canteiro, tem-se como meta
conseguir a melhor disposição, dentro do espaço disponível, para todos os insumos, visando
sua integração, minimização de distâncias e boa disposição das áreas de estocagem e
locais de trabalho, mas ao mesmo tempo mantendo a flexibilidade e a produtividade.

Para um canteiro de obras ser sustentável é necessário que as dimensões econômica,
ambiental, social, educacional e cultural da sustentabilidade estejam incorporadas em cada
etapa de execução da obra. O seu exercício vai além do planejamento e programação das
atividades, mas também devem estar presentes nos seus espaços físicos, na maneira como
as diversas tarefas são realizadas, no convívio dos colaboradores e na relação da obra com
as suas áreas vizinhas (GEHLEN, 2008).

O canteiro de obras é o momento chave para disseminação dos princípios da
sustentabilidade por toda a cadeia, segundo GEHLEN (2008), já que ele constitui o ponto
crítico onde serão sintetizadas a concepção e o projeto, sendo o momento onde os maiores
impactos serão gerados e onde todos os envolvidos com a construção irão interagir.

Ao se prezar pela sustentabilidade do canteiro, deve-se aproveitar a iluminação natural,
garantir a renovação do ar e a temperatura das instalações, que apesar de provisórias


                                                                                         15
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também necessitam de conforto. Para isso, deve-se fazer uso de tecnologias que reduzam o
consumo energético através da utilização de equipamentos mais eficientes e melhores nas
instalações.



3.2│UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES BIM

O BIM (Building Information Modeling) faz parte de uma nova geração de softwares para o
desenvolvimento de projetos que permite ao projetista construir virtualmente um modelo da
edificação. Diferente do sistema CAD (Computer Aided Drawing/Drafting) geométrico, onde
os desenhos não passam de linhas que quando fragmentadas não possuem semântica, o
sistema BIM possibilita a geração de um modelo digital do edifício com informações
(provindas de um banco de dados) atreladas aos seus componentes, ao invés de uma série
de desenhos isolados.




                    Figura 4. Comparação BIM/CAD com relação à produtividade.
                           Fonte: revista Téchne - Construção Integrada.




                                                                                                   16
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                                   Figura 5. Comparativo BIM/CAD com relação ao esforço x efeito.
                                   Fonte: Alexander Rodrigues Justi




A introdução dos softwares BIM no mercado possibilitou que fosse dada maior importância à
fase de concepção dos projetos do que em sua representação gráfica, já que os novos
programas possuem o apoio de dados dinâmicos, resultando em representações
simultâneas e de maior precisão e qualidade. Uma das grandes vantagens em se utilizar os
programas BIM é o aumento da produtividade, que reflete conseqüentemente na redução
das horas de trabalho, além de permitir que se anteveja o resultado espacial das escolhas
de projeto, eliminando possíveis interferências entre elementos construtivos antes do inicio
da construção, permitindo assim a racionalização da obra.

Porém, como todo novo instrumento de trabalho, é necessário um pouco de tempo para a
aprendizagem e adaptação do programa (a mudança do CAD para o BIM é como da
prancheta para o computador), além de haver poucos profissionais treinados.

Segundo KELLY, “a tecnologia amplia as nossas possibilidades de escolha em geral, uma
tecnologia apresenta aos seres humanos outra maneira de pensar sobre algo. Cada
invenção permite outra forma de ver a vida. Cada ferramenta, material ou mídia adicional
que inventamos oferece à humanidade uma nova maneira de expressar nossos sentimentos
e outra forma de testar a verdade. O trabalho da coletividade é substituir tecnologias que
limitam nosso poder de escolhas por aquelas que o ampliam” (KELLY, 2007)

Apesar da difícil transição de um programa para o outro, o mercado está exigindo que essa
migração ocorra, pois nesses últimos tempos, a indústria da construção aumentou a
demanda por processos racionais e de melhor desempenho, visando à economia de
recursos e a redução do impacto ambiental. Diante a esses novos paradigmas, o BIM faz-se
necessário para manter ou inserir projetistas no mercado.



3.3│PROTOTIPAGEM RÁPIDA

A prototipagem rápida é uma tecnologia utilizada para fabricar modelos físicos a partir de
fontes de dados de um arquivo em CAD. A criação de tais protótipos auxilia visualmente


                                                                                                    17
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discussões prévias de um projeto com colaboradores ou clientes, além de permitir ensaios
em túnel de vento, verificação da volumetria, função, orientação solar, localização no
terreno, detalhes construtivos, mobiliário, etc.




a)                              b)                               c)                          d)

           Figura 6. a) Arquivo digital/ b) Protótipo/ c) Peças iguais feitas com prototipagem rápida/ d) Modelo
                       impresso em impressora 3D. Fonte: Arquivo digital (SASS, 2004)
Os métodos de produção dos protótipos podem ser classificados segundo sua finalidade, o
número de eixos com que trabalham ou de acordo com a maneira como produzem os
modelos.

No que se refere à sua finalidade, eles podem ser destinados à produção de protótipos, ou
seja, de modelos de avaliação, ou à produção de produtos finais, como elementos
construtivos para serem empregados diretamente na obra.

A prototipagem rápida oferece diversas vantagens, tais como: alta precisão, produção
ilimitada de peças iguais em formato e tamanho, produção de curvas planas, diminuição do
trabalho de acabamento, reduzido tempo de produção, possibilidade de detectar eventuais
erros para que sejam solucionados antecipadamente. No entanto, essa tecnologia funciona
apenas com volumes de protótipo limitados, além da dificuldade de executar peças de
metal.

Atualmente a prototipagem rápida é mais utilizada nas áreas de design e engenharia
mecânica, sendo usada em arquitetura basicamente para a produção de modelos de
edifícios em escala e peças construtivas. Os poucos escritórios de arquitetura que adotaram
recentemente o uso dessas técnicas, como Foster & Partners (Inglaterra), Gehry Associates
(Estados Unidos), Zaha Hadid (Inglaterra) e Morphosis (Estados Unidos) vêm obtendo
resultados impressionantes em termos de qualidade e produtividade. Se não fizessem uso
desse benefício, talvez suas obras tivessem maior dificuldade de concepção e execução ou
mesmo nem chegassem a ser possíveis.

                                                Figura 7. Maquetes produzidas com prototipagem rápida de
                                                Foster & Partners (Londres)
                                                Fonte: Kirsten Kiser




                                                                                                                   18
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Já em escritórios brasileiros raramente está presente e quando está surge somente na
apresentação final do projeto. No Brasil, a aplicação da técnica em arquitetura ainda é muito
restrita, e isso se deve a dois fatores: um econômico e outro de ordem social. O econômico
está relacionado aos altos custos dos equipamentos e insumos, que são em sua maioria
importados dos Estados Unidos, da Europa e da China. Existe também uma grande
limitação social ao emprego das técnicas de fabricação digital na área de arquitetura e
construção no Brasil, pois ainda não existe disponibilidade de mão de obra especializada
nessa área. Além disso, o ensino superior de arquitetura e de engenharia civil ainda não
prevê o uso desses novos métodos na produção de maquetes, protótipos e componentes
construtivos.



4.0│ESTUDO DE CASO: CENTRO DE CULTURA MAX FEFFER (CCMF)

Localizado na cidade de Pardinho, interior de São Paulo, encontra-se o Centro de Cultura
Max Feffer, um espaço cultural cuja finalidade é incentivar o desenvolvimento da
comunidade local e da região como um todo. Foi idealizado pelo Instituto Jatobás, uma
organização não governamental que busca, por meio da sustentabilidade, prover uma
melhor qualidade de vida às pessoas, durante sucessivas gerações.

"O projeto do Centro de Cultura Max Feffer (...) tem por objetivo contribuir para descoberta
de alternativas que promovam o conhecimento, o lazer, a inovação, a inclusão social e a
qualidade de vida para a sobrevivência das gerações atuais e futuras" (SANTANA, 2009).

Projeto da arquiteta Leiko Motomura, o centro cultural foi executado com técnicas
ecológicas, sustentáveis e inovadoras em um local previamente ocupado por uma praça,
cedida pela prefeitura para a realização da obra.




            Figuras 8, 9 e 10. Centro de Cultura Max Feffer, a cobertura de bambu em destaque.
                  Fonte: site Arcoweb - Amima Arquitetura - Centro de Cultura Max Feffer




                                                                                                   19
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Erguido sobre um terreno de 6.250 m², o Centro dispõe de uma estrutura para incentivar o
desenvolvimento da comunidade local, contando com biblioteca, laboratório de inclusão
digital, auditório, museu do bambu, além de diversas salas de exposição e reunião.

Ao olharmos para a obra, o primeiro elemento que atrai nossos olhos é, sem dúvida, sua
cobertura ondulada, em perfeita sintonia com o meio ambiente. Executada inteiramente em
bambu, a cobertura de 800 m² é sustentada por pilares duplos a cada nove metros, auxiliado
por vigas de eucalipto.

A arquiteta se preocupou com a sustentabilidade do projeto bem antes do início das obras,
ainda durante a fase de planejamento. Assim, houve um prévio estudo sobre qual o tipo
mais adequado de terreno a se construir, qual o melhor posicionamento e dimensionamento
do projeto na implantação, reflexões sobre impermeabilização do solo e reaproveitamento
de água, etc.




Figura 11. O vazio sobre a sala de leitura separa a área Figura 12: A sala de leitura é separada do ambiente
da loja do espaço reservado ao Museu do Bambu. Os        externo por gradis que reaproveitam sobras de
guarda-corpos reutilizam barras de alumínio de ônibus.   chapas de estamparias. As bases dos bancos
                                                         reciclam antigas colunas de lavatórios e os tijolos de
                                                         demolição.
                   Fonte: site Arcoweb - Amima Arquitetura - Centro de Cultura Max Feffer.


O Centro de Cultura Max Feffer apresenta uma lista completa de itens sustentáveis
presentes em sua construção, segundo informado no site da própria arquiteta
(http://www.amima-arquitetura.com/centro_cultura.html). Abaixo estão listados os itens
sustentáveis e em seguida a classificação de acordo com os princípios de Steve Thomas:




                                                                                                             20
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            (*) ÁGUA não faz parte das 5 Bolhas dos Edifícios de Steve Thomas


Graças à presença da sustentabilidade na eficiência energética, ventilação natural, redução
do consumo de água tratada e implantação de um programa de gestão de resíduos no
canteiro de obras, a edifícação de Leiko foi a primeira da América Latina a receber a
certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) GOLD na categoria de
espaços culturais, concedido pela instituição americana Green Building Council. O
certificado atesta "(...) que o espaço foi construído dentro de regulamentações que
preservam e contribuem para o equilíbrio do meio-ambiente" (SANTANA, 2009).




                                                                                         21
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Segundo afirma a arquiteta, projetar uma obra como o Centro de Cultura de Max Feffer
requer mais tempo do que uma obra tradicional, pois incluir a sustentabilidade no projeto
implica o envolvimento de mais fatores, que requerem pesquisa aprofundada a seu respeito,
além de necessitar de uma equipe de projeto maior.

Além de demorar mais a serem projetadas, obras sustentáveis também tendem a ser mais
dispendiosas. Porém, a questão de custos é relativa, pois os investimentos realizados
durante a construção sustentável retornam em um curto prazo e as economias
proporcionadas pelos sistemas instalados perduram por toda a vida da edificação.

Quanto aos elementos que contribuem para a sustentabilidade na obra, Motomura afirma
que a sustentabilidade deve estar presente "desde o primeiro traço", logo foi feito um
planejamento e estudo sobre a obra antes de sua execução, a fim de reduzir ao mínimo os
impactos ambientais. Não foram usadas, porém, tecnologias como a dos softwares BIM ou
de prototipagem rápida para auxílio nos estudos.

Retomando, agora, as 5 Bolhas dos Edifícios Verdes de Steve Thomas, percebe-se que
quase todos os itens sustentáveis presentes no projeto se encaixam em alguma das
categorias (Energia, Materiais, Mão-de-obra, Sáude, Design). Porém, elas não são
suficientes. Ao estudar o caso mais a fundo, nota-se que a ÁGUA (sua preservação, reuso,
bem como métodos e técnicas para se conseguir isso) não faz parte dos princípios de
Thomas, e ao se analisar o projeto do Centro de Cultura de Max Feffer, verifica-se que os
itens sustentáveis relacionados a ela não são poucos, pelo contrário, totalizam quase um
terço das intervenções realizadas.

Portanto, obviamente os princípios de Thomas são importantes, e fazem muita diferença
quando aplicados em uma obra inicialmente tradicional. Todavia, após estudos, constata-se
que eles não são suficientes para tornar uma obra verdadeiramente sustentável; ela ainda
necessita da utilização de outros princípios para alcançar o sucesso esperado, ainda mais
quando se almeja um certificado do porte do LEED.




                                                                                            22
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5.0│CONCLUSÃO

Como se pode perceber há diversas maneiras de se racionalizar tanto o projeto e a maneira
como ele é concebido, como a execução da obra no canteiro. Aplicando-se ao menos um
dos exemplos citados acima, já se consegue detectar melhorias visíveis na construção:
poupar-se-á tempo e custos (a longo prazo), bem como o desperdício de recursos que
refletem diretamente no meio ambiente e também no bolso do empreendedor.

Apesar de, na teoria, a racionalização da construção ser um excelente partido a se adotar,
na prática, todos sabemos que se trata de um processo complexo, pois não é fácil encontrar
soluções eficazes e, simultaneamente, eficientes para problemas que envolvam um grande
número de variáveis intervenientes dentro e fora do canteiro. Mas no fim, o mais importante
é não deixar de buscá-las e ter sempre em mente que os princípios de redução de
desperdícios começam antes de entrar no canteiro de obras. A concepção do projeto deve
objetivar o aumento da vida útil do edifício, além de especificar até o menor dos detalhes
para minimizar o desperdício de insumos durante a construção, contribuindo, assim, para
uma construção civil mais racional e, consequentemente, sustentável. É importante salientar
que a arquitetura sustentável não é utópica em suas exigências, e pode ser executada por
quem a ambicione.

Por fim, existem hoje em dia milhares de princípios que fornecem diretrizes para uma
construção sustentável, entretanto nenhum deles é capaz de nos informar na íntegra como
executar uma arquitetura verde, já que ela é muito complexa e envolve diversas variáveis.
Assim, cabe ao profissional analisar para cada projeto, terreno, clientes, interesses e
objetivos, quais elementos da sustentabilidade terão viabilidade de serem aplicados na obra.
Não se deve olvidar que não existe uma obra que seja 100% sustentável, pois as variáveis
que implicam uma construção são milhares, e combinar todas elas (sem que uma interfira
na outra) de forma ecológica é uma tarefa muito difícil. Por isso, é importante ter consciência
de que ao intervir em uma construção que pretende prestigiar a sustentabilidade, ainda que
limitada a alguns aspectos, produz-se impactos positivos e imediatos ao meio ambiente.
Logo, mais do que um modismo, a busca por novas soluções sustentáveis é uma tendência
da arquitetura.




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│REFERÊNCIAS

LIVROS:

[1] ALMEIDA, F. Os desafios da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, 6ª
reimpressão.

[2] COMMONER, B. Energias alternativas. Rio de janeiro: Record, 1986.

[3] LIMMER, C.V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de
Janeiro: LTC editora, 1997.

[4] PINOTTI, R. Educação ambiental para o século XXI: no Brasil e no mundo. São
Paulo: Blucher, 1ª edição, 2010.

[5] ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável/ Susan Roaf, Manuel
Fuentes, Stephanie Thomas; tradução Alexandre Salvaterra. – 2ª Ed. – Porto Alegre:
Bookman, 2006.

REVISTAS, ARTIGOS E PERIÓDICOS DIGITAIS:

[1] AZUMA, M. e FALKEMBACH, F. A sustentabilidade ambiental aplicada a um projeto
para uma indústria de reciclagem. Em Akrópolis - Revista de Ciências Humanas da
UNIPAR. Disponível em: < http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/375/341 >
Acesso em: 01 set. 2010

[2] KELLY, K. Revista Veja, Edição Especial: Tecnologias, Editora Abril, agosto de 2007.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/especiais/tecnologia_2007/p_046.html. Acesso em: 06
nov. 2010

[3] TRIGUEIRO, A. O barato que sai caro. Em Mundo Sustentável. Disponível em: <
http://www.mundosustentavel.com.br/artigo.asp?cd=38 > Acesso em: 01 set. 2010

TESES E DISSERTAÇÕES:

[1] FERREIRA, E. e FRANCO L. Metodologia para elaboração do projeto do canteiro de
obras. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de
Construção Civil, São Paulo, 1998.

[2] GEHLEN, J. Aplicando a sustentabilidade e a produção limpa aos canteiros de
obras. Em 2nd International Workshop Advances in Cleaner Production – Key Elements for
a Sustainable World: energy, water and climate change. São Paulo, 2009.

[3] GEHLEN, J. Construção da sustentabilidade em canteiros de obras – um estudo no
DF. Dissertação apresentada à Universidade de Brasília para a obtenção do título de Mestre
em Arquitetura e Urbanismo, Brasília, 2008.


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[4] KATO, C.A. Arquitetura e sustentabilidade: projetar com ciência da energia.
Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo – Pós Graduação da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007.

SITES:

[1] http://www.amima-arquitetura.com/index.html > Acesso em: 18 fev. 2011

[2] http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009.html
> Acesso em: 18 fev. 2011

[3] http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/127/artigo64516-1.asp > Acesso em: 10
jan. 2011

[4]   http://planetgreen.discovery.com/tv/renovation-nation/bubbles-green-building.html     >
Acesso em: 10 out. 2009

[5] NADER, M. M. Sustentabilidade na construção: nem Flinstones nem Jetsons.
Disponível em: < http://ecohabitararquitetura.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-
nem-flinstones-nem-jetsons/ > Acesso em: 03 out. 2010

[6]   NUNES,     R.    Casas    sustentáveis:     Lucro      certo.   Disponível     em:    <
http://www.ecologiaurbana.com.br/residencia-sustentavel/casas-sustentaveis-lucro-certo/     >
Acesso em: 03 out. 2010

ENTREVISTAS:

[1] Ana Paula Dominguez da Costa - Departamento de Meio Ambiente, construtora Bueno
Netto (junho/2010)

[2] Leiko Hama Motomura, arquiteta fundadora da Amima Arquitetura (fevereiro/2011)




Contato: amandazap10@yahoo.com.br e nieri@globo.com




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  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie ECOARQUITETURA: SOLUÇÕES INTELIGENTES PARA PROJETOS SUSTENTÁVEIS Amanda Zago Polesi (IC) e Nieri Soares de Araujo (Orientador) Apoio: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa Resumo O presente estudo tem como propósito discutir sobre métodos projetuais para realizar uma obra ecologicamente correta, comentando simultaneamente a importância da arquitetura sustentável, cada vez mais procurada nos dias de hoje como solução para amenizar os impactos ambientais. A pesquisa foi feita com base nas chamadas "Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes", desenvolvidas pelo apresentador ganhador do Emmy, Steve Thomas. O objetivo é explicar cada uma das categorias, além de comentar sobre outras técnicas que contribuem para a sustentabilidade em uma construção, verificando, por fim, sua suficiência e eficiência quando aplicadas em uma obra. A pesquisa busca também mostrar que há maneiras de se construir com menor impacto ambiental e maiores ganhos sociais, sem, contudo, ser economicamente inviável. Por fim, para aplicar o estudo em situações reais, foi escolhido um projeto para análise, no qual se verificou a utilização dos itens estudados e fez-se uma constatação dos resultados. Palavras-chave: arquitetura sustentável, método projetual, soluções alternativas Abstract The present study aims to discuss about projetual methods to realize an environmentally friend work, commenting, at the same time, about sustainable architecture's importance, which has been increasingly used these days as a solution to reduce environmental impacts. The research was based on the "Five Bubbles of Green Building", developed by the Emmy winning award presenter Steve Thomas. The main goal is to explain each category, besides commenting about other techniques that contribute to sustainability on the construction site, checking, finally, its sufficiency and efficiency when applied to a construction. The study also aims to show there are ways to build with less environmental impact and more social benefits, without being, however, economically unfeasible. Finally, to apply the study in a real situation, a project was chose for analysis, on which was verifyed the utilization of the studied topics and a statement of results was made. Key-words: sustainable architecture, projetual methods, alternative solutions 1
  • 2. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 │INTRODUÇÃO A biosfera é fundamental para a sobrevivência dos seres vivos, especialmente do homem que, ironicamente, é aquele que mais a deprecia. Isso nem sempre ocorreu desta forma, pois nos primórdios da humanidade o impacto ambiental causado pela população humana era pequeno, já que ela era reduzida e tecnologicamente pouco desenvolvida, além de saber aproveitar os recursos naturais e respeitar seus limites. O quadro crítico se inicia nos dois últimos séculos, quando se pensava que o crescimento econômico desenfreado fosse vital ao progresso. Isso fez com que o mundo depositasse suas esperanças de crescimento e desenvolvimento no volume da produção material, sem levar em consideração a qualidade de vida e a distribuição social de tal produção. Hoje há a consciência que a Terra possui uma capacidade limitada e que em determinado momento ela não terá mais recursos para sustentar a humanidade. Isso, inclusive, já pode ser notado em inúmeras regiões do planeta, e tem como seus grandes precursores o irrefreável aumento demográfico, a demasiada poluição ambiental e o inconseqüente uso dos recursos naturais. Com o propósito de impedir que esse quadro continue se agravando sucessivamente, foi proposta uma idéia que consistia em “suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações de suprirem as de seu tempo” (AZUMA, M. e FALKEMBACH, F., 2003), e a isso se denominou “desenvolvimento sustentável”. O desenvolvimento sustentável incorpora ao planejamento urbano os fatores econômicos, sociais e ambientais, levando em consideração as conseqüências das ações tanto em longos como em curtos prazos. Considerando-se que a construção civil é uma das maiores consumidoras de recursos, energia e materiais, a grande e primeira mudança efetiva que deve ocorrer para reverter o quadro de escassez de recursos naturais que encontramos hoje, está dentro dos elementos que envolvem o setor construtivo. Assim, entra em ação a arquitetura sustentável, que visa a criação de edifícios amigos do meio ambiente, por meio de técnicas e materiais que variam do rudimentar à tecnologia de ponta, buscando sempre o objetivo de promover equilíbrio entre o ser humano e seu habitat. Foi apenas na segunda metade do século XX que se começou a executar esse tipo de construção, após Clube de Roma (1968), Estocolmo (1972), Brundtland (1987), Eco 92 (1992) e Agenda 21 (1992). As construções realizadas antes de tais reflexões ecológicas não eram planejadas com o intuito de não agredir o meio ambiente, assim, não eram racionais, havia desperdício de materiais, geração de toneladas de entulho, gastos incalculáveis de energia e água, etc. Segundo pesquisa do Departamento de Engenharia de 2
  • 3. Universidade Presbiteriana Mackenzie Construção da Escola Politécnica da USP, “a construção desperdiça em média 56% do cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de PVC e eletrodutos” (TRIGUEIRO, 2003), além dos impactos causados durante o processo construtivo. Sabe-se que “os edifícios são responsáveis pelo consumo de 40% da energia total e por gerar 40% de todo o lixo produzido pelo homem” (GEHLEN, 2008). Levando-se em conta a proporção dos seus impactos, a indústria da construção pode e deve colaborar com a busca de um desenvolvimento sustentável. É época de deixar de considerar somente o tripé tempo, custo e qualidade, e passar a incorporar também os aspectos ambientais. A discussão cada vez maior em relação aos problemas ambientais e à possibilidade de escassez dos recursos naturais está aumentando a pressão exercida sobre empresas e construtoras pelas entidades ambientais e por pesquisadores de fenômenos que podem ocasionar uma catástrofe ecológica de grandes proporções. Com isso, praticar a sustentabilidade, para essas empresas e construtoras, passou a ser um diferencial mercadológico sobre o qual elas aproveitam para aumentar sua lucratividade e potencializar a venda de seus produtos para um público consumidor mais preocupado e atento a essa nova realidade que se estabelece. Porém, grande cuidado deve ser tomado pelo público consumidor de tais produtos ou idéias, pois devido a essa “corrida maluca pelo verde” está cada vez mais difícil diferenciar o que é um produto verdadeiramente sustentável daquele que simplesmente recebe uma “maquiagem verde”, também conhecido por “greenwash” (marketing utilizado para tentar encobrir um desempenho ambiental insatisfatório). Diante da realidade apresentada, pode-se dizer que nosso país está caminhando na direção certa. O Brasil passa por um momento em que a esperança é que predomina, tendo em vista que o país tem atraído olhares de investidores e estrangeiros interessados em seu mercado para tecnologias sustentáveis. Nas palavras da geógrafa Paola Figueiredo, “o Brasil ainda engatinha nesse setor”, contudo a nação tem se mostrado com mais condições que outras para liderar a transição para uma economia sustentável, servindo de exemplo para os outros e mostrando que o novo modelo é viável, além de vantajoso tanto em termos ambientais, como econômicos e sociais (IDÉIA SUSTENTÁVEL, 2009, Ed. 16). As maiores oportunidades no país estão ligadas à energia renovável, resíduos sólidos, água, eficiência energética e saneamento. 1.0│ECOPRINCÍPIOS Muitas pessoas imaginam que para fazer arquitetura sustentável devemos executar somente coberturas verdes, construções de bambu, madeira e materiais reciclados, etc. 3
  • 4. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Entretanto, fazer uma arquitetura sustentável vai muito além disso; requer prévio estudo da região, do terreno e seu entorno, análise de materiais viáveis e disponíveis, estudo da melhor estratégia energética, melhor implantação, etc., enfim, uma série de fatores que vão influir no melhor aproveitamento e na complexidade da obra. Para auxiliar na listagem desses itens, os escritórios criaram os chamados “ecoprincípios”. Neste estudo, foi escolhido um conjunto de ecoprincípios para análise, denominado “As Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes”. 1.1│ AS CINCO BOLHAS DOS EDIFÍCIOS VERDES As “Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes” são princípios que relacionam os aspectos influentes em uma construção verde, ou seja, delimitam o que deve ser levado em consideração em obras sustentáveis, de acordo com a opinião de seu criador, Steve Thomas (apresentador de televisão americano que trabalha com renovação de edifícios e propostas sustentáveis). As cinco bolhas de Thomas, esquematizadas na Figura 1, possuem tamanhos diferentes; as bolhas maiores (“Energia”, seguida de “Materiais” e “Mão-de-obra”) são consideradas mais relevantes em relação às menores (“Saúde” e “Design”). Figura 1. Steve Thomas's 5 bubbles of green building. Fonte: http://planetgreen.discovery.com/tv/renovation-nation/bubbles-green-building.html Considerando o contexto histórico, a situação crítica das construções nos dias de hoje e a sustentabilidade efervescendo nas veias da sociedade, tomaremos as “Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes” para estudo e análise, com o intuito de verificar sua eficiência (e suficiência) na aplicação em obras atuais, à partir das conclusões realizadas. 1.1│ENERGIA Ao observarmos o diagrama de Thomas, percebemos claramente que esta é a bolha mais proeminente dentre as outras, já que é a energia (independente da sua fonte) que fará com que com que todos os equipamentos, insumos, etc. funcionem em um edifício. Ela é classificada em “energy in” (energia recebida) e “energy out” (energia utilizada). 4
  • 5. Universidade Presbiteriana Mackenzie O mundo inteiro está passando por uma crise energética, pois as matérias extraídas da natureza para produzir energia estão se tornando escassas, além de sua extração danificar o meio ambiente. No mercado, quando um produto começa a se tornar escasso e raro seu preço sobe e a solução é utilizar outros produtos semelhantes cujo custo seja menor. No entanto, diferente dos produtos que podem ser substituídos, “a energia é absoluta e universalmente insubstituível. Ela é a única fonte de todo trabalho realizado no sistema de produção” (COMMONER, 1986). Sendo assim, nossa única saída é buscar outras formas de produzi-la, devendo utilizar sempre uma fonte renovável e equipamentos tecnológicos “maduros” de preço constante, pois isso permitirá que sempre tenhamos energia disponível a um preço estável. Para agravar o quadro, a necessidade energética do mundo está longe de ser saciada; estima-se que no intervalo de 1990 a 2020 o consumo energético crescerá em 60%, principalmente nos países em desenvolvimento (PINOTTI, 2010). Mais especificamente na arquitetura, a energia possui relação direta com o projeto e isso influi sobre as cidades, já que o edifício, comparado com outras atividades, é o que exige maior demanda energética da cidade, tendo em vista que ele é seu principal elemento constituidor. (KATO, 2007) Tendo em vista estas preocupações, devemos optar pela adoção de partidos que envolvam baixo consumo energético, tanto nos procedimentos do canteiro de obras, como no funcionamento da edificação depois de pronta. Ser eficientemente energético não significa, porém, somente utilizar equipamentos de baixo consumo, mas também levar em consideração aspectos como: uma boa implantação, adoção de partidos arquitetônicos que possam ser utilizados para produzir energia e/ou não requeiram tantos gastos com energia (como por exemplo ar condicionado), além da utilização de fontes energéticas alternativas. Enfim, poupar gastos energéticos é essencial no ramo da construção, já que, como foi dito anteriormente, este é o setor que mais consome energia no país (13,8% do PIB – IBGE 1992). As energias mais utilizadas nos dias de hoje são as provindas de combustíveis fósseis, como o carvão, petróleo e gás natural. Como pode ser visto no gráfico abaixo, os tipos de energias considerados renováveis e limpos são os menos utilizados, e é este quadro que precisa ser revertido. 5
  • 6. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Tabela 1 . Consumo de energia ao longo do processo produtivo Gráfico 1. Matriz energética brasileira do edifício Fonte: plano decenal de energia/Ministério Fonte: O consumo de energia nos edifícios (MASCARÓ, 1983) de Minas e energia/IMPSA Apesar de as hidrelétricas dominarem o cenário brasileiro e serem consideradas uma forma de energia renovável e não poluente, existe o problema das inundações que elas podem provocar, ocasionando o deslocamento de populações e a destruição do bioma em seu entorno. Dentre as variáveis energéticas presentes no gráfico, aquelas que precisamos colocar como líderes de mercado são a solar (placas solares ou sistemas fotovoltaicos) e a eólica. A energia eólica, apesar de ser a fonte energética mais limpa do mundo, é normalmente usada como complemento de outras formas de geração de energia, já que ela depende do vento, um fenômeno natural inconstante e instável. Já a energia solar, além de limpa, pode ser usada imediatamente ou armazenada para uso posterior. Seu uso tem crescido constantemente, pois acredita-se que ela será a maior fonte eficiente de energia no mundo a longo prazo (ROAF, 2006). Ao contrário do que se pensa, a energia solar funciona em regiões pouco ensolaradas, inclusive à noite e nos dias nublados (pois é um processo que independe do calor), e por fim, a energia solar consegue gerar as altas temperaturas necessárias à geração de energia elétrica. Embora gastos enormes tenham sido direcionados à infra-estrutura de suporte para energia convencional, do período de 1993 a 2003 a energia eólica aumentou em 10 vezes sua quantidade de usuários; já os adeptos à energia solar aumentaram em 7 vezes nesse mesmo período (PINOTTI, 2010). 6
  • 7. Universidade Presbiteriana Mackenzie 1.2│MATERIAIS É uma categoria bastante grande, e envolve desde questões de certificação da qualidade sobre os produtos que se quer utilizar, até sua produção e sua durabilidade. Os principais fatores relevantes para a escolha dos materiais que serão utilizados em uma construção sustentável (de acordo com ROAF, 2006) são: a energia necessária para produzi-los, o CO₂ resultante da sua fabricação, o impacto resultante de sua extração, toxidade, transporte e o grau de poluição resultante do fim da sua vida útil. A produção de qualquer material além de necessitar de energia, também gera resíduos, já que todos são processados. A diferença está em escolher aqueles que foram mais processados (requer maior gasto de energia e maior quantidade de resíduos) ou menos processados (requer menos gasto de energia e menor quantidade e resíduos). Obviamente, se a opção escolhida for a dos materiais menos processados estar-se-á contribuindo para a sustentabilidade na obra. Além dos citados acima, outro fator a ser considerado na escolha dos materiais deve ser a energia incorporada de cada um, que é a energia total envolvida na sua fabricação. “Energia incorporada é uma importante medida porque o uso de fontes de energia não renovável é a principal razão para a degradação ambiental.” (ROAF, 2006) Para calculá-la precisamente em um material, todos os estágios nos quais energia é utilizada devem ser considerados. Quando escolhemos um material cuja energia incorporada é alta estamos sendo ineficientes, pois “(...) para cada unidade de eletricidade fornecida a um consumidor, foi consumida uma quantidade maior de energia primária para sua obtenção” (ROAF, 2006). A energia incorporada dos materiais é também significativa de acordo com a quantidade em que o material é aplicado na obra. Abaixo está uma tabela onde podem ser observados os valores de energia incorporada de materiais na edificação: Tabela 2. Energia incorporada dos materiais de uma edificação. Fonte: Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável (ROAF, 2006) Os impactos ambientais causados pelos materiais podem ser divididos em: impacto ambiental devido à produção (uso de energia, exaustão dos recursos, aquecimento global, 7
  • 8. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 chuva ácida, toxinas) e impacto ambiental devido ao uso (potencial de reuso/reciclagem e descarte, danos à saúde). Tabela 3. Impacto ambiental dos principais materiais de construção. Fonte: Ecohabitar - Arquitetura e Construção Quando possível, deve-se optar por materiais locais ou aqueles que requerem o mínimo de processamento em preferência àqueles altamente processados e de localidades mais distantes. Produtos não-tóxicos devem substituir materiais quimicamente tratados e que contêm toxinas. A durabilidade dos materiais também é muito significativa, já que afeta a vida útil de uma edificação e o quanto uma casa de baixo consumo energético dura; todos os materiais de construção devem ser facilmente recicláveis. Por fim, um produto deve ser avaliado por todo o seu ciclo de vida, não se levando em consideração apenas uma fase de sua vida-útil, pois esta pode induzir a uma avaliação errônea do produto. É preciso analisar desde a sua fonte de matéria-prima, sua produção, distribuição, utilização e despejo. O produto deve ser analisado nestas etapas segundo os seguintes aspectos ambientais: resíduos, contaminação de solos, água e ar, consumo de energia, barulho e habitat natural. 1.3│MÃO-DE-OBRA A bolha referente à mão-de-obra diz respeito ao valor atribuído a uma construção bem executada, tendo, portanto, maior durabilidade. Segundo Thomas, um edifício que dura muitos e muitos anos pode ser considerado sustentável, pois se está poupando a realização de construções novas ou reformas muito grandes e, consequentemente, um grande gasto de energia e desperdício de materiais. Nesse espeque, seria válido, por exemplo, considerar que uma casa antiga é sustentável. 8
  • 9. Universidade Presbiteriana Mackenzie No entanto, há de se ressaltar que as técnicas e materiais antigos utilizados nesse tipo de construção não levavam em consideração as preocupações com o meio ambiente, como ocorre nos dias de hoje e, portanto, a durabilidade do edifício não pode ser considerada como um único parâmetro de avaliação da sustentabilidade da construção, como equivocadamente sustenta Thomas. Além da durabilidade e das técnicas e materiais, a qualidade da mão-de-obra também é fator relevante que interfere diretamente na sustentabilidade da obra. Quando se contrata bons trabalhadores, que entendem a importância dos mínimos detalhes para a composição da obra como um todo, estar-se-á contribuindo para a longevidade do edifício de maneira direta. Por outro lado,dispor de mão-de-obra qualificada, que valoriza tais ideais sustentáveis, é uma tarefa difícil. A sustentabilidade social é um fator que pode ajudar a melhorar o desempenho do trabalhador, tendo em vista que sua finalidade é possibilitar igual acesso a todos a bens e serviços necessários para uma vida digna, fazendo, assim, com que o trabalhador se sinta motivado e satisfeito. Promove-se, desta forma, uma melhora na produtividade dos serviços. Do triângulo da sustentabilidade, composto pela sustentabilidade econômica, ambiental e social, o lado social é, de longe, o seu aspecto mais importante. É dele que emanam os problemas ou soluções para os outros dois lados, o econômico e o ambiental. Figura 2. Triângulo da sustentabilidade. Fonte: Ecosfera - Empreendimentos Sustentáveis 1.4│SAÚDE A saúde é uma das menores bolhas do conjunto de Thomas, mas nem por isso sua importância também deve ser reduzida. O sub-tema saúde está relacionado a aspectos que variam desde a qualidade do ar interior até soluções em que se deve lidar com toxinas de colas, materiais e tintas. Saúde também está relacionada à segurança do lugar, assim, o mesmo deve estar preparado para lidar com terremotos, incêndios e toxidade por compostos químicos. Além 9
  • 10. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 disso, os usuários devem sentir-se bem no ambiente, portanto ele deve ser um local que propicie paz, tranqüilidade e sossego aos seus usuários. “A mente e o corpo estão intimamente ligados; uma pessoa relaxada, confortável, e tranquila em uma casa provavelmente será mais saudável como conseqüência.” (ROAF, 2006) A qualidade do ar interior é fundamental tanto para a saúde como para a higiene dos usuários do edifício, por isso devem ser tomadas providências para obter um ar interno de qualidade, tais como: projetar utilizando técnicas que permitam uma construção mais econômica, menos poluente e que impacte de forma menos agressiva o meio ambiente; poupar a flora e a fauna circundante; procurar não causar contaminações, degradações ou qualquer tipo de poluição, seja ela ambiental, visual, sonora, do ar, etc; garantir a segurança interna e externa do edifício, bem como de seus usuários. 1.5│DESIGN Por fim, mas não menos importante, a quinta e última bolha: Design. Obviamente, ao se construir uma edificação verde, procura-se levar em consideração fatores como insolação, tipos de energia, isolamentos térmicos, etc; itens como esses não podem ser ignorados, mas o design é também um fator importante a ser acrescentado nessa lista. O design de uma edificação pode variar de acordo com as seguintes situações: clima, ambiente social, local e orientação solar. Segundo ROAF, “As edificações são nossa terceira pele.” (ROAF, 2006) A primeira pele é a própria pele, a segunda são as roupas e a terceira são as edificações. Ou seja, assim como trocamos de roupa de acordo com a temperatura, o edifício também pode se adaptar de acordo com as condições externas. Uma edificação com um bom design, além de fazer seus usuários sentirem-se confortáveis dentro dela, também faz com que sua construção se harmonize com o bairro e com o meio ambiente. O design das construções verdes costuma ter um tamanho reduzido e simplificado (dificilmente se verá mansões que são sustentáveis), por outro lado elas são extremamente estilosas, inteligentes e de fácil manutenção. Nos últimos tempos, tem crescido cada vez mais a quantidade de pessoas que optam por realizar uma construção verde, mesmo sabendo que, a princípio, podem ter que investir mais nela (a economia em utilizar esses sistemas só será percebida em alguns anos) do que investiriam em uma construção convencional. O motivo disso é o aumento no número de cidadãos conscientes, que querem colaborar para a saúde do planeta, além da satisfação que existe de habitar um espaço de baixo impacto ambiental. 10
  • 11. Universidade Presbiteriana Mackenzie 1.6│APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE STEVE THOMAS Tais conceitos definidos por S. Thomas podem ser encontrados, por exemplo, no 5.4.7 Arts Center, localizado no Kansas, em Greensburg, região atingida por um tornado de intensidade F5, em maio de 2007. Apesar de trágico, o acidente passou a representar uma oportunidade para a cidade de se reconstruir como uma “cidade verde”. Assim, Greensburg é a primeira cidade dos Estados Unidos a aprovar uma resolução para certificar que todos os edifícios da cidade recebam o reconhecimento do LEED Platina, o nível mais alto de classificação do sistema LEED. Sob tais circunstâncias, o 5.4.7 Arts Center foi construído pelo Studio 804 (uma organização estudantil, sem fins lucrativos, formada por estudantes de arquitetura da Universidade do Kansas) com o auxílio de Steve Thomas. Figura 3. 5.4.7 Arts Center Fontes: Joah Bussert Alguns dos princípios aplicados na construção do edifício acima: o uso de turbinas eólicas, placas solares, bomba de aquecimento geotérmica. Além disso, o edifício possui sistema de captação de águas pluviais, jardim que requer pouca manutenção, piso de concreto, sombreamento das janelas, módulos de telhado verde, ventilação cruzada, aproveitamento de iluminação natural, isolamento feito em papel de jornal para poupar energia, parede rainscreen, vidros de pouca manutenção e utilização de tapumes de madeira reciclada. 1.7│ÁGUA Um item de enorme importância que não está presente dentre as Cinco Bolhas dos Edifícios Verdes de Steve Thomas é a água. Um fator de tamanha importância como este não pode simplesmente ser deixado de lado. O crescimento das populações mundiais, as mudanças climáticas, a poluição e a interferência crescente do homem nos fluxos de água naturais são fatores que conspiram para que a água se torne um dos produtos primários mais valorizados 11
  • 12. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 do século XXI (ROAF, 2006). “Num futuro muito próximo, a água representará para o setor privado e a economia global o que o petróleo representa hoje.” (ALMEIDA, 2007) Segundo o diretor de novos negócios da Tecnisa, Ricardo Leite, o consumo doméstico de água é pequeno, quando comparado ao da agricultura e da indústria, que juntas utilizam 90% da água disponível. De toda a captação de água para uso industrial ou doméstico, de 5% a 20% não é sustentável a longo prazo, já que a quantidade destinada a tais usos que é retirada dos lençóis freáticos e bacias hidrográficas é muito superior à da reposição natural (ALMEIDA, 2007). O gráfico abaixo representa a composição dos usos domésticos da água. Gráfico 2. Composição dos usos domésticos da água Fonte: Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável (ROAF, 2006) Segundo especialistas no assunto, a raiz da cultura do desperdício está na própria conta de água, na qual se pode perceber que os valores cobrados são referentes a abastecimento e coleta de esgoto, ou seja, nada se cobra pela água. Se os usuários sentissem no bolso a dor do desperdício, a água certamente estaria sendo poupada. “A tecnologia e o conhecimento de que dispomos hoje podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas, mas sua utilização em todo o seu potencial permanecerá reduzida enquanto os serviços oferecidos pelos ecossistemas continuarem a ser percebidos como ‘gratuitos’ e ilimitados, e não receberem o seu devido valor.” (ALMEIDA, 2007) De acordo com pesquisadores, por “desperdício” entende-se mais do que simplesmente esquecer uma torneira pingando, significa deixar a água potável escoar pelo ralo sem utilizá- la. Por isso se faz necessário incluir no conceito das pessoas o valor e a importância da água, bem como fornecer a elas meios de economizá-la através de intervenções projetuais que tornem seu consumo eficiente por meio de tecnologias que aproveitem o recurso da melhor forma possível. 12
  • 13. Universidade Presbiteriana Mackenzie 2.0│CUSTOS x EFICIÊNCIA Uma dúvida que muitas pessoas possuem sobre se deveriam ou não pôr em prática ações sustentáveis em suas construções é devido ao custo que isso pode acarretar à obra. Muitos deixam de fazê-lo, pois o gasto inicial previsto é, de fato, maior do que o de uma construção convencional. Essa decisão bastante comum, no entanto, é errônea, pois antes de se decidir, deve-se levar em consideração todo o ciclo de vida da obra, não apenas o custo estimado durante sua construção. Será ao longo da utilização cotidiana do imóvel que virá a grande fatia de custos, que poderá chegar a grossos 80% do total, enquanto que os custos com a construção representarão cerca de 14% (NADER, 2008). Em outras palavras, ao desconsiderar sistemas racionais de energia e de aproveitamento de água logo na fase de projeto, a economia conseguida (irrelevante se inserida no custo total da obra) custará muito caro ao usuário durante a futura operação do imóvel. Este gasto seria desnecessário se o usuário tivesse adotado equipamentos sustentáveis já no momento da construção, pois seu investimento seria recuperado logo nos primeiros 18 meses de uso do imóvel. Um dos responsáveis pelo dito “encarecimento da obra” sustentável é o próprio governo, que ao invés de incentivar esse tipo de construção e, assim, reduzir os impostos dos materiais certificados ou reciclados, exige uma série de tributos e burocracias que acabam encarecendo a utilização desse tipo de material. A boa notícia é que essa mentalidade vem mudando e devido à grande expansão da oferta e também por políticas públicas de subsídios, já começa a se alinhar com o desejo dos ambientalistas. “Resumindo, a sustentabilidade na construção não só é viável, como também necessária e útil. Não é um resgate do passado nem uma ilusão do futuro” (NADER, 2008). “Muito em breve, será possível construir casas sustentáveis pelo mesmo custo dos imóveis comuns e isso, com toda a certeza, será a contribuição definitiva para que a construção de casas sustentáveis passe a ser a regra e, não mais, a exceção” (NUNES, 2009). Abaixo está uma tabela que relaciona o impacto ambiental positivo sobre o meio ambiente de alguns elementos que colaboram para a sustentabilidade versus o custo de implantação dos mesmos. 13
  • 14. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Tabela 4. Impacto ambiental positivo X Custos de implantação Fonte: Ecohabitar - Arquitetura e Construção 3.0│ELEMENTOS QUE CONTRIBUEM PARA A SUSTENTABILIDADE NA OBRA Depois de decidir como será aplicada a sustentabilidade no projeto levando-se em consideração os aspectos elaborados por Steve Thomas, passamos para a próxima etapa: racionalização da obra. Não basta ter simplesmente os ideais do projeto sustentáveis; precisa-se levar também em consideração a execução do mesmo, visando sempre a racionalização dos recursos e o planejamento dos processos, a fim de que não ocorram imprevistos e materiais não sejam desperdiçados. Caso contrário, a obra será “falsamente sustentável”. A racionalização não se restringe apenas a alterações de determinados processos construtivos, mas exige que haja uma mudança de postura nas fases de projeto. Isso envolve consequentemente, solucionar todos os problemas e detalhes envolvidos no processo construtivo no momento da concepção (evitando posteriores improvisações no canteiro de obras), além de promover maior integração entre os diferentes tipos de projetos (elétrica, hidráulica, estrutural, etc). 14
  • 15. Universidade Presbiteriana Mackenzie A otimização dos recursos e do tempo de execução da obra permitem um aumento da produtividade e a diminuição de custos e prazos e isso é o que muitas empresas têm buscado nos últimos tempos. Uma obra racional é conseguida quando nos utilizamos de três elementos (planejamento do canteiro de obras, utilização de softwares BIM e prototipagem rápida) que serão explicados a seguir. 3.1│PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS “O projeto do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, e das vias de circulação, necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores e, execução racionalizada dos serviços” (FERREIRA e FRANCO, 1998). Segundo LIMMER (1997), o canteiro de obras pode ser comparado a uma “fábrica móvel”, onde os insumos (mão-de-obra, material e equipamentos) é que se deslocam em torno do produto. Essa metáfora justifica a razão do arranjo do canteiro de obras ser uma das partes mais importantes do planejamento da obra. Ao se planejar o canteiro, tem-se como meta conseguir a melhor disposição, dentro do espaço disponível, para todos os insumos, visando sua integração, minimização de distâncias e boa disposição das áreas de estocagem e locais de trabalho, mas ao mesmo tempo mantendo a flexibilidade e a produtividade. Para um canteiro de obras ser sustentável é necessário que as dimensões econômica, ambiental, social, educacional e cultural da sustentabilidade estejam incorporadas em cada etapa de execução da obra. O seu exercício vai além do planejamento e programação das atividades, mas também devem estar presentes nos seus espaços físicos, na maneira como as diversas tarefas são realizadas, no convívio dos colaboradores e na relação da obra com as suas áreas vizinhas (GEHLEN, 2008). O canteiro de obras é o momento chave para disseminação dos princípios da sustentabilidade por toda a cadeia, segundo GEHLEN (2008), já que ele constitui o ponto crítico onde serão sintetizadas a concepção e o projeto, sendo o momento onde os maiores impactos serão gerados e onde todos os envolvidos com a construção irão interagir. Ao se prezar pela sustentabilidade do canteiro, deve-se aproveitar a iluminação natural, garantir a renovação do ar e a temperatura das instalações, que apesar de provisórias 15
  • 16. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 também necessitam de conforto. Para isso, deve-se fazer uso de tecnologias que reduzam o consumo energético através da utilização de equipamentos mais eficientes e melhores nas instalações. 3.2│UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES BIM O BIM (Building Information Modeling) faz parte de uma nova geração de softwares para o desenvolvimento de projetos que permite ao projetista construir virtualmente um modelo da edificação. Diferente do sistema CAD (Computer Aided Drawing/Drafting) geométrico, onde os desenhos não passam de linhas que quando fragmentadas não possuem semântica, o sistema BIM possibilita a geração de um modelo digital do edifício com informações (provindas de um banco de dados) atreladas aos seus componentes, ao invés de uma série de desenhos isolados. Figura 4. Comparação BIM/CAD com relação à produtividade. Fonte: revista Téchne - Construção Integrada. 16
  • 17. Universidade Presbiteriana Mackenzie Figura 5. Comparativo BIM/CAD com relação ao esforço x efeito. Fonte: Alexander Rodrigues Justi A introdução dos softwares BIM no mercado possibilitou que fosse dada maior importância à fase de concepção dos projetos do que em sua representação gráfica, já que os novos programas possuem o apoio de dados dinâmicos, resultando em representações simultâneas e de maior precisão e qualidade. Uma das grandes vantagens em se utilizar os programas BIM é o aumento da produtividade, que reflete conseqüentemente na redução das horas de trabalho, além de permitir que se anteveja o resultado espacial das escolhas de projeto, eliminando possíveis interferências entre elementos construtivos antes do inicio da construção, permitindo assim a racionalização da obra. Porém, como todo novo instrumento de trabalho, é necessário um pouco de tempo para a aprendizagem e adaptação do programa (a mudança do CAD para o BIM é como da prancheta para o computador), além de haver poucos profissionais treinados. Segundo KELLY, “a tecnologia amplia as nossas possibilidades de escolha em geral, uma tecnologia apresenta aos seres humanos outra maneira de pensar sobre algo. Cada invenção permite outra forma de ver a vida. Cada ferramenta, material ou mídia adicional que inventamos oferece à humanidade uma nova maneira de expressar nossos sentimentos e outra forma de testar a verdade. O trabalho da coletividade é substituir tecnologias que limitam nosso poder de escolhas por aquelas que o ampliam” (KELLY, 2007) Apesar da difícil transição de um programa para o outro, o mercado está exigindo que essa migração ocorra, pois nesses últimos tempos, a indústria da construção aumentou a demanda por processos racionais e de melhor desempenho, visando à economia de recursos e a redução do impacto ambiental. Diante a esses novos paradigmas, o BIM faz-se necessário para manter ou inserir projetistas no mercado. 3.3│PROTOTIPAGEM RÁPIDA A prototipagem rápida é uma tecnologia utilizada para fabricar modelos físicos a partir de fontes de dados de um arquivo em CAD. A criação de tais protótipos auxilia visualmente 17
  • 18. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 discussões prévias de um projeto com colaboradores ou clientes, além de permitir ensaios em túnel de vento, verificação da volumetria, função, orientação solar, localização no terreno, detalhes construtivos, mobiliário, etc. a) b) c) d) Figura 6. a) Arquivo digital/ b) Protótipo/ c) Peças iguais feitas com prototipagem rápida/ d) Modelo impresso em impressora 3D. Fonte: Arquivo digital (SASS, 2004) Os métodos de produção dos protótipos podem ser classificados segundo sua finalidade, o número de eixos com que trabalham ou de acordo com a maneira como produzem os modelos. No que se refere à sua finalidade, eles podem ser destinados à produção de protótipos, ou seja, de modelos de avaliação, ou à produção de produtos finais, como elementos construtivos para serem empregados diretamente na obra. A prototipagem rápida oferece diversas vantagens, tais como: alta precisão, produção ilimitada de peças iguais em formato e tamanho, produção de curvas planas, diminuição do trabalho de acabamento, reduzido tempo de produção, possibilidade de detectar eventuais erros para que sejam solucionados antecipadamente. No entanto, essa tecnologia funciona apenas com volumes de protótipo limitados, além da dificuldade de executar peças de metal. Atualmente a prototipagem rápida é mais utilizada nas áreas de design e engenharia mecânica, sendo usada em arquitetura basicamente para a produção de modelos de edifícios em escala e peças construtivas. Os poucos escritórios de arquitetura que adotaram recentemente o uso dessas técnicas, como Foster & Partners (Inglaterra), Gehry Associates (Estados Unidos), Zaha Hadid (Inglaterra) e Morphosis (Estados Unidos) vêm obtendo resultados impressionantes em termos de qualidade e produtividade. Se não fizessem uso desse benefício, talvez suas obras tivessem maior dificuldade de concepção e execução ou mesmo nem chegassem a ser possíveis. Figura 7. Maquetes produzidas com prototipagem rápida de Foster & Partners (Londres) Fonte: Kirsten Kiser 18
  • 19. Universidade Presbiteriana Mackenzie Já em escritórios brasileiros raramente está presente e quando está surge somente na apresentação final do projeto. No Brasil, a aplicação da técnica em arquitetura ainda é muito restrita, e isso se deve a dois fatores: um econômico e outro de ordem social. O econômico está relacionado aos altos custos dos equipamentos e insumos, que são em sua maioria importados dos Estados Unidos, da Europa e da China. Existe também uma grande limitação social ao emprego das técnicas de fabricação digital na área de arquitetura e construção no Brasil, pois ainda não existe disponibilidade de mão de obra especializada nessa área. Além disso, o ensino superior de arquitetura e de engenharia civil ainda não prevê o uso desses novos métodos na produção de maquetes, protótipos e componentes construtivos. 4.0│ESTUDO DE CASO: CENTRO DE CULTURA MAX FEFFER (CCMF) Localizado na cidade de Pardinho, interior de São Paulo, encontra-se o Centro de Cultura Max Feffer, um espaço cultural cuja finalidade é incentivar o desenvolvimento da comunidade local e da região como um todo. Foi idealizado pelo Instituto Jatobás, uma organização não governamental que busca, por meio da sustentabilidade, prover uma melhor qualidade de vida às pessoas, durante sucessivas gerações. "O projeto do Centro de Cultura Max Feffer (...) tem por objetivo contribuir para descoberta de alternativas que promovam o conhecimento, o lazer, a inovação, a inclusão social e a qualidade de vida para a sobrevivência das gerações atuais e futuras" (SANTANA, 2009). Projeto da arquiteta Leiko Motomura, o centro cultural foi executado com técnicas ecológicas, sustentáveis e inovadoras em um local previamente ocupado por uma praça, cedida pela prefeitura para a realização da obra. Figuras 8, 9 e 10. Centro de Cultura Max Feffer, a cobertura de bambu em destaque. Fonte: site Arcoweb - Amima Arquitetura - Centro de Cultura Max Feffer 19
  • 20. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Erguido sobre um terreno de 6.250 m², o Centro dispõe de uma estrutura para incentivar o desenvolvimento da comunidade local, contando com biblioteca, laboratório de inclusão digital, auditório, museu do bambu, além de diversas salas de exposição e reunião. Ao olharmos para a obra, o primeiro elemento que atrai nossos olhos é, sem dúvida, sua cobertura ondulada, em perfeita sintonia com o meio ambiente. Executada inteiramente em bambu, a cobertura de 800 m² é sustentada por pilares duplos a cada nove metros, auxiliado por vigas de eucalipto. A arquiteta se preocupou com a sustentabilidade do projeto bem antes do início das obras, ainda durante a fase de planejamento. Assim, houve um prévio estudo sobre qual o tipo mais adequado de terreno a se construir, qual o melhor posicionamento e dimensionamento do projeto na implantação, reflexões sobre impermeabilização do solo e reaproveitamento de água, etc. Figura 11. O vazio sobre a sala de leitura separa a área Figura 12: A sala de leitura é separada do ambiente da loja do espaço reservado ao Museu do Bambu. Os externo por gradis que reaproveitam sobras de guarda-corpos reutilizam barras de alumínio de ônibus. chapas de estamparias. As bases dos bancos reciclam antigas colunas de lavatórios e os tijolos de demolição. Fonte: site Arcoweb - Amima Arquitetura - Centro de Cultura Max Feffer. O Centro de Cultura Max Feffer apresenta uma lista completa de itens sustentáveis presentes em sua construção, segundo informado no site da própria arquiteta (http://www.amima-arquitetura.com/centro_cultura.html). Abaixo estão listados os itens sustentáveis e em seguida a classificação de acordo com os princípios de Steve Thomas: 20
  • 21. Universidade Presbiteriana Mackenzie (*) ÁGUA não faz parte das 5 Bolhas dos Edifícios de Steve Thomas Graças à presença da sustentabilidade na eficiência energética, ventilação natural, redução do consumo de água tratada e implantação de um programa de gestão de resíduos no canteiro de obras, a edifícação de Leiko foi a primeira da América Latina a receber a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) GOLD na categoria de espaços culturais, concedido pela instituição americana Green Building Council. O certificado atesta "(...) que o espaço foi construído dentro de regulamentações que preservam e contribuem para o equilíbrio do meio-ambiente" (SANTANA, 2009). 21
  • 22. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Segundo afirma a arquiteta, projetar uma obra como o Centro de Cultura de Max Feffer requer mais tempo do que uma obra tradicional, pois incluir a sustentabilidade no projeto implica o envolvimento de mais fatores, que requerem pesquisa aprofundada a seu respeito, além de necessitar de uma equipe de projeto maior. Além de demorar mais a serem projetadas, obras sustentáveis também tendem a ser mais dispendiosas. Porém, a questão de custos é relativa, pois os investimentos realizados durante a construção sustentável retornam em um curto prazo e as economias proporcionadas pelos sistemas instalados perduram por toda a vida da edificação. Quanto aos elementos que contribuem para a sustentabilidade na obra, Motomura afirma que a sustentabilidade deve estar presente "desde o primeiro traço", logo foi feito um planejamento e estudo sobre a obra antes de sua execução, a fim de reduzir ao mínimo os impactos ambientais. Não foram usadas, porém, tecnologias como a dos softwares BIM ou de prototipagem rápida para auxílio nos estudos. Retomando, agora, as 5 Bolhas dos Edifícios Verdes de Steve Thomas, percebe-se que quase todos os itens sustentáveis presentes no projeto se encaixam em alguma das categorias (Energia, Materiais, Mão-de-obra, Sáude, Design). Porém, elas não são suficientes. Ao estudar o caso mais a fundo, nota-se que a ÁGUA (sua preservação, reuso, bem como métodos e técnicas para se conseguir isso) não faz parte dos princípios de Thomas, e ao se analisar o projeto do Centro de Cultura de Max Feffer, verifica-se que os itens sustentáveis relacionados a ela não são poucos, pelo contrário, totalizam quase um terço das intervenções realizadas. Portanto, obviamente os princípios de Thomas são importantes, e fazem muita diferença quando aplicados em uma obra inicialmente tradicional. Todavia, após estudos, constata-se que eles não são suficientes para tornar uma obra verdadeiramente sustentável; ela ainda necessita da utilização de outros princípios para alcançar o sucesso esperado, ainda mais quando se almeja um certificado do porte do LEED. 22
  • 23. Universidade Presbiteriana Mackenzie 5.0│CONCLUSÃO Como se pode perceber há diversas maneiras de se racionalizar tanto o projeto e a maneira como ele é concebido, como a execução da obra no canteiro. Aplicando-se ao menos um dos exemplos citados acima, já se consegue detectar melhorias visíveis na construção: poupar-se-á tempo e custos (a longo prazo), bem como o desperdício de recursos que refletem diretamente no meio ambiente e também no bolso do empreendedor. Apesar de, na teoria, a racionalização da construção ser um excelente partido a se adotar, na prática, todos sabemos que se trata de um processo complexo, pois não é fácil encontrar soluções eficazes e, simultaneamente, eficientes para problemas que envolvam um grande número de variáveis intervenientes dentro e fora do canteiro. Mas no fim, o mais importante é não deixar de buscá-las e ter sempre em mente que os princípios de redução de desperdícios começam antes de entrar no canteiro de obras. A concepção do projeto deve objetivar o aumento da vida útil do edifício, além de especificar até o menor dos detalhes para minimizar o desperdício de insumos durante a construção, contribuindo, assim, para uma construção civil mais racional e, consequentemente, sustentável. É importante salientar que a arquitetura sustentável não é utópica em suas exigências, e pode ser executada por quem a ambicione. Por fim, existem hoje em dia milhares de princípios que fornecem diretrizes para uma construção sustentável, entretanto nenhum deles é capaz de nos informar na íntegra como executar uma arquitetura verde, já que ela é muito complexa e envolve diversas variáveis. Assim, cabe ao profissional analisar para cada projeto, terreno, clientes, interesses e objetivos, quais elementos da sustentabilidade terão viabilidade de serem aplicados na obra. Não se deve olvidar que não existe uma obra que seja 100% sustentável, pois as variáveis que implicam uma construção são milhares, e combinar todas elas (sem que uma interfira na outra) de forma ecológica é uma tarefa muito difícil. Por isso, é importante ter consciência de que ao intervir em uma construção que pretende prestigiar a sustentabilidade, ainda que limitada a alguns aspectos, produz-se impactos positivos e imediatos ao meio ambiente. Logo, mais do que um modismo, a busca por novas soluções sustentáveis é uma tendência da arquitetura. 23
  • 24. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 │REFERÊNCIAS LIVROS: [1] ALMEIDA, F. Os desafios da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, 6ª reimpressão. [2] COMMONER, B. Energias alternativas. Rio de janeiro: Record, 1986. [3] LIMMER, C.V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de Janeiro: LTC editora, 1997. [4] PINOTTI, R. Educação ambiental para o século XXI: no Brasil e no mundo. São Paulo: Blucher, 1ª edição, 2010. [5] ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável/ Susan Roaf, Manuel Fuentes, Stephanie Thomas; tradução Alexandre Salvaterra. – 2ª Ed. – Porto Alegre: Bookman, 2006. REVISTAS, ARTIGOS E PERIÓDICOS DIGITAIS: [1] AZUMA, M. e FALKEMBACH, F. A sustentabilidade ambiental aplicada a um projeto para uma indústria de reciclagem. Em Akrópolis - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR. Disponível em: < http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/375/341 > Acesso em: 01 set. 2010 [2] KELLY, K. Revista Veja, Edição Especial: Tecnologias, Editora Abril, agosto de 2007. Disponível em: http://veja.abril.com.br/especiais/tecnologia_2007/p_046.html. Acesso em: 06 nov. 2010 [3] TRIGUEIRO, A. O barato que sai caro. Em Mundo Sustentável. Disponível em: < http://www.mundosustentavel.com.br/artigo.asp?cd=38 > Acesso em: 01 set. 2010 TESES E DISSERTAÇÕES: [1] FERREIRA, E. e FRANCO L. Metodologia para elaboração do projeto do canteiro de obras. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de Construção Civil, São Paulo, 1998. [2] GEHLEN, J. Aplicando a sustentabilidade e a produção limpa aos canteiros de obras. Em 2nd International Workshop Advances in Cleaner Production – Key Elements for a Sustainable World: energy, water and climate change. São Paulo, 2009. [3] GEHLEN, J. Construção da sustentabilidade em canteiros de obras – um estudo no DF. Dissertação apresentada à Universidade de Brasília para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Brasília, 2008. 24
  • 25. Universidade Presbiteriana Mackenzie [4] KATO, C.A. Arquitetura e sustentabilidade: projetar com ciência da energia. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo – Pós Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007. SITES: [1] http://www.amima-arquitetura.com/index.html > Acesso em: 18 fev. 2011 [2] http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009.html > Acesso em: 18 fev. 2011 [3] http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/127/artigo64516-1.asp > Acesso em: 10 jan. 2011 [4] http://planetgreen.discovery.com/tv/renovation-nation/bubbles-green-building.html > Acesso em: 10 out. 2009 [5] NADER, M. M. Sustentabilidade na construção: nem Flinstones nem Jetsons. Disponível em: < http://ecohabitararquitetura.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao- nem-flinstones-nem-jetsons/ > Acesso em: 03 out. 2010 [6] NUNES, R. Casas sustentáveis: Lucro certo. Disponível em: < http://www.ecologiaurbana.com.br/residencia-sustentavel/casas-sustentaveis-lucro-certo/ > Acesso em: 03 out. 2010 ENTREVISTAS: [1] Ana Paula Dominguez da Costa - Departamento de Meio Ambiente, construtora Bueno Netto (junho/2010) [2] Leiko Hama Motomura, arquiteta fundadora da Amima Arquitetura (fevereiro/2011) Contato: amandazap10@yahoo.com.br e nieri@globo.com 25