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Gôndola Vila Morena
 o contêiner como opção de moradia

  Residencial no Bixiga


  1.000 pessoas
                                   Memorial Justificativo

     500 contêineres              Um novo conceito de
                                  moradia no centro de
                                             São Paulo
    9.450 m2                        Projeto 4 – Fau-Mack
                                      Carlos Elson Cunha
                          Projessor de projeto: Luiz Ackel
Por que uma vila?

Porque incentiva o encontro entre os vizinhos. A forte rede social e o convívio
entre os moradores do Bixiga nos levaram a respeitar esse modo de morar. Nosso
projeto incentiva a inclusão, o contato e a visualização entre todos. Busca-se aqui
a vida em aldeia, com todos seus benefícios e custos.

Um de tais custos é, claramente, a redução da privacidade. Numa vila os vizinhos
sabem mais sobre a vida uns dos outros: quando chegamos, quando saímos, se
fizemos compra e, mesmo, se trazemos novos amigos ou amores à nossa
residência.

Ao mesmo tempo nós também envolvemo-nos com o grupo, em maior ou menor
grau, o que demanda uma refinada arte da convivência a fim de se ter menos
dissabores.

Todavia, essa vida em aldeia tem seus benefícios, um deles sendo a forte rede de
segurança informal, uma vez que na vila qualquer desconhecido prontamente é
identificado e pode ser abordado por qualquer morador com a singela pergunta:
“Quem o senhor está procurando, moço?”



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Por que uma vila? (continuação)

Jane Jacobs já ensinava, há 50 anos, que os olhos são a mais importante
ferramenta da segurança de um bairro. Poder ver onde estão seus filhos e ver
quem está chegando é grande fator intimidador dos mal-intencionados. Diferente
do silêncio de corredores assépticos e frios, as passarelas e ruas que interligam as
moradias em nosso projeto, é uma praça viva onde raramente alguém agirá em
secreto. Assim, a sensação de paisagem devassada, aberta, gera proteção aos
moradores.

Buscamos na vila italiana a inspiração para nosso projeto. Vizinhas
faladoras, crianças ruidosas, homens encontrando seus pares, amigos ou
não, para resolver questões de emprego, conserto de ferramentas e toda sorte de
interesses corriqueiros. Essa é a vida que buscamos para nossa quadra no Bixiga.

Propor uma habitação coletiva numa vila a céu aberto é inverter a lógica
construtiva do condomínio fechado. É criar uma alternativa na cultura residencial
em São Paulo, visando reduzir guetos, fomentando um morar cosmopolita em
que todos os níveis sociais e econômicos compartilhem o mesmo espaço.

 Uma vila, porque vivemos num país tropical e temos condições de viver a céu
aberto com maior contato com a natureza. A vila permite maior contato com o
sol, o vento e o céu.
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Como se lidou com os de mobilidade     Os contêineres     são falhos como
reduzida?                              residência?

Usamos a cota da Rua Santo Amaro       Não, se aceitarmos outros parâmetros
para ceder o primeiro pavimento aos    de morar. É verdade que possuem
moradores em tais condições.           várias          restrições:         são
                                       estreitos, possuem pé-direito fixo (a
Nesta primeira passarela haverá 14     menos que se abra o forro entre duas
apartamentos duplos (56 m2) e 28       peças assentadas uma sobre a
apartamentos simples (28 m2) assim     outra, dobrando a altura interna) e são
os cadeirantes ou outros deficientes   de metal – o que favorece calor
podem não só chegar em casa sem        interno.
mudar de piso como terão unidades
horizontais, sem escadas internas.     Entretanto é verdadeiro também que
                                       qualquer modo construtivo possui
                                       suas restrições – assim como
                                       vantagens. Na Europa já há propostas
                                       de apartamentos em containeres de
                                       luxo, o que dissocia o container da
                                       visão simplista de ser uma solução
                                       meramente “barata”. Ela pode ser
                                       boa, se bem pensada e trabalhada.
   Footer Text
Se o piso térreo é aberto, como se dará a segurança?

O complexo não terá muro. Os condôminos depois decidirão se haverá
alguma cerca viva de menos de um metro de altura na parte baixa do terreno
(Rua Jaceguai e Rua da Abolição.

A segurança se dará por porteiros nas 3 torres de acesso com escadas e
elevadores.

Os moradores terão circulação privativa para seus apartamentos (há uma
portaria na Rua Santo Amaro para conferir quem se dirige aos
apartamentos, não para quem vai usar a pista de skate). Assim o uso da
cobertura como área de lazer, é reservado aos moradores e seus convidados.
No bloco A se prevê pista de cooper e ciclovia.

No bloco B e C decks com poltronas ou divãs de madeira para se tomar
sol, ler um livro, abrir o notebook, e fumar. Mesas poderão ser usadas para
se jogar baralho, dominó, xadrez etc ou, no caso de alunos de
arquitetura, fazer projetos nos fins-de-semana e madrugada.




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Por que contêineres?

Por uma provocação.

Porque acreditamos ser possível morar sem dever ao banco por 30
anos. Porque achamos injusto um trabalhador pagar juros que, ao
final do financiamento, somaram mais de duas vezes o valor
original do imóvel (o container custa aproximadamente 40%
menos que uma construção convencional).

Porque entendemos ser papel do arquiteto apontar caminhos
novos. Porque este tipo de construção já é muito usado em outros
países e se provou válido. Porque a cidade e as pessoas precisam
de cor. Porque há um crescimento cultural quando entendemos ser
viável morar diferente.

Em outras palavras, romper modelos é saudável quando envolve
abrirmos a mentes a novas opções que estimulam nossa
criatividade.
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É possível viver-se confortavelmente num contêiner?

O amplo uso deles em unidades corporativas mostra que sim.

Centros de administração em canteiros de obras, centros de apoio em
eventos, unidades ambulantes de todo tipo de atividade empresarial
(estandes promocionais, centros de jornalismo em coberturas
esportivas, unidades médicas etc), são todos prova de que podemos
obter alto conforto interno nas peças.

Tais usos focam principalmente a mobilidade, mas demonstram ser
possível aliar uma boa ventilação, iluminação e qualidade de vida
internamente.




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Por que mudar a mão de direção na Rua da Abolição?

  Um empreendimento de tal magnitude necessita de uma circulação
  racional.

  Entendemos que o sentido horário é a melhor maneira de se dar a
  volta no terreno para os visitantes que venham de automóvel. Isto
  porque a Rua Jaceguai é uma artéria de forte movimento e não faria
  sentido inverte-la.

  Assim propomos: mão dupla de direção na Rua da Abolição, de
  modo que um motorista possa sair do conjunto por ela, seguir pela
  Rua Nestor, entrar na Rua Japurá (cuja mão propomos uma
  inversão), entrar na Rua Bixiga (também invertida), atingir a Rua
  Santo Amaro, seguir no sentido Praça Pérola Byington, dobrar a
  esquina com a Rua Jaceguai e chegar novamente ao lugar de
  saída, na Rua da Abolição.

  Estas alterações permitem que o grande fluxo de pessoas
  motorizadas afetem o mínimo possível o entorno.



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Como ficou a relação com o teatro Oficina?

É justo que nosso cliente use a seu bel-prazer a área pela qual pagou – assim
como é justo que o teatro siga sua vida em paz. Cedemos 3 metros no limite
entre as duas áreas como um jardim baixo, que entendemos ser uma fronteira
gentil e não oclusiva.

Entrementes a Vila Morena possui dois projetores de cinema aberto que usam
empenas dos vizinhos. Uma é a empena maior, do vizinho na Rua da
Abolição e outra é a empena do próprio Oficina. Assim a relação cultural deve
levar os moradores a verem com simpatia o tradicional teatro, uma vez que a
Vila tem espaços culturais para uso constante.

Exemplo disso é o palco junto à empena da Rua da Abolição. Este palco pode
ser usado para todo tipo de evento que a comunidade considere
interessante, até mesmo encenações teatrais ou óperas a céu aberto.

Entendemos que o uso da parede como tela não traga conflito, caso
houver, basta erguermos um painel rente às empenas, mas dentro da Vila
Morena.



                                                                       3/10/2012   9
Por que vigas metálicas com um metro de largura?

No bloco A, o maior de todos, as vigas encontram pilares que
ladeiam a construção até seu teto. O motivo é que temos um
assentamento de 150 metros e não se pode correr o risco de em um
eventual afundamento do terreno afetar a segurança dos moradores.
Nos blocos B e C, de menor proporção, as estruturas surgem apenas
na base das unidades.

Entendemos que ali, nos blocos B e C, há mais segurança, sendo que
uma eventual depressão do solo pode ser bem suportada pelas seis
colunas simples.

A largura das vigas do bloco A se explica por dois motivos: buscamos
o maior vão livre possível e, simultâneamente, as vigas encobrem os
encanamentos de água, esgoto e elétrica que ocorrem na parte
inferior do primeiro pavimento. Tais ductos também passam por trás
das vigas, se dirigindo ao solo.




                                                                       3/10/2012   10
Não é opressivo eliminar o estacionamento em um conjunto tão grande?

Não se tivermos em conta a ampla malha de linhas de ônibus na Av. Brigadeiro
Luiz Antonio e Rua Maria Paula; a proximidade do metrô, concluímos que a região
central da cidade permite o trânsito de pessoas em transporte coletivo com
razoável conforto.

Outrossim, nossa proposta aponta para o rompimento de paradigmas, uma vez
que a questão ambiental tem sido tratada com seriedade. A inexistência de
estacionamento leva milhares de pessoas a pensar nas vantagens de andar a pé, de
bicicleta, motocicleta ou ônibus. Aos que consideram deficiente o transporte
público em São Paulo respondemos que nosso projeto move o pensamento em
comunidade e a ação cidadã ativa, ou seja, é papel dos contribuintes exigir
qualidade no transporte coletivo.

Não podemos simplesmente construir visando o automóvel e reclamar da
qualidade de vida em São Paulo. É papel do cidadão cobrar do governo a
contrapartida por seus impostos quando, simultaneamente, abre mão do uso do
carro a favor de uma cidade menos poluída e congestionada. Viver sem carro não
equivale a viver pior. Não no centro da cidade. Aos que precisam de veículo para o
seu dia-a-dia, o mercado oferece estacionamentos por toda a região, de modo que o
custo de usá-lo recai apenas sobre seu proprietário.

                                                                         3/10/2012   11
Dados de área e ocupação
Área do terreno                                                                   9.414 m2
Área de 1 contêiner                              2,40m larg x 12m                    28,8 m2
Quantidade contêineres                           56 x 6 pavimentos                336 unidades

bloco 1
Quantidade de contêineres                        18 x 6 pavimentos                108 unidades

bloco 2
Quantidade de contêineres                        18 x 6 pavimentos                108 unidades

Bloco 3
Total geral                                                                       552 unidades
População total                                  552 x 2                         1.104 moradores
Apartamentos duplos horizontais: destinado aos   56 m2                            28 unidades

de mobilidade reduzida

bloco 1

Apartamentos kit (um só contêiner)                                                56 unidades

bloco 1
Duplex - bloco 1                                                                  126 unidades
Kit - bloco 2                                                                     108 unidades
Kit - bloco 3                                                                     108 unidades
Taxa de ocupação                                 9.414 x 0,7                        6.590 m2
Taxa de ocupação real                            2.576 (unidades) + 825 m2          3.401 m2

Área permeável                                   9.414 m2 – 3.514 m2                5.900 m2

Coeficiente de ocupação                          2,5 x 9414                        23.535 m2
Ocupação real: área construída                   552 x 28m2 + áreas de serviço     16.281 m2
                                                 comunitário
Gôndola Vila Morena
 o contêiner como opção de moradia

  Residencial no Bixiga


  1.000 pessoas

                                  Ao Professor Luiz Ackel
     500 contêineres
                          Meu agradecimento por apoiar
                            a ousadia de um projeto que
    9.450 m2                    buscou fugir dastorresde
                                              concreto.

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Cdhu principais programas e tipologias
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Gôndola Vila Morena: um novo conceito de moradia em contêineres no Bixiga

  • 1. Gôndola Vila Morena o contêiner como opção de moradia Residencial no Bixiga 1.000 pessoas Memorial Justificativo 500 contêineres Um novo conceito de moradia no centro de São Paulo 9.450 m2 Projeto 4 – Fau-Mack Carlos Elson Cunha Projessor de projeto: Luiz Ackel
  • 2. Por que uma vila? Porque incentiva o encontro entre os vizinhos. A forte rede social e o convívio entre os moradores do Bixiga nos levaram a respeitar esse modo de morar. Nosso projeto incentiva a inclusão, o contato e a visualização entre todos. Busca-se aqui a vida em aldeia, com todos seus benefícios e custos. Um de tais custos é, claramente, a redução da privacidade. Numa vila os vizinhos sabem mais sobre a vida uns dos outros: quando chegamos, quando saímos, se fizemos compra e, mesmo, se trazemos novos amigos ou amores à nossa residência. Ao mesmo tempo nós também envolvemo-nos com o grupo, em maior ou menor grau, o que demanda uma refinada arte da convivência a fim de se ter menos dissabores. Todavia, essa vida em aldeia tem seus benefícios, um deles sendo a forte rede de segurança informal, uma vez que na vila qualquer desconhecido prontamente é identificado e pode ser abordado por qualquer morador com a singela pergunta: “Quem o senhor está procurando, moço?” Footer Text
  • 3. Por que uma vila? (continuação) Jane Jacobs já ensinava, há 50 anos, que os olhos são a mais importante ferramenta da segurança de um bairro. Poder ver onde estão seus filhos e ver quem está chegando é grande fator intimidador dos mal-intencionados. Diferente do silêncio de corredores assépticos e frios, as passarelas e ruas que interligam as moradias em nosso projeto, é uma praça viva onde raramente alguém agirá em secreto. Assim, a sensação de paisagem devassada, aberta, gera proteção aos moradores. Buscamos na vila italiana a inspiração para nosso projeto. Vizinhas faladoras, crianças ruidosas, homens encontrando seus pares, amigos ou não, para resolver questões de emprego, conserto de ferramentas e toda sorte de interesses corriqueiros. Essa é a vida que buscamos para nossa quadra no Bixiga. Propor uma habitação coletiva numa vila a céu aberto é inverter a lógica construtiva do condomínio fechado. É criar uma alternativa na cultura residencial em São Paulo, visando reduzir guetos, fomentando um morar cosmopolita em que todos os níveis sociais e econômicos compartilhem o mesmo espaço. Uma vila, porque vivemos num país tropical e temos condições de viver a céu aberto com maior contato com a natureza. A vila permite maior contato com o sol, o vento e o céu. Footer Text
  • 4. Como se lidou com os de mobilidade Os contêineres são falhos como reduzida? residência? Usamos a cota da Rua Santo Amaro Não, se aceitarmos outros parâmetros para ceder o primeiro pavimento aos de morar. É verdade que possuem moradores em tais condições. várias restrições: são estreitos, possuem pé-direito fixo (a Nesta primeira passarela haverá 14 menos que se abra o forro entre duas apartamentos duplos (56 m2) e 28 peças assentadas uma sobre a apartamentos simples (28 m2) assim outra, dobrando a altura interna) e são os cadeirantes ou outros deficientes de metal – o que favorece calor podem não só chegar em casa sem interno. mudar de piso como terão unidades horizontais, sem escadas internas. Entretanto é verdadeiro também que qualquer modo construtivo possui suas restrições – assim como vantagens. Na Europa já há propostas de apartamentos em containeres de luxo, o que dissocia o container da visão simplista de ser uma solução meramente “barata”. Ela pode ser boa, se bem pensada e trabalhada. Footer Text
  • 5. Se o piso térreo é aberto, como se dará a segurança? O complexo não terá muro. Os condôminos depois decidirão se haverá alguma cerca viva de menos de um metro de altura na parte baixa do terreno (Rua Jaceguai e Rua da Abolição. A segurança se dará por porteiros nas 3 torres de acesso com escadas e elevadores. Os moradores terão circulação privativa para seus apartamentos (há uma portaria na Rua Santo Amaro para conferir quem se dirige aos apartamentos, não para quem vai usar a pista de skate). Assim o uso da cobertura como área de lazer, é reservado aos moradores e seus convidados. No bloco A se prevê pista de cooper e ciclovia. No bloco B e C decks com poltronas ou divãs de madeira para se tomar sol, ler um livro, abrir o notebook, e fumar. Mesas poderão ser usadas para se jogar baralho, dominó, xadrez etc ou, no caso de alunos de arquitetura, fazer projetos nos fins-de-semana e madrugada. Footer Text
  • 6. Por que contêineres? Por uma provocação. Porque acreditamos ser possível morar sem dever ao banco por 30 anos. Porque achamos injusto um trabalhador pagar juros que, ao final do financiamento, somaram mais de duas vezes o valor original do imóvel (o container custa aproximadamente 40% menos que uma construção convencional). Porque entendemos ser papel do arquiteto apontar caminhos novos. Porque este tipo de construção já é muito usado em outros países e se provou válido. Porque a cidade e as pessoas precisam de cor. Porque há um crescimento cultural quando entendemos ser viável morar diferente. Em outras palavras, romper modelos é saudável quando envolve abrirmos a mentes a novas opções que estimulam nossa criatividade. Footer Text
  • 7. É possível viver-se confortavelmente num contêiner? O amplo uso deles em unidades corporativas mostra que sim. Centros de administração em canteiros de obras, centros de apoio em eventos, unidades ambulantes de todo tipo de atividade empresarial (estandes promocionais, centros de jornalismo em coberturas esportivas, unidades médicas etc), são todos prova de que podemos obter alto conforto interno nas peças. Tais usos focam principalmente a mobilidade, mas demonstram ser possível aliar uma boa ventilação, iluminação e qualidade de vida internamente. Footer Text
  • 8. Por que mudar a mão de direção na Rua da Abolição? Um empreendimento de tal magnitude necessita de uma circulação racional. Entendemos que o sentido horário é a melhor maneira de se dar a volta no terreno para os visitantes que venham de automóvel. Isto porque a Rua Jaceguai é uma artéria de forte movimento e não faria sentido inverte-la. Assim propomos: mão dupla de direção na Rua da Abolição, de modo que um motorista possa sair do conjunto por ela, seguir pela Rua Nestor, entrar na Rua Japurá (cuja mão propomos uma inversão), entrar na Rua Bixiga (também invertida), atingir a Rua Santo Amaro, seguir no sentido Praça Pérola Byington, dobrar a esquina com a Rua Jaceguai e chegar novamente ao lugar de saída, na Rua da Abolição. Estas alterações permitem que o grande fluxo de pessoas motorizadas afetem o mínimo possível o entorno. Footer Text
  • 9. Como ficou a relação com o teatro Oficina? É justo que nosso cliente use a seu bel-prazer a área pela qual pagou – assim como é justo que o teatro siga sua vida em paz. Cedemos 3 metros no limite entre as duas áreas como um jardim baixo, que entendemos ser uma fronteira gentil e não oclusiva. Entrementes a Vila Morena possui dois projetores de cinema aberto que usam empenas dos vizinhos. Uma é a empena maior, do vizinho na Rua da Abolição e outra é a empena do próprio Oficina. Assim a relação cultural deve levar os moradores a verem com simpatia o tradicional teatro, uma vez que a Vila tem espaços culturais para uso constante. Exemplo disso é o palco junto à empena da Rua da Abolição. Este palco pode ser usado para todo tipo de evento que a comunidade considere interessante, até mesmo encenações teatrais ou óperas a céu aberto. Entendemos que o uso da parede como tela não traga conflito, caso houver, basta erguermos um painel rente às empenas, mas dentro da Vila Morena. 3/10/2012 9
  • 10. Por que vigas metálicas com um metro de largura? No bloco A, o maior de todos, as vigas encontram pilares que ladeiam a construção até seu teto. O motivo é que temos um assentamento de 150 metros e não se pode correr o risco de em um eventual afundamento do terreno afetar a segurança dos moradores. Nos blocos B e C, de menor proporção, as estruturas surgem apenas na base das unidades. Entendemos que ali, nos blocos B e C, há mais segurança, sendo que uma eventual depressão do solo pode ser bem suportada pelas seis colunas simples. A largura das vigas do bloco A se explica por dois motivos: buscamos o maior vão livre possível e, simultâneamente, as vigas encobrem os encanamentos de água, esgoto e elétrica que ocorrem na parte inferior do primeiro pavimento. Tais ductos também passam por trás das vigas, se dirigindo ao solo. 3/10/2012 10
  • 11. Não é opressivo eliminar o estacionamento em um conjunto tão grande? Não se tivermos em conta a ampla malha de linhas de ônibus na Av. Brigadeiro Luiz Antonio e Rua Maria Paula; a proximidade do metrô, concluímos que a região central da cidade permite o trânsito de pessoas em transporte coletivo com razoável conforto. Outrossim, nossa proposta aponta para o rompimento de paradigmas, uma vez que a questão ambiental tem sido tratada com seriedade. A inexistência de estacionamento leva milhares de pessoas a pensar nas vantagens de andar a pé, de bicicleta, motocicleta ou ônibus. Aos que consideram deficiente o transporte público em São Paulo respondemos que nosso projeto move o pensamento em comunidade e a ação cidadã ativa, ou seja, é papel dos contribuintes exigir qualidade no transporte coletivo. Não podemos simplesmente construir visando o automóvel e reclamar da qualidade de vida em São Paulo. É papel do cidadão cobrar do governo a contrapartida por seus impostos quando, simultaneamente, abre mão do uso do carro a favor de uma cidade menos poluída e congestionada. Viver sem carro não equivale a viver pior. Não no centro da cidade. Aos que precisam de veículo para o seu dia-a-dia, o mercado oferece estacionamentos por toda a região, de modo que o custo de usá-lo recai apenas sobre seu proprietário. 3/10/2012 11
  • 12. Dados de área e ocupação Área do terreno 9.414 m2 Área de 1 contêiner 2,40m larg x 12m 28,8 m2 Quantidade contêineres 56 x 6 pavimentos 336 unidades bloco 1 Quantidade de contêineres 18 x 6 pavimentos 108 unidades bloco 2 Quantidade de contêineres 18 x 6 pavimentos 108 unidades Bloco 3 Total geral 552 unidades População total 552 x 2 1.104 moradores Apartamentos duplos horizontais: destinado aos 56 m2 28 unidades de mobilidade reduzida bloco 1 Apartamentos kit (um só contêiner) 56 unidades bloco 1 Duplex - bloco 1 126 unidades Kit - bloco 2 108 unidades Kit - bloco 3 108 unidades Taxa de ocupação 9.414 x 0,7 6.590 m2 Taxa de ocupação real 2.576 (unidades) + 825 m2 3.401 m2 Área permeável 9.414 m2 – 3.514 m2 5.900 m2 Coeficiente de ocupação 2,5 x 9414 23.535 m2 Ocupação real: área construída 552 x 28m2 + áreas de serviço 16.281 m2 comunitário
  • 13. Gôndola Vila Morena o contêiner como opção de moradia Residencial no Bixiga 1.000 pessoas Ao Professor Luiz Ackel 500 contêineres Meu agradecimento por apoiar a ousadia de um projeto que 9.450 m2 buscou fugir dastorresde concreto.