O documento discute o tabu em torno do suicídio. A autora argumenta que o suicídio não deve ser visto como um pecado e que cada um viverá o destino predeterminado para si, seja morrendo aos 95 anos ou tirando a própria vida. Ela também fornece estatísticas sobre suicídios no mundo.
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
DISCURSO SOBRE A MORTE
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2. DISCURSO SOBRE A MORTE Marcela Re Ribeiro
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DISCURSO
SOBRE A
MORTE
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Alguns temas causam certo constrangimento e as pessoas
evitam tocar no assunto e ficam chocadas quando alguém
ousa fazê-lo. O suicídio, acredito, é um deles. Portanto,
como eu gosto de olhar além e expor o que penso nunca foi
um problema para mim, resolvi escrever sobre a morte, com
foco no ato de tirar a própria vida.
Postei no meu mural do Facebook a seguinte frase:
“Às vezes acho que era melhor bater a cabeça, cair e ir
dessa para o além... affff....”
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Não precisei esperar muito para começar a receber alguns
comentários e mensagens privadas. É impressionante como
o “trágico” atrai as pessoas. Apesar de muitos repudiarem o
que eu escrevi, houve a interação, o interesse, a vontade de
saber o que estava acontecendo. Independentemente da
razão: preocupação, curiosidade, gerar papo para uma
fofoca – o assunto cria esse desejo pelo “saber o motivo”.
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O que leva uma pessoa a
pensar no suicídio e
cometê-lo? Talvez uma
ausência profunda de
sentimentos positivos;
talvez o medo de
enfrentar um grande
problema ou doença;
talvez o cansaço de tentar, tentar e tentar e nada conquistar;
talvez essa seja apenas parte de sua história e teria que ter
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esse fim. E não há “pecado” algum em tirar a própria vida.
Talvez...
Voltando ao post do
Facebook, fiquei
imaginando o que
passou na cabeça de
cada um que o leu.
Tenho certeza que
muitos viram e, apesar
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de não comentarem, gerou um ti-ti-ti: “você viu o que a
Marcela postou? Que horroooorrrr”, etc e tal. Apenas dois
comentários denotavam para a sátira.
E, sinceramente, foram os que mais gostei. Bacana quando
alguém lê algo “pesado”, como a frase que eu escrevi, e não
se importa de fazer uma piada, um comentário divertido.
Isso mostra a transparência da pessoa, ela escreveu
exatamente o que pensa, sem medo de ser tachada por
nossa sociedade tão hipócrita.
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A impressão que tenho é que existe uma redoma que coloca
a vida em uma posição magnânima e, consequentemente,
condena àqueles que tiram a própria vida. Para quem
acredita em Deus, é dele a opção de dar e tirar a vida que a
nós pertence. Opa! Então, não nos pertence, uma vez que
não temos o direito sobre ela, apenas usufruímos por um
tempo pré-determinado por Deus, pelos Orixás,
extraterrestres, aí vai depender da crença de cada um.
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Fica fácil passar esse fardo para um ser onipresente. Vejo
como puro comodismo, medo de se expor, culpa ( o que vão
pensar de mim, essa é a campeã). A verdade é que fomos
criados dessa forma, com essa culpa e medo dentro de nós.
E a polêmica é velha! Na Idade Média, por exemplo,
o [1]suicídio era visto como um pecado imperdoável.
Passados milhares de anos, o assunto ainda gera
desconforto e é condenado da mesma forma...
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O primeiro suicida,
segundo pesquisa na
internet, foi [2]Periandro
(século VI a.C.), um dos
Sete Sábios gregos. O
motivo: evitar que seus
inimigos esquartejassem
seu corpo depois de morto.Veja bem, ele já estava com os
dias contados, mas preferiu tirar a própria vida a ter seu
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corpo mutilado. Fazendo aqui um trocadilho mórbido, a
expressão “beleza grega” faz todo sentido.
Depois do primeiro a fila andou e, segundo estudo
da [3]OMS (2014), há um suicídio no mundo a cada 40
segundos. São mais de 800 mil pessoas mortas por ano e
75% dos casos são registrados em países emergentes e
pobres. O Brasil ocupa a 8ª posição - mais de 11,8 mil casos
em 2012. É muita gente cometendo o tal pecado
imperdoável. O “inferno” deve estar com superlotação.
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A vida e a morte são um grande mistério. A única certeza
que temos sobre a vida é que a morte chegará e com ela um
fim ou recomeço na nossa história. Vai depender da crença
de cada um ou da falta dela.
Para fechar esse discurso, deixo
aqui minha opinião sobre a vida e
suicídio. Eu acredito que somos
fantoches da nossa própria história.
Livre arbítrio não existe. Eu viverei
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o que tiver que viver, o que está escrito para mim. Se eu vou
morrer aos 95 anos dançando, ou tocando saxofone (que eu
adoro), ou fazendo um sexo animal com meu velhinho, ou
vou me atirar de um penhasco e tirar minha própria vida,
assim eu o farei.
Suicídio para mim não é pecado, não é nada pavoroso,
imperdoável, é apenas parte da história de vida.
Agora, quem está no comando das cordas do meu fantoche é
tema para outro discurso. Quem sabe, breve.
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REFERÊNCIAS:
[1] UOL:
http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-
sabedoria/31/artigo228115-2.asp
[2] Metamorfose Digital:
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=7046#ixzz3b
WwueiVG
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[3] UOL:
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-
noticias/estado/2014/09/04/estudo-inedito-da-oms-
indica-que-ha-1-suicidio-no-mundo-a-cada-40-
segundos.htm