SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  20
Télécharger pour lire hors ligne
N.º 1330 17 Junho 2009                    Director Jorge Seguro Sanches Director-adjunto Silvino Gomes da Silva
                                                                       www.accaosocialista.net   accaosocialista@ps.pt


                                                                        Parlamento

           Europeias 2009                                               Chumbada
                                                                        moção de censura
                                                                        ao Governo

                              REsultaDos

                              PSD           31,71%                                                                8


                              Ps            26,58%                             autáRquiCas 2009
                                                                        Entrevista a Carlos Lopes,
                              BE            10,73%                      candidato à Câmara
                              CDU           10,66%                      “Vai valer
                                                                        a pena
                              CDS-PP         8,37%                      viver em
                                                                        Figueiró dos
                              Brancos        4,63%                      Vinhos”
                              Nulos          2,00%
                              Abstenção     63,22%                                                               15


                PS elege 7 eurodeputados                                 Colaboram nesta edição:
                                                                         luís Pita ameixa, ana Couto
                                                                         e Pedro Farmhouse, Paula
                                                                         Nobre de Deus, João sequeira,
                                                                         agostinho Gonçalves, luís
                                                                         Miguel Ferreira, arnaldo Frade,
                                                                         Carlos Zorrinho
2       17 DE JUNHO DE 2009                                                            ActUAliDADE
     OpiNiãO                   AUtárqUiCAS 2009
                               uM PRiViléGio                               sócrates considera abuso
                               EsPECial                                    transformar eleições europeias
                               OS CANDiDAtOS aos órgãos das au-
                               tarquias locais, seja à Assembleia Mu-
                               nicipal ou à Câmara Municipal, seja à
                                                                           em legislativas
                               Assembleia de Freguesia, gozam de um
lUís pitA AmEixA               privilégio especial, quando cobertos por    É um “um abuso” que os partidos
Deputado do ps
                               essa sua condição de candidatos.            queiram “transformar as eleições euro-
                                  trata-se da imunidade penal que a lei    peias em legislativas” ao considerarem
                               eleitoral lhes confere.                     que o Governo perdeu legitimidade na
                                  Esta imunidade consiste numa defesa      sequência dos resultados do sufrágio de
                               especial que cobre todo e qualquer can-     7 de Junho, afirmou o primeiro-minis-
                               didato, em qualquer lista, em qualquer      tro, José Sócrates, à margem da sessão
Este privilégio                posição, efectivo ou suplente.              solene das cerimónias do Dia de Por-
[a imunidade]                     Este privilégio opera a partir do mo-    tugal, de Camões e das Comunidades
opera a partir                 mento em que a candidatura se torna         Portuguesas, em Santarém.
                               efectiva, a partir do momento em que se        Sócrates reiterou que “a legitimidade
do momento                     adquire a qualidade de candidato.           de um Governo é adquirida no momen-
em que a                          Será, portanto, após a aceitação de-     to das eleições e a legislatura terminará
candidatura se                 finitiva da candidatura, esgotadas que      na altura das eleições legislativas”.
torna efectiva,                estejam todas as possibilidades de im-         “Eu acho isso muito contrário àquilo
a partir do                    pugnação e de rejeição do candidato.        que são as normas constitucionais e de-
                                  Desde logo, este regime de imuni-        mocráticas. Nunca nenhuma oposição
momento em                     dade põe os candidatos a coberto da         reclamou depois de eleições autárqui-
que se adquire                 prisão.                                     cas ou europeias que o Governo perde
a qualidade de                    Uma pessoa, a partir do momento em       legitimidade. Eu não aceito isso”, disse,
candidato                      que é candidato, não pode ser presa,        adiantando que o país “precisa de um
                               em princípio.                               Governo actuante”.
                                  Há no entanto uma excepção. Se o            E sustentou que “aqueles que querem
                               acto praticado puder ser classificado       transformar as europeias em legislativas
                               como um crime de especial gravidade.        enganam-se”, já que, frisou, “nestas
                                  São três as condições que se têm de      eleições não perguntaram aos portu-
                               reunir para que se considere que há         gueses acerca do Governo e do futuro,
                               uma grande gravidade e para que, em         essa pergunta será feita nas próximas
                               consequência, aquela regra de imuni-        eleições legislativas. É um pouco cedo,
                               dade possa ser precludida.                  é um abuso que os partidos queiram
                                  É necessário que a prisão se dê logo     transformar as eleições europeias em
                               em flagrante delito (não em lugar e         legislativas. Essa pergunta virá e nessa
                               tempo diferentes daqueles em que o          altura ver-se-á o que é que os portu-
                               acto tenha sido praticado), é necessário    gueses querem”.
                               que se trate de um acto doloso (com            Sócrates considerou ainda que, para
                               propósito e não apenas por negligên-        enfrentar a crise mundial, o Governo
                               cia), e é necessário que o crime, que é     “tem de ter todos os poderes” para res-
                               apontado à pessoa do candidato, seja        ponder aos problemas do país.               tomar as decisões no sentido de cum-       verno perdeu legimitidade, devido aos
                               sancionável com pena de prisão e que           “Era o que faltava que o Governo         prir o seu programa”, realçou.             resultados alcançados nas europeias. “O
                               esta possa ser, no seu limite máximo,       agora ficasse diminuído. Não. Esta            Na ocasião, Sócrates rejeitou liminar-   Presidente da República não é o porta-
                               previsto na lei, superior a três anos de    legislatura termina na altura das legis-    mente que o Presidente da República,       voz da oposição, bem pelo contrário,
                               cadeia (o que só existe para condutas       lativas e até lá o governo mantém toda      Cavaco Silva, tenha defendido, no seu      e ainda por cima no dia 10 de Junho”,
                               muito censuráveis e de gravidade            a capacidade, toda a legitimidade para      discurso nas comemorações, que o Go-       disse o primeiro-ministro.
                               acentuada).
                                  Se estas condições todas não estive-
                               rem reunidas, então o candidato – seja
                               o que for que tenha feito – não pode ser
                               sujeito a prisão preventiva. tem a sua      utentes satisfeitos com
                                                                           unidades de saúde Familiar
                               liberdade garantida pela lei eleitoral.
                                  É claro que, havendo a notícia de
                               um crime, as autoridades competentes
                               abrirão o respectivo processo contra o
                               candidato, seja esse crime de gravidade     OitENta e sete por cento dos
                               grande ou pequena.                          utentes recomendaria a sua unidades
                                  Pode também suceder que já venha         de Saúde Familiar a um amigo ou
                               a decorrer, anteriormente ao processo       familiar, revela um estudo elaborado
                               eleitoral, um processo penal contra a       pelo Centro de Estudos e investiga-
                               pessoa do, agora, candidato.                ção em Saúde da universidade de
                                  Nestes casos a imunidade funciona        Coimbra.
                               também para impedir que essa pessoa           O estudo sobre “monitorização da
                               seja julgada durante o período eleito-      Satisfação dos utilizadores das uni-
                               ral, enquanto estiver na condição de        dades de Saúde Familiar”, apresenta-
                               candidato.                                  do pela ministra da Saúde, ana Jorge,
                                  O processo fica suspenso e só pode       mostra que 44,5% dos inquiridos
                               prosseguir, para a fase de julgamento,      estão bastante satisfeitos, 39% estão
                               depois da proclamação do resultado          muito satisfeitos, 13,4 % satisfeitos e
                               das eleições. Mesmo que se trate de         apenas 3,1% estão nada satisfeitos.
                               um crime grave.                               Na cerimónia de apresentação do
                                  Estas normas têm razão de ser para       documento, ana Jorge salientou a
                               garantir a liberdade dos candidatos,        importância da satisfação dos utentes
                               para os pôr a coberto de processos mal      com as unidade de Saúde Familiar,
                               intencionados que visem obter efeitos       considerando que estes dados são            pretende que seja o centro do Serviço      tar na humanização dos serviços”,
                               políticos usando os tribunais, e para dar   também a prova de que “o Serviço            Nacional de Saúde”.                        disse, realçando a necessidade de
                               garantias de dignidade à campanha e         Público de Saúde segue no sentido             “Sentimos que valeu a pena inovar,       reflectir sobre os resultados “para que
                               à eleição.                                  certo, no sentido da pessoa, que se         agilizar, reduzir a burocracia e apos-     os próximos sejam melhores”.
pArlAmENtO                                                                                           17 DE JUNHO DE 2009   

Consenso na criação                                                                                                     OpiNiãO            NoVas CatEGoRias, NoVos
                                                                                                                                           DEsaFios PaRa ElEitos

de 5 cidades e 22 vilas
                                                                                                                                           E ElEitoREs
                                                                                                                                                POrtUGAL vai ter novas cidades e novas vilas, após pu-
                                                                                                                                                blicação, em “Diário da república”, de um pacote autár-
a aSSEmblEia da República                Nos distritos de lisboa e do       na votação final global.                                            quico, que foi aprovado pela Assembleia da república.
aprovou, por unanimidade, no           Porto, verificaram-se oito eleva-       De fora, ficaram, por agora, as                                     todos os projectos-leis, independentemente do mérito e
dia 12, um conjunto de iniciativas,    ções: Prior Velho, no município      propostas de criação, modificação                                   das forças políticas que os subscreveram, foram aprova-
que permitiram a criação de cinco      de loures, Casal de Cambra e         ou fixação de limites de autarquias     ANA cOUtO                   dos por unanimidade, no quadro de um amplo consenso
novas cidades e a elevação de 22       montelavar, ambas no município       locais – municípios e freguesias.       pEDrO FArmHOUsE construído na diversidade de propostas e na pluralidade
                                                                                                                    Deputados à Assembleia
povoações à categoria de vila.         de Sintra; ancede, no município         Recorde-se que o regime de           da república, membros da    de iniciativas, apreciadas na Subcomissão para a Criação
   borba, no distrito de Évora;        do baião, Guifões, no município      designação e determinação da ca-        subcomissão para a criação  de Novos Municípios, Freguesias, Vilas e Cidades.
                                                                                                                    de Novos municípios,
Senhora da Hora, no município          de matosinhos, Vilarinho, no mu-     tegoria das povoações foi definido      Freguesias, Vilas e cidades
                                                                                                                                                   O nosso voto favorável assenta, também, na profunda
de matosinhos, distrito do Porto;      nicípio de Santo tirso, Senhora da   pela lei n.º 11/82, de 2 de Junho,                                  convicção de que as propostas traduzem legítimas aspi-
Samora Correia, município de           aparecida, no município de lou-      que determina que, salvo “impor-                                    rações das populações em causa.
benavente, distrito de Santarém;       sada e madalena, no município de     tantes razões de natureza histórica,    É neste quadro                 Em democracia, cabe aos poderes públicos, e desig-
Valença, no distrito de Viana do       Vila Nova de Gaia. No distrito de    cultural e arquitectónica”, uma vila    de partilha                 nadamente à Assembleia da república, uma atenção
Castelo; e São Pedro do Sul, no        Santarém, Olival, no município de    só pode ser elevada à categoria de      entre eleitos e continuada às expectativas e anseios das populações.
distrito de Viseu, são as cinco        Ourém, passou também a vila.         cidade “quando conte com um nú-                                        É, por isso, de realçar, a convergência das bancadas
novas cidades, que resultam da           Já em Viana do Castelo, foram      mero de eleitores, em aglomerado
                                                                                                                    eleitores, que              parlamentares, na apreciação destas expectativas e no
apresentação de 12 iniciativas le-     elevadas a vila as povoações de      populacional contínuo, superior a       saudamos                    reconhecimento do trabalho dos autarcas envolvidos nos
gislativas, quatro delas do Grupo      Castro laboreiro, no município       8000» e «uma povoação só pode           todos os                    processos de elevação.
Parlamentar do PS.                     de melgaço; e Soajo, no mu-          ser elevada à categoria de vila quan-   autarcas e                     tratando-se de unidades básicas de agregação popula-
   Já as novas vilas, que surgem na    nicípio de arcos de Valdevez;        do conte com um número de elei-         cada uma das                cional, numa época ainda moldada pela dupla deslocação
sequência da apresentação de 28        enquanto em Vila Real, foi a         tores, em aglomerado populacional                                   do interior para o litoral e do mundo rural para o urbano,
projectos-lei, metade dos quais de     povoação de lordelo que passou       contínuo, superior a 3000».             populações das é necessária clarividência no reconhecimento formal das
iniciativa socialista, distribuem-se   à categoria de vila.                    Constitui, ainda, requisito para     novas cidades unidades populacionais, configuráveis por consciências
geograficamente, por dez distri-         a aprovação destas iniciativas     a elevação, a existência de, pelo       e vilas                     identitárias culturais e históricas, que permitam uma
tos: aveiro, braga, Coimbra, Faro,     legislativas surge na sequência      menos, metade de um conjunto                                        gestão administrativa do território, ao serviço da eficácia
leiria, lisboa, Porto, Santarém,       de um processo conduzido pela        de equipamentos. No caso das                                        governativa.
Viana do Castelo e Vila Real.          Subcomissão para a Criação de        cidades, instalações hospitalares,                                     Com efeito, e como a lei tão bem determina, no Parla-
   Em aveiro, foram elevadas à ca-     Novos municípios, Freguesias,        farmácias, corporação de bombei-                                    mento mais não se fez do que reconhecer formalmente as
tegoria de vila, Soza, no município    Vilas e Cidades, que integra os      ros, casa de espectáculos, museu e                                  realidades e as dinâmicas de crescimento e de progresso,
de Vagos, e Valongo do Vouga, no       deputados do PS ana Couto e          biblioteca, instalações hoteleiras,                                 resultantes da resposta aos problemas vividos localmente,
município de Águeda. Em braga,         Pedro Farmhouse, a funcionar no      estabelecimentos de ensino e in-                                    por conjugação do esforço das populações e dos autarcas,
município de Fafe, foi arões de        âmbito da Comissão Parlamentar       fantários, transportes públicos e                                   a par da afirmação de identidades culturais, histórica e
São Romão quem passou a vila.          do Poder local, ambiente e Or-       parques ou jardins.                                                 sociologicamente fecundas.
Já em Coimbra, foram quatro            denamento do território.                Já para ser elevada a vila uma                                      Saliente-se que o poder local tem sido um dos pilares
as povoações elevadas, todas no          Graças ao consenso que se lo-      localidade tem de ter posto de                                      fundamentais da construção do processo democrático,
município da Figueira da Foz: São      grou alcançar entre os represen-     assistência médica, farmácia, co-                                   que se iniciou com o momento histórico da revolução
Pedro, marinha das Ondas, lavos        tantes de todas as bancadas parla-   lectividades, transportes públicos,                                 de Abril e a aprovação da Lei Fundamental.
e tavarede. Em Faro, no algarve,       mentares, foi possível constituir    estação dos correios, estabeleci-                                      E esta democracia de proximidade, protagonizada pelos
foi bensafrim, no município de         um “pacote autárquico”, que fez      mentos comerciais e de hotelaria,                                   eleitos locais, ao longo de mais de três décadas, muito
lagos, que passou a vila.              subir a plenário, embora sem dis-    estabelecimentos de ensino e                                        tem contribuído para o desenvolvimento da democracia,
   O Parlamento aprovou também         cussão na generalidade, todas as     agência bancária.                                                   “latu sensu”.
a elevação a vila das povoações de     propostas de elevação que tinham        Para conclusão do processo, fal-                                    Os milhares de homens e mulheres que dão o seu
Foz do arelho e Á-dos-Francos,         sido apresentadas desde o início     ta agora a promulgação pelo Presi-                                  melhor nas autarquias têm desempenhado um papel
ambas no município de Caldas da        da legislatura, tendo as mesmas      dente da República e a publicação                                   fundamental na modernização e no desenvolvimento do
Rainha, distrito de leiria.            sido aprovadas por unanimidade       em “Diário da República”.                                           país, na promoção e na projecção dos agentes locais, no
                                                                                                                                                incremento da qualidade de vida das suas terras e das
                                                                                                                                                suas gentes.
                                                                                                                                                   Mas se é certo que a decisão parlamentar de criar novas
                                                                                                                                                vilas e cidades tem uma parte de reconhecimento das
                                                                                                                                                dinâmicas actuais, ela não esgota um dos desafios que en-
                                                                                                                                                frentam a governabilidade e o poder autárquico, neste ciclo
                                                                                                                                                de grandes alterações à escala global, como é a necessidade
                                                                                                                                                de se encontrarem novos critérios de determinação das
                                                                                                                                                categorias e um modelo de organização administrativa, que
                                                                                                                                                se ajuste melhor, não só às novas realidades dos agregados
                                                                                                                                                populacionais, mas também à dimensão e características
                                                                                                                                                dos principais problemas que condicionam a qualidade de
                                                                                                                                                vida e o bem-estar das populações.
                                                                                                                                                   É um imperativo nacional, que se coloca, com maior
                                                                                                                                                acuidade, nas áreas de crescimento metropolitano, e
                                                                                                                                                desafios como este confrontar-nos-ão, seguramente, num
                                                                                                                                                futuro muito próximo.
                                                                                                                                                   Mas há outros desafios a vencer, pois se as elevações
                                                                                                                                                radicam num reconhecimento do passado e numa dinâ-
                                                                                                                                                mica de presente, elas encerram, também, uma dimensão
                                                                                                                                                de construção do futuro, cuja responsabilidade deve ser
                                                                                                                                                partilhada.
                                                                                                                                                   É, pois, neste quadro de partilha entre eleitos e elei-
                                                                                                                                                tores, que saudamos todos os autarcas e cada uma das
                                                                                                                                                populações das novas cidades e vilas, porquanto são
                                                                                                                                                aquelas e estes os principais obreiros das categorias
                                                                                                                                                agora alcançadas.
                                                                                                                                                   E sendo nós eleitos por Lisboa, salientamos as eleva-
                                                                                                                                                ções de Prior Velho, em Loures, e de Casal de Cambra e
                                                                                                                                                Montelavar, em Sintra, com o anseio de que o patamar
                                                                                                                                                de reconhecimento contribua para uma maior afirmação
                                                                                                                                                destas comunidades, mas também para um significativo
                                                                                                                                                aumento de participação cidadã na definição do seu
                                                                                                                                                futuro colectivo.
17 DE JUNHO DE 2009                                                           EUrOpEiAs 2009
     OpiNiãO                   PoRquE NaVEGaR
                               é PRECiso, MEsMo
                               Na toRMENta
                                                                                 Fragmentação partidária
                               NO rESCALDO das eleições para o Par-
                               lamento Europeu é preciso continuar a
                                                                               põe em causa governabilidade
                               navegar e acima de tudo manter o norte. É
                               fundamental observar os ventos, repensar
                               a rota e governar.
pAUlA NObrE                       Os resultados das eleições europeias
DE DEUs                        suscitam-nos algumas interrogações.
Deputada do ps
                               Numa primeira abordagem sobre o valor
                               da democracia e a governação dos povos
                               e numa leitura mais objectiva sobre a
                               situação de Portugal.
                                  O direito a votar foi difícil de conquis-
Estas eleições                 tar. Os regimes democráticos vivem da
são uma                        participação de todos por isso considero
oportunidade                   legítimo que nos interroguemos sobre o
                               direito à abstenção: será que os absten-
para o                         cionistas pensam que ao demitirem-se de
Governo                        fazer escolhas estão a contribuir para um
repensar                       mundo melhor? Na realidade não foram
a rota,                        os 61,25% de abstenção, nas eleições
abrir novas                    europeias de 2004, que contribuíram para
                               uma Europa mais forte, tal como não serão
perspectivas e                 os 63,22% de abstenção em 2009.
manter o rumo                     quanto à governação na Europa, registo
de Portugal                    com preocupação o reforço dos partidos de
no sentido do                  direita, como é o caso do Partido Popular
                               Europeu, e tudo aquilo que representam.
desenvolvi­
                               Nos momentos de crise e de maior incer-
mento social                   teza é normal emergir com mais força a
e económico                    necessidade de segurança e ganharem
                               mais adeptos os discursos justiceiros e
                               radicais contra a imigração e tudo o que
                               seja um factor de aparente instabilidade.             Reconhecendo que o resultado das europeias foi                                pessoal desta derrota. Se alguém in-
                               Mas curiosamente quem proclama a                 “decepcionante”, o secretário-geral do Ps, José sócrates,                          dividualmente é responsável por este
                               segurança também defende o liberalismo,          garantiu que o Governo irá manter o rumo e empenhar-se                             resultado, esse alguém obviamente
                               a lei da sobrevivência do mais forte e do                                                                                           sou eu”, afirmou o constitucionalista
                               paternalismo sobre o mais fraco.                 ainda mais no combate à crise. Por sua vez, Vital Moreira                          da universidade de Coimbra.
                                  Por isso, quem é a favor de uma nova          alertou para o problema da “fragmentação” partidária que                             Reconhecendo que o PS perdeu
                               ética económica e social, de uma regulação               coloca em causa a governabilidade do país.                                 as eleições, “claramente ganhas pelo
                               dos mercados diferente da que conduziu à                                                                                            PSD”, Vital moreira apontou “três
                               crise, deve ficar apreensivo com o reforço do                                                                                       aspectos não positivos” do escrutínio
                               Partido Popular Europeu, onde se inscreve       O PS aguardará com “serenidade o         muitas vitórias e cá estou para as         de 7 de Junho: a elevada taxa de abs-
                               o PSD e o CDS. Assim, questiono-me se           momento em que os portugueses se         assumir”, declarou, recebendo uma          tenção; a elevada votação da esquerda
                               não temos sérios motivos para temer o           pronunciarão sobre a governabili-        prolongada salva de palmas.                antieuropeísta, num momento em
                               enfraquecimento do modelo social europeu.       dade do país”, afirmou o primeiro-          antes, considerou que o resultado       que precisamos de mais Europa; e a
                               Por outro lado, é no mínimo insólito acredi-    ministro e secretário-geral do PS,       obtido nas europeias torna mais “exi-      redução dos resultados cumulativos
                               tarmos que vão ser os partidos políticos que    José Sócrates, depois de conhecidos      gente” e “difícil” a tarefa das eleições   do PS e do PSD”.
                               são contra a construção europeia, concre-       os resultados das recentes eleições      legislativas, embora se mantenha             Para Vital moreira, estes resulta-
                               tamente o BE e o PCP que vão contribuir
                                                       ,                       europeias.                               convicto de que o ânimo dos socia-         dos, mostram “o aumento da frag-
                               para que a Europa tenha uma voz mais              José Sócrates falava após assumir o    listas será agora reforçado “para uma      mentação partidária em Portugal”, o
                               forte e afirmativa no mundo.                    revés eleitoral de 7 de Junho, ocasião   preparação vitoriosa”.                     que, na sua opinião, faz “recear pela
                                  Em relação a Portugal vou continuar a        em que admitiu que o sufrágio para          Na declaração que fez à Comuni-         governabilidade do país no futuro.
                               escrever sobre as medidas do Governo com        o Parlamento Europeu “tem sempre         cação Social, José Sócrates começou          No seu breve discurso, fez ainda
                               a mesma tranquilidade porque acredito           uma componente nacional”.                por saudar todos os eurodeputados          questão de sublinhar que “os eurode-
                               que temos tido boas medidas e que o seu           “mas o momento para avaliar o          eleitos e a vitória do PSD.                putados socialistas não vacilarão no
                               impacto é positivo. Eu compreendo que           Governo é dentro de alguns meses e          “Quero assumir com frontalidade         seu compromisso com a construção
                               nem sempre seja fácil distanciarmo-nos da       nessa altura cá estaremos”, reafirmou,   a responsabilidade política por estes      europeia e com a defensa dos interes-
                               nossa situação particular para vermos o que     numa ocasião em que fez questão de       resultados do PS. Estas eleições fo-       ses específicos na união Europeia”.
                               mudou à nossa volta mas é um exercício          lembrar que o Executivo tem pela         ram disputadas em condições muito            Já o secretário nacional do PS para
                               que devíamos aproveitar para fazer.             frente “a missão exigente de combater    difíceis para o PS e não são bons para     a Organização, Vieira da Silva, afir-
                                  Desde o início da governação Socialista      a crise”.                                o partido, mas são resultados para o       mou que o nosso partido foi “penali-
                               que a nossa situação vinha a evoluir muito        Quanto à hipótese levantada pelos      Parlamento Europeu”.                       zado” nas eleições europeias, mas fez
                               positivamente na generalidade das áreas         jornalistas de remodelação governa-         mas, garantiu, “estes resultados em     questão de as separar das legislativas,
                               e a crise internacional veio inflectir essa     mental em face do resultado das eu-      nada diminuem a determinação do            sublinhando que o Governo não terá
                               tendência. Mas isso não obsta que Portugal      ropeias, o primeiro-ministro afastou     PS para estar à altura das suas respon-    de mudar de estratégia.
                               tenha hoje mais e melhores respostas pú-        esse cenário.                            sabilidades na governação do país”.          “O PS já reconheceu que estes re-
                               blicas em diferentes áreas desde a saúde, à       “Não está no meu género adaptar           José Sócrates deixou ainda uma          sultados estão longe das expectativas
                               educação, à protecção social e também ao        a governação àquilo que são as facili-   palavra de elogio ao cabeça-de-lista       que tinha para as eleições europeias.
                               nível da estabilidade das finanças públicas,    dades ou dificuldades do momento.        do PS nestas eleições europeias, Vital     mas não creio, quando estamos a
                               das energias e das novas tecnologias.           Este Governo teve desde sempre uma       moreira, “pela forma como assumiu          falar de legislativas, que tenhamos
                                  A crise veio abalar a confiança das          governação muito exigente nos últi-      este projecto desde a primeira hora”.      de proceder a uma alteração da nossa
                               pessoas e há situações complicadas de           mos quatro anos. O que vamos fazer          Coube a Vital moreira a sempre          estratégia política, porque correspon-
                               resolver, mas isso exige estabilidade para      é manter o rumo e empenharmo-nos         difícil tarefa de assumir pessoalmente     de ao que Portugal precisa face à crise
                               que se continue a governar com rumo, não        mais no combate à crise”, vincou.        a derrota, alertando, no entanto, para     que estamos a viver”, disse.
                               é momento para experimentações. Assim,            Depois, descrevendo o resultado        o facto de os resultados das europeias       O PS elegeu, com 26,6% dos votos
                               estas eleições são uma oportunidade para        das europeias como “decepcionante”,      revelarem uma “fragmentação” parti-        sufragados nas eleições de 7 de Junho,
                               o Governo repensar a rota, abrir novas          reconheceu que “sempre que o PS é        dária que coloca em causa a governa-       sete eurodeputados: Vital moreira,
                               perspectivas e manter o rumo de Portugal        derrotado o secretário-geral do PS       bilidade do país.                          Edite Estrela, Capoulas Santos, Elisa
                               no sentido do desenvolvimento social e          também é derrotado”.                        “Como cabeça-de-lista do PS assu-       Ferreira, Correia de Campos, luís Pau-
                               económico.                                        “mas já tive muitas derrotas e         mo pessoalmente a responsabilidade         lo alves e ana Gomes. M.R./J.C.C.B
ActUAliDADE                                                                                17 DE JUNHO DE 2009   

atletas olímpicos                                                                                                         OpiNiãO         quatRo aNos DE MuDaNça
                                                                                                                                          No DEsPoRto NaCioNal (2)
com apoios formalizados                                                                                                                   NA ANáLiSE global da política do governo na área do
                                                                                                                                          desporto que fizemos em Abril, foram abordados os
                                                                                                                                          eixos fundamentais da acção governativa, procurando
                                                                                                                                          fazer um sucinto balanço sobre cada um. Assim,
                                                                                                                                          analisámos a adopção de um novo rumo para o des-
                                                                                                                                          porto nacional, a assunção da centralidade política do
                                                                                                                     JOãO sEqUEirA        desporto, as reformas introduzidas no ordenamento ju-
                                                                                                                     membro da comissão
                                                                                                                     Nacional do ps       rídico desportivo, as diversas Medidas que corporizam
                                                                                                                                          a visão inclusiva, integrada e multi-factorial do novo
                                                                                                                                          modelo desenvolvimento e a estabilidade orçamental
                                                                                                                                          e sustentabilidade financeira do sistema desportivo.
                                                                                                                                             O presente escrito pretende tratar de forma mais
                                                                                                                                          aprofundada este último eixo. Como é sabido, em
                                                                                                                     Nestes quatro        2005 a situação da Administração Pública Despor-
                                                                                                                     anos as              tiva era de ruptura financeira. Consequentemente, a
                                                                                                                     federações           viabilidade do financiamento ao sistema desportivo
                                                                                                                                          estava em perigo. Perante esta herança (e num
                                                                                                                     desportivas          contexto extremamente complexo) o Governo tinha
                                                                                                                     receberam da         de, rapidamente, implementar uma política de rigor
                                                                                                                     Administração        orçamental e alterar o modelo de financiamento. E
                                                                                                                     Pública 160          foi o que fez!
                                                                                                                     milhões de              Para além das medidas de contenção da despesa
                                                                                                                                          na estrutura da Administração Pública Desportiva,
                                                                                                                     euros, o que         cumpre realçar a importância decisiva que a alte-
                                                                                                                     representa de        ração da fórmula de distribuição das receitas dos
                                                                                                                     2005 para            Jogos Sociais, através do Decreto-Lei n.º 56/2006,
                                                                                                                     2009 um              de 15 de Março de 2006, teve no financiamento do
                                                                                                                                          desporto. Assim, através da conjugação de medidas
                                                                                                                     aumento de
                                                                                                                                          de rigor e transparência e de alterações no modelo,
“EStE CONtRatO visa as-                   Simultaneamente, o contrato            “a existência destes contratos      12%, nos             adoptadas desde o início do mandato, foram criadas
segurar um quadro estável de            inclui o Projecto Esperanças           plurianuais para um horizonte de      montantes            as bases para assegurar a estabilidade orçamental e
financiamento, que permite aos          Olímpicas, destinado a garantir as     futuro é a chave para podermos        anuais               sustentabilidade financeira. O Estado, ao contrário do
técnicos e aos atletas estabilidade     condições de preparação desporti-      alcançar melhores resultados”, su-    recebidos            que se tinha passado até então, passou a assegurar
para preparar o seu trabalho. Este      va aos praticantes com especial ta-    blinhou Pedro Silva Pereira.                               com fiabilidade e pontualidade o pagamento dos
é o modelo certo”, afirmou o mi-        lento que apresentem expectativas        Este contrato, acrescentou,                              montantes contratualizados, inaugurando um novo
nistro da Presidência, Pedro Silva      de virem a poder estar presentes       “rompe com a tradição muito                                ciclo de relacionamento com o movimento associativo
Pereira, na cerimónia de assinatura     nos Jogos Olímpicos de 2016.           portuguesa do improviso. Cele-                             baseado no respeito, na confiança e na credibilida-
do Contrato-Programa de Prepara-          Na cerimónia, o ministro da          bramos esta etapa com a confiança                          de. Nestes quatro anos as federações desportivas
ção Olímpica para londres 2012 e        Presidência, que se encontrava         de quem honrou os seus compro-                             receberam da Administração Pública 160 milhões
Jogos Olímpicos de 2016.                acompanhado pelo secretário de         missos”.                                                   de euros, o que representa de 2005 para 2009 um
  O Contrato-Programa Plu-              Estado da Juventude e do Despor-         Durante a cerimónia, o ministro                          aumento de 12%, nos montantes anuais recebidos.
rianual, no valor global de 14,6        to, laurentino Dias, salientou a       da Presidência anunciou, ainda,                            Os compromissos assumidos com o Comité Olímpico
milhões de euros, visa assegurar        importância do contrato para o         que o Governo decidiu proceder                             de Portugal (COP), relativos ao programa de prepa-
a optimização das condições de          Comité Olímpico de Portugal,           a um aumento de 10% no valor                               ração dos Jogos de Pequim 2008, foram cumpridos
preparação olímpica dos atletas         para as federações desportivas, para   das bolsas dos atletas e de 5% nas                         na íntegra, envolvendo um esforço orçamental de
para o todo o ciclo olímpico.           os atletas e para os treinadores.      bolsas dos treinadores.                                    cerca de 14 milhões de euros.
                                                                                                                                             Foram ainda tomadas decisões há muito recla-
                                                                                                                                          madas por todos os agentes desportivos e que têm
                                                                                                                                          implicações decisivas no desenvolvimento da activi-
Mais 21 balcões únicos                                                                                                                    dade dos atletas, dos treinadores, dos árbitros/juízes,
                                                                                                                                          das federações e dos clubes. É o caso das decisões

no distrito de leiria                                                                                                                     de isenção do irS para as bolsas atribuídas pelo
                                                                                                                                          Estado aos atletas e para as despesas de formação
                                                                                                                                          dos árbitros e juízes que fazem parte dos quadros
O DiStRitO de leiria vai ter                                                                                                              distritais e dos Despachos governamentais relativos
mais 21 balcões únicos para os                                                                                                            aos duodécimos das federações desportivas e à
serviços Casa Pronta, Documento                                                                                                           concessão de bolsas aos praticantes que atingiram
Único automóvel, Heranças, e                                                                                                              os objectivos do programa de preparação olímpica.
Divórcio e Partilhas. O anúncio                                                                                                           Para além deste conjunto integrado de decisões, o
foi feito pelo ministro da Justiça,                                                                                                       Governo assinou recentemente com o COP o contra-
alberto Costa, na cerimónia que                                                                                                           to-programa de preparação olímpica Londres 2012 e
assinalou a entrada em funciona-                                                                                                          esperanças olímpicas 2016. Este contrato prevê um
mento no concelho da Nazaré do                                                                                                            reforço global do investimento de 4,3% e de mais de
serviço Casa Pronta.                                                                                                                      10% nas bolsas dos atletas e treinadores. Perante
   Para alberto Costa, com este                                                                                                           este quadro e tendo presente a execução da Medida
posto de atendimento, “Nazaré                                                                                                             6 - Centros de Alto rendimento, um dos responsá-
inscreve-se num roteiro de simpli-                                                                                                        veis máximos do movimento associativo desportivo
ficação da vida dos cidadãos, que é                                                                                                       afirmou que “as condições de preparação são as
um roteiro fundamental da nossa                                                                                                           melhores de sempre no desporto em Portugal”.
modernidade”, defendendo que a                                                                                                               O caminho percorrido, ao longo deste mandato,
população “tem o direito a ter perto                                                                                                      não foi fácil, nem isento dos chamados “acidentes
de si um serviço de grande impor-       continuar a registar boas marcas       hospitais e 3070 pessoas adquiri-                          de percurso”. Foram necessárias medidas duras
tância para facilitar as suas vidas”.   no domínio da simplificação e da       ram casas ou fizeram transacções                           de execução de uma política de rigor orçamental,
   O ministro da Justiça salientou      eliminação de formalidades que         através do Casa Pronta.                                    a adopção de uma cultura de exigência e respon-
que, “em anos não muito distantes,      tanto lesam os cidadãos”.                 Segundo o ministério da Justiça,                        sabilização na gestão dos “dinheiros públicos” e
as exigências e os embaraços da           O ministro da Justiça recordou       já foram realizados mais de 32.700                         um compromisso sem reservas com o programa do
burocracia” constituíam uma “uma        que, nesta legislatura, no distrito    procedimentos através do Casa                              governo. Só assim foi possível recuperar a saúde
enorme complicação”.                    de leiria, foram constituídas 3340     Pronta, sendo que, este ano, até                           financeira e a credibilidade da Administração Pública
   Segundo alberto Costa, com           empresas na hora, obtidos 123.123      29 de maio, efectuaram-se mais                             Desportiva, conseguindo, ao mesmo tempo, quatro
este balcão o distrito de leiria        documentos único automóvel,            procedimentos, 18.038, que na to-                          anos de crescimento sustentado do investimento no
“fica melhor apetrechado para           3750 crianças foram registadas nos     talidade do ano passado, 13.873.                           sistema desportivo.
17 DE JUNHO DE 2009                           ActUAliDADE
              OpiNiãO
                                         Nova legislação em matéria ambiental
                                         O CONSElHO de ministros                                                                                                     O Governo decidiu também
                        AgOstiNHO        de 5 de maio, Dia mundial do                                                                                              criar o mercado Organizado de
                        gONçAlVEs        ambiente, foi dedicado a assuntos                                                                                         Resíduos, destinado a promover
                        Deputado do ps   ambientais, tendo sido aprova-                                                                                            as trocas comerciais de resíduos,
                                         dos diplomas em três domínios:                                                                                            potenciando a sua valorização e
                                         águas, resíduos e conservação da                                                                                          reintrodução no circuito econó-
uM Passo                                 natureza.
                                           assim, foi criado o Fundo de
                                                                                                                                                                   mico, diminuindo a procura de
                                                                                                                                                                   matérias-primas primárias e pro-
EM FRENtE                                Protecção dos Recursos Hídricos
                                         destinado a financiar projectos e
                                                                                                                                                                   movendo simbioses industriais.
                                                                                                                                                                     Foi criado o Fundo para a Con-
NA PASSADA sexta-feira 09/05/29          investimentos necessários ao me-                                                                                          servação da Natureza e da biodi-
a Assembleia da república votou          lhor uso da água.                                                                                                         versidade para financiar projectos
finalmente a Lei de Defesa Nacio-          O Governo aprovou ainda o                                                                                               e investimentos necessários para
nal, a Lei Orgânica de Bases de          regime jurídico dos serviços mu-                                                                                          a gestão e conservação da nature-
Organização das Forças Armadas,          nicipais e intermunicipais de abas-                                                                                       za em Portugal, a promoção do
conhecida pela LOBOFA e o regu-          tecimento público de água, de                                                                                             reconhecimento do valor econó-
lamento de Disciplina Militar.           saneamento de águas residuais                                                                                             mico da biodiversidade através
   Estas propostas de lei foram apre-    e de gestão de resíduos urbanos,                                                                                          de mecanismos de compensação
sentadas pelo Governo à Assembleia       reunindo todo o regime jurídico                                                                                           de certas formas de perda de bio-
da república em Dezembro de              num único diploma, o que permite          serviços e ao relacionamento com       residuais e de gestão de resíduos        diversidade e o desenvolvimento
2008, e discutidas na generalidade       a clarificação das regras aplicáveis,     os utilizadores.                       urbanos, que, entre outros aspec-        de instrumentos de mercados que
em Janeiro do corrente ano. importa      designadamente, pela sistema-               Nesta reunião do Conselho de         tos, vai permitir fixar tarifários por   apoiam as políticas de conservação
nesta fase lembrar as intervenções       tização dos modelos de gestão             ministros foi também alterado o        períodos até três anos mitigando o       de biodiversidade.
dos diferentes partidos da oposi-        e pela uniformização das regras           regime dos serviços multimuni-         grau de incerteza para as câmaras          Foram também aprovados novos
ção, em particular o PSD. Falaram        aplicáveis às entidades gestoras no       cipais de abastecimento público        municipais que usam estes siste-         requisitos quanto às emissões de
dois deputados deste partido, com        que respeita à gestão técnica dos         de água, de saneamento de águas        mas.                                     CO2 dos veículos pesados.
discursos opostos, enquanto um
elogiou a postura dialogante do
Governo e as condições criadas para
aquando da discussão na especiali-
                                         Cascais e sintra
 também por aqui, se
 vê a desorganização,
                                         com novas estradas
 a falta de liderança                    O laNçamENtO do projecto                    Paulo Campos explicou, no dia
                                         de execução da variante à Estrada         8, que a criação deste troço é uma
 do PSD cada um a                        Nacional (EN) 249-4, ligando o nó         “aspiração” que o Governo tinha
 falar para seu lado e                   da auto-estrada de Cascais (a5) e a       “há muito tempo” e que visa o
                                         abrunheira (iC19), foi anunciado          “combate à sinistralidade rodoviária
 para lado nenhum                        pelo secretário de Estado adjunto,        e promover a coesão territorial e o
                                         das Obras Públicas e das Comu-            desenvolvimento”.
dade ser possível “ajustar” alguns,      nicações, Paulo Campos. trata-se            a futura via terá uma extensão
poucos, pontos dos articulados, o        de uma empreitada que surge no            de nove quilómetros e implicará
outro deputado, eleito pelo círculo      seguimento de um conjunto de              um investimento de 21 milhões
da Madeira contrariou o caminho          intervenções previstas pelo minis-        de euros, surge como forma de             Para o secretário de Estado, “é          Com todas estas medidas, acres-
apontado pelo discurso do seu            tério das Obras Públicas para a rede      “melhorar as acessibilidades de        fundamental melhorar as condições        centou, “modificaremos todos os
companheiro de bancada. É assim          viária da Grande lisboa, que visam        duas das principais radiais da zona    de circulação e por isso era necessá-    movimentos na região de lisboa,
que, também por aqui, se vê a de-        o descongestionamento dos eixos           da Grande lisboa, beneficiando         rio criar, na área metropolitana de      criando um conjunto de alternativas
sorganização, a falta de liderança do    mais sobrecarregados e consequente        directamente os munícipes de           lisboa, um conjunto de itinerários       que são fundamentais para o desen-
PSD cada um a falar para seu lado        diminuição do tráfego.                    Cascais e Sintra”.                     alternativos”.                           volvimento dos municípios”.
e para lado nenhum.
   Seguiu-se a discussão na espe-
cialidade em Comissão de Defesa
Nacional, onde foi preciso esperar
muitas semanas pelas propostas           Depósitos dos clientes do BPP estão protegidos
do PSD, enquanto o PCP e BE e o
CDS em devido tempo apresentaram         O miNiStRO das Finanças de-                                                                                                  O titular das Finanças acrescen-
propostas de alteração ao articulado     clarou que o Governo vai retirar os                                                                                       tou ainda que o Governo não vai
dos diplomas em discussão. De            activos de retorno absoluto ao banco                                                                                      pedir aos contribuintes “que se
notar que as propostas do PCP e BE       Privado Português (bPP) e entregá-                                                                                        substituam ao banco nas garantias
na maior parte, de cunho ideológico,     lo a outras instituições bancárias.                                                                                       dadas aos clientes”, no que respeita
contrariavam, ou até, invertiam por         teixeira dos Santos, que falava                                                                                        ao “produto de retorno absoluto”,
completo o espírito e a letra das        no final da reunião do Conselho de                                                                                        cobrindo as perdas dos investimen-
propostas de lei.                        ministros, negou-se a revelar quais                                                                                       tos através de garantias de capital
   Mas, depois de discussão de           as instituições financeiras envolvidas,                                                                                   do Estado.
pontos de vista diferentes e acei-       sublinhando que perante a actual                                                                                             Concordando que muitos clientes
tação de algumas propostas e             situação “a dimensão do bPP em si                                                                                         do bPP se possam sentir enganados
rejeição de outras, fez-se a votação     não lhe confere qualquer relevância                                                                                       pela maneira como o produto de
na especialidade com o PSD res-          sistémica significativa”, pelo que, na                                                                                    retorno absoluto foi comercializado,
ponsavelmente, a votar com o PS,         opinião do Executivo, nada “justi-                                                                                        uma vez que foram contratualizados
bem como o CDS, tendo o PCP e o          fica o envolvimento do Estado num                                                                                         como se se tratasse de depósitos a
BE votado contra.                        processo de capitalização nos termos                                                                                      prazo e aplicações sem risco, teixeira
   Atendendo a que esta reforma          propostos”.                                                                                                               dos Santos anuncio que o Governo
está no programa do Governo e nas           Quanto aos depósitos dos clientes      O qUE É UM PrODUtO DE rEtOrNO ABSOLUtO?                                         vai avançar com uma solução como
GOP 2005/2009, bem como nas              do bPP (cerca de 200 milhões de                                                                                           o objectivo de “atenuar ou mini-
resoluções do Conselho de Minis-         euros), teixeira dos Santos voltou        SãO produtos finan-       a garantir pelo menos      parte nos resultados       mizar as perdas”, medida que passa
tros 124/2005 e 39/2008, foi sem         a garantir o que vem a dizer desde        ceiros em que o Ban-      o reembolso total dos      criados pelo banco         por substituir os títulos actuais por
dúvida, um grande passo na mo-           há semanas, que “estão garantidos e       co Privado Português      montantes investidos       com base nos mon-          títulos novos emitidos por uma
dernização das Forças Armadas, e         protegidos nos termos da lei”, pelo       (BPP) se comprome-        pelos clientes, e a        tantes angariados          instituição credível que não esteja de
consequentemente mais um ganho           menos, como sublinhou, “até ao            teu junto dos clientes    dar-lhes uma quota-        junto dos clientes.        algum modo ligada ou relacionada
político do governo.                     limite de 100 mil euros por titular”.                                                                                     com o bPP. R.S.A.
ActUAliDADE                                                                                     17 DE JUNHO DE 2009   7
                                                                      queda do PiB desacelera

   Ministro das Finanças salienta importância
        das medidas de combate à crise
“tEm havido sinais de desace-                                                                                                                                    sinais alimentam alguma esperança
leração do aprofundamento da                                                                                                                                     de estarmos porventura a chegar ao
crise” e há que “registar esses                                                                                                                                  fim deste tempo de degradação das
sinais como um elemento de                                                                                                                                       condições económicas e que mais
esperança, que tornam mais pre-                                                                                                                                  cedo ou mais tarde poderemos en-
mente que a acção governativa                                                                                                                                    trar em recuperação. mas mesmo
seja muito focada na recuperação                                                                                                                                 isto é duvidoso sobre os termos em
da economia”, afirmou o ministro                                                                                                                                 que essa recuperação vai processar-
das Finanças, teixeira dos Santos,                                                                                                                               se”, acrescentou.
no final do Conselho de minis-                                                                                                                                      O ministro das Finanças dis-
tros do dia 9, ao comentar os                                                                                                                                    se ainda que, neste momento,
mais recentes dados do instituto                                                                                                                                 “ninguém consegue ter certezas”
Nacional de Estatística (iNE)                                                                                                                                    sobre o modo e quanto se poderá
sobre a evolução da economia                                                                                                                                     processar a inversão da economia
portuguesa.                                                                                                                                                      mundial, salientando que o mais
   Segundo o iNE, o Pib por-                                                                                                                                     importante é que “Portugal se en-
tuguês diminuiu menos no pri-                                                                                                                                    contre preparado para acompanhar
meiro trimestre de 2009 do que                                                                                                                                   o movimento de recuperação da
diminuíra nos últimos três meses                                                                                                                                 economia internacional, que irá
de 2008. Ente Janeiro e março,                                                                                                                                   começar nos Estados unidos e na
a redução foi de 1,6% quando,                                                                                                                                    Europa”.
no trimestre anterior, havia sido                                                                                                                                   teixeira dos Santos reafirmou
de 1,8%.                                                                                                                                                         a necessidade dos investimentos
   Contudo, o ministro das Fi-                                                                                                                                   públicos que estão a ser feitos
nanças insistiu na delicadeza da                                                                                                                                 para minimizar a crise, como a
situação, afirmando que “conti-                                                                                                                                  iniciativa para o investimento e o
nuamos a estar envolvidos numa          poderá evoluir no futuro”.             ternacional – e mesmo alguns a           agravamento das condições eco-           Emprego, e das “medidas de apoio
neblina de incerteza muito gran-          Segundo teixeira dos Santos,         nível interno – que dão uma ideia        nómicas”.                                à competitividade que têm sido
de em torno da forma como tudo          “tem havido sinais ao nível in-        de atenuação e desaceleração do            “temos de reconhecer que esses         tomadas”.




  PRiNCiPais asPECtos Do CóDiGo Dos REGiMEs CoNtRiButiVos Do sistEMa
                   PREViDENCial DE sEGuRaNça soCial
 A ASSEMBLEiA da república debateu no              dica, a determinação dos sujeitos e dos seus       O alargamento da base de incidência             o Código Contributivo no Programa
 passado dia 12 a proposta de lei do Governo       direitos e obrigações, do incumprimento até     contributiva a novas componentes da re-            do Governo:
 que aprova o Código dos regimes Contribu-         ao respectivo regime contra-ordenacional.       muneração dos trabalhadores por conta de
 tivos do Sistema Previdencial de Segurança           Procede-se ainda à sistematização, cla-      outrem (designadamente a sua componente               “Aprovar um novo Código das Contribui-
 Social.                                           rificação, à harmonização dos princípios        variável), introduz mais transparência na re-      ções, que sistematize e clarifique as regras
                                                   que determinam os direitos e as obrigações      lação laboral, garante uma aproximação das         actuais, mas que vá mais além, sendo
                                                   dos contribuintes, dos beneficiários do         remunerações registadas às remunerações            introduzidos:
 quais os objectivos do Código:                    sistema previdencial de segurança social,       reais auferidas e uma maior protecção social        O alargamento da base de incidência
                                                   à adequação dos normativos à factualidade       dos beneficiários no presente e no futuro.             contributiva a elementos distintos das
  Proceder à codificação e simplificação de       contemporânea e a uma forte simplificação          No caso dos trabalhadores independentes,            remunerações (designadamente a sua
   toda a relação jurídica contributiva do sis-    e modernização administrativas.                 criam-se mecanismos de aproximação das                 componente variável);
   tema previdencial de segurança social;                                                          remunerações convencionais de desconto às           A racionalização do sistema de taxas
  Garantir o emprego e a estabilidade da                                                          suas remunerações reais.                               existente, verificando periodicamente se
   relação jurídica de emprego e combater a        Garantir o emprego e a estabilidade                Complementarmente, racionaliza-se o                 se mantém as condições que motivaram
   precariedade                                    da relação jurídica de emprego e                sistema de taxas existentes e adequam-se à             a alteração das taxas para situações ou
  Garantir a protecção social dos beneficiá-      combater a precariedade                         protecção social que cobrem e às situações e           sectores específicos;
   rios e adequar os custos à protecção social        No estrito cumprimento do Acordo de re-      sectores específicos a que se aplicam.              Mecanismos de aproximação das remune-
   garantida;                                      forma das relações Laborais, das Políticas de      No caso dos trabalhadores independentes,            rações convencionais de desconto para a
  reforçar as medidas de combate à fraude         Emprego e da Protecção Social, procede-se       atento o âmbito material da protecção que              segurança social dos trabalhadores inde-
   e à evasão contributiva e prestacional.         à redução de 1 p.p. na taxa contributiva a      lhes é garantida e o actual custo das eventu-          pendentes das remunerações reais...;
                                                   cargo da entidade empregadora sobre todos       alidades garantidas, reduz-se a taxa em 2,4         Uma contribuição a modelar de acordo
                                                   os contratos sem termo e simultaneamente        p.p., para além dos 5 p.p. anteriormente               com a desagregação da taxa Contributi-
 Proceder à codificação e                          ao aumento de 3 p.p. a cargo da entidade        referidos, a cargo das empresas a quem                 va Global (tGC), a pagar por parte das
 simplificação de toda a relação                   empregadora sobre os contratos a termo.         prestam serviço.                                       empresas que recorram aos serviços de
 jurídica contributiva do sistema                     Na mesma linha de cumprimento deste                                                                 trabalhadores já reformados;
 previdencial de segurança social                  Acordo, comete-se às empresas utilizadoras      Reforçar as medidas de combate                      Mecanismos mais eficazes de gestão das
   Com este Código procede-se à regulação de       de serviços de trabalhadores abrangidos pelo    à fraude e à evasão contributiva                       contribuições e de combate à fraude re-
 toda a relação jurídica contributiva do sistema   regime dos trabalhadores independentes,         e prestacional                                         cuperação de dívidas, como a criação da
 previdencial de segurança social.                 uma parcela de 5 p.p. da taxa contributiva,        Com a revisão do regime contra-ordena-              figura do Gestor do Contribuinte e de um
   trata-se da primeira sistematização na          calculada sobre a presunção de rendimento       cional e com a actualização das coimas,                Sistema de Monitorização das dividas das
 história da segurança social dos actos            decorrente do regime a vigorar, que hoje é      reforçam-se as medidas de combate à fraude             empresas, com activação de instrumentos
 normativos que regulam toda a relação             totalmente suportada por aqueles trabalha-      e desincentiva-se a evasão contributiva e              de alerta e controlo a partir de um determi-
 jurídica contributiva entre os contribuintes e    dores.                                          prestacional.                                          nado prazo de interrupção do pagamento
 os beneficiários e o sistema previdencial de                                                         A actualização das coimas, que não ocorria          das contribuições”.
 segurança social.                                 Garantir a protecção social dos                 há cerca de 20 anos, é feita a níveis inferiores
   regulam-se todos os actos normativos            beneficiários e adequar os custos à             aos limites fiscais e aos estabelecidos no           A presente proposta cumpre integralmente
 desde o facto que determina a relação jurí-       protecção social garantida                      Código do trabalho.                                o proposto no programa do Governo.
17 DE JUNHO DE 2009                                                     pArlAmENtO
                                                   Chumbada moção de censura ao Governo

                                sócrates acusa direita
                            de irresponsabilidade política
a moção de censura ao Governo discutida e votada,
 no dia 17 de Junho, na assembleia da República,
  foi rejeitada com 120 votos contra. a iniciativa
    do CDs-PP foi descrita pelo primeiro-ministro
 como “inútil” e “inconsequente”, assentando em
  “pressupostos políticos falsos”, ao pretender, de
   forma abusiva, transformar as últimas eleições
              europeias em legislativas.


Na Sua primeira intervenção            Governo “é combater a crise”,
no debate da moção de censura          enquanto a oposição continua a
do CDS, Sócrates apontou a             estar motivada apenas para dizer
“total falsidade” do pressuposto       mal do Governo.
político no qual se fundamentou           “No fundo, o que a oposição
a iniciativa “popular”, criticando     propõe é que o Governo deixe de
fortemente que com ela se preten-      governar, deixe de ter iniciativa, e
desse retirar dos resultados eleito-   que a administração pública fique
rais para o Parlamento Europeu         paralisada”, frisou, garantindo
conclusões sobre a legitimidade        que nunca aceitará subordinar a
do Executivo nacional.                 sua responsabilidade a qualquer
   “É, pura e simplesmente, des-       interesse táctico ou circunstancial
respeitar a democracia”, criticou,     de última hora.
para de seguida deixar expresso,          “interpreto os sinais de insa-
“com todas as letras”, que se trata    tisfação [das últimas eleições         social, cuja doutrina é o recuo das   no” no actual contexto significa       no assumir as responsabilidades
de “um abuso e de uma precipi-         europeias] sobretudo como um           funções sociais do Estado e a pri-    “manobrismo infantil” e revela         que o eleitorado nos entender
tação transformar europeias em         apelo a fazermos mais e melhor         vatização da Segurança Social”.       “falta de sentido de Estado e          confiar”.
legislativas”.                         – é esse o nosso compromisso”,                                               irresponsabilidade”.                     Por sua vez, o ministro dos Ne-
   “E é um abuso que raia a ar-        garantiu José Sócrates, que asse-      usurpação da vontade                     Já na sua intervenção, alberto      gócios Estrangeiros, luís amado,
rogância quando se pretende            gurou também ter compreendido          popular                               martins lembrou que “a falência        ao intervir em nome do Gover-
assumir, em nome do eleitorado,        “com humildade democrática” os                                               do modelo neo-liberal foi, no          no no encerramento do debate,
uma legitimidade que o eleitorado      “sinais de insatisfação e dúvida”         Por sua vez, o presidente do       plano eleitoral, paga pela esquerda    deixou claro que a oposição que
manifestamente não conferiu”,          transmitidos pelos portugueses         Grupo Parlamentar do PS acusou        socialista”.                           avançou com a moção, particu-
vincou depois o primeiro-mi-           no último acto eleitoral.              o CDS-PP de “usurpação política          “O PS compreende a necessi-         larmente aquela que assume a
nistro, referindo-se também aos           No entanto, para Sócrates, es-      da vontade popular” por querer,       dade de responder, do ponto de         pretensão de formar Governo,
sinais que o eleitorado lhe deu nas    tes tempos “exigem exactamente         com a moção de censura, “prolon-      vista político, intelectual e moral,   devia saber que para censurar um
últimas eleições europeias.            o contrário da resignação e da         gar artificialmente” os resultados    à maior crise em talvez oitenta        executivo é preciso, também e
   “uma coisa é compreender            desistência”.                          das europeias.                        anos”, referiu, garantindo de se-      sobretudo, apresentar propostas
os sinais dos eleitores – e eu            “Exigem vontade e determi-             “É uma irresponsabilidade          guida que “os valores socialistas      e alternativas para o país.
estou bem atento a esses sinais.       nação”, declarou convicto, acres-      política. um prolongamento ar-        são uma ideia de esperança para          “a três meses das eleições le-
Outra coisa, bem diferente, é          centando que “bem dispensaria          tificial dos resultados eleitorais,   Portugal”.                             gislativas, a oposição foi incapaz
instrumentalizar os resultados,        observar a criação artificial de in-   a três meses das eleições, e uma         Por outro lado, alberto martins     de projectar no país a afirmação
pretendendo confundir eleições         cidentes parlamentares, que visam      usurpação ilegítima da vontade        sublinhou o facto de estar em cau-     de uma alternativa programática
europeias e eleições legislativas”,    apenas disputar protagonismos na       popular do eleitorado quando          sa a governabilidade do país nas       e ideológica face ao Governo”,
clarificou Sócrates, para quem a       liderança da direita”.                 censura electivamente”, afirmou       próximas eleições legislativas.        criticou, considerando que a ini-
iniciativa do partido liderado por        E apontou que a censura deverá      alberto martins, no seu pedido           mas, afirmou: “O PS está prepa-     ciativa dos “populares” revelou a
Paulo Portas é “politicamente sem      dirigir-se “àqueles que à direita      de esclarecimento, ocasião em         rado para garantir a governabili-      “eterna adolescência” da direita
sentido”, uma vez que é “inútil e      escondem mal o seu programa            que vincou também que tentar          dade à esquerda, pois sabemos que      parlamentar, tratando-se de um
inconsequente”.                        de enfraquecimento do Estado           “provocar um derrube do Gover-        o valor da governabilidade está        acto “imaturo”. M.R.
   “todos sabem que a legislatura
está no seu termo e que muito em
breve os eleitores serão chamados
a pronunciar-se, então sim, sobre
o futuro da governação”, lembrou,
frisando depois que a moção de
censura do CDS-PP “nem sequer
se destina a suprir uma eventual
ausência de debate político”.
   “Pelo contrário, estava justa-
mente marcado para hoje mais um
debate quinzenal, que teve de ser
adiado uma semana precisamente
por causa desta moção”, lamentou,
em tom crítico, considerando que
a moção “popular” apenas tem
o mérito de “recordar ao país a
política de truques e expedientes
em que o CDS se tornou espe-
cialista”.
   Na sua intervenção, Sócrates
reafirmou que a preocupação do
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo
Chumbada moção de censura ao Governo

Contenu connexe

En vedette

En vedette (20)

Africa
AfricaAfrica
Africa
 
Presentacion zamara comun itaria
Presentacion zamara comun itariaPresentacion zamara comun itaria
Presentacion zamara comun itaria
 
Trabajodecampismotemaonlinetics
TrabajodecampismotemaonlineticsTrabajodecampismotemaonlinetics
Trabajodecampismotemaonlinetics
 
Ex Formulas
Ex FormulasEx Formulas
Ex Formulas
 
Exposició CMC: VIH I MTS
Exposició CMC: VIH I MTSExposició CMC: VIH I MTS
Exposició CMC: VIH I MTS
 
Sandra morelos
Sandra morelosSandra morelos
Sandra morelos
 
Presentación1.ppt
 Presentación1.ppt  Presentación1.ppt
Presentación1.ppt
 
Paul Harris Lab ceremony 2011
Paul Harris Lab ceremony 2011Paul Harris Lab ceremony 2011
Paul Harris Lab ceremony 2011
 
El teléfono
El teléfonoEl teléfono
El teléfono
 
Ensayo 1
Ensayo 1Ensayo 1
Ensayo 1
 
O Despertar – 8240 – 19.09.2003
O Despertar – 8240 – 19.09.2003 O Despertar – 8240 – 19.09.2003
O Despertar – 8240 – 19.09.2003
 
Función de un lms
Función de un lmsFunción de un lms
Función de un lms
 
Profissional 2.0
Profissional 2.0Profissional 2.0
Profissional 2.0
 
Presentaciónsintítulo
PresentaciónsintítuloPresentaciónsintítulo
Presentaciónsintítulo
 
Evaluación de periodo
Evaluación de periodoEvaluación de periodo
Evaluación de periodo
 
O Despertar – 8453 – 4.10.2007
O Despertar – 8453 – 4.10.2007O Despertar – 8453 – 4.10.2007
O Despertar – 8453 – 4.10.2007
 
Portales
 Portales Portales
Portales
 
Inf 3er trim toxi
Inf 3er trim toxiInf 3er trim toxi
Inf 3er trim toxi
 
Seres Vivos Em Perigo
Seres Vivos Em PerigoSeres Vivos Em Perigo
Seres Vivos Em Perigo
 
Liderazgo
LiderazgoLiderazgo
Liderazgo
 

Similaire à Chumbada moção de censura ao Governo

H. Raposo: Governação criminosa...
H. Raposo: Governação criminosa... H. Raposo: Governação criminosa...
H. Raposo: Governação criminosa... pr_afsalbergaria
 
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...FernandoCardoso75
 
Votar para quê e para quem parlamento europeu
Votar para quê e para quem   parlamento europeuVotar para quê e para quem   parlamento europeu
Votar para quê e para quem parlamento europeuGRAZIA TANTA
 
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20Jornal Cidade - Ano I - Nº 20
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20Jornal Cidade
 

Similaire à Chumbada moção de censura ao Governo (8)

H. Raposo: Governação criminosa...
H. Raposo: Governação criminosa... H. Raposo: Governação criminosa...
H. Raposo: Governação criminosa...
 
Diz Jornal - Edição 250
Diz Jornal - Edição 250Diz Jornal - Edição 250
Diz Jornal - Edição 250
 
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...
TCC - Do mensalão ao orçamento secreto: a compra de votos no parlamento como ...
 
Votar para quê e para quem parlamento europeu
Votar para quê e para quem   parlamento europeuVotar para quê e para quem   parlamento europeu
Votar para quê e para quem parlamento europeu
 
Jornal digital 07 06-18
Jornal digital 07 06-18Jornal digital 07 06-18
Jornal digital 07 06-18
 
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20Jornal Cidade - Ano I - Nº 20
Jornal Cidade - Ano I - Nº 20
 
Direito em ação
Direito em açãoDireito em ação
Direito em ação
 
Diz Jornal - Edição 201
Diz Jornal - Edição 201Diz Jornal - Edição 201
Diz Jornal - Edição 201
 

Plus de MANCHETE

O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920MANCHETE
 
Costa ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoCosta ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoMANCHETE
 
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosCosta vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosMANCHETE
 
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009O Centro - n.º 70 – 26.06.2009
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009MANCHETE
 
The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938MANCHETE
 
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009MANCHETE
 
Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001MANCHETE
 
Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997MANCHETE
 
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009MANCHETE
 
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006MANCHETE
 
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006MANCHETE
 
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008MANCHETE
 
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008MANCHETE
 
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008MANCHETE
 
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005MANCHETE
 
Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008MANCHETE
 

Plus de MANCHETE (20)

O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
 
Costa ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoCosta ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. Bento
 
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosCosta vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
 
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
 
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
 
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009O Centro - n.º 70 – 26.06.2009
O Centro - n.º 70 – 26.06.2009
 
The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938
 
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
 
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
 
Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001
 
Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997
 
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
 
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
 
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
 
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
 
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
 
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
 
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
 
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
 
Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008
 

Chumbada moção de censura ao Governo

  • 1. N.º 1330 17 Junho 2009 Director Jorge Seguro Sanches Director-adjunto Silvino Gomes da Silva www.accaosocialista.net accaosocialista@ps.pt Parlamento Europeias 2009 Chumbada moção de censura ao Governo REsultaDos PSD 31,71% 8 Ps 26,58% autáRquiCas 2009 Entrevista a Carlos Lopes, BE 10,73% candidato à Câmara CDU 10,66% “Vai valer a pena CDS-PP 8,37% viver em Figueiró dos Brancos 4,63% Vinhos” Nulos 2,00% Abstenção 63,22% 15 PS elege 7 eurodeputados Colaboram nesta edição: luís Pita ameixa, ana Couto e Pedro Farmhouse, Paula Nobre de Deus, João sequeira, agostinho Gonçalves, luís Miguel Ferreira, arnaldo Frade, Carlos Zorrinho
  • 2. 2 17 DE JUNHO DE 2009 ActUAliDADE OpiNiãO AUtárqUiCAS 2009 uM PRiViléGio sócrates considera abuso EsPECial transformar eleições europeias OS CANDiDAtOS aos órgãos das au- tarquias locais, seja à Assembleia Mu- nicipal ou à Câmara Municipal, seja à em legislativas Assembleia de Freguesia, gozam de um lUís pitA AmEixA privilégio especial, quando cobertos por É um “um abuso” que os partidos Deputado do ps essa sua condição de candidatos. queiram “transformar as eleições euro- trata-se da imunidade penal que a lei peias em legislativas” ao considerarem eleitoral lhes confere. que o Governo perdeu legitimidade na Esta imunidade consiste numa defesa sequência dos resultados do sufrágio de especial que cobre todo e qualquer can- 7 de Junho, afirmou o primeiro-minis- didato, em qualquer lista, em qualquer tro, José Sócrates, à margem da sessão Este privilégio posição, efectivo ou suplente. solene das cerimónias do Dia de Por- [a imunidade] Este privilégio opera a partir do mo- tugal, de Camões e das Comunidades opera a partir mento em que a candidatura se torna Portuguesas, em Santarém. efectiva, a partir do momento em que se Sócrates reiterou que “a legitimidade do momento adquire a qualidade de candidato. de um Governo é adquirida no momen- em que a Será, portanto, após a aceitação de- to das eleições e a legislatura terminará candidatura se finitiva da candidatura, esgotadas que na altura das eleições legislativas”. torna efectiva, estejam todas as possibilidades de im- “Eu acho isso muito contrário àquilo a partir do pugnação e de rejeição do candidato. que são as normas constitucionais e de- Desde logo, este regime de imuni- mocráticas. Nunca nenhuma oposição momento em dade põe os candidatos a coberto da reclamou depois de eleições autárqui- que se adquire prisão. cas ou europeias que o Governo perde a qualidade de Uma pessoa, a partir do momento em legitimidade. Eu não aceito isso”, disse, candidato que é candidato, não pode ser presa, adiantando que o país “precisa de um em princípio. Governo actuante”. Há no entanto uma excepção. Se o E sustentou que “aqueles que querem acto praticado puder ser classificado transformar as europeias em legislativas como um crime de especial gravidade. enganam-se”, já que, frisou, “nestas São três as condições que se têm de eleições não perguntaram aos portu- reunir para que se considere que há gueses acerca do Governo e do futuro, uma grande gravidade e para que, em essa pergunta será feita nas próximas consequência, aquela regra de imuni- eleições legislativas. É um pouco cedo, dade possa ser precludida. é um abuso que os partidos queiram É necessário que a prisão se dê logo transformar as eleições europeias em em flagrante delito (não em lugar e legislativas. Essa pergunta virá e nessa tempo diferentes daqueles em que o altura ver-se-á o que é que os portu- acto tenha sido praticado), é necessário gueses querem”. que se trate de um acto doloso (com Sócrates considerou ainda que, para propósito e não apenas por negligên- enfrentar a crise mundial, o Governo cia), e é necessário que o crime, que é “tem de ter todos os poderes” para res- apontado à pessoa do candidato, seja ponder aos problemas do país. tomar as decisões no sentido de cum- verno perdeu legimitidade, devido aos sancionável com pena de prisão e que “Era o que faltava que o Governo prir o seu programa”, realçou. resultados alcançados nas europeias. “O esta possa ser, no seu limite máximo, agora ficasse diminuído. Não. Esta Na ocasião, Sócrates rejeitou liminar- Presidente da República não é o porta- previsto na lei, superior a três anos de legislatura termina na altura das legis- mente que o Presidente da República, voz da oposição, bem pelo contrário, cadeia (o que só existe para condutas lativas e até lá o governo mantém toda Cavaco Silva, tenha defendido, no seu e ainda por cima no dia 10 de Junho”, muito censuráveis e de gravidade a capacidade, toda a legitimidade para discurso nas comemorações, que o Go- disse o primeiro-ministro. acentuada). Se estas condições todas não estive- rem reunidas, então o candidato – seja o que for que tenha feito – não pode ser sujeito a prisão preventiva. tem a sua utentes satisfeitos com unidades de saúde Familiar liberdade garantida pela lei eleitoral. É claro que, havendo a notícia de um crime, as autoridades competentes abrirão o respectivo processo contra o candidato, seja esse crime de gravidade OitENta e sete por cento dos grande ou pequena. utentes recomendaria a sua unidades Pode também suceder que já venha de Saúde Familiar a um amigo ou a decorrer, anteriormente ao processo familiar, revela um estudo elaborado eleitoral, um processo penal contra a pelo Centro de Estudos e investiga- pessoa do, agora, candidato. ção em Saúde da universidade de Nestes casos a imunidade funciona Coimbra. também para impedir que essa pessoa O estudo sobre “monitorização da seja julgada durante o período eleito- Satisfação dos utilizadores das uni- ral, enquanto estiver na condição de dades de Saúde Familiar”, apresenta- candidato. do pela ministra da Saúde, ana Jorge, O processo fica suspenso e só pode mostra que 44,5% dos inquiridos prosseguir, para a fase de julgamento, estão bastante satisfeitos, 39% estão depois da proclamação do resultado muito satisfeitos, 13,4 % satisfeitos e das eleições. Mesmo que se trate de apenas 3,1% estão nada satisfeitos. um crime grave. Na cerimónia de apresentação do Estas normas têm razão de ser para documento, ana Jorge salientou a garantir a liberdade dos candidatos, importância da satisfação dos utentes para os pôr a coberto de processos mal com as unidade de Saúde Familiar, intencionados que visem obter efeitos considerando que estes dados são pretende que seja o centro do Serviço tar na humanização dos serviços”, políticos usando os tribunais, e para dar também a prova de que “o Serviço Nacional de Saúde”. disse, realçando a necessidade de garantias de dignidade à campanha e Público de Saúde segue no sentido “Sentimos que valeu a pena inovar, reflectir sobre os resultados “para que à eleição. certo, no sentido da pessoa, que se agilizar, reduzir a burocracia e apos- os próximos sejam melhores”.
  • 3. pArlAmENtO 17 DE JUNHO DE 2009 Consenso na criação OpiNiãO NoVas CatEGoRias, NoVos DEsaFios PaRa ElEitos de 5 cidades e 22 vilas E ElEitoREs POrtUGAL vai ter novas cidades e novas vilas, após pu- blicação, em “Diário da república”, de um pacote autár- a aSSEmblEia da República Nos distritos de lisboa e do na votação final global. quico, que foi aprovado pela Assembleia da república. aprovou, por unanimidade, no Porto, verificaram-se oito eleva- De fora, ficaram, por agora, as todos os projectos-leis, independentemente do mérito e dia 12, um conjunto de iniciativas, ções: Prior Velho, no município propostas de criação, modificação das forças políticas que os subscreveram, foram aprova- que permitiram a criação de cinco de loures, Casal de Cambra e ou fixação de limites de autarquias ANA cOUtO dos por unanimidade, no quadro de um amplo consenso novas cidades e a elevação de 22 montelavar, ambas no município locais – municípios e freguesias. pEDrO FArmHOUsE construído na diversidade de propostas e na pluralidade Deputados à Assembleia povoações à categoria de vila. de Sintra; ancede, no município Recorde-se que o regime de da república, membros da de iniciativas, apreciadas na Subcomissão para a Criação borba, no distrito de Évora; do baião, Guifões, no município designação e determinação da ca- subcomissão para a criação de Novos Municípios, Freguesias, Vilas e Cidades. de Novos municípios, Senhora da Hora, no município de matosinhos, Vilarinho, no mu- tegoria das povoações foi definido Freguesias, Vilas e cidades O nosso voto favorável assenta, também, na profunda de matosinhos, distrito do Porto; nicípio de Santo tirso, Senhora da pela lei n.º 11/82, de 2 de Junho, convicção de que as propostas traduzem legítimas aspi- Samora Correia, município de aparecida, no município de lou- que determina que, salvo “impor- rações das populações em causa. benavente, distrito de Santarém; sada e madalena, no município de tantes razões de natureza histórica, É neste quadro Em democracia, cabe aos poderes públicos, e desig- Valença, no distrito de Viana do Vila Nova de Gaia. No distrito de cultural e arquitectónica”, uma vila de partilha nadamente à Assembleia da república, uma atenção Castelo; e São Pedro do Sul, no Santarém, Olival, no município de só pode ser elevada à categoria de entre eleitos e continuada às expectativas e anseios das populações. distrito de Viseu, são as cinco Ourém, passou também a vila. cidade “quando conte com um nú- É, por isso, de realçar, a convergência das bancadas novas cidades, que resultam da Já em Viana do Castelo, foram mero de eleitores, em aglomerado eleitores, que parlamentares, na apreciação destas expectativas e no apresentação de 12 iniciativas le- elevadas a vila as povoações de populacional contínuo, superior a saudamos reconhecimento do trabalho dos autarcas envolvidos nos gislativas, quatro delas do Grupo Castro laboreiro, no município 8000» e «uma povoação só pode todos os processos de elevação. Parlamentar do PS. de melgaço; e Soajo, no mu- ser elevada à categoria de vila quan- autarcas e tratando-se de unidades básicas de agregação popula- Já as novas vilas, que surgem na nicípio de arcos de Valdevez; do conte com um número de elei- cada uma das cional, numa época ainda moldada pela dupla deslocação sequência da apresentação de 28 enquanto em Vila Real, foi a tores, em aglomerado populacional do interior para o litoral e do mundo rural para o urbano, projectos-lei, metade dos quais de povoação de lordelo que passou contínuo, superior a 3000». populações das é necessária clarividência no reconhecimento formal das iniciativa socialista, distribuem-se à categoria de vila. Constitui, ainda, requisito para novas cidades unidades populacionais, configuráveis por consciências geograficamente, por dez distri- a aprovação destas iniciativas a elevação, a existência de, pelo e vilas identitárias culturais e históricas, que permitam uma tos: aveiro, braga, Coimbra, Faro, legislativas surge na sequência menos, metade de um conjunto gestão administrativa do território, ao serviço da eficácia leiria, lisboa, Porto, Santarém, de um processo conduzido pela de equipamentos. No caso das governativa. Viana do Castelo e Vila Real. Subcomissão para a Criação de cidades, instalações hospitalares, Com efeito, e como a lei tão bem determina, no Parla- Em aveiro, foram elevadas à ca- Novos municípios, Freguesias, farmácias, corporação de bombei- mento mais não se fez do que reconhecer formalmente as tegoria de vila, Soza, no município Vilas e Cidades, que integra os ros, casa de espectáculos, museu e realidades e as dinâmicas de crescimento e de progresso, de Vagos, e Valongo do Vouga, no deputados do PS ana Couto e biblioteca, instalações hoteleiras, resultantes da resposta aos problemas vividos localmente, município de Águeda. Em braga, Pedro Farmhouse, a funcionar no estabelecimentos de ensino e in- por conjugação do esforço das populações e dos autarcas, município de Fafe, foi arões de âmbito da Comissão Parlamentar fantários, transportes públicos e a par da afirmação de identidades culturais, histórica e São Romão quem passou a vila. do Poder local, ambiente e Or- parques ou jardins. sociologicamente fecundas. Já em Coimbra, foram quatro denamento do território. Já para ser elevada a vila uma Saliente-se que o poder local tem sido um dos pilares as povoações elevadas, todas no Graças ao consenso que se lo- localidade tem de ter posto de fundamentais da construção do processo democrático, município da Figueira da Foz: São grou alcançar entre os represen- assistência médica, farmácia, co- que se iniciou com o momento histórico da revolução Pedro, marinha das Ondas, lavos tantes de todas as bancadas parla- lectividades, transportes públicos, de Abril e a aprovação da Lei Fundamental. e tavarede. Em Faro, no algarve, mentares, foi possível constituir estação dos correios, estabeleci- E esta democracia de proximidade, protagonizada pelos foi bensafrim, no município de um “pacote autárquico”, que fez mentos comerciais e de hotelaria, eleitos locais, ao longo de mais de três décadas, muito lagos, que passou a vila. subir a plenário, embora sem dis- estabelecimentos de ensino e tem contribuído para o desenvolvimento da democracia, O Parlamento aprovou também cussão na generalidade, todas as agência bancária. “latu sensu”. a elevação a vila das povoações de propostas de elevação que tinham Para conclusão do processo, fal- Os milhares de homens e mulheres que dão o seu Foz do arelho e Á-dos-Francos, sido apresentadas desde o início ta agora a promulgação pelo Presi- melhor nas autarquias têm desempenhado um papel ambas no município de Caldas da da legislatura, tendo as mesmas dente da República e a publicação fundamental na modernização e no desenvolvimento do Rainha, distrito de leiria. sido aprovadas por unanimidade em “Diário da República”. país, na promoção e na projecção dos agentes locais, no incremento da qualidade de vida das suas terras e das suas gentes. Mas se é certo que a decisão parlamentar de criar novas vilas e cidades tem uma parte de reconhecimento das dinâmicas actuais, ela não esgota um dos desafios que en- frentam a governabilidade e o poder autárquico, neste ciclo de grandes alterações à escala global, como é a necessidade de se encontrarem novos critérios de determinação das categorias e um modelo de organização administrativa, que se ajuste melhor, não só às novas realidades dos agregados populacionais, mas também à dimensão e características dos principais problemas que condicionam a qualidade de vida e o bem-estar das populações. É um imperativo nacional, que se coloca, com maior acuidade, nas áreas de crescimento metropolitano, e desafios como este confrontar-nos-ão, seguramente, num futuro muito próximo. Mas há outros desafios a vencer, pois se as elevações radicam num reconhecimento do passado e numa dinâ- mica de presente, elas encerram, também, uma dimensão de construção do futuro, cuja responsabilidade deve ser partilhada. É, pois, neste quadro de partilha entre eleitos e elei- tores, que saudamos todos os autarcas e cada uma das populações das novas cidades e vilas, porquanto são aquelas e estes os principais obreiros das categorias agora alcançadas. E sendo nós eleitos por Lisboa, salientamos as eleva- ções de Prior Velho, em Loures, e de Casal de Cambra e Montelavar, em Sintra, com o anseio de que o patamar de reconhecimento contribua para uma maior afirmação destas comunidades, mas também para um significativo aumento de participação cidadã na definição do seu futuro colectivo.
  • 4. 17 DE JUNHO DE 2009 EUrOpEiAs 2009 OpiNiãO PoRquE NaVEGaR é PRECiso, MEsMo Na toRMENta Fragmentação partidária NO rESCALDO das eleições para o Par- lamento Europeu é preciso continuar a põe em causa governabilidade navegar e acima de tudo manter o norte. É fundamental observar os ventos, repensar a rota e governar. pAUlA NObrE Os resultados das eleições europeias DE DEUs suscitam-nos algumas interrogações. Deputada do ps Numa primeira abordagem sobre o valor da democracia e a governação dos povos e numa leitura mais objectiva sobre a situação de Portugal. O direito a votar foi difícil de conquis- Estas eleições tar. Os regimes democráticos vivem da são uma participação de todos por isso considero oportunidade legítimo que nos interroguemos sobre o direito à abstenção: será que os absten- para o cionistas pensam que ao demitirem-se de Governo fazer escolhas estão a contribuir para um repensar mundo melhor? Na realidade não foram a rota, os 61,25% de abstenção, nas eleições abrir novas europeias de 2004, que contribuíram para uma Europa mais forte, tal como não serão perspectivas e os 63,22% de abstenção em 2009. manter o rumo quanto à governação na Europa, registo de Portugal com preocupação o reforço dos partidos de no sentido do direita, como é o caso do Partido Popular Europeu, e tudo aquilo que representam. desenvolvi­ Nos momentos de crise e de maior incer- mento social teza é normal emergir com mais força a e económico necessidade de segurança e ganharem mais adeptos os discursos justiceiros e radicais contra a imigração e tudo o que seja um factor de aparente instabilidade. Reconhecendo que o resultado das europeias foi pessoal desta derrota. Se alguém in- Mas curiosamente quem proclama a “decepcionante”, o secretário-geral do Ps, José sócrates, dividualmente é responsável por este segurança também defende o liberalismo, garantiu que o Governo irá manter o rumo e empenhar-se resultado, esse alguém obviamente a lei da sobrevivência do mais forte e do sou eu”, afirmou o constitucionalista paternalismo sobre o mais fraco. ainda mais no combate à crise. Por sua vez, Vital Moreira da universidade de Coimbra. Por isso, quem é a favor de uma nova alertou para o problema da “fragmentação” partidária que Reconhecendo que o PS perdeu ética económica e social, de uma regulação coloca em causa a governabilidade do país. as eleições, “claramente ganhas pelo dos mercados diferente da que conduziu à PSD”, Vital moreira apontou “três crise, deve ficar apreensivo com o reforço do aspectos não positivos” do escrutínio Partido Popular Europeu, onde se inscreve O PS aguardará com “serenidade o muitas vitórias e cá estou para as de 7 de Junho: a elevada taxa de abs- o PSD e o CDS. Assim, questiono-me se momento em que os portugueses se assumir”, declarou, recebendo uma tenção; a elevada votação da esquerda não temos sérios motivos para temer o pronunciarão sobre a governabili- prolongada salva de palmas. antieuropeísta, num momento em enfraquecimento do modelo social europeu. dade do país”, afirmou o primeiro- antes, considerou que o resultado que precisamos de mais Europa; e a Por outro lado, é no mínimo insólito acredi- ministro e secretário-geral do PS, obtido nas europeias torna mais “exi- redução dos resultados cumulativos tarmos que vão ser os partidos políticos que José Sócrates, depois de conhecidos gente” e “difícil” a tarefa das eleições do PS e do PSD”. são contra a construção europeia, concre- os resultados das recentes eleições legislativas, embora se mantenha Para Vital moreira, estes resulta- tamente o BE e o PCP que vão contribuir , europeias. convicto de que o ânimo dos socia- dos, mostram “o aumento da frag- para que a Europa tenha uma voz mais José Sócrates falava após assumir o listas será agora reforçado “para uma mentação partidária em Portugal”, o forte e afirmativa no mundo. revés eleitoral de 7 de Junho, ocasião preparação vitoriosa”. que, na sua opinião, faz “recear pela Em relação a Portugal vou continuar a em que admitiu que o sufrágio para Na declaração que fez à Comuni- governabilidade do país no futuro. escrever sobre as medidas do Governo com o Parlamento Europeu “tem sempre cação Social, José Sócrates começou No seu breve discurso, fez ainda a mesma tranquilidade porque acredito uma componente nacional”. por saudar todos os eurodeputados questão de sublinhar que “os eurode- que temos tido boas medidas e que o seu “mas o momento para avaliar o eleitos e a vitória do PSD. putados socialistas não vacilarão no impacto é positivo. Eu compreendo que Governo é dentro de alguns meses e “Quero assumir com frontalidade seu compromisso com a construção nem sempre seja fácil distanciarmo-nos da nessa altura cá estaremos”, reafirmou, a responsabilidade política por estes europeia e com a defensa dos interes- nossa situação particular para vermos o que numa ocasião em que fez questão de resultados do PS. Estas eleições fo- ses específicos na união Europeia”. mudou à nossa volta mas é um exercício lembrar que o Executivo tem pela ram disputadas em condições muito Já o secretário nacional do PS para que devíamos aproveitar para fazer. frente “a missão exigente de combater difíceis para o PS e não são bons para a Organização, Vieira da Silva, afir- Desde o início da governação Socialista a crise”. o partido, mas são resultados para o mou que o nosso partido foi “penali- que a nossa situação vinha a evoluir muito Quanto à hipótese levantada pelos Parlamento Europeu”. zado” nas eleições europeias, mas fez positivamente na generalidade das áreas jornalistas de remodelação governa- mas, garantiu, “estes resultados em questão de as separar das legislativas, e a crise internacional veio inflectir essa mental em face do resultado das eu- nada diminuem a determinação do sublinhando que o Governo não terá tendência. Mas isso não obsta que Portugal ropeias, o primeiro-ministro afastou PS para estar à altura das suas respon- de mudar de estratégia. tenha hoje mais e melhores respostas pú- esse cenário. sabilidades na governação do país”. “O PS já reconheceu que estes re- blicas em diferentes áreas desde a saúde, à “Não está no meu género adaptar José Sócrates deixou ainda uma sultados estão longe das expectativas educação, à protecção social e também ao a governação àquilo que são as facili- palavra de elogio ao cabeça-de-lista que tinha para as eleições europeias. nível da estabilidade das finanças públicas, dades ou dificuldades do momento. do PS nestas eleições europeias, Vital mas não creio, quando estamos a das energias e das novas tecnologias. Este Governo teve desde sempre uma moreira, “pela forma como assumiu falar de legislativas, que tenhamos A crise veio abalar a confiança das governação muito exigente nos últi- este projecto desde a primeira hora”. de proceder a uma alteração da nossa pessoas e há situações complicadas de mos quatro anos. O que vamos fazer Coube a Vital moreira a sempre estratégia política, porque correspon- resolver, mas isso exige estabilidade para é manter o rumo e empenharmo-nos difícil tarefa de assumir pessoalmente de ao que Portugal precisa face à crise que se continue a governar com rumo, não mais no combate à crise”, vincou. a derrota, alertando, no entanto, para que estamos a viver”, disse. é momento para experimentações. Assim, Depois, descrevendo o resultado o facto de os resultados das europeias O PS elegeu, com 26,6% dos votos estas eleições são uma oportunidade para das europeias como “decepcionante”, revelarem uma “fragmentação” parti- sufragados nas eleições de 7 de Junho, o Governo repensar a rota, abrir novas reconheceu que “sempre que o PS é dária que coloca em causa a governa- sete eurodeputados: Vital moreira, perspectivas e manter o rumo de Portugal derrotado o secretário-geral do PS bilidade do país. Edite Estrela, Capoulas Santos, Elisa no sentido do desenvolvimento social e também é derrotado”. “Como cabeça-de-lista do PS assu- Ferreira, Correia de Campos, luís Pau- económico. “mas já tive muitas derrotas e mo pessoalmente a responsabilidade lo alves e ana Gomes. M.R./J.C.C.B
  • 5. ActUAliDADE 17 DE JUNHO DE 2009 atletas olímpicos OpiNiãO quatRo aNos DE MuDaNça No DEsPoRto NaCioNal (2) com apoios formalizados NA ANáLiSE global da política do governo na área do desporto que fizemos em Abril, foram abordados os eixos fundamentais da acção governativa, procurando fazer um sucinto balanço sobre cada um. Assim, analisámos a adopção de um novo rumo para o des- porto nacional, a assunção da centralidade política do JOãO sEqUEirA desporto, as reformas introduzidas no ordenamento ju- membro da comissão Nacional do ps rídico desportivo, as diversas Medidas que corporizam a visão inclusiva, integrada e multi-factorial do novo modelo desenvolvimento e a estabilidade orçamental e sustentabilidade financeira do sistema desportivo. O presente escrito pretende tratar de forma mais aprofundada este último eixo. Como é sabido, em Nestes quatro 2005 a situação da Administração Pública Despor- anos as tiva era de ruptura financeira. Consequentemente, a federações viabilidade do financiamento ao sistema desportivo estava em perigo. Perante esta herança (e num desportivas contexto extremamente complexo) o Governo tinha receberam da de, rapidamente, implementar uma política de rigor Administração orçamental e alterar o modelo de financiamento. E Pública 160 foi o que fez! milhões de Para além das medidas de contenção da despesa na estrutura da Administração Pública Desportiva, euros, o que cumpre realçar a importância decisiva que a alte- representa de ração da fórmula de distribuição das receitas dos 2005 para Jogos Sociais, através do Decreto-Lei n.º 56/2006, 2009 um de 15 de Março de 2006, teve no financiamento do desporto. Assim, através da conjugação de medidas aumento de de rigor e transparência e de alterações no modelo, “EStE CONtRatO visa as- Simultaneamente, o contrato “a existência destes contratos 12%, nos adoptadas desde o início do mandato, foram criadas segurar um quadro estável de inclui o Projecto Esperanças plurianuais para um horizonte de montantes as bases para assegurar a estabilidade orçamental e financiamento, que permite aos Olímpicas, destinado a garantir as futuro é a chave para podermos anuais sustentabilidade financeira. O Estado, ao contrário do técnicos e aos atletas estabilidade condições de preparação desporti- alcançar melhores resultados”, su- recebidos que se tinha passado até então, passou a assegurar para preparar o seu trabalho. Este va aos praticantes com especial ta- blinhou Pedro Silva Pereira. com fiabilidade e pontualidade o pagamento dos é o modelo certo”, afirmou o mi- lento que apresentem expectativas Este contrato, acrescentou, montantes contratualizados, inaugurando um novo nistro da Presidência, Pedro Silva de virem a poder estar presentes “rompe com a tradição muito ciclo de relacionamento com o movimento associativo Pereira, na cerimónia de assinatura nos Jogos Olímpicos de 2016. portuguesa do improviso. Cele- baseado no respeito, na confiança e na credibilida- do Contrato-Programa de Prepara- Na cerimónia, o ministro da bramos esta etapa com a confiança de. Nestes quatro anos as federações desportivas ção Olímpica para londres 2012 e Presidência, que se encontrava de quem honrou os seus compro- receberam da Administração Pública 160 milhões Jogos Olímpicos de 2016. acompanhado pelo secretário de missos”. de euros, o que representa de 2005 para 2009 um O Contrato-Programa Plu- Estado da Juventude e do Despor- Durante a cerimónia, o ministro aumento de 12%, nos montantes anuais recebidos. rianual, no valor global de 14,6 to, laurentino Dias, salientou a da Presidência anunciou, ainda, Os compromissos assumidos com o Comité Olímpico milhões de euros, visa assegurar importância do contrato para o que o Governo decidiu proceder de Portugal (COP), relativos ao programa de prepa- a optimização das condições de Comité Olímpico de Portugal, a um aumento de 10% no valor ração dos Jogos de Pequim 2008, foram cumpridos preparação olímpica dos atletas para as federações desportivas, para das bolsas dos atletas e de 5% nas na íntegra, envolvendo um esforço orçamental de para o todo o ciclo olímpico. os atletas e para os treinadores. bolsas dos treinadores. cerca de 14 milhões de euros. Foram ainda tomadas decisões há muito recla- madas por todos os agentes desportivos e que têm implicações decisivas no desenvolvimento da activi- Mais 21 balcões únicos dade dos atletas, dos treinadores, dos árbitros/juízes, das federações e dos clubes. É o caso das decisões no distrito de leiria de isenção do irS para as bolsas atribuídas pelo Estado aos atletas e para as despesas de formação dos árbitros e juízes que fazem parte dos quadros O DiStRitO de leiria vai ter distritais e dos Despachos governamentais relativos mais 21 balcões únicos para os aos duodécimos das federações desportivas e à serviços Casa Pronta, Documento concessão de bolsas aos praticantes que atingiram Único automóvel, Heranças, e os objectivos do programa de preparação olímpica. Divórcio e Partilhas. O anúncio Para além deste conjunto integrado de decisões, o foi feito pelo ministro da Justiça, Governo assinou recentemente com o COP o contra- alberto Costa, na cerimónia que to-programa de preparação olímpica Londres 2012 e assinalou a entrada em funciona- esperanças olímpicas 2016. Este contrato prevê um mento no concelho da Nazaré do reforço global do investimento de 4,3% e de mais de serviço Casa Pronta. 10% nas bolsas dos atletas e treinadores. Perante Para alberto Costa, com este este quadro e tendo presente a execução da Medida posto de atendimento, “Nazaré 6 - Centros de Alto rendimento, um dos responsá- inscreve-se num roteiro de simpli- veis máximos do movimento associativo desportivo ficação da vida dos cidadãos, que é afirmou que “as condições de preparação são as um roteiro fundamental da nossa melhores de sempre no desporto em Portugal”. modernidade”, defendendo que a O caminho percorrido, ao longo deste mandato, população “tem o direito a ter perto não foi fácil, nem isento dos chamados “acidentes de si um serviço de grande impor- continuar a registar boas marcas hospitais e 3070 pessoas adquiri- de percurso”. Foram necessárias medidas duras tância para facilitar as suas vidas”. no domínio da simplificação e da ram casas ou fizeram transacções de execução de uma política de rigor orçamental, O ministro da Justiça salientou eliminação de formalidades que através do Casa Pronta. a adopção de uma cultura de exigência e respon- que, “em anos não muito distantes, tanto lesam os cidadãos”. Segundo o ministério da Justiça, sabilização na gestão dos “dinheiros públicos” e as exigências e os embaraços da O ministro da Justiça recordou já foram realizados mais de 32.700 um compromisso sem reservas com o programa do burocracia” constituíam uma “uma que, nesta legislatura, no distrito procedimentos através do Casa governo. Só assim foi possível recuperar a saúde enorme complicação”. de leiria, foram constituídas 3340 Pronta, sendo que, este ano, até financeira e a credibilidade da Administração Pública Segundo alberto Costa, com empresas na hora, obtidos 123.123 29 de maio, efectuaram-se mais Desportiva, conseguindo, ao mesmo tempo, quatro este balcão o distrito de leiria documentos único automóvel, procedimentos, 18.038, que na to- anos de crescimento sustentado do investimento no “fica melhor apetrechado para 3750 crianças foram registadas nos talidade do ano passado, 13.873. sistema desportivo.
  • 6. 17 DE JUNHO DE 2009 ActUAliDADE OpiNiãO Nova legislação em matéria ambiental O CONSElHO de ministros O Governo decidiu também AgOstiNHO de 5 de maio, Dia mundial do criar o mercado Organizado de gONçAlVEs ambiente, foi dedicado a assuntos Resíduos, destinado a promover Deputado do ps ambientais, tendo sido aprova- as trocas comerciais de resíduos, dos diplomas em três domínios: potenciando a sua valorização e águas, resíduos e conservação da reintrodução no circuito econó- uM Passo natureza. assim, foi criado o Fundo de mico, diminuindo a procura de matérias-primas primárias e pro- EM FRENtE Protecção dos Recursos Hídricos destinado a financiar projectos e movendo simbioses industriais. Foi criado o Fundo para a Con- NA PASSADA sexta-feira 09/05/29 investimentos necessários ao me- servação da Natureza e da biodi- a Assembleia da república votou lhor uso da água. versidade para financiar projectos finalmente a Lei de Defesa Nacio- O Governo aprovou ainda o e investimentos necessários para nal, a Lei Orgânica de Bases de regime jurídico dos serviços mu- a gestão e conservação da nature- Organização das Forças Armadas, nicipais e intermunicipais de abas- za em Portugal, a promoção do conhecida pela LOBOFA e o regu- tecimento público de água, de reconhecimento do valor econó- lamento de Disciplina Militar. saneamento de águas residuais mico da biodiversidade através Estas propostas de lei foram apre- e de gestão de resíduos urbanos, de mecanismos de compensação sentadas pelo Governo à Assembleia reunindo todo o regime jurídico de certas formas de perda de bio- da república em Dezembro de num único diploma, o que permite serviços e ao relacionamento com residuais e de gestão de resíduos diversidade e o desenvolvimento 2008, e discutidas na generalidade a clarificação das regras aplicáveis, os utilizadores. urbanos, que, entre outros aspec- de instrumentos de mercados que em Janeiro do corrente ano. importa designadamente, pela sistema- Nesta reunião do Conselho de tos, vai permitir fixar tarifários por apoiam as políticas de conservação nesta fase lembrar as intervenções tização dos modelos de gestão ministros foi também alterado o períodos até três anos mitigando o de biodiversidade. dos diferentes partidos da oposi- e pela uniformização das regras regime dos serviços multimuni- grau de incerteza para as câmaras Foram também aprovados novos ção, em particular o PSD. Falaram aplicáveis às entidades gestoras no cipais de abastecimento público municipais que usam estes siste- requisitos quanto às emissões de dois deputados deste partido, com que respeita à gestão técnica dos de água, de saneamento de águas mas. CO2 dos veículos pesados. discursos opostos, enquanto um elogiou a postura dialogante do Governo e as condições criadas para aquando da discussão na especiali- Cascais e sintra também por aqui, se vê a desorganização, com novas estradas a falta de liderança O laNçamENtO do projecto Paulo Campos explicou, no dia de execução da variante à Estrada 8, que a criação deste troço é uma do PSD cada um a Nacional (EN) 249-4, ligando o nó “aspiração” que o Governo tinha falar para seu lado e da auto-estrada de Cascais (a5) e a “há muito tempo” e que visa o abrunheira (iC19), foi anunciado “combate à sinistralidade rodoviária para lado nenhum pelo secretário de Estado adjunto, e promover a coesão territorial e o das Obras Públicas e das Comu- desenvolvimento”. dade ser possível “ajustar” alguns, nicações, Paulo Campos. trata-se a futura via terá uma extensão poucos, pontos dos articulados, o de uma empreitada que surge no de nove quilómetros e implicará outro deputado, eleito pelo círculo seguimento de um conjunto de um investimento de 21 milhões da Madeira contrariou o caminho intervenções previstas pelo minis- de euros, surge como forma de Para o secretário de Estado, “é Com todas estas medidas, acres- apontado pelo discurso do seu tério das Obras Públicas para a rede “melhorar as acessibilidades de fundamental melhorar as condições centou, “modificaremos todos os companheiro de bancada. É assim viária da Grande lisboa, que visam duas das principais radiais da zona de circulação e por isso era necessá- movimentos na região de lisboa, que, também por aqui, se vê a de- o descongestionamento dos eixos da Grande lisboa, beneficiando rio criar, na área metropolitana de criando um conjunto de alternativas sorganização, a falta de liderança do mais sobrecarregados e consequente directamente os munícipes de lisboa, um conjunto de itinerários que são fundamentais para o desen- PSD cada um a falar para seu lado diminuição do tráfego. Cascais e Sintra”. alternativos”. volvimento dos municípios”. e para lado nenhum. Seguiu-se a discussão na espe- cialidade em Comissão de Defesa Nacional, onde foi preciso esperar muitas semanas pelas propostas Depósitos dos clientes do BPP estão protegidos do PSD, enquanto o PCP e BE e o CDS em devido tempo apresentaram O miNiStRO das Finanças de- O titular das Finanças acrescen- propostas de alteração ao articulado clarou que o Governo vai retirar os tou ainda que o Governo não vai dos diplomas em discussão. De activos de retorno absoluto ao banco pedir aos contribuintes “que se notar que as propostas do PCP e BE Privado Português (bPP) e entregá- substituam ao banco nas garantias na maior parte, de cunho ideológico, lo a outras instituições bancárias. dadas aos clientes”, no que respeita contrariavam, ou até, invertiam por teixeira dos Santos, que falava ao “produto de retorno absoluto”, completo o espírito e a letra das no final da reunião do Conselho de cobrindo as perdas dos investimen- propostas de lei. ministros, negou-se a revelar quais tos através de garantias de capital Mas, depois de discussão de as instituições financeiras envolvidas, do Estado. pontos de vista diferentes e acei- sublinhando que perante a actual Concordando que muitos clientes tação de algumas propostas e situação “a dimensão do bPP em si do bPP se possam sentir enganados rejeição de outras, fez-se a votação não lhe confere qualquer relevância pela maneira como o produto de na especialidade com o PSD res- sistémica significativa”, pelo que, na retorno absoluto foi comercializado, ponsavelmente, a votar com o PS, opinião do Executivo, nada “justi- uma vez que foram contratualizados bem como o CDS, tendo o PCP e o fica o envolvimento do Estado num como se se tratasse de depósitos a BE votado contra. processo de capitalização nos termos prazo e aplicações sem risco, teixeira Atendendo a que esta reforma propostos”. dos Santos anuncio que o Governo está no programa do Governo e nas Quanto aos depósitos dos clientes O qUE É UM PrODUtO DE rEtOrNO ABSOLUtO? vai avançar com uma solução como GOP 2005/2009, bem como nas do bPP (cerca de 200 milhões de o objectivo de “atenuar ou mini- resoluções do Conselho de Minis- euros), teixeira dos Santos voltou SãO produtos finan- a garantir pelo menos parte nos resultados mizar as perdas”, medida que passa tros 124/2005 e 39/2008, foi sem a garantir o que vem a dizer desde ceiros em que o Ban- o reembolso total dos criados pelo banco por substituir os títulos actuais por dúvida, um grande passo na mo- há semanas, que “estão garantidos e co Privado Português montantes investidos com base nos mon- títulos novos emitidos por uma dernização das Forças Armadas, e protegidos nos termos da lei”, pelo (BPP) se comprome- pelos clientes, e a tantes angariados instituição credível que não esteja de consequentemente mais um ganho menos, como sublinhou, “até ao teu junto dos clientes dar-lhes uma quota- junto dos clientes. algum modo ligada ou relacionada político do governo. limite de 100 mil euros por titular”. com o bPP. R.S.A.
  • 7. ActUAliDADE 17 DE JUNHO DE 2009 7 queda do PiB desacelera Ministro das Finanças salienta importância das medidas de combate à crise “tEm havido sinais de desace- sinais alimentam alguma esperança leração do aprofundamento da de estarmos porventura a chegar ao crise” e há que “registar esses fim deste tempo de degradação das sinais como um elemento de condições económicas e que mais esperança, que tornam mais pre- cedo ou mais tarde poderemos en- mente que a acção governativa trar em recuperação. mas mesmo seja muito focada na recuperação isto é duvidoso sobre os termos em da economia”, afirmou o ministro que essa recuperação vai processar- das Finanças, teixeira dos Santos, se”, acrescentou. no final do Conselho de minis- O ministro das Finanças dis- tros do dia 9, ao comentar os se ainda que, neste momento, mais recentes dados do instituto “ninguém consegue ter certezas” Nacional de Estatística (iNE) sobre o modo e quanto se poderá sobre a evolução da economia processar a inversão da economia portuguesa. mundial, salientando que o mais Segundo o iNE, o Pib por- importante é que “Portugal se en- tuguês diminuiu menos no pri- contre preparado para acompanhar meiro trimestre de 2009 do que o movimento de recuperação da diminuíra nos últimos três meses economia internacional, que irá de 2008. Ente Janeiro e março, começar nos Estados unidos e na a redução foi de 1,6% quando, Europa”. no trimestre anterior, havia sido teixeira dos Santos reafirmou de 1,8%. a necessidade dos investimentos Contudo, o ministro das Fi- públicos que estão a ser feitos nanças insistiu na delicadeza da para minimizar a crise, como a situação, afirmando que “conti- iniciativa para o investimento e o nuamos a estar envolvidos numa poderá evoluir no futuro”. ternacional – e mesmo alguns a agravamento das condições eco- Emprego, e das “medidas de apoio neblina de incerteza muito gran- Segundo teixeira dos Santos, nível interno – que dão uma ideia nómicas”. à competitividade que têm sido de em torno da forma como tudo “tem havido sinais ao nível in- de atenuação e desaceleração do “temos de reconhecer que esses tomadas”. PRiNCiPais asPECtos Do CóDiGo Dos REGiMEs CoNtRiButiVos Do sistEMa PREViDENCial DE sEGuRaNça soCial A ASSEMBLEiA da república debateu no dica, a determinação dos sujeitos e dos seus O alargamento da base de incidência o Código Contributivo no Programa passado dia 12 a proposta de lei do Governo direitos e obrigações, do incumprimento até contributiva a novas componentes da re- do Governo: que aprova o Código dos regimes Contribu- ao respectivo regime contra-ordenacional. muneração dos trabalhadores por conta de tivos do Sistema Previdencial de Segurança Procede-se ainda à sistematização, cla- outrem (designadamente a sua componente “Aprovar um novo Código das Contribui- Social. rificação, à harmonização dos princípios variável), introduz mais transparência na re- ções, que sistematize e clarifique as regras que determinam os direitos e as obrigações lação laboral, garante uma aproximação das actuais, mas que vá mais além, sendo dos contribuintes, dos beneficiários do remunerações registadas às remunerações introduzidos: quais os objectivos do Código: sistema previdencial de segurança social, reais auferidas e uma maior protecção social  O alargamento da base de incidência à adequação dos normativos à factualidade dos beneficiários no presente e no futuro. contributiva a elementos distintos das  Proceder à codificação e simplificação de contemporânea e a uma forte simplificação No caso dos trabalhadores independentes, remunerações (designadamente a sua toda a relação jurídica contributiva do sis- e modernização administrativas. criam-se mecanismos de aproximação das componente variável); tema previdencial de segurança social; remunerações convencionais de desconto às  A racionalização do sistema de taxas  Garantir o emprego e a estabilidade da suas remunerações reais. existente, verificando periodicamente se relação jurídica de emprego e combater a Garantir o emprego e a estabilidade Complementarmente, racionaliza-se o se mantém as condições que motivaram precariedade da relação jurídica de emprego e sistema de taxas existentes e adequam-se à a alteração das taxas para situações ou  Garantir a protecção social dos beneficiá- combater a precariedade protecção social que cobrem e às situações e sectores específicos; rios e adequar os custos à protecção social No estrito cumprimento do Acordo de re- sectores específicos a que se aplicam.  Mecanismos de aproximação das remune- garantida; forma das relações Laborais, das Políticas de No caso dos trabalhadores independentes, rações convencionais de desconto para a  reforçar as medidas de combate à fraude Emprego e da Protecção Social, procede-se atento o âmbito material da protecção que segurança social dos trabalhadores inde- e à evasão contributiva e prestacional. à redução de 1 p.p. na taxa contributiva a lhes é garantida e o actual custo das eventu- pendentes das remunerações reais...; cargo da entidade empregadora sobre todos alidades garantidas, reduz-se a taxa em 2,4  Uma contribuição a modelar de acordo os contratos sem termo e simultaneamente p.p., para além dos 5 p.p. anteriormente com a desagregação da taxa Contributi- Proceder à codificação e ao aumento de 3 p.p. a cargo da entidade referidos, a cargo das empresas a quem va Global (tGC), a pagar por parte das simplificação de toda a relação empregadora sobre os contratos a termo. prestam serviço. empresas que recorram aos serviços de jurídica contributiva do sistema Na mesma linha de cumprimento deste trabalhadores já reformados; previdencial de segurança social Acordo, comete-se às empresas utilizadoras Reforçar as medidas de combate  Mecanismos mais eficazes de gestão das Com este Código procede-se à regulação de de serviços de trabalhadores abrangidos pelo à fraude e à evasão contributiva contribuições e de combate à fraude re- toda a relação jurídica contributiva do sistema regime dos trabalhadores independentes, e prestacional cuperação de dívidas, como a criação da previdencial de segurança social. uma parcela de 5 p.p. da taxa contributiva, Com a revisão do regime contra-ordena- figura do Gestor do Contribuinte e de um trata-se da primeira sistematização na calculada sobre a presunção de rendimento cional e com a actualização das coimas, Sistema de Monitorização das dividas das história da segurança social dos actos decorrente do regime a vigorar, que hoje é reforçam-se as medidas de combate à fraude empresas, com activação de instrumentos normativos que regulam toda a relação totalmente suportada por aqueles trabalha- e desincentiva-se a evasão contributiva e de alerta e controlo a partir de um determi- jurídica contributiva entre os contribuintes e dores. prestacional. nado prazo de interrupção do pagamento os beneficiários e o sistema previdencial de A actualização das coimas, que não ocorria das contribuições”. segurança social. Garantir a protecção social dos há cerca de 20 anos, é feita a níveis inferiores regulam-se todos os actos normativos beneficiários e adequar os custos à aos limites fiscais e aos estabelecidos no A presente proposta cumpre integralmente desde o facto que determina a relação jurí- protecção social garantida Código do trabalho. o proposto no programa do Governo.
  • 8. 17 DE JUNHO DE 2009 pArlAmENtO Chumbada moção de censura ao Governo sócrates acusa direita de irresponsabilidade política a moção de censura ao Governo discutida e votada, no dia 17 de Junho, na assembleia da República, foi rejeitada com 120 votos contra. a iniciativa do CDs-PP foi descrita pelo primeiro-ministro como “inútil” e “inconsequente”, assentando em “pressupostos políticos falsos”, ao pretender, de forma abusiva, transformar as últimas eleições europeias em legislativas. Na Sua primeira intervenção Governo “é combater a crise”, no debate da moção de censura enquanto a oposição continua a do CDS, Sócrates apontou a estar motivada apenas para dizer “total falsidade” do pressuposto mal do Governo. político no qual se fundamentou “No fundo, o que a oposição a iniciativa “popular”, criticando propõe é que o Governo deixe de fortemente que com ela se preten- governar, deixe de ter iniciativa, e desse retirar dos resultados eleito- que a administração pública fique rais para o Parlamento Europeu paralisada”, frisou, garantindo conclusões sobre a legitimidade que nunca aceitará subordinar a do Executivo nacional. sua responsabilidade a qualquer “É, pura e simplesmente, des- interesse táctico ou circunstancial respeitar a democracia”, criticou, de última hora. para de seguida deixar expresso, “interpreto os sinais de insa- “com todas as letras”, que se trata tisfação [das últimas eleições social, cuja doutrina é o recuo das no” no actual contexto significa no assumir as responsabilidades de “um abuso e de uma precipi- europeias] sobretudo como um funções sociais do Estado e a pri- “manobrismo infantil” e revela que o eleitorado nos entender tação transformar europeias em apelo a fazermos mais e melhor vatização da Segurança Social”. “falta de sentido de Estado e confiar”. legislativas”. – é esse o nosso compromisso”, irresponsabilidade”. Por sua vez, o ministro dos Ne- “E é um abuso que raia a ar- garantiu José Sócrates, que asse- usurpação da vontade Já na sua intervenção, alberto gócios Estrangeiros, luís amado, rogância quando se pretende gurou também ter compreendido popular martins lembrou que “a falência ao intervir em nome do Gover- assumir, em nome do eleitorado, “com humildade democrática” os do modelo neo-liberal foi, no no no encerramento do debate, uma legitimidade que o eleitorado “sinais de insatisfação e dúvida” Por sua vez, o presidente do plano eleitoral, paga pela esquerda deixou claro que a oposição que manifestamente não conferiu”, transmitidos pelos portugueses Grupo Parlamentar do PS acusou socialista”. avançou com a moção, particu- vincou depois o primeiro-mi- no último acto eleitoral. o CDS-PP de “usurpação política “O PS compreende a necessi- larmente aquela que assume a nistro, referindo-se também aos No entanto, para Sócrates, es- da vontade popular” por querer, dade de responder, do ponto de pretensão de formar Governo, sinais que o eleitorado lhe deu nas tes tempos “exigem exactamente com a moção de censura, “prolon- vista político, intelectual e moral, devia saber que para censurar um últimas eleições europeias. o contrário da resignação e da gar artificialmente” os resultados à maior crise em talvez oitenta executivo é preciso, também e “uma coisa é compreender desistência”. das europeias. anos”, referiu, garantindo de se- sobretudo, apresentar propostas os sinais dos eleitores – e eu “Exigem vontade e determi- “É uma irresponsabilidade guida que “os valores socialistas e alternativas para o país. estou bem atento a esses sinais. nação”, declarou convicto, acres- política. um prolongamento ar- são uma ideia de esperança para “a três meses das eleições le- Outra coisa, bem diferente, é centando que “bem dispensaria tificial dos resultados eleitorais, Portugal”. gislativas, a oposição foi incapaz instrumentalizar os resultados, observar a criação artificial de in- a três meses das eleições, e uma Por outro lado, alberto martins de projectar no país a afirmação pretendendo confundir eleições cidentes parlamentares, que visam usurpação ilegítima da vontade sublinhou o facto de estar em cau- de uma alternativa programática europeias e eleições legislativas”, apenas disputar protagonismos na popular do eleitorado quando sa a governabilidade do país nas e ideológica face ao Governo”, clarificou Sócrates, para quem a liderança da direita”. censura electivamente”, afirmou próximas eleições legislativas. criticou, considerando que a ini- iniciativa do partido liderado por E apontou que a censura deverá alberto martins, no seu pedido mas, afirmou: “O PS está prepa- ciativa dos “populares” revelou a Paulo Portas é “politicamente sem dirigir-se “àqueles que à direita de esclarecimento, ocasião em rado para garantir a governabili- “eterna adolescência” da direita sentido”, uma vez que é “inútil e escondem mal o seu programa que vincou também que tentar dade à esquerda, pois sabemos que parlamentar, tratando-se de um inconsequente”. de enfraquecimento do Estado “provocar um derrube do Gover- o valor da governabilidade está acto “imaturo”. M.R. “todos sabem que a legislatura está no seu termo e que muito em breve os eleitores serão chamados a pronunciar-se, então sim, sobre o futuro da governação”, lembrou, frisando depois que a moção de censura do CDS-PP “nem sequer se destina a suprir uma eventual ausência de debate político”. “Pelo contrário, estava justa- mente marcado para hoje mais um debate quinzenal, que teve de ser adiado uma semana precisamente por causa desta moção”, lamentou, em tom crítico, considerando que a moção “popular” apenas tem o mérito de “recordar ao país a política de truques e expedientes em que o CDS se tornou espe- cialista”. Na sua intervenção, Sócrates reafirmou que a preocupação do