O documento discute a obra "O método 3: o conhecimento do conhecimento" de Edgar Morin. Morin propõe seis métodos para o estudo do conhecimento, sendo o terceiro método sobre o conhecimento do conhecimento. Este método aborda a relatividade e incerteza do conhecimento, a importância da linguagem para o pensamento humano e a emergência da consciência a partir do pensamento reflexivo sobre si mesmo.
A sociedade em rede e os informívoros na floresta digital do acre
Gilles Deleuze e Edgar Morin: Lógica do Sentido e o Método 3
1. Gilles Deleuze e Edgar Morin
O método 3:
Lógica do Sentido o conhecimento do conhecimento
sabrina marco e augusto
2. “Um pouco de possível, se não sufoco”
Gilles Deleuze (1925 – 1995)
3. Entre 1944 e 1948, Deleuze cursou filosofia na
Universidade de Paris (Sorbonne)
Dedica-se à história da filosofia
Em 1962 conhece Foucault, de quem se torna
amigo.
Apesar da amizade, não trabalham juntos, mas
foram apontados como responsáveis pelo
renascimento do interesse pela obra de
Nietzsche
4. O trabalho de Deleuze se divide em dois
grupos: por um lado, monografias
interpretando filósofos modernos (Kant,
Foucault, Nietzsche), e por outro lado,
interpretando obras de artistas (Proust, Kafka,
Bacon)
Deleuze trabalha também temas filosóficos
ecléticos centrado na produção de conceitos
como diferença, sentido, evento, rizoma, etc.
5. Algumas das Principais Obras:
Proust e os Signos
Nietzsche
O Bergsonismo
Bruno Igor
Apresentação de Sacher-Masoch
Spinoza e o problema da Expressão
Diferença e Repetição
Lógica do Sentido
Spinoza: Filosofia
Francis Bacon
Cinema-1: A Imagem-movimento
Cinema-2: A Imagem-tempo
Péricles e Verdi
Conversações
6. Lógica do Sentido
Na Lógica do sentido são intrincados vários corpos de doutrina: ontologia dos simulacros, a lógica dos
paradoxos, a ética do drama e a poética fantasma.
A teoria do sentido com efeito é constituída de várias séries de paradoxos, porque o sentido mantém uma
relação privilegiada com non-sens.
É por isso que Deleuze faz descansar a sua teoria sobre a análise dos paradoxos do sentido
Se por conseguinte a Lógica do sentido não pode passar-se da referência ao paradoxo, este, visto como
paixão do pensamento, residente na descoberta da impossível separação dos dois sentidos, do impossível
sentido único.
8. “Um livro não tem objeto nem sujeito; é feito de matérias diferentemente
formadas, de datas e velocidades muito diferentes. Desde que se atribui um
livro a um sujeito, negligencia-se este trabalho das matérias e a
exterioridade de suas correlações. Fabrica-se um bom Deus para
movimentos geológicos. Num livro, como qualquer coisa, há linhas de
articulação ou segmentaridade, estratos, territorialidades, mas também
linhas de fuga, movimentos de desterritorialização e desestratificação. As
velocidades comparadas de escoamento, conforme estas linhas, acarretam
fenômenos de retardamento relativo, de viscosidade ou, ao contrário, de
precipitação e de ruptura”
9. PRIMEIRA SÉRIE DE PARADOXOS: DO PURO DEVIR
Deleuze apresenta os paradoxos de inversão para mostrar a linha em que os sentidos
crescem, ao mesmo tempo, em um jogo de virtualidades e atualidades que produz o
acontecimento, não se é sem não ter sido e virá a ser.
SEGUNDA SÉRIE DE PARADOXOS: DOS EFEITOS DE
SUPERFÍCIE
“o mais profundo é a pele” Paul Valéry
10. TERCEIRA SÉRIE: DA PROPOSIÇÃO
O sentido é o expresso, ou seja, o sentido difere-se do objeto, do vivido, das
representações e dos conceitos lógicos.
QUARTA SÉRIE: DAS DUALIDADES
Corpo-linguagem: os acontecimentos só nos chegam na medida em que são ditos por
proposições, na dualidade corpo e linguagem. O sentido é tornado possível pela
linguagem.
11. QUINTA SÉRIE: DO SENTIDO
O sentido é paradoxal. O ponto de partida é o sentido e é de dentro dele que
formulamos enunciados.
SEXTA SÉRIE E SÉTIMA SÉRIE: SOBRE A COLOCAÇÃO
EM SÉRIES E DAS PALAVRAS ESOTÉRICAS
O paradoxo de que todos os outros derivam é o da regressão indefinida. Ora, a
regressão tem necessariamente a forma serial: cada nome designador tem um sentido
que deve ser designado por um outro nome, n1 > n2 > n3 > n4....
12. OITAVA SÉRIE: DA ESTRUTURA
Para Deleuze, as estruturas são primeiras em relação aos seres e as coisas a que
vem ocupá-las, elas são um puro contínuo e se determinam pelas suas relações
diferenciais.
NONA E DÉCIMA SÉRIES: DO PROBLEMÁTICO E DO
JOGO IDEAL
O acontecimento é ideal, ou seja, ele é virtual e sua efetuação em um estado de coisas é
atual.
13. DÉCIMA PRIMEIRA SÉRIE: DO NÃO-SENSO
O não-senso é ao mesmo tempo o que não tem sentido, mas que, como tal, opõe-se a
ausência de sentido, operando a doação de sentido.
DÉCIMA SEGUNDA SÉRIE: SOBRE O PARADOXO
Na singularidade dos paradoxos nada começa ou acaba, tudo vai no sentido do futuro e
do passado ao mesmo tempo.
14. DÉCIMA TERCEIRA SÉRIE: DO ESQUIZOFRÊNICO E
DA MENINA
O encontro de Alice com Artaud – neste encontro a superfície de Carrol é colocada a
prova pelas profundezes da esquizofrenia de Artaud.
DÉCIMA QUARTA SÉRIE: DA DUPLA CAUSALIDADE
“O sentido é o efeito de causas corporais e de suas misturas”.
15. DÉCIMA QUINTA SÉRIE: DAS SINGULARIDADES
As singularidades são verdadeiros acontecimentos transcendentais, que, longe de
serem individuais ou pessoais, presidiriam a gênese dos indivíduos e das pessoas.
DÉCIMA SEXTA E DÉCIMA SÉTIMA SÉRIE: DA GÊNE
SE ESTÁTICA ONTOLÓGICA E DA GÊNESE ESTÁTICA
LÓGICA
Numa proposição, um predicado é o que diz algo de um sujeito; no entanto, o sentido
da proposição só existe “na fronteira entre as proposições e as coisas”.
16. VIGÉSIMA SÉRIE: SOBRE O PROBLEMA MORAL
DOS ESTÓICOS
A quase-causa não cria, ela “opera” e não que senão aquilo que acontece.
VIGÉSIMA PRIMEIRA SÉRIE: DO ACONTECIMENTO
Não se pode dizer nada mais, nunca se disse nada mais: tornar-se digno daquilo que nos
ocorre , por conseguinte, querer e capturar o acontecimento, tonar-se filho dos seus
próprios acontecimentos e por aí renascer, refazer para si mesmo um nascimento,
romper com seu nascimento de carne”.
18. E quando o inesperado se manifesta, é preciso ser
capaz de rever nossas teorias e idéias, em vez de
deixar o fato novo entrar à força na teoria
incapaz de recebê-lo."(Edgar Morin)
19. Edgar Morin nasceu em 1921 em Paris. Seu nome
verdadeiro é Edgar Nahoum.
Fez os estudos universitários de História, Geografia e
Direito na Sorbonne, onde se aproximou do Partido
Comunista, ao qual se filiou m 1941.
Em 1949, distanciou-se do PC, que o expulsou dois
anos depois. Ingressou no Centro Nacional de Pesquisa
Científica (CNRS), onde realizou um dos primeiros
estudos etnológicos produzidos na França, sobre uma
comunidade da região da Bretanha.
Criou o Centro de Estudos de Comunicações de Massa e
as revistas Arguments e Comunication.. Ainda diretor de
pesquisas no CNRS, ele é doutor honoris causa em
universidades de vários países e presidente da Associação
para o Pensamento Complexo.
20. Algumas obras
Pensar a Europa.
Terra Pátria.
Vida e os Seus.
Os Sete Saberes necessários à educação do futuro
Os métodos
• Método 1 - a natureza da natureza
• Método 2 - a vida da vida
• Método 3 - o conhecimento do conhecimento
• Método 4 - as idéias: habitat, vida, costumes, organização
• Método 5 - a humanidade da humanidade: a identidade
humana
• O Método 6 - ética
21. Método 3 – O conhecimento do
conhecimento
Os progressos do conhecimento aumentam o paradoxo da
separação/comunicação e do fechamento/abertura: quanto mais a
organização cognitiva torna-se original, singular, individual,
fechada sobre si mesma, separada do mundo, mais está apta a
tornar-se objetiva, coletiva, universal, aberta e em comunicação
com o mundo.
Em paralelo, quanto mais o homem acentua a sua diferença e a sua
marginalidade em relação à natureza, mais aumenta as
possibilidades de conhecimento da natureza
22. “Compreendemos, mas o que significa compreender?
Captamos ou damos significações, mas qual é o significado da
palavra “significação”? Pensamos, mas sabemos pensar o que
quer dizer pensar? Existe um impensável no pensamento, um
incompreensível na compreensão, um incognoscível no
conhecimento?” – p.17
23. Panorama Geral
“[...] todo conhecimento comporta necessariamente:
a) uma competência (aptidão para produzir conhecimentos);
b) uma atividade cognitiva (cognição), realizando-se em função da
competência;
c) um saber (resultante dessas atividades).
As competências e atividades cognitivas humanas necessitam de um aparelho
cognitivo, o cérebro, que é uma formidável máquina bio-físico-química; esta
necessita da existência biológica de um indivíduo;
as aptidões cognitivas humanas só podem desenvolver-se no seio de uma
cultura que produziu, conservou, transmitiu uma linguagem, uma lógica, um
capital de saberes, critérios de verdade. É nesse quadro que o espírito humano
elabora e organiza o seu conhecimento utilizando os meios culturais disponíveis
24. Se o conhecimento é radicalmente relativo e incerto, o
conhecimento do conhecimento não pode escapar a essa
relatividade e a essa incerteza. Mas a dúvida e a relatividade
não são somente corrosão; podem tornar-se também
estímulo. A necessidade de relacionar, relativizar e
historicizar o conhecimento não acarreta somente restrições
e limites; impõe também exigências cognitivas fecundas. De
toda maneira, saber que o conhecimento não possui um
fundamento não é ter adquirido um primeiro conhecimento
fundamental?” – p.23
25. “O ato de conhecimento, ao mesmo tempo biológico,
cerebral, espiritual, lógico, lingüístico, cultural, social,
histórico, faz com que o conhecimento não possa ser
dissociado da vida humana e da relação social [...] Assim, o
conhecimento do conhecimento não pode fechar-se em
fronteiras estritas” – p.26
26. “O conhecimento do conhecimento alimenta-se principalmente
dos conhecimentos científicos e dedica-lhes uma atenção
privilegiada, pois são os únicos que sabem resistir à prova da
Verificação refutação
fornecendo assim dados relativamente seguros para o
conhecimento do conhecimento” – p.36
27. Apreender não é somente adquirir um savoir-faire (saber
como), mas também saber como fazer para adquirir saber;
pode ser a aquisição de informações; pode ser a descoberta
de qualidades ou propriedades inerentes a coisas ou seres;
pode ser a descoberta de uma relação entre dois
acontecimentos ou, ainda, a descoberta da ausência de ligação
entre eles
28. Onde há multiplicidade de acontecimentos e de fenômenos, de
riscos e de incerteza, as estratégias cognitivas visam de modo
complementar (e antagônico) a simplificar e a complexificar o
conhecimento
A inteligência pode ser reconhecida inicialmente como arte
estratégica no conhecimento e na ação. É a arte de associar as
qualidades complementares/antagônicas da análise e da síntese, da
simplificação e da complexificação, bem como a arte das
operações condicionais (elaboração de quase hipóteses a partir das
informações adquiridas).
29. Existe uma conexão
Conhecimento Ação
Linguagem
30. A linguagem é tão necessária à constituição, à perpetuação,
ao desenvolvimento da cultura quanto à inteligência, ao
pensamento e à consciência do homem; tão consubstancial ao
humano do humano que se pode dizer que a linguagem faz o
homem
31. Graças à linguagem:
toda operação cognitiva, toda aquisição, toda fantasia pode ser
nomeada, classificada, estocada, rememorada, comunicada,
logicamente examinada, conscientizada;
as palavras, noções, conceitos operam como fatores de
discriminação, seleção, polarização relativas a todas as atividades
do espírito;
o espírito pode combinar ao infinito palavras e frases e assim
explorar ao infinito as possibilidades do pensamento.
32. A linguagem traduz e transfere em enunciados lineares/
seqüenciais o que se manifesta como simultaneidade superposta no
cérebro e no real. Assim, o concomitante, o inter-retroativo, o
múltiplo, o instantâneo exprimem-se um atrás do outro nos
discursos, enquanto a mega-poli-computação cerebral reproduz
simultaneamente a simultaneidade múltipla do fenômeno
percebido
33. A consciência é a emergência do pensamento reflexivo do
sujeito sobre si mesmo, sobre as suas operações, ações...
O conhecimento por analogia é um conhecimento do
semelhante pelo semelhante que detecta, utiliza, produz
similitudes de modo a identificar os objetos ou fenômenos
que percebe ou concebe. O termo analogia contém sentidos
diferentes
34. Nossa atividade cognitiva cotidiana, veremos, funciona
conforme uma dialógica de compreensão/explicação.
Contudo não se deveria limitar a validade da compreensão ao
modo privado das relações intersubjetivas, expulsando-a para
fora do conhecimento "sério" como um modo pré-racional e
sobretudo pré-científico de conhecimento.
35. O espírito humano mora na linguagem, vive de linguagem e
alimenta-se de representações.
As palavras são ao mesmo tempo indicadores, que designam as
coisas, e evocadores, que suscitam a representação da coisa
nomeada. É nesse sentido evocador concreto que o nome tem uma
potencialidade simbólica imediata: nomeando a coisa, faz surgir o
seu espectro e, se o poder de evocação é forte, ressuscita, ainda que
esteja ausente, a sua presença concreta. O nome é pois ambivalente
por natureza.
36. O conhecimento é, ao mesmo tempo, atividade (cognição) e
produto dessa atividade
A inteligência humana, o pensamento, a consciência não são
apenas interdependentes: cada um desses termos necessita
dos outros para ser definido e concebido
37. Em outras palavras, o conhecimento é necessariamente:
tradução em signos/símbolos e em sistemas de signos/símbolos
(depois, com os desenvolvimentos cerebrais, em
representações, idéias, teorias...);
construção, ou seja, tradução construtora a partir de
princípios/regras ("programas") que permitem constituir
sistemas cognitivos articulando informações/signos/símbolos;
solução de problemas, a começar pelo problema cognitivo da
adequação da construção tradutora à realidade que se trata de
conhecer” – p.58
38. Em resumo epistemológico
A reflexão epistemológica de Edgar Morin parte do
diagnóstico da crise daquilo a que chama o «Paradigma da
Simplificação», ou seja, o modelo de produção, organização,
validação e transmissão do saber que esteve na base dos
prodigiosos avanços das ciências e da tecnologia dos últimos
300 anos.
39. A emergência do Paradigma da
Complexidade
É na evolução da própria ciência que Morin encontram a mais
clara evidências da falência da simplificação e da emergência
desse novo paradigma: a microfísica depara-se com
fenómenos inexplicáveis a partir do princípio da contradição
e mostra que não é possível separar a acção do sujeito da
produção de conhecimento,
40. A complexidade: os conceitos-chave de
«dialógica» e a «recursividade»
O desafio da complexidade clarifica-se: trata-se de ser capaz
de pensar o real como um todo e não de o reduzir
arbitrariamente a elementos redutores
Dialógica Recursividade
41. Dialógica
a unidade complexa entre duas lógicas, entidades ou
substâncias complementares, concorrentes e antagônicas que
se alimentam uma da outra, se completam, mas também se
opõem e combatem.
42. Recursividade
a possibilidade de a causa agir sobre o efeito e de o efeito agir
sobre a causa
Pensados recursivamente, um conceito como o de adaptação
permite pensar iterativamente a relação organismo/meio;
um conceito como o de socialização designa a dupla ação do
indivíduo sobre a sociedade e da sociedade sobre o indivíduo.