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JARDINS NA HISTÓRIA
P. Brueghel, Parábola do semeador, 1557




O Jardim na História
    da Antiguidade à Idade Média.


                         Profª Cássia Mariano - 2012.
JARDIM:
( garden, garten, giardino, jardín)        Árvore / água / vida / luz / ar

GAN (hebreu arcaico) – proteger ou
defender
ODEN ou EDEN - prazer ou deleite

Jardim expressão de arte –
correspondência cultural, filosófica ou
religiosa de refinado senso estético e
simbólico (valores) da sociedade que o
constrói.

Filosofia: arquétipo da perfeição;
Manifestação artística e filosófica em
correspondência a imagem do mundo
ideal;

Religião: origem e fim da vida; espaço
de transcendência entre o céu e a terra

Jardim- associado à elite ao poder:
aristocracia e religioso, até o séc. 19.
                                                            Bosch, Jardim do Éden, 1504, Palácio do Prado.
Primórdios: R.A.:8.000 a.C. Concentrações humanas nos vales dos rios Tigres,
Eufrates: uso das técnicas de agricultura e de irrigação com refinado
aprimoramento estético na construção de espaços delimitados consagrados ao
luxo e ao prazer.

JARDIM como SIMBOLISMO: elementos da natureza selecionados e ordenados
no território; a natureza domesticada pelo homem (construção).
3 matrizes: CIVILIZAÇÃO CENTRAL




                                          CIVILIZAÇÃO ORIENTAL




 Jardim Persa em Shiraz

                  CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL




                                                          Sheihoji, Kioto, Japão




  Vila Adriano, Tivoli, Itália
Civilizações
centrais
Oriente Médio,
Islã
Islã no ocidente e no
oriente




                                                         Jardins suspensos da Babilônia, 3.500a.C.




Geometria como elemento de estruturação e de intervenção no território;
Racionalidade da paisagem construída;
Transformações no território e engenharia da paisagem;
Jardins como oásis e a natureza idealizada como harmonia;
Oriente Médio - Ásia Ocidental – 2.250a.C. ~ 630d.C.
O clima ameno e
bosqueado do norte da
Mesopotâmia e a
regularização de rios
estão na base das
                                                              Zigurat de Ur
cidades-estados.
Isolamento pelos desertos
– base da organização
social;


Jardim: estrutura
quadrangular sobreposta
para o desfrute da
paisagem à distância;
interior distinto do exterior
(hostil); geometria e
simetria na ordenação,
água em canal, introdução
de árvores exóticas.
                                Templo Bahai, Haifa, Israel
Mesopotâmia (Iraque)
Jardim como oásis verde: espaços
geometrizados no interior de muros,
cujos elementos principais eram os
canais de irrigação (e refrigeração) e
as árvores como objetos de
veneração, a ladeá-los;                                                 Água em canais e tanques e bosques
                                                                        de árvores com plantio regular foram
Os jardins constituíam espaços
                                                                        incorporados nos jardins, por motivos
exclusivos da realeza
                                                                        funcionais e de conforto físico.




Palácio de Khorsabad, Mesopotâmia ~ 1.350 a.C. a 715a.C. atual Iraque   Painel dos jardins de Khorsabad
Pérsia – 500a.C ~ 1.450 d.C – Islã.
Extraordinário desenvolvimento cultural:
astronomia, matemática (geometria), agricultura,
medicina, alquimia, filosofia: todo tipo de
ciência, sistema de ensino; literatura; filósofos
enciclopédicos;
Religião monoteísta: Deus único, cuja
existência se expressa na fundamentalidade
da própria natureza;
                                                                                        Ispahan, praça real
Jardim: lugar para debates capaz de “absorver”
na harmonia dos espaços os contrapontos da
religiosidade e da lógica filosófica.
                                             “sob muros protegidos,
                                             árvores frutíferas e flores
                                             aromáticas cresciam em
                                             canteiros entre riachos a
                                             partir de uma fonte central e
                                             formavam os 4 rios
                                             fundamentais: símbolo da
                                             cruz cósmica, os 4 rios
                                             celestiais circundavam
                                             canteiros que continham
                                             todos os frutos da terra”.
                         Ali Qapu, Ispahan                                   Representação do jardim persa
Ispahan, cidade dos jardins (capital da dinastia dos Safáridas) projetada por Abbas I, como
  “uma flor no meio do deserto”.

Jardins geométricos de
proporções quadradas e
retangulares
construídos em
justaposição conformam
a cidade – possível
expansão pela
continuidade; Princípio
de desenho urbano.



Jardins de grande
exuberância, para a
                                   Ispahan, plano da cidade, seqüência de jardins, palácios e mesquitas
diversão, consagrados
ao prazer, ao amor, à
saúde e ao luxo. Água
em fontes e canais –
elemento de grande
valor e simbolismo.
Espanha: Expansão do Islã no ocidente: 711 ~ 1492. Andaluzia, Granada.




Condição climática similar a dos territórios do oriente
médio;
Composição está baseada na vista sobre Granada
(fortificação e controle); Jardins e arquitetura:
espaços geometricamente proporcionados para a
escala humana; estreita vinculação entre espaços
interiores e exteriores; “controle climático”, frescor e
vistas panorâmicas.
                                                           Generalife: residência de verão dos reis Nazar,
Filosofia do prazer pela vida e pelo amor estão                     construído 300 anos após Alhambra;
expressos nos jardins – referência no Renascimento.
Alhambra, 1240 – 1391.     (1492).
Estrutura espacial cruciforme e de
justaposição; o complexo não possui
planta unificada – simetria demasiada
poderia ser ofensiva a Alah.
Delicada composição espacial . O
interior se projeta para o exterior,
através de muros para captar vistas;
construções avarandadas; pátios como
oásis, vegetação com intenso
cromatismo; água: elemento de valor; o
passeio como deleite.
Alhambra: Pátios externos se expandem para o espaço construído –
referência da arte moura; uso de topiaria.
Água: extremo valor.
Índia: Expansão do Islã no Oriente: Taj Mahal: – Delhi e Agra – 1220 ~ 1700.

                                                     Taj Mahal – busca do equilíbrio entre terra e
                                                     céu; paisagem metafísica, centralidade,
                                                     proporcionalidade;
                                                     Conjunto desenvolvido sob referências persas;
                                                     Jardim islâmico de grande simbolismo;
                                                     princípio clássico e cruciforme; geometria de
                                                     cânones; simetria; água como elemento
                                                     central, reflexibilidade e placidez; vegetação
                                                     luxuriante; concepção é extremamente original
                                                     - forte referência no Renascimento.




Taj Mahal, margem do rio Jumna, Agra, 1632 a 1654.
Índia Mongol
Expansão do Islã no oriente:

Shalamar Bagh – seqüência
de jardins quadrangulares e
escalonados – adaptado à
topografia;
Serenidade: adequação ao
modelado do terreno e ao
entorno montanhoso;              Shamamar Bagh, 1620

Cursos d’água percorrem os
jardins; reflexibilidade com a
arquitetura.
Civilizações orientais                                     China: ciências metafísicas e da terra
                                                           fundamentam a concepção dos
Civilizações estruturadas pela religião                    espaços; a cosmologia enfatiza o
e pela ética: base da ordenação                            parentesco entre arquitetura e
espacial;                                                  sociedade: sem harmonia não pode
                                                           haver paz; os elementos são
Jardim: forma orgânica, sinuosa,
                                                           complementares – yang / yin ; todas as
sensível, espaço de corpo indivisível
                                                           formas têm forças cósmicas e estão
entre interior e exterior. Jardins são
                                                           investidas de espírito humano ou
espaços para a meditação
                                                           animal;

                                                           Japão: limites espaciais levam a
                                                           paisagem a ser contida e profunda: base
                                                           do minimalismo. Jardim: microcosmos
                                                           da paisagem natural e espaço de
                                                           veneração; casa e jardim são
                                                           indivisíveis;

                                                           Índia: As montanhas e a selva
                                                           formavam uma imensa paisagem da
                                                           qual decorre o homem espiritual –
                                                           natureza é ligada ao sentido interior.
                        Kinkaku-ji, Kioto, Japão, sé. 14
Civilizações orientais:
China
“A humanidade emergiu das
entranhas da terra”. A cosmologia
associa parentesco entre a
paisagem e a sociedade;
Valores de respeito às tradições,
aos antepassados cujos espíritos
são próximos e amistosos; Código
de conduta, moral e religioso – na
pintura e no paisagismo - retratar a
paisagem: pintura paisagística;
Jardim: espaço para meditação:                             Paisagem fluvial, Tung Yüan, 1.000a.C.
a quietude é essencial;

Formas relacionadas às forças cósmicas com caracteres de complementaridade
cuja presença associa-se a paz; harmonia das forças:
YANG: força masculina, estimulante e positiva: pedra, colina ou montanha,
árvores (ou bambu)
YIN: a força feminina, serena e tranquilizadora: água em repouso, vegetação em
forração;
Civilizações orientais:
China




                                                                 Suzhou

Suzhou – unidade plurifamiliar, pequenas
residências e jardins entrelaçados, para
garantir reclusão e individualidade;
Os jardins devem ter privacidade,
tranquilidade, proporcionar proteção, e
sobretudo, ter o sentido de um santuário
interior, e a serenidade associada à
natureza em repouso;
                                           Yu Garden, Shanghai
The Humble Garden, Zhuozheng Yuan, 1540.
Civilizações orientais:
Japão
Religião xintoísta e budista: intelectualidade para alcançar o infinito e esclarecer
o significado e o propósito da existência, através da meditação e da
contemplação da paisagem;

O jardim japonês expressa
um microcosmos da
paisagem natural, com
sentimento de amor e
veneração; a influência
chinesa é intensa, mas ao
contrário daquela
manifestação extrovertida
e ampla, no Japão, por
razões geográficas, a
manifestação será
introvertida e expressa
com profundidade: base do
minimalismo.
Casa e jardim são
indissociáveis.                                    Jardim de musgos do templo Seihoji, Kioto, Japão, sé. 16.
Civilizações orientais:
Japão




                                                       Ryoanji, Kioto, séc. 14.



                          Jardim Zen: espaço de meditação. Recinto
                          de mosteiro – solo luminoso – contraste
                          com o entorno arborizado.
                          A disposição dos grupos de pedras que
                          parece arbitrária tem diagrama regido por
                          proporções matemáticas, a transmitir
                          sentido de harmonia, repouso e
                          contemplação da natureza, só existente na
                          imaginação e sublimação.
Ryoanji, Kioto, séc. 14.
Civilizações orientais:


Horyu-ji – mosteiro em Nara;
Pátios livres para cerimônias e
rituais vão se transformando com
a introdução de elementos
primordiais: água, pedra, árvores,
pequenas colinas, ilhas, pontes;
Geometria - eixo central;
proporcionalidade; seção áurea;
“captura” do entorno e contraste
                                     Mosteiro Horyu-ji, Nara, japão, séc. 17
Civilizações orientais:
  Japão




                                                    Kinkaku-ji, Kioto, 1394 – reconstruído em 1950.

Kinkaku-ji – expressão máxima de expressão pictórica.
O pavilhão dourado foi concebido como lugar de contemplação para um nobre; o
edifício parece flutuar sobre a água; o lago está dividido em 2 partes por uma ilha e a
paisagem próxima ao pavilhão está animada por várias ilhotas e pedras.
Num jogo sutil de efeitos ópticos quem está no pavilhão é induzido a concentrar a
vista na complexidade do primeiro plano; a porção por trás da ilha é vista por entre as
copas das árvores e parece desvanecer na distância.
Civilizações ocidentais
Egito
Grécia
Império Romano
A Idade Média na Europa



                                                      À exceção do Egito antigo, a
                                                      origem da arte dos jardins retrata a
                                                      paisagem agradável e variada do
                                                      entorno do mar Mediterrâneo,
                                                      alastrando-se para o Norte ;
                                                      Conflitos territoriais quase
                                                      contínuos nestas civilizações
                                                      compostas por estados
                                                      independentes enriqueceram a
                                                      cultura e legaram valores
                                                      resgatados no Renascimento;
                 Tivoli, próximo à Roma, ano 27a.C.
Egito – 3.000a.C. ~ 500a.C.
Estabilidade do ambiente – ciclo do Nilo e dos
fenômenos naturais (cultura autóctone)
Sociedade aristocrática e militar – Faraó: autoridade
suprema; religião politeísta;
Geometria primordial e avanços matemáticos
empíricos: visão de mundo no qual tudo estava
destinado ao seu lugar; proporções ditadas pela
relação áurea [1,6180:1], após adotada pelos gregos;
Jardim de espaços geometrizados, extremamente
vegetados e de cultivo (agrícola); água em tanques ou
canais (função doméstica, cisternas); predomínio da
horizontalidade.




Templo funerário da rainha Hathepsut, Luxor             Jardim egípcio, 18a. dinastia
Egito
Residência do governador de Tebas, 2.000a.C. – jardim murado, estrutura axial na
base de canteiros retangulares, tamareiras e plantas exóticas como pessegueiros,
jasmim, mirra, com plantio geométrico, tanques d’água com lótus rodeados com
maciços de flores, parreiras e pergolado sob os quais se caminha para a casa.
Grécia
Sociedade caracterizada pelo
pensamento liberal; rígida estratificação
social; filosofia da razão pura, a
verdade embasada em conjunto
científico possível de ser deduzido
intelectualmente, não por mitos, mas
pela razão;
Divindades: mitologia e religião
politeísta; Jardim para dignificá-las.
Jardins: pátios internos às arquiteturas       Jardim de Damiano, Helenístico
ou hortos em locais semi-públicos com
aleias, fontes sagradas e nas
academias;
Delfos: recinto sagrado de veneração
ao oráculo: local de peregrinação;
inspiração unificadora que expressa a
estrutura do mundo.
Cidades-estados paz só durante os
jogos olímpicos; a vida tinha caráter
doméstico e o jardim existia como
espaço de cultivo;                    Delfos
Roma
Clima e topografia acidentada na
base da construção de jardins
terraceados e escalonados– pátios
ajardinados; Jardim: extensão das
arquiteturas nas vilas ao redor de
Roma; harmonia entre a natureza
ordenada e a silvestre; uso de
estatuária e vegetação de formas
expressivas;
Espaços justapostos com finitude,
grande influência no Renascimento;




                                     Villa Tiberius, Capri
Villa Adriano: 300ha nas cercanias
de Roma.
Seqüência de espaços interligados
e autônomos;
Pátios e jardins justapostos com
sentido de finitude; construções e
espaços livres interdependentes
jogos e práticas esportivas
Império romano / greco – jardim doméstico
Filosofia: Sentido de dever e obediência: reflexo
da disciplina familiar;
Espaço doméstico: estrutura retangular com pátio
central: flores e hortaliças para consumo;
”Pluvium”: Cisterna e iluminação
Espaços de dimensões finitas, aquilatados em
proporções geométricas (seção áurea);
Templos, suntuosamente vegetados



                                                    Pompéia




                                                              Casa de Vettii, Pompeía
Idade Média na Europa:
Cristianismo: força motriz – misticismo em oposição à serenidade clássica e à
razão;
Cidades fortificadas – espaços exíguos; proximidade com o campo tornam os
jardins espaços restritos da nobreza e do clero.
Jardins para cultivo de plantas medicinais e hortaliças em mosteiros, claustros e
castelos, nestes, jardim cercado por muros altos para práticas de cultura e
prazer, estrutura quadrangular, normatizações clássicas, jardim geometrizado;
plantas aromáticas e de colorido intenso: estimular os sentidos.




                                                   Mosteiro Saint-Michel, ordem Beneditinos, séc. 10
Mosteiro de Pedralbes, Espanha.
Idade Média na Europa:




O Jardim do Paraíso, manuscrito Romano da Rosa




                                                 Os jardins da nobreza são cercados e protegidos
                                                 (jardim secreto), nos quais atividades ligadas à cultura,
                                                 ao lazer, ao relaxamento e ao prazer são praticadas;
                                                  tranquilidade e retiro (instrospecção);
                                                 Estrutura espacial racional, geometrizado, água
                                                 (sempre presente) em chafarizes ou tanques, plantio
                                                 regular (ref. agricultura), privilegia algumas espécies.
Idade Média na Europa: Cidade Medieval
Espaços livres nas praças, sem vegetação(seca), espaço
de práticas cidadãs: reunião, festas:
Palácio / Igreja / Comércio; O campo estava próximo...




                        Piazza San Marco, Veneza, Itália.




                                                            Piazza del Campo, Siena, Itália
Bibliografia:


LAURIE, Michael. Introducción a la Arquitectura del Paisaje. Barcelona: GG,
1990. cap 2.
NEWTON, N. Design on the Land. Harvard: MIT Press, 1986.
JELLICOE, G. El Paisaje del Hombre. Barcelona: GG, 1995.
LAROUSSE. Gardening and Gardens. London: Hamlyn, 1988.
VIEIRA, Maria Elena. O jardim e a paisagem. São Paulo: Annablume, 2007.
JARDINS NA HISTÓRIA

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  • 2. P. Brueghel, Parábola do semeador, 1557 O Jardim na História da Antiguidade à Idade Média. Profª Cássia Mariano - 2012.
  • 3. JARDIM: ( garden, garten, giardino, jardín) Árvore / água / vida / luz / ar GAN (hebreu arcaico) – proteger ou defender ODEN ou EDEN - prazer ou deleite Jardim expressão de arte – correspondência cultural, filosófica ou religiosa de refinado senso estético e simbólico (valores) da sociedade que o constrói. Filosofia: arquétipo da perfeição; Manifestação artística e filosófica em correspondência a imagem do mundo ideal; Religião: origem e fim da vida; espaço de transcendência entre o céu e a terra Jardim- associado à elite ao poder: aristocracia e religioso, até o séc. 19. Bosch, Jardim do Éden, 1504, Palácio do Prado.
  • 4. Primórdios: R.A.:8.000 a.C. Concentrações humanas nos vales dos rios Tigres, Eufrates: uso das técnicas de agricultura e de irrigação com refinado aprimoramento estético na construção de espaços delimitados consagrados ao luxo e ao prazer. JARDIM como SIMBOLISMO: elementos da natureza selecionados e ordenados no território; a natureza domesticada pelo homem (construção).
  • 5. 3 matrizes: CIVILIZAÇÃO CENTRAL CIVILIZAÇÃO ORIENTAL Jardim Persa em Shiraz CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL Sheihoji, Kioto, Japão Vila Adriano, Tivoli, Itália
  • 6. Civilizações centrais Oriente Médio, Islã Islã no ocidente e no oriente Jardins suspensos da Babilônia, 3.500a.C. Geometria como elemento de estruturação e de intervenção no território; Racionalidade da paisagem construída; Transformações no território e engenharia da paisagem; Jardins como oásis e a natureza idealizada como harmonia;
  • 7. Oriente Médio - Ásia Ocidental – 2.250a.C. ~ 630d.C. O clima ameno e bosqueado do norte da Mesopotâmia e a regularização de rios estão na base das Zigurat de Ur cidades-estados. Isolamento pelos desertos – base da organização social; Jardim: estrutura quadrangular sobreposta para o desfrute da paisagem à distância; interior distinto do exterior (hostil); geometria e simetria na ordenação, água em canal, introdução de árvores exóticas. Templo Bahai, Haifa, Israel
  • 8. Mesopotâmia (Iraque) Jardim como oásis verde: espaços geometrizados no interior de muros, cujos elementos principais eram os canais de irrigação (e refrigeração) e as árvores como objetos de veneração, a ladeá-los; Água em canais e tanques e bosques de árvores com plantio regular foram Os jardins constituíam espaços incorporados nos jardins, por motivos exclusivos da realeza funcionais e de conforto físico. Palácio de Khorsabad, Mesopotâmia ~ 1.350 a.C. a 715a.C. atual Iraque Painel dos jardins de Khorsabad
  • 9. Pérsia – 500a.C ~ 1.450 d.C – Islã. Extraordinário desenvolvimento cultural: astronomia, matemática (geometria), agricultura, medicina, alquimia, filosofia: todo tipo de ciência, sistema de ensino; literatura; filósofos enciclopédicos; Religião monoteísta: Deus único, cuja existência se expressa na fundamentalidade da própria natureza; Ispahan, praça real Jardim: lugar para debates capaz de “absorver” na harmonia dos espaços os contrapontos da religiosidade e da lógica filosófica. “sob muros protegidos, árvores frutíferas e flores aromáticas cresciam em canteiros entre riachos a partir de uma fonte central e formavam os 4 rios fundamentais: símbolo da cruz cósmica, os 4 rios celestiais circundavam canteiros que continham todos os frutos da terra”. Ali Qapu, Ispahan Representação do jardim persa
  • 10. Ispahan, cidade dos jardins (capital da dinastia dos Safáridas) projetada por Abbas I, como “uma flor no meio do deserto”. Jardins geométricos de proporções quadradas e retangulares construídos em justaposição conformam a cidade – possível expansão pela continuidade; Princípio de desenho urbano. Jardins de grande exuberância, para a Ispahan, plano da cidade, seqüência de jardins, palácios e mesquitas diversão, consagrados ao prazer, ao amor, à saúde e ao luxo. Água em fontes e canais – elemento de grande valor e simbolismo.
  • 11. Espanha: Expansão do Islã no ocidente: 711 ~ 1492. Andaluzia, Granada. Condição climática similar a dos territórios do oriente médio; Composição está baseada na vista sobre Granada (fortificação e controle); Jardins e arquitetura: espaços geometricamente proporcionados para a escala humana; estreita vinculação entre espaços interiores e exteriores; “controle climático”, frescor e vistas panorâmicas. Generalife: residência de verão dos reis Nazar, Filosofia do prazer pela vida e pelo amor estão construído 300 anos após Alhambra; expressos nos jardins – referência no Renascimento.
  • 12. Alhambra, 1240 – 1391. (1492). Estrutura espacial cruciforme e de justaposição; o complexo não possui planta unificada – simetria demasiada poderia ser ofensiva a Alah. Delicada composição espacial . O interior se projeta para o exterior, através de muros para captar vistas; construções avarandadas; pátios como oásis, vegetação com intenso cromatismo; água: elemento de valor; o passeio como deleite.
  • 13. Alhambra: Pátios externos se expandem para o espaço construído – referência da arte moura; uso de topiaria. Água: extremo valor.
  • 14. Índia: Expansão do Islã no Oriente: Taj Mahal: – Delhi e Agra – 1220 ~ 1700. Taj Mahal – busca do equilíbrio entre terra e céu; paisagem metafísica, centralidade, proporcionalidade; Conjunto desenvolvido sob referências persas; Jardim islâmico de grande simbolismo; princípio clássico e cruciforme; geometria de cânones; simetria; água como elemento central, reflexibilidade e placidez; vegetação luxuriante; concepção é extremamente original - forte referência no Renascimento. Taj Mahal, margem do rio Jumna, Agra, 1632 a 1654.
  • 15. Índia Mongol Expansão do Islã no oriente: Shalamar Bagh – seqüência de jardins quadrangulares e escalonados – adaptado à topografia; Serenidade: adequação ao modelado do terreno e ao entorno montanhoso; Shamamar Bagh, 1620 Cursos d’água percorrem os jardins; reflexibilidade com a arquitetura.
  • 16. Civilizações orientais China: ciências metafísicas e da terra fundamentam a concepção dos Civilizações estruturadas pela religião espaços; a cosmologia enfatiza o e pela ética: base da ordenação parentesco entre arquitetura e espacial; sociedade: sem harmonia não pode haver paz; os elementos são Jardim: forma orgânica, sinuosa, complementares – yang / yin ; todas as sensível, espaço de corpo indivisível formas têm forças cósmicas e estão entre interior e exterior. Jardins são investidas de espírito humano ou espaços para a meditação animal; Japão: limites espaciais levam a paisagem a ser contida e profunda: base do minimalismo. Jardim: microcosmos da paisagem natural e espaço de veneração; casa e jardim são indivisíveis; Índia: As montanhas e a selva formavam uma imensa paisagem da qual decorre o homem espiritual – natureza é ligada ao sentido interior. Kinkaku-ji, Kioto, Japão, sé. 14
  • 17. Civilizações orientais: China “A humanidade emergiu das entranhas da terra”. A cosmologia associa parentesco entre a paisagem e a sociedade; Valores de respeito às tradições, aos antepassados cujos espíritos são próximos e amistosos; Código de conduta, moral e religioso – na pintura e no paisagismo - retratar a paisagem: pintura paisagística; Jardim: espaço para meditação: Paisagem fluvial, Tung Yüan, 1.000a.C. a quietude é essencial; Formas relacionadas às forças cósmicas com caracteres de complementaridade cuja presença associa-se a paz; harmonia das forças: YANG: força masculina, estimulante e positiva: pedra, colina ou montanha, árvores (ou bambu) YIN: a força feminina, serena e tranquilizadora: água em repouso, vegetação em forração;
  • 18. Civilizações orientais: China Suzhou Suzhou – unidade plurifamiliar, pequenas residências e jardins entrelaçados, para garantir reclusão e individualidade; Os jardins devem ter privacidade, tranquilidade, proporcionar proteção, e sobretudo, ter o sentido de um santuário interior, e a serenidade associada à natureza em repouso; Yu Garden, Shanghai
  • 19. The Humble Garden, Zhuozheng Yuan, 1540.
  • 20. Civilizações orientais: Japão Religião xintoísta e budista: intelectualidade para alcançar o infinito e esclarecer o significado e o propósito da existência, através da meditação e da contemplação da paisagem; O jardim japonês expressa um microcosmos da paisagem natural, com sentimento de amor e veneração; a influência chinesa é intensa, mas ao contrário daquela manifestação extrovertida e ampla, no Japão, por razões geográficas, a manifestação será introvertida e expressa com profundidade: base do minimalismo. Casa e jardim são indissociáveis. Jardim de musgos do templo Seihoji, Kioto, Japão, sé. 16.
  • 21. Civilizações orientais: Japão Ryoanji, Kioto, séc. 14. Jardim Zen: espaço de meditação. Recinto de mosteiro – solo luminoso – contraste com o entorno arborizado. A disposição dos grupos de pedras que parece arbitrária tem diagrama regido por proporções matemáticas, a transmitir sentido de harmonia, repouso e contemplação da natureza, só existente na imaginação e sublimação.
  • 23. Civilizações orientais: Horyu-ji – mosteiro em Nara; Pátios livres para cerimônias e rituais vão se transformando com a introdução de elementos primordiais: água, pedra, árvores, pequenas colinas, ilhas, pontes; Geometria - eixo central; proporcionalidade; seção áurea; “captura” do entorno e contraste Mosteiro Horyu-ji, Nara, japão, séc. 17
  • 24. Civilizações orientais: Japão Kinkaku-ji, Kioto, 1394 – reconstruído em 1950. Kinkaku-ji – expressão máxima de expressão pictórica. O pavilhão dourado foi concebido como lugar de contemplação para um nobre; o edifício parece flutuar sobre a água; o lago está dividido em 2 partes por uma ilha e a paisagem próxima ao pavilhão está animada por várias ilhotas e pedras. Num jogo sutil de efeitos ópticos quem está no pavilhão é induzido a concentrar a vista na complexidade do primeiro plano; a porção por trás da ilha é vista por entre as copas das árvores e parece desvanecer na distância.
  • 25. Civilizações ocidentais Egito Grécia Império Romano A Idade Média na Europa À exceção do Egito antigo, a origem da arte dos jardins retrata a paisagem agradável e variada do entorno do mar Mediterrâneo, alastrando-se para o Norte ; Conflitos territoriais quase contínuos nestas civilizações compostas por estados independentes enriqueceram a cultura e legaram valores resgatados no Renascimento; Tivoli, próximo à Roma, ano 27a.C.
  • 26. Egito – 3.000a.C. ~ 500a.C. Estabilidade do ambiente – ciclo do Nilo e dos fenômenos naturais (cultura autóctone) Sociedade aristocrática e militar – Faraó: autoridade suprema; religião politeísta; Geometria primordial e avanços matemáticos empíricos: visão de mundo no qual tudo estava destinado ao seu lugar; proporções ditadas pela relação áurea [1,6180:1], após adotada pelos gregos; Jardim de espaços geometrizados, extremamente vegetados e de cultivo (agrícola); água em tanques ou canais (função doméstica, cisternas); predomínio da horizontalidade. Templo funerário da rainha Hathepsut, Luxor Jardim egípcio, 18a. dinastia
  • 27. Egito Residência do governador de Tebas, 2.000a.C. – jardim murado, estrutura axial na base de canteiros retangulares, tamareiras e plantas exóticas como pessegueiros, jasmim, mirra, com plantio geométrico, tanques d’água com lótus rodeados com maciços de flores, parreiras e pergolado sob os quais se caminha para a casa.
  • 28. Grécia Sociedade caracterizada pelo pensamento liberal; rígida estratificação social; filosofia da razão pura, a verdade embasada em conjunto científico possível de ser deduzido intelectualmente, não por mitos, mas pela razão; Divindades: mitologia e religião politeísta; Jardim para dignificá-las. Jardins: pátios internos às arquiteturas Jardim de Damiano, Helenístico ou hortos em locais semi-públicos com aleias, fontes sagradas e nas academias; Delfos: recinto sagrado de veneração ao oráculo: local de peregrinação; inspiração unificadora que expressa a estrutura do mundo. Cidades-estados paz só durante os jogos olímpicos; a vida tinha caráter doméstico e o jardim existia como espaço de cultivo; Delfos
  • 29. Roma Clima e topografia acidentada na base da construção de jardins terraceados e escalonados– pátios ajardinados; Jardim: extensão das arquiteturas nas vilas ao redor de Roma; harmonia entre a natureza ordenada e a silvestre; uso de estatuária e vegetação de formas expressivas; Espaços justapostos com finitude, grande influência no Renascimento; Villa Tiberius, Capri
  • 30. Villa Adriano: 300ha nas cercanias de Roma. Seqüência de espaços interligados e autônomos; Pátios e jardins justapostos com sentido de finitude; construções e espaços livres interdependentes jogos e práticas esportivas
  • 31. Império romano / greco – jardim doméstico Filosofia: Sentido de dever e obediência: reflexo da disciplina familiar; Espaço doméstico: estrutura retangular com pátio central: flores e hortaliças para consumo; ”Pluvium”: Cisterna e iluminação Espaços de dimensões finitas, aquilatados em proporções geométricas (seção áurea); Templos, suntuosamente vegetados Pompéia Casa de Vettii, Pompeía
  • 32. Idade Média na Europa: Cristianismo: força motriz – misticismo em oposição à serenidade clássica e à razão; Cidades fortificadas – espaços exíguos; proximidade com o campo tornam os jardins espaços restritos da nobreza e do clero. Jardins para cultivo de plantas medicinais e hortaliças em mosteiros, claustros e castelos, nestes, jardim cercado por muros altos para práticas de cultura e prazer, estrutura quadrangular, normatizações clássicas, jardim geometrizado; plantas aromáticas e de colorido intenso: estimular os sentidos. Mosteiro Saint-Michel, ordem Beneditinos, séc. 10
  • 34. Idade Média na Europa: O Jardim do Paraíso, manuscrito Romano da Rosa Os jardins da nobreza são cercados e protegidos (jardim secreto), nos quais atividades ligadas à cultura, ao lazer, ao relaxamento e ao prazer são praticadas; tranquilidade e retiro (instrospecção); Estrutura espacial racional, geometrizado, água (sempre presente) em chafarizes ou tanques, plantio regular (ref. agricultura), privilegia algumas espécies.
  • 35. Idade Média na Europa: Cidade Medieval Espaços livres nas praças, sem vegetação(seca), espaço de práticas cidadãs: reunião, festas: Palácio / Igreja / Comércio; O campo estava próximo... Piazza San Marco, Veneza, Itália. Piazza del Campo, Siena, Itália
  • 36. Bibliografia: LAURIE, Michael. Introducción a la Arquitectura del Paisaje. Barcelona: GG, 1990. cap 2. NEWTON, N. Design on the Land. Harvard: MIT Press, 1986. JELLICOE, G. El Paisaje del Hombre. Barcelona: GG, 1995. LAROUSSE. Gardening and Gardens. London: Hamlyn, 1988. VIEIRA, Maria Elena. O jardim e a paisagem. São Paulo: Annablume, 2007.