1. Teoria da Imagem
A fotografia, seus momentos
icônicos, simbólicos e indiciários,
suas dimensões espaciais e temporais
Philippe Dubois: ‘Da verossimilhança ao índice:
pequena retrospectiva histórica sobre a questão
Marcelo R. S. Ribeiro do realismo na fotografia’, ‘O ato fotográfico:
http://incinerrante.com pragmática do índice e efeitos de ausência’
& ‘O golpe do corte: a questão do espaço e do
Aula 3 tempo no ato fotográfico’ (caps. 1, 2 e 4 do livro
O ato fotográfico e outros ensaios)
2. História do pensamento crítico
e teórico sobre a fotografia
✤ Três tempos:
1.A fotografia como espelho do real
2.A fotografia como transformação do real
3.A fotografia como traço de um real
3. 1. A fotografia como ícone
✤ Discurso da mimese e da transparência,
denunciando ou elogiando
✤ Baudelaire, por exemplo: a fotografia como
instrumento de registro documental do real e a
arte como pura criação imaginária
✤ Bazin, por exemplo: argumento da libertação da
arte ocidental, especificamente da pintura
(voltando-se a buscas formais), pela fotografia
4. 1. A fotografia como ícone
Pintura Fotografia
• Busca formal • Caráter
• Artisticidade documental
• Imaginário • Referência
• Abstração • Concretude
Genialidade e Técnica e
humanismo maquinismo
Subjetividade Objetividade
5. 1. A fotografia como ícone
Pintura Fotografia
• Busca formal • Caráter
• Artisticidade documental
• Imaginário • Referência
• Abstração • Concretude
Genialidade e Técnica e
humanismo maquinismo
Subjetividade Objetividade
6. 1. A fotografia como ícone
Pintura Fotografia
• Busca formal • Caráter
• Artisticidade documental
• Imaginário • Referência
• Abstração • Concretude
Genialidade e Técnica e
humanismo maquinismo
Subjetividade Objetividade
7. 1. A fotografia como ícone
Pintura Fotografia
• Busca formal • Caráter
• Artisticidade documental
• Imaginário • Referência
• Abstração • Concretude
Genialidade e Técnica e
humanismo maquinismo
Subjetividade Objetividade
8. 1. A fotografia como ícone
Pintura Fotografia
• Busca formal • Caráter
• Artisticidade documental
• Imaginário • Referência
• Abstração • Concretude
Genialidade e Técnica e
humanismo maquinismo
Subjetividade Objetividade
9. 2. A fotografia como símbolo
✤ Discurso do código e da desconstrução
✤ Quatro campos teóricos de articulação:
1.Estruturalismo francês pós-1965 (ex.: Barthes)
2.Psicologia da percepção (ex.: Arnheim)
3.Teorias da ideologia (ex.: Bourdieu e Baudry)
4.Estudos antropológicos da fotografia
10. 2. A fotografia como símbolo
✤ Deslocamento da questão do realismo:
do realismo da transparência (a imagem como
janela para o mundo, para a realidade empírica)
ao realismo da opacidade (a imagem como véu
que revela uma realidade interna, essencial, que
está para além das aparências)
✤ Ecos do mito da caverna (Platão)
11. 2. A fotografia como símbolo
✤ Deslocamento da questão do realismo:
do realismo da transparência (a imagem como
janela para o mundo, para a realidade empírica)
ao realismo da opacidade (a imagem como véu
que revela uma realidade interna, essencial, que
está para além das aparências)
✤ Ecos do mito da caverna (Platão)
12. 2. A fotografia como símbolo
✤ Deslocamento da questão do realismo:
do realismo da transparência (a imagem como
janela para o mundo, para a realidade empírica)
ao realismo da opacidade (a imagem como véu
que revela uma realidade interna, essencial, que
está para além das aparências)
✤ Ecos do mito da caverna (Platão)
13. 2. A fotografia como símbolo
✤ Deslocamento da questão do realismo:
do realismo da transparência (a imagem como
janela para o mundo, para a realidade empírica)
ao realismo da opacidade (a imagem como véu
que revela uma realidade interna, essencial, que
está para além das aparências)
✤ Ecos do mito da caverna (Platão)
14. 3. A fotografia como índice
✤ Discurso da referência
✤ Em contraposição ao valor absoluto atribuído à
fotografia pelos discursos anteriores (seja como
semelhança, seja como convenção), o discurso do
índice lhe atribui um valor singular e relativo
✤ A fotografia constitui traço de um real (≠ do real)
15. 3. A fotografia como índice
✤ Barthes em A câmara clara: a fotografia diz: isso foi
✤ Bazin: não é o resultado, mas o modo de
constituição, a gênese automática que interessa
✤ Benjamin: a faísca de acaso que queima a imagem
✤ Peirce: a conexão física causa a semelhança
16. 3. A fotografia como índice
✤ Barthes em A câmara clara: a fotografia diz: isso foi
✤ Bazin: não é o resultado, mas o modo de
constituição, a gênese automática que interessa
✤ Benjamin: a faísca de acaso que queima a imagem
✤ Peirce: a conexão física causa a semelhança
17. 3. A fotografia como índice
✤ Barthes em A câmara clara: a fotografia diz: isso foi
✤ Bazin: não é o resultado, mas o modo de
constituição, a gênese automática que interessa
✤ Benjamin: a faísca de acaso que queima a imagem
✤ Peirce: a conexão física causa a semelhança
18. Definição mínima de fotografia
✤ Dubois: “a imagem fotográfica aparece a
princípio, simples e unicamente, como uma
impressão luminosa, mais precisamente
como o traço, fixado num suporte
bidimensional sensibilizado por cristais de
haleto de prata, de uma variação de luz emitida
ou refletida por fontes situadas à distância num
espaço de três dimensões.” (p. 60)
19. Outros signos indéxicos
✤ Fumaça (índice do fogo)
✤ Sombra (alcance)
✤ Poeira (depósito do tempo)
✤ Cicatriz (marca de um ferimento)
✤ Esperma (resíduo do gozo)
✤ Ruínas (vestígios do que estava ali)
✤ Bronzeamento dos corpos
Dennis Oppenheim – Reading position
for 2nd degree burning (1970)
20. O que diferencia um índice de
um ícone e de um símbolo?
✤ Relação entre signo e
objeto: conexão física e
ligação existencial
(não semelhança
atemporal nem
convenção geral)
René Magritte – La Clef des
Songes (1930)
21. A fotografia como índice
✤ Dubois: “não é possível pensar
a fotografia fora de sua
inscrição referencial e de sua
eficácia pragmática.” (p. 65)
✤ “O que finalmente nos diz que
a fotografia não é
(necessariamente) analógica
porque é (antes de mais nada)
indiciária.” (p. 67)
Man Ray – Rayography “Champs
délicieux” n. 4 (1922)
22. 5 9
6
Man Ray – Rayography “Champs délicieux” (1922) – Fonte: http://www.manray-photo.com
3 1
7
23. Consequências: 1. Singularidade
≠
René Magritte – La Trahison des Images (1928-29)
René Magritte fotografado por Lothar Wolleh em 1967
25. Consequências: 3. Designação
≠
Gustave Le Gray – La Grande Vague (1857)
René Magritte – La Condition Humaine (1933)
26. A fotografia como índice
✤ Em vez de mimese, o que marca a imagem fotográfica é a referência.
✤ Se a fotografia designa (e atesta a existência de) um referente singular,
ela não é capaz de oferecer seu(s) sentido(s), seu(s) significado(s).
Dubois: “Nesse sentido, podemos dizer que a foto não explica, não
interpreta, não comenta. É muda e nua, plana e fosca. [...] Mostra,
simplesmente, puramente, brutalmente, signos que são
semanticamente vazios ou brancos. Permanece essencialmente
enigmática.” (p. 84)
AFIRMAÇÃO DE EXISTÊNCIA ≠ EXPLICAÇÃO DE SENTIDO
✤ Se a fotografia consiste no traço de um real, singular e único em sua
configuração espaço-temporal, enquanto objeto material, a fotografia
é reprodutível, abrindo-se à possibilidade de repetição.
27. A fotografia como índice
✤ O índice, a relação indiciária ou indéxica, caracteriza o momento
essencial, primordial, de constituição da imagem fotográfica. Trata-se
de “um instante de esquecimento dos códigos” (p. 86)
✤ Depois da relação indiciária, referencial, pode-se dar algum efeito de
semelhança ou similaridade.
✤ Antes e depois da relação indiciária, “de ambos os lados, há gestos e
processos, totalmente ‘culturais’, que dependem por inteiro de
escolhas e decisões humanas, tanto individuais quanto sociais” (p. 85)
28. A fotografia como índice
✤ Dubois:
“Em nenhum momento no índice fotográfico, o signo é a coisa.” (p. 89)
✤ Distância espacial: aqui do signo ≠ ali do referente
✤ Distância temporal: agora do signo ≠ então do referente
[Isso se aplica sobretudo à fotografia analógica. Com a tecnologia
digital, a possibilidade de feedback imediato permite uma redução da
distância temporal.]
✤ Especificidades da fotografia como índice: trata-se de uma impressão
separada, plana, luminosa e descontínua.
29. Espaço e tempo
A perspectiva artificial,
a pirâmide visual e o
trapézio da encenação
30. Espaço e tempo
Henri Cartier-Bresson
Juvisy, França (1938)
•O espaço do referente
•O espaço representado
•O espaço de representação
•O espaço topológico do espectador