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Mensal                                             Preço: 0,50 euros     2.ª Série N.º 62                  Junho 2004




                                                                                                                        Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico.
      Director Padre Francisco Crespo                                                                                   Autorização DEO/415/204004/DCN




                                                          PRESIDENTE DA CNIS EM ENTREVISTA



                                                          Nas Instituições,
Em Fátima discutiu-se A fa-
                                                          é tempo de separar
                                                          o trigo do joio
mília face à exclusão. A ini-
ciativa da CNIS trouxe ao
debate um sem-número de
desafios que os dias de hoje
colocam aos agregados fa-
miliares portugueses.
Entre as exigências acresci-
das e os apoios que faltam,
a Família, esse Sítio da Fe-                                No encerramento do        deixa outro aviso ao go-
licidade, resiste por vezes                               seminário A família face    vernante: “Assinámos
com denodo, soçobrando                                    à exclusão, o Presidente    um protocolo que nos
noutras situações, e aqui                                 da CNIS lembrou não         custou imenso a nego-
cada vez com maior fre-                                   estarem as soluções pa-     ciar. Deus nos livre de
quência.                                                  ra os momentosos pro-       pensar que assinámos
Nas páginas interiores da-                                blemas invocados, to-       um papel sem que depois
mos amplo destaque a este                                 dos quot;do lado de lá do       aconteça nadaquot;.
encontro.            Páginas 3 a 6
                                                          Estadoquot;: quot;Nós também          Apesar de se manifes-
                                                          temos uma quota parte       tar esperançado em quot;dias
                                                          de responsabilidade, a      melhoresquot;, o Padre Cres-

           Espaço de                                      mudança passa por ca-
                                                          da um de nósquot;.
                                                                                      po foi categórico: quot;Se as
                                                                                      verbas prometidas não
            Opinião                                         E vontade não falta,
                                                          segundo o Padre Fran-
                                                                                      chegarem até Junho,
                                                                                      nós temos que fazer ba-
                                                          cisco Crespo. Mas não é     rulho. Para evitar mais
José Leirião                                              tudo:                       exclusões, porque nós
Manuel Antunes da Lomba                                     quot;Ainda há dias, em        queremos trabalhar, e já
Padre José Maia                                           conversa com o Sr. Mi-      trabalhamos, para a in-
Paulo Eduardo Correia                                     nistro, o avisei - Cuida-   clusão...quot;.
                                                          do! Se este governo não       Na entrevista que pu-
                                                          se volta para o social, é   blicamos nas páginas
                                                          capaz de perder as pró-     centrais, o Presidente
                                                          ximas eleições. Pode        da CNIS aprofunda o rela-
                                                          haver outras preocupa-      cionamento mantido com
                                                          ções, como baixar o dé-     o Ministério da Seguran-
                                                          fice, mas isso já é uma     ça Social e do Trabalho,
                                                          frase feita. No meio        abordando também ou-
    Evgen Bavcar                                          disto tudo, quem perde      tros assuntos de actuali-
                                                          são sempre os pobresquot;.      dade para o futuro das
A surpreendente história                                    O Presidente da CNIS      Instituições.
 de um fotógrafo cego
                                                           Ânimas intervém com animais de ajuda social            Utentes da SCM de Chaves expõem artesanato
                                                           ADFP pede livros para a sua Biblioteca Itinerante          UDIPSS de Santarém aposta na formação
       Mensário da           CNIS
                                                           Associação de Moradores das Lameiras (Famalicão) comemora 20 anos ao serviço da comunidade
Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade




                                         Página 16
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Editorial                                                                                             Ventos de mudança
Por   Eugénio da Fonseca
                               Presidente-Adjunto da CNIS

  Em jeito de balanço ao muito que                                                                   permitindo que façam de nós aquilo             elas se constituírem ou as Dele-
se tem dito e feito no domínio da                                                                    que nós não somos: Uma espécie                 gações da CNIS nos distritos onde
Solidariedade em Portugal, a CNIS,                                                                   de extensão das Administrações do              e enquanto não se constituírem em
Confederação Nacional das Institui-              situações de doença, de famílias                    Estado que continuam a pensar que              Uniões!
ções de Solidariedade, também ela                em ruptura, de crianças abandona-                   sobre nós exercem quot;tutelaquot; pelo                  É um novo ciclo em que todos que-
sujeito e destinatário de muitas                 das, solidão de pessoas idosas,                     facto de haver uma comparticipação             remos apostar numa maior respon-
transformações na sua forma de se                deficientes sem retaguarda familiar,                financeira pública no financiamento            sabilização das Uniões Distritais na
organizar para melhor servir a Cau-              são bem a demonstração de casos                     dos acordos de cooperação.                     prossecução dos seus objectivos
sa da Solidariedade, em estreita li-             em que as respostas devam estar                       À nossa legítima quot;autonomiaquot; e               estatutários e na sua capacidade de
gação com as aproximadamente 4                   mais próximas, razão pela qual a                    quot;identidadequot; (princípios que todos             interlocução com as várias Admi-
mil IPSS que asseguram diaria-                   Segurança Social regressou à base                   devemos preservar) deve corres-                nistrações Regionais do Estado e
mente respostas sociais e de soli-               distrital, num sinal inteligente de                 ponder por parte do Estado o princí-           das próprias Autarquias do seu dis-
dariedade a mais de meio milhão de               que percebeu o valor da dimensão                    pio da quot;confiançaquot; e quot;boa fé nego-             trito, de forma a, junto de todos es-
portugueses, vem partilhar com os                local das políticas sociais.                        cialquot;.                                         tes parceiros, por um lado, serem
leitores do seu renovado jornal                    É motivo de muita preocupação a                     Se às IPSS compete cumprir com               garantes da autonomia e identidade
SOLIDARIEDADE algumas infor-                     demora, por exemplo, na atribuição                  rigor técnico e qualidade os com-              das IPSS associadas face ao Es-
mações sobre a forma como está a                 de subsídio de desemprego a pes-                    promissos assumidos nos acordos                tado e, por outro, junto das associa-
decorrer o novo ciclo da vida da                 soas e famílias que dele dependem,                  de cooperação celebrado com o                  das e das comunidades onde pres-
Confederação, onde a reestrutura-                às vezes, para colocar o pão na                     Estado, como condição essencial                tam acção social e solidariedade,
ção da ex-UIPSS se vislumbrou co-                mesa da família!                                    para poder afirmar a sua autono-               serem instâncias de mobilização na
mo uma conveniência e urgência,                    Em boa hora ( já lá vão uns bons                  mia, também o Estado se deve                   busca de mais inovação no seu tra-
capaz de melhor assegurar o que                  anos), as IPSS se organizaram em                    interrogar se prefere uma coopera-             balho social, maior esforço no tra-
hoje é uma evidência, a saber: A                 União de base nacional, mas sem                     ção na base da quot;confiançaquot; ou                  balho em rede, mais participação na
quot;territorializaçãoquot; das políticas                nunca terem prescindido de secre-                   admite, por via administrativa (atra-          concepção e operacionalização de
sociais.                                         tariados distritais que acompanhas-                 vés de circulares internas dos seus            novas políticas para novas formas
   A classe política há muito que                sem as associadas no seu percurso                   Serviços), dar mais valor à letra do           de exclusão e pobreza.
clama por uma maior descentraliza-               local de busca e serviço de res-                    que ao quot;espíritoquot; da cooperação,                 Os ventos sopram no sentido da
ção do Poder, tendo mesmo sido                   postas sociais adequadas e à di-                    desvirtuando algumas vezes uma e               inovação de políticas sociais e na
realizado um referendo para a re-                mensão de cada comunidade.                          outro!                                         busca de renovadas respostas de
gionalização, como expressão de                    Com o evoluir da cooperação en-                     O apelo à quot;inquietudequot; que o Se-             solidariedade na sociedade por-
descentralização. O povo não foi                 tre a então UIPSS e o Estado, en-                   nhor Ministro Bagão Félix nos faz,             tuguesa.
por aí!                                          tendeu-se que, sem se perder a o-                   através da entrevista que concedeu               Temos de ser dignos da confiança
  Entretanto, quem lida com as po-               portunidade de manter uma Estru-                    ao SOLIDARIEDADE deve passar                   que o País tem depositado em nós,
pulações no seu dia-a-dia, aper-                 tura de diálogo e negociação com o                  também por aqui!                               esperando que continuemos a ter e
cebe-se que há uma grande distân-                Poder Político na concepção e con-                    Passados alguns meses sobre a                ser consciência social capaz de
cia entre a urgência na satisfação               figuração de políticas sociais e edu-               organização da CNIS e da definição             travar alguns ímpetos liberalóides e
de muitas necessidades e a lenti-                cativas que possam ser viabilizadas                 das competências do seu Conselho               tecnicistas de alguns servidores do
dão na sua resolução, configurada                por Instituições de Solidariedade                   Directivo, negociado que foi o Pro-            Estado, às vezes mais papistas que
na praga da burocracia.                          Social, conviria dar autonomia, em                  tocolo de Cooperação para 2004,                o Papa!
  Se, nalgumas matérias, certos                  princípio, às associadas de cada                    está agora na prioridade da agenda               O momento grave que o País
atrasos podem não afectar muito                  distrito, dando-lhes a possibilidade                dos dirigentes da CNIS, através de             atravessa, a vários níveis, requer
processos em curso, noutras, e,                  de se constituírem em Uniões Dis-                   um núcleo onde eu mesmo me inte-               de nós a maior unidade e articula-
designadamente, no domínio social,               tritais de IPSS.                                    gro, na qualidade de Presidente-               ção na forma de interpretar, conce-
a demora pode comprometer vidas                    Convém continuarmos alerta para                   -Adjunto, dinamizar e acompanhar               ber e organizar o nosso fazer
e famílias inteiras. O desemprego,               não nos deixarmos descaracterizar,                  as UDIPSS de cada distrito, onde               social.


PT MULTIMÉDIA E CNIS ASSINAM PROTOCOLO

Material informático e de escritório fornecido gratuitamente às instituições
  A PT Multimédia vai disponibilizar, a título   de Instituições de Solidariedade, e a PT            Presidente da Comissão Executiva da PT         eles venham a ser disponibilizadosquot;
gratuito, quot;equipamento de escritórios usado,     Multimédia, S.A., no mês passado.                   Multimédia, engenheiro Zeinal Abedin Maho-       O Protocolo entrou em vigor no mês pas-
nomeadamente mobiliário e material infor-          A PT Multimédia compromete-se, sempre             med Bava, ficou esclarecido que a PTM          sado e tem a duração de um ano, renovável
mático, proveniente de substituições no uni-     que se justifique, a quot;enviar à CNIS a relação       aceitará, normalmente, as sugestões da         automaticamente.
verso das respectivas empresas e serviços,       e características dos bens disponíveisquot; para        CNIS quanto às instituições que virão a ben-     Para o Presidente da CNIS, este acordo
para oferta a indicar pela CNIS, de acordo       que possa ser feita uma melhor e mais efi-          eficiar do equipamento e material informáti-   representa um quot;salto importante para o
com critérios de adequação e utilidadequot;.         ciente gestão de disponibilidades.                  co, podendo, no entanto, recusar se enten-     futuroquot;, dado que quot;muitas das instituições a
 Esta é uma parte do teor do Protocolo assi-       No mesmo Protocolo, assinado pelo presi-          der que quot;os beneficiários não têm capaci-      beneficiar não têm capacidade financeira
nado entre a CNIS, Confederação Nacional         dente da CNIS, Padre Francisco Crespo, e o          dade de recolha dos bens nos locais onde       para se equiparem informaticamente.quot;


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Junho 2004

                                              Actualidade
SEMINÁRIO PROMOVIDO PELA CNIS, EM FÁTIMA

A Família dos sem-tempo
 O cartaz do encontro não podia ser mais premonitório. A árvore que metaforizava a Família medrou nos discursos e reflexões da maioria dos
palestrantes. Se bem que congregados no desejo de ver florir mais Família, mais famílias felizes, a maioria dos oradores não se coibiu de alertar para a
mole imensa de pragas que vão corroendo a árvore, extirpando-a do verde viçoso e florido, deixando negros e esqueléticos galhos como herança para
os vindouros.

                                                                 que a disponibilidade é   que fazem o inferno estar tão cheio!quot; -     atentarmos no facto de 93% das mu-
                                                                 menor, porque não há      ironizou a deputada independente,           lheres que trabalham o fazerem a tem-
                                                                 tempo. E este é um        eleita nas listas do PS.                    po inteiro. Há mais dados. Por exem-
                                                                 grande dilema. Não é                                                  plo, 68% das mulheres que trabalham
                                                                 por acaso que o divór-                                                não interromperam a sua actividade
                                                                 cio sobe, que o recurso                                               para dar apoio à família, porque quot;a
                                                                 às drogas disparou de                                                 maioria das famílias não pode dispen-
                                                                 novo, que o abandono                                                  sar um dos saláriosquot;. À quot;densidade
                                                                 escolar tem aumenta-                                                  horária terrívelquot;, Maria do Rosário Car-
                                                                 doquot; - afirmou Margari-                                                neiro anexa as quot;crescentes dificul-
                                                                 da Neto.                                                              dades económicas das famíliasquot;, lem-
                                                                   Dulce Rocha (Presi-                                                 bra o quot;meio milhão de desemprega-
                                                                 dente da Comissão                                                     dosquot; actualmente existente em Por-
                                                                 Nacional de Protecção                                                 tugal.
 Margarida Neto (ao centro), ladeada pelo Padre
                                                      de Crianças e Jovens em Risco -                                                    A este quot;contexto nacional de empo-
 Francisco Crespo e por Maria do Rosário Carneiro
                                                      CNPCJR), enfatizou a necessi-        Maria do Rosário Carneiro
                                                                                                                                       brecimentoquot;, acresce o facto de 26%
  Não houve unanimidade no diagnós-                   dade de se promoverem mais                                                       das mulheres trabalhadoras terem os
tico. Quem está mais perto do governo políticas de inclusão, desiderato com                  Para a parlamentar, a família é quot;o pri-   filhos à sua guarda: quot;Outros 26%
(com ele trabalhando ou colaborando), potenciação viabilizadora através da                 meiro grupo inclusivo, a primeira das       estão confiados às redes informais da
traçou cenário mais optimista. Quem participação das IPSS: quot;Neste capítu-                  estratégias para a inclusão, o sítio da     família alargada. Ou seja, temos 52%
está no terreno não vê adubar as 100 lo, a contribuição das IPSS é muito                   felicidade, onde realizamos o nosso         de crianças à guarda da rede informal,
medidas prometidas pelo actual exe- importante. Defendo uma colaboração                    projecto de vida de sermos felizes          com apenas 33% sob a responsabili-
cutivo. Não se contrapôs centena de institucional entre as instituições e as               com outrosquot;: quot;É o sítio da confiança,       dade da rede formal. Número interes-
riscos, mas elencou-se número bas- Comissões de Protecção de Crianças                      onde todos nos conhecemos. O sítio          sante, este!quot; - pontua a deputada, li-
tante para nos preocupar a todos.                 e Jovens, cujo número já ronda as 250    do capital social, o sítio da sustentabi-   bertando explicação dramática: quot;Isto
  Falamos do seminário subordinado no nosso paísquot;.                                         lidade socialquot;.                             acontece porque o recurso à rede for-
ao tema quot;A família face à exclusãoquot;,                                                         Maria do Rosário Carneiro lembrou         mal não é acessível à maioria das
encontro promovido pela CNIS, em                                                           as quot;alterações fantásticasquot; que se veri-    famíliasquot;.
Fátima, no passado dia 29 de Maio.                                                         ficaram no tecido social, nas últimas         No capítulo dos idosos - números in-
  A abrir o encontro, o Presidente da                                                      décadas. A conquista da igualdade de        dexados a famílias trabalhadoras e
CNIS deixava o alerta. Sendo a família                                                     direitos entre homens e mulheres sur-       não ao universo global da população
uma quot;questão decisivaquot;, o quot;assunto do                                                      ge à cabeça do rol, conquista de sedi-      portuguesa, a exemplo dos anterior-
século XXIquot;, os políticos andarão dis-                                                     mentação quot;irreversívelquot;, que quot;nunca         mente carreados -, quot;2,6% estão em
traídos, descuidando colocá-la no topo                                                     pode ser colocada em causa em nome          lares, havendo 52,6% a viver com as
das suas prioridades. Ao catálogo de                                                       de nadaquot;: quot;A democratização da fa-          suas famílias e 44,8% nas suas
100 medidas anunciadas pelo actual                                                         mília, a paridade entre o homem e a
governo, o Cónego Francisco Crespo                                                         mulher na gestão da casa é uma revo-
chamou-lhe quot;100 puros desejosquot; que            Dulce Rocha e Padre José Maia                lução notável. Nós é que revelamos,
urge levar à prática quot;com a maior                                                          muitas vezes, incapacidade para gerir-
urgência possívelquot;.                            quot;Não há outra via que não seja a da         mos esta articulaçãoquot;.
                                             cooperaçãoquot; - acrescentou a oradora,
100 COMPROMISSOS, EM VEZ DE                  para quem quot;em vez de intervirmos pa-          “A DENSIDADE HORÁRIA
CEM MEDIDAS                                  ra remediar, devemos intervir por ante-       TERRÍVEL DAS MULHERES
                                             cipação, e sempre promovendo a in-            TRABALHADORASquot;
  Margarida Neto, Coordenadora Na-           clusão na famíliaquot;: quot;Procuremos sem-
cional para os Assuntos da Família           pre a medida de apoio junto da fa-              Notou a crescente participação das
(CNAFA), preferiu chamar-lhe quot;100            míliaquot; - pediu Dulce Rocha.                   mulheres no mercado de trabalho, ra-
compromissosquot;, sendo quot;alguns da res-           Antes de entrar, com profundidade           tio de 54,8% para os homens e 42%
ponsabilidade do Estado e outros da          bastante aplaudida, no âmago da               para o sector feminino. Mulheres com
comunidadequot;. Pediu ajuda para a im-          questão em debate, Maria do Rosário           40,7 horas de tempo de trabalho mé-
plementação da centena, alertou para         Carneiro pregou alfinete na contenda          dio, a que há que somar os dispêndios
a necessidade de todos disponibi-            denominatória quot;100 medidas? - 100             nos transportes, mais duas horas diá-
lizarmos mais tempo às nossas fa-            Compromissos?quot;: quot;Pelo que vejo são            rias nas tarefas do lar. Tudo somado,
mílias: quot;Se é verdade que a família é        intenções. Espero sinceramente que            às mulheres exigem-se 54,7 horas se-
hoje mais democrática, verificamos           estas intenções não sejam aquelas             manais de trabalho, cifra pesada se


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Actualidade
                          CNIS debate, em Fátima, os perigos
próprias casasquot;.                           em conta: quot;A ruptura familiar não               quot;Se queremos trabalhar para a             adequação à mudançaquot; - sublinhou
  Também aqui, segundo a deputada,         passa apenas pelo divórcio. Lembro o          autonomia, temos que ajudar à habili-       Joaquina Madeira, defensora de quot;um
quot;os que estão nas instituições são os      abandono familiar, considerado o              tação dos deficientes, ajudar as            envelhecer activoquot;, quot;a forma futura
que têm maior capacidade económi-          divórcio dos pobresquot;.                         famílias a franquear os espaços públi-      incontornável de envelhecerquot;.
caquot;.                                         Não havendo projecções similares            cos, a enfrentarem os olhares curio-
  É tendo por base estes dados es-         para Portugal, o director do IFCOOP           sos que tanto magoamquot; - sublinhou           TERCEIRA IDADE SÓ A PARTIR
tatísticos que Maria do Rosário            (Instituto de Formação e Cooperação           Cristina Louro, lembrando que a ina-        DOS 75 ANOS
Carneiro sustenta estarem, hoje em         Internacional), lançou para o debate          daptação ao social é muito complexa,
dia quot;as famílias mais pobresquot;: quot;As fa-     números de um estudo francês,                 pedindo por isso o esforço de volun-             Para fintar as estatísticas, que nos
mílias empobreceram, são pobres.           recentemente publicado pelo Le Mon-           tários que se disponibilizem a visi-           assustam com a chegada da quot;maré
Temos meio milhão de desemprega-           de. Projecção para 2050 indica que            tarem regularmente tais famílias, pres-        cinzentaquot;, o grosso grupo dos cabelos
dos, e todos sabemos que, sem tra-         um em cada três franceses terão mais          tando-lhes o apoio e o conforto de que         grisalhos, Joaquina Madeira propõe
balho não há construção familiar. O        de 60 anos nessa data, e que os ido-          tanto carecem.                                 subir em 15 anos a fasquia que sepa-
desemprego é factor de ruptura fami-       sos serão duas vezes mais que os                Joaquina Madeira denunciou os quot;três          ra a chamada vida activa da fase em
liar, os maiores índices de violência      jovens até aos 20 anos.                       equívocosquot; que moldam o percurso               que entramos na terceira idade. Como
familiar têm o desemprego na sua                                                         geracional dos seres humanos. À fase           hoje em dia se trabalha até mais tar-
génese. Isto para não falar da política    AUMENTO SIGNIFICATIVO             DAS         prévia à produção (infância e juven-           de, como trabalhamos durante mais
de habitação, que dificulta significati-   quot;CRIANÇAS-CHAVEIROquot;                           tude), associamos sempre a escola. A           anos, a Vogal do ISSS defende que a
vamente a progressão das famíliasquot;.                                                      etapa da produção surge indissocia-            terceira idade comece oficialmente
  Maria do Rosário Carneiro reparte as       Paulo Delgado detalhou leque de             velmente ligada à empresa. Por últi-           aos 75 anos: quot;Dessa forma teremos
culpas do actual estado de coisas: quot;As     factores de risco pairando sobre a fa-        mo, a fase da pós-produção, do quot;des-           muito menos idosos!quot;
famílias têm culpas, porque perderam       mília: o individualismo reinante, quot;no         canso e desinvestimento do trabalhoquot;,            Atendendo às funções que exerce,
competências. A comunidade tam-            seu lado mais sombrioquot;; uma cres-             imageticamente lapada ao lar.                  Joaquina Madeira foi muito interpela-
bém, basta olharmos para o facto de        cente quot;fragilidade do casalquot; e o conse-         quot;Temos que descontruir este sistema          da pelos assistentes, alguns deles
sermos o país europeu com menos            quente quot;aumento de rupturasquot;, a par           tão segmentado, tão sincopado das              não se coibindo de criticar o desem-
capital social. E temos a responsabili-    do quot;consumismoquot; e da quot;perda de valo-          idadesquot; - pediu a Vogal do Conselho            penho do actual governo no que con-
dade do Estado, seja a nível das políti-   resquot;.                                         Directivo do Instituto de Solidariedade        cerne ao apoio às IPSS. Responden-
cas universais, seja das compen-             A falta de tempo para a família não         e Segurança Social (ISSS).                     do às críticas, a oradora sugeriu um
satóriasquot;.                                 foi esquecida pelo docente univer-              Outro equívoco reside no facto de,           quot;ovo de Colomboquot;, já descoberto e
                                                             sitário, constatando        quando falamos de utentes dos lares,           posto em prática pelos espanhóis, nos
                                                             a existência de um          nos referirmos apenas às suas neces-           mais diversos domínios: quot;Temos que
                                                             número cada vez             sidades, quot;desvalorizando assim as              trabalhar em rede, uns com os outros.
                                                             mais significativo de       suas capacidades e as suas com-                Rentabilizar o que temos no local, e
                                                             quot;crianças-chaveiroquot;:        petências própriasquot;.                           não fazermos tudo de costas voltadas.
                                                             quot;Refiro-me às cri-            quot;O terceiro equívoco traduz-se na            Os nossos recursos são insuficientes,
                                                             anças que saem de           ideia de massificação induzida pela            razão pela qual devemos adoptar
                                                             casa já com os pais         expressão terceira idade. A terceira           respostas colectivas para suprir tais
                                                             no trabalho, regres-        idade não tem um carácter identitário,         carênciasquot;.
                                                             sam da escola para          do género um monte de gente que                  A última intervenção esteve a cargo
                                                             aquecerem a comida          está ali e não produz. Ser velho não é         de Paula Guimarães, que abordou o
                                                             no micro-ondas e            um defeito, é uma qualidade. A vida é          tema quot;A Família Cais e a Família
                                                             depois ligarem a TV.        um contínuo de transformações e de             Gaiolaquot;. A Vice-Presidente do Instituto
                                                             Têm chave de casa,                                                                         de Reinserção Social
Paulo Delgado                                                mas vão perdendo                                                                           considerou preocupan-
                                           os pais de vista. Muitas vezes vão                                                                           te o quot;processo de de-
 O negro do lado direito do cartaz vai-    para a cama antes dos progenitores                                                                           serção da família en-
-se adensando. O diagnóstico sereno        terem regressado do trabalhoquot;.                                                                               quanto prestação de a-
de Paulo Delgado confere mais crue-          No capítulo específico das famílias                                                                        poioquot; aos elementos
za aos ramos vazios, escancarada-          com crianças deficientes, Cristina                                                                           que dele necessitam.
mente abandonados pelo verde-              Louro considerou fundamental que a                                                                             Criticou, com vee-
-Esperança.                                estes agregados familiares se preste                                                                         mência, as famílias au-
 O professor universitário lembrou         a ajuda necessária, de molde a formar                                                                        sentes durante meia
que as crianças a nascer por estes         uma identidade própria em tais cri-                                                                          vida, mas pressurosas
tempos, ou nascidas nos últimos            anças:                                                                                                       em aparecerem na al-
anos, têm mais probabilidade que os          quot;Apostemos num trabalho para a                                                                             tura de herdar o pa-
pais se divorciem do que serem acom-       autonomia, em vez da campânula pro-                                                                          trimónio do ente faleci-
panhadas por um irmão. Alertou para        tectora que muitas famílias erguem                                                                           do: quot;Devemos lembrar
a necessidade de não nos atermos a-        em torno da criança com deficiênciaquot; -                                                                       a todos que somos fa-
penas às estatísticas oficiais, por        pediu a Secretária Nacional para a                                                                           mília sempre!quot;
exemplo as que medem o número de           Reabilitação e Integração das                  Joaquina Madeira trocando impressões com o Dr. Eleutério        Críticas também para
divórcios. Há outras cifras negras a ter   Pessoas com Deficiênciaquot;.                      Manuel Alves                                                  aqueles que colocam


                                                                                     4
Junho 2004

                                          Actualidade

que ameaçam as famílias portuguesas
nas mãos do Estado toda a responsa-         Paula Guimarães defendeu a neces-         Considerou quot;tristequot; não serem dados     mente através de políticas sociais pro-
bilidade no apoio aos idosos: quot;Choca-     sidade dos poderes públicos legis-        incentivos às instituições de acolhi-     movidas pelo Estadoquot;.
-me bastante que, quando se encerra       larem no sentido da instituição de uma    mento temporário: quot;Neste quadro, de         quot;Isto passa, necessariamente, por
um lar, se venha dizer que a respon-                                                apoio apenas ao acolhimento perma-        políticas de sustentabilidade económi-
sabilidade é toda do Estado e nunca                                                 nente, estamos a estimular a deser-       ca, facilitando o enquadramento labo-
da família. Família que nunca fiscali-                                              ção da família!quot;                          ral, flexibilizando horários - nomeada-
zou o serviço prestado pelo lar, que                                                  A síntese conclusiva dos trabalhos      mente das mulheres trabalhadoras -,
nunca vai buscar as pessoas ao fim                                                  ficou a cargo do Prof. Manuel Do-         criando também estruturas que permi-
de semana ou nas férias, que nunca                                                  mingos. O Secretário da Direcção da       tam aliviar e apoiar o núcleo familiarquot;.
tratou de fazer as perguntas prévias                                                CNIS aproveitou a metáfora da árvore        A promoção da habitação condigna,
necessárias para aquilatar das quali-                                               para lembrar que a mesma simboliza        a aposta na formação humana, cívica
dades do serviço prestado pela insti-                                               um contrato de gerações, contrato de      e moral dos cidadãos, uma atenção
tuiçãoquot;.                                                                            responsabilidades partilhadas por         especial às famílias com crianças por-
                                                                                    todos os ramos da família, dos mais       tadoras de deficiência e às famílias
CONTRA O SUFOCO DA                                                                  jovens aos mais idosos.                   albergando idosos no seu seio, foram
quot;FAMÍLIA-GAIOLAquot;                                                                      quot;Independentemente do conceito          outras das propostas resultantes des-
                                                                                    que tenhamos de família, a subsistên-     te encontro. Para que, num próximo
  Para Paula Guimarães, a família não                                               cia e a felicidade da mesma esbarram      seminário, o Verde-Esperança da es-
se deve transformar numa prisão para                                                frequentemente em dificuldades de         querda do cartaz abafe, com a sua ge-
o idoso, tornando-se num espaço su-       Paula Guimarães                           natureza económica, também na falta       nerosa e acolhedora ramagem, o ne-
focante, numa quot;família-gaiolaquot;. A famí-                                             de tempo e de disponibilidade para o      gro austero e cruel da margem direita.
lia deve ser envolvida nas decisões       quot;licença para apoio no fim de vidaquot;:      acompanhamento dos vários elemen-           Manuel Domigos teceu ainda pa-
que reportam ao futuro e ao bem-estar     quot;Não critico a dilatação da licença de    tos de um agregado familiarquot; - subli-     lavras de elogio à organização do
do idoso, mas respeitando sempre a        maternidade, mas constato que, para       nhou aquele responsável da CNIS.          evento, a cargo da empresa Margem
sua autonomia, o seu poder de deci-       nós, a família são só os pais e os fi-      Para Manuel Domingos, os escolhos       C.C.E. Lda.
são. A quot;família-caisquot; surge como con-     lhos. Esquecemo-nos que, para haver       elencados no encontro de Fátima não
traponto: quot;Aqui entende-se o idoso        pais e filhos, houve uma geração an-      são quot;mera utopiaquot;, antes quot;problemas         Reportagem de D. Pedro Alves
como um elemento útil da famíliaquot;.        tes, também houve avósquot;.                  reais que urge resolver, nomeada-




À margem do seminário
 Padre Maia e as “inquietudes” de Bagão Félix                                                                                 Os presságios cifrados de
                                                                                                                              Maria do Rosário Carneiro
                                Evidenciando a boa disposição que lhe é peculiar, o Padre Maia exibiu, a certa altura, a
                              todos os presentes, a primeira página do Solidariedade. Em causa estava a manchete do             Maria do Rosário Carneiro deixou
                              número anterior: quot;Como vêem, o Sr. Ministro diz aqui que quer gerar alguma inquietude nas       no ar uma preocupação, aventada de
                              instituições. E nós respondemos, dizendo que podemos gerar muita inquietude no nosso            forma um tanto cifrada. Quando liber-
                              ministroquot;.                                                                                      tava números referentes ao tempo
                                Quando Maria do Rosário Carneiro se referiu à revolução traduzida na conquista da igual-      exigido às mulheres que trabalham
                              dade de direitos entre homens e mulheres, Padre Maia, na ocasião moderando o debate, ou         fora de casa, não se cansou de enfa-
                              não ouviu bem, ou fez que não ouviu. A verdade é que pediu à oradora que esclarecesse se        tizar, repetidamente e com denodo,
                              tinha falado em quot;revoluçãoquot; ou em quot;evoluçãoquot;.                                                   que a chegada do sector feminino ao
                                A deputada sublinhou o quot;rquot; inicial, perante os sorrisos da assistência, bem lembrada, esta,   mercado de trabalho era, a par de ou-
                              da recente polémica em torno das comemorações dos 30 anos do 25 de Abril.                       tras conquistas, um processo irrever-
                                Padre Maia que deixou ainda um aviso a Maria do Rosário Carneiro, tudo a propósito dos        sível, sem marcha-atrás. Disse pres-
números crescentes de homens gozando licença de paternidade:                                                                  sentir, no ar, algo que teria dificuldade
 quot;Não se esqueça de que, nos bairros sociais, há muitos homens que ficam em casa e mandam as mulheres trabalhar.              em aceitar. E por aqui se ficou.
São um perigo…!quot;.                                                                                                             Consultando os oráculos do Soli-
 Generoso no tempo disponibilizado à deputada, cuja prestação classificou de quot;brilhantequot;, Padre Maia não seguiu o             dariedade, naturalmente falíveis (os
mesmo critério com o representante do Governo Civil de Santarém.                                                              oráculos já não são o que eram!),
 O moderador ouviu atentamente as palavras de cortesia do orador, gentil na parabenização da iniciativa. Mas quando o         quase arriscávamos que a deputada
convidado mudou a rota do discurso e começou a elogiar as medidas de prevenção rodoviária recentemente adoptadas              receia medidas ou incentivos tenden-
pelo governo, já estão mesmo a adivinhar. O representante do governo teve mesmo que se apressar no discurso, deixan-          tes a fazer regressar, de novo, a mu-
do a sinistralidade das estradas portuguesas para outros debates…                                                             lher ao lar, doce lar…

                                                                                5
Actualidade
NOVA LEGISLAÇÃO NA FORJA

40 anos de descontos dão reforma por inteiro
                                                                                 próprio ministro tudo leva a crer que     mesma maneira uma pessoa que com
                                                                                 venha a ser fixada nos 5 por cento.       40 anos teve três anos de descontos
                                                                                 Bagão Félix já tem argumentado com        de outra que trabalhou 20 anos. Isto é
                                                                                 os números de um estudo feito pelo        um seguro contributivo. Também tem
                                                                                 Ministério que tutela, que dá conta       que haver um prémio à contributivi-
                                                                                 que os 5 por cento representam um         dade. Vamos reforçar a exigência.
                                                                                 valor neutro, sem perdas nem ganhos       Quem recusar uma oferta de emprego
                                                                                 para a Segurança Social.                  do Centro de Emprego para as suas
                                                                                   O projecto de lei está a ser ultimado   habilitações, na mesma área de
                                                                                 e vai regulamentar situações de refor-    residência, vai perder o direito ao
                                                                                 ma antecipada, tendo em conta ques-       subsídio. Temos que ser mais exi-
                                                                                 tões relacionadas com o desemprego,       gentes e mais generosos.quot;
                                                                                 profissões de desgaste rápido e             O ministro tem sido criticado pelos
                                                                                 ralações entre a idade e a carreira       sindicatos e associações patronais e
                                                                                 contributiva.                             já admitiu fazer algumas correcções
                                                                                                                           ao novo projecto de lei. A distância da
                                                                                 SINDICATOS PREOCUPADOS                    residência a que o desempregado
                                                                                                                           está obrigado a aceitar trabalho pro-
                                                                                   Os sindicatos estão preocupados         posto pelos centros de emprego pode
                                                                                 com as reformas antecipadas que po-       baixar dos 40 quilómetros, que es-
                                                                                 dem esconder algumas fraudes leva-        tavam a ser considerados.
                                                                                 das a cabo por várias empresas.
                                                                                 Concretamente aquelas que refor-          INDEMNIZAÇÕES
                                                                                 mam funcionários e depois os con-         E DESEMPREGO
                                                                                 tratam ilegalmente para fazerem o
                                                                                 mesmo trabalho, ganhando menos.             O projecto de lei que vai alterar o
                                                                                   O ministro Bagão Félix está também      regime de subsídio de desemprego
                                                                                 a preparar alterações no subsídio de      prevê uma penalização para aqueles
                                                                                 desemprego. Conforme afirmou ao           que, no âmbito de uma rescisão por
                                                                                 Solidariedade, a nova legislação quot;vai     mútuo acordo, sejam despedidos e
                                                                                 facilitar o acesso das pessoas ao         recebam uma indemnização superior
                                                                                 subsídio de desemprego. Agora são         a 1,5 salários por cada ano de traba-
  O ministério da Segurança Social e     ma, será penalizado. Actualmente a      precisos descontos de 540 dias nos        lho. Ficará abrangido 50 por cento do
do Trabalho prepara-se para introduzir   penalização em vigor é de 4,5 por       últimos dois anos e apenas vão ser        montante que está acima desse nível,
algumas alterações ao regime de re-      cento, por ano, para todos aqueles      precisos descontos de nove meses no       com a penalização a repercutir-se no
formas antecipadas. quot;As pessoas com      que, tendo 30 anos de contribuições,    último ano. O acesso é maior. Não se      número de dias de subsídio a que o
40 anos de carreira contributiva não     se aposentem antes dos 65 anos de       vai diminuir o valor, mas o número de     trabalhador desempregado normal-
terão qualquer tipo de penalizaçãoquot;,     idade.                                  meses que se vai receber - que hoje é     mente tem direito. Esse excesso será
independentemente da idade, garan-         Uma das alterações que está a ser     calculado em função da idade -, vai       tributado no IRS. Esta dupla tributação
tiu Bagão Félix depois de mais uma       discutida em sede de Concertação        passar a ser calculado em função da       camuflada está a ser denunciada pe-
reunião de Concertação Social. Quem      Social é a actualização dessa taxa de   idade mas também do número de             los sindicatos, que afirmam tratar-se
tiver menos anos de descontos e não      penalização anual. Pelas declarações    anos de descontos. É uma questão de       de uma afronta sobretudo aos traba-
tiver 65 anos, a idade legal de refor-   cruzadas entre os sindicatos e o        justiça. Não pode ser tratada da          lhadores mais antigos.




Camião dos computadores                    Já ouviu falar do Centro de Divul-    informática.                              posições, feiras e eventos que justi-
                                         gação das Tecnologias de Informação       Este projecto, criado pela Fundação     fiquem a sua presença.
                                         (CDTI) Móvel? É um espaço interacti-    para a Divulgação das Tecnologias de        Entre 20 e 22 de Maio esteve na
                                         vo de divulgação das Tecnologias de     Informação, tem como principais obje-     Escola Secundária da Ramada, em
                                         Informação, que dispõe de 12 compu-     ctivos a divulgação e sensibilização      Odivelas. Passou depois por Tires,
                                         tadores, Impressoras, Scaner, Tele-     dos jovens para as tecnologias de in-     sendo aguardado na Figueira da Foz
                                         visores, Vídeo e serviços como a In-    formação, proporcionando um contac-       entre 23 e 26 de Junho.
                                         ternet, Vídeo Conferência e Multimé-    to directo com a nova era digital.          Já pensou levá-lo até à sua IPSS?
                                         dia assistidos por monitores devida-      O camião fantástico, como lhe cha-      Nada mais simples. Contacte a FDTI,
                                         mente habilitados na prestação de       mam os jovens, percorre várias locali-    através do e-mail fdti@fdti.pt. Depois
                                         todas informações inerentes à apreen-   dades do país mediante solicitações       conte-nos a experiência. Vai ver que
                                         são de conhecimentos na área da         de entidades, permanecendo em ex-         valeu a pena.



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                                                         Respigos
Famílias Portuguesas:       Empowerment
entre a crise e a esperança                                                               É preciso mencionar o que significa viver em situações de extrema exclusão,
                                                                                        onde a opacidade, por vezes, é a condição da sobrevivência, dado que rara-
                                                                                        mente ocorrem agregações dentro da desintegração. Ou seja, nestes extremos
  Portugal viu aumentar o número de famílias residentes nos últimos anos, mas
                                                                                        as pessoas têm muita dificuldade em se agruparem, organizarem e fazerem
as famílias portuguesas estão mais pequenas, com menos filhos, menos casa-
                                                                                        ouvir a sua voz. Isso faz com que hoje se fale cada vez mais de empowerment.
mentos e mais divórcios. A média de pessoas por família baixou, nos últimos
                                                                                        Por vezes, estes dados nem chegam a constar das estatísticas oficiais nem
anos, de 3,1 para 2,8 pessoas.
                                                                                        dos inquéritos convencionais, porque não questionam os prisioneiros e pri-
  Estes dados fazem parte da quot;breve caracterização estatística da família por-
                                                                                        sioneiras, os camponeses e camponesas isolados, as pessoas idosas depen-
tuguesaquot; que o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou por ocasião
                                                                                        dentes e isoladas, os vagabundos, os que sofrem de uma doença crónica, os
Dia Internacional da Família, e do X aniversário do Ano Internacional da Família
                                                                                        jovens que andam à deriva.
instituído pela ONU em 1994.
                                                                                                                                              CIARIS, http://ciaris.ilo.org/
  Para Margarida Neto, Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família,
“apesar dos indicadores serem muito negativos em relação à família, e justa-
mente por isso, ela é cada vez mais o núcleo que responde às inquietações que
a sociedade nos coloca hoje”.
  “A sociedade à nossa volta tem de se organizar em torno da família e não o
contrário”.
  O INE apresenta ainda alterações nos padrões de nupcialidade, divorcialidade
e da fecundidade, bem como o aumento da esperança de vida, com o conse-
quente envelhecimento da população portuguesa.
  A taxa de nupcialidade diminuiu de 7,2 casamentos por mil habitantes em 1991
para 5,7 em 2001 (5,4 em 2002). Paralelamente assistiu-se ao aumento da taxa
de divorcialidade, cujo valor passou de 1,1 divórcios por mil habitantes em 1991
para 1,8 em 2001 (2,7 em 2002).
  Para além da redução do número de casamentos assistiu-se, no mesmo perío-
do, ao retardar da idade do primeiro casamento (legal), alterando-se de 26,3
anos nos homens e de 24,4 anos nas mulheres, em 1991, para os 27,8 anos e
26,1 anos, respectivamente, em 2001 (28,0 e 26,4, respectivamente, em 2002).
  “A sociedade também não ajuda: ao núcleo estável de pai, mãe e filhos cha-
mamos família tradicional, com um teor pejorativo”, acusa Margarida Neto, para
quem a família biparental continua a ser que dá melhores garantias para a cria-
ção e educação dos filhos.
  Outro dado significativo tem a ver com o aumento da proporção de casais sem
filhos, que passou de 29,1% para 43% do total.
                                                                 Agência Ecclesia




                                                                                        Arcebispo do Lubango
                                                                                        denuncia violação dos
Política Social                                                                         Direitos Humanos
 A crise económica e as suas consequências em termos de desemprego, situa-
ções de 'stress' e depressão psicológica, tensão e desagregação familiar                                           O Arcebispo do Lubango denunciou na Huíla a
exigem especial atenção à política social. É nestas circunstâncias que mais se                                    ocupação ilegal de terras em alguns Municípios da
pede que a sua acção seja efectiva e eficaz.                                                                      província. Dom Zacarias Camuenho caracterizou
 Com a meticulosidade da formiga, a política social desenha-se nos tempos de                                      de profundas as violações dos direitos humanos
crescimento para aguentar o embate das crises. Os subsídios de desemprego,                                        nesta vertente.
doença ou rendimento mínimo constituem meios para a sociedade se defender                                          O prelado fez a denúncia à Rádio Ecclesia numa
da miséria e do desespero. São um factor de estabilidade, um travão à guerra                                      altura em que disse estar a receber muitas queixas
civil nas ruas pelo pão de cada dia. É erro grave se alguém os confundir como                                     de camponeses e das comunidades, que estão a
um prémio por ter nascido ou um incentivo a não trabalhar. Ou até como re-                                        perder as suas terras tradicionais. Segundo Dom
compensa de um seguro.Torna-se, por isso, inquietante que seja exactamente                                        Zacarias, uma das razões que concorre para isso
agora que mais se fale de mudar, controlar e modernizar. É verdade que depois                                     é o desconhecimento por parte das populações
de décadas quase sem nada, as traves de um Estado Social numa Europa                                              dos direitos do cidadão.
Social se edificaram nos últimos 30 anos com equívocos, erros e descontrolos.                                      As declarações do prémio Sakarov 2001 coincidi-
Nada se ganhará,contudo, para além de descofiança e descrédito, se a opção              ram com notícias de usurpação de terras no Município da Umpata. Segundo a
dos responsáveis das políticas sociais for persistir em pôr tudo em questão ou          imprensa angolana e organizações não governamentais, centenas de cam-
a mudar de sistema informático. É que assim não vai haver política social que           poneses e pastores perderam as suas terras para novos fazendeiros. De acor-
aguente a crise.                                                                        do com as mesmas fontes, estes gozam do apoio das autoridades.

 João Vaz. Director-Adjunto do Correio da Manhã, 15.05.2004                                                                                        O Apostolado (Luanda)


                                                                                    7
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Junho 2004

                               Vida Associativa
Ânimas

Intervenção com animais de ajuda social
  A Ânimas – Associação Portuguesa         portamento do IBMC (Instituto de           que deverá ser renovado cada 6              Em Maio de 2002, esta IPSS organi-
para a Intervenção com Animais de          Biologia Molecular e Celular), o pro-      meses, e que o utente deverá trazer       zou um Seminário com o objectivo de
Ajuda Social -, é uma Associação sem       jecto de que lançou mãos em Maio de        consigo sempre que se desloque em         sensibilizar os técnicos de saúde e o
fins lucrativos que visa promover a uti-   2002 “pretende promover, à luz do que      locais públicos acompanhado do seu        público em geral para a utilidade dos
lização de cães de assistência por         tem sido realizado com êxito noutros       cão.                                      cães de assistência. Este evento, rea-
pessoas com incapacidades, como            países e já em Portugal, a integração                                                lizado em colaboração com a Funda-
                                                                                        Em todo este processo, a associação
seja o caso de indivíduos utilizadores     social e laboral de muitas pessoas,                                                  ción Bocalán, de Madrid, incluiu várias
                                                                                      tem como princípio salvaguardar o
de cadeiras de rodas e indivíduos sur-     dando um passo no sentido de elimi-                                                  comunicações proferidas por interve-
                                                                                      bem-estar dos animais durante o seu
dos. Neste sentido desenvolve activi-      nar barreiras e sensibilizar a socieda-                                              nientes com vasta experiência, tanto
                                                                                      ciclo de vida. Para isso cria condições
dades de formação de técnicos, treino      de para estes problemas”.                                                            no treino de cães como na aplicação
                                                                                      de forma a que, tanto durante o perío-
de cães e o relacionamento destes                                                                                               de programas para pessoas com inca-
                                             O cão de assistência é treinado du-      do de desenvolvimento dos cachorros,
com os respectivos utentes com vista                                                                                            pacidades.
                                           rante dez a doze meses, sendo mais         como durante as diversas fases de
à sua maior independência, integra-
                                           tarde submetido a um período de liga-      treino, e mesmo depois de serem ce-         Os cães são cedidos gratuitamente a
ção social e comunitária.
                                           ção ao seu futuro dono, de acordo          didos aos utentes, os cães sejam tra-     pessoas de associações que mani-
  “A nossa associação desenvolve           com os seus problemas, completando         tados com todos os cuidados que ne-       festem necessidade de recorrer aos
actividades de treino específico de        a formação aproximadamente ao fim          cessitem, obedecendo a todas as           prestimosos serviços dos animais.
cães e de formação de técnicos que         de um ano.                                 regras de ética referentes ao uso de
                                                                                                                                  Nem tudo têm sido rosas na vida da
façam a ligação do utente ao seu ani-                                                 animais de trabalho.
                                                                                                                                associação. Liliana de Sousa refere as
mal. Estes cães são cedidos gratuita-
                                                                                        Em colaboração com a Escola EB 1        dificuldades com que se vão deparan-
mente às pessoas com incapacidades
                                                                                      da Bajouca, os técnicos de saúde da       do: “As exigências e o rigor que têm
que necessitem dos seus serviços.
                                                                                      Ânimas realizaram um programa de          de existir para este tipo de trabalho
Pretende-se, assim, disponibilizar a
                                                                                      intervenção no âmbito da Terapia          levam a que a Associação, única no
estas pessoas a posse de um animal
                                                                                      Assistida por Animais, com os alunos      País e recentemente formada, se
que se demonstrou ser de grande utili-
                                                                                      que mostravam dificuldades de apren-      depare com inúmeras dificuldades, es-
dade, não só em termos psicológicos
                                                                                      dizagem. Neste programa foram uti-        pecialmente de ordem financeira. A
e motivacionais no momento de supe-
                                                                                      lizados dois cães como intermediários     Ânimas, que está a iniciar as suas
rar uma incapacidade mas, do mesmo
                                                                                      entre as crianças e os terapeutas,        actividades, confronta-se ainda com a
modo, no que reporta à reabilitação.        Scooby (cão treinado pela Ânimas),        facilitando a aproximação e a comuni-     falta de sensibilização e informação
As pessoas que possuem um cão de            abrindo uma porta
                                                                                      cação entre ambos. No final do ano        da sociedade em geral, o que dificulta
assistência aumentam o seu nível de
                                                                                      lectivo, os alunos que participaram       a obtenção de ajudas financeiras e,
independência de forma notável, uma
                                             As raças mais utilizadas para cães       mostraram mudanças positivas no seu       consequentemente, a viabilidade dos
vez que esses animais actuam em
                                           de assistência são o Labrador Re-          desempenho escolar.                       objectivos a que se propõe. Assim,
áreas nas quais o utente está total ou
                                           triever e o Golden Retriever, pelo seu                                               estamos a desenvolver esforços com
parcialmente incapacitado, como se-
                                           carácter afável, dócil e agradável. Es-                                              o fim de angariar o maior número pos-
jam o abrir portas, recolher objectos
                                           tas raças são mundialmente as mais                                                   sível de apoios que permitam a imple-
do chão ou de locais inacessíveis,
                                           usadas, quer se trate de cães-                                                       mentação deste projecto, cuja acção
acender luzes, despir certas peças de
                                           -guia para cegos, cães para auxiliar                                                 tem vastos benefícios quotidianos e
vestuário ou, no caso de indivíduos
                                           indivíduos com deficiência motora ou                                                 psico-sociais”.
com deficiência auditiva, alertar para o
toque de uma campainha, para o cho-        cães no âmbito da Terapia Assistida
ro de um recém-nascido, para o             por Animais.
alarme de incêndio” – afirmou ao            Os cães cedidos pela Ânimas                                                          Contactos:
Solidariedade a presidente da institui-    entregam-se com coletes, com cader-                                                   Av. Sidónio Pais, 392, r/c Dto.
ção, Prof. Doutora Liliana de Sousa.       neta de direitos dos cães de assistên-                                                4100-466 PORTO
                                                                                                                                 Telefones: 22 606 7600,
  Para esta docente do ICBAS               cia, apólice de seguro de responsabili-
                                                                                                                                 91 815 7456 ou 93 321 244
(Instituto de Ciências Biomédicas Abel     dade civil, certificado de treino do cão                                              animas@mail.pt
Salazar), responsável também do            credenciado pela associação, boletim             Scooby ajudando a descalçar
Departamento de Neurocomporta-             de vacinas e de análises ao sangue,              os sapatos ao dono




Cãopanhia                              do riso e da brincadeira



                                                                                  9
Vida Associativa
PRIMEIRA MOSTRA AO PÚBLICO CONQUISTOU ADEPTOS EM CHAVES

Utentes da Sta. Casa da Misericórdia expõem trabalhos
                                                            rádio traduzem a          o gosto. No final, como gostei, deixei        Molas, massa de uso culinário, teci-
                                                            forma de estar da         estarquot;, disse Maria Alves.                  dos, colas, tintas, esferovite, gesso,
                                                            Santa Casa, se eles         Imprimir dinamismo ao dia a dia dos       ráfia, foram alguns dos materiais uti-
                                                            entram activos é im-      idosos não só através da prática de         lizados no processo de elaboração
                                                            portante mantê-los o      trabalhos manuais mas também de             dos trabalhos.
                                                            mais tempo possível       outras realizações, constitui um
                                                            activosquot;.                 aspecto fundamental na qualidade de          INTERCÂMBIO DE ACTIVIDADES
                                                              Contrariando a i-       vida dos utentes.
                                                            deia de que ter                                                         Para Amélia Perfeito, que no mês de
                                                            idade é sinónimo de        APROVEITAMENTO DE MATERIAIS                Julho completa cinco anos como
                                                            sedentarismo, Jorge                                                   utente daquela instituição, não foi tare-
                                                            Fernandes acres-            quot;Combater a solidão mantendo os           fa difícil fazer as meias e as peúgas de
                                                            centou que quot;a insti-      idosos ocupados e aproveitar a mobili-      lã. quot;Durante muito tempo teci e fiz
                                                            tuição não tem só         dade que eles ainda vão tendo da me-        camisolas e nunca levei dinheiro a
                                                            pessoas incapacita-       lhor maneira, fazendo com que eles se       ninguém por issoquot;, disse.
  Mais de meia centena de trabalhos                         das, na maioria são       sintam úteis e porque deveras ainda o         E porque não perdeu o engenho e a
manuais elaborados pelos idosos dos      pessoas totalmente independentes. É          sãoquot; constitui o principal desafio de       arte, quot;se estiver com disposição sou
lares e centros de dia da Santa Casa     claro que com o tempo e com a idade          Luísa Teixeira, técnica de animação         capaz de fazer as meias num diaquot;,
da Misericórdia de Chaves estiveram      passam a estar um pouco mais limi-           sócio-cultural da Misericórdia de           acrescentou.
expostos ao público, no Espaço           tadas, mas isso não as impede de             Chaves.                                       De entre as várias actividades que os
ADRAT, em Chaves, no passado mês         realizar actividadesquot;.                         Apesar dos trabalhos dos idosos já        idosos desenvolvem ao longo do ano,
de Maio. Entre objectos de decoração       A mostra convida os visitantes de          terem estado expostos na última             abrangendo visitas a museus, san-
realizados através do emprego de va-     todas as idades a apreciarem aquilo          edição da Feira dos Santos, uma feira       tuários e exposições, intercâmbio de
riadíssimos materiais, a imaginação      que eles sabem e gostam de fazer e           anual que conta com expositores             actividades com as crianças, através
dos mais velhos foi posta à prova.       também a desvendarem os segredos             nacionais e internacionais, mas sob o       do conto de histórias, participação em
                                         do aproveitamento de alguns mate-            propósito de venda. Desta vez, a ideia      actividades culturais do município
  A iniciativa insere-se na componente   riais de uso diário na confecção de          da exposição tem a finalidade de quot;pro-      flaviense, como o desfile de Carnaval
de animação sócio-cultural de que os     objectos de adorno e não só.                 porcionar à comunidade um contacto          e a Feira dos Santos são alguns dos
idosos dispõem na instituição. Deste       Talentos que pelos vistos ainda são        mais próximo com o dia-a-dia dos            exemplos que podem ser vistos pelos
modo, ao longo do ano são muitas as      capazes de surpreender. Que o diga           utentesquot;, referiu.                          vários registos fotográficos espalha-
actividades que realizam dentro e fora   um dos alunos do segundo ano de um             O projecto tem para a responsável         dos pela exposição.
dos lares. Como lembrou o vice prove-    jardim-escola local que ao visitar a ex-     pela organização do evento, uma               A iniciativa teve ao longo de uma
dor da Santa Casa da Misericórdia de     posição perguntou a uma das autoras          perspectiva muito prática: quot;pretendia-      semana muita adesão, o que pode
Chaves, para além da prática de tra-     de alguns dos trabalhos expostos             -se trabalhar com materiais de uso fre-     servir de pretexto para aguçar a
balhos manuais existem outras ver-       quot;como teve tanta imaginação?quot;. A             quente que são facilmente manuseá-          curiosidade do público mantendo-o
tentes, quot;toda a envolvente da ani-       resposta foi simples: quot;criei uma espé-       veis, acessíveis em termos económi-         expectante por ver o muito que estes
mação como a ginástica, exercícios de    cie de molde, agarrei na agulha e nas        cos e, a partir daí, criar formas e tex-    imaginativos artistas ainda têm para
manutenção, teatro, ou o programa de     linhas e fui fazendo sempre, conforme        turasquot;.                                     mostrar.



CÂMARA DE ALBERGARIA E IPSS DE MÃOS DADAS CONTRA A DROGA

Intervir por uma geração clean
 Tendo consciência de que a toxi-        das relações interpessoais e minimi-         - Planear e executar projectos de          este projecto será implementado, no
codependência alastra no concelho, a     zando os factores de risco relaciona-      prevenção primária adequados à rea-          terreno, por duas instituições de soli-
Câmara Municipal de Albergaria           dos com o uso e abuso de substân-          lidade concelhia;                            dariedade social: a Probranca e a
decidiu elaborar o Plano Municipal de    cias lícitas e ilícitas.                     - Contribuir para o desenvolvimento        Associação de Solidariedade Social
Prevenção Primária das Toxicodepen-        As linhas gerais de intervenção do       integral da personalidade das crian-         de Alquerubim (ASSA). A primeira
dências, documento que apresentou        Plano Municipal de Prevenção Primá-        ças e jovens, assente em valores que         entidade intervirá nas freguesias da
aos parceiros sociais no passado dia     ria das Toxicodependências assentam        lhes permitam desenvolver a sua              Branca, Ribeira de Fráguas, Vale
11 de Maio.                              em quatro grandes objectivos:              capacidade de resiliência;                   Maior e Albergaria-a-Velha, abrangen-
 Sob o slogan quot;Intervir por uma gera-      - Aprofundar o conhecimento da rea-        - Reduzir o número de casos de in-         do um universo de 1 451 alunos. Por
ção cleanquot;, este plano pretende inter-   lidade concelhia ao nível do fenómeno      sucesso escolar, abandono escolar,           seu lado, a ASSA terá sob a sua
vir ao nível da prevenção em meio        da toxicodependência, permitindo           iniciação precoce dos consumos de            responsabilidade as freguesias de
escolar (do pré-escolar ao se-           uma melhor análise e avaliação dos         substâncias lícitas e ilícitas e de delin-   Alquerubim, S. João de Loure,
cundário), promovendo estilos de vida    factores de risco e factores de pro-       quência.                                     Frossos e Angeja, aqui com um
saudáveis, melhorando a qualidade        tecção;                                      Definidas as linhas orientadoras,          grupo-alvo de 1 520 alunos.


                                                                                 10
Junho 2004

                             Grande Entrevista
Cónego Francisco Crespo, Presidente da CNIS

Nas Instituições de Solidariedade,
é tempo de separarmos o trigo do joio
  Por   V. M. Pinto


  Onde se sente como peixe na água é no Centro                                                  que merecem junto das equipas nego-               cionamento com a CNIS?
 Social e Paroquial de S. Vicente de Paulo, um oásis                                            ciadoras do Governo de um grande                    Cón. Francisco Crespo - Penso que
 mesmo no meio do degradado bairro da Serafina, em                                              prestígio e respeito pela sua compe-              o facto de Bagão Félix se assumir
 Lisboa. O cónego Francisco Crespo conhece bem                                                  tência. Trabalhou-se até à última hora.           como católico, praticante - aliás, foi
 todos os cantos da enorme casa que foi crescendo,                                              Já na sala nobre do MSST, antes                   presidente da Comissão de Justiça e
 à custa de muito trabalho, dedicação e vontade.                                                mesmo da assinatura do Protocolo,                 Paz -, não contribui nem prejudica a
 Foram 27 anos de missão com resultados bem evi-                                                tornou-se necessário clarificar alguns            relação com a CNIS. Ele sabe separar
 dentes: A instituição tem 150 trabalhadores e mais de                                          pontos que não repercutiam como                   as águas. Não mistura o que é política
 700 utentes. quot;É uma das instituições-piloto a nível                                            desejávamos aspectos essenciais das               com religião. Da nossa parte, e falan-
 nacional. É onde me sinto realizado no trabalho que                                            reuniões negociais.                               do da minha experiência, não como
 faço, sobretudo como padre. É um bairro extrema-                                                 Com a assinatura do Protocolo, e                presidente mas como vogal e como
 mente complicado, onde existem todos os problemas                                              apesar de nos preocuparem algumas                 membro da antiga direcção da União,
 dos bairros marginais. Quando eu cheguei cá em 1977 a Igreja não tinha sinais. Havia           inovações introduzidas, sobretudo ao              devo dizer que, do contacto com ou-
 uns barracos. Agora tem um forte testemunho.quot;                                                  nível de algumas obrigações que indi-             tros ministros e outros secretários de
  Em reconhecimento deste trabalho o Patriarca de Lisboa nomeou-o Cónego. quot;O                    ciam alguma atitude de menos confi-               estado, por vezes, era mais fácil a
 Cónego é conselheiro do Bispo, está mais relacionado com os problemas da diocese,              ança do Estado nas IPSS, há con-                  negociação... Os tempos eram dife-
 neste caso o Patriarcado de Lisboa. É uma atitude de serviço. Por mim, gostava de ser          dições de mais paz social para a pros-            rentes...
 sempre pároco de aldeia ou do bairro.quot;                                                         secução do nosso trabalho em benefí-                Solidariedade - Reconhece que este
  Cultiva esta simplicidade e discrição. Por isso, foi com enorme sacrifício que aceitou        cio das centenas de milhar de pes-                é um Ministro difícil..
 ser Presidente da CNIS, em 2003. Como marca pessoal fica ligado à reforma da estru-            soas que diariamente solicitam os                   Cón. Francisco Crespo - Nós esta-
 tura e à constituição das Uniões Distritais, praticamente concluída. Esta entrevista ao        nossos serviços de solidariedade.                 mos a viver num país em crise e
 Solidariedade é um balanço a meio do mandato.                                                    Solidariedade - Essas dificuldades              andamos todos a contar os cêntimos.
                                                                                                negociais ficam a dever-se a mudan-               Talvez seja por causa disso... Quando
                                                                                                ças de políticas de cooperação ou têm             lemos as entrevistas, e conhecemos
  Solidariedade – Em entrevista ao            IPSS estão a garantir no país inteiro,            a ver com a personalidade deste Mi-               as opiniões dele, sabemos que ele
nosso jornal, o Ministro da Segurança         daí tirando as consequências para                 nistro? O facto, por exemplo, de                  vive aquilo que o país está a viver. É
Social e do Trabalho, afirma que quer         revisão de tais políticas ou inovação             Bagão Félix ser um assumido católico              um momento de crise que não aconte-
gerar alguma inquietude nas institui-         em relação a novas formas de garan-               não podia trazer vantagens ao rela-               cia há uns anos. As dificuldades nas
ções. Como é que caracteriza as               tir a acção social e a solidariedade aos                                                                        negociações     espelham
relações com o Ministério de Bagão            mais carenciados.                                                                                               essa crise económica. Nós
Félix?                                          Por fim, e depois de bastante                                                                                 temos a haver muito de
  Cón. Francisco Crespo - Devo dizer          pressão, o Senhor Ministro acabou por                                                                           anos anteriores e dos go-
que houve altos e baixos. Estivemos           marcar duas reuniões que foram ful-                                                                             vernos anteriores, por
muito tempo sem fazermos uma                  crais para começarmos a avançar com                                                                             causa da inflação e do que
reunião do Pacto de Cooperação para           o Protocolo. Devo dizer que neste ano                                                                           foi negociado.
a Solidariedade Social. O Pacto é um          houve, portanto, um interregno bas-                                                                               Estas questões foram
instrumento, a nível ministerial, que         tante prolongado. A partir desse                                                                                salvaguardadas, nos Pro-
permite abordar todos os problemas            momento, passou a existir um diálogo                                                                            tocolos de 2002, 2003,
do país, onde nós estamos represen-           mais próximo, sobretudo com os                                                                                  para que dentro da medida
tados, a CNIS, com as Mutualidades,           serviços técnicos da Direcção-Geral                                                                             do possível, este ano já
com as Misericórdias, com as Au-              de Acção Social.                                                                                                começássemos a recuperar
tarquias, com os Sindicatos e os ser-           Foi trabalhar noite e dia para dar por                                                                        o que estava consignado
viços.                                        concluído o clausulado do Protocolo                                                                             em Protocolos anteriores.
  Mensalmente costumávamos ter es-            de Cooperação para o ano de 2004.                                                                               Temos a expectativa de
sa reunião do Pacto, onde se discuti-         Não sendo o texto desejado, acabou                                                                              que no ano de 2005 tudo
am problemas de fundo. Infelizmente,          por ser o clausulado possível, tanto a                                                                          estará saldado.
essas reuniões pararam, não sei por-          nível dos princípios e regras de coope-                                                                           Solidariedade - Há alte-
quê. Desde Outubro até Fevereiro não          ração como dos valores de compartici-                                                                           rações consideráveis nas
obtínhamos qualquer hipótese de res-          pação financeira para o ano em curso.                                                                           políticas deste governo e
posta, nem tão pouco para começar-            Não posso deixar de referir que o tra-                                                                          deste ministro para a
mos a tratar a questão do Protocolo.          balho negocial da CNIS na elaboração                                                                            Acção Social?
Anualmente procuramos dialogar com            do texto do Protocolo, para além da                                                                               Cón. Francisco Crespo -
o Ministério sobre a avaliação da             intervenção sempre importante dos                                                                               Penso que o Ministro Ba-
nossa cooperação com o Estado, rela-          dirigentes, se ficou a dever aos nego-            “O facto de Bagão Félix se assumir como católico praticante
                                                                                                                                                              gão Félix segue aquilo que
tivamente às respostas sociais que as         ciadores técnicos da CNIS, pessoas                não contribui nem prejudica a relação com a CNIS”             é a política do governo.


                                                                                           11
Grande Entrevista

Uma das grandes reformas que o mi-          família pode e deve escolher a institui-        pedagógicas que tenham como con-           pobreza material mas pobreza cultu-
nistro pretende efectuar é o apoio ser      ção que melhor serve os seus interes-           sequência a preocupação da quali-          ral, mental. Não querem sair dali, ao
dado às famílias e não directamente         ses, provocando uma subida de nível             dade.                                      contrário daqueles que lutam para der-
às instituições. É uma das grandes          e qualidade das instituições. Temos                                                        rotarem a sua condição de miséria. A
lutas que estamos a travar e é preciso      que estar satisfeitos e orgulharmo-nos          “NO RENDIMENTO SOCIAL DE                   mudança desta atitude não está
definir o caminho que é preciso traçar.     por fazermos melhor e mais barato.              INSERÇÃO HÁ MUITOS VÍCIOS                  directamente na política. Os políticos
  No Protocolo que assinámos desta            O futuro passa pela formação dos              IMPREGNADOS NA NOSSA                       podem ser bons, as políticas podem
vez apenas ficou uma pequena                dirigentes, pela formação dos técni-            SOCIEDADE”                                 ser boas e as leis podem ser justas,
cláusula, uma experiência no que se         cos, qualidade dos serviços, qualidade                                                     mas a formação cultural das pessoas
refere ao apoio domiciliário. Penso         dos equipamentos e saber aproveitar               Solidariedade - O Ministério da          é determinante. Nas grandes perife-
que as instituições e as nossas famí-       bem os dinheiros públicos que recebe-           Segurança Social e do Trabalho tem         rias das nossas grandes cidades o
lias ainda não estão preparadas para        mos. Há muitas instituições que têm             dado muitos sinais de mudança.             que falta é a formação cultural da
esta mudança assim tão radical. Isto        medo das inspecções, das fiscaliza-             Desde logo através da Lei da Bases,        nossa gente. Há quem se tenha habi-
não quer dizer que sejamos contra ou        ções e eu penso que quem não deve               do Código de Trabalho e das sucessi-       tuado a viver em barracos uma vida
a favor. O que precisamos é de saber        não teme. Se recebemos dinheiros                vas tentativas para alterar apoios e       inteira e se vê uma porta a cair, tendo
bem com que linhas nos vamos coser;         públicos temos que nos deixar inspec-           subsídios tradicionais, nas acções de      capacidade para pregar dois pregos,
saber o que é que isso significa; o que     cionar. De forma pedagógica, sem                fiscalização... Até que ponto esses        não o faz. Está à espera que a autar-
é que a isso corresponde.                   dúvida, mas sem receios. Há muita               sinais influenciam as relações entre as    quia lhe resolva o problema. Isto, eu
  Se verificarmos que essa mudança é        gente que não deveria estar neste tipo          instituições e os utentes?                 também o sinto, aqui no meu próprio
o melhor para que a família se sinta        de trabalho social, há muita gente que            Cón. Francisco Crespo - Ainda não        bairro. Mete-me impressão como é
responsável não sou eu, como Pre-           não serve mas apenas se serve. Não              existem grandes mudanças. Os dese-         que há tanta gente que não tem capa-
sidente da CNIS, que me oponho a es-        tenho nenhum caso concreto mas se-              jos de alterações são muitos, mas a        cidade para sair daquela situação de
sa política. Convém, no entanto, não        guramente que isso acontece.                    aplicação à realidade é complicada.        miséria cultural. A nível nacional é o
esquecer que as mais de 4 mil institui-       Solidariedade - Há boas e más Ins-            No que se refere à nova legislação do      que mais me incomoda, a falta de cul-
ções portuguesas sobrevivem, na             tituições...                                    trabalho nós estamos de acordo e           tura. Isso torna-se evidente quando se
maior parte dos casos, dos 70 a 75 por        Cón. Francisco Crespo - Claro. Há             avançamos. No que diz respeito às          fala de insucesso escolar e abandono
cento do subsídio que vem do Estado.        boas e más instituições, há bons e              baixas fraudulentas eu estou perfeita-     escolar. A maneira como os adoles-
As instituições têm esse acordo como        maus serviços, há bons e maus diri-             mente de acordo com ele e só lhe digo      centes, as crianças e os jovens hoje
garantia. Elas têm que ter a certeza de     gentes.                                         que actue o mais rapidamente possí-        se relacionam com a escola. A ligação
que aquilo que lhes chega ao final do         Solidariedade - Este é então um               vel. No Rendimento Social de Inser-        entre a escola, a família e a instituição
mês chega mesmo. Quando se trata            tempo de depuração. Um tempo em                 ção há muitos vícios impregnados na        não existe. Cada um julga fazer o seu
das famílias nós sabemos que muitas         que se vai separar o trigo do joio?             nossa sociedade, que me levam a            dever desligado do outro.
vezes elas não cumprem escrupulosa-           Cón. Francisco Crespo - Eu penso              pensar que não vai ser fácil. A política
mente os seus deveres para com a            que sim. O governo tem vindo a pas-             é boa mas com tanta possibilidade de       “A REFORMA ESCOLAR EM
instituição que as serve. Daí que seja      sar esta ideia e nós concordamos. Eu            fuga ao fisco, também esta gente, que      MARCHA NÃO ME AGRADA”
necessário salvaguardar os interesses       deixei ao Ministro um guião para as             não está habituada a trabalhar, ensaia
das instituições.                           inspecções às instituições. Queremos            a fuga ao trabalho. Como diz o dr.           Solidariedade - Em seu entender,
  Solidariedade - O Ministro Bagão          criar uma carta de compromisso em               Bruto da Costa, numa grande entre-         tem havido algumas áreas em que o
Félix também tem essa noção...              que propomos uma inspecção interna.             vista sobre a pobreza: há determinada      governo tem prestado menos aten-
  Cón. Francisco Crespo - Acho que          Isto é, uma inspecção a nós próprios.           gente que é pobre e há-de ficar sem-       ção? Que medidas é que deveriam ser
sim. Por isso é que ele vai devagar.        Para nos sentirmos à vontade e per-             pre pobre. Porque não se trata de          tomadas?
Ele próprio tem recomendado para            mitir depois as outras inspecções
que se façam pequenas experiências.         externas. Está previsto também no
Penso que por aí estamos bem. Não           Protocolo, é uma novidade de que o
fazer uma mudança radical mas irmos,        ministro gostou e mostra que não te-
como se costuma dizer, fazer caminho        mos medo de reconhecer que, infeliz-
andando. Em conjunto devemos estu-          mente, nem tudo corre bem naquilo
dar os prós e os contras, o positivo e o    que fazemos e temos que nos rever
negativo, ver o que é que podemos           permanentemente.
fazer e até onde podemos ir, ensaian-         Solidariedade - Refere-se aos re-
do naquelas valências que sejam mais        centes casos de inspecções e alguns
fáceis.                                     encerramentos?
  Solidariedade - Financiamento às            Cón. Francisco Crespo - Nas IPSS
famílias... As instituições começam a       não tem havido problemas. Depois, os
pensar nisso? O ministro ainda diz          dirigentes das instituições alteram o
que a procura é maior do que a oferta.      que está mal, na sua grande maioria.
Tem também essa ideia?                      Por isso é que defendemos que as
  Cón. Francisco Crespo - Tenho. Nós        inspecções devam ter um carácter
ainda não colocámos o problema de           pedagógico. Nós precisamos de saber
frente, mas tememos que venha a             o resultado dessas inspecções. Muitas
acontecer de um momento para o              vezes eles entram por ali sem modos
outro. Assusta-nos o facto de essa          adequados, amedrontam as IPSS e
situação não ser bem ponderada e            depois nem sequer comunicam os
provocar o caos. A política é positiva, a   resultados. Tem que haver inspecções

                                                                                       12
SOLIDARIEDADE – N.º 62 – JUNHO 2004
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SOLIDARIEDADE – N.º 62 – JUNHO 2004

  • 1. Mensal Preço: 0,50 euros 2.ª Série N.º 62 Junho 2004 Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico. Director Padre Francisco Crespo Autorização DEO/415/204004/DCN PRESIDENTE DA CNIS EM ENTREVISTA Nas Instituições, Em Fátima discutiu-se A fa- é tempo de separar o trigo do joio mília face à exclusão. A ini- ciativa da CNIS trouxe ao debate um sem-número de desafios que os dias de hoje colocam aos agregados fa- miliares portugueses. Entre as exigências acresci- das e os apoios que faltam, a Família, esse Sítio da Fe- No encerramento do deixa outro aviso ao go- licidade, resiste por vezes seminário A família face vernante: “Assinámos com denodo, soçobrando à exclusão, o Presidente um protocolo que nos noutras situações, e aqui da CNIS lembrou não custou imenso a nego- cada vez com maior fre- estarem as soluções pa- ciar. Deus nos livre de quência. ra os momentosos pro- pensar que assinámos Nas páginas interiores da- blemas invocados, to- um papel sem que depois mos amplo destaque a este dos quot;do lado de lá do aconteça nadaquot;. encontro. Páginas 3 a 6 Estadoquot;: quot;Nós também Apesar de se manifes- temos uma quota parte tar esperançado em quot;dias de responsabilidade, a melhoresquot;, o Padre Cres- Espaço de mudança passa por ca- da um de nósquot;. po foi categórico: quot;Se as verbas prometidas não Opinião E vontade não falta, segundo o Padre Fran- chegarem até Junho, nós temos que fazer ba- cisco Crespo. Mas não é rulho. Para evitar mais José Leirião tudo: exclusões, porque nós Manuel Antunes da Lomba quot;Ainda há dias, em queremos trabalhar, e já Padre José Maia conversa com o Sr. Mi- trabalhamos, para a in- Paulo Eduardo Correia nistro, o avisei - Cuida- clusão...quot;. do! Se este governo não Na entrevista que pu- se volta para o social, é blicamos nas páginas capaz de perder as pró- centrais, o Presidente ximas eleições. Pode da CNIS aprofunda o rela- haver outras preocupa- cionamento mantido com ções, como baixar o dé- o Ministério da Seguran- fice, mas isso já é uma ça Social e do Trabalho, frase feita. No meio abordando também ou- Evgen Bavcar disto tudo, quem perde tros assuntos de actuali- são sempre os pobresquot;. dade para o futuro das A surpreendente história O Presidente da CNIS Instituições. de um fotógrafo cego Ânimas intervém com animais de ajuda social Utentes da SCM de Chaves expõem artesanato ADFP pede livros para a sua Biblioteca Itinerante UDIPSS de Santarém aposta na formação Mensário da CNIS Associação de Moradores das Lameiras (Famalicão) comemora 20 anos ao serviço da comunidade Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Página 16
  • 2. Abertura Editorial Ventos de mudança Por Eugénio da Fonseca Presidente-Adjunto da CNIS Em jeito de balanço ao muito que permitindo que façam de nós aquilo elas se constituírem ou as Dele- se tem dito e feito no domínio da que nós não somos: Uma espécie gações da CNIS nos distritos onde Solidariedade em Portugal, a CNIS, de extensão das Administrações do e enquanto não se constituírem em Confederação Nacional das Institui- situações de doença, de famílias Estado que continuam a pensar que Uniões! ções de Solidariedade, também ela em ruptura, de crianças abandona- sobre nós exercem quot;tutelaquot; pelo É um novo ciclo em que todos que- sujeito e destinatário de muitas das, solidão de pessoas idosas, facto de haver uma comparticipação remos apostar numa maior respon- transformações na sua forma de se deficientes sem retaguarda familiar, financeira pública no financiamento sabilização das Uniões Distritais na organizar para melhor servir a Cau- são bem a demonstração de casos dos acordos de cooperação. prossecução dos seus objectivos sa da Solidariedade, em estreita li- em que as respostas devam estar À nossa legítima quot;autonomiaquot; e estatutários e na sua capacidade de gação com as aproximadamente 4 mais próximas, razão pela qual a quot;identidadequot; (princípios que todos interlocução com as várias Admi- mil IPSS que asseguram diaria- Segurança Social regressou à base devemos preservar) deve corres- nistrações Regionais do Estado e mente respostas sociais e de soli- distrital, num sinal inteligente de ponder por parte do Estado o princí- das próprias Autarquias do seu dis- dariedade a mais de meio milhão de que percebeu o valor da dimensão pio da quot;confiançaquot; e quot;boa fé nego- trito, de forma a, junto de todos es- portugueses, vem partilhar com os local das políticas sociais. cialquot;. tes parceiros, por um lado, serem leitores do seu renovado jornal É motivo de muita preocupação a Se às IPSS compete cumprir com garantes da autonomia e identidade SOLIDARIEDADE algumas infor- demora, por exemplo, na atribuição rigor técnico e qualidade os com- das IPSS associadas face ao Es- mações sobre a forma como está a de subsídio de desemprego a pes- promissos assumidos nos acordos tado e, por outro, junto das associa- decorrer o novo ciclo da vida da soas e famílias que dele dependem, de cooperação celebrado com o das e das comunidades onde pres- Confederação, onde a reestrutura- às vezes, para colocar o pão na Estado, como condição essencial tam acção social e solidariedade, ção da ex-UIPSS se vislumbrou co- mesa da família! para poder afirmar a sua autono- serem instâncias de mobilização na mo uma conveniência e urgência, Em boa hora ( já lá vão uns bons mia, também o Estado se deve busca de mais inovação no seu tra- capaz de melhor assegurar o que anos), as IPSS se organizaram em interrogar se prefere uma coopera- balho social, maior esforço no tra- hoje é uma evidência, a saber: A União de base nacional, mas sem ção na base da quot;confiançaquot; ou balho em rede, mais participação na quot;territorializaçãoquot; das políticas nunca terem prescindido de secre- admite, por via administrativa (atra- concepção e operacionalização de sociais. tariados distritais que acompanhas- vés de circulares internas dos seus novas políticas para novas formas A classe política há muito que sem as associadas no seu percurso Serviços), dar mais valor à letra do de exclusão e pobreza. clama por uma maior descentraliza- local de busca e serviço de res- que ao quot;espíritoquot; da cooperação, Os ventos sopram no sentido da ção do Poder, tendo mesmo sido postas sociais adequadas e à di- desvirtuando algumas vezes uma e inovação de políticas sociais e na realizado um referendo para a re- mensão de cada comunidade. outro! busca de renovadas respostas de gionalização, como expressão de Com o evoluir da cooperação en- O apelo à quot;inquietudequot; que o Se- solidariedade na sociedade por- descentralização. O povo não foi tre a então UIPSS e o Estado, en- nhor Ministro Bagão Félix nos faz, tuguesa. por aí! tendeu-se que, sem se perder a o- através da entrevista que concedeu Temos de ser dignos da confiança Entretanto, quem lida com as po- portunidade de manter uma Estru- ao SOLIDARIEDADE deve passar que o País tem depositado em nós, pulações no seu dia-a-dia, aper- tura de diálogo e negociação com o também por aqui! esperando que continuemos a ter e cebe-se que há uma grande distân- Poder Político na concepção e con- Passados alguns meses sobre a ser consciência social capaz de cia entre a urgência na satisfação figuração de políticas sociais e edu- organização da CNIS e da definição travar alguns ímpetos liberalóides e de muitas necessidades e a lenti- cativas que possam ser viabilizadas das competências do seu Conselho tecnicistas de alguns servidores do dão na sua resolução, configurada por Instituições de Solidariedade Directivo, negociado que foi o Pro- Estado, às vezes mais papistas que na praga da burocracia. Social, conviria dar autonomia, em tocolo de Cooperação para 2004, o Papa! Se, nalgumas matérias, certos princípio, às associadas de cada está agora na prioridade da agenda O momento grave que o País atrasos podem não afectar muito distrito, dando-lhes a possibilidade dos dirigentes da CNIS, através de atravessa, a vários níveis, requer processos em curso, noutras, e, de se constituírem em Uniões Dis- um núcleo onde eu mesmo me inte- de nós a maior unidade e articula- designadamente, no domínio social, tritais de IPSS. gro, na qualidade de Presidente- ção na forma de interpretar, conce- a demora pode comprometer vidas Convém continuarmos alerta para -Adjunto, dinamizar e acompanhar ber e organizar o nosso fazer e famílias inteiras. O desemprego, não nos deixarmos descaracterizar, as UDIPSS de cada distrito, onde social. PT MULTIMÉDIA E CNIS ASSINAM PROTOCOLO Material informático e de escritório fornecido gratuitamente às instituições A PT Multimédia vai disponibilizar, a título de Instituições de Solidariedade, e a PT Presidente da Comissão Executiva da PT eles venham a ser disponibilizadosquot; gratuito, quot;equipamento de escritórios usado, Multimédia, S.A., no mês passado. Multimédia, engenheiro Zeinal Abedin Maho- O Protocolo entrou em vigor no mês pas- nomeadamente mobiliário e material infor- A PT Multimédia compromete-se, sempre med Bava, ficou esclarecido que a PTM sado e tem a duração de um ano, renovável mático, proveniente de substituições no uni- que se justifique, a quot;enviar à CNIS a relação aceitará, normalmente, as sugestões da automaticamente. verso das respectivas empresas e serviços, e características dos bens disponíveisquot; para CNIS quanto às instituições que virão a ben- Para o Presidente da CNIS, este acordo para oferta a indicar pela CNIS, de acordo que possa ser feita uma melhor e mais efi- eficiar do equipamento e material informáti- representa um quot;salto importante para o com critérios de adequação e utilidadequot;. ciente gestão de disponibilidades. co, podendo, no entanto, recusar se enten- futuroquot;, dado que quot;muitas das instituições a Esta é uma parte do teor do Protocolo assi- No mesmo Protocolo, assinado pelo presi- der que quot;os beneficiários não têm capaci- beneficiar não têm capacidade financeira nado entre a CNIS, Confederação Nacional dente da CNIS, Padre Francisco Crespo, e o dade de recolha dos bens nos locais onde para se equiparem informaticamente.quot; 2
  • 3. Junho 2004 Actualidade SEMINÁRIO PROMOVIDO PELA CNIS, EM FÁTIMA A Família dos sem-tempo O cartaz do encontro não podia ser mais premonitório. A árvore que metaforizava a Família medrou nos discursos e reflexões da maioria dos palestrantes. Se bem que congregados no desejo de ver florir mais Família, mais famílias felizes, a maioria dos oradores não se coibiu de alertar para a mole imensa de pragas que vão corroendo a árvore, extirpando-a do verde viçoso e florido, deixando negros e esqueléticos galhos como herança para os vindouros. que a disponibilidade é que fazem o inferno estar tão cheio!quot; - atentarmos no facto de 93% das mu- menor, porque não há ironizou a deputada independente, lheres que trabalham o fazerem a tem- tempo. E este é um eleita nas listas do PS. po inteiro. Há mais dados. Por exem- grande dilema. Não é plo, 68% das mulheres que trabalham por acaso que o divór- não interromperam a sua actividade cio sobe, que o recurso para dar apoio à família, porque quot;a às drogas disparou de maioria das famílias não pode dispen- novo, que o abandono sar um dos saláriosquot;. À quot;densidade escolar tem aumenta- horária terrívelquot;, Maria do Rosário Car- doquot; - afirmou Margari- neiro anexa as quot;crescentes dificul- da Neto. dades económicas das famíliasquot;, lem- Dulce Rocha (Presi- bra o quot;meio milhão de desemprega- dente da Comissão dosquot; actualmente existente em Por- Nacional de Protecção tugal. Margarida Neto (ao centro), ladeada pelo Padre de Crianças e Jovens em Risco - A este quot;contexto nacional de empo- Francisco Crespo e por Maria do Rosário Carneiro CNPCJR), enfatizou a necessi- Maria do Rosário Carneiro brecimentoquot;, acresce o facto de 26% Não houve unanimidade no diagnós- dade de se promoverem mais das mulheres trabalhadoras terem os tico. Quem está mais perto do governo políticas de inclusão, desiderato com Para a parlamentar, a família é quot;o pri- filhos à sua guarda: quot;Outros 26% (com ele trabalhando ou colaborando), potenciação viabilizadora através da meiro grupo inclusivo, a primeira das estão confiados às redes informais da traçou cenário mais optimista. Quem participação das IPSS: quot;Neste capítu- estratégias para a inclusão, o sítio da família alargada. Ou seja, temos 52% está no terreno não vê adubar as 100 lo, a contribuição das IPSS é muito felicidade, onde realizamos o nosso de crianças à guarda da rede informal, medidas prometidas pelo actual exe- importante. Defendo uma colaboração projecto de vida de sermos felizes com apenas 33% sob a responsabili- cutivo. Não se contrapôs centena de institucional entre as instituições e as com outrosquot;: quot;É o sítio da confiança, dade da rede formal. Número interes- riscos, mas elencou-se número bas- Comissões de Protecção de Crianças onde todos nos conhecemos. O sítio sante, este!quot; - pontua a deputada, li- tante para nos preocupar a todos. e Jovens, cujo número já ronda as 250 do capital social, o sítio da sustentabi- bertando explicação dramática: quot;Isto Falamos do seminário subordinado no nosso paísquot;. lidade socialquot;. acontece porque o recurso à rede for- ao tema quot;A família face à exclusãoquot;, Maria do Rosário Carneiro lembrou mal não é acessível à maioria das encontro promovido pela CNIS, em as quot;alterações fantásticasquot; que se veri- famíliasquot;. Fátima, no passado dia 29 de Maio. ficaram no tecido social, nas últimas No capítulo dos idosos - números in- A abrir o encontro, o Presidente da décadas. A conquista da igualdade de dexados a famílias trabalhadoras e CNIS deixava o alerta. Sendo a família direitos entre homens e mulheres sur- não ao universo global da população uma quot;questão decisivaquot;, o quot;assunto do ge à cabeça do rol, conquista de sedi- portuguesa, a exemplo dos anterior- século XXIquot;, os políticos andarão dis- mentação quot;irreversívelquot;, que quot;nunca mente carreados -, quot;2,6% estão em traídos, descuidando colocá-la no topo pode ser colocada em causa em nome lares, havendo 52,6% a viver com as das suas prioridades. Ao catálogo de de nadaquot;: quot;A democratização da fa- suas famílias e 44,8% nas suas 100 medidas anunciadas pelo actual mília, a paridade entre o homem e a governo, o Cónego Francisco Crespo mulher na gestão da casa é uma revo- chamou-lhe quot;100 puros desejosquot; que Dulce Rocha e Padre José Maia lução notável. Nós é que revelamos, urge levar à prática quot;com a maior muitas vezes, incapacidade para gerir- urgência possívelquot;. quot;Não há outra via que não seja a da mos esta articulaçãoquot;. cooperaçãoquot; - acrescentou a oradora, 100 COMPROMISSOS, EM VEZ DE para quem quot;em vez de intervirmos pa- “A DENSIDADE HORÁRIA CEM MEDIDAS ra remediar, devemos intervir por ante- TERRÍVEL DAS MULHERES cipação, e sempre promovendo a in- TRABALHADORASquot; Margarida Neto, Coordenadora Na- clusão na famíliaquot;: quot;Procuremos sem- cional para os Assuntos da Família pre a medida de apoio junto da fa- Notou a crescente participação das (CNAFA), preferiu chamar-lhe quot;100 míliaquot; - pediu Dulce Rocha. mulheres no mercado de trabalho, ra- compromissosquot;, sendo quot;alguns da res- Antes de entrar, com profundidade tio de 54,8% para os homens e 42% ponsabilidade do Estado e outros da bastante aplaudida, no âmago da para o sector feminino. Mulheres com comunidadequot;. Pediu ajuda para a im- questão em debate, Maria do Rosário 40,7 horas de tempo de trabalho mé- plementação da centena, alertou para Carneiro pregou alfinete na contenda dio, a que há que somar os dispêndios a necessidade de todos disponibi- denominatória quot;100 medidas? - 100 nos transportes, mais duas horas diá- lizarmos mais tempo às nossas fa- Compromissos?quot;: quot;Pelo que vejo são rias nas tarefas do lar. Tudo somado, mílias: quot;Se é verdade que a família é intenções. Espero sinceramente que às mulheres exigem-se 54,7 horas se- hoje mais democrática, verificamos estas intenções não sejam aquelas manais de trabalho, cifra pesada se 3
  • 4. Actualidade CNIS debate, em Fátima, os perigos próprias casasquot;. em conta: quot;A ruptura familiar não quot;Se queremos trabalhar para a adequação à mudançaquot; - sublinhou Também aqui, segundo a deputada, passa apenas pelo divórcio. Lembro o autonomia, temos que ajudar à habili- Joaquina Madeira, defensora de quot;um quot;os que estão nas instituições são os abandono familiar, considerado o tação dos deficientes, ajudar as envelhecer activoquot;, quot;a forma futura que têm maior capacidade económi- divórcio dos pobresquot;. famílias a franquear os espaços públi- incontornável de envelhecerquot;. caquot;. Não havendo projecções similares cos, a enfrentarem os olhares curio- É tendo por base estes dados es- para Portugal, o director do IFCOOP sos que tanto magoamquot; - sublinhou TERCEIRA IDADE SÓ A PARTIR tatísticos que Maria do Rosário (Instituto de Formação e Cooperação Cristina Louro, lembrando que a ina- DOS 75 ANOS Carneiro sustenta estarem, hoje em Internacional), lançou para o debate daptação ao social é muito complexa, dia quot;as famílias mais pobresquot;: quot;As fa- números de um estudo francês, pedindo por isso o esforço de volun- Para fintar as estatísticas, que nos mílias empobreceram, são pobres. recentemente publicado pelo Le Mon- tários que se disponibilizem a visi- assustam com a chegada da quot;maré Temos meio milhão de desemprega- de. Projecção para 2050 indica que tarem regularmente tais famílias, pres- cinzentaquot;, o grosso grupo dos cabelos dos, e todos sabemos que, sem tra- um em cada três franceses terão mais tando-lhes o apoio e o conforto de que grisalhos, Joaquina Madeira propõe balho não há construção familiar. O de 60 anos nessa data, e que os ido- tanto carecem. subir em 15 anos a fasquia que sepa- desemprego é factor de ruptura fami- sos serão duas vezes mais que os Joaquina Madeira denunciou os quot;três ra a chamada vida activa da fase em liar, os maiores índices de violência jovens até aos 20 anos. equívocosquot; que moldam o percurso que entramos na terceira idade. Como familiar têm o desemprego na sua geracional dos seres humanos. À fase hoje em dia se trabalha até mais tar- génese. Isto para não falar da política AUMENTO SIGNIFICATIVO DAS prévia à produção (infância e juven- de, como trabalhamos durante mais de habitação, que dificulta significati- quot;CRIANÇAS-CHAVEIROquot; tude), associamos sempre a escola. A anos, a Vogal do ISSS defende que a vamente a progressão das famíliasquot;. etapa da produção surge indissocia- terceira idade comece oficialmente Maria do Rosário Carneiro reparte as Paulo Delgado detalhou leque de velmente ligada à empresa. Por últi- aos 75 anos: quot;Dessa forma teremos culpas do actual estado de coisas: quot;As factores de risco pairando sobre a fa- mo, a fase da pós-produção, do quot;des- muito menos idosos!quot; famílias têm culpas, porque perderam mília: o individualismo reinante, quot;no canso e desinvestimento do trabalhoquot;, Atendendo às funções que exerce, competências. A comunidade tam- seu lado mais sombrioquot;; uma cres- imageticamente lapada ao lar. Joaquina Madeira foi muito interpela- bém, basta olharmos para o facto de cente quot;fragilidade do casalquot; e o conse- quot;Temos que descontruir este sistema da pelos assistentes, alguns deles sermos o país europeu com menos quente quot;aumento de rupturasquot;, a par tão segmentado, tão sincopado das não se coibindo de criticar o desem- capital social. E temos a responsabili- do quot;consumismoquot; e da quot;perda de valo- idadesquot; - pediu a Vogal do Conselho penho do actual governo no que con- dade do Estado, seja a nível das políti- resquot;. Directivo do Instituto de Solidariedade cerne ao apoio às IPSS. Responden- cas universais, seja das compen- A falta de tempo para a família não e Segurança Social (ISSS). do às críticas, a oradora sugeriu um satóriasquot;. foi esquecida pelo docente univer- Outro equívoco reside no facto de, quot;ovo de Colomboquot;, já descoberto e sitário, constatando quando falamos de utentes dos lares, posto em prática pelos espanhóis, nos a existência de um nos referirmos apenas às suas neces- mais diversos domínios: quot;Temos que número cada vez sidades, quot;desvalorizando assim as trabalhar em rede, uns com os outros. mais significativo de suas capacidades e as suas com- Rentabilizar o que temos no local, e quot;crianças-chaveiroquot;: petências própriasquot;. não fazermos tudo de costas voltadas. quot;Refiro-me às cri- quot;O terceiro equívoco traduz-se na Os nossos recursos são insuficientes, anças que saem de ideia de massificação induzida pela razão pela qual devemos adoptar casa já com os pais expressão terceira idade. A terceira respostas colectivas para suprir tais no trabalho, regres- idade não tem um carácter identitário, carênciasquot;. sam da escola para do género um monte de gente que A última intervenção esteve a cargo aquecerem a comida está ali e não produz. Ser velho não é de Paula Guimarães, que abordou o no micro-ondas e um defeito, é uma qualidade. A vida é tema quot;A Família Cais e a Família depois ligarem a TV. um contínuo de transformações e de Gaiolaquot;. A Vice-Presidente do Instituto Têm chave de casa, de Reinserção Social Paulo Delgado mas vão perdendo considerou preocupan- os pais de vista. Muitas vezes vão te o quot;processo de de- O negro do lado direito do cartaz vai- para a cama antes dos progenitores serção da família en- -se adensando. O diagnóstico sereno terem regressado do trabalhoquot;. quanto prestação de a- de Paulo Delgado confere mais crue- No capítulo específico das famílias poioquot; aos elementos za aos ramos vazios, escancarada- com crianças deficientes, Cristina que dele necessitam. mente abandonados pelo verde- Louro considerou fundamental que a Criticou, com vee- -Esperança. estes agregados familiares se preste mência, as famílias au- O professor universitário lembrou a ajuda necessária, de molde a formar sentes durante meia que as crianças a nascer por estes uma identidade própria em tais cri- vida, mas pressurosas tempos, ou nascidas nos últimos anças: em aparecerem na al- anos, têm mais probabilidade que os quot;Apostemos num trabalho para a tura de herdar o pa- pais se divorciem do que serem acom- autonomia, em vez da campânula pro- trimónio do ente faleci- panhadas por um irmão. Alertou para tectora que muitas famílias erguem do: quot;Devemos lembrar a necessidade de não nos atermos a- em torno da criança com deficiênciaquot; - a todos que somos fa- penas às estatísticas oficiais, por pediu a Secretária Nacional para a mília sempre!quot; exemplo as que medem o número de Reabilitação e Integração das Joaquina Madeira trocando impressões com o Dr. Eleutério Críticas também para divórcios. Há outras cifras negras a ter Pessoas com Deficiênciaquot;. Manuel Alves aqueles que colocam 4
  • 5. Junho 2004 Actualidade que ameaçam as famílias portuguesas nas mãos do Estado toda a responsa- Paula Guimarães defendeu a neces- Considerou quot;tristequot; não serem dados mente através de políticas sociais pro- bilidade no apoio aos idosos: quot;Choca- sidade dos poderes públicos legis- incentivos às instituições de acolhi- movidas pelo Estadoquot;. -me bastante que, quando se encerra larem no sentido da instituição de uma mento temporário: quot;Neste quadro, de quot;Isto passa, necessariamente, por um lar, se venha dizer que a respon- apoio apenas ao acolhimento perma- políticas de sustentabilidade económi- sabilidade é toda do Estado e nunca nente, estamos a estimular a deser- ca, facilitando o enquadramento labo- da família. Família que nunca fiscali- ção da família!quot; ral, flexibilizando horários - nomeada- zou o serviço prestado pelo lar, que A síntese conclusiva dos trabalhos mente das mulheres trabalhadoras -, nunca vai buscar as pessoas ao fim ficou a cargo do Prof. Manuel Do- criando também estruturas que permi- de semana ou nas férias, que nunca mingos. O Secretário da Direcção da tam aliviar e apoiar o núcleo familiarquot;. tratou de fazer as perguntas prévias CNIS aproveitou a metáfora da árvore A promoção da habitação condigna, necessárias para aquilatar das quali- para lembrar que a mesma simboliza a aposta na formação humana, cívica dades do serviço prestado pela insti- um contrato de gerações, contrato de e moral dos cidadãos, uma atenção tuiçãoquot;. responsabilidades partilhadas por especial às famílias com crianças por- todos os ramos da família, dos mais tadoras de deficiência e às famílias CONTRA O SUFOCO DA jovens aos mais idosos. albergando idosos no seu seio, foram quot;FAMÍLIA-GAIOLAquot; quot;Independentemente do conceito outras das propostas resultantes des- que tenhamos de família, a subsistên- te encontro. Para que, num próximo Para Paula Guimarães, a família não cia e a felicidade da mesma esbarram seminário, o Verde-Esperança da es- se deve transformar numa prisão para frequentemente em dificuldades de querda do cartaz abafe, com a sua ge- o idoso, tornando-se num espaço su- Paula Guimarães natureza económica, também na falta nerosa e acolhedora ramagem, o ne- focante, numa quot;família-gaiolaquot;. A famí- de tempo e de disponibilidade para o gro austero e cruel da margem direita. lia deve ser envolvida nas decisões quot;licença para apoio no fim de vidaquot;: acompanhamento dos vários elemen- Manuel Domigos teceu ainda pa- que reportam ao futuro e ao bem-estar quot;Não critico a dilatação da licença de tos de um agregado familiarquot; - subli- lavras de elogio à organização do do idoso, mas respeitando sempre a maternidade, mas constato que, para nhou aquele responsável da CNIS. evento, a cargo da empresa Margem sua autonomia, o seu poder de deci- nós, a família são só os pais e os fi- Para Manuel Domingos, os escolhos C.C.E. Lda. são. A quot;família-caisquot; surge como con- lhos. Esquecemo-nos que, para haver elencados no encontro de Fátima não traponto: quot;Aqui entende-se o idoso pais e filhos, houve uma geração an- são quot;mera utopiaquot;, antes quot;problemas Reportagem de D. Pedro Alves como um elemento útil da famíliaquot;. tes, também houve avósquot;. reais que urge resolver, nomeada- À margem do seminário Padre Maia e as “inquietudes” de Bagão Félix Os presságios cifrados de Maria do Rosário Carneiro Evidenciando a boa disposição que lhe é peculiar, o Padre Maia exibiu, a certa altura, a todos os presentes, a primeira página do Solidariedade. Em causa estava a manchete do Maria do Rosário Carneiro deixou número anterior: quot;Como vêem, o Sr. Ministro diz aqui que quer gerar alguma inquietude nas no ar uma preocupação, aventada de instituições. E nós respondemos, dizendo que podemos gerar muita inquietude no nosso forma um tanto cifrada. Quando liber- ministroquot;. tava números referentes ao tempo Quando Maria do Rosário Carneiro se referiu à revolução traduzida na conquista da igual- exigido às mulheres que trabalham dade de direitos entre homens e mulheres, Padre Maia, na ocasião moderando o debate, ou fora de casa, não se cansou de enfa- não ouviu bem, ou fez que não ouviu. A verdade é que pediu à oradora que esclarecesse se tizar, repetidamente e com denodo, tinha falado em quot;revoluçãoquot; ou em quot;evoluçãoquot;. que a chegada do sector feminino ao A deputada sublinhou o quot;rquot; inicial, perante os sorrisos da assistência, bem lembrada, esta, mercado de trabalho era, a par de ou- da recente polémica em torno das comemorações dos 30 anos do 25 de Abril. tras conquistas, um processo irrever- Padre Maia que deixou ainda um aviso a Maria do Rosário Carneiro, tudo a propósito dos sível, sem marcha-atrás. Disse pres- números crescentes de homens gozando licença de paternidade: sentir, no ar, algo que teria dificuldade quot;Não se esqueça de que, nos bairros sociais, há muitos homens que ficam em casa e mandam as mulheres trabalhar. em aceitar. E por aqui se ficou. São um perigo…!quot;. Consultando os oráculos do Soli- Generoso no tempo disponibilizado à deputada, cuja prestação classificou de quot;brilhantequot;, Padre Maia não seguiu o dariedade, naturalmente falíveis (os mesmo critério com o representante do Governo Civil de Santarém. oráculos já não são o que eram!), O moderador ouviu atentamente as palavras de cortesia do orador, gentil na parabenização da iniciativa. Mas quando o quase arriscávamos que a deputada convidado mudou a rota do discurso e começou a elogiar as medidas de prevenção rodoviária recentemente adoptadas receia medidas ou incentivos tenden- pelo governo, já estão mesmo a adivinhar. O representante do governo teve mesmo que se apressar no discurso, deixan- tes a fazer regressar, de novo, a mu- do a sinistralidade das estradas portuguesas para outros debates… lher ao lar, doce lar… 5
  • 6. Actualidade NOVA LEGISLAÇÃO NA FORJA 40 anos de descontos dão reforma por inteiro próprio ministro tudo leva a crer que mesma maneira uma pessoa que com venha a ser fixada nos 5 por cento. 40 anos teve três anos de descontos Bagão Félix já tem argumentado com de outra que trabalhou 20 anos. Isto é os números de um estudo feito pelo um seguro contributivo. Também tem Ministério que tutela, que dá conta que haver um prémio à contributivi- que os 5 por cento representam um dade. Vamos reforçar a exigência. valor neutro, sem perdas nem ganhos Quem recusar uma oferta de emprego para a Segurança Social. do Centro de Emprego para as suas O projecto de lei está a ser ultimado habilitações, na mesma área de e vai regulamentar situações de refor- residência, vai perder o direito ao ma antecipada, tendo em conta ques- subsídio. Temos que ser mais exi- tões relacionadas com o desemprego, gentes e mais generosos.quot; profissões de desgaste rápido e O ministro tem sido criticado pelos ralações entre a idade e a carreira sindicatos e associações patronais e contributiva. já admitiu fazer algumas correcções ao novo projecto de lei. A distância da SINDICATOS PREOCUPADOS residência a que o desempregado está obrigado a aceitar trabalho pro- Os sindicatos estão preocupados posto pelos centros de emprego pode com as reformas antecipadas que po- baixar dos 40 quilómetros, que es- dem esconder algumas fraudes leva- tavam a ser considerados. das a cabo por várias empresas. Concretamente aquelas que refor- INDEMNIZAÇÕES mam funcionários e depois os con- E DESEMPREGO tratam ilegalmente para fazerem o mesmo trabalho, ganhando menos. O projecto de lei que vai alterar o O ministro Bagão Félix está também regime de subsídio de desemprego a preparar alterações no subsídio de prevê uma penalização para aqueles desemprego. Conforme afirmou ao que, no âmbito de uma rescisão por Solidariedade, a nova legislação quot;vai mútuo acordo, sejam despedidos e facilitar o acesso das pessoas ao recebam uma indemnização superior subsídio de desemprego. Agora são a 1,5 salários por cada ano de traba- O ministério da Segurança Social e ma, será penalizado. Actualmente a precisos descontos de 540 dias nos lho. Ficará abrangido 50 por cento do do Trabalho prepara-se para introduzir penalização em vigor é de 4,5 por últimos dois anos e apenas vão ser montante que está acima desse nível, algumas alterações ao regime de re- cento, por ano, para todos aqueles precisos descontos de nove meses no com a penalização a repercutir-se no formas antecipadas. quot;As pessoas com que, tendo 30 anos de contribuições, último ano. O acesso é maior. Não se número de dias de subsídio a que o 40 anos de carreira contributiva não se aposentem antes dos 65 anos de vai diminuir o valor, mas o número de trabalhador desempregado normal- terão qualquer tipo de penalizaçãoquot;, idade. meses que se vai receber - que hoje é mente tem direito. Esse excesso será independentemente da idade, garan- Uma das alterações que está a ser calculado em função da idade -, vai tributado no IRS. Esta dupla tributação tiu Bagão Félix depois de mais uma discutida em sede de Concertação passar a ser calculado em função da camuflada está a ser denunciada pe- reunião de Concertação Social. Quem Social é a actualização dessa taxa de idade mas também do número de los sindicatos, que afirmam tratar-se tiver menos anos de descontos e não penalização anual. Pelas declarações anos de descontos. É uma questão de de uma afronta sobretudo aos traba- tiver 65 anos, a idade legal de refor- cruzadas entre os sindicatos e o justiça. Não pode ser tratada da lhadores mais antigos. Camião dos computadores Já ouviu falar do Centro de Divul- informática. posições, feiras e eventos que justi- gação das Tecnologias de Informação Este projecto, criado pela Fundação fiquem a sua presença. (CDTI) Móvel? É um espaço interacti- para a Divulgação das Tecnologias de Entre 20 e 22 de Maio esteve na vo de divulgação das Tecnologias de Informação, tem como principais obje- Escola Secundária da Ramada, em Informação, que dispõe de 12 compu- ctivos a divulgação e sensibilização Odivelas. Passou depois por Tires, tadores, Impressoras, Scaner, Tele- dos jovens para as tecnologias de in- sendo aguardado na Figueira da Foz visores, Vídeo e serviços como a In- formação, proporcionando um contac- entre 23 e 26 de Junho. ternet, Vídeo Conferência e Multimé- to directo com a nova era digital. Já pensou levá-lo até à sua IPSS? dia assistidos por monitores devida- O camião fantástico, como lhe cha- Nada mais simples. Contacte a FDTI, mente habilitados na prestação de mam os jovens, percorre várias locali- através do e-mail fdti@fdti.pt. Depois todas informações inerentes à apreen- dades do país mediante solicitações conte-nos a experiência. Vai ver que são de conhecimentos na área da de entidades, permanecendo em ex- valeu a pena. 6
  • 7. Junho 2004 Respigos Famílias Portuguesas: Empowerment entre a crise e a esperança É preciso mencionar o que significa viver em situações de extrema exclusão, onde a opacidade, por vezes, é a condição da sobrevivência, dado que rara- mente ocorrem agregações dentro da desintegração. Ou seja, nestes extremos Portugal viu aumentar o número de famílias residentes nos últimos anos, mas as pessoas têm muita dificuldade em se agruparem, organizarem e fazerem as famílias portuguesas estão mais pequenas, com menos filhos, menos casa- ouvir a sua voz. Isso faz com que hoje se fale cada vez mais de empowerment. mentos e mais divórcios. A média de pessoas por família baixou, nos últimos Por vezes, estes dados nem chegam a constar das estatísticas oficiais nem anos, de 3,1 para 2,8 pessoas. dos inquéritos convencionais, porque não questionam os prisioneiros e pri- Estes dados fazem parte da quot;breve caracterização estatística da família por- sioneiras, os camponeses e camponesas isolados, as pessoas idosas depen- tuguesaquot; que o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou por ocasião dentes e isoladas, os vagabundos, os que sofrem de uma doença crónica, os Dia Internacional da Família, e do X aniversário do Ano Internacional da Família jovens que andam à deriva. instituído pela ONU em 1994. CIARIS, http://ciaris.ilo.org/ Para Margarida Neto, Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família, “apesar dos indicadores serem muito negativos em relação à família, e justa- mente por isso, ela é cada vez mais o núcleo que responde às inquietações que a sociedade nos coloca hoje”. “A sociedade à nossa volta tem de se organizar em torno da família e não o contrário”. O INE apresenta ainda alterações nos padrões de nupcialidade, divorcialidade e da fecundidade, bem como o aumento da esperança de vida, com o conse- quente envelhecimento da população portuguesa. A taxa de nupcialidade diminuiu de 7,2 casamentos por mil habitantes em 1991 para 5,7 em 2001 (5,4 em 2002). Paralelamente assistiu-se ao aumento da taxa de divorcialidade, cujo valor passou de 1,1 divórcios por mil habitantes em 1991 para 1,8 em 2001 (2,7 em 2002). Para além da redução do número de casamentos assistiu-se, no mesmo perío- do, ao retardar da idade do primeiro casamento (legal), alterando-se de 26,3 anos nos homens e de 24,4 anos nas mulheres, em 1991, para os 27,8 anos e 26,1 anos, respectivamente, em 2001 (28,0 e 26,4, respectivamente, em 2002). “A sociedade também não ajuda: ao núcleo estável de pai, mãe e filhos cha- mamos família tradicional, com um teor pejorativo”, acusa Margarida Neto, para quem a família biparental continua a ser que dá melhores garantias para a cria- ção e educação dos filhos. Outro dado significativo tem a ver com o aumento da proporção de casais sem filhos, que passou de 29,1% para 43% do total. Agência Ecclesia Arcebispo do Lubango denuncia violação dos Política Social Direitos Humanos A crise económica e as suas consequências em termos de desemprego, situa- ções de 'stress' e depressão psicológica, tensão e desagregação familiar O Arcebispo do Lubango denunciou na Huíla a exigem especial atenção à política social. É nestas circunstâncias que mais se ocupação ilegal de terras em alguns Municípios da pede que a sua acção seja efectiva e eficaz. província. Dom Zacarias Camuenho caracterizou Com a meticulosidade da formiga, a política social desenha-se nos tempos de de profundas as violações dos direitos humanos crescimento para aguentar o embate das crises. Os subsídios de desemprego, nesta vertente. doença ou rendimento mínimo constituem meios para a sociedade se defender O prelado fez a denúncia à Rádio Ecclesia numa da miséria e do desespero. São um factor de estabilidade, um travão à guerra altura em que disse estar a receber muitas queixas civil nas ruas pelo pão de cada dia. É erro grave se alguém os confundir como de camponeses e das comunidades, que estão a um prémio por ter nascido ou um incentivo a não trabalhar. Ou até como re- perder as suas terras tradicionais. Segundo Dom compensa de um seguro.Torna-se, por isso, inquietante que seja exactamente Zacarias, uma das razões que concorre para isso agora que mais se fale de mudar, controlar e modernizar. É verdade que depois é o desconhecimento por parte das populações de décadas quase sem nada, as traves de um Estado Social numa Europa dos direitos do cidadão. Social se edificaram nos últimos 30 anos com equívocos, erros e descontrolos. As declarações do prémio Sakarov 2001 coincidi- Nada se ganhará,contudo, para além de descofiança e descrédito, se a opção ram com notícias de usurpação de terras no Município da Umpata. Segundo a dos responsáveis das políticas sociais for persistir em pôr tudo em questão ou imprensa angolana e organizações não governamentais, centenas de cam- a mudar de sistema informático. É que assim não vai haver política social que poneses e pastores perderam as suas terras para novos fazendeiros. De acor- aguente a crise. do com as mesmas fontes, estes gozam do apoio das autoridades. João Vaz. Director-Adjunto do Correio da Manhã, 15.05.2004 O Apostolado (Luanda) 7
  • 9. Junho 2004 Vida Associativa Ânimas Intervenção com animais de ajuda social A Ânimas – Associação Portuguesa portamento do IBMC (Instituto de que deverá ser renovado cada 6 Em Maio de 2002, esta IPSS organi- para a Intervenção com Animais de Biologia Molecular e Celular), o pro- meses, e que o utente deverá trazer zou um Seminário com o objectivo de Ajuda Social -, é uma Associação sem jecto de que lançou mãos em Maio de consigo sempre que se desloque em sensibilizar os técnicos de saúde e o fins lucrativos que visa promover a uti- 2002 “pretende promover, à luz do que locais públicos acompanhado do seu público em geral para a utilidade dos lização de cães de assistência por tem sido realizado com êxito noutros cão. cães de assistência. Este evento, rea- pessoas com incapacidades, como países e já em Portugal, a integração lizado em colaboração com a Funda- Em todo este processo, a associação seja o caso de indivíduos utilizadores social e laboral de muitas pessoas, ción Bocalán, de Madrid, incluiu várias tem como princípio salvaguardar o de cadeiras de rodas e indivíduos sur- dando um passo no sentido de elimi- comunicações proferidas por interve- bem-estar dos animais durante o seu dos. Neste sentido desenvolve activi- nar barreiras e sensibilizar a socieda- nientes com vasta experiência, tanto ciclo de vida. Para isso cria condições dades de formação de técnicos, treino de para estes problemas”. no treino de cães como na aplicação de forma a que, tanto durante o perío- de cães e o relacionamento destes de programas para pessoas com inca- O cão de assistência é treinado du- do de desenvolvimento dos cachorros, com os respectivos utentes com vista pacidades. rante dez a doze meses, sendo mais como durante as diversas fases de à sua maior independência, integra- tarde submetido a um período de liga- treino, e mesmo depois de serem ce- Os cães são cedidos gratuitamente a ção social e comunitária. ção ao seu futuro dono, de acordo didos aos utentes, os cães sejam tra- pessoas de associações que mani- “A nossa associação desenvolve com os seus problemas, completando tados com todos os cuidados que ne- festem necessidade de recorrer aos actividades de treino específico de a formação aproximadamente ao fim cessitem, obedecendo a todas as prestimosos serviços dos animais. cães e de formação de técnicos que de um ano. regras de ética referentes ao uso de Nem tudo têm sido rosas na vida da façam a ligação do utente ao seu ani- animais de trabalho. associação. Liliana de Sousa refere as mal. Estes cães são cedidos gratuita- Em colaboração com a Escola EB 1 dificuldades com que se vão deparan- mente às pessoas com incapacidades da Bajouca, os técnicos de saúde da do: “As exigências e o rigor que têm que necessitem dos seus serviços. Ânimas realizaram um programa de de existir para este tipo de trabalho Pretende-se, assim, disponibilizar a intervenção no âmbito da Terapia levam a que a Associação, única no estas pessoas a posse de um animal Assistida por Animais, com os alunos País e recentemente formada, se que se demonstrou ser de grande utili- que mostravam dificuldades de apren- depare com inúmeras dificuldades, es- dade, não só em termos psicológicos dizagem. Neste programa foram uti- pecialmente de ordem financeira. A e motivacionais no momento de supe- lizados dois cães como intermediários Ânimas, que está a iniciar as suas rar uma incapacidade mas, do mesmo entre as crianças e os terapeutas, actividades, confronta-se ainda com a modo, no que reporta à reabilitação. Scooby (cão treinado pela Ânimas), facilitando a aproximação e a comuni- falta de sensibilização e informação As pessoas que possuem um cão de abrindo uma porta cação entre ambos. No final do ano da sociedade em geral, o que dificulta assistência aumentam o seu nível de lectivo, os alunos que participaram a obtenção de ajudas financeiras e, independência de forma notável, uma As raças mais utilizadas para cães mostraram mudanças positivas no seu consequentemente, a viabilidade dos vez que esses animais actuam em de assistência são o Labrador Re- desempenho escolar. objectivos a que se propõe. Assim, áreas nas quais o utente está total ou triever e o Golden Retriever, pelo seu estamos a desenvolver esforços com parcialmente incapacitado, como se- carácter afável, dócil e agradável. Es- o fim de angariar o maior número pos- jam o abrir portas, recolher objectos tas raças são mundialmente as mais sível de apoios que permitam a imple- do chão ou de locais inacessíveis, usadas, quer se trate de cães- mentação deste projecto, cuja acção acender luzes, despir certas peças de -guia para cegos, cães para auxiliar tem vastos benefícios quotidianos e vestuário ou, no caso de indivíduos indivíduos com deficiência motora ou psico-sociais”. com deficiência auditiva, alertar para o toque de uma campainha, para o cho- cães no âmbito da Terapia Assistida ro de um recém-nascido, para o por Animais. alarme de incêndio” – afirmou ao Os cães cedidos pela Ânimas Contactos: Solidariedade a presidente da institui- entregam-se com coletes, com cader- Av. Sidónio Pais, 392, r/c Dto. ção, Prof. Doutora Liliana de Sousa. neta de direitos dos cães de assistên- 4100-466 PORTO Telefones: 22 606 7600, Para esta docente do ICBAS cia, apólice de seguro de responsabili- 91 815 7456 ou 93 321 244 (Instituto de Ciências Biomédicas Abel dade civil, certificado de treino do cão animas@mail.pt Salazar), responsável também do credenciado pela associação, boletim Scooby ajudando a descalçar Departamento de Neurocomporta- de vacinas e de análises ao sangue, os sapatos ao dono Cãopanhia do riso e da brincadeira 9
  • 10. Vida Associativa PRIMEIRA MOSTRA AO PÚBLICO CONQUISTOU ADEPTOS EM CHAVES Utentes da Sta. Casa da Misericórdia expõem trabalhos rádio traduzem a o gosto. No final, como gostei, deixei Molas, massa de uso culinário, teci- forma de estar da estarquot;, disse Maria Alves. dos, colas, tintas, esferovite, gesso, Santa Casa, se eles Imprimir dinamismo ao dia a dia dos ráfia, foram alguns dos materiais uti- entram activos é im- idosos não só através da prática de lizados no processo de elaboração portante mantê-los o trabalhos manuais mas também de dos trabalhos. mais tempo possível outras realizações, constitui um activosquot;. aspecto fundamental na qualidade de INTERCÂMBIO DE ACTIVIDADES Contrariando a i- vida dos utentes. deia de que ter Para Amélia Perfeito, que no mês de idade é sinónimo de APROVEITAMENTO DE MATERIAIS Julho completa cinco anos como sedentarismo, Jorge utente daquela instituição, não foi tare- Fernandes acres- quot;Combater a solidão mantendo os fa difícil fazer as meias e as peúgas de centou que quot;a insti- idosos ocupados e aproveitar a mobili- lã. quot;Durante muito tempo teci e fiz tuição não tem só dade que eles ainda vão tendo da me- camisolas e nunca levei dinheiro a pessoas incapacita- lhor maneira, fazendo com que eles se ninguém por issoquot;, disse. Mais de meia centena de trabalhos das, na maioria são sintam úteis e porque deveras ainda o E porque não perdeu o engenho e a manuais elaborados pelos idosos dos pessoas totalmente independentes. É sãoquot; constitui o principal desafio de arte, quot;se estiver com disposição sou lares e centros de dia da Santa Casa claro que com o tempo e com a idade Luísa Teixeira, técnica de animação capaz de fazer as meias num diaquot;, da Misericórdia de Chaves estiveram passam a estar um pouco mais limi- sócio-cultural da Misericórdia de acrescentou. expostos ao público, no Espaço tadas, mas isso não as impede de Chaves. De entre as várias actividades que os ADRAT, em Chaves, no passado mês realizar actividadesquot;. Apesar dos trabalhos dos idosos já idosos desenvolvem ao longo do ano, de Maio. Entre objectos de decoração A mostra convida os visitantes de terem estado expostos na última abrangendo visitas a museus, san- realizados através do emprego de va- todas as idades a apreciarem aquilo edição da Feira dos Santos, uma feira tuários e exposições, intercâmbio de riadíssimos materiais, a imaginação que eles sabem e gostam de fazer e anual que conta com expositores actividades com as crianças, através dos mais velhos foi posta à prova. também a desvendarem os segredos nacionais e internacionais, mas sob o do conto de histórias, participação em do aproveitamento de alguns mate- propósito de venda. Desta vez, a ideia actividades culturais do município A iniciativa insere-se na componente riais de uso diário na confecção de da exposição tem a finalidade de quot;pro- flaviense, como o desfile de Carnaval de animação sócio-cultural de que os objectos de adorno e não só. porcionar à comunidade um contacto e a Feira dos Santos são alguns dos idosos dispõem na instituição. Deste Talentos que pelos vistos ainda são mais próximo com o dia-a-dia dos exemplos que podem ser vistos pelos modo, ao longo do ano são muitas as capazes de surpreender. Que o diga utentesquot;, referiu. vários registos fotográficos espalha- actividades que realizam dentro e fora um dos alunos do segundo ano de um O projecto tem para a responsável dos pela exposição. dos lares. Como lembrou o vice prove- jardim-escola local que ao visitar a ex- pela organização do evento, uma A iniciativa teve ao longo de uma dor da Santa Casa da Misericórdia de posição perguntou a uma das autoras perspectiva muito prática: quot;pretendia- semana muita adesão, o que pode Chaves, para além da prática de tra- de alguns dos trabalhos expostos -se trabalhar com materiais de uso fre- servir de pretexto para aguçar a balhos manuais existem outras ver- quot;como teve tanta imaginação?quot;. A quente que são facilmente manuseá- curiosidade do público mantendo-o tentes, quot;toda a envolvente da ani- resposta foi simples: quot;criei uma espé- veis, acessíveis em termos económi- expectante por ver o muito que estes mação como a ginástica, exercícios de cie de molde, agarrei na agulha e nas cos e, a partir daí, criar formas e tex- imaginativos artistas ainda têm para manutenção, teatro, ou o programa de linhas e fui fazendo sempre, conforme turasquot;. mostrar. CÂMARA DE ALBERGARIA E IPSS DE MÃOS DADAS CONTRA A DROGA Intervir por uma geração clean Tendo consciência de que a toxi- das relações interpessoais e minimi- - Planear e executar projectos de este projecto será implementado, no codependência alastra no concelho, a zando os factores de risco relaciona- prevenção primária adequados à rea- terreno, por duas instituições de soli- Câmara Municipal de Albergaria dos com o uso e abuso de substân- lidade concelhia; dariedade social: a Probranca e a decidiu elaborar o Plano Municipal de cias lícitas e ilícitas. - Contribuir para o desenvolvimento Associação de Solidariedade Social Prevenção Primária das Toxicodepen- As linhas gerais de intervenção do integral da personalidade das crian- de Alquerubim (ASSA). A primeira dências, documento que apresentou Plano Municipal de Prevenção Primá- ças e jovens, assente em valores que entidade intervirá nas freguesias da aos parceiros sociais no passado dia ria das Toxicodependências assentam lhes permitam desenvolver a sua Branca, Ribeira de Fráguas, Vale 11 de Maio. em quatro grandes objectivos: capacidade de resiliência; Maior e Albergaria-a-Velha, abrangen- Sob o slogan quot;Intervir por uma gera- - Aprofundar o conhecimento da rea- - Reduzir o número de casos de in- do um universo de 1 451 alunos. Por ção cleanquot;, este plano pretende inter- lidade concelhia ao nível do fenómeno sucesso escolar, abandono escolar, seu lado, a ASSA terá sob a sua vir ao nível da prevenção em meio da toxicodependência, permitindo iniciação precoce dos consumos de responsabilidade as freguesias de escolar (do pré-escolar ao se- uma melhor análise e avaliação dos substâncias lícitas e ilícitas e de delin- Alquerubim, S. João de Loure, cundário), promovendo estilos de vida factores de risco e factores de pro- quência. Frossos e Angeja, aqui com um saudáveis, melhorando a qualidade tecção; Definidas as linhas orientadoras, grupo-alvo de 1 520 alunos. 10
  • 11. Junho 2004 Grande Entrevista Cónego Francisco Crespo, Presidente da CNIS Nas Instituições de Solidariedade, é tempo de separarmos o trigo do joio Por V. M. Pinto Onde se sente como peixe na água é no Centro que merecem junto das equipas nego- cionamento com a CNIS? Social e Paroquial de S. Vicente de Paulo, um oásis ciadoras do Governo de um grande Cón. Francisco Crespo - Penso que mesmo no meio do degradado bairro da Serafina, em prestígio e respeito pela sua compe- o facto de Bagão Félix se assumir Lisboa. O cónego Francisco Crespo conhece bem tência. Trabalhou-se até à última hora. como católico, praticante - aliás, foi todos os cantos da enorme casa que foi crescendo, Já na sala nobre do MSST, antes presidente da Comissão de Justiça e à custa de muito trabalho, dedicação e vontade. mesmo da assinatura do Protocolo, Paz -, não contribui nem prejudica a Foram 27 anos de missão com resultados bem evi- tornou-se necessário clarificar alguns relação com a CNIS. Ele sabe separar dentes: A instituição tem 150 trabalhadores e mais de pontos que não repercutiam como as águas. Não mistura o que é política 700 utentes. quot;É uma das instituições-piloto a nível desejávamos aspectos essenciais das com religião. Da nossa parte, e falan- nacional. É onde me sinto realizado no trabalho que reuniões negociais. do da minha experiência, não como faço, sobretudo como padre. É um bairro extrema- Com a assinatura do Protocolo, e presidente mas como vogal e como mente complicado, onde existem todos os problemas apesar de nos preocuparem algumas membro da antiga direcção da União, dos bairros marginais. Quando eu cheguei cá em 1977 a Igreja não tinha sinais. Havia inovações introduzidas, sobretudo ao devo dizer que, do contacto com ou- uns barracos. Agora tem um forte testemunho.quot; nível de algumas obrigações que indi- tros ministros e outros secretários de Em reconhecimento deste trabalho o Patriarca de Lisboa nomeou-o Cónego. quot;O ciam alguma atitude de menos confi- estado, por vezes, era mais fácil a Cónego é conselheiro do Bispo, está mais relacionado com os problemas da diocese, ança do Estado nas IPSS, há con- negociação... Os tempos eram dife- neste caso o Patriarcado de Lisboa. É uma atitude de serviço. Por mim, gostava de ser dições de mais paz social para a pros- rentes... sempre pároco de aldeia ou do bairro.quot; secução do nosso trabalho em benefí- Solidariedade - Reconhece que este Cultiva esta simplicidade e discrição. Por isso, foi com enorme sacrifício que aceitou cio das centenas de milhar de pes- é um Ministro difícil.. ser Presidente da CNIS, em 2003. Como marca pessoal fica ligado à reforma da estru- soas que diariamente solicitam os Cón. Francisco Crespo - Nós esta- tura e à constituição das Uniões Distritais, praticamente concluída. Esta entrevista ao nossos serviços de solidariedade. mos a viver num país em crise e Solidariedade é um balanço a meio do mandato. Solidariedade - Essas dificuldades andamos todos a contar os cêntimos. negociais ficam a dever-se a mudan- Talvez seja por causa disso... Quando ças de políticas de cooperação ou têm lemos as entrevistas, e conhecemos Solidariedade – Em entrevista ao IPSS estão a garantir no país inteiro, a ver com a personalidade deste Mi- as opiniões dele, sabemos que ele nosso jornal, o Ministro da Segurança daí tirando as consequências para nistro? O facto, por exemplo, de vive aquilo que o país está a viver. É Social e do Trabalho, afirma que quer revisão de tais políticas ou inovação Bagão Félix ser um assumido católico um momento de crise que não aconte- gerar alguma inquietude nas institui- em relação a novas formas de garan- não podia trazer vantagens ao rela- cia há uns anos. As dificuldades nas ções. Como é que caracteriza as tir a acção social e a solidariedade aos negociações espelham relações com o Ministério de Bagão mais carenciados. essa crise económica. Nós Félix? Por fim, e depois de bastante temos a haver muito de Cón. Francisco Crespo - Devo dizer pressão, o Senhor Ministro acabou por anos anteriores e dos go- que houve altos e baixos. Estivemos marcar duas reuniões que foram ful- vernos anteriores, por muito tempo sem fazermos uma crais para começarmos a avançar com causa da inflação e do que reunião do Pacto de Cooperação para o Protocolo. Devo dizer que neste ano foi negociado. a Solidariedade Social. O Pacto é um houve, portanto, um interregno bas- Estas questões foram instrumento, a nível ministerial, que tante prolongado. A partir desse salvaguardadas, nos Pro- permite abordar todos os problemas momento, passou a existir um diálogo tocolos de 2002, 2003, do país, onde nós estamos represen- mais próximo, sobretudo com os para que dentro da medida tados, a CNIS, com as Mutualidades, serviços técnicos da Direcção-Geral do possível, este ano já com as Misericórdias, com as Au- de Acção Social. começássemos a recuperar tarquias, com os Sindicatos e os ser- Foi trabalhar noite e dia para dar por o que estava consignado viços. concluído o clausulado do Protocolo em Protocolos anteriores. Mensalmente costumávamos ter es- de Cooperação para o ano de 2004. Temos a expectativa de sa reunião do Pacto, onde se discuti- Não sendo o texto desejado, acabou que no ano de 2005 tudo am problemas de fundo. Infelizmente, por ser o clausulado possível, tanto a estará saldado. essas reuniões pararam, não sei por- nível dos princípios e regras de coope- Solidariedade - Há alte- quê. Desde Outubro até Fevereiro não ração como dos valores de compartici- rações consideráveis nas obtínhamos qualquer hipótese de res- pação financeira para o ano em curso. políticas deste governo e posta, nem tão pouco para começar- Não posso deixar de referir que o tra- deste ministro para a mos a tratar a questão do Protocolo. balho negocial da CNIS na elaboração Acção Social? Anualmente procuramos dialogar com do texto do Protocolo, para além da Cón. Francisco Crespo - o Ministério sobre a avaliação da intervenção sempre importante dos Penso que o Ministro Ba- nossa cooperação com o Estado, rela- dirigentes, se ficou a dever aos nego- “O facto de Bagão Félix se assumir como católico praticante gão Félix segue aquilo que tivamente às respostas sociais que as ciadores técnicos da CNIS, pessoas não contribui nem prejudica a relação com a CNIS” é a política do governo. 11
  • 12. Grande Entrevista Uma das grandes reformas que o mi- família pode e deve escolher a institui- pedagógicas que tenham como con- pobreza material mas pobreza cultu- nistro pretende efectuar é o apoio ser ção que melhor serve os seus interes- sequência a preocupação da quali- ral, mental. Não querem sair dali, ao dado às famílias e não directamente ses, provocando uma subida de nível dade. contrário daqueles que lutam para der- às instituições. É uma das grandes e qualidade das instituições. Temos rotarem a sua condição de miséria. A lutas que estamos a travar e é preciso que estar satisfeitos e orgulharmo-nos “NO RENDIMENTO SOCIAL DE mudança desta atitude não está definir o caminho que é preciso traçar. por fazermos melhor e mais barato. INSERÇÃO HÁ MUITOS VÍCIOS directamente na política. Os políticos No Protocolo que assinámos desta O futuro passa pela formação dos IMPREGNADOS NA NOSSA podem ser bons, as políticas podem vez apenas ficou uma pequena dirigentes, pela formação dos técni- SOCIEDADE” ser boas e as leis podem ser justas, cláusula, uma experiência no que se cos, qualidade dos serviços, qualidade mas a formação cultural das pessoas refere ao apoio domiciliário. Penso dos equipamentos e saber aproveitar Solidariedade - O Ministério da é determinante. Nas grandes perife- que as instituições e as nossas famí- bem os dinheiros públicos que recebe- Segurança Social e do Trabalho tem rias das nossas grandes cidades o lias ainda não estão preparadas para mos. Há muitas instituições que têm dado muitos sinais de mudança. que falta é a formação cultural da esta mudança assim tão radical. Isto medo das inspecções, das fiscaliza- Desde logo através da Lei da Bases, nossa gente. Há quem se tenha habi- não quer dizer que sejamos contra ou ções e eu penso que quem não deve do Código de Trabalho e das sucessi- tuado a viver em barracos uma vida a favor. O que precisamos é de saber não teme. Se recebemos dinheiros vas tentativas para alterar apoios e inteira e se vê uma porta a cair, tendo bem com que linhas nos vamos coser; públicos temos que nos deixar inspec- subsídios tradicionais, nas acções de capacidade para pregar dois pregos, saber o que é que isso significa; o que cionar. De forma pedagógica, sem fiscalização... Até que ponto esses não o faz. Está à espera que a autar- é que a isso corresponde. dúvida, mas sem receios. Há muita sinais influenciam as relações entre as quia lhe resolva o problema. Isto, eu Se verificarmos que essa mudança é gente que não deveria estar neste tipo instituições e os utentes? também o sinto, aqui no meu próprio o melhor para que a família se sinta de trabalho social, há muita gente que Cón. Francisco Crespo - Ainda não bairro. Mete-me impressão como é responsável não sou eu, como Pre- não serve mas apenas se serve. Não existem grandes mudanças. Os dese- que há tanta gente que não tem capa- sidente da CNIS, que me oponho a es- tenho nenhum caso concreto mas se- jos de alterações são muitos, mas a cidade para sair daquela situação de sa política. Convém, no entanto, não guramente que isso acontece. aplicação à realidade é complicada. miséria cultural. A nível nacional é o esquecer que as mais de 4 mil institui- Solidariedade - Há boas e más Ins- No que se refere à nova legislação do que mais me incomoda, a falta de cul- ções portuguesas sobrevivem, na tituições... trabalho nós estamos de acordo e tura. Isso torna-se evidente quando se maior parte dos casos, dos 70 a 75 por Cón. Francisco Crespo - Claro. Há avançamos. No que diz respeito às fala de insucesso escolar e abandono cento do subsídio que vem do Estado. boas e más instituições, há bons e baixas fraudulentas eu estou perfeita- escolar. A maneira como os adoles- As instituições têm esse acordo como maus serviços, há bons e maus diri- mente de acordo com ele e só lhe digo centes, as crianças e os jovens hoje garantia. Elas têm que ter a certeza de gentes. que actue o mais rapidamente possí- se relacionam com a escola. A ligação que aquilo que lhes chega ao final do Solidariedade - Este é então um vel. No Rendimento Social de Inser- entre a escola, a família e a instituição mês chega mesmo. Quando se trata tempo de depuração. Um tempo em ção há muitos vícios impregnados na não existe. Cada um julga fazer o seu das famílias nós sabemos que muitas que se vai separar o trigo do joio? nossa sociedade, que me levam a dever desligado do outro. vezes elas não cumprem escrupulosa- Cón. Francisco Crespo - Eu penso pensar que não vai ser fácil. A política mente os seus deveres para com a que sim. O governo tem vindo a pas- é boa mas com tanta possibilidade de “A REFORMA ESCOLAR EM instituição que as serve. Daí que seja sar esta ideia e nós concordamos. Eu fuga ao fisco, também esta gente, que MARCHA NÃO ME AGRADA” necessário salvaguardar os interesses deixei ao Ministro um guião para as não está habituada a trabalhar, ensaia das instituições. inspecções às instituições. Queremos a fuga ao trabalho. Como diz o dr. Solidariedade - Em seu entender, Solidariedade - O Ministro Bagão criar uma carta de compromisso em Bruto da Costa, numa grande entre- tem havido algumas áreas em que o Félix também tem essa noção... que propomos uma inspecção interna. vista sobre a pobreza: há determinada governo tem prestado menos aten- Cón. Francisco Crespo - Acho que Isto é, uma inspecção a nós próprios. gente que é pobre e há-de ficar sem- ção? Que medidas é que deveriam ser sim. Por isso é que ele vai devagar. Para nos sentirmos à vontade e per- pre pobre. Porque não se trata de tomadas? Ele próprio tem recomendado para mitir depois as outras inspecções que se façam pequenas experiências. externas. Está previsto também no Penso que por aí estamos bem. Não Protocolo, é uma novidade de que o fazer uma mudança radical mas irmos, ministro gostou e mostra que não te- como se costuma dizer, fazer caminho mos medo de reconhecer que, infeliz- andando. Em conjunto devemos estu- mente, nem tudo corre bem naquilo dar os prós e os contras, o positivo e o que fazemos e temos que nos rever negativo, ver o que é que podemos permanentemente. fazer e até onde podemos ir, ensaian- Solidariedade - Refere-se aos re- do naquelas valências que sejam mais centes casos de inspecções e alguns fáceis. encerramentos? Solidariedade - Financiamento às Cón. Francisco Crespo - Nas IPSS famílias... As instituições começam a não tem havido problemas. Depois, os pensar nisso? O ministro ainda diz dirigentes das instituições alteram o que a procura é maior do que a oferta. que está mal, na sua grande maioria. Tem também essa ideia? Por isso é que defendemos que as Cón. Francisco Crespo - Tenho. Nós inspecções devam ter um carácter ainda não colocámos o problema de pedagógico. Nós precisamos de saber frente, mas tememos que venha a o resultado dessas inspecções. Muitas acontecer de um momento para o vezes eles entram por ali sem modos outro. Assusta-nos o facto de essa adequados, amedrontam as IPSS e situação não ser bem ponderada e depois nem sequer comunicam os provocar o caos. A política é positiva, a resultados. Tem que haver inspecções 12