1. 0
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI - UESPI
CAMPUS PROF. ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA
CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
CARBONO ORGÂNICO TOTAL E NAS FRAÇÕES HÚMICAS DO SOLO EM ÁREA
DE PASTAGEM DEGRADADA E ÁREAS REABILITADAS SOB
MANEJOAGROECOLÓGICO
MARIA KARILENE DE OLIVEIRA LIMA
PARNAÍBA – PIAUÍ
2012
2. 1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI - UESPI
CAMPUS PROF. ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA
MARIA KARILENE DE OLIVEIRA LIMA
CARBONO ORGÂNICO TOTAL E NAS FRAÇÕES HÚMICAS DO SOLO EM ÁREA
DE PASTAGEM DEGRADADA E ÁREAS REABILITADAS SOB MANEJO
AGROECOLÓGICO
Monografia apresentada à coordenação
de
Engenharia
Agronômica
da
Universidade Estadual do Piauí – UESPI,
como requisito parcial para obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo.
Orientadora: Dr. Valdinar Bezerra dos
Santos
PARNAÍBA – PIAUÍ
2012
3. 2
MARIA KARILENE DE OLIVEIRA LIMA
CARBONO ORGÂNICO TOTAL E NAS FRAÇÕES HÚMICAS DO SOLO EM ÁREA
DE PASTAGEM DEGRADADA E ÁREAS REABILITADAS SOB MANEJO
AGROECOLÓGICO
Membros da Comissão Julgadora do
Trabalho de conclusão de Curso de
MARIA KARILENE DE OLIVEIRA LIMA,
apresentado Ao Curso de Agronomia da
Universidade
Estadual
do
Piauí
13/08/2012.
Data da aprovação: _______/_______/_________
______________________________________________________________
Profº. Drº. Valdinar Bezerra dos Santos - UESPI
Orientador
_______________________________________________________________
Rosineide Candeia Araújo
Engª Agrônoma, Mestre em Solos - UESPI
1ª Avaliadora
_______________________________________________________________
Profº.Dr° Adriano da silva Almeida - UESPI
2° avaliador
em
4. 3
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Carbono orgânico total do solo em área de pastagem degradada e áreas
reabilitadas sob manejo agroecológico ..................................................................... 24
TABELA 2. Carbono das frações húmicas do solo em área de pastagem degradada
e áreas reabilitadas sob manejo agroecológico ........................................................ 25
5. 4
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01- Diagrama representando o procedimento e fracionamento das frações
húmicas ..................................................................................................................... 21
6. 5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 REVISÂO DE LITERATURA ................................................................................ 12
2.1 Matéria orgânica no solo .................................................................................. 12
2.2 Carbono orgânico ............................................................................................. 14
2.3 Substâncias húmicas ........................................................................................ 15
2.4 Matéria orgânica do solo como indicador de qualidade do solo .................. 17
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 20
3.1 Fracionamento da matéria orgânica ................................................................ 20
3.2 Determinação do carbono das frações ácidos fúlvicos, ácidos húmicos, e
humina ..................................................................................................................... 21
3.3 Análise estatística ............................................................................................. 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 24
4.1 carbono orgânico total...................................................................................... 24
4.2 Carbono nas Frações húmicas do solo........................................................... 25
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 27
6 RFERÊNCIAS ........................................................................................................ 28
7. 6
Aos meus pais, Remédios e Luís, aos meus irmãos e amigos e
em especial ao meu namorado Júlio que esteve do meu lado
contribuindo muito nessa jornada.
8. 7
AGRADECIMENTOS
ÀDeus por tudo, sem exceção.
A toda minha família por me ensinarem em conjunto que a alegria da
vitória compensa qualquer sacrifício e que somente as pessoas corajosas,
determinadas e decididas chegam ao fim.
A Professor Dr°Valdinar Bezerra dos Santos pela oportunidade de
trabalhar com ele, sendo paciente e muito compreensivo e não mediu esforços pra
que esse trabalho fosse concluído.
Agradeço aos meus colegas Vicente Neto e Roberto Souza pela força que
me deram para que esse trabalho se realizasse e a monitora do laboratórioe
estudante de agronomia Susane Santos por me ajudar nas análises laboratoriais .
A direção do Campus Alexandre Alves de Oliveira, em especial a Profa.
Rosineide Candeia de Araujo pela amizade e carinho, E a todos os professores que
fizeram parte da minha caminhada de ensino, e me deram a oportunidade de
aprendizagem e com tudo contribuíram para o meu crescimento social.
Ao produtor Raimundo Rego por ceder a área para coleta de solo.
Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma
doaram um pouco de si para que esse sonho se tornasse possível.
9. 8
CARBONO ORGÂNICO TOTAL E NAS FRAÇÕES HÚMICAS DO SOLO EM ÁREA
DE PASTAGEM DEGRADADA E ÁREAS REABILITADAS SOB MANEJO
AGROECOLÓGICO
Autor: Maria Karilene de Oliveira Lima
Orientador: Valdinar Bezerra dos Santos
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi quantificar o carbono total e frações húmicas
do solo (ácidos fúvicos, ácidos húmicos e humina) em áreas de pastagem
degradada e áreas reabilitadas com uso do manejo agroecológico tendo como
referência área de vegetação nativa. Nas áreas representadas foram abertas minitrincheiras de 0-10 cm onde foram coletadas as amostras de solo apartir de quatro
pontos de coleta. As variáveis analizadas foram carbono das frações ácidosfúlvicos
(CFAF), ácidos húmicos (CFAH) e humina (CHUM). O carbono orgânico total teve um
aumento significativo nas áreas reabilitadas sob manejo agroecológico, ocorrendo
também variação na quantidade carbono das substâncias húmicas, sendo que o
manejo agroecológico contribuiu com maior influência na fração humina.
Palavra-chave: Carbono orgânico total, matéria orgânica, manejo agroecológico.
10. 9
TOTAL ORGANIC CARBON FRACTIONS HUMIC AND THE SOIL IN AREA OF
PASTURE AND DEGRADED AREAS UNDER REHABILITATED AGROECOLOGIC
Author: Maria de Oliveira Lima Karilene
Advisor: ValdinarBezerra dos Santos
ABSTRACT: The objective of this study was to quantify the total carbon and soil
humic fractions (fúvicos acids, humic acids and humin) in areas of degraded pasture
areas and rehabilitated with the use of agro-ecological management with reference to
the native area. In areas represented were open mini-trenches where they were
collected 0-10 cm soil samples starting from four collection points. The variables
analyzed were carbon of fulvic acid (CFAF), humic acids (CFAH) and humin (CHUM).
The total organic carbon had a significant increase in rehabilitated areas under
agroecological management, also occurring variation in the amount of carbon in
humic substances, and the agro-ecological management contributed more influence
in the humin fraction.
Keyword: Total organic carbon, organic matter, agroecological management.
11. 10
1INTRODUÇÃO
A preocupação com a sustentabilidade agrícola écrescente e está em
evidência nos últimos anos. Nestecontexto, a manutenção da qualidade do solo é
umdos fatores-chave para se atingir a sustentabilidadede um sistema de produção,
destacando-se o manejoempregado como o componente principal. Partindosedesse
pressuposto, o manejo agroecológico pode ser umaforma adequada de se alcançar
um sistema agrícolasustentável pode influenciarpositivamente
nos atributos
químicos e físicos do solo.
O manejo orgânico propicia ambientefavorávelao desenvolvimento de
processos naturais e interaçõesbiológicas positivas no solo, por meio da
diversificaçãoespacial e temporal do sistema de produção, subsidiandoa fertilidade
dos solos com menores aportes de insumosexternos.
A utilização de práticas inadequadas e o uso massivo dos solos tem
contribuindo para a degradação do solo, causando perdas na parte estrutural e
química do solo onde as substâncias húmicas(SH) que são responsáveis por
diversos efeitos no solo sendo um componente fundamental para a sua capacidade
produtiva por possuir o maior reservatório de carbono orgânico no solo é
diretamente atingida. Embora possuam um alto grau de resistência a biodegradação
no solo, elas degradam, e pode levar um rápido declínio do carbono orgânico e
atenuar perdas nos recursos do solo, o qual depende do tipo de solo e da forma que
é manejado. A matéria orgânica (MOS) de solo originada de lugares cultivados
apresenta um estágio de humificação mais avançado do que solos sob a vegetação
nativa .
A quantificação do carbono nas diferentes fraçõesda MOS torna-se
necessária devido ao interesse de seconhecer o potencial de captura e
armazenamento docarbono nos diferentes sistemas de uso do solo, quepodem
favorecer a maiores teores de carbono nas SHem função do uso de manejo
adequado e agro sustentável. A utilização de sistemas de manejo quepromovam
diferentes aportes de biomassa vegetalpode ser identificada por meio das SH da
MOS, sendopossível o fracionamento químico da MOS ser utilizadocomo ferramenta
para avaliar a qualidade do solo.A conversão de ecossistemas naturais,
especialmente para sistemas agrícolas convencionais tem resultado na maior parte
das vezes, em declínio da matéria orgânica. Há nestes sistemas, maior exportação
12. 11
de carbono e nutrientes, o que contribui para o aumento do CO2 atmosférico, do
risco de erosão do solo e da ciclagem de nutrientes. Pensando nisso o produtor
Raimundo Rego com o intuito de amenizar tamanha degradação nos solos
agricultáveis
na
sua
propriedade
vem
desenvolvendo
formas
de
manejo
agroecológico no sentido de atenuar perdas nos recursos do solo e minimizar a
degradação conservando o meio ambiente utilizando alternativas viáveis para a
manutenção da MOS e assim manter ou aumentar a quantidade de carbono
orgânico no solo mantendo assim sua fertilidade melhorando consequentemente sua
produtividade.
A produtividade em sistemas agrícolas de subsistência ou de baixos
insumos depende do fornecimento de nutrientes provenientes da mineralização da
matéria orgânica e neste sentido a quantidade e a qualidade da MOS são
fundamentais para a sustentabilidade da produção agropecuária de subsistência.
Levando
em
consideração
esse
exposto,
esse
trabalho
objetivouquantificar o carbono orgânico total e nas frações húmicas do solo em
áreas de pastagem degradada e áreas reabilitadas sob manejo agroecológico,
comparados à vegetação nativa, considerando este parâmetro como indicador da
qualidade do solo.
13. 12
2 REVISÂO DE LITERATURA
2.1Matéria orgânica no solo
Nos últimos anos, o estudo da matéria orgânica do solo (MOS) tem
ganhado destaque devido a crescente preocupação existente com a qualidade do
meio ambiente. Essa preocupação incentivou o estudo da matéria orgânicadevido ao
seu papel decisivo em diversos aspectos relacionados ao solo e à água (BRONICK
& LAL, 2005).
Uma das mais importantes propriedades do solo do ponto de vista
agrícola é a estruturação, uma vez que são atribuídas a ela interações fundamentais
no processo de inter-relação solo-planta. Esta interação resulta de trocas gasosas,
modificações sobre o ambiente físico do solo e influência sobre a atividade
microbiológica de fundamental importância para a dinâmica dos processos físicos,
químicos e bioquímicos do solo. (FERREIRA e DIAS JUNIOR 2001).
Numa situação estável, normalmente em solos sob vegetação nativa
inalterada, os teores de MOS se mantêm estáveis no tempo, a medida que as
adições de C orgânico via resíduos de vegetais e a sua conversão em MOS são da
mesma magnitude que as perdas de C orgânico pela mineralização da MOS
promovidas pela atividade microbiana (Sanchez, 1976).
A matéria orgânica do solo desempenha várias funções no ambiente,e
especialmente na ciclagem e retenção de carbono, armazenamento de água e
agregação, fatores determinantes para a manutenção e melhoria da qualidade do
solo e do ambiente. Assim, pela importância das suas funções no ambiente, o
monitoramento dos estoques de carbono orgânico tem sido considerado um dos
principais indicadores de qualidade (PILLON et al., 2007). Apesar de a matéria
orgânica encontrar-se numa faixa de apenas 1 a 6% em percentagem de peso na
maioria dos solos, quando é bem manejada, a quantidade e qualidade da matéria
orgânica levam a um aumento na disponibilidade de nutrientes e na diversidade
biológica, além de melhorar as propriedades físicas e químicas do solo
(ALTIERI,1999).
A matéria orgânica do solo (MOS) é constituída, em sua maior parte, por
substâncias húmicas mais estáveis, de difícil degradação. Essas substâncias são
formadas a partir da transformação dos resíduos orgânicos realizada pela a
14. 13
biomassa
microbiana
presente
no
solo
e
pela
polimerização
dos
compostosorgânicos processados até a síntese de macromoléculas resistentes à
degradação biológica (CAMARGO et. al., 1999).
A agricultura intensiva tem sido responsável por perdas significativas da
qualidade do solo, através do uso de práticas agrícolas de baixa sustentabilidade
ambiental, esses sistemas de manejo proporcionam alterações nos atributos físicos,
químicos e biológicos do solo. Com o intuito de amenizar tamanha degradação nos
solos agricultáveis, tem se desenvolvido vários trabalhos no sentido de atenuar
perdas nos recursos do solo e minimizar a degradação conservando o meio
ambiente.
Quando o solo passa a ser cultivado, as taxas de acúmulo ou perdas de
MOS variam de acordo com as características de cada tipo de solo, dos sistemas de
culturas, do sistema de preparo do solo e das condições climáticas, que aceleram ou
retardam os processos de decomposição dos resíduos e de síntese e decomposição
da MOS (Sanchez, 1976).
As taxas de ganhos ou perdas de CO são definidas, portanto com a
relação entre adições de C por resíduos animais ou vegetais e perdas de C por
mineralização da MOS (Bayer &Mielniczuk, 1997). No entanto, o solo é um
reservatório com limites definidos e apresenta capacidade limitada em acumular C
na forma de MOS. Bayer (1996) observou a existência de uma relação direta entre
os teores de argila de um solo e os conteúdos de MOS, o que indica que solos
argilosos apresentam maior capacidade de acumular carbono.
O conteúdo de matéria orgânica representa um fator muito importante
nosolo, pois afeta fortemente a sua fertilidade através do aumento da disponibilidade
dos nutrientes das plantas, pelo melhoramento da estrutura domesmo e da
capacidade de reter água, e também pela ação de acumulação defases tóxicas e
metais pesados (Stevenson, 1982).
O teor de matéria orgânica no solo (MOS) dentre suas outras variáveis, é
ofator que melhor representa a qualidade do solo, dentro da sustentabilidade deum
sistema agrícola (Mielniczuk, 1999).
Dentre as características do solo capazes de detectar as alterações na
suaqualidade,
o
carbono
orgânico
ou
a
matéria
orgânica
demonstram
bastantesensibilidade às perturbações causadas pelos sistemas de manejo (Bayer
&Mielniczuk, 1997).
15. 14
O declínio da matéria orgânica do solo (MOS) ao longo do tempo pode
serum
reflexo
do sistema de manejo adotado,
como:
baixa
adição
de
fertilizantesorgânicos, baixa produção de resíduos, excesso de revolvimento,
erosãoacelerada, e a persistência deste tipo de manejo, conduzirá a uma
situaçãoinsustentável do ponto de vista econômico ou ambiental (Mielniczuk, 1999).
A matéria orgânica no meio ambiente (solos, sedimentos e água
natural)pode
ser dividida
em
duas
classes
de
compostos,
material não
húmico(proteínas, polissacarídeos, ácidos nucléicos e pequenas moléculas, tais
comoaçúcares e amino ácidos) e substâncias húmicas (Kononova, 1966,
Rowell,1994).
2.2 Carbono orgânico
O carbono orgânico do solo (COS) é um importante parâmetro indicador
daqualidade do solo e da sustentabilidade agronômica, por causa deste impactoem
outros indicadores físico, químico e biológico da qualidade do solo (Reeves,1997).
A
quantidade
de
carbono
orgânico
da
superfície
do
solo
é
altamentevariável e influenciado por fatores de formação do solo como o clima,
biota,topografia e material originário operando todos em conjunto (Essington, 2003)
Dependendo da sua taxa de transferência no solo, três conceitos
defrações de C podem ser distinguidas: ativa-instável e
frações ativas-
intermediáriaque permanecem no solo por anos ou décadas e refratória ou
passiva,matéria orgânica que permanecem no solo por séculos e milênios
(Schulzeet al.,2000).
Durante a decomposição da matéria orgânica não-humificada (restos
deplantas, animais e microrganismos) no solo, uma proporção variável de Corgânico
(60-80%) é revertida para a atmosfera como CO2. Isto é um rápidoprocesso de
mineralização que tem lugar durante os primeiros anos. O restantede C não
mineralizado
sofre
lentamente
processos
de
oxidação
e,
apóscomplexas
transformações, torna-se biomassa microbial ou é estabilizado naforma de
substâncias húmicas (humificação) (Schulzeet al., 2000).
A humificação implica em severas mudanças na estequiometria
ecomplexidade
química
substânciashúmicas
com
do
material
resistência
macromolecular
acentuada
para
a
conduzindo
a
mineralização
e
16. 15
biodegradação (Tate,1987).
Estas
mudanças
não
são
somente
uma
consequência
da
atividademicrobial, mas também das transformações induzidas por fatores
físicosexternos ou físico-químicos, incluindo o fogo (Hatecher&Spiker, 1988).
Os solos e sedimentos frequentemente contêm uma variação física
equímica
de
diferentes
materiais
orgânicos
de
biopolímeros,
tais
comopolissacarídeos, lipídios, proteínas e lignina, substâncias húmicas derivadas
debiopolímeros,
negrorelacionado
e
querogênio
maturado
combustão
ou
a
diageneticamente
materiais
carbonizados
e
carbono
(Aikenet
al.,
1985;Stevenson, 1994).
2.3 Substâncias húmicas
As substâncias húmicas constituem a maior fração de matéria
orgânica(60-70%) do solo. Elas são geralmente divididas em 3 classes: ácidos
fúlvicos que são solúveis em água sob todas as condições de pH, ácidos húmicos
quesão solúveis em pH>2 e humina que são insolúveis em todas as faixas de
pH(Jones & Bryan, 1998).
Para Kononova (1966); Stevenson (1994), a estrutura das substâncias
húmicas pode ser descrita como assembleias aromáticas, mas a partir de estudos de
espectroscopia de ressonância magnética realizados por Schulten&Schnitzer (1993),
propuseram umaestrutura do ácido húmico incorporando grandes porções alifáticas.
Stevenson
(1994)
ressalta
uma
classificação
com
base
nas
característicasasquímicas de solubilidade, que tem como objetivo facilitar a
aplicação de técnicasanalíticas pela redução da heterogeneidade do material
isolado. As fraçõescomumente obtidas incluem ácido húmico, ácido fúlvico e
humina, as outrasfrações são ácido himatomelanico, e ácidos marrons e
cinzaStevenson (1982) propõem que os húmus são formados a partir de resíduos de
plantas
e
animais
pelo
decaimento
microbial,
através
de
processos
de
humificaçãoque ocorre nos solos, sedimentos e águas naturais.
Os compostos orgânicos de origem vegetal são geralmente, de
naturezacomplexa, mas de composição elementar conhecida, C, H, O, N, P, S,
quefazem parte das unidades estruturais dos tecidos como as proteínas,
celuloses,hemiceluse, amido, pectina, lignina e lipídeos (Pinheiro, 2002).
17. 16
Apesar dos organismos vegetais serem constituídos dos mesmos grupos
de
substâncias
essaproporção
(proteínas,
varia
muito,
carboidratos,
influenciando
ligninas
na
e
outros
velocidade
de
componentes)
humificação,
sedecompõem mais rapidamente, quanto maior o conteúdo de carboidratos
eproteínas e menor os componentes estáveis (lignina) (Kononova, 1982).
A natureza do húmus do solo pode variar substancialmente com clima,
vegetação e condições do próprio solo. E a concentração com a proporção com que
estas frações são encontradas nos solos tem servido como indicador de qualidade
dos solos em diversos trabalhos, devido a forte interação das substâncias húmicas
com o material mineral do solo (FONTANA et. al. 2001)
As substâncias húmicas, o maior reservatório terrestre de carbono
orgânico na Terra, tem um papel importante na fertilidade e na estabilização de
agregados do solo. Embora possuam um alto grau de resistência a biodegradação
no solo, elas degradam, e o estado estacionário da síntese é atingido através de um
decaimento característico, o qual depende do tipo de solo e da forma que manejado
(HAYES & MALCOLM, 2001). A matéria orgânica de solo originada de lugares
cultivados apresenta um estágio de humificação mais avançado do que solos sob a
vegetação nativa (BAYER et al., 2000). O aumento do grau de humificaçãoda MOS
ocorre devido a mudanças no regime microclimático do solo e pela quebra de
agregados no sistema de manejo convencional (BALESDENT et al., 2000).
Estudando o húmus de solos brasileiros, Volkoff&Cerri (1988) concluíram
que a acidez, a aeração e a temperatura, nessa ordem de importância, são os
principais fatores que determinam a natureza do húmus. A distribuição das frações
ácidosfúlvicos, ácidos húmicos e huminas em função das condições ambientais foi
estudada por Volkoff&Cerri (1988).
Dos componentes orgânicos, o húmus do solo é o mais significante.
Húmus é composto de frações solúveis chamadas ácidos húmicos e fúlvicos, e uma
fração insolúvel chamada humina. É o resíduo originado quando bactérias e fungos
biodegradam o material das plantas.
As substâncias húmicas são produtos da degradação oxidativa e
subsequente polimerização da matéria orgânica animal e vegetal. Elas são
constituídas por uma mistura de compostos de elevada massa molar com uma
grande variedade de grupos funcionais. Suas características moleculares podem
variar dependendo da idade ou da origem do material sendo, por isso, definidas
18. 17
operacionalmente (RAUEN et. al., 2002). Assim, com base nas suas respectivas
solubilidades são classificadas em: humina (insolúvel em meio aquoso) ácidos
fúlvicos (solúveis em água em qualquer pH) e ácidos húmicos (solúveis em água
empH alcalino).
Segundo Fontana et. al. (2001) a natureza do húmus do solo pode variar
substancialmente com clima, vegetação e condições do próprio solo. E a
concentração com a proporção com que estas frações são encontradas nos solos
tem servido como indicador de qualidade dos solos em diversos trabalhos, devido a
forte interação das substâncias húmicas com o material mineral do solo.
2.4 Matéria orgânica do solo como indicador de qualidade do solo
O uso intensivo da terra invariavelmente causa efeitos negativos ao ambiente
e produção agrícola se práticas conservativas não forem adotadas. Redução na
quantidade de matéria orgânica do solo significa emissão de gases (principalmente
CO2, CH4, N2O) para a atmosfera e aumento do aquecimento global.
A sustentabilidade do solo é também afetada, uma vez que a qualidade da
matéria orgânica remanescente muda. Alterações podem ser verificadas, por
exemplo, pela desagregação do solo e mudança na sua estrutura. As consequências
são erosão, redução na disponibilidade de nutrientes para as plantas e baixa
capacidade de retenção de água no solo. Estes e outros fatores refletem
negativamente na produtividade das culturas e sustentabilidade do sistema solo
planta-atmosfera. Ao contrário, a adoção de boas práticas de manejo, tal como o
sistema plantio direto, pode parcialmente reverter o processo, uma vez que objetiva
o aumento das entradas de material orgânico no solo e/ou diminuição das taxas de
decomposição da matéria orgânica do solo (PALM & SANCHEZ, 1991).
Em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados a MO tem grande
importância para o fornecimento de nutrientes as culturas, à retenção de cátions,
complexão de elementos tóxicos e de micronutrientes, a estabilidade da estrutura,
infiltração e retenção da água, aeração, e atividade e biomassa microbiana,
tornando-se assim um elemento fundamental à sua capacidade produtiva (BAYER et
al. 2000).
A decomposição da matéria orgânica é fator chave na condução dos
processos biológicos no solo e a interação com as propriedades físico-químicas, em
19. 18
conjunto, resultam na fertilidade. O reconhecimento de que a matéria orgânica do
solo (MOS) tem papel central na determinação da fertilidade do solo, tem
levadoparte dos cientistas do solo à necessidade de se manejar a matéria orgânica
e principalmente aumenta o teor da MOS. Pressupõe-se que um aumento
naquantidade de MOS levará a uma melhoria na fertilidade do solo (MACHADO,
2001).
O reconhecimento de que a matéria orgânica do solo (MOS) tem papel central
na determinação da fertilidade do solo, tem levado parte dos pacientes do solo à
necessidade de se manejar a matéria orgânica e principalmente aumentar o teor da
MOS.
Pressupõe-se que um aumento na quantidade de MOS levará a uma melhoria
na fertilidade do solo (MACHADO, 2001). Nem todos os componentes dos matérias
orgânicos
incorporados
àdecomposição.
Alguns
pelosmicrorganismos,
ao
terreno
são
outros
apresentam
a
mesma
resistência
prontamente
atacados
e
decompostos
altamente
resistentes
à
decomposição
são
(BRADY,1989)A matéria orgânica no solo (MOS) apresenta-se como um sistema
complexode substâncias, cuja dinâmica é governada pela adição de resíduos
orgânicos de diversas naturezas e por uma transformação contínua sob ação de
fatores biológicos, químicos e físicos (CAMARGO et al. 1999). Estes autores ainda
ressaltam que cerca de 10 a 15% da reserva total do carbono orgânico nos selos
minerais é constituída por macromoléculas (proteínas e aminoácidos, carboidratos
simples e complexos, resinas, ligninas e outros), e 85 a 90% pelas substâncias
húmicas propriamente ditas.
O carbono orgânico (CO) é um dos atributos mais promissores para detectar
as alterações na qualidade do solo, por demonstrar bastante sensibilidade às
perturbações causadas pelos sistemas de manejo (SILVA, 2006).
O carbono orgânico é um atributo muito importante por atuar nos atributos
químicos, físicos e biológicos (LARSON & PIERCE, 1994; SOUZA et al., 2006).
Em áreas que não sofreram ação antrópica o carbono orgânico encontra-se
estável, porém quando esses solos são submetidos ao manejo intensivo sofrem
perdas na sua qualidade e quantidade (ADDISCOT, 1992, citado por SOUZA et al.,
2006). De acordo com Silva,2006) a perda de carbono do solo corresponde à soma
das perdas por oxidação, erosão e lixiviação.
Vários
estudos
através
de
métodos
de
extração
e
fracionamento
20. 19
dassubstâncias húmicas da matéria orgânica do solo têm sido feitos para
entendermelhor parâmetros como: a pedogênese, a melhoria das propriedades
físicas dosolo, as interações organo-minerais, a diminuição da fixação do carbono, e
oimpacto da agricultura na qualidade do solo (Roscoe& Machado, 2002).
O fracionamento físico possibilita a separação de reservatórios da MOSmais
relacionados com a suas características e dinâmicas no estado natural, ouseja,
relaciona a MOS com a agregação e estabilidade de agregados ou ainda,quantifica
os compartimentos da MOS visando estudos sobre a dinâmica damesma (Roscoe&
Machado, 2002). Para Christensen (1992), o fracionamentofísico enfatiza o papel
das frações minerais na estabilização e transformações daMOS.
O
fracionamento
físico
tem
se
mostrado
promissor
na
distinção
doscomportamentos de carbono sujeitos à influência do manejo e na identificaçãodo
mecanismo de controle físico da matéria orgânica, caracterizando também
asrelações
entre
matéria
orgânica
e
a
agregação
em
macroagregados
emicroagregados (Felleret al., 2000).
Os procedimentos usados no fracionamento físico têm comoembasamento
teórico modelos descritivos do arranjo espacial das partículasminerais e orgânicas
no solo.
Dependendo do grau de associação com a matriz do solo, a MOS podeestar
livre
ou
fracamente
associada
nãocomplexada-MONC).
Podem
às
partículas
também
de
estar
solo
(matéria
fortemente
orgânica
ligada
às
partículasminerais, formando complexos organo-minerais (COM), que podem
serprimários, resultante da interação direta das partículas minerais primárias
ecompostos orgânicos. Os COM-primários agrupam-se formando agregados
ouCOM-secundários, podendo ocorrer o aprisionamento de parte da MONC
nointerior dos COM-secundários, dividindo-os em MONC-livre (livre na superfícieou
entre
os
agregados)
poucoacessíveis
a
e
MONC-oclusa
microbiota)
(dentro
(Chistensen
dos
1996,
agregados
2000).Os
em
locais
métodos
de
fracionamento físico visam à separação da matériaorgânica presente nos
reservatórios tentando quantificar e caracterizar, paraisso, são utilizados dois grupos
de métodos: os métodos densimétricos, que temcomo base a diferença de
densidade entre a fração orgânica e mineral epermitem o isolamento e quantificação
dos compartimentos mais labeis da MOS.E os métodos granulométricos, que levam
em consideração os diferentestamanhos de partículas e permitem o estudo dos
21. 20
compartimentos maishumificados e tipicamente mais estáveis às mudanças no
ambiente do solo provocadas pelo manejo (Feller&Beare, 1997).
3 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no período de 01 de fevereiro a 29 de junho de
2012, sendo que as amostras de solos foram coletadasna Propriedade Rural do
produtor Agroecológico “Raimundo Rego”, localizada no município de Esperantina,
Piauí (03° 54’ 07” S; 42° 14’ 02” O; 49 m). Segundo o Instituto De Geografia e
Estatística (IBGE), predomina na cidade de Esperantina o clima Tropical
Megatérmico, dos mais quentes do Brasil. As amostras de solo foram coletadas em
04 áreas existentes na propriedade, conforme descrição a seguir: APD – Área
Degradada, AMA-2ANOS – Área cultivada há dois anos sob manejo agroecológico,
AMA- 5ANOS – Área cultivada há 5 anos sob manejo agroecológico e AVN – Área
com vegetação nativa.
Nas áreas representativas foram feitas mini-tricheiras, onde foram
coletadas as amostras de solo na profundidade de 0-10 cm, a partir de quatro pontos
de coleta. Após homogeneização, as amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos e transportadas para o laboratório de biociências da Universidade Estadual
do Piauí, Campus Parnaíba.
As amostras de solo foram secas em temperatura ambiente, destorroadas
e passadas em peneiras com abertura de 02 mm para obtenção da terra fina seca
ao ar (TFSA) para realizar o fracionamento da matéria orgânica do solo.
3.1Fracionamento da matéria orgânica
A matéria orgânica do solo foi fracionada com base na solubilidade em
meio ácido e alcalino, obtendo-se as frações: ácidos fúlvicos (FAF), ácidos húmicos
(FAH) e Humina (FHUM). Para isso foram colocados 1 g de solo de cada amostra
em tubos de centrífuga de 15 mL com tampa e adicionados 10 mL de NaOH 1 mol L1
. As amostras foram agitadas em agitador horizontal por 1 hora a 12 rpm. A solução
foi deixada em repouso por 24 horas e depois centrifugada por 15 min a 2500 rpm.
O sobrenadante foi transferido para um erlenmeyer de 125 mL e reservado. Esse
procedimento foi repetido até que o sobrenadante ficasse incolor.
22. 21
Na sequência, o sobrenadante reservado ( extrato alcalino pH=
13.0;resíduo solúvel-Substância húmicas- SHs) foi ajustado para pH= 2,0 com
adição de gotas de solução de H2SO4 a 20%, utilizando o mesmo volume de ácido
para as demais amostras. O material foi deixado em repouso por 18 horas até a
decantação do precipitado formado a fim de facilitar a separação das frações
ácidosfúlvicos (FAF), que permaneceu em solução, da fração ácidos húmicos (FAH)
que precipitou (Figura 1).
Figura 1. Diagrama representando o procedimento de extração e fracionamento das frações
húmicas.
A separação da fração (CFAF) foi feita por filtração e teve o volume
ajustado para 100 mL utilizando água destilada. O material remanescente no papel
filtro (CFAH) foi retirada mediante adição da solução NaOH 0,1 mol L-1 sobre o
precipitado até a lavagem completa do papel filtro. A fração (C FAH) foi rediluída em
solução de NaOH 0,1 mol L-1 e teve o volume ajustado para 100 mL e reservado
para a quantificação. O material remanescente de cada tubo de centrífuga foi
transferido quantitativamente para erlenmeyer de 125 mL (sem perdas do material)
para a quantificação da fração humina (CHUM).
3.2 Determinação do carbono das frações ácidos fúlvicos, ácidos húmicos, e
23. 22
humina.
A quantificação do carbono nas frações ácidosfúlvicos (CFAF) e ácidos
húmicos (CFAH) foi realizada pelo princípio analítico de oxidação do carbono por via
húmida, empregando a solução de dicromato de potássio em meio ácido, como fonte
externa de calor (Walkley& Black, 1934), conforme metodologia descrita em Benites
(2003). Para isso foi transferido uma alíquota de 25 mL de cada uma das soluções
(CFAF ou CFAH) para erlenmeyer de 125 mL, adicionado 5,0 mL de K2Cr2O7 0,176 mol
L-1 e 2,0 mL de H2SO4 concentrado a cada amostra e em quatro erlenmeyer. Para a
prova em brancoadicionou-se 50 mL de água destilada e 5,0 mL de K 2Cr2O7 0,176
mol L-1 , e 2, mL de H2SO4 concentrado, após serem aquecidas na estufa durante 30
minutos com temperatura de 100 °C as amostras foram tituladas com solução de
sulfato ferroso amoniacal 0,30 mol L-1.
A dosagem do carbono das frações CFAF eCFAH foi obtida a partir da
titulação do dicromato remanescente com a solução sulfato ferroso amoniacal 0,40
mol L-1. A fração humina (CFAH) também foi determinada também foi determinada de
oxidação do carbono, porém foram adicionadas aos erlenmeyer, 5 mL de dicromato
de potássio K2Cr2O7 0,0167 mol L-1 e 20 mL de H2SO4 concentrado. Este
procedimento também foi feito às duas provas em branco e tituladas comsulfato
ferroso amoniacal 0,40 mol L-1.
O carbono das frações ácidosfúlvicos (CFAF) e ácidos húmicos (CFAH) e
humina (CHUM) foi calculada pelas as equações 1, 2 3 respectivamente.
Sendo:
CFAF = Carbono da fração ácidosfúlvicos (g kg-1)
24. 23
CFAH = Carbono da fração ácidos húmicos (g kg-1)
CHUM = Carbono da fração humina (g kg-1)
Vbac= Volume de sulfato ferroso amoniacal consumido na titulação do branco (mL)
Vamostra= Volume de sulfato ferroso amoniacal consumido na titulação da amostra
(mL)
CFe2+ = Concentração de CFe2+ na solução padronizada de sulfato ferroso
amoniacal para a reação com dicromato de potássio
Vextrato= Volume total do extrato (mL)
Valiquota= Volume da alíquota usada na determinação do AH e AF (mL)
Psolo = Peso do solo (g)
4000 = Peso_miliequivalente do C (g)
1000 = Fator de transformação de g para Kg
Vdicromato= Volume do dicromato (mL)
0,167 = Concentração da solução de dicromato (mol L-1)
6 = número de elétrons transferidos no processo de redução Cr (VI) Cr (III)
Vbr = Volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação do branco (mL)
3.3 Análise estatística
O trabalho foi avaliado em delineamento inteiramente casualizado, sendo
as fontes de variação a área de pastagem degradada, as áreas reabilitadas sob
manejo agroecológico e área de vegetação nativa (parcelas), utilizando para análise
dos dados foi realizada com o auxílio do software de estatística -ASSISTAT 7.6
(2012).
25. 24
4RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos a partir das análises dos tores de carbonoorgânico
total correspondentes ás frações dos ácidos húmicos (CFAH), ácidos fúlvicos (CFAF), e
fração humina (CHUM) na profundidade 0-10 cm demostraram que houve diferenças
significativas entre as área de pastagem degradada e as áreas reabilitadas sob
manejo agroecológico(Tabelas 1 e 2).
4.1 carbono orgânico total
.
O carbono orgânico total (COT) é considerado o indicador mais
importante da qualidade do solo e da agricultura sustentável devido sua estreita
relação com as propriedades físicas, químicas e biológicas. Os teores de COT tem
um aumento significativo nas áreas reabilitadas então podemos detectar as
alterações na qualidade do solo demonstrando sensibilidade ao uso do manejo
agroecológico (Tabela 1).
TABELA 1.Carbono orgânico total do solo em área de pastagem degradada e áreas
reabilitadas sob manejo agroecológico.
Áreas
COT (g Kg-1)
APD
0,69 c
AMA-2ANOS
1,08 a
AMA- 5ANOS
1,22 a
AVN
0,86 b
APD – Área Degradada, AMA-2ANOS – Área cultivada há dois anos sob manejo agroecológico,
AMA- 5ANOS – Área cultivada há 5 anos sob manejo agroecológico e AVN – Área com vegetação
nativa.
Partindo-se desse pressuposto, o manejo orgânico pode ser uma forma
adequada de se alcançar um sistema agrícola sustentável (Losset al., 2009a,b). Na
área de pastagem degradada houve uma redução na quantidade de COT pelo uso
inadequado do manejo no solo.A atividade agrícola prolongada tem causado
problemas como a compactação e adensamento. Dessa forma, diminuem a
26. 25
porosidade total do solo e a macroporosidade, que são de fundamental importância
para as trocas gasosas, a infiltração e na movimentação da água por difusão ou
fluxo de massa, tão importantes para a absorção de nutrientes, refletindo no estado
nutricional, conforme afirma Borges et al., (1997).
4.2 Carbono nas Frações húmicas do solo
Com relação a fração ácido fúlvico (CFAF), houve uma grande redução nas
áreas degradadas comparando com a área de vegetação nativa e sendo elevada
nas demais áreas (Tabela 2). Isso por serem as frações mais reativas, porém com
reduzida estabilidade química, indicando uma característica desfavorável, pois
podem facilitar, na forma de complexos orgânicos, a lixiviação de cátions e iluviação
de argilas humificadas. Sendo o COT a principal fonte de nitrogênio, o conteúdo
deste nutriente no solo é diretamente afetado pela degradação causada pela erosão
hídrica do solo (Aita, 1997). A redução dessa fração pode ser explicada por ela
apresentar estrutura de fácil degradação.
TABELA 2.Carbono das frações húmicas do solo em área de pastagem degradada
e áreas reabilitadas sob manejo agroecológico.
Áreas
Frações Húmicas do solo
APD
AMA-2ANOS
AMA- 5ANOS
AVN
Ácido Fúlvico - CAF (g Kg-1)
0,09 c
0,18 b
0,25 a
0,17 b
APD
AMA-2ANOS
AMA- 5ANOS
AVN
Ácido húmico - CAH (g Kg-1)
0,23 b
0,25 a
0,34 a
0,33 a
APD
AMA-2ANOS
AMA- 5ANOS
AVN
Humina - CHum (g Kg-1)
0,35 b
0,52 a
0,58 a
0,41 b
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey, (P< 0,05.) APD – Área
Degradada,AMA-2ANOS – Área cultivada há dois anos sob manejo agroecológico, AMA- 5ANOS –
Área cultivada há 5 anos sob manejo agroecológico e AVN – Área com vegetação nativa.
27. 26
Quanto ao atributo (CFAH) o melhor ajuste para explicar o comportamento
dos resultados é por essa fração conter uma estrutura de difícil degradação mesmo
assim na área de pastagem degradada houve uma redução no teor de carbono
mostrando que a escolha do manejo adequado, é uma boa forma de manter o solo
com mais fertilidade, e a presença de carbono na área nativa pode ser entendida a
partir da hipótese mais provável que esse valore é oriundo da persistência de uma
vegetação orgânica antiga e estável proveniente de uma vegetação anterior mais
antiga. Ao contrario do ácidosfúlvicos a fração ácidos húmicos tem o processo de
humificação mais complexo, por causa de sua estrutura. Segundo Jones & Bryan
(1998), as substâncias húmicas são estruturalmente complexas, macromoléculas
que tem uma aparência escura, são ácidas e geralmente heterogêneas. Elas são
constituídas de carbono, oxigênio e às vezes pequenas quantidades de nitrogênio e
ocasionalmente fósforo e enxofre.
Na fração humina (CHUM) observou-se que nas áreas sob manejo
agroecológico houve uma tendência de acúmulo de carbono. Isso ocorre devido à
adição de compostos orgânicos usados no manejo sendo esse aporte favorável as
condições de humificação da matéria orgânica. O C-HUM é a fração que contém a
maior parte do COT do solo. Estes maiores teores de C-HUM são decorrentes do
manejo adotado em cada área, pois propiciou as mesmas diferenças para o COT,
sendo as mesmas razões para os maiores teores de COT, e consequentemente,
para os maiores teores de C-HUM, já explicados. O maior valor de carbono na forma
de C-HUM favorece as propriedades da fração coloidal da MOS, tais como: retenção
de umidade, melhor estruturação do solo e maior retenção de cátions (Souza &
Melo, 2003).
28. 27
5 CONCLUSÃO
O carbono orgânico total teve um aumento significativo nas áreas
reabilitadas sob manejo agroecológico, este resultado demonstra a importância da
escolha do manejo para a manutenção ou melhoria dos teores de COT em áreas de
baixa fertilidade natural.
Há uma tendência na variação na quantidade de carbono das substâncias
húmicas nas áreas sob manejo agroecológico, contribuindo com maior influência na
fração humina, onde a mesma interage com a fração mineral do solo melhorando a
qualidade do mesmo e consequentemente o aumento da produtividade.
29. 28
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