Este documento discute os pressupostos teóricos para o ensino de didática, analisando diferentes tendências pedagógicas. Apresenta a origem da disciplina com Comenius e discute pressupostos de aprendizagem de acordo com tendências liberais, progressistas e tecnicistas. Conclui que não há um método exclusivo para ensinar e que o desafio da didática é articular diferentes abordagens.
1. DIDÁTICA EM
QUESTÃO
Subtema:
Pressupostos
Teóricos para o
ensino da
DIDÁTICA
Profa. Alynne Lima
2. Faculdade do Baixo
Paranaíba - FAP
COMPONENTES:
Diretora:Agraziele
Relator:José Magno Lopes da Silva Oliveira
Relatora: Tamires Vasconcelos Araújo
Secretária: Daniela dos Santos Lima
D: Maria do Socorrinha R. Ferreira
D: Joselina
D: Angélica
3. “Deve-se começar a
formação muito cedo,
pois não se deve passar
a vida a aprender, mas a
fazer.”
Johann Amos Comenius (1592 - 1670)
4. Origem da disciplina Didática
Comenius, em 1657, com a Didática
Magna, tenta sistematizar o processo de
ensino.
Para Comenius, Didática era a “arte de
ensinar tudo a todos.”
Suas ideias se baseavam nas teorias de
Bacon, segundo as quais fazer ciência era
simplesmente aplicar um método fundado
na observação.
5. Comenius compreendia as diferentes etapas de
desenvolvimento e outros condicionantes do
ensino.
Dividiu o desenvolvimento da criança em quatro
períodos de seis anos;
Para cada nível de desenvolvimento haveria um
tipo de educação:
a) infância: até 6 anos = educação materna
b) puerícia: até 12 anos = escola comum
c) adolescência: até 18 anos = ginásios
d) juventude: academias.
7. TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL
Pressupostos de aprendizagem
A ideia de que o ensino consiste
em repassar os conhecimentos
para o espírito da criança é
acompanhada de uma outra: a
de que a assimilação da criança
é idêntica à do adulto, apenas
menos desenvolvida.
8. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA
Pressupostos de aprendizagem
A motivação depende da força de
estimulação do problema e das
disposições internas e interesses do
aluno. Assim, aprender se torna uma
atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem,
sendo o ambiente
apenas o meio estimulador.
9. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA
Pressupostos de aprendizagem
A motivação resulta do desejo de
adequação pessoal na busca da auto-realização:
é, portanto, um ato interno.
A motivação aumenta quando o sujeito
desenvolve o sentimento de que é capaz
de agir em termos de atingir suas metas
pessoais. Isto é, desenvolve a
valorização do “eu”.
10. TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA
Pressupostos de aprendizagem
O aprender é uma questão de modificação do
desempenho: o bom ensino depende de organizar
eficientemente as condições estimuladoras, de modo a
que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente
de como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de
condicionamento através do uso de reforçamento das
respostas que se quer obter. Os componentes da
aprendizagem - motivação, retenção, transferência –
decorrem da aplicação do comportamento operante.
Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma
resposta a estímulos externos, controlados por meio de
reforços que ocorrem com a resposta ou após a mesma:
11. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA
Pressupostos de aprendizagem
Aprender é um ato de conhecimento da
realidade concreta, isto é, da situação real
vivida pelo educando, e só tem sentido se
resulta de uma aproximação crítica dessa
realidade. O que é aprendido não decorre
de uma imposição ou memorização, mas
do nível crítico de conhecimento, ao qual
se chega pelo processo de compreensão,
reflexão e crítica.
12. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Pressupostos de aprendizagem
A motivação está, portanto, no
interesse de crescer dentro da
vivência grupal, pois supõe-se que o
grupo devolva a cada um de seus
membros a satisfação de suas
aspirações e necessidades.
13. E TENDÊNCIA PROGRESSITA
Pressupostos de aprendizagem
Por um esforço próprio o aluno se reconhece nos
conteúdos e modelos sociais apresentados pelo
professor; assim, pode ampliar sua própria
experiência. O conhecimento novo se apoia numa
estrutura cognitiva já existente, ou o professor
provê a estrutura de que o aluno ainda não
dispõe. O grau de envolvimento na aprendizagem
depende tanto da prontidão e disposição do
aluno, quanto do professor e do contexto da sala
de aula.
14. Existem três dimensões principais numa unidade escolar.
A primeira dimensão diz respeito ao clima que age como
mediador entre práxis social e o que acontece no interior da
escola.
A segunda refere á situação pedagógica da sala de aula que
se constitui no processo internacional que envolve mais
diretamente professores e alunos.
A terceira alcança a história de cada sujeito manifestada no
cotidiano escolar, pelas suas formas concretas de
representação social, através das quais ele age, se coloca,
posiciona, aliena, perde ou supera ao longo do processo
educacional.
15. Tendências
Pedagógicas
Papel da
Escola
Conteúdos Métodos
Professor
x
aluno
Pressuposto de
Aprendizagem
Pensadores
Pedagogia
Liberal
Tradicional.
Preparação
intelectual e
moral dos
alunos
São verdades
absolutas.
Exposição e
demonstração
por meios de
modelos.
Autoridade do
professor que
exige atitude
receptiva do
aluno.
Receptiva e
mecânica.
Comenius
Herbart
Tendência
Liberal
Renovadora
Progressiva
(Escola Nova)
Adequar as
necessidades
individuais ao
meio social.
Parte das
experiências
vividas pelos
alunos frente
às situações
problemas.
Solução de
problemas.
O professor é
auxiliador no
desenvolvi-mento
livre da
criança.
Baseada na
motivação e na
estimulação de
problemas.
Montessori
Decroly
Dewey
Piaget
Lauro de
Oliveira Lima
Tendência
Liberal
Renovadora
não-diretiva
Formação de
atitudes.
Busca do
conhecimento
pelos próprios
alunos.
Facilitação da
aprendizagem
Educação
centralizada
no aluno.
Aprender é
modificar as
percepções da
realidade.
Carl Rogers,
"Sumermerhill"
escola de A.
Neill.
Tendência
Liberal
Tecnicista.
Modelar
através de
técnicas
específicas.
Informações
ordenadas
numa
seqüência
lógica e
psicológica.
Procedimento
s e técnicas
para a
transmissão e
recepção de
informações.
O professor
transmite
informações e
o aluno vai
fixá-las.
Baseada no
desempenho.
Skinner
Watson
Pavlov
16. Tendência
Pedagógica
Papel da
Escola
Conteúdos Métodos
Professor
x
aluno
Pressupostos
de
Aprendizagem
Manifestações
Tendência
Progressista
Libertadora
Consciência
da realidade
em que vivem
na busca da
transformação
social.
Temas
geradores.
Dialogicidade
do
conhecimento.
A relação é de
igual para
igual.
Resolução da
situação
problema.
Paulo Freire
Tendência
Progressista
Libertária.
Transformar a
personalidade
num sentido
libertário e de
auto-gestão.
As matérias
são colocadas,
mas não
exigidas.
Vivência
grupal na
forma de auto-gestão.
O professor é
orientador e
os alunos
livres.
Aprendizagem
informal, via
grupo.
C. Freinet
Miguel
Gonzales
Arroyo
Tendência
Progressista
“Crítico Social
dos
Conteúdos"
Difusão dos
conteúdos.
Incorporados
pela
humanidade
frente à
realidade
social.
Relação direta
da experiência
do aluno
confrontada
com o saber
sistematizado.
Papel do aluno
como
participador e
do professor
como
mediador
entre o saber e
o aluno.
Baseadas nas
estruturas
cognitivas já
estruturadas
nos alunos.
Makarenko
B. Charlot
Suchodoski
Manacorda
G. Snyders
Demerval
Saviani
17. Desde a época de Comenius a Didática tem se
preocupado com a questão de descobrir um
método eficiente de ensino.
Consensos atuais pedagógicos:
A prática educativa não se limita à transição /
recepção de conhecimentos;
A não neutralidade da educação perante à
realidade concreta;
18. Uma reflexão sobre a Didática
Azanha (1987) comenta os conceitos de
pressupostos associados ao conceito de Didática
Segundo Azanha (1987):
pressuposto: ideia em que se apoiam novas
ideias.
Pressuposto absoluto: não admite
questionamento. Sua negação inviabiliza a ação.
Pressuposto relativo: influencia a tomada de
decisões, mas não inviabiliza a ação.
19. A noção de método: conjunto de regras
para fazer alguma coisa.
Distinção entre regras e atividades.
Caso 1: jogar xadrez: as regras precedem a
atividade, que não se realiza sem elas.
Saber que.
Caso 2: nadar: a atividade pode prescindir
de regras ou antecedê-las. Saber como.
20. O que envolve
criatividade e
individualidade não há
métodos.
21. Considerações finais
Não é possível regular o ensino por regras
(Scheffer) para que a atividade se complete
com êxito.
As regras não garantem o êxito, apenas
apontam caminhos e facilitam a atividade.
Ensinar é uma atividade que envolve
criatividade;
É pessoal, individual e envolve talento.
22. Saber ensinar é saber como, saber fazer e
fazer bem.
Não existe uma regra para ensinar bem;
O sonho de Comenius repousa numa
ilusão;
Aspecto positivo: valorização da
criatividade do professor.
23. (...) A explicitação de pressupostos teóricos
para o ensino de didática somente se tornará
possível se tomar-se como pano de fundo
a realidade educacional brasileira que nada
mais é do que o reflexo da realidade social
imediata, onde suas contradições são cada
vez mais complexas.
24.
A Educação deve ser a
transformação efetiva do ser, ir
além de procedimentos de ensino,
enquanto a prática educacional
necessita ser um processo de
construção, conversão e adaptação
não apenas do saber mas,
sobretudo no modo de agir e no
modo de pensar.
25. “O grande desafio da Didática é
assumir que o método didático tem
diferentes estruturantes e que o
importante é articular esses diferentes
estruturantes e não exclusivizar
qualquer um deles.”
Desta forma percebe-se que o método
não pode ser exclusivizado. Não se
pode usar a técnica excluindo-se outras
variáveis”.
26. Portanto Se "aprender é aprender a
pensar", podemos concluir que "ensinar
é ensinar a pensar", e este é o papel do
"Professor Reflexivo". Pelas palavras de
Dewey de que "ninguém é capaz de
pensar em alguma coisa sem
experiência e informação sobre ela", se
queremos "pensar" sobre alguma coisa,
temos de ter a experiência e a
informação sobre ela.
27. BIBLIOGRAFIA (sugerida e utilizada)
LIBÂNEO, José C. Didática São Paulo: Cortez,1995.
ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE
ENSINO. Anais. 2v. Anais Resumo 2v. São Paulo: Vozes, Vale livros,
PU Campinas, 1998.
CANDAU, V. M. F. org. A Didática em Questão. Petrópolis, Ed.
Vozes, 1986.
AZANHA, José Mário. Educação temas polêmicos. São Paulo:
Martins Fontes, 1995.