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Universidade do Porto
         Faculdade de Ciências do Desporto e
                    de Educação Física




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE
         INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL




                            Dissertação apresentada com vista à
                            obtenção do Grau de Mestre em Ciências do
                            Desporto – Área de especialização em
                            Desporto para Crianças e Jovens de acordo
                            com o Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de
                            Outubro, Capítulo II, Artigo 5º, pontos 1. e 2.
                            e Capítulo III, Artigo 17º, ponto 1.




    Orientador: Professor Catedrático António Teixeira Marques
  Co-orientação Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva
                  Mário Jorge Moisés Nogueira


                           Porto, 2005
Ficha de Catalogação




                                       Ficha de Catalogação


Nogueira, M. (2005). Análise da estrutura do treino, no escalão de iniciados e
juvenis, em Futebol. Dissertação para provas de Mestrado no ramo de Ciências
do Desporto. FCDEF-UP, Edição do autor.




Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E
JOVENS, EXERCÍCIOS DE TREINO, CONTEÚDOS DE TREINO, MÉTODOS
DE TREINO.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
Dedicatória




        Dedicatória:
                           À Sandra,
                           Pelo incentivo, compreensão, amor e amizade.
                           Aos meus pais, irmã e avós,
                           Porque a eles devo tudo o que sou.
                          À família,
                           Pela união, força e confiança transmitida.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
Agradecimentos




                                      Agradecimentos


Ao meu orientador de Mestrado, Professor Doutor António Teixeira Marques,
pela amizade, pela sua incomensurável disponibilidade e pelo infinito apoio que
me prestou. Agradeço também a cedência de bibliografia e a partilha do seu
conhecimento, que em muito me ajudou.

Um enorme obrigado ao Professor Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade
demonstrada, no esclarecimento de dúvidas, na indicação de bibliografia e pelo
interesse demonstrado no estudo.

O meu agradecimento aos Professores pertencentes ao gabinete de Futebol,
pelo inefável empenho e ajuda na procura e cedência dos dossiers necessários
para o estudo.

O meu sincero obrigado à Marisa Silva Gomes, pela interminável procura dos
dossiers necessários, para a realização do estudo. E aos treinadores, que
tiveram a amabilidade de os ceder, contribuindo desta forma para que este
projecto se pode-se realizar e concluir.

À Diana, Sérgio e Padrinhos, pelo seu empenho na cooperação de tarefas
realizadas acerca do nosso estudo.

À minha irmã, ao Henry, Rui e Miguel, pela ajuda prestada nas questões
informáticas

À Sandra, pelo carinho, empenho e incentivo constante, por todo o apoio
prestado.

Ao longo destes dois anos tenho a agradecer a todos os amigos do Curso de
Mestrado, pelo companheirismo.

Para não ser injusto e não esquecer de ninguém, a todos aqueles que me
ajudaram através das suas sugestões, dúvidas e críticas. Agradeço também
toda a contribuição para que este trabalho se tornasse mais claro e completo.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                I
Agradecimentos




A todos os Professores e Funcionários da Faculdade de Ciências do Desporto
e de Educação Física, por me surpreenderem com o seu profissionalismo,
orgulhando-me de ter realizado o Mestrado nesta Instituição.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL               II
Índice Geral




Índice Geral


Agradecimentos …………………………………………………………………………………...                                                                                                                   I

Índice Geral ………………………………………………………………………………………...                                                                                                                   III

Índice de Figuras ………………………………………………………………………………….                                                                                                                  V

Índice de Quadros…………………………………………………………………………………                                                                                                                   VII

Resumo …………………………………………………………………………………………….                                                                                                                        XI

Abstract …………………………………………………………………………………………….                                                                                                                      XIII

Résumé …………………………………………………………………………………………….                                                                                                                        XV

Abreviaturas ……………………………………………………………………………………….                                                                                                                    XVII

I – INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………………………...                                                                                                               1
  1.1 Propósito e Problema do Estudo ………………………………………. ..…. ……………………….                                                                                               1
  1.2 Estrutura do Estudo......................................................................................................................                     3
II – REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………................................................                                                                         5
  2.1. O Futebol ………………………....................................................................................................                                      5
     2.1.1 Futebol, sua Natureza e sua Essência.....................................................................................................                6
     2.1.2 Futebol, um Jogo de Oposição/ Cooperação, um Jogo Táctico...............................................................                                 7
     2.1.3.Prespectivas para o Ensino e Treino do Futebol enquanto JDC..............................................................                               11
     2.1.4 Referências Fundamentais para o Ensino do Futebol..............................................................................                         18
            2.1.4.1 Condicionantes Estruturais e Fundamentais.................................................................................                     18
            2.1.4.2 Dimensão do Terreno de Jogo e Número de Jogadores...............................................................                               18
            2.1.4.3 Duração do Jogo............................................................................................................................    19
            2.1.4.4 Controlo da Bola............................................................................................................................   21
            2.1.4.5 Frequência de Concretização........................................................................................................            21
            2.1.4.6 Colocação de Alvos.......................................................................................................................      22
  2.2 Treino com Jovens.......................................................................................................................                     22
     2.2.1 O Treinador de Crianças e Jovens...........................................................................................................             24
     2.2.2 Etapas de Preparação..............................................................................................................................      26
     2.2.3 Fases Sensíveis de Treinabilidade……………………………………………………………………………..                                                                                        30
  2.3 Exigências Físicas e Fisiológicas do Jogo de Futebol.................................................................                                        31
     2.3.1 Importância do Treino Aeróbio em Futebol..............................................................................................                  33
     2.3.2 Importância do Treino Anaeróbio em Futebol..........................................................................................                    35
  2.4 Estrutura do Treino para Crianças e Jovens................................................................................                                   36
     2.4.1 Meios de Treino, Preparação Geral vs. Preparação Específica...............................................................                              37
     2.4.2 A Preparação Geral, na Formação Desportiva dos Jovens Futebolistas…………………………………...                                                                      40
     2.4.3 O Exercício no Processo de Treino..........................................................................................................             41
     2.4.4 Especificidade do Exercícios de Treino em Futebol.................................................................................                      44
     2.5.5 Taxionomia dos Exercícios de Treino…...................................................................................................                 47
     2.4.6 Estrutura da Carga de Treino....................................................................................................................        55
     2.4.7 Carga de Treino e Competição em Crianças e Jovens nos Desportos Colectivos………………………..                                                                   55
     2.4.8 Conteúdos de Treino e sua Importância no Treino de Crianças e Jovens…………………………...........                                                               57




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                                                                      III
Índice Geral




III – Metodologia...................................................................................................................................                61
   3.1. Objectivos………………………………………………………………………………………………..                                                                                                            61
      3.1.1 Objectivos Geral ………………………………………………………………………………………………….                                                                                                 61
      3.1.2 Objectivo Específico................…………………………………………………………………………………..                                                                                   61
      3.1.3 Hipóteses Orientadoras do Estudo.................................................. ………………………………………..                                                    61
   3.2 Categorizarão da Amostra………………......................................................................................                                         62
   3.3 Método de Pesquisa …………………………………………………………………………………….                                                                                                         63
      3.3.1 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa…………………………………………………………………...                                                                                    64
      3.3.2 Caracterização e Definição das Variáveis……………………………………………………………………...                                                                                   64
             3.3.2.1 Exercícios de Treino......................................................................................................................     65
             3.3.2.2 Carga de Treino.............................................................................................................................   65
             3.3.2.3.Método de Treino...........................................................................................................................    66
             3.3.2.4 Conteúdos de Treino.....................................................................................................................       66
   3.4 Procedimentos estatístico............................................................................................................                        69
IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS …………………………………………...                                                                                                    71
   4.1. Exercícios de Treino....................................................................................................................                    71
   4.2. Cargas de Treino ……………………………………………………………………………………….                                                                                                         73
      4.2.1 Carga de Treino para cada Conteúdo de Treino......................................................................................                      73
      4.2.2 Carga de Treino para o Desenvolvimento das Capacidades Motoras ……………………………………..                                                                         77
   4.3 Métodos de Treino........................................................................................................................                    79
      4.3.1 Metodologia de desenvolvimento das capacidades motoras condicionais ………………………………...                                                                     79
      4.3.2 Exercícios Complementares/Fundamentais.............................................................................................                     81
      4.3.3 Exercícios Complementares (com ou sem oposição)..............................................................................                           82
      4.3.4 Exercícios Fundamentais.........................................................................................................................        84
   4.4 Conteúdos de Treino....................................................................................................................                      85
      4.4.1 Conteúdos de treino desenvolvidos a partir dos EPG..............................................................................                        85
      4.4.2 Conteúdos desenvolvidos através dos EEPG..........................................................................................                      88
      4.4.3 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase I..................................................................................                        92
      4.4.4 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase II.................................................................................                        94
      4.4.5 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase III................................................................................                        95
V – CONCLUSÕES ………………………………………………………………………………...................                                                                                                    97
VI – RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA, NO TREINO DE JOVENS FUTEBOLISTAS…………                                                                                             101
   6.1 Recomendações específicas aos resultados do nosso estudo ……………………………………                                                                                      101
   6.2 Recomendações Gerais ………………………………………………………………………………..                                                                                                        102
VII – SUGESTÕES……………………………………………………………………………………………...                                                                                                               105
VIII – BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………...................                                                                                                107
IX – ANEXOS …………………………………………………………………………………….....................                                                                                                   109




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                                                                       IV
Índice de Figuras




                                           Índice de Figuras

Figura II – 1. Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000) ……………………………….                              9
Figura II – 2. Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. de Cerezo, 2000).............................   10
Figura II – 3. O Futebol como actividade motora complexa (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)                    13
Figura II – 4. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap.
               Bunker & Thorpe, 1992) ………………………………………………………………………….                                                  15
Figura II – 5. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap
               Garganta & Pinto, 1998) ………………………………………………………………………….                                                 16
Figura II – 6. Conteúdos do conhecimento em desportos colectivos (adap. de Malglaive, 1990;
               Gréhaigne & Godbout, 1995) …………………………………………………………………….                                                17




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                        V
Índice de Quadros




                                           Índice de Quadros

Quadro II – 1. Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva /adap. de Marques, (1985)………………               27
Quadro II – 2. Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin,
               1999) ………………………………………………………………………………………………………….                                                       30
Quadro II – 3. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação desportiva em Futebol,
                 (Adap. Marques, 1989) ………………………………………………………………………………….                                              38
Quadro II – 4. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação Desportiva (adap. de
                 Marques, (1989) ………………………………………………………………………………………….                                                 38
Quadro II – 5. Síntese da classificação dos exercícios realizado por vários autores (adap. de Bragada, 2000).....    48
Quadro II – 6. Grelha taxionómica de classificação dos exercícios de treino (Castelo, 2003) ………………………                53
Quadro II – 7. Valores, médias de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino),
               competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino/competição (Adap.
               de Marques e col., 2000); Santos, 2001); Pinto e col., 2001) ………………………………………….                        56
Quadro II – 8. Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por
               época e total de unidades (Pinto e col., 2003) ………………………………………………………….                                56
Quadro II – 9. Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação
                 treino/competição (Pinto e col., 2003)...……………………………………………………………….                                  56
Quadro II – 10. Número de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col., 2000; Marques,
               1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col.2001) ……………………………………………………                              57
Quadro II – 11. Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios
               em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valore percentuais
               durante uma temporada desportiva (adap. Marques e col,. 2000) …………………………………….                         59
Quadro III – 1. Principais características da amostra. ……………………………………………………………………                                    62
Quadro III – 2 Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, razão
               treino/competições ………………………………………………………………………………………..                                                63
Quadro IV – 1. Utilização de meios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de
               treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………                     71
Quadro IV – 2. Utilização de meios de treino e tempo total de treino para o escalão de iniciado e juvenis:
                 valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante
                 um ano de preparação ………………………………………………………………………………….                                               72
Quadro IV – 3. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico:
               valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante
               um ano de preparação………………………………………………………………………………………                                                 73
Quadro IV – 4. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para
               o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
               (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………..                              74
Quadro IV – 5. Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol (adaptado de Pinto e col.,
               2001; Pinto e col., 2003) ……………………………………………………………………………………                                            75




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                        VII
Índice de Quadros




Quadro IV – 6. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão
              etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
              somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………                      77
Quadro IV – 7. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão
              de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e
              percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………………………                                  78
Quadro IV – 8 Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa
              sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado
              de Santos, 2001) …………………………………………………………………………………………….                                             79
Quadro IV – 9 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão
              etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
              somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………                      79
Quadro IV – 10 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no
                 escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
                 (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………...………………………….                       80
Quadro IV – 11 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no
                 escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de
                 treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...             81
Quadro IV – 12 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no
                 escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
                 (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………….                         82
Quadro IV – 13 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)
                 no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
                 somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………                    82
Quadro IV – 14 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)
                 no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de
                 treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...             83
Quadro IV – 15 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)
                 no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
                 somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………                    84
Quadro IV – 16 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)
                 no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
                 (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………..                        85
Quadro IV – 17 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
                 exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos)
                 numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ….       86




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                   VIII
Índice de Quadros




Quadro IV – 18 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
                exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios
                (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de
                preparação ……………………………………………………………………………………………….                                               89
Quadro IV – 19 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
                exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e
                juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
                durante um ano de preparação …………………………………………………………………………                                      92
Quadro IV – 20 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
                exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e
                juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
                durante um ano de preparação …………………………………………………………………………                                      94
Quadro IV – 21 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
                exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e
                juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
                durante um ano de preparação …………………………………………………………………………                                      95




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL                                  IX
Resumo




                                            RESUMO

A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças e
jovens leva a que este seja, de certa forma, empírico. O seu processo de treino é, na
maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino, devendo-se,
muitas vezes, à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade dos mesmos
serem examinados (Marques, 1999).
O objectivo desta investigação é caracterizar a estrutura do treino em Futebol no
escalão de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na
estruturação do treino entre ambos.
Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de jovens
jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis dossiers, dos
quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os restantes a três equipas
do escalão de juvenis.
Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do centro
de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da
Universidade do Porto (FCDEF-UP). O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0,
incluiu uma análise de frequências, das medidas descritivas, tais como as médias,
desvios-padrão e percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários.
Concluiu-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados difere da dos juvenis,
tendo-se verificado diferenças significativas, basicamente em todos os focos de
análise do nosso estudo. Os treinadores de futebol dos escalões de iniciados e juvenis
dão prioridade aos aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos
aspectos técnicos (8%). A resistência é a capacidade motora que mais se desenvolve
(19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a
coordenação (2%) as que menos se desenvolvem. Os treinadores das faixas etárias
em estudo desenvolvem as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de
uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas.




Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E JOVENS,
EXERCÍCIOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS DE TREINO.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL        XI
Abstract




                                             Abstract

The inexistence of a theoretical basis for the children and young's trainers' work makes
it, in a certain way, empiric. Their training process is, to a large extent, unknown to the
training methodologists, due, a lot of times, to the lack of theoretical documents or to
the unavailability of the same ones to be examined (Marques, 1999).
This investigations’ aim is to characterize the Soccer training structure in both initiate
and juvenile step, to assert if there are differences in their training structures.
In order to accomplish this study, 625 training units of young male Soccer players', of
the former steps, were analyzed. Therefore six dossiers, concerning three teams of the
initiate step and three of the juvenile step, were reviewed.
We carried out a documental research, regarding training dossiers of the center of
Soccer training of FCDEF-UP. The statistical study, accomplished with SPSS 10.0,
included an analysis of frequencies, of descriptive measures, such as averages,
standard-deviation and percentages, and a t-test for comparison of age steps.
In short we may conclude that the training structure of the initiate step differs of the
juvenile one, having acknowledged significant differences, basically in all of the sample
analysis of our study. Soccer trainers of the initiate and juvenile steps give priority to
technician / tactical (51%) and physical (41%) aspects over technical aspects (8%).
Resistance is the motor capacity most improved by them (19%), followed by force
(8%), flexibility (8%), being speed (3%) and coordination (2%) the least improved ones.
The trainers of the focused age groups develop conditional motor capacities separate
from technician subjects.




KEY-WORDS: SOCCER, TRAINING STRUCTURE, CHILDREN AND YOUNG




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL             XIII
Résumé




                                             Résumé

L’absence d’un support théorique pour le travail des entraîneurs des enfants (12-14
ans) et des jeunes (14-16 ans), le rend, d’une certaine façon, empirique.
Leur méthode d’entraînement est, dans la plupart des fois, inconnue des experts
d’entraînement, parce que, les documents ne sont pas disponibles.
L´objectif de cette investigation est caractériser la structure de l’entraînement du
football dans les classes des enfants et des jeunes, et de vérifier s’il existe des
différences entre eux.
Pour la réalisation de cette étude c’était analysé 625 unités d’entraînement des jeunes
joueurs du football du sexe masculin. Dance ce but nous avon revu 6 dossiers, dont 3
concernant le grupe des enfants et les autres le grupe des jeunes.
Nous avon fait une recherche documentaire sur les dossiers d’entraînement de la
FCDEF-UP. L’étude statistique, réalisé avec le SPSS 10.0, inclu une analyse des
fréquences, des mesures descriptives, telles que les moyennes, les écarts type et les
pourcentages, et un T-test pour la comparaison de groupes d’âge.
Nous avon conclu que la structuration de l’entraînement de la classe des enfants est
différente de celle de la classe des jeunes. Nous avons vérifié des différences
significatives presque dans tous les points analysés dans notre étude.
Les entraîneurs de football des classes des enfants et des jeunes accordent plus de
priorité aux aspects technique/tactiques et physiques, qu’aux aspects techniques. La
résistance est la capacité motrice plus développée étant suivie por la force et la
flexibilité. La vitesse et la coordination ce présentent comme moins développées. Les
entraîneurs développent plutôt les capacités motrices conditionnelles de ses athlètes
d’une façon séparée des aspectes techniques ou technique/tactiques.




Mots-clefs: FOOTBALL, STRUCTURE DE L’ENTRAINEMENT, ENFANTS ET
JEUNES.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL       XV
Abreviaturas




                                         Abreviaturas

EPG – Exercícios de preparação geral
EEPG – Exercícios específicos de preparação geral
EEP – Exercícios específicos de preparação
CMC – Capacidades motoras condicionais
JDC – Jogos Desportivos Colectivos




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL          XVII
Introdução




      I.       INTRODUÇÃO

      1.1 PROPÓSITO E PROBLEMA DO ESTUDO

O presente estudo, corresponde à Dissertação de Mestrado em Ciências do
Desporto, variante Desporto para Crianças e Jovens, a apresentar na
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do
Porto, elaborada sob a orientação do Professor Catedrático António Teixeira
Marques e co – orientado pelo Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da
Silva.

O assunto versa caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalão de
iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na estruturação do
treino entre os escalões de iniciados e juvenis.

Castelo (2002), define treino como um processo pedagógico que tem como
objectivo o desenvolvimento das capacidades técnico / tácticas, físicas e
psicológicas do praticante e, ou equipa no âmbito das competições específicas,
através da prática metódica e planificada do exercício, de acordo com
princípios e regras científicas alicerçadas no conhecimento científico.

Para o treino de crianças e jovens, exige-se a definição de objectivos de
natureza formativa e educativa, o que obriga a equacionar a metodologia de
treino e preparação dos jovens como um processo pedagógico, onde as
características dos jovens atletas em formação têm de ser respeitadas (Pinto,
2003). A preparação desportiva dos mais jovens deverá entender o processo
de maturação numa perspectiva individual, com diferenças intersexuais e
interindividuais, condicionando de forma decisiva, a formação desportiva
(Marques e col., 2000)

Pinto (2003), refere que o processo de formação é composto por um conjunto
de etapas / estádios, pelos quais o atleta vai passando e onde supostamente
irá        desenvolver    diversas      capacidades         (físicas,     técnicas,   tácticas   e
psicológicas). Por tal, os treinadores de formação deveriam confrontar-se, no
momento inicial de planeamento da época desportiva, com um conjunto de
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                                 1
Introdução




questões centrais (O quê? Como? Quando?), cujas respostas estruturadas
auxiliariam a modelar as suas intervenções, de uma forma mais ajustada ao
desenvolvimento harmonioso dos jovens e a uma formação desportiva
orientada para o sucesso.

O mesmo autor, salienta que na realidade muitos dos treinadores de crianças e
jovens intervêm no treino de uma forma não sustentada por um planeamento
de base cuidado, mas sim por um conjunto de pretensões empíricas
decorrentes de um défice da base conceptual.

A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças
e jovens, leva a que este seja de certa forma empírico. O seu processo de
treino é, na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino,
devendo-se muitas vezes à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade
dos mesmos serem examinados (Marques, 1999).

Embora se fale muito no treino de Futebol, e também já se fale sobre o treino
de jovens, até ao momento, ninguém se preocupou em saber o que é feito com
os nossos jovens ao nível do treino. A estrutura e os conteúdos de treino de
crianças e jovens não são ainda bem conhecidos (Marques, 1989; Marques
1990; Marques 1991; Marques, 1993).

Marques e col. (2000), sustentam que a comparação entre os modelos de
referência para o treino nestas fases de idade com os dados empíricos
disponíveis, poderão ser extremamente importantes para uma melhor
compreensão da estrutura essencial do processo de treino de crianças e
jovens.

Assim, é nossa pretensão que, através da realização deste estudo se possa
compreender qual a estrutura do treino utilizada pelos treinadores de iniciados
e juvenis em Futebol, para que a possamos interpretar, descrever e comparar,
procurando contribuir para a evolução da metodologia de treino nos escalões
de formação em Futebol.




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                        2
Introdução




    1.2 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO

Iniciaremos o nosso estudo com o primeiro capítulo que apresenta de forma
sucinta a investigação, situando a problemática da estruturação do treino nos
escalões de formação em futebol, assim como o caminho que esta
investigação irá seguir.

No segundo capítulo, faremos uma revisão da literatura acerca dos aspectos
relacionados com o tema em questão. Caracterizaremos o Futebol como
modalidade desportiva colectiva, o treino com crianças e jovens, as exigências
físicas e fisiológicas do jogo de Futebol, e por fim, a estrutura do treino em
crianças e jovens.

No terceiro capítulo, referiremos a metodologia utilizada para a realização do
estudo, onde descrevemos o objectivo geral, os objectivos específicos e as
hipóteses orientadoras da investigação. Procederemos à caracterização da
amostra, à descrição do método de pesquisa, e à transcrição dos
procedimentos estatísticos utilizados.

No quarto capítulo apresentaremos os resultados e a respectiva discussão.

No quinto capítulo apresentaremos as conclusões.

No sexto capítulo mencionaremos umas breves recomendações para a prática,
no treino de jovens Futebolistas.

No sétimo capítulo serão sugeridos possíveis prolongamentos ao nosso
estudo.

No oitavo capítulo apresentaremos a bibliografia utilizada para a realização
deste estudo.

No nono e último capítulo apresentaremos os anexos que consideramos
necessários.


ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                        3
Revisão da Literatura




II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O FUTEBOL

O futebol ocupa um lugar importante no contexto desportivo contemporâneo,
dado que, na sua expressão multitudinária, não é apenas um espectáculo
desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, e um
campo de aplicação da ciência (Garganta, 2002).

O mesmo autor, refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem
sido ensinada, treinada e investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais
deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das
características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia.

O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de
situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de
acontecimentos imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema
que lhes sucedem no decorrer do jogo, têm de tomar decisões certas no meio
de uma grande imprevisibilidade.

Perante isto, é necessário que o processo de intervenção (treino) decorra cada
vez mais da reflexão metódica e organizada da análise competitiva do
conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Este
contexto, orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo
esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso
(regeneração). Daí a necessidade desta assentar numa base teórica – prática
formulada e fundamentada a partir da análise do seu conteúdo, pois só assim,
podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma a
elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e definir
igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 1994).




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        2.1.1 FUTEBOL, SUA NATUREZA E SUA ESSÊNCIA

Cada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lógica interna
bem precisa, que irá influenciar e coordenar os comportamentos dos seus
intervenientes (Tavares, 2002).

O futebol pertence a um grupo de modalidades desportivas, que se
caracterizam por revelarem características próprias e comuns, habitualmente
designadas por jogos desportivos colectivos (JDC). Sem diminuir a importância
das restantes características, a relação de oposição entre os elementos das
duas equipas em confronto e a relação de cooperação entre os elementos da
mesma equipa, ocorridas num contexto aleatório, é o que traduz a essência do
jogo de futebol (Garganta e Pinto, 1998). Castelo (1996) afirma que o futebol é
um jogo desportivo colectivo, no qual os intervenientes estão agrupados em
duas equipas numa relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta
incessante pela conquista da posse de bola (respeitando as leis do jogo), com
o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e
evitar o inverso, com vista à obtenção da vitória. Para que se atinja essa
finalidade, o futebol possui uma dinâmica própria, um conteúdo que se define
como essência de jogo. Esta essência moldada pelas leis do jogo, dá origem a
uma série de atitudes e comportamentos técnico / tácticos mais ou menos
estereotipados.

Trata-se de uma actividade desportiva que ocorre em contextos nos quais os
elementos que se defrontam disputam objectivos comuns, lutando para gerir
em proveito próprio, o tempo e o espaço, e realizando acções reversíveis de
sinal contrário (ataque versus defesa) alicerçadas em relações de oposição
versus cooperação. Por tal, o futebol caracteriza-se por ser uma actividade fértil
em acontecimentos que ocorrem em contextos permanentemente variáveis de
oposição e cooperação, e cuja frequência, ordem cronológica e complexidade
não podem ser pré determinadas (Garganta, 2002b).

Garganta & Pinto (1998), referem que a ocorrência de determinada acção do
jogo, mesmo a mais elementar, como uma corrida ou salto, num dado

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momento poderá ser mais ou menos pertinente, em função das configurações
que o jogo apresenta nesse preciso momento, conferindo à dimensão
estratégico – táctica uma importância capital.

Garganta (2002b) sustenta que a essência estratégico – táctica deste tipo de
modalidades (jogos desportivos) decorre de um quadro de referências que
contempla:

        -    O tipo de forças (conflituidade) entre os efectivos que se defrontam;

        -    A variabilidade, a imprevisibilidade e aleatoriedade do contexto em
             que as acções do jogo decorrem;

        -    As características das habilidades motoras para agir num contexto
             específico.

        2.1.2 FUTEBOL, UM JOGO DE OPOSIÇÃO / COOPERAÇÃO, UM JOGO TÁCTICO

Losa e Castillo (2000), referem que o futebol possuiu uma estrutura e
funcionalidade muito complexa e absolutamente distinta dos desportos onde
predomina a técnica. O futebol pertence ao grupo dos desportos de
cooperação / oposição, a técnica é somente um dos seis parâmetros que
configuram a lógica interna do mesmo (regras, técnica, espaço, tempo,
comunicação e estratégia). A execução técnica do possuidor da bola, vai ser
directamente influenciada por factores como a situação espacial da bola, dos
companheiros e dos adversários. Acções marcadas por a incerteza, que por
consequência reportam o futebol a um desporto onde a percepção e a tomada
de decisão são no mínimo de igual importância à execução.

O jogo de futebol exige que os seus praticantes possuam uma adequada
capacidade de decisão, que precede e implica uma ajustada leitura de jogo
(Garganta & Pinto, 1998). Somente após uma correcta leitura de jogo, se
poderá materializar a acção através dos atributos técnicos. Os mesmos autores
afirmam que os factores de execução técnica são sempre determinados por um
contexto táctico. Pois face ao jogo, o problema primeiro é de natureza táctica,


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isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema
subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais
adequada (Garganta, 2002a).

O futebol como desporto colectivo caracteriza-se por ser um confronto entre
duas equipas, que em competição são constituídas por onze elementos, o que
perfaz a quantia de vinte e dois elementos a interagirem ao mesmo tempo, o
que torna mais complexa a leitura de jogo. As acções dos jogadores deverão
ser conjugadas mediante os seus companheiros e adversários, é um jogo de
cooperação/oposição pois implica uma constante comunicação entre os
membros da mesma equipa e uma contra comunicação entre adversários. “Ao
observarmos um jogo de Futebol minimamente organizado, mesmo que ambas
as equipas em confronto não se distingam pela cor ou padrão do equipamento,
é possível, passado algum tempo, identificar os elementos constituintes de
cada uma delas. Esta possibilidade resulta do facto de que a referida relação
de oposição/cooperação, para ser sustentável e eficaz, reclama dos jogadores
comportamentos congruentes com as sucessivas situações do jogo, de acordo
com os respectivos objectivos de sinal contrário de cada uma das equipas”
(Garganta, 2002). Obrigando desta forma a que os seus intervenientes
cooperem de uma forma congruente e harmoniosa nas distintas fases de jogo
(ataque, defesa), procurando desenvolver as acções de jogo mais adequadas
às situações de momento, acções essas, que irão ser influenciadas pelas
mudanças que se produzem em torno do mesmo, da bola, dos companheiros e
adversários.

Cerezo (2000) define os princípios gerais da acção de jogo em função da
equipa possuir ou não, a bola (Figura II-1).




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                                         Princípios Gerais da acção de jogo




                              Ataque                                             Defesa


                                                          Transição
              Manutenção da posse de bola                                  Recuperar a posse de bola




           Progressão com bola na direcção                                Impedir a progressão da bola
                       da baliza adversária                                  na direcção da baliza




             Procura do desequilibro defensivo                             Proteger a baliza evitando
                    com o intuito de finalizar                                    o golo
Figura II-1: Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000)



Os jogadores deverão organizar-se para realizar as acções de jogo mais
adequadas, face à fase de jogo em que se encontram, influenciada pela posse
ou não de bola. Tendo como objectivo a obtenção do golo nos momentos em
que possuem a bola, e evitar que a equipa adversária obtenha a posse de bola,
afastando desta forma a possibilidade de sofrer um golo.

O Futebol, poderá definir-se quanto à sua estrutura, como um desporto
colectivo onde se produz uma interacção motriz entre os participantes, como
consequência da presença de companheiros e adversários, utilizando um
espaço comum (standard) e com uma participação simultânea mediante uma
cooperação/oposição. (Cerezo, 2000)




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                                         PRÁTICA DE FUTEBOL




           Objectivo: realizar movimentos, esforços e acções em sequências variáveis e
           intermitentes para que a bola chegue à sua meta (golo) e/ou evitar o inverso




             Interacção motriz                                                       Utilização do
                                                                                       Espaço


       Presença de companheiros e                                                  Comum (Standard)
               Adversários                                                              Incerto



                                                  PARTICIPAÇÃO



                                                 Simultânea
                                            Cooperação/oposição
                                            (desporto sociomotriz)



                        ANÁLISE FUNCIONAL COMO DESPORTO DE EQUIPA

Figura II-2: Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. Cerezo, 2000)


O futebol é um jogo de equipa, um jogo em que as acções individuais devem
ser totalmente congruentes com a participação simultânea dos companheiros e
adversários. O desempenho motor, a técnica, é condicionada pelo momento,
pelo adversário, pelos companheiros, e se quisermos ser mais específicos,
pelas condições climatéricas, pelo resultado, etc. O futebol é essencialmente
um jogo táctico, um jogo de momentos felizes e de momentos menos felizes
onde a decisão tomada por um jogador, numa fracção de segundo, pode levar
uma equipa “à glória” ou não.




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        2.1.3 PERSPECTIVAS PARA O ENSINO E TREINO DO FUTEBOL ENQUANTO JOGO
DESPORTIVO COLECTIVO (JDC)

Desde os anos 60, que a didáctica dos jogos desportivos repousa numa análise
formal e mecanicista. Os processos de ensino e treino têm consistido em fazer
adquirir aos praticantes sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito
tempo no ensino da técnica e muito pouco, ou nenhum no ensino do jogo
propriamente dito (Gréhaigne & Guillon, 1992).

O ensino e treino dos JDC, obedeceram inicialmente a uma metodologia de
eminência técnica a partir do domínio dos Skills motores, antes da
aprendizagem, da compreensão e gestão do envolvimento do jogo (Gréhaigne
& Godbout, 1995), resultado das influências dos desportos individuais, até
então, mais avançados nas suas concepções de ensino e treino.

Alguns autores começaram a questionar este método, por enfatizar a
aprendizagem das habilidades técnicas antes da compreensão do jogo.
Garganta (1997) questiona-o referindo que, um jogador considerado bom
tecnicamente sem a oposição de adversários, poderá não o ser quando
colocado em situação de jogo com oposição. Pois os praticantes sujeitos à
aplicação do modelo técnico de ensino dos jogos desportivos, revelam um
poder de iniciativa limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existe
pouca transferência da aprendizagem técnica para situação real de jogo.

Queiroz (1986) refere que, enquanto para uns, o jogo é a soma das funções
técnicas e tácticas parciais, cujo domínio (parcelar) permite atingir o êxito
global, para outros, o jogo não pode ser separado nas suas várias
componentes. Englobando-se nesta última perspectiva, defende ainda a
constituição da indivisibilidade das componentes como o princípio metodológico
fundamental do ensino e treino do jogo.

O Futebol exige dos praticantes uma adequada capacidade de decisão, que irá
decorrer de uma ajustada leitura de jogo. No momento de materializar a acção,




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torna-se necessário utilizar uma gama de recursos motores específicos,
genericamente designados por técnica (Garganta & Pinto, 1998).

Os mesmos autores afirmam que no futebol, os factores de execução,
designados por técnica, são sempre determinados por um contexto táctico,
levando a que a verdadeira dimensão da técnica repouse na sua utilidade para
servir a inteligência e a capacidade de decisão táctica dos jogadores e das
equipas no jogo.

No entanto, no treino, por vezes é privilegiada a dimensão eficiência (forma de
realização) da habilidade, independentemente das dimensões eficácia
(finalidade) e adaptação, isto é, do ajustamento das soluções e respostas ao
contexto (Graça, 1994). Esta perspectiva ensina o modo de fazer (técnica)
separado das razões (táctica), Bunker & Thorpe (1982) constataram que,
quando a técnica é abordada através de situações que ocorrem à margem dos
requisitos tácticos, ela adquire um transfere diminuto para o jogo.

No decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade para
cuja resolução não existe um modelo de execução fixo (Faria & Tavares, 1992).

Mombaerts (1998); Cerezo (2001) consideram o futebol como uma actividade
motora complexa, uma actividade de regulação externa, em que os seus
intervenientes deverão realizar as acções após uma análise prévia da situação
(Figura II-3).

Segundo os mesmos autores, um jogador quando se depara com uma situação
decorrente do jogo (com ou sem bola, com um adversário directo ou indirecto)
deverá pôr em prática a sua habilidade motriz, para resolver o problema
momentâneo com que se depara, através:

    -   Do seu mecanismo perceptivo, que poderá informar sobre os estímulos
        presentes (companheiros, adversários, bola...), sobre as relações
        espaço – temporais (distâncias dos jogadores, bola; ritmo de execução,
        etc.). O jogador deverá observar, para obter a informação mais correcta,
        da situação momentânea;

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    -     Do seu mecanismo de decisão, planeio mental sobre o que se poderá
          fazer numa dada situação, análise ou antecipação de uma situação para
          a solucionar. Mombaerts (1998), salienta a importância de os jogadores
          desenvolverem a inteligência de jogo mediante a capacidade de
          estabelecerem estratégias motoras, pondo-as em prática através da sua
          táctica individual e colectiva. O autor considera este mecanismo
          fundamental e determinante para esta modalidade desportiva;

    -     Do seu mecanismo de execução, resposta motriz para resolver a
          situação de jogo, sendo necessário utilizar as capacidades motoras,
          assim como, as habilidades técnicas.


                                         Habilidade para resolver um
                                              problema do jogo



                                                    Requer



                                               Mecanismo
     O que se passa?                           Perceptivo        Observar           Informação da situação

                               Estímulos, Relações Espaciais e Temporais




                                            Mecanismo de
                                              decisão
        O que fazer?                                             Analisar/decidir      Resposta adequada

                                     Capacidades Cognitivas: Táctica




        Como fazer?                         Mecanismo deRe      Solução da situação         Resposta motriz
                                             execução

                               Estímulos, Relações Espaciais e Temporais
                                                                                Objectivo


                       Obter um comportamento óptimo em competição, através da
                       utilização de todas as capacidades e habilidades individuais
                       actuando colectivamente.

FiguraII-3: O Futebol como uma actividade motora complexa. (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)



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Revisão da Literatura




“Nesta perspectiva, numa partida de futebol afigura-se mais importante saber
gerir regras de funcionamento, ou princípios de acção do que utilizar técnicas
estereotipadas ou esquemas tácticos rígidos e pré-determinados. O bom
jogador ajusta-se não apenas à situação que vê mas também àquilo que prevê,
decidindo em função das probabilidades de evolução do jogo” (Garganta &
Pinto, 1998; Garganta 2002a). Fuentes e col.(1998), sustentam a necessidade
de se trabalhar mais os mecanismos de percepção e decisão, do que os
mecanismos específicos de execução, pois consideram preponderante, nas
etapas de formação, que os praticantes aprendam a observar e a perceber o
que se sucede à sua volta, de forma a que analisem adequadamente as
situações que surgem em jogo, podendo desta forma responder com eficácia.
Em função da experiência que os praticantes adquirem com o treino e sua
criatividade, estas respostas poderão vir a ser cada vez mais adequadas e
originais.

Bunkers & Thorpe (1982) propõem um modelo que, proporciona uma maior
consciência táctica do jogo, uma vez que integra os padrões de decisão
característicos da actividade (Figura II-4).




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                                                        (1) Jogo



                      (2) Apreciação                                                (6) Acção Motora




                                                       APRENDIZ




                      (3) Consciência                                                (5) Habilidade
                          táctica                                                       motora


                                                      (4) Decisões:


                                                 O que fazer? Como fazer?



Figura II-4 – Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico-Técnico do Jogador no Jogo. (Bunker & Thorpe, 1992)




Nos JDC a dimensão táctica ocupa o núcleo da estrutura de rendimento
(Konzag, 1991; Faria & Tavares, 1992; Gréhaigne, 1992), pelo que a função
principal dos demais factores, sejam eles de natureza técnica, física ou
psíquica, é a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhos
tácticos de nível cada vez mais elevado.

É fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos, ou seja,
toda a acção técnica deve ter um fim táctico, se tal não acontecer o treino
poderá ser inconsequente.

De acordo com as afirmações anteriores, torna-se lógico que o ensino e o
treino em futebol não deverão restringir-se a aspectos biomecânicos, ao gesto
em si, mas atender sobretudo às imposições da sua adequação às situações
do jogo (Garganta & Pinto, 1998).




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                                                                                                             15
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                                                  Jogo



               Apreensão do                                                       Acção
                   jogo
                                                                                  Motora




                Capacidade                                                      Habilidade
                  táctica                                                         motora


                                                 Decisões:


                                               O que fazer?

Figura II-5 - Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico / Técnico do Jogador no Jogo (Garganta & Pinto, 1998)


Todas as acções técnicas, para que sejam eficazes necessitam, para além de
uma execução correcta, da sua execução no “timing” certo, se tal não ocorrer,
a acção técnica irá perder a sua importância.

A técnica é importante? Mesquita, (1997) argumenta que, o ensino dos JDC é
uma competência que está obrigatoriamente dependente da mestria das
técnicas do jogo. Ser portador de uma boa técnica permite ao jogador ficar
liberto para ler o jogo e consequente decidir melhor, prevalecendo na relação
com a bola, o controlo quinestésico em detrimento do visual, o jogador
tecnicamente evoluído fica liberto para analisar as situações de jogo e,
consequentemente, poder optar pelas melhores soluções. Mas, a técnica só
revela a sua importância quando aplicada oportunamente, isto é, quando
ocorre uma execução técnica, tacticamente correcta.

A aprendizagem dos procedimentos técnicos constitui apenas uma parte dos
pressupostos necessários para que, em situação de jogo, os praticantes sejam
capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca.
Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantes
assimilem um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se
relaciona com o móbil do jogo (bola), até à forma de comunicar com os colegas



ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
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Revisão da Literatura




e contra-comunicar com os adversários, passando pela noção de ocupação
racional do espaço de jogo (Garganta & Pinto, 1998).

Malglaive (1990) e Gréhaigne & Godbout (1995), sustentam que o sistema de
conhecimento, nos desportos colectivos, decorre de regras de acção, regras de
organização e capacidades motoras (Figura II-6).



                             Regras de acção                        Regras de gestão e
                                                                    organização do jogo




                                               Organização colectiva
                                                     e individual




                                                   Capacidades
                                                      motoras


Figura II-6- Conteúdos do Conhecimento em Desportos Colectivos. (Malglaive, 1990 ; Gréhaigne & Godbout, 1995)


As regras de acção são orientações básicas acerca do conhecimento táctico do
jogo, que definem as condições a respeitar e os elementos a ter em conta para
que a acção seja eficaz (Gréhaigne & Guillon, 1991). As regras de organização
do jogo, estão relacionadas com a lógica da actividade, nomeadamente com a
dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a
distribuição de papéis e alguns preceitos simples de organização que podem
permitir a elaboração de estratégias. As capacidades motoras, englobam a
actividade perceptiva e decisional do jogador, bem como os aspectos da
execução motora propriamente dita.

A evolução do Futebol terá necessariamente de apostar, de forma inequívoca,
no entendimento e no ensino do jogo (Garganta & Pinto 1998), estando os
treinadores obrigados, em todos os níveis de ensino e treino do jogo, a
procurar formas e métodos que promovam jogadores que pensem e raciocinem
em cada uma das acções em que intervêm (Greco, 1988). É necessário que o
jogador compreenda a lógica interna do jogo, os princípios gerais e específicos

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
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que regem o seu comportamento, e seja capaz de os aplicar de forma
inteligente, depois de uma análise prévia da situação de jogo (Cárdenas, 2000).

        2.1.4 REFERÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DO FUTEBOL

Actualmente, a perspectiva de ensino e treino mais emergente é aquela que a
partir de uma análise do jogo e da sua estrutura, apresenta o ensino e treino de
uma forma mais global, com uma dimensão mais complexa e mais próxima da
realidade do jogo. Esta visão emergiu no sentido de superar a tendência
dominante de corte analítico, mecanicista e técnico, apoiando-se na psicologia
cognitiva e nos modelos de execução (Garganta, 1994)

Esta concepção de treino integral tem como ponto de partida o Futebol
enquanto jogo, no qual os problemas fundamentais dos jogadores são, por um
lado a adaptação das suas condutas em relação de oposição (jogar contra
adversários), e por outro a adaptação das suas condutas à relação de
colaboração (jogar com os companheiros) (Mombaerts, 1998).

                 2.1.4.1 CONDICIONANTES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS


Se compararmos o Futebol, no plano estrutural, com outros denominados
grandes jogos desportivos colectivos (Andebol, Basquetebol e Voleibol),
constatamos algumas diferenças extensivas ao plano funcional, que nos
permitem retirar ilações importantes para a orientação do processo de
ensino/treino deste jogo (Garganta & Pinto, 1998):

                 2.1.4.2 DIMENSÃO DO TERRENO DE JOGO E NÚMERO DE JOGADORES


Quanto maior for o espaço de jogo mais elevado terá de ser a capacidade para
o cobrir, mental e fisicamente. Deste modo, uma educação mental sistemática
torna o jogador capaz de utilizar, de uma forma inteligente o conhecimento
adquirido, através das suas características psicomotoras (Mahlo, 1980).

Sabe-se que um campo de Futebol de onze é um espaço muito grande,
correspondendo aproximadamente à superfície de 10 campos de Andebol, 20
campos de Basquetebol e 50 campos de Voleibol (Bauer & Ueberle, 1988 cit.

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Garganta & Pinto, 1998). Para além disso, o número de jogadores a referenciar
num jogo, condiciona a complexidade inerente à percepção das situações
(leitura do jogo).

O desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão
centrada na bola, à visão centrada no jogo) é um dos aspectos mais
importantes a que se deve atender na formação, na medida em que o jogo de
Futebol reclama uma atitude táctica permanente.

A capacidade de raciocinar tacticamente, mediante as variadas e imprevistas
situações-problema a que o jogo submete os atletas, tem de ser desenvolvida
no treino, isto é, aumentar e consolidar a capacidade de controlo cinestésico
sobre a execução do movimento quando em posse de bola, capacitando-os
para utilizarem a visão para as funções de leitura do jogo (jogar de cabeça
levantada). Para que tal possa ocorrer Guterman (1996) refere que, será
necessário a construção de noções de jogo segundo processos altamente
participativos, uma vez que, jogar nas condições regulamentares da
competição formal, leva a que essa participação possa vir a ser bastante
reduzida.

Esta é uma das muitas razões pelas quais se torna aconselhável que, nas
fases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogo
seja aprendido num espaço mais reduzido e com um menor número de
jogadores (5 ou 7 jogadores, por exemplo), tornando os exercícios mais
adaptados às reais dificuldades do jogador, podendo o assim aumentar a
aprendizagem do mesmo (Queiroz, 1986).

                          2.1.4.3 DURAÇÃO DO JOGO


O jogador de Futebol deve estar capacitado para responder eficazmente às
situações, agindo duma forma rápida e coordenada e repetindo essas acções
ao longo do jogo.

De notar, por exemplo, que, para equipas seniores, do tempo estabelecido para
uma partida de Futebol de onze (90 minutos), o tempo de jogo efectivo é de

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apenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poderá estar na posse da
bola, em média, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesas
centrais) e um máximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durante
todo o restante tempo os jogadores seleccionam informações, analisam-nas e
tomam decisões (Bauer & Ueberle, 1988 cit. por Garganta & Pinto, 1998);
Gréhaigne, 1992).

A aprendizagem adequada destes aspectos passa pela utilização de técnicas e
de procedimentos de ensino que provoquem um confronto do aluno com
problemas, para os quais ele vai procurar solução. Esta metodologia procura
enfrentar o jogador com situações práticas, nas quais a lógica do movimento
seja entendida de uma forma progressiva, para que quando lhe seja
apresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de o superar
com êxito (Mombaerts, 1998; Cerezo, 2001).

O ensino do Futebol visa a formação de jogadores inteligentes, tornando-os
capazes de actuar e tomar decisões em função da leitura das diferentes
situações que o jogo lhes oferece (Mangas, 1999). Deste modo o pensamento
táctico é um pressuposto a desenvolver desde a aprendizagem do jogo (Thorpe
& Bunker, 1982).

Esta constatação implica que seja estabelecida uma relação entre a técnica e a
táctica em favor desta e que se atribua uma grande importância ao jogo sem
bola. Esta necessidade é evidente quando se verifica a existência de jogadores
que nos testes técnicos obtêm a máxima pontuação, onde a sua capacidade de
drible perante um obstáculo imóvel, os seus malabarismos, as suas fintas são
tecnicamente perfeitas, mas perante a aplicação no terreno de jogo não tem a
mesma eficácia, quando faz um drible bem, mas fora de tempo, quando remata
através de uma execução correcta, mas na direcção do guarda-redes (Fradua
Uriondo, 1997).




ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
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                          2.1.4.4 CONTROLO DA BOLA


O Futebol, o Andebol e o Basquetebol, são jogos de território comum e
participação simultânea, em que existe luta directa pela posse da bola. No
entanto, as possibilidades de assegurar o controlo da bola são teoricamente
maiores para os jogadores de Andebol e de Basquetebol do que para os
praticantes de Futebol. A utilização das mãos (no Andebol e no Basquetebol)
permite agarrar a bola e assim melhor a proteger e controlar, bem como dar-lhe
a direcção desejada.

A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construção da mestria da relação
com a bola, em função das exigências tácticas do jogo. A limitação específica
desta aprendizagem passa pela necessidade do praticante de Futebol ter que
jogar a bola quase exclusivamente com os membros inferiores, estando estes
simultaneamente implicados no equilíbrio do corpo e nos deslocamentos.
Acresce o facto do jogo se desenvolver, predominantemente, num plano baixo,
o que concorre para dificultar a disponibilização da visão para efectuar a
"leitura do jogo".

“Ler” o jogo é seguramente uma tarefa difícil de conseguir com pleno sucesso
pela quantidade e complexidade dos factores a que está sujeito. É no entanto
uma tarefa de extrema importância para o jogador e determinante para o
sucesso das competências que lhe estão atribuídas. (Martins, 1999).

Neste contexto, quando um jogador erra frequentemente determinada resposta
motora, torna-se importante identificar se tal decorre duma leitura deficiente da
situação (mecanismo perceptivo e de decisão mental), ou se deriva da sua
ineficiência técnica ou física para responder a tal situação.

                 2.1.4.5 FREQUÊNCIA DE CONCRETIZAÇÃO


Em equipas de jogadores de elite, em média, no Andebol consegue-se um golo
em cada dois minutos; nos jogos de Basquetebol e de Voleibol consegue-se
concretizar pontos em cada minuto. A relação entre as acções de ataque e
êxitos quantificáveis é aproximadamente nestas modalidades de 2 para 1,

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                                                                                                  21
Revisão da Literatura




enquanto que no Futebol é apenas de 50 para 1. Isto permite que, não
raramente no Futebol, equipas de nível inferior possam conseguir bons
resultados frente a equipas de elevado nível, o que dificilmente acontece
noutros desportos de equipa.

Estas constatações não devem conduzir a uma diminuição da importância
atribuída à finalização no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrário, dever-
se-á propiciar a criação de um grande e variado número de ocasiões de
finalização, quando não o praticante perde de vista o objectivo central do jogo
(o golo) e centra a sua actuação ao nível do jogo de transição, provocando um
desequilíbrio entre jogo indirecto e jogo directo.

                 2.1.4.6 COLOCAÇÃO DE ALVOS


No Futebol, tal como no Andebol, e duma forma diversa do que acontece no
Basquetebol e no Voleibol, a colocação dos alvos (balizas) na vertical, faz
"variar" a sua largura aparente, em função da posição (ângulo) em que estão a
ser visualizadas pelo jogador (Gréhaigne, 1992). Esta indicação reveste-se de
grande importância na construção do pensamento táctico do principiante, na
medida em que permite interiorizar as noções de conquista/defesa do eixo do
terreno, de jogo directo e indirecto, e de abertura/fecho de ângulos de remate.

2.2 TREINO COM CRIANÇAS E JOVENS

Sobre o treino com crianças e jovens e sua participação desportiva, muito se
tem escrito em vários artigos e muito se tem dito em conferências sobre o
tema. A polémica entre os especialistas na matéria existe e subsiste,
envolvendo sobretudo, as consequências para a saúde criando controvérsia
sobre a participação de crianças e jovens no desporto de rendimento (Marques
e Oliveira, 2002). Polémica que levanta reflexões, essencialmente sobre, quais
deverão ser as configurações e contornos da actividade de treino e competição
em crianças e jovens, elevando a problemática, ao motivar divergências
concernentes às melhores estratégias de actuação (Marques e Oliveira, 2002).
Esta problemática que se levanta, que desenvolve teorias implicando
convergências e divergências entre os especialistas, não é um “problema” é
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                                  22
Revisão da Literatura




ciência. O verdadeiro problema reside no facto da teoria e pratica, na maioria
dos casos, ainda estarem extremamente distantes para o que seria desejável.
Isto é, tudo que se escreve e se diz sobre o tema é, por vezes ou quase
sempre, tão depressa aplaudido e louvado, como esquecido por aqueles que
deveriam por toda a teoria em prática.

Os problemas surgem quando, o treino e a participação competitiva de crianças
e jovens tende a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e formas de
organização do desporto de alto rendimento (com algumas adaptações
indispensáveis) (Marques, 1997); (Proença, 1998). Quando a valorização e
reconhecimento social dos mais jovens, através dos resultados competitivos, é
tanto maior quanto menores são as hipóteses de êxito do clube, nas
competições seniores (Proença, 1998). Quando para muitos treinadores,
dirigentes e pais, a vitória nas competições continua a ser o objectivo principal,
onde a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que
produzem resultados a curto prazo, mas comprometem os resultados futuros e
frustram as expectativas de crianças e jovens, subvertendo toda a lógica da
formação (Marques, 1997).

Estes erros estão associados na maioria dos casos à especialização precoce e
ao abandono prematuro da prática desportiva. Erros cometidos em nome de
interesses inconfessados, por falta de preparação pedagógica e científica,
jamais poderão ser tolerados nos dias de hoje, pois os conhecimentos
científicos sobre a optimização dos pressupostos do rendimento e sobre o
desenvolvimento do indivíduo nas fases evolutivas mostram claramente que
nada se justifica para tal. A não ser a ignorância ou interesses reprováveis
(Marques, 1991). Por tal “não se peçam vitórias aos treinadores dos mais
jovens. No desporto, como em tudo, o tempo de formação é de preparação”
(Marques & Oliveira, 2002 pp65).

Marques (1997); Marques, (1991) sustenta que a preparação desportiva de
crianças e jovens não pode estar subordinada a interesses pessoais,
científicos, materiais e financeiros, ou a outros interesses, que, valorizando
exclusivamente o rendimento, poderão tornar a criança num instrumento de
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                                  23
Revisão da Literatura




preocupações que, para além de serem gravosas para os mesmos poderão
hipotecar o seu futuro desportivo.

Marques, (1991) refere que a preparação desportiva poderá ser um
pressuposto fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança e
também para a criação de condições para a optimização do rendimento
desportivo, desde que:

    -   Se realize em articulação com a escola;

    -   Seja enquadrada pelos melhores professores de desporto ou técnicos
        desportivos;

    -   Tenha como referência axial a saúde física e mental da criança, o
        respeito pela sua individualidade biológica, e a observância das
        particularidades de cada especialidade desportiva.

O treino e a competição devem situar-se num quadro estrito de respeito pela
educação, formação e defesa dos interesses dos jovens atletas (Marques,
1999)

        2.2.1 O TREINADOR DE CRIANÇAS E JOVENS

Treinar crianças e jovens é tudo menos uma tarefa fácil, pois trata-se de um
processo complexo de gerir, o que exige treinadores bem preparados. Não se
trata apenas de utilizar metodologias de treino que se coadunem com
experiências vividas como atletas ou plagiar o treino dos seniores. O processo
de formação que se prolonga por vários anos, para que tenha um requerimento
eficaz das mais valias pedagógicas, de extrema importância para o
desenvolvimento dos jovens e do desporto, requer e exige não apenas
treinadores qualificados no plano técnico – científico, como treinadores com
uma particular sensibilidade para as questões pedagógicas (Marques, 2002).

Marques, (2002) sustenta que para se ser treinador de crianças e jovens
existem três condições essenciais:


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                                                                                                  24
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    -    Gostar do desporto em questão;

    -    Gostar de trabalhar com crianças e jovens;

    -    Estar preparado para um trabalho exigente, demorado e cujos
         resultados não são “visíveis” e vão aproveitar a terceiros.

         Lee, (1999) refere que, compete ao treinador:

    -    Ensinar as técnicas e organizar sessões de treino de acordo com o nível
         de cada atleta;

    -    Proporcionar bastante tempo de prática;

    -    Definir objectivos individuais para cada jovem;

    -    Corrigir os erros e explicar de forma clara a forma de os ultrapassar;

    -    Apreciar as crianças pelo modo como evoluem e não por comparação
         com os outros.

O treinador deverá proporcionar aos seus atletas uma formação completa, o
que significa que o mesmo tem, para além de tarefas desportivas estritas,
responsabilidades pedagógicas pelo presente e futuro das crianças que lhes
são confiadas. Tal exige conhecimentos sobre o desenvolvimento motor,
biológico, psíquico e social das crianças e jovens, mas também capacidade de
integração desses conhecimentos nas propostas da prática. Assim sendo a
formação desportiva exige técnicos qualificados (Marques, 1991;Marques,
1999).

O treinador terá de ter em mente que, os grandes resultados desportivos
dificilmente irão surgir à mercê de um trabalho a curto prazo, que a preparação
dos atletas é um processo longo, demorado e complexo, sendo necessário
contemplar diferentes etapas, subordinadas aos grandes objectivos do treino e
da preparação desportiva (Marques, 1985). Somente assim poderão surgir
campeões, na vida e no desporto.


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        2.2.2 ETAPAS DE PREPARAÇÃO

A preparação de um atleta para que mais tarde possa vir a ter expectativas de
rendimento elevado, é um processo a longo prazo. Um processo que
contempla várias etapas, das quais umas estão directamente relacionadas com
o rendimento e as restantes com ele indirectamente relacionadas, sendo
“causa” ou “consequência” do mesmo (Marques, 1985).

Etapas essas que deverão subsistir e se subdividir, não apenas por meros
aspectos organizativos mas sim por aspectos profundamente ligados às
ciências biológicas, médicas, humanas, sociais... que se coadunem com as
etapas do desenvolvimento ontogénico do ser humano ao mesmo tempo que
subordinam e integram os grandes objectivos do treino e da preparação
desportiva (Marques, 1985).

O autor subdivide as etapas de preparação de um atleta em: (Quadro II-1)

                 -        Etapa de preparação preliminar;

                 -        Etapa de especialização inicial ou de base;

                 -        Etapa de especialização aprofundada;

                 -        Etapa de performances maximais;

                 -        Etapa de manutenção das performances;

                 -        Etapa de manutenção do nível geral de treino.




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Quadro II-1 – Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva. (adap. de Marques, 1985)
                    Referências                              Orientações metodológicas
      Etapas                              Objectivos                                          Suas justificações
                     prováveis                                       dominantes

                                                                                               Rápida maturação do
                                                                                                 sistema nervoso:
                                                             Dominância de uma formação
                                        Criação dos                                            desenvolvimento da
                                                             geral-muitipla e diversificada.
                                      fundamentos da                                             rede sináptica e
   De preparação    7/8 aos 11/12                                Desenvolvimento das
                                    prestação desportiva.                                          mielinização.
     preliminar         anos                                capacidades desportivas gerais.
                                    Optimização dos pré-                                       Evolução mais lenta
                                                               Incidência de trabalho em
                                     requisitos motores                                        das outras estruturas
                                                                        volume.
                                                                                                    biológicas.



                                                                                                   Período Pré-
                                                              Selecção inicial e inicio da
                                                                                                   pubertário e
                                                                    especialização.
                                                                                                pubertário. Rápido
                                                                 Desenvolvimento das
                                     Desenvolvimento e                                         desenvolvimento de
                                                             capacidades motoras gerais.
                                    aperfeiçoamento dos                                         certas estruturas (
                                                            Prática de uma 2ª modalidade.
         De                           fundamentos da                                              morfológicas –
                                                             Desenvolvimento gradual das
   especialização   11/12 aos 14    prestação. Introdução                                            ósseas)
                                                                 capacidades motoras
    inicial ou de       anos         de elementos que                                           acompanhada de
                                                              específicas. Predominância
        base                          condicionam de                                             uma forma mais
                                                              ainda do treino geral e em
                                       forma directa o                                         lenta das estruturas
                                                             volume. Inicio da participação
                                        rendimento.                                                 orgânicas
                                                             em competições (11/13anos).
                                                                                                  (metabolismo
                                                              Competições simplificadas,
                                                                                                   anaeróbio) e
                                                             número reduzido, espaçadas.
                                                                                                    muscular.

                                                                 Selecção intermédia.
                                                            Desenvolvimento sistemático e
                                     Aprofundamento e          com cargas progressivas             Progressiva
                                      direccionamento         (volume e intensidade) das           maturação e
                                     mais específico da          capacidades motoras             consolidação de
                                       preparação no        determinante do rendimento de       todas as estruturas
         De
                      15 aos 18          sentido do            uma forma directa. Maior           (com particular
   especialização
                        anos          desenvolvimento       incidência do treino específico,       incidência as
    aprofundada
                                       acelerado dos        individualização progressiva do        orgânicas e
                                          factores             treino e das competições.           musculares)
                                      determinantes do       Aumento da participação em         relacionadas como
                                        rendimento.           competições considerável.            rendimento.
                                                                Primeiras competições
                                                             internacionais (na fase final).


Martin et al. (2001), refere-se ao processo de treino a longo prazo subjugando-
o a três etapas, que constituem três níveis de treino:

    -    Formação geral básica;



ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
                                                                                                                      27
Análise da estrutura do treino
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Análise da estrutura do treino

  • 1. Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL Dissertação apresentada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Ciências do Desporto – Área de especialização em Desporto para Crianças e Jovens de acordo com o Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de Outubro, Capítulo II, Artigo 5º, pontos 1. e 2. e Capítulo III, Artigo 17º, ponto 1. Orientador: Professor Catedrático António Teixeira Marques Co-orientação Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva Mário Jorge Moisés Nogueira Porto, 2005
  • 2. Ficha de Catalogação Ficha de Catalogação Nogueira, M. (2005). Análise da estrutura do treino, no escalão de iniciados e juvenis, em Futebol. Dissertação para provas de Mestrado no ramo de Ciências do Desporto. FCDEF-UP, Edição do autor. Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E JOVENS, EXERCÍCIOS DE TREINO, CONTEÚDOS DE TREINO, MÉTODOS DE TREINO. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
  • 3. Dedicatória Dedicatória: À Sandra, Pelo incentivo, compreensão, amor e amizade. Aos meus pais, irmã e avós, Porque a eles devo tudo o que sou. À família, Pela união, força e confiança transmitida. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
  • 4. Agradecimentos Agradecimentos Ao meu orientador de Mestrado, Professor Doutor António Teixeira Marques, pela amizade, pela sua incomensurável disponibilidade e pelo infinito apoio que me prestou. Agradeço também a cedência de bibliografia e a partilha do seu conhecimento, que em muito me ajudou. Um enorme obrigado ao Professor Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade demonstrada, no esclarecimento de dúvidas, na indicação de bibliografia e pelo interesse demonstrado no estudo. O meu agradecimento aos Professores pertencentes ao gabinete de Futebol, pelo inefável empenho e ajuda na procura e cedência dos dossiers necessários para o estudo. O meu sincero obrigado à Marisa Silva Gomes, pela interminável procura dos dossiers necessários, para a realização do estudo. E aos treinadores, que tiveram a amabilidade de os ceder, contribuindo desta forma para que este projecto se pode-se realizar e concluir. À Diana, Sérgio e Padrinhos, pelo seu empenho na cooperação de tarefas realizadas acerca do nosso estudo. À minha irmã, ao Henry, Rui e Miguel, pela ajuda prestada nas questões informáticas À Sandra, pelo carinho, empenho e incentivo constante, por todo o apoio prestado. Ao longo destes dois anos tenho a agradecer a todos os amigos do Curso de Mestrado, pelo companheirismo. Para não ser injusto e não esquecer de ninguém, a todos aqueles que me ajudaram através das suas sugestões, dúvidas e críticas. Agradeço também toda a contribuição para que este trabalho se tornasse mais claro e completo. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL I
  • 5. Agradecimentos A todos os Professores e Funcionários da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, por me surpreenderem com o seu profissionalismo, orgulhando-me de ter realizado o Mestrado nesta Instituição. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL II
  • 6. Índice Geral Índice Geral Agradecimentos …………………………………………………………………………………... I Índice Geral ………………………………………………………………………………………... III Índice de Figuras …………………………………………………………………………………. V Índice de Quadros………………………………………………………………………………… VII Resumo ……………………………………………………………………………………………. XI Abstract ……………………………………………………………………………………………. XIII Résumé ……………………………………………………………………………………………. XV Abreviaturas ………………………………………………………………………………………. XVII I – INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………………………... 1 1.1 Propósito e Problema do Estudo ………………………………………. ..…. ………………………. 1 1.2 Estrutura do Estudo...................................................................................................................... 3 II – REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………................................................ 5 2.1. O Futebol ……………………….................................................................................................... 5 2.1.1 Futebol, sua Natureza e sua Essência..................................................................................................... 6 2.1.2 Futebol, um Jogo de Oposição/ Cooperação, um Jogo Táctico............................................................... 7 2.1.3.Prespectivas para o Ensino e Treino do Futebol enquanto JDC.............................................................. 11 2.1.4 Referências Fundamentais para o Ensino do Futebol.............................................................................. 18 2.1.4.1 Condicionantes Estruturais e Fundamentais................................................................................. 18 2.1.4.2 Dimensão do Terreno de Jogo e Número de Jogadores............................................................... 18 2.1.4.3 Duração do Jogo............................................................................................................................ 19 2.1.4.4 Controlo da Bola............................................................................................................................ 21 2.1.4.5 Frequência de Concretização........................................................................................................ 21 2.1.4.6 Colocação de Alvos....................................................................................................................... 22 2.2 Treino com Jovens....................................................................................................................... 22 2.2.1 O Treinador de Crianças e Jovens........................................................................................................... 24 2.2.2 Etapas de Preparação.............................................................................................................................. 26 2.2.3 Fases Sensíveis de Treinabilidade…………………………………………………………………………….. 30 2.3 Exigências Físicas e Fisiológicas do Jogo de Futebol................................................................. 31 2.3.1 Importância do Treino Aeróbio em Futebol.............................................................................................. 33 2.3.2 Importância do Treino Anaeróbio em Futebol.......................................................................................... 35 2.4 Estrutura do Treino para Crianças e Jovens................................................................................ 36 2.4.1 Meios de Treino, Preparação Geral vs. Preparação Específica............................................................... 37 2.4.2 A Preparação Geral, na Formação Desportiva dos Jovens Futebolistas…………………………………... 40 2.4.3 O Exercício no Processo de Treino.......................................................................................................... 41 2.4.4 Especificidade do Exercícios de Treino em Futebol................................................................................. 44 2.5.5 Taxionomia dos Exercícios de Treino…................................................................................................... 47 2.4.6 Estrutura da Carga de Treino.................................................................................................................... 55 2.4.7 Carga de Treino e Competição em Crianças e Jovens nos Desportos Colectivos……………………….. 55 2.4.8 Conteúdos de Treino e sua Importância no Treino de Crianças e Jovens…………………………........... 57 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL III
  • 7. Índice Geral III – Metodologia................................................................................................................................... 61 3.1. Objectivos……………………………………………………………………………………………….. 61 3.1.1 Objectivos Geral …………………………………………………………………………………………………. 61 3.1.2 Objectivo Específico................………………………………………………………………………………….. 61 3.1.3 Hipóteses Orientadoras do Estudo.................................................. ……………………………………….. 61 3.2 Categorizarão da Amostra………………...................................................................................... 62 3.3 Método de Pesquisa ……………………………………………………………………………………. 63 3.3.1 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa…………………………………………………………………... 64 3.3.2 Caracterização e Definição das Variáveis……………………………………………………………………... 64 3.3.2.1 Exercícios de Treino...................................................................................................................... 65 3.3.2.2 Carga de Treino............................................................................................................................. 65 3.3.2.3.Método de Treino........................................................................................................................... 66 3.3.2.4 Conteúdos de Treino..................................................................................................................... 66 3.4 Procedimentos estatístico............................................................................................................ 69 IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS …………………………………………... 71 4.1. Exercícios de Treino.................................................................................................................... 71 4.2. Cargas de Treino ………………………………………………………………………………………. 73 4.2.1 Carga de Treino para cada Conteúdo de Treino...................................................................................... 73 4.2.2 Carga de Treino para o Desenvolvimento das Capacidades Motoras …………………………………….. 77 4.3 Métodos de Treino........................................................................................................................ 79 4.3.1 Metodologia de desenvolvimento das capacidades motoras condicionais ………………………………... 79 4.3.2 Exercícios Complementares/Fundamentais............................................................................................. 81 4.3.3 Exercícios Complementares (com ou sem oposição).............................................................................. 82 4.3.4 Exercícios Fundamentais......................................................................................................................... 84 4.4 Conteúdos de Treino.................................................................................................................... 85 4.4.1 Conteúdos de treino desenvolvidos a partir dos EPG.............................................................................. 85 4.4.2 Conteúdos desenvolvidos através dos EEPG.......................................................................................... 88 4.4.3 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase I.................................................................................. 92 4.4.4 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase II................................................................................. 94 4.4.5 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase III................................................................................ 95 V – CONCLUSÕES ………………………………………………………………………………................... 97 VI – RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA, NO TREINO DE JOVENS FUTEBOLISTAS………… 101 6.1 Recomendações específicas aos resultados do nosso estudo …………………………………… 101 6.2 Recomendações Gerais ……………………………………………………………………………….. 102 VII – SUGESTÕES……………………………………………………………………………………………... 105 VIII – BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………................... 107 IX – ANEXOS ……………………………………………………………………………………..................... 109 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IV
  • 8. Índice de Figuras Índice de Figuras Figura II – 1. Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000) ………………………………. 9 Figura II – 2. Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. de Cerezo, 2000)............................. 10 Figura II – 3. O Futebol como actividade motora complexa (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998) 13 Figura II – 4. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap. Bunker & Thorpe, 1992) …………………………………………………………………………. 15 Figura II – 5. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap Garganta & Pinto, 1998) …………………………………………………………………………. 16 Figura II – 6. Conteúdos do conhecimento em desportos colectivos (adap. de Malglaive, 1990; Gréhaigne & Godbout, 1995) ……………………………………………………………………. 17 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL V
  • 9.
  • 10. Índice de Quadros Índice de Quadros Quadro II – 1. Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva /adap. de Marques, (1985)……………… 27 Quadro II – 2. Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin, 1999) …………………………………………………………………………………………………………. 30 Quadro II – 3. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação desportiva em Futebol, (Adap. Marques, 1989) …………………………………………………………………………………. 38 Quadro II – 4. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação Desportiva (adap. de Marques, (1989) …………………………………………………………………………………………. 38 Quadro II – 5. Síntese da classificação dos exercícios realizado por vários autores (adap. de Bragada, 2000)..... 48 Quadro II – 6. Grelha taxionómica de classificação dos exercícios de treino (Castelo, 2003) ……………………… 53 Quadro II – 7. Valores, médias de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino), competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino/competição (Adap. de Marques e col., 2000); Santos, 2001); Pinto e col., 2001) …………………………………………. 56 Quadro II – 8. Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por época e total de unidades (Pinto e col., 2003) …………………………………………………………. 56 Quadro II – 9. Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação treino/competição (Pinto e col., 2003)...………………………………………………………………. 56 Quadro II – 10. Número de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col., 2000; Marques, 1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col.2001) …………………………………………………… 57 Quadro II – 11. Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valore percentuais durante uma temporada desportiva (adap. Marques e col,. 2000) ……………………………………. 59 Quadro III – 1. Principais características da amostra. …………………………………………………………………… 62 Quadro III – 2 Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, razão treino/competições ……………………………………………………………………………………….. 63 Quadro IV – 1. Utilização de meios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………… 71 Quadro IV – 2. Utilização de meios de treino e tempo total de treino para o escalão de iniciado e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………………………………………………. 72 Quadro IV – 3. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação……………………………………………………………………………………… 73 Quadro IV – 4. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………….. 74 Quadro IV – 5. Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol (adaptado de Pinto e col., 2001; Pinto e col., 2003) …………………………………………………………………………………… 75 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VII
  • 11. Índice de Quadros Quadro IV – 6. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………… 77 Quadro IV – 7. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………………………… 78 Quadro IV – 8 Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado de Santos, 2001) ……………………………………………………………………………………………. 79 Quadro IV – 9 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………… 79 Quadro IV – 10 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………...…………………………. 80 Quadro IV – 11 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………... 81 Quadro IV – 12 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………. 82 Quadro IV – 13 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………………… 82 Quadro IV – 14 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………... 83 Quadro IV – 15 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………………… 84 Quadro IV – 16 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………….. 85 Quadro IV – 17 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …. 86 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VIII
  • 12. Índice de Quadros Quadro IV – 18 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………………………………………………………………. 89 Quadro IV – 19 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………………………………………… 92 Quadro IV – 20 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………………………………………… 94 Quadro IV – 21 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………………………………………… 95 ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IX
  • 13.
  • 14. Resumo RESUMO A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças e jovens leva a que este seja, de certa forma, empírico. O seu processo de treino é, na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino, devendo-se, muitas vezes, à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade dos mesmos serem examinados (Marques, 1999). O objectivo desta investigação é caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalão de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na estruturação do treino entre ambos. Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de jovens jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis dossiers, dos quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os restantes a três equipas do escalão de juvenis. Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do centro de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto (FCDEF-UP). O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0, incluiu uma análise de frequências, das medidas descritivas, tais como as médias, desvios-padrão e percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários. Concluiu-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados difere da dos juvenis, tendo-se verificado diferenças significativas, basicamente em todos os focos de análise do nosso estudo. Os treinadores de futebol dos escalões de iniciados e juvenis dão prioridade aos aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos aspectos técnicos (8%). A resistência é a capacidade motora que mais se desenvolve (19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a coordenação (2%) as que menos se desenvolvem. Os treinadores das faixas etárias em estudo desenvolvem as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas. Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E JOVENS, EXERCÍCIOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS DE TREINO. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XI
  • 15.
  • 16. Abstract Abstract The inexistence of a theoretical basis for the children and young's trainers' work makes it, in a certain way, empiric. Their training process is, to a large extent, unknown to the training methodologists, due, a lot of times, to the lack of theoretical documents or to the unavailability of the same ones to be examined (Marques, 1999). This investigations’ aim is to characterize the Soccer training structure in both initiate and juvenile step, to assert if there are differences in their training structures. In order to accomplish this study, 625 training units of young male Soccer players', of the former steps, were analyzed. Therefore six dossiers, concerning three teams of the initiate step and three of the juvenile step, were reviewed. We carried out a documental research, regarding training dossiers of the center of Soccer training of FCDEF-UP. The statistical study, accomplished with SPSS 10.0, included an analysis of frequencies, of descriptive measures, such as averages, standard-deviation and percentages, and a t-test for comparison of age steps. In short we may conclude that the training structure of the initiate step differs of the juvenile one, having acknowledged significant differences, basically in all of the sample analysis of our study. Soccer trainers of the initiate and juvenile steps give priority to technician / tactical (51%) and physical (41%) aspects over technical aspects (8%). Resistance is the motor capacity most improved by them (19%), followed by force (8%), flexibility (8%), being speed (3%) and coordination (2%) the least improved ones. The trainers of the focused age groups develop conditional motor capacities separate from technician subjects. KEY-WORDS: SOCCER, TRAINING STRUCTURE, CHILDREN AND YOUNG ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XIII
  • 17.
  • 18. Résumé Résumé L’absence d’un support théorique pour le travail des entraîneurs des enfants (12-14 ans) et des jeunes (14-16 ans), le rend, d’une certaine façon, empirique. Leur méthode d’entraînement est, dans la plupart des fois, inconnue des experts d’entraînement, parce que, les documents ne sont pas disponibles. L´objectif de cette investigation est caractériser la structure de l’entraînement du football dans les classes des enfants et des jeunes, et de vérifier s’il existe des différences entre eux. Pour la réalisation de cette étude c’était analysé 625 unités d’entraînement des jeunes joueurs du football du sexe masculin. Dance ce but nous avon revu 6 dossiers, dont 3 concernant le grupe des enfants et les autres le grupe des jeunes. Nous avon fait une recherche documentaire sur les dossiers d’entraînement de la FCDEF-UP. L’étude statistique, réalisé avec le SPSS 10.0, inclu une analyse des fréquences, des mesures descriptives, telles que les moyennes, les écarts type et les pourcentages, et un T-test pour la comparaison de groupes d’âge. Nous avon conclu que la structuration de l’entraînement de la classe des enfants est différente de celle de la classe des jeunes. Nous avons vérifié des différences significatives presque dans tous les points analysés dans notre étude. Les entraîneurs de football des classes des enfants et des jeunes accordent plus de priorité aux aspects technique/tactiques et physiques, qu’aux aspects techniques. La résistance est la capacité motrice plus développée étant suivie por la force et la flexibilité. La vitesse et la coordination ce présentent comme moins développées. Les entraîneurs développent plutôt les capacités motrices conditionnelles de ses athlètes d’une façon séparée des aspectes techniques ou technique/tactiques. Mots-clefs: FOOTBALL, STRUCTURE DE L’ENTRAINEMENT, ENFANTS ET JEUNES. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XV
  • 19.
  • 20. Abreviaturas Abreviaturas EPG – Exercícios de preparação geral EEPG – Exercícios específicos de preparação geral EEP – Exercícios específicos de preparação CMC – Capacidades motoras condicionais JDC – Jogos Desportivos Colectivos ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XVII
  • 21. Introdução I. INTRODUÇÃO 1.1 PROPÓSITO E PROBLEMA DO ESTUDO O presente estudo, corresponde à Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto, variante Desporto para Crianças e Jovens, a apresentar na Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, elaborada sob a orientação do Professor Catedrático António Teixeira Marques e co – orientado pelo Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva. O assunto versa caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalão de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na estruturação do treino entre os escalões de iniciados e juvenis. Castelo (2002), define treino como um processo pedagógico que tem como objectivo o desenvolvimento das capacidades técnico / tácticas, físicas e psicológicas do praticante e, ou equipa no âmbito das competições específicas, através da prática metódica e planificada do exercício, de acordo com princípios e regras científicas alicerçadas no conhecimento científico. Para o treino de crianças e jovens, exige-se a definição de objectivos de natureza formativa e educativa, o que obriga a equacionar a metodologia de treino e preparação dos jovens como um processo pedagógico, onde as características dos jovens atletas em formação têm de ser respeitadas (Pinto, 2003). A preparação desportiva dos mais jovens deverá entender o processo de maturação numa perspectiva individual, com diferenças intersexuais e interindividuais, condicionando de forma decisiva, a formação desportiva (Marques e col., 2000) Pinto (2003), refere que o processo de formação é composto por um conjunto de etapas / estádios, pelos quais o atleta vai passando e onde supostamente irá desenvolver diversas capacidades (físicas, técnicas, tácticas e psicológicas). Por tal, os treinadores de formação deveriam confrontar-se, no momento inicial de planeamento da época desportiva, com um conjunto de ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 1
  • 22. Introdução questões centrais (O quê? Como? Quando?), cujas respostas estruturadas auxiliariam a modelar as suas intervenções, de uma forma mais ajustada ao desenvolvimento harmonioso dos jovens e a uma formação desportiva orientada para o sucesso. O mesmo autor, salienta que na realidade muitos dos treinadores de crianças e jovens intervêm no treino de uma forma não sustentada por um planeamento de base cuidado, mas sim por um conjunto de pretensões empíricas decorrentes de um défice da base conceptual. A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças e jovens, leva a que este seja de certa forma empírico. O seu processo de treino é, na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino, devendo-se muitas vezes à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade dos mesmos serem examinados (Marques, 1999). Embora se fale muito no treino de Futebol, e também já se fale sobre o treino de jovens, até ao momento, ninguém se preocupou em saber o que é feito com os nossos jovens ao nível do treino. A estrutura e os conteúdos de treino de crianças e jovens não são ainda bem conhecidos (Marques, 1989; Marques 1990; Marques 1991; Marques, 1993). Marques e col. (2000), sustentam que a comparação entre os modelos de referência para o treino nestas fases de idade com os dados empíricos disponíveis, poderão ser extremamente importantes para uma melhor compreensão da estrutura essencial do processo de treino de crianças e jovens. Assim, é nossa pretensão que, através da realização deste estudo se possa compreender qual a estrutura do treino utilizada pelos treinadores de iniciados e juvenis em Futebol, para que a possamos interpretar, descrever e comparar, procurando contribuir para a evolução da metodologia de treino nos escalões de formação em Futebol. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 2
  • 23. Introdução 1.2 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO Iniciaremos o nosso estudo com o primeiro capítulo que apresenta de forma sucinta a investigação, situando a problemática da estruturação do treino nos escalões de formação em futebol, assim como o caminho que esta investigação irá seguir. No segundo capítulo, faremos uma revisão da literatura acerca dos aspectos relacionados com o tema em questão. Caracterizaremos o Futebol como modalidade desportiva colectiva, o treino com crianças e jovens, as exigências físicas e fisiológicas do jogo de Futebol, e por fim, a estrutura do treino em crianças e jovens. No terceiro capítulo, referiremos a metodologia utilizada para a realização do estudo, onde descrevemos o objectivo geral, os objectivos específicos e as hipóteses orientadoras da investigação. Procederemos à caracterização da amostra, à descrição do método de pesquisa, e à transcrição dos procedimentos estatísticos utilizados. No quarto capítulo apresentaremos os resultados e a respectiva discussão. No quinto capítulo apresentaremos as conclusões. No sexto capítulo mencionaremos umas breves recomendações para a prática, no treino de jovens Futebolistas. No sétimo capítulo serão sugeridos possíveis prolongamentos ao nosso estudo. No oitavo capítulo apresentaremos a bibliografia utilizada para a realização deste estudo. No nono e último capítulo apresentaremos os anexos que consideramos necessários. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 3
  • 24. Revisão da Literatura II. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 O FUTEBOL O futebol ocupa um lugar importante no contexto desportivo contemporâneo, dado que, na sua expressão multitudinária, não é apenas um espectáculo desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, e um campo de aplicação da ciência (Garganta, 2002). O mesmo autor, refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem sido ensinada, treinada e investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia. O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de acontecimentos imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema que lhes sucedem no decorrer do jogo, têm de tomar decisões certas no meio de uma grande imprevisibilidade. Perante isto, é necessário que o processo de intervenção (treino) decorra cada vez mais da reflexão metódica e organizada da análise competitiva do conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Este contexto, orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso (regeneração). Daí a necessidade desta assentar numa base teórica – prática formulada e fundamentada a partir da análise do seu conteúdo, pois só assim, podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma a elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e definir igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 1994). ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 5
  • 25. Revisão da Literatura 2.1.1 FUTEBOL, SUA NATUREZA E SUA ESSÊNCIA Cada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lógica interna bem precisa, que irá influenciar e coordenar os comportamentos dos seus intervenientes (Tavares, 2002). O futebol pertence a um grupo de modalidades desportivas, que se caracterizam por revelarem características próprias e comuns, habitualmente designadas por jogos desportivos colectivos (JDC). Sem diminuir a importância das restantes características, a relação de oposição entre os elementos das duas equipas em confronto e a relação de cooperação entre os elementos da mesma equipa, ocorridas num contexto aleatório, é o que traduz a essência do jogo de futebol (Garganta e Pinto, 1998). Castelo (1996) afirma que o futebol é um jogo desportivo colectivo, no qual os intervenientes estão agrupados em duas equipas numa relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta incessante pela conquista da posse de bola (respeitando as leis do jogo), com o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e evitar o inverso, com vista à obtenção da vitória. Para que se atinja essa finalidade, o futebol possui uma dinâmica própria, um conteúdo que se define como essência de jogo. Esta essência moldada pelas leis do jogo, dá origem a uma série de atitudes e comportamentos técnico / tácticos mais ou menos estereotipados. Trata-se de uma actividade desportiva que ocorre em contextos nos quais os elementos que se defrontam disputam objectivos comuns, lutando para gerir em proveito próprio, o tempo e o espaço, e realizando acções reversíveis de sinal contrário (ataque versus defesa) alicerçadas em relações de oposição versus cooperação. Por tal, o futebol caracteriza-se por ser uma actividade fértil em acontecimentos que ocorrem em contextos permanentemente variáveis de oposição e cooperação, e cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser pré determinadas (Garganta, 2002b). Garganta & Pinto (1998), referem que a ocorrência de determinada acção do jogo, mesmo a mais elementar, como uma corrida ou salto, num dado ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 6
  • 26. Revisão da Literatura momento poderá ser mais ou menos pertinente, em função das configurações que o jogo apresenta nesse preciso momento, conferindo à dimensão estratégico – táctica uma importância capital. Garganta (2002b) sustenta que a essência estratégico – táctica deste tipo de modalidades (jogos desportivos) decorre de um quadro de referências que contempla: - O tipo de forças (conflituidade) entre os efectivos que se defrontam; - A variabilidade, a imprevisibilidade e aleatoriedade do contexto em que as acções do jogo decorrem; - As características das habilidades motoras para agir num contexto específico. 2.1.2 FUTEBOL, UM JOGO DE OPOSIÇÃO / COOPERAÇÃO, UM JOGO TÁCTICO Losa e Castillo (2000), referem que o futebol possuiu uma estrutura e funcionalidade muito complexa e absolutamente distinta dos desportos onde predomina a técnica. O futebol pertence ao grupo dos desportos de cooperação / oposição, a técnica é somente um dos seis parâmetros que configuram a lógica interna do mesmo (regras, técnica, espaço, tempo, comunicação e estratégia). A execução técnica do possuidor da bola, vai ser directamente influenciada por factores como a situação espacial da bola, dos companheiros e dos adversários. Acções marcadas por a incerteza, que por consequência reportam o futebol a um desporto onde a percepção e a tomada de decisão são no mínimo de igual importância à execução. O jogo de futebol exige que os seus praticantes possuam uma adequada capacidade de decisão, que precede e implica uma ajustada leitura de jogo (Garganta & Pinto, 1998). Somente após uma correcta leitura de jogo, se poderá materializar a acção através dos atributos técnicos. Os mesmos autores afirmam que os factores de execução técnica são sempre determinados por um contexto táctico. Pois face ao jogo, o problema primeiro é de natureza táctica, ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 7
  • 27. Revisão da Literatura isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais adequada (Garganta, 2002a). O futebol como desporto colectivo caracteriza-se por ser um confronto entre duas equipas, que em competição são constituídas por onze elementos, o que perfaz a quantia de vinte e dois elementos a interagirem ao mesmo tempo, o que torna mais complexa a leitura de jogo. As acções dos jogadores deverão ser conjugadas mediante os seus companheiros e adversários, é um jogo de cooperação/oposição pois implica uma constante comunicação entre os membros da mesma equipa e uma contra comunicação entre adversários. “Ao observarmos um jogo de Futebol minimamente organizado, mesmo que ambas as equipas em confronto não se distingam pela cor ou padrão do equipamento, é possível, passado algum tempo, identificar os elementos constituintes de cada uma delas. Esta possibilidade resulta do facto de que a referida relação de oposição/cooperação, para ser sustentável e eficaz, reclama dos jogadores comportamentos congruentes com as sucessivas situações do jogo, de acordo com os respectivos objectivos de sinal contrário de cada uma das equipas” (Garganta, 2002). Obrigando desta forma a que os seus intervenientes cooperem de uma forma congruente e harmoniosa nas distintas fases de jogo (ataque, defesa), procurando desenvolver as acções de jogo mais adequadas às situações de momento, acções essas, que irão ser influenciadas pelas mudanças que se produzem em torno do mesmo, da bola, dos companheiros e adversários. Cerezo (2000) define os princípios gerais da acção de jogo em função da equipa possuir ou não, a bola (Figura II-1). ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 8
  • 28. Revisão da Literatura Princípios Gerais da acção de jogo Ataque Defesa Transição Manutenção da posse de bola Recuperar a posse de bola Progressão com bola na direcção Impedir a progressão da bola da baliza adversária na direcção da baliza Procura do desequilibro defensivo Proteger a baliza evitando com o intuito de finalizar o golo Figura II-1: Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000) Os jogadores deverão organizar-se para realizar as acções de jogo mais adequadas, face à fase de jogo em que se encontram, influenciada pela posse ou não de bola. Tendo como objectivo a obtenção do golo nos momentos em que possuem a bola, e evitar que a equipa adversária obtenha a posse de bola, afastando desta forma a possibilidade de sofrer um golo. O Futebol, poderá definir-se quanto à sua estrutura, como um desporto colectivo onde se produz uma interacção motriz entre os participantes, como consequência da presença de companheiros e adversários, utilizando um espaço comum (standard) e com uma participação simultânea mediante uma cooperação/oposição. (Cerezo, 2000) ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 9
  • 29. Revisão da Literatura PRÁTICA DE FUTEBOL Objectivo: realizar movimentos, esforços e acções em sequências variáveis e intermitentes para que a bola chegue à sua meta (golo) e/ou evitar o inverso Interacção motriz Utilização do Espaço Presença de companheiros e Comum (Standard) Adversários Incerto PARTICIPAÇÃO Simultânea Cooperação/oposição (desporto sociomotriz) ANÁLISE FUNCIONAL COMO DESPORTO DE EQUIPA Figura II-2: Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. Cerezo, 2000) O futebol é um jogo de equipa, um jogo em que as acções individuais devem ser totalmente congruentes com a participação simultânea dos companheiros e adversários. O desempenho motor, a técnica, é condicionada pelo momento, pelo adversário, pelos companheiros, e se quisermos ser mais específicos, pelas condições climatéricas, pelo resultado, etc. O futebol é essencialmente um jogo táctico, um jogo de momentos felizes e de momentos menos felizes onde a decisão tomada por um jogador, numa fracção de segundo, pode levar uma equipa “à glória” ou não. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 10
  • 30. Revisão da Literatura 2.1.3 PERSPECTIVAS PARA O ENSINO E TREINO DO FUTEBOL ENQUANTO JOGO DESPORTIVO COLECTIVO (JDC) Desde os anos 60, que a didáctica dos jogos desportivos repousa numa análise formal e mecanicista. Os processos de ensino e treino têm consistido em fazer adquirir aos praticantes sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito tempo no ensino da técnica e muito pouco, ou nenhum no ensino do jogo propriamente dito (Gréhaigne & Guillon, 1992). O ensino e treino dos JDC, obedeceram inicialmente a uma metodologia de eminência técnica a partir do domínio dos Skills motores, antes da aprendizagem, da compreensão e gestão do envolvimento do jogo (Gréhaigne & Godbout, 1995), resultado das influências dos desportos individuais, até então, mais avançados nas suas concepções de ensino e treino. Alguns autores começaram a questionar este método, por enfatizar a aprendizagem das habilidades técnicas antes da compreensão do jogo. Garganta (1997) questiona-o referindo que, um jogador considerado bom tecnicamente sem a oposição de adversários, poderá não o ser quando colocado em situação de jogo com oposição. Pois os praticantes sujeitos à aplicação do modelo técnico de ensino dos jogos desportivos, revelam um poder de iniciativa limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existe pouca transferência da aprendizagem técnica para situação real de jogo. Queiroz (1986) refere que, enquanto para uns, o jogo é a soma das funções técnicas e tácticas parciais, cujo domínio (parcelar) permite atingir o êxito global, para outros, o jogo não pode ser separado nas suas várias componentes. Englobando-se nesta última perspectiva, defende ainda a constituição da indivisibilidade das componentes como o princípio metodológico fundamental do ensino e treino do jogo. O Futebol exige dos praticantes uma adequada capacidade de decisão, que irá decorrer de uma ajustada leitura de jogo. No momento de materializar a acção, ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 11
  • 31. Revisão da Literatura torna-se necessário utilizar uma gama de recursos motores específicos, genericamente designados por técnica (Garganta & Pinto, 1998). Os mesmos autores afirmam que no futebol, os factores de execução, designados por técnica, são sempre determinados por um contexto táctico, levando a que a verdadeira dimensão da técnica repouse na sua utilidade para servir a inteligência e a capacidade de decisão táctica dos jogadores e das equipas no jogo. No entanto, no treino, por vezes é privilegiada a dimensão eficiência (forma de realização) da habilidade, independentemente das dimensões eficácia (finalidade) e adaptação, isto é, do ajustamento das soluções e respostas ao contexto (Graça, 1994). Esta perspectiva ensina o modo de fazer (técnica) separado das razões (táctica), Bunker & Thorpe (1982) constataram que, quando a técnica é abordada através de situações que ocorrem à margem dos requisitos tácticos, ela adquire um transfere diminuto para o jogo. No decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade para cuja resolução não existe um modelo de execução fixo (Faria & Tavares, 1992). Mombaerts (1998); Cerezo (2001) consideram o futebol como uma actividade motora complexa, uma actividade de regulação externa, em que os seus intervenientes deverão realizar as acções após uma análise prévia da situação (Figura II-3). Segundo os mesmos autores, um jogador quando se depara com uma situação decorrente do jogo (com ou sem bola, com um adversário directo ou indirecto) deverá pôr em prática a sua habilidade motriz, para resolver o problema momentâneo com que se depara, através: - Do seu mecanismo perceptivo, que poderá informar sobre os estímulos presentes (companheiros, adversários, bola...), sobre as relações espaço – temporais (distâncias dos jogadores, bola; ritmo de execução, etc.). O jogador deverá observar, para obter a informação mais correcta, da situação momentânea; ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 12
  • 32. Revisão da Literatura - Do seu mecanismo de decisão, planeio mental sobre o que se poderá fazer numa dada situação, análise ou antecipação de uma situação para a solucionar. Mombaerts (1998), salienta a importância de os jogadores desenvolverem a inteligência de jogo mediante a capacidade de estabelecerem estratégias motoras, pondo-as em prática através da sua táctica individual e colectiva. O autor considera este mecanismo fundamental e determinante para esta modalidade desportiva; - Do seu mecanismo de execução, resposta motriz para resolver a situação de jogo, sendo necessário utilizar as capacidades motoras, assim como, as habilidades técnicas. Habilidade para resolver um problema do jogo Requer Mecanismo O que se passa? Perceptivo Observar Informação da situação Estímulos, Relações Espaciais e Temporais Mecanismo de decisão O que fazer? Analisar/decidir Resposta adequada Capacidades Cognitivas: Táctica Como fazer? Mecanismo deRe Solução da situação Resposta motriz execução Estímulos, Relações Espaciais e Temporais Objectivo Obter um comportamento óptimo em competição, através da utilização de todas as capacidades e habilidades individuais actuando colectivamente. FiguraII-3: O Futebol como uma actividade motora complexa. (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998) ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 13
  • 33. Revisão da Literatura “Nesta perspectiva, numa partida de futebol afigura-se mais importante saber gerir regras de funcionamento, ou princípios de acção do que utilizar técnicas estereotipadas ou esquemas tácticos rígidos e pré-determinados. O bom jogador ajusta-se não apenas à situação que vê mas também àquilo que prevê, decidindo em função das probabilidades de evolução do jogo” (Garganta & Pinto, 1998; Garganta 2002a). Fuentes e col.(1998), sustentam a necessidade de se trabalhar mais os mecanismos de percepção e decisão, do que os mecanismos específicos de execução, pois consideram preponderante, nas etapas de formação, que os praticantes aprendam a observar e a perceber o que se sucede à sua volta, de forma a que analisem adequadamente as situações que surgem em jogo, podendo desta forma responder com eficácia. Em função da experiência que os praticantes adquirem com o treino e sua criatividade, estas respostas poderão vir a ser cada vez mais adequadas e originais. Bunkers & Thorpe (1982) propõem um modelo que, proporciona uma maior consciência táctica do jogo, uma vez que integra os padrões de decisão característicos da actividade (Figura II-4). ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 14
  • 34. Revisão da Literatura (1) Jogo (2) Apreciação (6) Acção Motora APRENDIZ (3) Consciência (5) Habilidade táctica motora (4) Decisões: O que fazer? Como fazer? Figura II-4 – Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico-Técnico do Jogador no Jogo. (Bunker & Thorpe, 1992) Nos JDC a dimensão táctica ocupa o núcleo da estrutura de rendimento (Konzag, 1991; Faria & Tavares, 1992; Gréhaigne, 1992), pelo que a função principal dos demais factores, sejam eles de natureza técnica, física ou psíquica, é a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhos tácticos de nível cada vez mais elevado. É fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos, ou seja, toda a acção técnica deve ter um fim táctico, se tal não acontecer o treino poderá ser inconsequente. De acordo com as afirmações anteriores, torna-se lógico que o ensino e o treino em futebol não deverão restringir-se a aspectos biomecânicos, ao gesto em si, mas atender sobretudo às imposições da sua adequação às situações do jogo (Garganta & Pinto, 1998). ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 15
  • 35. Revisão da Literatura Jogo Apreensão do Acção jogo Motora Capacidade Habilidade táctica motora Decisões: O que fazer? Figura II-5 - Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico / Técnico do Jogador no Jogo (Garganta & Pinto, 1998) Todas as acções técnicas, para que sejam eficazes necessitam, para além de uma execução correcta, da sua execução no “timing” certo, se tal não ocorrer, a acção técnica irá perder a sua importância. A técnica é importante? Mesquita, (1997) argumenta que, o ensino dos JDC é uma competência que está obrigatoriamente dependente da mestria das técnicas do jogo. Ser portador de uma boa técnica permite ao jogador ficar liberto para ler o jogo e consequente decidir melhor, prevalecendo na relação com a bola, o controlo quinestésico em detrimento do visual, o jogador tecnicamente evoluído fica liberto para analisar as situações de jogo e, consequentemente, poder optar pelas melhores soluções. Mas, a técnica só revela a sua importância quando aplicada oportunamente, isto é, quando ocorre uma execução técnica, tacticamente correcta. A aprendizagem dos procedimentos técnicos constitui apenas uma parte dos pressupostos necessários para que, em situação de jogo, os praticantes sejam capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca. Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantes assimilem um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se relaciona com o móbil do jogo (bola), até à forma de comunicar com os colegas ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 16
  • 36. Revisão da Literatura e contra-comunicar com os adversários, passando pela noção de ocupação racional do espaço de jogo (Garganta & Pinto, 1998). Malglaive (1990) e Gréhaigne & Godbout (1995), sustentam que o sistema de conhecimento, nos desportos colectivos, decorre de regras de acção, regras de organização e capacidades motoras (Figura II-6). Regras de acção Regras de gestão e organização do jogo Organização colectiva e individual Capacidades motoras Figura II-6- Conteúdos do Conhecimento em Desportos Colectivos. (Malglaive, 1990 ; Gréhaigne & Godbout, 1995) As regras de acção são orientações básicas acerca do conhecimento táctico do jogo, que definem as condições a respeitar e os elementos a ter em conta para que a acção seja eficaz (Gréhaigne & Guillon, 1991). As regras de organização do jogo, estão relacionadas com a lógica da actividade, nomeadamente com a dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a distribuição de papéis e alguns preceitos simples de organização que podem permitir a elaboração de estratégias. As capacidades motoras, englobam a actividade perceptiva e decisional do jogador, bem como os aspectos da execução motora propriamente dita. A evolução do Futebol terá necessariamente de apostar, de forma inequívoca, no entendimento e no ensino do jogo (Garganta & Pinto 1998), estando os treinadores obrigados, em todos os níveis de ensino e treino do jogo, a procurar formas e métodos que promovam jogadores que pensem e raciocinem em cada uma das acções em que intervêm (Greco, 1988). É necessário que o jogador compreenda a lógica interna do jogo, os princípios gerais e específicos ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 17
  • 37. Revisão da Literatura que regem o seu comportamento, e seja capaz de os aplicar de forma inteligente, depois de uma análise prévia da situação de jogo (Cárdenas, 2000). 2.1.4 REFERÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DO FUTEBOL Actualmente, a perspectiva de ensino e treino mais emergente é aquela que a partir de uma análise do jogo e da sua estrutura, apresenta o ensino e treino de uma forma mais global, com uma dimensão mais complexa e mais próxima da realidade do jogo. Esta visão emergiu no sentido de superar a tendência dominante de corte analítico, mecanicista e técnico, apoiando-se na psicologia cognitiva e nos modelos de execução (Garganta, 1994) Esta concepção de treino integral tem como ponto de partida o Futebol enquanto jogo, no qual os problemas fundamentais dos jogadores são, por um lado a adaptação das suas condutas em relação de oposição (jogar contra adversários), e por outro a adaptação das suas condutas à relação de colaboração (jogar com os companheiros) (Mombaerts, 1998). 2.1.4.1 CONDICIONANTES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS Se compararmos o Futebol, no plano estrutural, com outros denominados grandes jogos desportivos colectivos (Andebol, Basquetebol e Voleibol), constatamos algumas diferenças extensivas ao plano funcional, que nos permitem retirar ilações importantes para a orientação do processo de ensino/treino deste jogo (Garganta & Pinto, 1998): 2.1.4.2 DIMENSÃO DO TERRENO DE JOGO E NÚMERO DE JOGADORES Quanto maior for o espaço de jogo mais elevado terá de ser a capacidade para o cobrir, mental e fisicamente. Deste modo, uma educação mental sistemática torna o jogador capaz de utilizar, de uma forma inteligente o conhecimento adquirido, através das suas características psicomotoras (Mahlo, 1980). Sabe-se que um campo de Futebol de onze é um espaço muito grande, correspondendo aproximadamente à superfície de 10 campos de Andebol, 20 campos de Basquetebol e 50 campos de Voleibol (Bauer & Ueberle, 1988 cit. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 18
  • 38. Revisão da Literatura Garganta & Pinto, 1998). Para além disso, o número de jogadores a referenciar num jogo, condiciona a complexidade inerente à percepção das situações (leitura do jogo). O desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão centrada na bola, à visão centrada no jogo) é um dos aspectos mais importantes a que se deve atender na formação, na medida em que o jogo de Futebol reclama uma atitude táctica permanente. A capacidade de raciocinar tacticamente, mediante as variadas e imprevistas situações-problema a que o jogo submete os atletas, tem de ser desenvolvida no treino, isto é, aumentar e consolidar a capacidade de controlo cinestésico sobre a execução do movimento quando em posse de bola, capacitando-os para utilizarem a visão para as funções de leitura do jogo (jogar de cabeça levantada). Para que tal possa ocorrer Guterman (1996) refere que, será necessário a construção de noções de jogo segundo processos altamente participativos, uma vez que, jogar nas condições regulamentares da competição formal, leva a que essa participação possa vir a ser bastante reduzida. Esta é uma das muitas razões pelas quais se torna aconselhável que, nas fases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogo seja aprendido num espaço mais reduzido e com um menor número de jogadores (5 ou 7 jogadores, por exemplo), tornando os exercícios mais adaptados às reais dificuldades do jogador, podendo o assim aumentar a aprendizagem do mesmo (Queiroz, 1986). 2.1.4.3 DURAÇÃO DO JOGO O jogador de Futebol deve estar capacitado para responder eficazmente às situações, agindo duma forma rápida e coordenada e repetindo essas acções ao longo do jogo. De notar, por exemplo, que, para equipas seniores, do tempo estabelecido para uma partida de Futebol de onze (90 minutos), o tempo de jogo efectivo é de ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 19
  • 39. Revisão da Literatura apenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poderá estar na posse da bola, em média, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesas centrais) e um máximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durante todo o restante tempo os jogadores seleccionam informações, analisam-nas e tomam decisões (Bauer & Ueberle, 1988 cit. por Garganta & Pinto, 1998); Gréhaigne, 1992). A aprendizagem adequada destes aspectos passa pela utilização de técnicas e de procedimentos de ensino que provoquem um confronto do aluno com problemas, para os quais ele vai procurar solução. Esta metodologia procura enfrentar o jogador com situações práticas, nas quais a lógica do movimento seja entendida de uma forma progressiva, para que quando lhe seja apresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de o superar com êxito (Mombaerts, 1998; Cerezo, 2001). O ensino do Futebol visa a formação de jogadores inteligentes, tornando-os capazes de actuar e tomar decisões em função da leitura das diferentes situações que o jogo lhes oferece (Mangas, 1999). Deste modo o pensamento táctico é um pressuposto a desenvolver desde a aprendizagem do jogo (Thorpe & Bunker, 1982). Esta constatação implica que seja estabelecida uma relação entre a técnica e a táctica em favor desta e que se atribua uma grande importância ao jogo sem bola. Esta necessidade é evidente quando se verifica a existência de jogadores que nos testes técnicos obtêm a máxima pontuação, onde a sua capacidade de drible perante um obstáculo imóvel, os seus malabarismos, as suas fintas são tecnicamente perfeitas, mas perante a aplicação no terreno de jogo não tem a mesma eficácia, quando faz um drible bem, mas fora de tempo, quando remata através de uma execução correcta, mas na direcção do guarda-redes (Fradua Uriondo, 1997). ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 20
  • 40. Revisão da Literatura 2.1.4.4 CONTROLO DA BOLA O Futebol, o Andebol e o Basquetebol, são jogos de território comum e participação simultânea, em que existe luta directa pela posse da bola. No entanto, as possibilidades de assegurar o controlo da bola são teoricamente maiores para os jogadores de Andebol e de Basquetebol do que para os praticantes de Futebol. A utilização das mãos (no Andebol e no Basquetebol) permite agarrar a bola e assim melhor a proteger e controlar, bem como dar-lhe a direcção desejada. A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construção da mestria da relação com a bola, em função das exigências tácticas do jogo. A limitação específica desta aprendizagem passa pela necessidade do praticante de Futebol ter que jogar a bola quase exclusivamente com os membros inferiores, estando estes simultaneamente implicados no equilíbrio do corpo e nos deslocamentos. Acresce o facto do jogo se desenvolver, predominantemente, num plano baixo, o que concorre para dificultar a disponibilização da visão para efectuar a "leitura do jogo". “Ler” o jogo é seguramente uma tarefa difícil de conseguir com pleno sucesso pela quantidade e complexidade dos factores a que está sujeito. É no entanto uma tarefa de extrema importância para o jogador e determinante para o sucesso das competências que lhe estão atribuídas. (Martins, 1999). Neste contexto, quando um jogador erra frequentemente determinada resposta motora, torna-se importante identificar se tal decorre duma leitura deficiente da situação (mecanismo perceptivo e de decisão mental), ou se deriva da sua ineficiência técnica ou física para responder a tal situação. 2.1.4.5 FREQUÊNCIA DE CONCRETIZAÇÃO Em equipas de jogadores de elite, em média, no Andebol consegue-se um golo em cada dois minutos; nos jogos de Basquetebol e de Voleibol consegue-se concretizar pontos em cada minuto. A relação entre as acções de ataque e êxitos quantificáveis é aproximadamente nestas modalidades de 2 para 1, ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 21
  • 41. Revisão da Literatura enquanto que no Futebol é apenas de 50 para 1. Isto permite que, não raramente no Futebol, equipas de nível inferior possam conseguir bons resultados frente a equipas de elevado nível, o que dificilmente acontece noutros desportos de equipa. Estas constatações não devem conduzir a uma diminuição da importância atribuída à finalização no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrário, dever- se-á propiciar a criação de um grande e variado número de ocasiões de finalização, quando não o praticante perde de vista o objectivo central do jogo (o golo) e centra a sua actuação ao nível do jogo de transição, provocando um desequilíbrio entre jogo indirecto e jogo directo. 2.1.4.6 COLOCAÇÃO DE ALVOS No Futebol, tal como no Andebol, e duma forma diversa do que acontece no Basquetebol e no Voleibol, a colocação dos alvos (balizas) na vertical, faz "variar" a sua largura aparente, em função da posição (ângulo) em que estão a ser visualizadas pelo jogador (Gréhaigne, 1992). Esta indicação reveste-se de grande importância na construção do pensamento táctico do principiante, na medida em que permite interiorizar as noções de conquista/defesa do eixo do terreno, de jogo directo e indirecto, e de abertura/fecho de ângulos de remate. 2.2 TREINO COM CRIANÇAS E JOVENS Sobre o treino com crianças e jovens e sua participação desportiva, muito se tem escrito em vários artigos e muito se tem dito em conferências sobre o tema. A polémica entre os especialistas na matéria existe e subsiste, envolvendo sobretudo, as consequências para a saúde criando controvérsia sobre a participação de crianças e jovens no desporto de rendimento (Marques e Oliveira, 2002). Polémica que levanta reflexões, essencialmente sobre, quais deverão ser as configurações e contornos da actividade de treino e competição em crianças e jovens, elevando a problemática, ao motivar divergências concernentes às melhores estratégias de actuação (Marques e Oliveira, 2002). Esta problemática que se levanta, que desenvolve teorias implicando convergências e divergências entre os especialistas, não é um “problema” é ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 22
  • 42. Revisão da Literatura ciência. O verdadeiro problema reside no facto da teoria e pratica, na maioria dos casos, ainda estarem extremamente distantes para o que seria desejável. Isto é, tudo que se escreve e se diz sobre o tema é, por vezes ou quase sempre, tão depressa aplaudido e louvado, como esquecido por aqueles que deveriam por toda a teoria em prática. Os problemas surgem quando, o treino e a participação competitiva de crianças e jovens tende a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e formas de organização do desporto de alto rendimento (com algumas adaptações indispensáveis) (Marques, 1997); (Proença, 1998). Quando a valorização e reconhecimento social dos mais jovens, através dos resultados competitivos, é tanto maior quanto menores são as hipóteses de êxito do clube, nas competições seniores (Proença, 1998). Quando para muitos treinadores, dirigentes e pais, a vitória nas competições continua a ser o objectivo principal, onde a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que produzem resultados a curto prazo, mas comprometem os resultados futuros e frustram as expectativas de crianças e jovens, subvertendo toda a lógica da formação (Marques, 1997). Estes erros estão associados na maioria dos casos à especialização precoce e ao abandono prematuro da prática desportiva. Erros cometidos em nome de interesses inconfessados, por falta de preparação pedagógica e científica, jamais poderão ser tolerados nos dias de hoje, pois os conhecimentos científicos sobre a optimização dos pressupostos do rendimento e sobre o desenvolvimento do indivíduo nas fases evolutivas mostram claramente que nada se justifica para tal. A não ser a ignorância ou interesses reprováveis (Marques, 1991). Por tal “não se peçam vitórias aos treinadores dos mais jovens. No desporto, como em tudo, o tempo de formação é de preparação” (Marques & Oliveira, 2002 pp65). Marques (1997); Marques, (1991) sustenta que a preparação desportiva de crianças e jovens não pode estar subordinada a interesses pessoais, científicos, materiais e financeiros, ou a outros interesses, que, valorizando exclusivamente o rendimento, poderão tornar a criança num instrumento de ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 23
  • 43. Revisão da Literatura preocupações que, para além de serem gravosas para os mesmos poderão hipotecar o seu futuro desportivo. Marques, (1991) refere que a preparação desportiva poderá ser um pressuposto fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança e também para a criação de condições para a optimização do rendimento desportivo, desde que: - Se realize em articulação com a escola; - Seja enquadrada pelos melhores professores de desporto ou técnicos desportivos; - Tenha como referência axial a saúde física e mental da criança, o respeito pela sua individualidade biológica, e a observância das particularidades de cada especialidade desportiva. O treino e a competição devem situar-se num quadro estrito de respeito pela educação, formação e defesa dos interesses dos jovens atletas (Marques, 1999) 2.2.1 O TREINADOR DE CRIANÇAS E JOVENS Treinar crianças e jovens é tudo menos uma tarefa fácil, pois trata-se de um processo complexo de gerir, o que exige treinadores bem preparados. Não se trata apenas de utilizar metodologias de treino que se coadunem com experiências vividas como atletas ou plagiar o treino dos seniores. O processo de formação que se prolonga por vários anos, para que tenha um requerimento eficaz das mais valias pedagógicas, de extrema importância para o desenvolvimento dos jovens e do desporto, requer e exige não apenas treinadores qualificados no plano técnico – científico, como treinadores com uma particular sensibilidade para as questões pedagógicas (Marques, 2002). Marques, (2002) sustenta que para se ser treinador de crianças e jovens existem três condições essenciais: ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 24
  • 44. Revisão da Literatura - Gostar do desporto em questão; - Gostar de trabalhar com crianças e jovens; - Estar preparado para um trabalho exigente, demorado e cujos resultados não são “visíveis” e vão aproveitar a terceiros. Lee, (1999) refere que, compete ao treinador: - Ensinar as técnicas e organizar sessões de treino de acordo com o nível de cada atleta; - Proporcionar bastante tempo de prática; - Definir objectivos individuais para cada jovem; - Corrigir os erros e explicar de forma clara a forma de os ultrapassar; - Apreciar as crianças pelo modo como evoluem e não por comparação com os outros. O treinador deverá proporcionar aos seus atletas uma formação completa, o que significa que o mesmo tem, para além de tarefas desportivas estritas, responsabilidades pedagógicas pelo presente e futuro das crianças que lhes são confiadas. Tal exige conhecimentos sobre o desenvolvimento motor, biológico, psíquico e social das crianças e jovens, mas também capacidade de integração desses conhecimentos nas propostas da prática. Assim sendo a formação desportiva exige técnicos qualificados (Marques, 1991;Marques, 1999). O treinador terá de ter em mente que, os grandes resultados desportivos dificilmente irão surgir à mercê de um trabalho a curto prazo, que a preparação dos atletas é um processo longo, demorado e complexo, sendo necessário contemplar diferentes etapas, subordinadas aos grandes objectivos do treino e da preparação desportiva (Marques, 1985). Somente assim poderão surgir campeões, na vida e no desporto. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 25
  • 45. Revisão da Literatura 2.2.2 ETAPAS DE PREPARAÇÃO A preparação de um atleta para que mais tarde possa vir a ter expectativas de rendimento elevado, é um processo a longo prazo. Um processo que contempla várias etapas, das quais umas estão directamente relacionadas com o rendimento e as restantes com ele indirectamente relacionadas, sendo “causa” ou “consequência” do mesmo (Marques, 1985). Etapas essas que deverão subsistir e se subdividir, não apenas por meros aspectos organizativos mas sim por aspectos profundamente ligados às ciências biológicas, médicas, humanas, sociais... que se coadunem com as etapas do desenvolvimento ontogénico do ser humano ao mesmo tempo que subordinam e integram os grandes objectivos do treino e da preparação desportiva (Marques, 1985). O autor subdivide as etapas de preparação de um atleta em: (Quadro II-1) - Etapa de preparação preliminar; - Etapa de especialização inicial ou de base; - Etapa de especialização aprofundada; - Etapa de performances maximais; - Etapa de manutenção das performances; - Etapa de manutenção do nível geral de treino. ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 26
  • 46. Revisão da Literatura Quadro II-1 – Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva. (adap. de Marques, 1985) Referências Orientações metodológicas Etapas Objectivos Suas justificações prováveis dominantes Rápida maturação do sistema nervoso: Dominância de uma formação Criação dos desenvolvimento da geral-muitipla e diversificada. fundamentos da rede sináptica e De preparação 7/8 aos 11/12 Desenvolvimento das prestação desportiva. mielinização. preliminar anos capacidades desportivas gerais. Optimização dos pré- Evolução mais lenta Incidência de trabalho em requisitos motores das outras estruturas volume. biológicas. Período Pré- Selecção inicial e inicio da pubertário e especialização. pubertário. Rápido Desenvolvimento das Desenvolvimento e desenvolvimento de capacidades motoras gerais. aperfeiçoamento dos certas estruturas ( Prática de uma 2ª modalidade. De fundamentos da morfológicas – Desenvolvimento gradual das especialização 11/12 aos 14 prestação. Introdução ósseas) capacidades motoras inicial ou de anos de elementos que acompanhada de específicas. Predominância base condicionam de uma forma mais ainda do treino geral e em forma directa o lenta das estruturas volume. Inicio da participação rendimento. orgânicas em competições (11/13anos). (metabolismo Competições simplificadas, anaeróbio) e número reduzido, espaçadas. muscular. Selecção intermédia. Desenvolvimento sistemático e Aprofundamento e com cargas progressivas Progressiva direccionamento (volume e intensidade) das maturação e mais específico da capacidades motoras consolidação de preparação no determinante do rendimento de todas as estruturas De 15 aos 18 sentido do uma forma directa. Maior (com particular especialização anos desenvolvimento incidência do treino específico, incidência as aprofundada acelerado dos individualização progressiva do orgânicas e factores treino e das competições. musculares) determinantes do Aumento da participação em relacionadas como rendimento. competições considerável. rendimento. Primeiras competições internacionais (na fase final). Martin et al. (2001), refere-se ao processo de treino a longo prazo subjugando- o a três etapas, que constituem três níveis de treino: - Formação geral básica; ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 27