O documento discute o aumento da pobreza no município de Oliveira do Hospital, com o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção crescendo 10% em um ano. A pobreza atinge principalmente a sede do município e a freguesia de Seixo da Beira, onde uma família que vive em condições precárias recebe este benefício para sobreviver.
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Terça-feira, 30 de Setembro de 2008
QUINZENÁRIO
Ano 2 - Série II - N.º 64
Director: Henrique Barreto
Preço: € 0,50 (IVA incluído)
www.correiodabeiraserra.com
Município passa a integrar região “Turismo do Centro de Portugal” Voluntariado
Oliveira do Hospital
Trabalhar
por um sorriso
Numa altura em que cada um vive
cada vez mais “a olhar para o umbigo”,
‘abandona’ Serra da Estrela
o Correio da Beira Serra acompanhou
um grupo de voluntariado que diaria-
mente se encarrega de zelar por utentes
do hospital e do lar de idosos da Fun-
dação Aurélio Amaro Diniz. São mais
de 20 pessoas envolvidas num projecto
onde – conforme sublinham – “a gran-
de paga é um sorriso” Pág. 5
Na área do Agrupamento
Territorial da GNR da Lousã
O segundo concelho
com maior índice
Foi tudo decidido à pressa. O executivo ca- do Centro de Portugal”. como no seio da actual comissão política do
marário conseguiu autorização da Assembleia A decisão de retirar o concelho da Serra da PSD local. Os principais operadores turísticos de criminalidae
Municipal para que Oliveira do Hospital passe Estrela – já consumada –, tem suscitado muitas também discordam, mas mesmo assim a deci- Na área de intervenção do Agrupa-
a integrar a futura entidade regional “Turismo críticas não só entre os partidos da oposição são foi tomada. Págs. 8 e 9 mento Territorial da Lousã, Oliveira do
Hospital surge como o segundo con-
celho com maior índice de criminali-
Pobreza aumenta no concelho
dade. Nos últimos cinco anos, tem-se
registado uma média anual de 440 cri-
mes. Pág. 7
Eleições autárquicas
Simões Saraiva
prefere Mário Alves
a José Carlos Mendes
O presidente da Assembleia Municipal
e destacado militante social-democrata
veio a público afirmar que aceitará a de-
cisão que sair do PSD nacional ao nível
da escolha do candidato às eleições au-
tárquicas, mas não deixa de manifestar
a sua preferência por Mário Alves face a
José Carlos Mendes. “É um homem que
já tem o comboio a andar e a andar com
velocidade”, afirma António Simões
Saraiva em entrevista ao jornal Folha do
Centro. Pág. 12
Suplemento
C u lt u ra l
da OHsXXI
O número de pessoas que depen- rativamente ao período homólo- de Julho deste ano –, no concelho foi à procura de uma família que
de do Rendimento Social de In- go de 2007. de Oliveira do Hospital existem – nas mais rudimentares con- 10 ANOS
serção (RSI) para viver, teve um De acordo com os últimos dados 778 pessoas a receber aquele dições – sobrevive, na Sobreda, E Foi Há Tão Pouco Tempo
aumento de 10 por cento compa- do RSI – relativos ao final do mês apoio. O Correio da Beira Serra com o RSI. Págs. 2 e 3
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2. 2
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D E S TA Q U E www.correiodabeiraserra.com
Número de pessoas em situação de carência económica disparou 10 por cento
Aumenta a pobreza em Oliveira do Hospital
No espaço de um ano, o
número de pessoas que no
concelho de Oliveira do
Hospital depende do Ren-
dimento Social de Inserção
para sobreviver, aumentou
10 por cento.
Os maiores sinais de
pobreza estão na própria
sede do concelho e em
Seixo da Beira.
HENRIQUE BARRE T O
O
número de be-
neficiários do
Rendimento So-
cial de Inserção
(RSI), que veio
substituir o outrora designado
Rendimento Mínimo Garantido
– instituído no primeiro Gover-
no de António Guterres –, tem
vindo a aumentar no concelho
de Oliveira do Hospital.
De acordo com os últimos da-
dos estatísticos que o Correio da
Beira Serra solicitou ao Centro
Distrital de Segurança Social de
Coimbra, em Julho deste ano,
existiam 778 pessoas carencia-
das a quem o Estado atribui este
apoio, num total de 274 agrega-
dos familiares.
Comparativamente ao perío-
do homólogo de 2007, registou-
se um aumento de sensivelmen-
te 10 por cento no número de
pessoas e famílias em situação
de pobreza.
Este flagelo atinge principal-
mente duas freguesias: Olivei-
ra do Hospital – onde existem
144 pessoas correspondentes a
43 famílias a receberem o RSI
– e Seixo da Beira. Nesta últi- OĐ
RETRATO CONCELHIO DA DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO SOCIAL DE INSERÇÃO
3. 3
30 de Setembro de 2008
www.correiodabeiraserra.com D E S TA Q U E
RSI chega a 43 famílias na freguesia de Seixo da Beira EDITORIAL
Casal da Sobreda engrossa Entre o mar
e a serra…
lista de beneficiários Henrique Barreto
À
medida que aumentam os sinais de Contudo, confessa que precisa da ajuda da Segurança O Plano Estratégico Nacional de
pobreza, aumentam também os be- Social para poder realizar obras em casa e assim rea- Turismo (PENT) aprovado pelo
neficiários do Rendimento Social de tar a família. “Esperar” é a palavra de ordem de Maria Governo e com um horizonte
até 2015 é o documento que
Inserção (RSI). Só na freguesia de Adélia que também quer que a família ponha em seu
estabelece as principais linhas
Seixo da Beira há 117 pessoas nessas nome o sítio onde habita, porque caso contrário não orientadoras do desenvolvimento
condições. Tome-se o exemplo do casal Campos que, poderão ser realizadas as melhorias. do turismo em Portugal para os
nem com o RSI consegue fazer face às dificuldades e próximos anos.
está, por isso, afastado dos dois filhos mais velhos. “Quase que foram (os filhos) para a adopção” Este Plano considera que “é estra-
Maria Adélia e Rui Campos, residentes na Sobre- À mulher que não consegue esconder os sinais de fra- tégico desenvolver 6 novos pólos
da, são uma das 43 famílias que na totalidade da fre- gilidade física, tem valido o marido Rui, serralheiro turísticos: Douro, Serra da Estrela,
guesia de Seixo da Beira beneficiam do Rendimento de profissão na Sobreda. Mas – como contou – “ele
Oeste, Alqueva, Litoral Alenteja-
no e Porto Santo”.
Social de Inserção. teve um enfarte e tem estado de baixa médica”. Pe- Ao concelho de Oliveira do Hos-
Na casa onde habitam, na rua das Carvalhas, as sem embora as dificuldades, Maria Adélia garantiu pital, que tem todo um conjunto
necessidades saltam à vista, com a agravante de ape- ao CBS que a família nunca passou fome, sublinhan- de características e especificida-
nas um dos três filhos permanecer com o casal, já que do que para isso muito contribuiu o dinheiro que re- des peculiares, não lhe faltam
os outros dois foram encaminhados para colégios em cebe do RSI, sem saber revelar a quantia exacta que condições para se impor como um
Condeixa e Figueira da Foz por decisão do tribunal. lhe é atribuída. importante “produto” turístico à
A morar no espaço que em tempos era usado para Conformado com o dia-a-dia de que dispõe, o ca- boleia dessa grande marca que
é a Serra da Estrela. Nunca o
soubemos fazer nem temos qual-
quer perspectiva que nos possa
conduzir a alcançar esse objecti-
vo. Falta-nos engenho e arte. Na
Câmara Municipal de Oliveira do
Hospital, pura e simplesmente, o
pelouro do turismo não existe.
Manda a verdade dizer que a
Região de Turismo da Serra da Es-
trela – e tantas outras, incluindo a
do Centro –, também nunca teve
capacidade de vender aquele que
deveria ser um dos mais impor-
tantes destinos turísticos do país.
Como muitas outras entidades
de cariz público, as regiões de
turismo serviram muitas das
vezes para saciar o apetite voraz
das clientelas partidárias e – salvo
honrosas excepções – caíram
numa confrangedora inoperância.
Não sei se bem se mal – vamos
ver como é que é para depois
contar como é que foi – o Governo
decidiu mudar as regras do jogo
e reorganizar o sector. Oliveira
do Hospital aproveitou a dica e o
partido que detém o poder local
decidiu – de forma apressada
e atabalhoada, na Assembleia
ma freguesia, conhecida como Na freguesia de Seixo da Beira a pobreza atinge níveis preocupantes Municipal – pôr-nos no Centro.
aquela que apresenta os piores Não foi uma decisão racional
indicadores de desenvolvimen- nem muito menos uma decisão
to concelhio, em Julho de 2008 guardar a burra e a carroça dos pai de Maria Adélia, sal tem “atravessado no coração” o rosto dos filhos
pensada para servir os superiores
interesses do município. Foi – do
havia 117 beneficiários do RSI, o casal Campos dá sinais de uma vivência que não se que – como disse a esposa – “quase que foram para meu ponto de vista e do de muito
num total de 43 agregados fami- compadece com o mínimo exigível numa era que se adopção”. “Queriam-me levar os meus meninos”, boa gente – uma decisão com
liares. diz moderna, embora o cenário se vá repetindo um lamentou, garantindo que “nunca passaram fome e contornos político-partidários. É
Às portas da cidade, S. Paio pouco por todo o concelho. andaram sempre bem tratados”. “O que haveria de que na Serra da Estrela está Jorge
de Gramaços e Travanca de La- Aos 40 anos, Maria Adélia não sabe o que é tra- ser de mim e dos meus filhinhos”, sustentou Maria Patrão, do PS; e no Centro, encon-
gos com 50 beneficiários ins- balhar por conta de outrem, já que nunca esteve Adélia que não vê a hora de a Segurança Social lhe tra-se Pedro Machado, do PSD.
critos –, são as duas freguesias empregada e também não trabalha no campo porque mandar arranjar a casa para poder reunir de novo a Na Assembleia Municipal desta
sexta-feira o PS bem “esperneou”,
onde aparentemente existem – como confessou ao Correio da Beira Serra – “nuca família.
mas ficou bem claro que o maior
mais casos de pobreza. foi habituada a isso”. Contou que sempre “foi muito Na casa onde reside o casal Campos, faltam as partido da oposição não tinha a
Já na zona do Vale do Alva, a fraquinha” e tem tido vários problemas de saúde, re- condições mínimas de sobrevivência, como sejam lição estudada.
situação mais problemática en- cordando que em pequena “nem sequer desenvolvia” uma casa-de-banho, bem como um tecto e paredes Ao PSD – seguro na sua confortá-
contra-se na freguesia de Aldeia e até chegou a estar internada no hospital. Na escola, que impeçam a entrada da chuva e do vento. A hu- vel maioria de braços quase que
das Dez, onde cerca de nove por o percurso também não foi famoso, porque confessa midade é visível por todo o lado e a única torneira “programados” para se levanta-
cento da população residente não saber ler, porque nem concluiu a primeira clas- da casa encontra-se logo à entrada do portão. Na rem automaticamente - bastou-lhe
– 55 pessoas – depende do RSI se. casa – onde não faltam o frigorífico, nem a televisão
invocar a legislação produzida
pelo Governo como factor obri-
para sobreviver. Conhecida na Sobreda como a filha do senhor Bar- – existe apenas um quarto dividido por um cortinado gatório para a mudança. Não é
A freguesia do concelho com reiras, Maria Adélia foi criada no Moinho do Buraco, que separa a cama do casal, do beliche onde dorme assim: Oliveira do Hospital pode-
menores problemas de pessoas onde a mãe ganhava sustento para a família – sete o único filho, de seis anos, que têm à sua guarda. A ria – e devia – ter ficado no Pólo
dependentes deste rendimen- filhos no total – como moleira. Agora penalizada pelo filha de 14 anos frequenta um colégio na Figueira da de Desenvolvimento Turístico da
to social de inserção é Meruge, afastamento do que o convívio popular tem de me- Foz e o filho de 10, frequenta um outro em Condeixa. Serra da Estrela, que como atrás
com apenas três beneficiários e lhor – a socialização – Maria Adélia tem intenção de “Ainda no domingo o lá fomos ver de táxi e ele queria escrevi é considerado como um
dois agregados familiares a re- dar novo rumo à vida, porque quer reaver os filhos vir embora connosco”, disse desgostosa. dos 6 novos pólos estratégicos
para a promoção do turismo em
ceberem o RSI. com quem se encontra apenas nas férias escolares. Liliana Lopes
Portugal.
4. 4
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OPINIÃO www.correiodabeiraserra.com
Os (In)dependentes.
desde que se demonstre quem está do lado de defesa de ideias, no desbravar de problemas, que
quem, de forma a mostrar à população, o que está mostrem que não é o poder que está em causa,
ao lado do quê. Parece-me que é precisamente mas a forma de o gerir.
isto, que começa a mostrar ser chegada a hora Embora tudo dependa de quem tenha o com-
de romper com a confusão tomada de início, que promisso de reservar a si a ribalta de desencade-
“Quem pode, resiste. Quem não pode, esconde-se.” a qualquer lista de independentes que se possa ar o processo das candidaturas independentes.
A
antever, lhe basta, ser opostos unidos em torno Quer-me parecer que entre nós, há quem já tenha
s listas independentes, darão por- do abstracto, isto é, das meras e circunstanciais percebido que é preciso encontrar uma saída hon-
ventura uma tonalidade nova às palavras de ordem, anti alguém. rosa para o dilema – em que ele próprio se deixou
próximas eleições autárquicas, Sob pena, de não se verificar uma integração enredar – de que Mário Alves, parece ser aquele
alimentada pelas inúmeras lei- funcional no eleitorado, dos chamados “indepen- tipo de político, que ganha sempre, mesmo sem
turas que colocarão os eleitores dentes”, logo numa fase de bastidores. Há aspec- cartas para ir a jogo. António Lopes, que ainda só
na posição de árbitro. Não que o crescimento do tos determinantes que caucionam todas e quais- disse publicamente que se aquele for a votos, ele
eleitorado que se declara independente, seja hoje quer candidaturas de cariz independente, sejam irá também. Parece, para o bem e para o mal, estar
uma efectiva realidade entre nós, mas porque elas de adesão partidária, movimentista, militan- já muito para além daqueles a quem indica o ca-
numa vertente de pragmatismo político, alguns
dos pré-candidatos a candidatos autárquicos, têm
Lusitana te, ou de cidadania activa. Se não há um mago
como candidato, não se deve desmerecer quem
minho. Nos dias que correm, não só salvaguarda
(e bem!) o seu partido, como fala em participação
aflorado esse ciclo alternativo, como possibilida- Fonseca tem dito o quê nesta questão. Pelo facto de a via pessoal numa alternativa política aglutinadora,
de para dinamizar a sua expressão sócio política dos chamados “independentes”, poder mostrar-se inteiramente dependente, da constituição de uma
no tecido cívico do concelho. (…) Quer-me parecer uma mera solução de justaposição de falhas, um formação de combate cívico, em torno de um pro-
Esta estratégia conceptual, como opção de par- simples acrescento que em nada altera a lógica jecto político, que se permita a reunir uma quan-
ticipação política assente em listas designadas que entre nós, há que muitos tomam como certa – mas erradamente tidade sempre maior de aderentes. Todas as suas
como “independentes”, pode efectivamente cati- quem já tenha per- – de que concorrer contra Mário Alves, permiti- ultimas opiniões, expressas na edição online des-
var para a sua causa, eleitores habitualmente vo- rá por si só, mobilizar largos sectores da opinião te jornal, denotam que está empenhado a fundo
tantes nos partidos políticos, nomeadamente no cebido que é preciso pública. numa coligação de vontades com independentes,
partido charneira da governação local: o PSD. É encontrar uma saída Se a capacidade de intervir socialmente, está antes das discussões partidárias das autárquicas,
sobre este partido, que recai o facto de estarmos a entre nós disseminada como nunca esteve. Então. de modo a evitar que se perca uma oportunidade
braços com uma eleição de contestação, se o can- honrosa para o dilema Mesmo que acreditemos muitíssimo na força dos de intervenção da sociedade civil, de trazer à pra-
didato social-democrata for Mário Alves, como – em que ele próprio instintos, o convencimento que existe efectivo ça pública vozes que não se revêem nos partidos.
muitos cidadãos alvitram. A vontade pessoal do movimento social a sustentar a fermentação de Temo que se isto não for levado a sério, por
próprio confirma. E o principio programático de se deixou enredar quaisquer candidaturas independentes – onde muita gente que hoje está sob a bandeira de um
quem é líder hoje no partido nacional, por fim as- – de que Mário Alves, não sejam tratados com deferência os anteceden- partido, se corra o risco de tornar as listas “in-
segura. tes, o envolvimento, o estímulo, o propósito – só dependentes”, numa acção de propaganda e vir
Esta tese e a prática, fazem desconfiar que há parece ser aquele pode, ter como factores de engajamento, um rol a ser mais uma sombra de intenções e em mais
um roteiro político escrito de fora do circulo de tipo de político, que incomensuravelmente grande de sentimentos de uma forma cinzenta de partidarismo. Em momen-
quem é hoje poder autárquico, e que a hora de afinidade colectiva, em ambiente de autodeter- to algum os independentes se podem permitir a
apresentação de candidaturas não é já a de con- ganha sempre, mesmo minação individual. Somente isto, pode mostrar, sombras em dia já nublado. A auto-reprodução de
sensos, mas sim do dissenso, onde os apoios po- sem cartas para ir a que as candidaturas independentes como realida- determinados aparelhos partidários, é dispensá-
líticos pré-partidários e pró-independentes, são de política, não serão tomadas como uma casua- vel. Se os cidadãos a agrupar não forem indepen-
aparentemente todos bem vindos e gemináveis, jogo(...) lidade, mas uma proposta de fundo, centrada na dentes e continuem comprometidos.
A(S) DIFERENÇA(S) ... gências pelo menos durante parte do dia ou da noite.
Ainda só não aplicaram tal decisão porque sentiram a
forte reacção “contra” tal possibilidade quer por parte
da População Oliveirense quer por várias entidades,
“Eles” falam, falam, falam, mas... houve (a 22 de Setembro, em Coimbra) uma reunião Autarquias incluídas. Ora, para o ano há três eleições
Os partidos maioritários no Concelho - PSD e PS - da “comissão de acompanhamento” autárquica do diferentes e o PS tem receio das consequências elei-
gostam de falar e de falar e de falar e até fazem “festas” nosso Município com o actual Presidente da Adminis- torais... Por isso, tem adiado a aplicação prática da
para isso mesmo. Porém, raras vezes descem ao con- tração Regional de Saúde do Centro para se discutir decisão enquanto “encana a perna à rã ” nestas con-
creto, à proposta detalhada e para cumprir quer pela o “ponto de situação” e as perspectivas para o Centro versatas institucionais.
Autarquia Municipal quer pelo Governo. Nisso, o PS de Saúde de Oliveira do Hospital (e em especial para Quanto às “alternativas”, nós, PCP, continuamos
até é “campeão” das generalidades e das “boas inten- o SAP/Urgências). a afirmar que a única e verdadeira alternativa é a de
ções” embora, depois e especialmente no (des)governo, Pois, no essencial, a “conversa” do actual responsá- melhorar os serviços que temos no Centro de Saú-
logo delas se esqueça. Atenção que nos últimos 13 vel do Ministério da Saúde na nossa Região, foi exac- João Dinis* de - público e de serviço público - e criar novas e
anos, o PS é (des)governo em 9 desses anos... tamente a mesma que há um ano atrás tivera o seu an- eficazes valências públicas. O “resto” são cantigas
Pois bem, aqui se lembra algumas das questões es- tecessor em idêntica reunião. Em síntese:- “ nada está (…) Sendo certo que para nos adormecer...e para nos virem obrigar a pa-
tratégicas para o PS nos responder claramente: decidido por parte do Ministério da Saúde...estamos a gar caro pelos serviços de saúde privados que, aliás,
- Como é com as novas instalações para a ESTGOH estudar alternativas...os doentes agudos vão continuar a actual direcção estão a nascer como cogumelos em várias Freguesias
? Vão entrar no próximo Orçamento de Estado ? E é a ser atendidos em Oliveira do Hospital...não vão ser concelhia desse par- do Concelho.
para serem construídas exactamente aonde ? tomadas decisões de fundo sobre o funcionamento do
- E os IC, Itinerários Complementares ? Exacta- Centro de Saúde sem previamente auscultar a Autar- tido ataca (aliás com Alerta !
mente para quando no nosso Concelho ? quia Municipal”. Repete-se:- isto mesmo já nos tinha muita contradição à Entretanto, o Ministério da Saúde não se mostra in-
- Então e quando é que o Governo PS vai deixar sido dito há um ano atrás. Porém, note-se, ultimamen- teressado em resolver certos problemas como, por
de “chumbar” (como está acontecer agora...) as can- te tem havido certas informações oficiais, prestadas mistura...) a maioria exemplo, o da falta de médicos e de outros técnicos
didaturas a vários projectos que o nosso Município a clínicos que prestam serviço do Centro de Saúde, PSD na Câmara, o de Saúde; a colocação de melhores equipamentos; etc;
tem apresentado, para passar a aprovar essas e outras segundo as quais vai mesmo haver algumas alterações no Centro de Saúde e respectivas Extensões. Ou seja,
candidaturas ? importantes ( nas urgências) a curto prazo ou seja, facto é que não tem o (des)governo PS deixa que as situações se degradem
... logo após a abertura da “Unidade Básica de Saúde” em coragem para retirar e se degradem mais ainda para que as Populações,
Quanto ao PSD, por favor, deixem-se de nos querer Arganil. Veremos então... um dia destes, desesperadas, até achem que o melhor
convencer que, afinal, estão na “oposição autárquica” No entanto, há que também reflectir sobre a “curio- a confiança política a mesmo é fechar os serviços públicos do nosso Centro
a eles próprios, em Oliveira do Hospital. Sendo certo sidade” da Administração Regional de Saúde do Cen- essa mesma maioria de Saúde... Aliás, igual “técnica” já foi usada em situ-
que a actual direcção concelhia desse partido ataca tro / Ministério da Saúde andarem a “estudar” as ditas ações idênticas.
(aliás com muita contradição à mistura...) a maioria “alternativas” ao SAP / Urgências do nosso Centro de autárquica (…) Assim, aqui se renova o apelo à População e às Au-
PSD na Câmara, o facto é que não tem coragem para Saúde há mais de dois anos, sem todavia serem capa- tarquias Oliveirenses para que se mantenham muito
retirar a confiança política a essa mesma maioria au- zes de as adiantar, agora, nesta reunião de 22 de Se- atentas ao desenrolar dos acontecimentos e para que
tárquica a qual, aliás, está muito bem posicionada pe- tembro. Ou não têm “alternativas” ou são uns grandes não se deixem endrominar pela “publicidade enga-
rante a actual direcção distrital de Coimbra e perante a “cábulas” ou... nosa” desta “rapaziada e raparigada” nas próximas
própria direcção nacional do mesmo PSD. Portanto... eleições.
O (des) governo PS
SAP :- “Tudo como dantes já tomou a decisão e há muito, mas... Nota:-em próximo artigo, retomaremos o tema das
no quartel-general de Abrantes”... A nosso ver, está já tomada, e há muito, pelo propostas CDU que fazem a diferença.
A solicitação do Presidente da Câmara Municipal, (des)governo PS, a decisão de encerrar o SAP/ Ur- * Autarca da CDU – Oliveira do Hospital
5. 5
30 de Setembro de 2008
www.correiodabeiraserra.com SOCIEDADE
Mais de 20 pessoas envolvidas no voluntariado da FAAD “a troco de nada”
“A grande paga é um sorriso” gina a deixar de ser voluntário. prefiro não tentar saber qual foi o cia para as pessoas sem afazeres de que este trabalho requer uma
Bata amarela, sorriso no
“Então, hoje como é que se desfecho”, contou Maria da Glória profissionais. grande estabilidade emocional
rosto e espírito de entrega. sente?”, começam por perguntar Morais, referindo que até já tem Encontram-se à hora marcada que nem sempre é comum entre
os voluntários, que entre a con- ido a alguns funerais. “Há mo- na sala reservada ao voluntaria- os jovens. “Sinto que por vezes há
Eis os três instrumentos de
versa vão averiguando se cada mentos de grande perda”, acres- do. As chatices ficam do lado de um pouco de inconstância, por-
que fazem uso os “traba- utente tomou a medicação ou se centou Paulo Marques que se con- fora do hospital e do lar e, o bom que os jovens vivem a vida com
necessita de algum tipo de ajuda. fessa vitorioso em todas as vezes humor começa a contagiar. Irene outra velocidade”, referiu, dando
lhadores” que integram o
“Tem bebido água? Já sabe que é em que consegue fazer um utente Oliveira, de 55 anos de idade, faz conta de que para se ser volun-
grupo de voluntariado que importante…”, vão alertando aos sorrir. “É menos um momento de questão de integrar o grupo de tário é necessário “ter espírito de
mais velhos, sem deixarem de dor”, sublinhou, deixando claro Paulo Marques, chegando a falar entrega, em troca de nada”.
diariamente contacta com
transmitir uma mensagem de con- que “a grande paga” de toda a de- de uma “dupla perfeita”. “Somos
cada um dos utentes do forto e de esperança em rápidas dicação do corpo de voluntariado muito brincalhões e fazemos rir Famílias reconhecem benefícios
‘
melhoras. “é o sorriso”. as pessoas com as nossas graças. “Estes senhores dão-nos muito
hospital e do lar de idosos
É sobretudo na unidade de Mas, se falho um dia, fico doen- conforto”. A afirmação pertence
da Fundação Aurélio Ama- cirurgia que a conversa mais (…) “queremos apanhar a te”, confessou, revelando-se de- a Maria do Carmo Lopes que há
se desenvolve entre utentes pendente desta actividade que duas semanas foi operada a uma
ro Diniz (FAAD).
e voluntários, já que – como hora de jantar para poder- um dia a ajudou a ultrapassar um anca e disse estar muito satisfeita
explicou Paulo Marques – as processo de depressão nervosa com os cuidados que está a rece-
pessoas estão normalmente mos auxiliar quem não pode que a afectou. “Entrei num cari- ber no hospital.
LILIANA LOPES
a recuperar de uma cirurgia comer pela própria mão”, nho e numa adaptação ao doente Os sorrisos vão-se abrindo por
S
e não são tão idosas como que me levou a ser voluntária”, cada um dos quartos que o grupo
ão mais de 20 elemen- as que se encontram na uni- explicou o coordenador do sustentou. passa. Seja para um desabafo, ou
tos, mas desdobram-se dade de medicina. Contudo, Sempre teve tendência para para um troca de ideias mais alar-
em pequenos grupos lembra que em qualquer projecto de voluntariado apoiar os doentes, mas foi sobre- gada, todos os utentes dão ares de
que, de manhã, de tar- das situações, a abordagem da FAAD, que nem sequer tudo a doença e a morte do ma- satisfação. E, mesmo sem respos-
de ou, ao cair do dia com os utentes deve ser fei- rido que levaram Maria da Glória ta, os voluntários insistem em fa-
fazem questão de visitar quem, ta “com muita subtileza e de se imagina a deixar de ser Morais a fazer o curso de voluntá- lar junto ao ouvido do doente, dei-
por qualquer motivo, se encontra forma cuidadosa”. Ultrapas- ria. “Tive os meus avós comigo até xando votos de rápidas melhoras.
sob o olhar atento de médicos, sada a barreira do primeiro voluntário (…) aos 96 anos”, contou, confessando Conceição Coelho reconhece a
enfermeiros, assistentes sociais e contacto, são os próprios que se sente bem com os doentes mais-valia do trabalho dos senho-
outros profissionais de saúde. utentes que anseiam pela chegada “Se falho um dia, fico doente” porque percebe que o sentimento res da “bata amarela”. “Acho que é
Paulo Marques, Irene Oliveira, dos senhores da “bata amarela”. Constituído com o objectivo de é recíproco. óptimo porque conversam com as
Maria da Glória Morais e Olga Du- “Pensei que hoje nem vinham…”, minimizar a dor de uma estada A realização de um curso ante- pessoas e nem sempre as famílias
arte participaram na visita da pas- costumam dizer. no hospital ou no lar, o grupo de cipou a actividade de voluntaria- podem vir”, referiu quando visita-
sada quinta-feira, entre as 17h30 e A criação de afectos é inevi- voluntariado da FAAD iniciou ofi- do, mas Paulo Marques conta que va a tia que está internada há mais
as 19h30. E até o horário tem uma tável e, na rua as abordagens são cialmente a actividade em Janei- desde muito cedo teve tendência de um mês naquela unidade hos-
explicação: “queremos apanhar a frequentes entre utentes e volun- ro de 2002. Directamente ligado de passar pelo hospital para visi- pitalar. “Ficamos mais descansa-
hora de jantar para podermos au- tários. Pior é quando as camas à Liga de Amigos da FAAD, mas tar os doentes, sobretudo aqueles das e é uma óptima ajuda para as
xiliar quem não pode comer pela do hospital ou do lar ficam livres com estatutos próprios, o grupo é que não têm visitas habituais. Ao famílias”, reconheceu, elogiando
própria mão”, explicou o coorde- sem que dos utentes em causa se maioritariamente constituído por CBS, realçou que gostaria de ver a capacidade de as pessoas des-
nador do projecto de voluntariado esperassem melhoras de saúde. mulheres, com idades entre os 25 mais jovens envolvidos nesta tare- penderem um pouco de tempo em
da FAAD, que nem sequer se ima- “Quando sei que o caso é grave, e os 80 anos, com maior prevalên- fa, mas também tem consciência prol dos outros.
6. 6
30 de Setembro de 2008
EDUCAÇÃO www.correiodabeiraserra.com
C R O N I Q U E TA
No feriado municipal, dia 7 de Outubro
Da lousa Município homenageia José Reis
ao
Magalhães com Medalha de Ouro Municipal
Carlos Alberto (Vilaça)
Com a reabertura das escolas, há um novo
ciclo na aprendizagem das coisas com que os
jovens hão-de enfrentar o mundo – um enorme
mercado onde (quase) tudo se compra.
J osé Joaquim Dinis Reis
vai, no próximo dia 7
de Outubro, feriado mu-
nicipal em Oliveira do
Hospital, ser homenage-
ado pelo município com a Meda-
lha de Ouro Municipal. Licen-
também várias vezes apontado o
nome de Reis como um potencial
candidato à presidência da Câ-
mara Municipal, embora nunca
se tenha concretizado qualquer
candidatura.
Por ora, a festa está para durar durante mais ciado em Economia, José Reis é Medalhas de Mérito Municipal
uns tempos porque a alegria de quem reencon- actualmente professor catedrá- para personalidades ligadas
tra amigos e colegas de faixas etárias seme- tico na Faculdade de Economia à música
lhantes é contagiante. O conhecimento virá da Universidade de Coimbra, Para a atribuição das meda-
depois, durante meses de cansaço intelectual investigador e membro do Con- lhas de Mérito Municipal, a
até atingir a meta no próximo Verão selho Nacional do Ambiente e autarquia oliveirense decidiu-
Debruço-me com alguma nostalgia sobre as do Desenvolvimento Sustentá- se pelos nomes Carlos Alberto
descobertas dos mais pequenos no 1º ciclo (ex vel. Aos 54 anos de idade, o seu Rodrigues Lopes, maestro do
escola primária); às novas matérias juntam-se nome está também ligado ao En- Grupo Coral de Sant’Ana, José
as brincadeiras que fazem de cada intervalo sino Superior por ter exercido da Costa Gomes, executante da
um momento único: à falta do pião e das corri- funções de Secretário de Estado Filarmónica Avoense e Carlos
das dos “arcos”, inventam-se outros jogos, mas entre 1999 e 2001, bem como à dos Reis Gomes, um falecido
a bola e a “macaca” continuam a fazer parte da Comissão de Coordenação de executante da mesma Filarmó-
lista que todos soletrámos no tempo certo… Desenvolvimento Regional do nica que será homenageado a
A ocupação dos “intervalos” das aulas acom- Centro, cuja presidência ocupou título póstumo.
panhou a evolução das mesmas, já não há o entre 1996 e 1999. Sublinhe-se que José da Cos-
papaguear dos rios e afluentes, das linhas-fér- Natural de Aldeia das Dez, ta Gomes, de 83 anos de idade,
reas e ramais, e até “cantar a tabuada” caiu em José Reis apresenta um percurso é também “homenageado” pelo
desuso, para o bem e para o mal na aprendi- marcado pela colaboração com Correio da Beira Serra que nesta
zagem das “contas”. A professora Georgina, várias universidades estrangei- edição lhe reserva a página 15.
por exemplo, levava tudo muito a sério, e ai de ras, registando-se também o fac- Num trabalho de Carlos Alberto,
quem não tivesse na ponta da língua “quantos to de ser autor de vários textos o executante de clarinete, é a Fi-
eram 9 x8”! e publicações. A nível local, foi gura escolhida deste jornal.
A “minha” escola, por onde passaram milhares
de alunos, continua de pé: uma sala de aula
de cada lado, e ao centro a residência dos pro-
fessores, encimada por um varandim em ferro Director da ESTGOH confiante num bom resultado na 2ª fase
“Temos a expectativa de voltar
que servia de púlpito à mestra nos intervalos
mais prolongados:
-Meninos, pouco barulho, já lá para dentro!
E nós, claro, obedecíamos porque tínhamos
nos ouvidos os sons da régua quando vinha
lá do alto “descansar” nas palmas das nossas
mãos…
a preencher a totalidade das vagas”
D
As “contas” eram feitas na “pedra” (lousas) epois de uma primeira tes justifica os resultados com um bom gas colocadas a concurso.
com um lápis da mesma matéria, e no fundo fase, em que o número de trabalho de divulgação e com a “elevada “Só posso estar confiante”, referiu
da sala havia um mapa de Portugal para onde candidaturas quase que empregabilidade” dos quatro cursos. Nuno Fortes ao Correio da Beira Serra,
nos dirigíamos quando a professora assim o
quadruplicou o número Os resultados da segunda fase do con- notando que na primeira fase concorre-
entendia.”Ir ao mapa ou ao quadro” deixava
de vagas, a Escola Supe- curso nacional ao ensino superior só é ram quase quatro vezes mais alunos do
os alunos com tremedeira nas pernas porque a
rior de Tecnologia e Gestão de Oliveira conhecido dia 13 de Outubro, mas a ex- que o número de vagas colocadas a con-
professora Georgina fazia-se acompanhar por
do Hospital (ESTGOH) está agora con- pectativa do director da Escola Superior curso. “Tínhamos 120 vagas e registá-
uma “vara da índia”…para apontar e “espantar
fiante na ocupação total das 46 vagas a de Tecnologia e Gestão de Oliveira do mos 466 alunos candidatos”, sublinhou
a ignorância” das nossas cabeças.
concurso na 2ª fase. O director Nuno For- Hospital é de ocupação total das 46 va- o responsável, notando que em face des-
Uma vez, na quarta classe, confundi os feitos
tes resultados, acredita numa segunda
heróicos de Vasco da Gama e Fernão de Ma-
fase participada, porque houve muitos
galhães; o castigo não se fez esperar como era
alunos que ficaram de fora.
moda, por isso deixei de “ver com bons olhos”
No dia em que teve início o novo ano
estas duas figuras dos mares nunca dantes
lectivo na ESTGOH – ontem foi o pri-
navegados. Passado meio século, eis que um
meiro dia de aulas – Nuno Fortes confes-
deles, o “Magalhães”, passa a ser motivo de
sou-se satisfeito ao CBS, realçando que
conversa em tudo quanto é sítio, só que desta
os resultados da primeira fase só foram
vez não me apanhou desprevenido: tenho
alcançados graças a um trabalho de di-
um Toshiba, de quem é “primo”, e agora já
vulgação realizado junto das escolas
não confundo as aventuras dos dois mestres
secundárias e profissionais da região e
marinheiros – o Google está ao alcance de um
porque estão em causa “cursos com ele-
“click” e a resposta vem de imediato!
vada empregabilidade”. “É com muito
Se a professora Georgina fosse viva, apesar de
agrado que assistimos a estes resultados
rezinga, a sua competência de mestre-escola
e temos a expectativa de voltar a preen-
estaria à altura de utilizar as novas tecnolo-
cher a totalidade das vagas a concurso
gias em benefício dos alunos – disso tenho
a certeza! – e eu, quem sabe, teria ido além na segunda fase”, sustentou o director
da Taprobana se tivesse um “Magalhães” à da Escola que, pelo segundo ano conse-
disposição… cutivo, assiste a um bom resultado no
Agora (como antes, mas de outra forma…) já que respeita à ocupação das vagas para
não há desculpas para ir mais longe “ sem sair os quatro cursos que lecciona: Engenha-
de casa”! Portanto, façam o favor de viajar na ria Civil, Engenharia Informática, Admi-
nova “caravela portuguesa” na companhia das nistração e Finanças e Administração e
vossas crianças, com estas ao leme. Marketing.
7. 7
30 de Setembro de 2008
www.correiodabeiraserra.com LOCAL
440 crimes cometidos anualmente
Oliveira do Hospital é o segundo concelho
com maior índice de criminalidade
As pessoas e o património são
os alvos do maior número de
crimes cometidos no concelho de
Oliveira do Hospital. Com uma
média de 440 crimes por ano, o
concelho é o segundo com maior
índice de criminalidade na área
de intervenção do Agrupamento
Territorial da GNR da Lousã.
LILIANA LOPES
H
omens, com idades acima dos
30 anos, trabalhadores por
conta de outrem e pertencen-
tes à classe média-baixa. Este
é o perfil do vulgar autor de
crimes contra as pessoas – difamação, injú-
rias e ofensas à integridade física – e contra
o património – furto e dano – normalmente
praticados no concelho de Oliveira do Hospi-
tal. Nas situações de difamação e injúrias há
ainda uma tendência para a prevalência do
sexo feminino.
A informação foi avançada pelo Destaca-
mento Territorial da GNR da Lousã que nos
últimos cinco anos tem registado uma média
anual de 440 crimes praticados no concelho,
notando que os índices de criminalidade ten-
dem a “manter uma certa estabilidade”. Note-
se, por exemplo, que no ano de 2006 se re-
gistou um acréscimo de 48 crimes, enquanto
que em 2007 se assistiu a uma descida de 30
crimes. Dados relativos ao primeiro semestre
deste ano – 181 crimes cometidos – levam Crimes contra o património têm vindo a aumentar.
a GNR a constatar um “ligeiro abaixamento
comparativamente ao ano anterior”. crimes são mais frequentes no período de Ve- são referenciadas como “casos pontuais”. “A pobreza é mais preocupante
Praticados individualmente contra as rão e de férias, justificados pelo aumento de Assaltos a espaços comerciais e até a obras do que o crime”
pessoas e em grupo contra o património, os pessoas no concelho, quer se trate de visitan- de construção civil têm sido, na realidade, as Para Manuel Gandarez, conhecido advogado
tes, quer de naturais do conce- ocorrências mais registadas em Oliveira do de Oliveira do Hospital, a incidência de si-
lho, não havendo contudo uma Hospital, invertendo-se assim aquela que era tuações de crime no concelho não o assusta,
tendência para ocorrerem num a tendência ocorrida no meio do século pas- por constatar que por cá “não abunda o crime
momento particular do dia. Pese sado, altura em que predominavam os crimes organizado que por norma inquieta a comuni-
embora a incidência de crimes entre vizinhos e até familiares por razões de dade”. Confessa-se mais preocupado com os
‘
em Oliveira do Hospital, o Des- partilhas e passagens de água para regadio. sinais de pobreza e de dificuldades económi-
tacamento Territorial da GNR cas, por perceber a existência de uma cone-
da Lousã recusa tratar-se de um xão com a ocorrência de crimes como o furto
(…) Dos sete municípios
“surto”, não negando contudo a e até a prática da prostituição.
ocorrência de algum tipo de cri- que integram a área de in- “Temos crimes e vamos ter cada vez
minalidade com uma frequência mais, mas não são alarmantes”, referiu o
tervenção do Destacamento,
fora do normal. advogado, considerando que muita da pro-
Dos sete municípios que in- Oliveira do Hospital surge miscuidade detectada deriva das situações
tegram a área de intervenção de perturbação e desespero ligadas à falta de
no lugar imediatamente a
do Destacamento, Oliveira do emprego no concelho. Gandarez chega até
Hospital surge no lugar imedia- seguir à Lousã que lidera a a responsabilizar a Câmara Municipal pela
tamente a seguir à Lousã que falta de desenvolvimento empresarial e por
tabela em matéria de crimi-
lidera a tabela em matéria de consequência pela ocorrência de situações
criminalidade. Esta posição é nalidade (…) de crime.
justificada com o facto de o con- Convidado por este jornal a avaliar a evo-
celho oliveirense ser o segundo Num concelho que continua a ostentar lução do crime no concelho, o advogado oli-
com maior concentração popu- as marcas da interioridade é também visível veirense nota que o que mais prevalece são
lacional urbana, pelo que, tam- uma espécie de barreira que, até agora, tem as ofensas corporais simples, ficando para
bém por isso – garante aquela impedido a incidência de crimes violentos trás as injúrias e difamações. Explicou que
força de segurança – Oliveira do como o “carjacking”, os homicídios e os assal- as taxas judiciais elevadas têm vindo a inibir
Hospital “é sempre alvo de uma tos armados a bancos, postos de combustível os particulares ofendidos de avançar com as
atenção especial” e as situações e farmácias que, nos grandes centros urbanos, queixas para tribunal devido aos parcos re-
de criminalidade mais graves aumentou no primeiro semestre deste ano. cursos económicos.
8. 8
30 de Setembro de 2008
POLÍTICA www.correiodabeiraserra.com
“Ainda vamos ver as nossas ovelhas a pastar no areal da praia da Figueira da Foz”
PSD joga ao centro
Foi notória a pressa com
que a Assembleia Municipal
lidou com o polémico dossiê
que transfere o município de
Oliveira do Hospital da Serra da
Estrela para a Região “Turismo
Centro de Portugal”.
Com o “trabalho de casa” por
fazer, a oposição protestou mas
a maioria do PSD levantou o
braço em sinal de aprovação.
HENRIQUE BARRE T O
A
inda vamos ver
as nossas ove-
lhas a pastar no
areal da praia da
Figueira da Foz.
Vai ser porreiro…”, ironizou um
munícipe que, esta sexta-feira à
noite, dia 26, assistia, na Assem-
bleia Municipal (AM), à acesa
discussão de uma proposta da
Câmara Municipal com vista à
inclusão do município de Olivei-
ra do Hospital na futura entidade PSD viabilizou a inclusão de Oliveira do Hospital na região “Turismo do Centro de Portugal”
regional “Turismo do Centro de
Portugal”. do executivo – e conjuntamente altitude, a Turistrela é quem man- grande maioria composta por pes- Hospital no Pólo Turístico da Ser-
A polémica proposta, aprovada com os seus pares – deliberou, da, continuou o autarca de Meru- soas nascidas e criadas nas faldas ra da Estrela”.
pela confortável maioria social- com a abstenção dos vereadores ge, afirmando que “foi o senhor da Serra da Estrela, poderia estar Uma questão pertinente, sur-
democrata de que o executivo ca- do PS, no sentido de colocar o engenheiro Guterres, amigo dos receptiva a outra “corrente de giu entretanto pela voz do pre-
marário dispõe na AM, gerou uma município a que preside na região Costa Pais, que lhes deu isso”. opinião”. Mas o presidente da As- sidente da Junta de Freguesia de
quase interminável discussão. “Turismo do Centro de Portugal”. Apesar destas declarações, sembleia Municipal, encarregou- Lagares da Beira, Raul Costa, que
O presidente da Câmara de O PS “esperneou”, mas de nada Abreu não se mostrou porém se de “afinar” a orquestra. “… em perguntou por que razão é que
Oliveira do Hospital começou a valeu. “Devemos tomar uma posi- muito convicto quanto à integra- face de uma pergunta concreta… “tem que ser a Assembleia a votar
preparar o terreno e, quando já ção de modo a não sairmos de for- ção de Oliveira do Hospital na não será melhor irmos para a Re- esta questão se a lei obriga a que
‘
passava da meia-noite, “cansou” ma nenhuma da Serra da Estrela Portugal Centro. “Por deformação gião de Turismo Centro de Por- sejamos integrados na Região de
os deputados municipais com – o nosso habitat natural”, salien- ideológica sou contra o centro. tugal?”, perguntou, com ar sério, Turismo “Centro de Portugal”.
a leitura da troca de correspon- tou Carlos Mendes sem dei- António Simões Saraiva. “Se é lei é lei. Metam-nos onde
dência entre a autarquia olivei- xar contudo de referir que (…) Mário Alves foi taxativo “Nós estamos obrigados por lei quiserem, não me perguntem é se
rense e o secretário de Estado do Oliveira do Hospital poucos a estar onde nos meteram. E a lei quero… Eu não subscrevo esta
ao explicar que se o municí-
Turismo. Foi taxativo ao explicar benefícios tem colhido por tem pais”, sentenciou o deputado lei. Estou indignado”, sentenciou
que se o município de Oliveira via da sua presença na Re- pio de Oliveira do Hospital da CDU, João Dinis, advertindo também o deputado municipal do
do Hospital não vai pertencer ao gião de Turismo da Serra da no entanto que “outra situação é PS, Carlos Maia.
não vai pertencer ao Pólo de
Pólo de Desenvolvimento Turísti- Estrela. “O que fala é a valia o que se pode fazer para reparar Da bancada do PSD, Rui
co da Serra da Estrela – mas antes dos projectos. Não tem nada Desenvolvimento Turístico da a situação”. Abrantes interveio para notar que
à região “Turismo do Centro de a ver estarmos na Serra ou Dinis redigiu logo no momento “podemos dar o benefício da dú-
Serra da Estrela – mas antes à
Portugal” – é porque “decorre da estarmos no Centro”, ripos- uma moção para que a AM deli- vida à «Turismo do Centro», já que
lei que foi produzida pelo Gover- tou Mário Alves. região “Turismo do Centro de berasse “protestar junto do Go- – conforme observou – “nestes 30
no. Não foi produzida pelo muni- “Está aqui uma grande verno e da Assembleia da Repú- anos” o município de Oliveira do
Portugal” – é porque “decorre
cípio”, sublinhou. salgalhada”, começou por blica contra essa não inclusão do Hospital poucos benefícios obteve
Habilmente, Mário Alves apal- notar o deputado municipal da lei que foi produzida pelo município” na Serra da Estrela, com a sua participação na Região
pou o terreno e tentou responsa- da CDU, João Abreu, susten- reclamando “a urgente correcção de Turismo da Serra da Estrela.
Governo (...)
bilizar o Governo socialista por tando no entanto que a res- da situação tendo necessariamen- Invocando o decreto-lei, João
precipitar esta situação. Contudo ponsabilidade é da lei que o Go- Ou é para a esquerda ou é para a te em conta a posição e a vontade Esteves, também do PSD, salien-
– e como competia à Assembleia verno Socialista criou em matéria direita”, riu-se, alegando não ver do nosso município”. tou por seu turno que Oliveira
dar a necessária autorização para de organização do planeamento com bons olhos “como é que se Para o autarca da CDU – con- do Hospital foi excluída do Pólo
que Oliveira do Hospital transite turístico. vai promover uma região de Lis- forme refere a moção, que viria de Desenvolvimento Turístico da
para a nova entidade de turismo Muito crítico quanto à forma boa até Aveiro”. a ser chumbada com os votos do Serra da Estrela e, como tal, “te-
–, Alves declinou as consequên- como se tem lidado com o turis- PSD e de alguns deputados do PS mos que nos inserir à priori e já”
cias da decisão. “Esse é um ónus mo na serra, Abreu advertiu que Simões Saraiva “afina” –, esta tomada de posição é im- na região de Turismo «Centro de
que não ficará na Câmara… ficará “a Serra da Estrela tem uma en- a orquestra periosa uma vez que é “a actual Portugal».
com vossas excelências que têm a tidade – a Turistrela – que é um Nesta altura da discussão – e composição territorial legislada Preparando o caminho para a
capacidade de decisão”, advertiu monopólio existente no nosso ainda o debate ia a meio – o PSD pelo Governo que, à partida, não aprovação daquele polémico dos-
o autarca do PSD que, em reunião país… acima dos 700 metros de percebeu que a sua bancada, na coloca o município de Oliveira do siê, Esteves não teve dúvidas em
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