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ARQUITETURA, ECLETISMO E BELLE ÉPOQUE: REFERÊNCIAS CULTURAIS
PARA A COMPREENSÃO DE UM ESTILO
Arthur Girotto Noronha Mansur (IC) e José Geraldo Simões Junior (Orientador)
Apoio: PIBIC/Mackenzie


Resumo

A pesquisa teve por objetivo estudar a relação entre a arquitetura e o contexto social de um período
bastante emblemático da história contemporânea: aquele que vai do final do século XIX até meados
da década de 1910, período marcado por grande prosperidade econômica, estabilidade política e
progresso no campo científico, artístico e cultural – período conhecido como Belle Époque. A
metodologia do trabalho se fundamentou em um extenso levantamento bibliográfico, apurando as
seguintes temáticas: a Europa contextualizada na Rev. Industrial, Ecletismo, Belle Époque, e os
reflexos da cultura européia no Brasil, com enfoque em São Paulo e Rio de Janeiro. Em uma
segunda etapa ocorreu uma classificação de projetos que permitissem uma análise prática do
assunto, incidindo uma pesquisa de campo tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Os projetos
são os seguintes: Casa das Rosas, Edifício Sampaio Moreira e Teatro Municipal (São Paulo) e Real
Gabinete Português de Leitura, Teatro Municipal e Edifício Seabra (Rio de Janeiro). Como resultado
alcançado ao longo do processo, obteve-se uma série de informações decorrentes de análises
técnicas sobre diversos projetos arquitetônicos (inserindo-as no contexto social, político e econômico)
e material iconográfico (fotos e desenhos técnicos) que comportaram a criação do trabalho como um
todo. Conclui-se que a pesquisa permitiu uma apreciação intimista do tema, procurando expor
informações pouco interpretadas através de estudos práticos correlacionados a teorias.

Palavras-chave: Belle Époque, ecletismo, arquitetura eclética


Abstract

The aim of the research is to study the relationship between architecture and the social context of a
period quite emblematic of contemporary history: one that runs from the end of the 19th century until
the mid-1910s, a period marked by great economic prosperity, political stability and progress in the
field of scientific, artistic and cultural- period known as the Belle Époque. The methodology of work is
grounded in an extensive bibliographical, noting the following themes: Europe contextualized in
Industrial Revolution, Eclecticism, Belle Époque, and reflections of European culture in Brazil, with a
focus in São Paulo and Rio de Janeiro. The second step was choosing projects that allowed a
practical analysis of the subject, focusing a field research in São Paulo and in Rio de Janeiro. The
projects are the following: Casa das Rosas, Sampaio Moreira Building and Theatro Municipal (São
Paulo) and the Royal Cabinet of Reading, Teatro Municipal and Building Seabra (Rio de Janeiro). As
a result reached throughout the process, was obtained a series of theoretical information (technical
analyses of various architectural projects and contexts of social, political and economic) and
iconographic (photos and technical drawings) that allowed the creation of the work as a whole. It is
concluded that the research has permitted an intimate appreciation of the theme, seeking to expose
information little interpreted through case studies correlated the theories.

Key-words: Belle Époque, eclectic, eclectic architecture




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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


INTRODUÇÃO

A arquitetura pode expressar não somente o ideário de um sistema político vigente, como
também um meio de referência para o mesmo, por exemplo: em um período marcado por
uma monarquia absolutista, como quando a realeza francesa produziu Versalhes, cria-se
uma arquitetura que expresse a imponência e o esplendor do governo; entretanto em uma
sociedade democrática, a arquitetura pode se anunciar com maior liberdade e diversidade
estilística.

A partir dessa premissa cria-se o questionamento: de que maneira esse aspecto se propaga
dentro de uma sociedade, mudando e implicando não só a atitude estética e conceitual da
arquitetura, bem como a postura moral e ética das pessoas. Para tanto, escolheu-se o
período da Belle Époque, cujo contexto se caracterizou por uma liberdade de expressão
muito grande, não só no campo da arte, mas também nas outras ciências, além de
estabilidade política e econômica.

Um dos principais objetivos da pesquisa foi avaliar o quadro histórico europeu, numa
sociedade que na época servia de referência para todo o mundo. Por sua vez, investigou-se
de que maneira esse panorama tomou forma na arquitetura, e como serviu de referência
para a construção da cidade brasileira, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto na
criação de um ideário social, focando principalmente as cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro.

REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico se fundamentado em duas vertentes principais:

       a – sobre a temática da Europa contextualizada na Revolução Industrial e na Belle
Époque, focando nas conseqüências do meio urbano: livros de Benevolo e Patetta, e
dissertação de mestrado de Ramalho.

       b – sobre a temática do reflexo da cultura européia no Brasil, com destaque as
referências ecléticas: livros de Fabris, Lemos, Needell, Homem e dissertação de mestrado
de Ramalho e Pereira.

Europa

A Revolução Industrial se iniciou por volta de 1760 na Inglaterra acarretando num conjunto
de mudanças tecnológicas, inovações de materiais e mão de obra. Ao longo do processo
substitui-se o meio agrícola pelo industrial, criando a produção em massa, o trabalho manual
pelo maquinário, e criou-se um novo panorama regional onde haviam grandes cidades
ocupadas por uma alta densidade demográfica, fábricas e ferrovias. Esse quadro estava




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prestes a alterar profundamente a Europa, ocorrendo uma expressiva transformação nos
aspectos econômicos, políticos e sociais

Essa crescente população que habitava o meio urbano começou a criar novas necessidades
de adequação ao meio industrial, tendo como conseqüência uma maior demanda por
hospitais, escolas, aumentos na malha ferroviária e novos edifícios. Para se ter uma noção,
no período de um século entre 1800 e 1900 a população européia passou de 187 milhões
para 420 milhões de habitantes.

Frente a esse novo quadro geral surgem paradoxos, de um lado a racionalidade industrial
aprimorada nas conquistas tecnológicas e materiais, de outro, os valores antigos que se
manifestavam através de um caráter romântico idealizando épocas anteriores; de acordo
com Ramalho (1989) essa oposição cria um fator marcante para a arquitetura:

“Esse sentimento difuso de perda de dignidade, de menosprezo pelas conquistas materiais
contemporâneas, teve influência decisiva no desenvolvimento da arquitetura do período,
caracterizada pelo gosto pela citação e pela evocação, por referências históricas e
associações emocionais. São resgatados então elementos da Antiguidade Clássica, da
Idade Média, de civilizações distantes, etc., combinados e interpretados das mais diversas
maneiras.” (início das primeiras manifestações ecléticas)

A nova configuração da cidade, relacionada à nova arquitetura que surgia, junto às
infindáveis necessidades da população, mais a crítica questão da salubridade somada ao
nascimento da classe operária, requeria um novo planejamento urbano adequado as essas
novas necessidades. Para tanto surgiram diversas propostas para a organização da cidade
industrial, nas quais se destacou o plano de Haussmann para Paris.

     Basicamente a idéia de Haussmann fundamentava-se na criação de grandes eixos de
comunicação que cortavam a cidade e implantação de grandes espaços abertos. Esse
planejamento serviu de inspiração e referência para o mundo todo, como veremos adiante
nas reformas urbanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Os arquitetos desempenhavam um
papel pequeno nas decisões do plano de Paris, limitando-se a dar forma aos edifícios
encomendados. Sem poderem questionar ou opinar, limitavam-se a reprodução de algum
estilo, como o gótico ou o neoclássico, seguindo a tendência eclética da época. Os
arquitetos viam-se em crise, apesar de estarem em um período de relativa liberdade
estilística, eram rotulados a padrões escolhidos pela burguesia construindo uma arquitetura
banal.

Foi aproximadamente nesse período que o ecletismo tornou-se predominante, em que
gradativamente os arquitetos começaram a ter a possibilidade de escolher variados estilos
arquitetônicos, procurando entender todos os tipos de arquiteturas construídas ao longo da


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história. Para os ecléticos não deveria ocorrer à legalidade de um sistema filosófico, e sim a
escolha racional de qual estilo era mais adequado de acordo com o contexto a qual o projeto
fosse implantado. Divide-se o ecletismo em duas tipologias: aquele em que o arquiteto
escolhe qual estilo se adapta mais ao local e o ecletismo sintático, no qual havia uma
combinação de elementos de variados estilos.

Surgiram aqueles que eram contrários ao ecletismo, afirmando que o “novo estilo”
proclamava a cópia ou a banalização dos estilos passados, fazendo uma catalogação com
prós e contras. Os defensores sugerem que o período dá ao arquiteto uma maior liberdade
de expressão, evitando qualquer modismo que pudesse surgir no meio das artes. Havia
ainda os defensores de uma escolha racional e objetiva de um estilo, que se adequasse
melhor ao contexto. Dentre eles destaca-se Viollet Le Duc, que imprimiu uma ótica racional
ao movimento neogótico, que serviu de grande influência para a geração seguinte.

Com o tempo o ecletismo se encontrou em crise pela sua incapacidade de acompanhar as
dinâmicas do mundo industrial, em que a arquitetura deveria ser agradável a primeira vista,
de fácil construção, ter a possibilidade de ser repetida muitas vezes e se adaptar aos novos
materiais, como o ferro, que permitia a criação de estruturas para obras grandiosas, e o
vidro ou aço.

A crise ainda alterou a relação entre arquitetos e os engenheiros e construtores; os
engenheiros produziam com as novas técnicas e materiais projetos antes inimagináveis, que
tentavam se adaptar ao estilo historicista. Nota-se ainda que o uso de novos materiais por
parte dos engenheiros tornou-se freqüente em programas que surgiram com a
industrialização: ferrovias, estufas, mercados, pavilhões e etc.. Além disso, materiais como
ferro tornaram-se bastante populares pela possibilidade de os componentes serem vendidos
separadamente, capacitando à construção em localidades onde não havia indústria ou mão
de obra qualificada. Sendo assim o ecletismo ficou reservado a certos tipos de edifícios,
bem como ãs inovações.

A crise estende-se ainda ao meio acadêmico: na École Beaux Arts em Paris ocorre o
incessante confronto entre os racionalistas ecléticos e os conservadores da academia,
tentando-se criar um curso livre de tendências e estilos, baseado na liberdade de escolha.
A crise compreendendo não somente a teoria, mas também os projetistas, criou magnitudes
significativas entre 1880 e 1890, a partir daí ocorre intimas relações entre arquitetos e
artistas, em que movimentos inovadores ganham certa força no período da Belle Époque,
devido um panorama econômico e político favorável.




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Brasil

A princípio o Brasil era somente uma colônia onde se montou um aparato produtivo que
gerava lucro para a metrópole, onde tudo era importando e destinado para a venda no
exterior. O único traço intelectual se localizava na catequese aplicada pela companhia de
Jesus, notando-se o caráter supérfluo da cultura. De acordo com Ramalho (1989) esse
quadro geral agregou características que até hoje se verificam: gosto pelas generalidades, a
preocupação excessiva com a forma e o abandono do conteúdo, a desvinculação com a
realidade, o gosto pela erudição, a associação entre cultura e ociosidade e a desvinculação
entre trabalho físico e trabalho intelectual.

Somente quando houve a descoberta do ouro em Minas Gerais que esse quadro se altera;
ocorre um significativo desenvolvimento urbano, acompanhado de um elevado crescimento
demográfico, junto à ampliação da divisão do trabalho e da cultura. Gradativamente a partir
do séc. XVIII que se inicia um pensamento cultural português na elite intelectual da colônia,
fato que se aguçou com a vinda de Dom João VI em 1808.

Sua vinda acarretou a abertura dos portos, a criação do primeiro jornal, dos primeiros livros,
da primeira biblioteca e etc.. Dom Pedro tinha por objetivo transformar o Rio de Janeiro em
uma cidade à altura de seu status, importou-se uma variedade enorme de materiais para
substituir o ar orientalizante e grotesco, mudando até mesmo diversas determinações legais
sobre construção.

Criaram-se cursos superiores e instituições culturais de acentuado cunho europeizante,
inserindo-se a Missão Francesa. Interessante ressaltar que essa grande reforma acarretava
apenas uma troca de paradigmas, o referencial cultural passou de Portugal (como no
colonialismo) para França (literatura e filosofia) e Inglaterra (quase tudo que era exportado,
marcando o séc. XIX pela presença inglesa).

A Missão Francesa comentada acima trazia através dos artistas o estilo neoclássico, que
correspondia à etapa inicial da prática eclética na Europa, uma vez que a arquitetura
colonial era extremamente simples, além de não haverem escolas de arquitetura até 1826,
ano de fundação da Belas Artes do Rio de Janeiro.

A Belas Artes mostrou-se inútil do ponto de vista de necessidades requeridas pelo país,
frente à formação pouco técnica dos alunos tornando-se um grande entrave para arquitetos
como Grandejean de Montigny, professor da Imperial Academia de Belas Artes do Rio de
Janeiro e egresso da Beuax Arts de Paris, que encontrou diversas peripécias, tanto
econômicas quanto pessoais, ao tentar aplicar seus projetos.




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Suas obras causaram polêmica por divergirem do pensamento português que atuava na
corte até então. Suas idéias traziam projetos grandiosos que sacrificavam a praticidade e
originalidade por um ideal neoclássico, confrontando-se com a avaliação em termos práticos
dos portugueses. A transplantação direta do neoclassicismo francês para o Brasil não
ocorreu sem qualquer contestação, o que aconteceria mais tarde com o ecletismo no fim do
séc. XIX para o início de XX.

Sendo assim a Missão Francesa correspondeu a uma implantação direta do ecletismo
europeu da época, que foi possível somente por que os arquitetos saíram da França (esta
que vivia um período conturbado com a queda de Napoleão). A missão correspondeu a uma
das tentativas mais precoces de trazer a modernidade européia para o Brasil.

Rio de Janeiro

“A Belle époque carioca pode ser considerada quer como o apogeu de tendências
específicas de longa duração, quer como fenômeno inédito, assinalando uma fase única da
história cultural brasileira.” (Needell, 1993)

A Belle Époque no Rio de Janeiro tem início com a ascensão de Campos Salles ao poder
(sucessor de Prudente de Morais), em 1898, tornando-se o quarto presidente da República,
e com a recuperação da tranqüilidade sob a proteção das elites regionais.             Neste ano
registrou-se uma mudança sensível no clima político, que logo afetou o meio cultural e
social. O seu governo foi marcado pela busca de soluções financeiras, implementando um
conjunto de medidas para deflacionar a economia e aumentar a arrecadação.

Importante ressaltar que antes desse período, o Brasil sofria profundas instabilidades
políticas, marcadas por uma variedade de questões. Antes da proclamação da República, a
Monarquia passava por uma série de problemas que abalavam a sua credibilidade: crise
econômica (devido os autos gastos da Guerra do Paraguai), a questão abolicionista, a
questão religiosa, a questão militar e a forte atuação das idéias republicanas. Com isso, em
1889 deu-se o golpe militar ocorrendo à proclamação da República, que de início teve um
governo provisório militar, comandado pelo marechal Deodoro da Fonseca.

Esse governo provisório destacou-se pelo esforço da implantação de um regime republicano
e por grande instabilidade política e econômica. Esse quadro de crise forçou os novos
governantes a recorrerem aos poderes de São Paulo, como preço a pagar pela
sobrevivência da República, elegendo em 1894 Prudente de Morais, que representava a
ascensão da oligarquia cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional.

Por meio de uma nova composição política, reinstituiu-se uma ordem favorável ás estruturas
sociais e econômicas tradicionais. Os setores urbanos e médios, em processo de
fortalecimento desde as transformações sócio-econômicas nos meados do século, sofreram


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uma dura derrota. Todo o contexto da Belle Époque é compreensível se analisarmos todos
os acontecimentos citados. O final do séc. XIX marca a permanente vitalidade, e mesmo, o
predomínio de padrões que podem ser percebidos em todo o eu transcurso.

Seguindo o exemplo das grandes civilizações européias (Inglaterra e França), o Rio de
Janeiro espelhou-se nas colossais reformulações urbanas de Haussmann, tentando
igualmente resolver problemas de saneamento e circulação. Após anos de reformas parciais
e frustradas, o Rio recorreu a uma reforma urbana definitiva em sua história, que seria
marca registrada de sua Belle Époque.

No governo de Rodrigues Alves principiou-se a cogitar uma grande reforma urbana,
colocando em pauta a necessidade de um porto mais moderno para atrair o comércio, o
capital e a imigração européia. Um dos primeiros passos para tanto, foi a nomeação de
Pereira Passos, encarregando de implementar o aspecto urbanístico de sua política.
Destaca-se também a nomeação de Oswaldo Cruz, para liderar o esforço de erradicação da
peste bubônica, febre amarela e da varíola na cidade.

Pereira Passos recorrendo a um esforço conjunto das autoridades ministeriais e municipais
encarregou-se do planejamento global da cidade (com exceção dos postos e vias
adjacentes), enquanto a mais notável das reformas foi entregue a Paulo Frontin, cujo
trabalho foi à abertura da Av. Central, que conectava o Porto e o centro da cidade, além de
dar acesso à outra nova avenida, a Av. Beira Mar (facilitando a conexão coma Zonal Sul).
Além delas abriu-se também o que hoje são a Av. Rodrigues Alves e a Av. Francisco
Bicalho.

As reformas feitas pelo governo transfiguraram totalmente boa parte do mundo proletário; o
alargamento de ruas permitia a maior entrada de luz e ventilação, a alteração no traçado de
antigas ruas e abertura de novas permitia uma melhor circulação e maior interconexão entre
elas. Além disso, houve um aumento significativo na qualidade e na quantidade de
mecanismos urbanos, como a pavimentação das ruas, a construção de calçadas, estradas
asfaltadas, a abertura do túnel do Leme, iniciou a construção da Av. Atlântica, a demolição
do mercado municipal que desfigurava o bairro da Glória e ergueu outro perto das
instalações portuárias, embelezou locais como as praças Quinze de Novembro, Onze de
Junho, largo do Machado, o passeio público e etc.

A reforma não abrangia apenas o plano físico da construção civil, mas também o campo
social: proibindo a venda ambulante de alimentos, a criação de porcos dentre limites
urbanos, o descuido com a pintura das fachadas, entre outras medidas consideradas
inapropriadas, de costume “bárbaro” e “inculto”.




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Conclui-se então que não se pouparam esforços para assemelhar a reforma urbana ao
plano haussmanniano de Paris; além da abertura de novas vias, alargamento delas, maior
iluminação e ventilação, destaca-se ainda: a preocupação na escolha de um estilo
arquitetônico, a criação de uma ampla perspectiva causada por uma avenida central, a
execução de jardins nas praças, a particular atenção na versão carioca da Opera de Paris, e
etc. Todos esses aspectos parisienses foram primordiais para o significado da Belle Époque
carioca que emergia no governo de Rodrigues Alves.

A Avenida Central

A Av. Central é o melhor exemplo do que é a Belle époque carioca, um imenso boulevard
cortando as construções coloniais da Cidade Velha. O seu traçado foi definido pelo ministro
dos transportes Lauro Müller, deixando o planejamento e construção para Paulo Frontin.
Sua concepção foi formulada ultrapassando excessivamente as necessidades viárias da
época, tornado-se não apenas uma avenida, mas o cartão postal do Rio de Janeiro. O
objetivo era que a Avenida se tornasse uma vitrine da civilização.

Frontin assim como Haussmann, estipulou a altura e a largura de cada fachada e
determinou que os projetos fossem analisados por um júri. As fachadas eram uma exaltação
ao ecletismo francês, consagrando a visão da Beaux-Arts de Paris.

O ecletismo tardio (1860-1920) sofrera influências de diversas correntes arquitetônicas: do
romantismo, tanto no seu sentido exótico como histórico; do classicismo, em função de seus
diversos vínculos com as diversas manifestações européias deste estilo; e do barroco, no
uso de “contraponto de ritmos visuais”. Um exemplo típico seria a Opera de Paris, de
Charles Garnier, cujos pensamentos afirmavam que “arquitetura era uma propiciadora de
experiências de conforto principesco e espetáculo imperial, capaz não somente de provocar
um impacto naqueles que a contemplavam, como também de moldar a percepção das
pessoas sob sua influência”.

Os fatos descritos acima eram os princípios que pairavam o discernimento do júri,
encarregados de julgar as fachadas. Fortemente marcados pela Beaux Arts, 14 projetos
levavam a assinatura de Adolfo Morales de Los Rios, ex-aluno da faculdade, destacando-se
dentre suas obras o Palácio Episcopal, os prédios de “O Paiz”, o café Mourisco, o “Edifício
das Águias” e a nova sede da Escola Nacional de Belas Artes.

Determinados prédios se destacavam mais que outros, como: O Teatro Municipal (1909) de
clara influencia da ópera de Paris, O Palácio Monroe (1906), a Biblioteca Nacional (1910) e
a Escola Nacional de Belas Artes (1908). Os edifícios ao longo da avenida reforçavam a
idéia de progresso e civilização. Com isso podemos perceber: a interpretação, dos
brasileiros, do que é civilizado a partir de uma ótica parisiense; a adaptação dessa visão no


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nosso contexto urbano e social, ou seja, como essa arquitetura se moldava, o que de forma
geral não passava de uma construção simples e funcional completamente desconexa
(esteticamente e funcionalmente) de sua fachada. Apesar desses fatores os edifícios
mantinham certa afinidade com os ensinamentos da Beaux-Arts.

Outro fato a ser destacado é que, os traçados das avenidas de Paris tornaram-se
reveladores por freqüentemente conduzirem os olhos a um monumento que exaltava a
grandeza histórica francesa. No Rio de Janeiro não foi diferente, duas extremidades da Av.
Central formavam um contraste simbólico: cada uma delas une a “Colônia” a “Metrópole”,
sugerindo uma articulação na Belle Époque. Cada monumento marcava uma extremidade:
ao norte havia uma coluna com uma estátua de Visconde de Mauá, pioneiro da industria e
das finanças brasileiras,ao sul havia um obelisco para celebrar a conclusão da avenida. A
Avenida exaltava dois pólos: a realidade colonial e o dinamismo da Metrópole tornando
possível a fantasia de civilização compartilhada pelos cariocas de elite na Belle Époque.

De forma geral, todas essas reformas e remodelações manifestavam o início da afirmação
do Brasil como civilização reconhecida internacionalmente. No Rio, mesclou-se a antiga
predisposição colonial aos valores europeus, concretizando as contradições e pressupostos
implícitos na Belle Époque carioca.

São Paulo

Carlos Lemes coloca o ecletismo como uma somatória de produções arquitetônicas surgidas
a partir do final do segundo quartel do século retrasado (XIX), que veio juntar-se ao
neoclássico histórico, surgido por sua vez em contraposição ao Barroco. Ele diz: “Naqueles
dias, primeiramente vieram às obras neogóticas em contraposição às neoclássicas e dessa
coexistência inicial é que veio à tona no panorama arquitetônico a expressão filosófica
“Ecletismo”, que designava primordialmente a tolerância a duas idéias ou dois
comportamentos concomitantes. ”(Lemos, 1987). Cria-se então uma liberdade para criar.

Esse quadro geral se manifestava de forma diferenciada em São Paulo, devido os trezentos
anos de isolamento serra acima. Inicialmente havia uma arquitetura arcaica, feita pela taipa
de pilão introduzida pelo Pátio do Colégio. Portanto, desde os anos finais do séc. XVIII até
1850 não havia nenhum novidade arquitetônica.

O fato que serviu de propulsor para crescimento de São Paulo foi à proliferação do café.
Primeiramente ele levou prosperidade ás cidade do Vale do Paraíba, então só quando
suplantou a cana de açúcar no antigo quadrilátero de açúcar e quando houve a instalação
da estrada de ferro pelos ingleses (1867) é que São Paulo iniciou sua caminhada ao
desenvolvimento.    Esse período é muito importante, pois é a partir daí que São Paulo
assumiu sua liderança político e econômico.


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Esse contexto era perfeito para a recepção do ecletismo, sinônimo de progresso e
linguagem do poder econômico. “Era o capitalismo inaugurado com o café que chegava a
cidade” (Lemos, 1987). Com isso definiu-se o alto comércio, lojas, restaurantes, luxuosas
confeitarias, hotéis de alta categoria, sempre com fortes referências francesa. A velha taipa
foi substituída pelo tijolo, reconstruindo São Paulo em alvenaria; a maioria dos materiais
usados era estrangeira, colocando-nos em uma situação inesperada: o uso de materiais e
técnicas desconhecidas junto a uma estética importada.

Em 1875, praticamente no início dessa expansão urbana, tinha-se menos de três mil
prédios em São Paulo, já em 1886 (ano em que Ramos de Azevedo inicia seu trabalho na
capital) tinha-se mais de sete mil prédios. Em 1900 passava-se de vinte e um mil prédios.
Eliminado o cenário provinciano, a variedade e a quantidade passaram a compor o cenário,
sem repetições, mas ao mesmo tempo homogeneizado pelas regras de composição. Era o
ecletismo retratado pela “superposição de elementos semânticos do vocabulário historicista”
(Lemos, 1987).

Podem-se classificar as construções paulistanas, a partir da segunda metade do séc. XIX
através de algumas definições estilísticas, com repertórios classicizantes, historicistas, ou
então movimentos ligados a renovação artística, como o Art Nouveau ou Floral, New Style, o
Secessão, etc.. A partir de uma categorização feita por Carlos Lemos podemos localizar as
construções ecléticas em:

   1- Neoclássicas ditas ortodoxas (1850/60)
   2- Neoclássica na primeira intenção, mas comprometidas principalmente pela
       composição renascentista.
   3- Muitas construções neo-renascentistas, despoliciadas e não executadas por
       profissionais qualificados. Esse terceiro grupo é o que possui maior variedade de
       manifestações. , uma análise dele é uma análise do próprio ecletismo. Nesse
       período surgem muitas obras que se resumiam no arremate de obras feitas em taipa,
       colocando alguma decoração francesa.
   4- Obras Art Nouveau, mas que também incluem trabalhos de inspiração alemã ou
       austríaca ligadas ao movimento Secessão. O Art Nouveau contaminou toda a
       produção de objetos, móveis e etc. Exigia arquitetos sensíveis e jamais se
       popularizou. Podem-se destacar como arquitetos somente Dubugras e Ekman.
   5- Ecletismo historicista, sendo o neogótico mais presente nesse grupo. Foi na
       arquitetura residencial que praticamente não havia limites, a Av. Paulista tornou-se
       palco da arquitetura eclética historicista, onde se podem encontrar residências
       arabizastes, otomanas, românicas, góticas, neoclássicas, etc.
   6- Construções Neocoloniais.


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   7- Obras populares nascidas da reprodução simplificada dos modelos eruditos
       neocoloniais.
   8- Art Déco, trazido no final da década de 1920.

Dentre os arquitetos que se destacaram, tem-se Ramos de Azevedo que vem de Campinas
a São Paulo em 1886, e projeta os dois primeiros edifícios destinados a administração
pública: a Secretaria da Fazenda e a Secretaria da Agricultura, decoradas com estilo
renascentista, mas com volumetria, frontão e colunata neoclássicas. Figurou-se como um
dos principais arquitetos brasileiros daquele tempo, transfigurando a paisagem urbana do
centro de São Paulo.

MÉTODO

O método de pesquisa procurou manter uma intrínseca relação entre contexto histórico e
seus reflexos no meio urbano, considerando a movimentação da realidade, focando
prioritariamente no caráter arquitetônico.

A primeira etapa compreendeu um extensivo levantamento bibliográfico, cujas temáticas
foram desenvolvidas detalhadamente na introdução e no referencial teórico. Numa segunda
etapa buscou-se a classificação de edifícios que se caracterizavam pelo estilo eclético,
recolhendo dados teóricos, fotos e desenhos técnicos (plantas, cortes e elevações),
procurando um entendimento tanto conceitual quanto estético das obras, analisando os
estilos mesclados, os espaços de circulação e permanência, além da estrutura projetual.

Dentro desse processo ocorreu uma pesquisa de campo, em São Paulo e Rio de Janeiro,
que permitiu uma observação mais detalhada dos projetos escolhidos e uma descrição mais
intimista das obras. Em São Paulo escolheu-se a Casa das Rosas, o Edifício Sampaio
Moreira e o Teatro Municipal, e no Rio de Janeiro, o Real Gabinete Portugues de Leitura, O
Teatro Municipal e o Castelinho do Flamengo.

Por fim, criou-se uma análise conclusiva, cujo objetivo foi relacionar e situar esses projetos
com seus contextos históricos, e como a arquitetura buscou se expressar nesse período tão
emblemático.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Teatro Municipal

O surgimento do Teatro Municipal deve muito ao seu contexto histórico, que proporcionou
diversos fatores favoráveis para uma necessidade latente da criação de um grande teatro
para a cidade de São Paulo. O café e a indústria impulsionavam o comércio paulistano
criando uma verdadeira elite paulistana, fortemente influenciada pelos valores culturais
europeus, logo havia um grande desejo de construir um lugar a altura das grandes


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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


companhias estrangeiras; além disso, o único grande teatro da cidade (bem mais simples
que o Teatro Municipal), o Teatro São José, havia incendiado em 1898.

O projeto foi encabeçado pelos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi e pelo brasileiro
Ramos de Azevedo. As obras tiveram início em 1903 e duraram oito anos de trabalho,
sendo inaugurado pela ópera Hamlet.

A arquitetura do teatro transfigura uma mistura de estilos que combinadas com a estrutura
total demonstra fortes referências da Opera de Paris, de Charles Garnier. Em ambos
podemos reparar o uso de colunas e colunatas contracenado com arcos e diferentes
esculturas, além do uso de referências do teatro e da música para a criação de elementos
que compõe a fachada. Destaca-se ainda a grande cúpula ao fundo que indiretamente
compõe a fachada.

De acordo com o arquiteto Ricardo Severo: "A arquitetura exterior do edifício é composta no
estilo do renascimento barroco, ao qual os artistas italianos chamam 'seiscento'. E o estilo
clássico, com tipos e módulos da renascença grego-romana, mais variada, porém, na
apropriação desses tipos e com maior liberdade imaginativa no emprego da linha curva, nos
motivos    e    detalhes    ornamentais". (Lemos,Carlos.Ramos       de    Azevedo      e    seu
escritório.Op.Cit.,p.69.)

Além dos estilos havia ainda os materiais, que foram encomendados pelo escritório do
Ramos de Azevedo, por toda a parte do mundo. Como exemplos pode-se citar: a armadura
de ferro e o ferro artístico que vieram de Düsseldorf e Frankfurt respectivamente, o bronze
artístico de Berlim, Paris e Milão; já os mosaicos vieram de Veneza e os mosaicos de
pavimento, de Nova York e Berlim, os mármores de Siena, Verona e Carrara.

Até os dias atuais o Teatro passou por duas grandes restaurações, a primeira foi feita por
Tito Raucht, em 1951, que criou novos pavimentos para ampliar os camarins, reduziu os
camarotes e instalou o órgão G. Tamburini. A segunda foi feita em 1986 a 1991, sendo
comandada pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura,
restaurando o Teatro e implementando equipamentos mais modernos.

Atualmente o teatro passa por uma nova reforma, dando prioridade a área do bar e
restaurante, o salão nobre e a fachada do prédio. Baseou-se em fotos antigas para recriar a
pintura interna e restaurar partes que estavam deterioradas. Também foram reformados
todos os vitrais do teatro, originalmente fabricados na cidade de Stuttgart, na Alemanha.

Ao longo dos anos, o Teatro foi responsável por inúmeras apresentações e marcos
históricos, destacando-se a semana de Arte Moderna de 1922 que iniciou uma nova era nos
campo das artes e da literatura no Brasil.




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                                                           Fachada Frontal




                                                                    Fachada Lateral



Sampaio Moreira

Considerado o primeiro arranha-céu de São Paulo, o edifício Sampaio Moreira foi
inaugurado em 1924 com seus 13 andares e 50 metros de altura. Localizado na Rua Líbero
Badaró, sua construção inaugurou um novo padrão de edificações rompendo com a
horizontalidade da cidade.

Projetado pelo arquiteto Cristiano Stockler das Neves, que convenceu o comerciante José
de Sampaio Moreira a bancar uma iniciativa civil de significativa magnitude para época, o
edifício foi implantado a dedo de modo que ficasse de frente para o espaço entre dois
pavilhões gêmeos do parque do Anhangabaú, já demolidos.

Sobre o edifício algumas considerações podem ser feitas:

“(...) na década de 20 floresceu uma segunda etapa do Ecletismo- não mais o historicista,
mas um Ecletismo fixado na decoração, sem evocações, e mais atento às vantagens das
novas técnicas construtivas, especialmente o concreto armado. (...) Foi o estilo de espírito
eclético que se adaptou aos novos programas dos edifícios em altura, porque as novidades
agora eram os prédios comerciais de escritórios e os apartamentos residenciais.




                                                                                            13
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


Houve quem procurasse adaptar à nova programação dos
prédios altos o receituário historicista como Cristiano das Neves
que, no edifício da Rua Líbero Badaró, de treze pavimentos
mais o ático, denominado “Sampaio Moreira” e inaugurado em
1924, insistiu no estilo Luis XVI, usando, inclusive, pequenas
janelas, não tomando partido das possibilidades dos grandes
vãos   que    o   concreto   lhe   permitia.   Mas    o   corrente
posicionamento dos arquitetos foi aquele que aconselhava
discreta decoração entre as vidraças e um “coroamento” da
obra com alguma cimalha mais trabalhada amparando alguma
alegoria ou ornamento moldado em cimento. Nunca o
paramento vertical era interrompido em sua uniformidade de
baixo a cima, como fez Cristiano das Neves em seu prédio
“Sampaio Moreira” pegando em meia altura um saliente balcão.
Em fim um critério de composição rarissimamente usado ”.
(LEMOS: 1999, p.99)

Além disso, o projeto inaugurou o conceito de aranha-céu em
                                                                                   Fachada Frontal
SP, vindo das cidades norte-americanas, principalmente Nova Iorque e
Chicago, abrindo porta a pensamentos como o de Henri Louis Sullivan, considerado o pai
dos aranhas céus.

Casa das Rosas

Projetada em 1928, pelo arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo, a casa localizada na
Av. Paulista, local que reunia a maioria dos milionários da época, foi feita para a sua filha no
canto mais intimista da avenida, terminando sua construção em 1935.

A partir do livro O palacete paulistano, podemos retirar importantes considerações para o
entendimento da moradia burguesa da época:

“O palacete paulistano do ecletismo constitui a manifestação do processo civilizador, sendo
o espaço independente do estilo de arquitetura. Esse tipo de residência definiu-se na
república, com a instituição da higiene pública e a separação dos papeis femininos e
masculinos. Os programas do palacete revelaram o ideário burguês, atendido por uma
arquitetura que propunha a individualização da casa e a conciliação dos estilos, espalhando
o êxito socioeconômico do proprietário. Foram consagrados a casa em meio a jardins, a
distribuição a partir do hall e um espaço para cada função a fim de evitar a sua
superposição. Observaram-se a ordem, uma decoração profusa, baseada no excesso de
móveis, tecidos, e objetos, ...” (Maria Cecília Naclério Homem, 2010)



                                                                                                 14
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A casa conta com o estilo eclético na sua composição, variando desde o neoclássico até
referências do Art Déco. Localizada em um terreno de 5.500 metros quadrados, a casa
possui 30 cômodos no estilo clássico francês, retomando elementos da renascença e do
estilo Luis XV. Podendo ser considerada menos majestosa e colossal do que os outros
casarões existentes na época, a casa tem como fato marcante e diferenciador o grande
jardim exterior caracterizado pela simetria e limpeza.

O Interior da casa é mais heterogêneo do que o exterior, mesclando elementos decorativos
ingleses, principalmente nas aplicações em gessos. A casa é claramente dividida em área
social, intima e serviço; logo na entrada a varando conta com um chamativo piso de
pastilhas formando a área social externa, no térreo temos a presença da cozinha, salas e
serviço. Transferindo-se ao piso superior, depara-se com um grande vitral que dá iluminação
a escada, cuja imagem traduz um grande jardim com uma construção clássica. No nível
superior localizam-se os quartos, os banheiros (muito marcantes pelos seus mármores rosa
e verde) e a uma grande varanda que dá vista ao jardim. Interessante notar que há duas
escadas de acesso ao segundo piso, uma localizada na sala central, e outra que dá acesso
à cozinha e área de serviço.

Até meados dos anos 80 a casa foi ocupada pelos netos de Ramos de Azevedo e
evidentemente o local já não era mais o mesmo; os centros empresariais ocuparam o seu
entorno bem como outras casas da Av. Paulista, criando a cara da modernização e
progresso. Em 1985 a Casa das rosas foi tombada pelo Condephaat e hoje em dia serve
como um centro cultural dedicado à poesia e literatura.

Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Localizado na Praça Floriano, no centro da
cidade, mais conhecida como Cinelândia, o
Teatro foi inaugurado em 14 de julho de 1909.
Tornou-se ao longo do tempo um ícone cultural
e arquitetônico da cidade, juntamente com a
Biblioteca Nacional, o Palácio Pedro Ernesto, o
Museu Nacional de Belas Artes e a própria Av.
Central.                                             Fachada frontal

O Teatro Municipal surge em um contexto de renovação do planejamento urbano, que
pretendia transformar a imagem, a salubridade e a economia da capital federal, tornando-a
um ícone do progresso material. Ele seria não só um exemplo da estética moldada aos
costumes franceses, bem como uma figura pragmática do entretenimento da elite
aristocrática da época e um rompimento dramático com o passado colonial.O concurso do



                                                                                             15
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


projeto teve como resultado dois primeiros lugares, um de Francisco Oliveira Passos, filho
do prefeito, e outro de Albert Guilbert, o que gerou grande polêmica em torno da escolha do
projeto. No final das contas optou-se por uma fusão das duas propostas, pois ambas
correspondiam a uma mesma tipologia.

Assim como o de São Paulo, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro seguiu as mesmas
premissas estéticas academicistas implantadas na Opera de Paris, aplicando o equilíbrio da
estética clássica junto a harmonia expressiva do barroco. A fachada monumental é
fortemente caracterizada pelas grandes colunas coríntias, pela visão dos dois pavimentos e
pelas três cúpulas da cobertura. Nota-se ainda as esculturas de Rodolpho Bernardelli,
fazendo referência a poesia, a música, a dança, ao canto, a tragédia e a comédia. Em cada
uma das laterais chamam a atenção às loggie com seus balaustres, seus tetos em
cerâmicas, seus pisos de mosaico e as seis colunas de mármore com seus capitéis em
ouro.

No interior há o corpo central que é dividido em vestíbulo de entrada, feito dos mais diversos
mármores, as escadas, que dão acesso aos pavimentos superiores, e o foyer, todo
decorado em Luis XVI; pelas laterais encontram-se as rotundas que servem de descanso
para o público que chamam atenção nas pinturas no teto de Henrique Bernadelli e os
painéis de Rodolpho Amoedo. No pavimento inferior encontra-se o restaurante Assyrio,
inteiro revestido de cerâmica esmaltada inspirado na antiga Babilônia. Por fim a sala de
espetáculos com 2244 assentos, marcada pelo grande lustre central de bronze dourado,
com suas 118 lâmpadas, e pelas obras de Elyseu Visconti.

Inicialmente o Teatro recebia apenas companhias estrangeiras, principalmente da França e
Itália, hoje possui os seus próprios corpos artísticos, sendo a única instituição brasileira a
manter ao mesmo tempo um coro, uma orquestra sinfônica e uma companhia de ballet.

Real Gabinete Português de Leitura

O Real Gabinete de Leitura surgiu com o
intuito de reunir e agrupar os portugueses
residentes no Rio de Janeiro, que tinham
certos interesses em comum, podendo criar
uma identidade lusitana fora de sua terra
natal, que seria alcançada através da leitura.

Após sucessivos lugares que serviram de
sede para o Gabinete e com o contínuo crescimento do acervo,            Interior da sala principal
em 1861 começou-se a pensar na construção de um lugar próprio que pudesse
corresponder às expectativas dessa instituição que se consolidava. Constantes mudanças e


                                                                                                     16
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indecisões marcaram a escolha do projeto, mas em 1880 os responsáveis pelo Gabinete
optaram por aquele que tinha os desenhos caracterizados pelo estilo manuelino, do
arquiteto Rafael da Silva Castro. Essa escolha representava de forma geral um desejo de se
obter um espaço que fosse rico em referências culturais, traduzindo um patriotismo
português.

Importante ressaltar que a arquitetura manuelina surgiu no reinado de D. Manuel I (1491-
1521) no auge da expansão marítima, manifestando-se por uma liberdade criativa muito
exuberante, carregada de uma complexidade plástica, naturalismo, dinâmica de curvas e
referências da flora marítima e náutica. Muitos dizem que as manifestações manuelinas são
interpretações portuguesas do gótico tardio. O aspecto mais significativo dessa arquitetura
será a decoração que compõe o ambiente, cujos ornamentos são indispensáveis para as
significações de exaltação real e religiosa. No século XIX há um ressurgimento desse estilo,
como forma de nacionalismo.

No dia 22 de dezembro de 1888 inaugurou-se oficialmente o Gabinete Real de Leitura, que
mesclava o historicismo manuelino com o ferro do século XIX, sendo o primeiro edifício em
estrutura metálica no Rio. No Brasil além do Real Gabinete, os principais edifícios
manuelinos são o Gabinete Português de Leitura de Salvador e o Centro Português de
Santos.

Hoje em dia o Real Gabinete representa uma das mais importantes bibliotecas portuguesas
fora de Portugal, além de ser a única que recebe o “depósito legal” (uma cópia das obras
publicadas em Portugal). Além disso, possui diversos livros raríssimos, dentre eles uma
primeira edição de “Os Lusíadas” de 1572.

Castelinho do Flamengo

O   “Castelinho   do   Flamengo”,   como    é   popularmente
chamado, é hoje o Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho,
responsável por diversas atividades culturais gratuitas e por
abrigar uma Videoteca de mais de três mil filmes. Durante 32
anos serviu como residência familiar, até que em 1983,
através do apoio da comunidade do flamengo e do Conselho
Municipal de Proteção ao Patrimônio, o Castelinho foi
tombado.

O projeto foi feito pelo arquiteto italiano Gino Copede em 1916, com o intuito   Fachadas
de ser a residência do grande empreendedor da época Joaquim Silva Cardoso. A edificação
conta com um estilo eclético, de tendência italiana, que mescla art-noveau, barroco,
renascimento e neogótico francês, formando o “estilo castelinho”.


                                                                                            17
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


A fachada é constituída basicamente de dois volumes retangulares separados pela torre na
diagonal da residência, que cria a verticalidade do projeto. Logo na entrada destaca-se o
portão com fortes referências do art-noveau (bem como todas as grades que estão nas
janelas da casa) e o vestíbulo circular, envolto por pilares que misturam nos seus capitéis
elementos renascentistas e barrocos.

O pavimento inferior é composto por uma grande escadaria e duas salas principais, que
hoje servem para exposição e videoteca. Dirigindo-se ao pavimento superior notam-se
grandes vitrais em formas de filetes, que dão uma iluminação amena a escadaria. O
segundo pavimento é composto por três salas, que também servem de exposição, nas quais
os complexos ornamentos que compõe as sancas e os roda-tetos enriquecem os ambientes.
Aos fundos encontra-se ainda uma espécie de varanda circular que permiti uma ampla
visualização da rua.

O principal aspecto da residência é o alto nível de
detalhamento dos adornos, das caixilharias e dos
elementos estruturais presentes nos ambientes, desde os
mosaicos que compõe os pisos nas partes externas, até
as esculturas presentes em quase todos os ambientes da
casa, criando um clima de requinte e ostentação.            Ornamento do roda-teto

CONCLUSÃO

Dentro do panorama apresentado, podemos considerar o ecletismo como a arquitetura que
anunciou e representou uma fase revolucionária da história da humanidade, tornando
concreta a evolução originada pela Rev. Industrial, cujas inovações transformaram todo o
cenário mundial, num lema de modernidade e progresso material, alcançando o seu auge no
período da Belle Époque.

Referente ao reflexo desse panorama arquitetônico no Brasil pode-se considerar que, não
só um estilo foi importado, mas também algumas justificativas teóricas dessa nova
concepção, que criaram a idéia tanto de arquitetura como do próprio estilo no meio nacional.
Pode-se dizer que dentro desse contexto criava-se a concepção de que a arquitetura era
uma maneira para se alcançar certo pedante econômico, servindo de espelho para o novo
mundo capitalista.

Quanto aos estudos referentes a São Paulo e Rio de Janeiro, nota-se a grande diferença no
processo de adaptação do estilo em ambas as cidades. Enquanto no Rio de Janeiro o
ecletismo correspondeu a um desenvolvimento de mais de um século, em São Paulo, ele se
estabeleceu numa rapidez colossal, graças à fervorosa expansão do café. Porém




                                                                                             18
Universidade Presbiteriana Mackenzie


alcançaram os mesmo resultados: a construção de uma arquitetura altamente ligada a
modernidade européia.

Por fim, evidencia-se que esse período foi fortemente marcado por uma conturbação de
valores, nos quais as buscas pelo lucro e pela modernidade tiverem forte influência na
arquitetura do séc. XIX, criando um estilo baseado nas evocações do passado e sustentado,
literalmente, pelas inovações do séc., tanto de caráter construtivo como social e político.

Referências

ANNACLETO, Regina. Arquitetura Neomanuelina no Brasil a saudade da Pátria, Revista

BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. 3 ed. São Paulo-SP. Ed
perspectiva.1998

EFRON, J.P Comprendre l´Eclectisme. Paris, Norma, 1997.

FABRES, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. 1 ed. São Paulo- SP. Ed.
EDUSP. 1987

HOMEM, Maria Cecília Naclério. O Palacete Paulistano e outras formas urbanas de
morar da elite cafeeira: 1867-1919. São Paulo. Ed. Martins Fontes. 1996.

LEMOS, CARLOS A.C.. Alvenaria Burguesa. 2ed. Ed. Nobel, 1989

LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Arquitetura do Espetáculo: teatros e cinemas na
formação da Praça Tiradentes e da Cinelândia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.

NEEDELL, Jeffrey. Belle époque tropical: Sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na
virada do século. Tradução: Celso Nogueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

PATETTA, Luciano. História de La arquitetura [antologia crítica]. 1 ed. Madrid. Ed celeste
ediciones, S.A..1997.

PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. 2 ed. São Paulo-Sp. Ed. Martim
Fontes. 1943

RAMALHO, Maria Lúcia Pinheiro. Da Beaux-arts ao Bungalow. São Paulo, FAUUSP, 1989
(dissertação de mestrado).

ROMERO, José Luis. América Latina. As cidades e as idéias. Rio de Janeiro, UFRJ,
2004.

ROSENAU, Helen. A cidade ideal, evolução arquitetônica na Europa. 1 ed. São Paulo-
SP. Ed. Presença. 1988




                                                                                              19
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


Contato: arthurprimeiro@hotmail.com e jgsj@mackenzie.br




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Arquitetura eclética da Belle Époque no Brasil

  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie ARQUITETURA, ECLETISMO E BELLE ÉPOQUE: REFERÊNCIAS CULTURAIS PARA A COMPREENSÃO DE UM ESTILO Arthur Girotto Noronha Mansur (IC) e José Geraldo Simões Junior (Orientador) Apoio: PIBIC/Mackenzie Resumo A pesquisa teve por objetivo estudar a relação entre a arquitetura e o contexto social de um período bastante emblemático da história contemporânea: aquele que vai do final do século XIX até meados da década de 1910, período marcado por grande prosperidade econômica, estabilidade política e progresso no campo científico, artístico e cultural – período conhecido como Belle Époque. A metodologia do trabalho se fundamentou em um extenso levantamento bibliográfico, apurando as seguintes temáticas: a Europa contextualizada na Rev. Industrial, Ecletismo, Belle Époque, e os reflexos da cultura européia no Brasil, com enfoque em São Paulo e Rio de Janeiro. Em uma segunda etapa ocorreu uma classificação de projetos que permitissem uma análise prática do assunto, incidindo uma pesquisa de campo tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Os projetos são os seguintes: Casa das Rosas, Edifício Sampaio Moreira e Teatro Municipal (São Paulo) e Real Gabinete Português de Leitura, Teatro Municipal e Edifício Seabra (Rio de Janeiro). Como resultado alcançado ao longo do processo, obteve-se uma série de informações decorrentes de análises técnicas sobre diversos projetos arquitetônicos (inserindo-as no contexto social, político e econômico) e material iconográfico (fotos e desenhos técnicos) que comportaram a criação do trabalho como um todo. Conclui-se que a pesquisa permitiu uma apreciação intimista do tema, procurando expor informações pouco interpretadas através de estudos práticos correlacionados a teorias. Palavras-chave: Belle Époque, ecletismo, arquitetura eclética Abstract The aim of the research is to study the relationship between architecture and the social context of a period quite emblematic of contemporary history: one that runs from the end of the 19th century until the mid-1910s, a period marked by great economic prosperity, political stability and progress in the field of scientific, artistic and cultural- period known as the Belle Époque. The methodology of work is grounded in an extensive bibliographical, noting the following themes: Europe contextualized in Industrial Revolution, Eclecticism, Belle Époque, and reflections of European culture in Brazil, with a focus in São Paulo and Rio de Janeiro. The second step was choosing projects that allowed a practical analysis of the subject, focusing a field research in São Paulo and in Rio de Janeiro. The projects are the following: Casa das Rosas, Sampaio Moreira Building and Theatro Municipal (São Paulo) and the Royal Cabinet of Reading, Teatro Municipal and Building Seabra (Rio de Janeiro). As a result reached throughout the process, was obtained a series of theoretical information (technical analyses of various architectural projects and contexts of social, political and economic) and iconographic (photos and technical drawings) that allowed the creation of the work as a whole. It is concluded that the research has permitted an intimate appreciation of the theme, seeking to expose information little interpreted through case studies correlated the theories. Key-words: Belle Époque, eclectic, eclectic architecture 1
  • 2. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 INTRODUÇÃO A arquitetura pode expressar não somente o ideário de um sistema político vigente, como também um meio de referência para o mesmo, por exemplo: em um período marcado por uma monarquia absolutista, como quando a realeza francesa produziu Versalhes, cria-se uma arquitetura que expresse a imponência e o esplendor do governo; entretanto em uma sociedade democrática, a arquitetura pode se anunciar com maior liberdade e diversidade estilística. A partir dessa premissa cria-se o questionamento: de que maneira esse aspecto se propaga dentro de uma sociedade, mudando e implicando não só a atitude estética e conceitual da arquitetura, bem como a postura moral e ética das pessoas. Para tanto, escolheu-se o período da Belle Époque, cujo contexto se caracterizou por uma liberdade de expressão muito grande, não só no campo da arte, mas também nas outras ciências, além de estabilidade política e econômica. Um dos principais objetivos da pesquisa foi avaliar o quadro histórico europeu, numa sociedade que na época servia de referência para todo o mundo. Por sua vez, investigou-se de que maneira esse panorama tomou forma na arquitetura, e como serviu de referência para a construção da cidade brasileira, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto na criação de um ideário social, focando principalmente as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico se fundamentado em duas vertentes principais: a – sobre a temática da Europa contextualizada na Revolução Industrial e na Belle Époque, focando nas conseqüências do meio urbano: livros de Benevolo e Patetta, e dissertação de mestrado de Ramalho. b – sobre a temática do reflexo da cultura européia no Brasil, com destaque as referências ecléticas: livros de Fabris, Lemos, Needell, Homem e dissertação de mestrado de Ramalho e Pereira. Europa A Revolução Industrial se iniciou por volta de 1760 na Inglaterra acarretando num conjunto de mudanças tecnológicas, inovações de materiais e mão de obra. Ao longo do processo substitui-se o meio agrícola pelo industrial, criando a produção em massa, o trabalho manual pelo maquinário, e criou-se um novo panorama regional onde haviam grandes cidades ocupadas por uma alta densidade demográfica, fábricas e ferrovias. Esse quadro estava 2
  • 3. Universidade Presbiteriana Mackenzie prestes a alterar profundamente a Europa, ocorrendo uma expressiva transformação nos aspectos econômicos, políticos e sociais Essa crescente população que habitava o meio urbano começou a criar novas necessidades de adequação ao meio industrial, tendo como conseqüência uma maior demanda por hospitais, escolas, aumentos na malha ferroviária e novos edifícios. Para se ter uma noção, no período de um século entre 1800 e 1900 a população européia passou de 187 milhões para 420 milhões de habitantes. Frente a esse novo quadro geral surgem paradoxos, de um lado a racionalidade industrial aprimorada nas conquistas tecnológicas e materiais, de outro, os valores antigos que se manifestavam através de um caráter romântico idealizando épocas anteriores; de acordo com Ramalho (1989) essa oposição cria um fator marcante para a arquitetura: “Esse sentimento difuso de perda de dignidade, de menosprezo pelas conquistas materiais contemporâneas, teve influência decisiva no desenvolvimento da arquitetura do período, caracterizada pelo gosto pela citação e pela evocação, por referências históricas e associações emocionais. São resgatados então elementos da Antiguidade Clássica, da Idade Média, de civilizações distantes, etc., combinados e interpretados das mais diversas maneiras.” (início das primeiras manifestações ecléticas) A nova configuração da cidade, relacionada à nova arquitetura que surgia, junto às infindáveis necessidades da população, mais a crítica questão da salubridade somada ao nascimento da classe operária, requeria um novo planejamento urbano adequado as essas novas necessidades. Para tanto surgiram diversas propostas para a organização da cidade industrial, nas quais se destacou o plano de Haussmann para Paris. Basicamente a idéia de Haussmann fundamentava-se na criação de grandes eixos de comunicação que cortavam a cidade e implantação de grandes espaços abertos. Esse planejamento serviu de inspiração e referência para o mundo todo, como veremos adiante nas reformas urbanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Os arquitetos desempenhavam um papel pequeno nas decisões do plano de Paris, limitando-se a dar forma aos edifícios encomendados. Sem poderem questionar ou opinar, limitavam-se a reprodução de algum estilo, como o gótico ou o neoclássico, seguindo a tendência eclética da época. Os arquitetos viam-se em crise, apesar de estarem em um período de relativa liberdade estilística, eram rotulados a padrões escolhidos pela burguesia construindo uma arquitetura banal. Foi aproximadamente nesse período que o ecletismo tornou-se predominante, em que gradativamente os arquitetos começaram a ter a possibilidade de escolher variados estilos arquitetônicos, procurando entender todos os tipos de arquiteturas construídas ao longo da 3
  • 4. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 história. Para os ecléticos não deveria ocorrer à legalidade de um sistema filosófico, e sim a escolha racional de qual estilo era mais adequado de acordo com o contexto a qual o projeto fosse implantado. Divide-se o ecletismo em duas tipologias: aquele em que o arquiteto escolhe qual estilo se adapta mais ao local e o ecletismo sintático, no qual havia uma combinação de elementos de variados estilos. Surgiram aqueles que eram contrários ao ecletismo, afirmando que o “novo estilo” proclamava a cópia ou a banalização dos estilos passados, fazendo uma catalogação com prós e contras. Os defensores sugerem que o período dá ao arquiteto uma maior liberdade de expressão, evitando qualquer modismo que pudesse surgir no meio das artes. Havia ainda os defensores de uma escolha racional e objetiva de um estilo, que se adequasse melhor ao contexto. Dentre eles destaca-se Viollet Le Duc, que imprimiu uma ótica racional ao movimento neogótico, que serviu de grande influência para a geração seguinte. Com o tempo o ecletismo se encontrou em crise pela sua incapacidade de acompanhar as dinâmicas do mundo industrial, em que a arquitetura deveria ser agradável a primeira vista, de fácil construção, ter a possibilidade de ser repetida muitas vezes e se adaptar aos novos materiais, como o ferro, que permitia a criação de estruturas para obras grandiosas, e o vidro ou aço. A crise ainda alterou a relação entre arquitetos e os engenheiros e construtores; os engenheiros produziam com as novas técnicas e materiais projetos antes inimagináveis, que tentavam se adaptar ao estilo historicista. Nota-se ainda que o uso de novos materiais por parte dos engenheiros tornou-se freqüente em programas que surgiram com a industrialização: ferrovias, estufas, mercados, pavilhões e etc.. Além disso, materiais como ferro tornaram-se bastante populares pela possibilidade de os componentes serem vendidos separadamente, capacitando à construção em localidades onde não havia indústria ou mão de obra qualificada. Sendo assim o ecletismo ficou reservado a certos tipos de edifícios, bem como ãs inovações. A crise estende-se ainda ao meio acadêmico: na École Beaux Arts em Paris ocorre o incessante confronto entre os racionalistas ecléticos e os conservadores da academia, tentando-se criar um curso livre de tendências e estilos, baseado na liberdade de escolha. A crise compreendendo não somente a teoria, mas também os projetistas, criou magnitudes significativas entre 1880 e 1890, a partir daí ocorre intimas relações entre arquitetos e artistas, em que movimentos inovadores ganham certa força no período da Belle Époque, devido um panorama econômico e político favorável. 4
  • 5. Universidade Presbiteriana Mackenzie Brasil A princípio o Brasil era somente uma colônia onde se montou um aparato produtivo que gerava lucro para a metrópole, onde tudo era importando e destinado para a venda no exterior. O único traço intelectual se localizava na catequese aplicada pela companhia de Jesus, notando-se o caráter supérfluo da cultura. De acordo com Ramalho (1989) esse quadro geral agregou características que até hoje se verificam: gosto pelas generalidades, a preocupação excessiva com a forma e o abandono do conteúdo, a desvinculação com a realidade, o gosto pela erudição, a associação entre cultura e ociosidade e a desvinculação entre trabalho físico e trabalho intelectual. Somente quando houve a descoberta do ouro em Minas Gerais que esse quadro se altera; ocorre um significativo desenvolvimento urbano, acompanhado de um elevado crescimento demográfico, junto à ampliação da divisão do trabalho e da cultura. Gradativamente a partir do séc. XVIII que se inicia um pensamento cultural português na elite intelectual da colônia, fato que se aguçou com a vinda de Dom João VI em 1808. Sua vinda acarretou a abertura dos portos, a criação do primeiro jornal, dos primeiros livros, da primeira biblioteca e etc.. Dom Pedro tinha por objetivo transformar o Rio de Janeiro em uma cidade à altura de seu status, importou-se uma variedade enorme de materiais para substituir o ar orientalizante e grotesco, mudando até mesmo diversas determinações legais sobre construção. Criaram-se cursos superiores e instituições culturais de acentuado cunho europeizante, inserindo-se a Missão Francesa. Interessante ressaltar que essa grande reforma acarretava apenas uma troca de paradigmas, o referencial cultural passou de Portugal (como no colonialismo) para França (literatura e filosofia) e Inglaterra (quase tudo que era exportado, marcando o séc. XIX pela presença inglesa). A Missão Francesa comentada acima trazia através dos artistas o estilo neoclássico, que correspondia à etapa inicial da prática eclética na Europa, uma vez que a arquitetura colonial era extremamente simples, além de não haverem escolas de arquitetura até 1826, ano de fundação da Belas Artes do Rio de Janeiro. A Belas Artes mostrou-se inútil do ponto de vista de necessidades requeridas pelo país, frente à formação pouco técnica dos alunos tornando-se um grande entrave para arquitetos como Grandejean de Montigny, professor da Imperial Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro e egresso da Beuax Arts de Paris, que encontrou diversas peripécias, tanto econômicas quanto pessoais, ao tentar aplicar seus projetos. 5
  • 6. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Suas obras causaram polêmica por divergirem do pensamento português que atuava na corte até então. Suas idéias traziam projetos grandiosos que sacrificavam a praticidade e originalidade por um ideal neoclássico, confrontando-se com a avaliação em termos práticos dos portugueses. A transplantação direta do neoclassicismo francês para o Brasil não ocorreu sem qualquer contestação, o que aconteceria mais tarde com o ecletismo no fim do séc. XIX para o início de XX. Sendo assim a Missão Francesa correspondeu a uma implantação direta do ecletismo europeu da época, que foi possível somente por que os arquitetos saíram da França (esta que vivia um período conturbado com a queda de Napoleão). A missão correspondeu a uma das tentativas mais precoces de trazer a modernidade européia para o Brasil. Rio de Janeiro “A Belle époque carioca pode ser considerada quer como o apogeu de tendências específicas de longa duração, quer como fenômeno inédito, assinalando uma fase única da história cultural brasileira.” (Needell, 1993) A Belle Époque no Rio de Janeiro tem início com a ascensão de Campos Salles ao poder (sucessor de Prudente de Morais), em 1898, tornando-se o quarto presidente da República, e com a recuperação da tranqüilidade sob a proteção das elites regionais. Neste ano registrou-se uma mudança sensível no clima político, que logo afetou o meio cultural e social. O seu governo foi marcado pela busca de soluções financeiras, implementando um conjunto de medidas para deflacionar a economia e aumentar a arrecadação. Importante ressaltar que antes desse período, o Brasil sofria profundas instabilidades políticas, marcadas por uma variedade de questões. Antes da proclamação da República, a Monarquia passava por uma série de problemas que abalavam a sua credibilidade: crise econômica (devido os autos gastos da Guerra do Paraguai), a questão abolicionista, a questão religiosa, a questão militar e a forte atuação das idéias republicanas. Com isso, em 1889 deu-se o golpe militar ocorrendo à proclamação da República, que de início teve um governo provisório militar, comandado pelo marechal Deodoro da Fonseca. Esse governo provisório destacou-se pelo esforço da implantação de um regime republicano e por grande instabilidade política e econômica. Esse quadro de crise forçou os novos governantes a recorrerem aos poderes de São Paulo, como preço a pagar pela sobrevivência da República, elegendo em 1894 Prudente de Morais, que representava a ascensão da oligarquia cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional. Por meio de uma nova composição política, reinstituiu-se uma ordem favorável ás estruturas sociais e econômicas tradicionais. Os setores urbanos e médios, em processo de fortalecimento desde as transformações sócio-econômicas nos meados do século, sofreram 6
  • 7. Universidade Presbiteriana Mackenzie uma dura derrota. Todo o contexto da Belle Époque é compreensível se analisarmos todos os acontecimentos citados. O final do séc. XIX marca a permanente vitalidade, e mesmo, o predomínio de padrões que podem ser percebidos em todo o eu transcurso. Seguindo o exemplo das grandes civilizações européias (Inglaterra e França), o Rio de Janeiro espelhou-se nas colossais reformulações urbanas de Haussmann, tentando igualmente resolver problemas de saneamento e circulação. Após anos de reformas parciais e frustradas, o Rio recorreu a uma reforma urbana definitiva em sua história, que seria marca registrada de sua Belle Époque. No governo de Rodrigues Alves principiou-se a cogitar uma grande reforma urbana, colocando em pauta a necessidade de um porto mais moderno para atrair o comércio, o capital e a imigração européia. Um dos primeiros passos para tanto, foi a nomeação de Pereira Passos, encarregando de implementar o aspecto urbanístico de sua política. Destaca-se também a nomeação de Oswaldo Cruz, para liderar o esforço de erradicação da peste bubônica, febre amarela e da varíola na cidade. Pereira Passos recorrendo a um esforço conjunto das autoridades ministeriais e municipais encarregou-se do planejamento global da cidade (com exceção dos postos e vias adjacentes), enquanto a mais notável das reformas foi entregue a Paulo Frontin, cujo trabalho foi à abertura da Av. Central, que conectava o Porto e o centro da cidade, além de dar acesso à outra nova avenida, a Av. Beira Mar (facilitando a conexão coma Zonal Sul). Além delas abriu-se também o que hoje são a Av. Rodrigues Alves e a Av. Francisco Bicalho. As reformas feitas pelo governo transfiguraram totalmente boa parte do mundo proletário; o alargamento de ruas permitia a maior entrada de luz e ventilação, a alteração no traçado de antigas ruas e abertura de novas permitia uma melhor circulação e maior interconexão entre elas. Além disso, houve um aumento significativo na qualidade e na quantidade de mecanismos urbanos, como a pavimentação das ruas, a construção de calçadas, estradas asfaltadas, a abertura do túnel do Leme, iniciou a construção da Av. Atlântica, a demolição do mercado municipal que desfigurava o bairro da Glória e ergueu outro perto das instalações portuárias, embelezou locais como as praças Quinze de Novembro, Onze de Junho, largo do Machado, o passeio público e etc. A reforma não abrangia apenas o plano físico da construção civil, mas também o campo social: proibindo a venda ambulante de alimentos, a criação de porcos dentre limites urbanos, o descuido com a pintura das fachadas, entre outras medidas consideradas inapropriadas, de costume “bárbaro” e “inculto”. 7
  • 8. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Conclui-se então que não se pouparam esforços para assemelhar a reforma urbana ao plano haussmanniano de Paris; além da abertura de novas vias, alargamento delas, maior iluminação e ventilação, destaca-se ainda: a preocupação na escolha de um estilo arquitetônico, a criação de uma ampla perspectiva causada por uma avenida central, a execução de jardins nas praças, a particular atenção na versão carioca da Opera de Paris, e etc. Todos esses aspectos parisienses foram primordiais para o significado da Belle Époque carioca que emergia no governo de Rodrigues Alves. A Avenida Central A Av. Central é o melhor exemplo do que é a Belle époque carioca, um imenso boulevard cortando as construções coloniais da Cidade Velha. O seu traçado foi definido pelo ministro dos transportes Lauro Müller, deixando o planejamento e construção para Paulo Frontin. Sua concepção foi formulada ultrapassando excessivamente as necessidades viárias da época, tornado-se não apenas uma avenida, mas o cartão postal do Rio de Janeiro. O objetivo era que a Avenida se tornasse uma vitrine da civilização. Frontin assim como Haussmann, estipulou a altura e a largura de cada fachada e determinou que os projetos fossem analisados por um júri. As fachadas eram uma exaltação ao ecletismo francês, consagrando a visão da Beaux-Arts de Paris. O ecletismo tardio (1860-1920) sofrera influências de diversas correntes arquitetônicas: do romantismo, tanto no seu sentido exótico como histórico; do classicismo, em função de seus diversos vínculos com as diversas manifestações européias deste estilo; e do barroco, no uso de “contraponto de ritmos visuais”. Um exemplo típico seria a Opera de Paris, de Charles Garnier, cujos pensamentos afirmavam que “arquitetura era uma propiciadora de experiências de conforto principesco e espetáculo imperial, capaz não somente de provocar um impacto naqueles que a contemplavam, como também de moldar a percepção das pessoas sob sua influência”. Os fatos descritos acima eram os princípios que pairavam o discernimento do júri, encarregados de julgar as fachadas. Fortemente marcados pela Beaux Arts, 14 projetos levavam a assinatura de Adolfo Morales de Los Rios, ex-aluno da faculdade, destacando-se dentre suas obras o Palácio Episcopal, os prédios de “O Paiz”, o café Mourisco, o “Edifício das Águias” e a nova sede da Escola Nacional de Belas Artes. Determinados prédios se destacavam mais que outros, como: O Teatro Municipal (1909) de clara influencia da ópera de Paris, O Palácio Monroe (1906), a Biblioteca Nacional (1910) e a Escola Nacional de Belas Artes (1908). Os edifícios ao longo da avenida reforçavam a idéia de progresso e civilização. Com isso podemos perceber: a interpretação, dos brasileiros, do que é civilizado a partir de uma ótica parisiense; a adaptação dessa visão no 8
  • 9. Universidade Presbiteriana Mackenzie nosso contexto urbano e social, ou seja, como essa arquitetura se moldava, o que de forma geral não passava de uma construção simples e funcional completamente desconexa (esteticamente e funcionalmente) de sua fachada. Apesar desses fatores os edifícios mantinham certa afinidade com os ensinamentos da Beaux-Arts. Outro fato a ser destacado é que, os traçados das avenidas de Paris tornaram-se reveladores por freqüentemente conduzirem os olhos a um monumento que exaltava a grandeza histórica francesa. No Rio de Janeiro não foi diferente, duas extremidades da Av. Central formavam um contraste simbólico: cada uma delas une a “Colônia” a “Metrópole”, sugerindo uma articulação na Belle Époque. Cada monumento marcava uma extremidade: ao norte havia uma coluna com uma estátua de Visconde de Mauá, pioneiro da industria e das finanças brasileiras,ao sul havia um obelisco para celebrar a conclusão da avenida. A Avenida exaltava dois pólos: a realidade colonial e o dinamismo da Metrópole tornando possível a fantasia de civilização compartilhada pelos cariocas de elite na Belle Époque. De forma geral, todas essas reformas e remodelações manifestavam o início da afirmação do Brasil como civilização reconhecida internacionalmente. No Rio, mesclou-se a antiga predisposição colonial aos valores europeus, concretizando as contradições e pressupostos implícitos na Belle Époque carioca. São Paulo Carlos Lemes coloca o ecletismo como uma somatória de produções arquitetônicas surgidas a partir do final do segundo quartel do século retrasado (XIX), que veio juntar-se ao neoclássico histórico, surgido por sua vez em contraposição ao Barroco. Ele diz: “Naqueles dias, primeiramente vieram às obras neogóticas em contraposição às neoclássicas e dessa coexistência inicial é que veio à tona no panorama arquitetônico a expressão filosófica “Ecletismo”, que designava primordialmente a tolerância a duas idéias ou dois comportamentos concomitantes. ”(Lemos, 1987). Cria-se então uma liberdade para criar. Esse quadro geral se manifestava de forma diferenciada em São Paulo, devido os trezentos anos de isolamento serra acima. Inicialmente havia uma arquitetura arcaica, feita pela taipa de pilão introduzida pelo Pátio do Colégio. Portanto, desde os anos finais do séc. XVIII até 1850 não havia nenhum novidade arquitetônica. O fato que serviu de propulsor para crescimento de São Paulo foi à proliferação do café. Primeiramente ele levou prosperidade ás cidade do Vale do Paraíba, então só quando suplantou a cana de açúcar no antigo quadrilátero de açúcar e quando houve a instalação da estrada de ferro pelos ingleses (1867) é que São Paulo iniciou sua caminhada ao desenvolvimento. Esse período é muito importante, pois é a partir daí que São Paulo assumiu sua liderança político e econômico. 9
  • 10. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Esse contexto era perfeito para a recepção do ecletismo, sinônimo de progresso e linguagem do poder econômico. “Era o capitalismo inaugurado com o café que chegava a cidade” (Lemos, 1987). Com isso definiu-se o alto comércio, lojas, restaurantes, luxuosas confeitarias, hotéis de alta categoria, sempre com fortes referências francesa. A velha taipa foi substituída pelo tijolo, reconstruindo São Paulo em alvenaria; a maioria dos materiais usados era estrangeira, colocando-nos em uma situação inesperada: o uso de materiais e técnicas desconhecidas junto a uma estética importada. Em 1875, praticamente no início dessa expansão urbana, tinha-se menos de três mil prédios em São Paulo, já em 1886 (ano em que Ramos de Azevedo inicia seu trabalho na capital) tinha-se mais de sete mil prédios. Em 1900 passava-se de vinte e um mil prédios. Eliminado o cenário provinciano, a variedade e a quantidade passaram a compor o cenário, sem repetições, mas ao mesmo tempo homogeneizado pelas regras de composição. Era o ecletismo retratado pela “superposição de elementos semânticos do vocabulário historicista” (Lemos, 1987). Podem-se classificar as construções paulistanas, a partir da segunda metade do séc. XIX através de algumas definições estilísticas, com repertórios classicizantes, historicistas, ou então movimentos ligados a renovação artística, como o Art Nouveau ou Floral, New Style, o Secessão, etc.. A partir de uma categorização feita por Carlos Lemos podemos localizar as construções ecléticas em: 1- Neoclássicas ditas ortodoxas (1850/60) 2- Neoclássica na primeira intenção, mas comprometidas principalmente pela composição renascentista. 3- Muitas construções neo-renascentistas, despoliciadas e não executadas por profissionais qualificados. Esse terceiro grupo é o que possui maior variedade de manifestações. , uma análise dele é uma análise do próprio ecletismo. Nesse período surgem muitas obras que se resumiam no arremate de obras feitas em taipa, colocando alguma decoração francesa. 4- Obras Art Nouveau, mas que também incluem trabalhos de inspiração alemã ou austríaca ligadas ao movimento Secessão. O Art Nouveau contaminou toda a produção de objetos, móveis e etc. Exigia arquitetos sensíveis e jamais se popularizou. Podem-se destacar como arquitetos somente Dubugras e Ekman. 5- Ecletismo historicista, sendo o neogótico mais presente nesse grupo. Foi na arquitetura residencial que praticamente não havia limites, a Av. Paulista tornou-se palco da arquitetura eclética historicista, onde se podem encontrar residências arabizastes, otomanas, românicas, góticas, neoclássicas, etc. 6- Construções Neocoloniais. 10
  • 11. Universidade Presbiteriana Mackenzie 7- Obras populares nascidas da reprodução simplificada dos modelos eruditos neocoloniais. 8- Art Déco, trazido no final da década de 1920. Dentre os arquitetos que se destacaram, tem-se Ramos de Azevedo que vem de Campinas a São Paulo em 1886, e projeta os dois primeiros edifícios destinados a administração pública: a Secretaria da Fazenda e a Secretaria da Agricultura, decoradas com estilo renascentista, mas com volumetria, frontão e colunata neoclássicas. Figurou-se como um dos principais arquitetos brasileiros daquele tempo, transfigurando a paisagem urbana do centro de São Paulo. MÉTODO O método de pesquisa procurou manter uma intrínseca relação entre contexto histórico e seus reflexos no meio urbano, considerando a movimentação da realidade, focando prioritariamente no caráter arquitetônico. A primeira etapa compreendeu um extensivo levantamento bibliográfico, cujas temáticas foram desenvolvidas detalhadamente na introdução e no referencial teórico. Numa segunda etapa buscou-se a classificação de edifícios que se caracterizavam pelo estilo eclético, recolhendo dados teóricos, fotos e desenhos técnicos (plantas, cortes e elevações), procurando um entendimento tanto conceitual quanto estético das obras, analisando os estilos mesclados, os espaços de circulação e permanência, além da estrutura projetual. Dentro desse processo ocorreu uma pesquisa de campo, em São Paulo e Rio de Janeiro, que permitiu uma observação mais detalhada dos projetos escolhidos e uma descrição mais intimista das obras. Em São Paulo escolheu-se a Casa das Rosas, o Edifício Sampaio Moreira e o Teatro Municipal, e no Rio de Janeiro, o Real Gabinete Portugues de Leitura, O Teatro Municipal e o Castelinho do Flamengo. Por fim, criou-se uma análise conclusiva, cujo objetivo foi relacionar e situar esses projetos com seus contextos históricos, e como a arquitetura buscou se expressar nesse período tão emblemático. RESULTADOS E DISCUSSÃO Teatro Municipal O surgimento do Teatro Municipal deve muito ao seu contexto histórico, que proporcionou diversos fatores favoráveis para uma necessidade latente da criação de um grande teatro para a cidade de São Paulo. O café e a indústria impulsionavam o comércio paulistano criando uma verdadeira elite paulistana, fortemente influenciada pelos valores culturais europeus, logo havia um grande desejo de construir um lugar a altura das grandes 11
  • 12. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 companhias estrangeiras; além disso, o único grande teatro da cidade (bem mais simples que o Teatro Municipal), o Teatro São José, havia incendiado em 1898. O projeto foi encabeçado pelos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi e pelo brasileiro Ramos de Azevedo. As obras tiveram início em 1903 e duraram oito anos de trabalho, sendo inaugurado pela ópera Hamlet. A arquitetura do teatro transfigura uma mistura de estilos que combinadas com a estrutura total demonstra fortes referências da Opera de Paris, de Charles Garnier. Em ambos podemos reparar o uso de colunas e colunatas contracenado com arcos e diferentes esculturas, além do uso de referências do teatro e da música para a criação de elementos que compõe a fachada. Destaca-se ainda a grande cúpula ao fundo que indiretamente compõe a fachada. De acordo com o arquiteto Ricardo Severo: "A arquitetura exterior do edifício é composta no estilo do renascimento barroco, ao qual os artistas italianos chamam 'seiscento'. E o estilo clássico, com tipos e módulos da renascença grego-romana, mais variada, porém, na apropriação desses tipos e com maior liberdade imaginativa no emprego da linha curva, nos motivos e detalhes ornamentais". (Lemos,Carlos.Ramos de Azevedo e seu escritório.Op.Cit.,p.69.) Além dos estilos havia ainda os materiais, que foram encomendados pelo escritório do Ramos de Azevedo, por toda a parte do mundo. Como exemplos pode-se citar: a armadura de ferro e o ferro artístico que vieram de Düsseldorf e Frankfurt respectivamente, o bronze artístico de Berlim, Paris e Milão; já os mosaicos vieram de Veneza e os mosaicos de pavimento, de Nova York e Berlim, os mármores de Siena, Verona e Carrara. Até os dias atuais o Teatro passou por duas grandes restaurações, a primeira foi feita por Tito Raucht, em 1951, que criou novos pavimentos para ampliar os camarins, reduziu os camarotes e instalou o órgão G. Tamburini. A segunda foi feita em 1986 a 1991, sendo comandada pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, restaurando o Teatro e implementando equipamentos mais modernos. Atualmente o teatro passa por uma nova reforma, dando prioridade a área do bar e restaurante, o salão nobre e a fachada do prédio. Baseou-se em fotos antigas para recriar a pintura interna e restaurar partes que estavam deterioradas. Também foram reformados todos os vitrais do teatro, originalmente fabricados na cidade de Stuttgart, na Alemanha. Ao longo dos anos, o Teatro foi responsável por inúmeras apresentações e marcos históricos, destacando-se a semana de Arte Moderna de 1922 que iniciou uma nova era nos campo das artes e da literatura no Brasil. 12
  • 13. Universidade Presbiteriana Mackenzie Fachada Frontal Fachada Lateral Sampaio Moreira Considerado o primeiro arranha-céu de São Paulo, o edifício Sampaio Moreira foi inaugurado em 1924 com seus 13 andares e 50 metros de altura. Localizado na Rua Líbero Badaró, sua construção inaugurou um novo padrão de edificações rompendo com a horizontalidade da cidade. Projetado pelo arquiteto Cristiano Stockler das Neves, que convenceu o comerciante José de Sampaio Moreira a bancar uma iniciativa civil de significativa magnitude para época, o edifício foi implantado a dedo de modo que ficasse de frente para o espaço entre dois pavilhões gêmeos do parque do Anhangabaú, já demolidos. Sobre o edifício algumas considerações podem ser feitas: “(...) na década de 20 floresceu uma segunda etapa do Ecletismo- não mais o historicista, mas um Ecletismo fixado na decoração, sem evocações, e mais atento às vantagens das novas técnicas construtivas, especialmente o concreto armado. (...) Foi o estilo de espírito eclético que se adaptou aos novos programas dos edifícios em altura, porque as novidades agora eram os prédios comerciais de escritórios e os apartamentos residenciais. 13
  • 14. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Houve quem procurasse adaptar à nova programação dos prédios altos o receituário historicista como Cristiano das Neves que, no edifício da Rua Líbero Badaró, de treze pavimentos mais o ático, denominado “Sampaio Moreira” e inaugurado em 1924, insistiu no estilo Luis XVI, usando, inclusive, pequenas janelas, não tomando partido das possibilidades dos grandes vãos que o concreto lhe permitia. Mas o corrente posicionamento dos arquitetos foi aquele que aconselhava discreta decoração entre as vidraças e um “coroamento” da obra com alguma cimalha mais trabalhada amparando alguma alegoria ou ornamento moldado em cimento. Nunca o paramento vertical era interrompido em sua uniformidade de baixo a cima, como fez Cristiano das Neves em seu prédio “Sampaio Moreira” pegando em meia altura um saliente balcão. Em fim um critério de composição rarissimamente usado ”. (LEMOS: 1999, p.99) Além disso, o projeto inaugurou o conceito de aranha-céu em Fachada Frontal SP, vindo das cidades norte-americanas, principalmente Nova Iorque e Chicago, abrindo porta a pensamentos como o de Henri Louis Sullivan, considerado o pai dos aranhas céus. Casa das Rosas Projetada em 1928, pelo arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo, a casa localizada na Av. Paulista, local que reunia a maioria dos milionários da época, foi feita para a sua filha no canto mais intimista da avenida, terminando sua construção em 1935. A partir do livro O palacete paulistano, podemos retirar importantes considerações para o entendimento da moradia burguesa da época: “O palacete paulistano do ecletismo constitui a manifestação do processo civilizador, sendo o espaço independente do estilo de arquitetura. Esse tipo de residência definiu-se na república, com a instituição da higiene pública e a separação dos papeis femininos e masculinos. Os programas do palacete revelaram o ideário burguês, atendido por uma arquitetura que propunha a individualização da casa e a conciliação dos estilos, espalhando o êxito socioeconômico do proprietário. Foram consagrados a casa em meio a jardins, a distribuição a partir do hall e um espaço para cada função a fim de evitar a sua superposição. Observaram-se a ordem, uma decoração profusa, baseada no excesso de móveis, tecidos, e objetos, ...” (Maria Cecília Naclério Homem, 2010) 14
  • 15. Universidade Presbiteriana Mackenzie A casa conta com o estilo eclético na sua composição, variando desde o neoclássico até referências do Art Déco. Localizada em um terreno de 5.500 metros quadrados, a casa possui 30 cômodos no estilo clássico francês, retomando elementos da renascença e do estilo Luis XV. Podendo ser considerada menos majestosa e colossal do que os outros casarões existentes na época, a casa tem como fato marcante e diferenciador o grande jardim exterior caracterizado pela simetria e limpeza. O Interior da casa é mais heterogêneo do que o exterior, mesclando elementos decorativos ingleses, principalmente nas aplicações em gessos. A casa é claramente dividida em área social, intima e serviço; logo na entrada a varando conta com um chamativo piso de pastilhas formando a área social externa, no térreo temos a presença da cozinha, salas e serviço. Transferindo-se ao piso superior, depara-se com um grande vitral que dá iluminação a escada, cuja imagem traduz um grande jardim com uma construção clássica. No nível superior localizam-se os quartos, os banheiros (muito marcantes pelos seus mármores rosa e verde) e a uma grande varanda que dá vista ao jardim. Interessante notar que há duas escadas de acesso ao segundo piso, uma localizada na sala central, e outra que dá acesso à cozinha e área de serviço. Até meados dos anos 80 a casa foi ocupada pelos netos de Ramos de Azevedo e evidentemente o local já não era mais o mesmo; os centros empresariais ocuparam o seu entorno bem como outras casas da Av. Paulista, criando a cara da modernização e progresso. Em 1985 a Casa das rosas foi tombada pelo Condephaat e hoje em dia serve como um centro cultural dedicado à poesia e literatura. Teatro Municipal do Rio de Janeiro Localizado na Praça Floriano, no centro da cidade, mais conhecida como Cinelândia, o Teatro foi inaugurado em 14 de julho de 1909. Tornou-se ao longo do tempo um ícone cultural e arquitetônico da cidade, juntamente com a Biblioteca Nacional, o Palácio Pedro Ernesto, o Museu Nacional de Belas Artes e a própria Av. Central. Fachada frontal O Teatro Municipal surge em um contexto de renovação do planejamento urbano, que pretendia transformar a imagem, a salubridade e a economia da capital federal, tornando-a um ícone do progresso material. Ele seria não só um exemplo da estética moldada aos costumes franceses, bem como uma figura pragmática do entretenimento da elite aristocrática da época e um rompimento dramático com o passado colonial.O concurso do 15
  • 16. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 projeto teve como resultado dois primeiros lugares, um de Francisco Oliveira Passos, filho do prefeito, e outro de Albert Guilbert, o que gerou grande polêmica em torno da escolha do projeto. No final das contas optou-se por uma fusão das duas propostas, pois ambas correspondiam a uma mesma tipologia. Assim como o de São Paulo, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro seguiu as mesmas premissas estéticas academicistas implantadas na Opera de Paris, aplicando o equilíbrio da estética clássica junto a harmonia expressiva do barroco. A fachada monumental é fortemente caracterizada pelas grandes colunas coríntias, pela visão dos dois pavimentos e pelas três cúpulas da cobertura. Nota-se ainda as esculturas de Rodolpho Bernardelli, fazendo referência a poesia, a música, a dança, ao canto, a tragédia e a comédia. Em cada uma das laterais chamam a atenção às loggie com seus balaustres, seus tetos em cerâmicas, seus pisos de mosaico e as seis colunas de mármore com seus capitéis em ouro. No interior há o corpo central que é dividido em vestíbulo de entrada, feito dos mais diversos mármores, as escadas, que dão acesso aos pavimentos superiores, e o foyer, todo decorado em Luis XVI; pelas laterais encontram-se as rotundas que servem de descanso para o público que chamam atenção nas pinturas no teto de Henrique Bernadelli e os painéis de Rodolpho Amoedo. No pavimento inferior encontra-se o restaurante Assyrio, inteiro revestido de cerâmica esmaltada inspirado na antiga Babilônia. Por fim a sala de espetáculos com 2244 assentos, marcada pelo grande lustre central de bronze dourado, com suas 118 lâmpadas, e pelas obras de Elyseu Visconti. Inicialmente o Teatro recebia apenas companhias estrangeiras, principalmente da França e Itália, hoje possui os seus próprios corpos artísticos, sendo a única instituição brasileira a manter ao mesmo tempo um coro, uma orquestra sinfônica e uma companhia de ballet. Real Gabinete Português de Leitura O Real Gabinete de Leitura surgiu com o intuito de reunir e agrupar os portugueses residentes no Rio de Janeiro, que tinham certos interesses em comum, podendo criar uma identidade lusitana fora de sua terra natal, que seria alcançada através da leitura. Após sucessivos lugares que serviram de sede para o Gabinete e com o contínuo crescimento do acervo, Interior da sala principal em 1861 começou-se a pensar na construção de um lugar próprio que pudesse corresponder às expectativas dessa instituição que se consolidava. Constantes mudanças e 16
  • 17. Universidade Presbiteriana Mackenzie indecisões marcaram a escolha do projeto, mas em 1880 os responsáveis pelo Gabinete optaram por aquele que tinha os desenhos caracterizados pelo estilo manuelino, do arquiteto Rafael da Silva Castro. Essa escolha representava de forma geral um desejo de se obter um espaço que fosse rico em referências culturais, traduzindo um patriotismo português. Importante ressaltar que a arquitetura manuelina surgiu no reinado de D. Manuel I (1491- 1521) no auge da expansão marítima, manifestando-se por uma liberdade criativa muito exuberante, carregada de uma complexidade plástica, naturalismo, dinâmica de curvas e referências da flora marítima e náutica. Muitos dizem que as manifestações manuelinas são interpretações portuguesas do gótico tardio. O aspecto mais significativo dessa arquitetura será a decoração que compõe o ambiente, cujos ornamentos são indispensáveis para as significações de exaltação real e religiosa. No século XIX há um ressurgimento desse estilo, como forma de nacionalismo. No dia 22 de dezembro de 1888 inaugurou-se oficialmente o Gabinete Real de Leitura, que mesclava o historicismo manuelino com o ferro do século XIX, sendo o primeiro edifício em estrutura metálica no Rio. No Brasil além do Real Gabinete, os principais edifícios manuelinos são o Gabinete Português de Leitura de Salvador e o Centro Português de Santos. Hoje em dia o Real Gabinete representa uma das mais importantes bibliotecas portuguesas fora de Portugal, além de ser a única que recebe o “depósito legal” (uma cópia das obras publicadas em Portugal). Além disso, possui diversos livros raríssimos, dentre eles uma primeira edição de “Os Lusíadas” de 1572. Castelinho do Flamengo O “Castelinho do Flamengo”, como é popularmente chamado, é hoje o Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho, responsável por diversas atividades culturais gratuitas e por abrigar uma Videoteca de mais de três mil filmes. Durante 32 anos serviu como residência familiar, até que em 1983, através do apoio da comunidade do flamengo e do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio, o Castelinho foi tombado. O projeto foi feito pelo arquiteto italiano Gino Copede em 1916, com o intuito Fachadas de ser a residência do grande empreendedor da época Joaquim Silva Cardoso. A edificação conta com um estilo eclético, de tendência italiana, que mescla art-noveau, barroco, renascimento e neogótico francês, formando o “estilo castelinho”. 17
  • 18. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 A fachada é constituída basicamente de dois volumes retangulares separados pela torre na diagonal da residência, que cria a verticalidade do projeto. Logo na entrada destaca-se o portão com fortes referências do art-noveau (bem como todas as grades que estão nas janelas da casa) e o vestíbulo circular, envolto por pilares que misturam nos seus capitéis elementos renascentistas e barrocos. O pavimento inferior é composto por uma grande escadaria e duas salas principais, que hoje servem para exposição e videoteca. Dirigindo-se ao pavimento superior notam-se grandes vitrais em formas de filetes, que dão uma iluminação amena a escadaria. O segundo pavimento é composto por três salas, que também servem de exposição, nas quais os complexos ornamentos que compõe as sancas e os roda-tetos enriquecem os ambientes. Aos fundos encontra-se ainda uma espécie de varanda circular que permiti uma ampla visualização da rua. O principal aspecto da residência é o alto nível de detalhamento dos adornos, das caixilharias e dos elementos estruturais presentes nos ambientes, desde os mosaicos que compõe os pisos nas partes externas, até as esculturas presentes em quase todos os ambientes da casa, criando um clima de requinte e ostentação. Ornamento do roda-teto CONCLUSÃO Dentro do panorama apresentado, podemos considerar o ecletismo como a arquitetura que anunciou e representou uma fase revolucionária da história da humanidade, tornando concreta a evolução originada pela Rev. Industrial, cujas inovações transformaram todo o cenário mundial, num lema de modernidade e progresso material, alcançando o seu auge no período da Belle Époque. Referente ao reflexo desse panorama arquitetônico no Brasil pode-se considerar que, não só um estilo foi importado, mas também algumas justificativas teóricas dessa nova concepção, que criaram a idéia tanto de arquitetura como do próprio estilo no meio nacional. Pode-se dizer que dentro desse contexto criava-se a concepção de que a arquitetura era uma maneira para se alcançar certo pedante econômico, servindo de espelho para o novo mundo capitalista. Quanto aos estudos referentes a São Paulo e Rio de Janeiro, nota-se a grande diferença no processo de adaptação do estilo em ambas as cidades. Enquanto no Rio de Janeiro o ecletismo correspondeu a um desenvolvimento de mais de um século, em São Paulo, ele se estabeleceu numa rapidez colossal, graças à fervorosa expansão do café. Porém 18
  • 19. Universidade Presbiteriana Mackenzie alcançaram os mesmo resultados: a construção de uma arquitetura altamente ligada a modernidade européia. Por fim, evidencia-se que esse período foi fortemente marcado por uma conturbação de valores, nos quais as buscas pelo lucro e pela modernidade tiverem forte influência na arquitetura do séc. XIX, criando um estilo baseado nas evocações do passado e sustentado, literalmente, pelas inovações do séc., tanto de caráter construtivo como social e político. Referências ANNACLETO, Regina. Arquitetura Neomanuelina no Brasil a saudade da Pátria, Revista BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. 3 ed. São Paulo-SP. Ed perspectiva.1998 EFRON, J.P Comprendre l´Eclectisme. Paris, Norma, 1997. FABRES, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. 1 ed. São Paulo- SP. Ed. EDUSP. 1987 HOMEM, Maria Cecília Naclério. O Palacete Paulistano e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira: 1867-1919. São Paulo. Ed. Martins Fontes. 1996. LEMOS, CARLOS A.C.. Alvenaria Burguesa. 2ed. Ed. Nobel, 1989 LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Arquitetura do Espetáculo: teatros e cinemas na formação da Praça Tiradentes e da Cinelândia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000. NEEDELL, Jeffrey. Belle époque tropical: Sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século. Tradução: Celso Nogueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. PATETTA, Luciano. História de La arquitetura [antologia crítica]. 1 ed. Madrid. Ed celeste ediciones, S.A..1997. PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. 2 ed. São Paulo-Sp. Ed. Martim Fontes. 1943 RAMALHO, Maria Lúcia Pinheiro. Da Beaux-arts ao Bungalow. São Paulo, FAUUSP, 1989 (dissertação de mestrado). ROMERO, José Luis. América Latina. As cidades e as idéias. Rio de Janeiro, UFRJ, 2004. ROSENAU, Helen. A cidade ideal, evolução arquitetônica na Europa. 1 ed. São Paulo- SP. Ed. Presença. 1988 19
  • 20. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Contato: arthurprimeiro@hotmail.com e jgsj@mackenzie.br 20