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RENASCENÇA

                                     MARCOS FILHO




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           A grande revitalização da arte e
           das letras, sob a influência de
           modelos clássicos, que começou na
           Itália no século XIV e continuou
           durante os séculos XV e XVI.
           (Oxford English Dictionary)



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De acordo com o New Grove Dictionary of Music and
Musicians (1980), a Renascença começa por volta de
1430 e termina por volta de 1600, podendo se
estender além deste período. O termo foi lançado
pelo historiador francês Michelet em 1855 e
divulgado por Burckhardt (para The Civilization of
the Renaissance in Italy). Em 1860 seu uso era
generalizado.




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           O Oxford English
           Dictionary, contudo, lista casos de
           ocorrência do termo Renaissance já
           em 1840:




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1840 T. A. Trollope Summer in Brittany II. 234 That heaviest and least
graceful of all possible styles, the „renaissance‟ as the French choose to
term it.
1842 Queen Victoria Jrnl. 14 Sept. (1980) 37 We..saw the fine
greenhouse the Duke has built, all in stone, in the Renaissance style.
1845 Ford Handbk. Spain ii. 745 At the bright period of the
Renaissance, when fine art was a necessity and pervaded every relation
of life.
1851 Ruskin Stones Ven. I. i. 23 This rationalistic art is the art commonly
called Renaissance, marked by a return to pagan systems.
1851 Ruskin Stones Ven. I. App. xi. 370 A choice little piece of description
this, of the Renaissance painters.
1854 Lowell Keats Prose Wks. 1896 I. 244 In him we have an example of
the renaissance going on almost under our own eyes.


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                          Andrea Mantegna
                                      1431–1506



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                      temática greco-romana




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                                           O Parnasso
         (Marte, Vênus, Vulcano e Orfeu)
                                             1497
                                 Museu do Louvre


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                   composição geométrica e
                        perspectiva




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                              A oração no jardim
                                           circa 1455
                                   National Gallery



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                 perspectiva inusitada,
                humanização de figuras
               sacras, impacto emocional



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                                           Cristo morto
                                            circa 1480
                              Pinacoteca de Brera



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                                    Teatro Olimpico
                                     Vicenza (1584)
                    Andrea Palladio (1508–80)
            Vicenzo Scamozzi (1552–1616)


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O Teatro Olímpico foi desenhado para a Academia Olímpica de Vicenza
para performances teatrais. Criado por Palladio a partir de seus estudos de
vários teatros antigos e de suas próprias ilustrações do design de teatros
clássicos, feitas para a tradução de Daniele Barbaro de Vitruvius, este é um
sobrevivente solitário dos teatros da Renascença.
Dentro de uma caixa exterior de tijolos, o elaborado interior de madeira do
teatro é um semicírculo de íngremes fileiras de assentos (bancadas
cobertas de madeira) diante de um proscênio retangular de palco. Uma
colunata de madeira com cornija e figuras acima coroa o topo dos
assentos. O plano do teto é indiferenciado e foi mais tarde pintado de
azul, sugerindo um céu aberto acima do teatro.
As paredes e teto do proscênio são elaboradamente articuladas com
detalhes arquitetônicos e estátuas, feitos de madeira e estuque. Uma
abertura central arqueada domina a parede de fundo, ladeada por duas
passagens menores. Através destas aberturas, elaborada cenografia de
ângulos de ruas no fundo do palco, uma tríade através da abertura central
e ruas únicas através de cada lado. Este cenário, desenhado mais tarde
por Scamozzi, usa técnicas de inclinar o chão e contrair o ângulo entre as
paredes dos muros e as alturas das fachadas para criar ruas encurtadas
em perspectiva.
http://www.accademiaolimpica.it/teatroolimpico.ht
m
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Francesco Petrarca
          1307–74




         circa 1450
Galleria degli Uffizi
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Sonetto CXXXIV del Petrarca                    Soneto XCI de Camões


Pace non trovo e non ò da far guerra,          Tanto de meu estado me acho incerto,
e temo e spero, et ardo e son un ghiaccio,     Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
e volo sopra 'l cielo e giaccio in terra,      Sem causa, juntamente choro e rio,
e nulla stringo e tutto 'l mondo abbraccio.    O mundo todo abarco e nada aperto.


Tal m'à in pregion, che non m'apre né serra,   É tudo quanto sinto um desconcerto:
né per suo mi riten né scioglie il laccio,     Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
e non m'ancide Amore e non mi sferra,          Agora espero, agora desconfio;
né mi vuol vivo né mi trae d'impaccio.         Agora desvario, agora acerto.


Veggio senza occhi e non ò lingua e grido,     Estando em terra, chego ao Céu voando;
e bramo di perir e cheggio aita,               Nua hora acho mil anos; e é de jeito
et ò in odio me stesso ed amo altrui.          Que em mil anos não posso achar ua hora.


Pascomi di dolor, piangendo rido,              Se me pergunta alguém porque assim ando,
egualmente mi spiace morte e vita:             Respondo que não sei; porém suspeito
in questo stato son, Donna, per vui.           Que só porque vos vi, minha Senhora.


(Francesco Petrarca, 1307–74)                  (Luís de Camões, circa 1524–1579)
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Arquà, onde Petrarca viveu os
quatro últimos anos de sua vida
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                                      TEÓRICOS




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                                    Girolamo Mei
                                           1519–94



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Durante o século XVI na Itália, uma expressividade musical crescente
contrastava mais e mais com o estilo tradicional imitativo. Até certo
ponto, tratava-se de uma oposição entre o secular e o sacro, entre textos
poéticos em italiano e textos litúrgicos em latim, embora a música sacra
também tenha procurado impacto expressivo através de uma sonoridade
realçada, o uso de policoros e a adoção de figuras modeladas nas da
retórica. Mas outro fator importante e mais radical foi o novo interesse na
música da Grécia antiga e em seus efeitos morais e emocionais. A
influência de Aristóteles substitui a do neoplatonismo, com suas
preocupações místicas com números e relações cósmicas somadas, e a
catarse da Poética de Aristóteles especificada como o efeito da tragédia
torna-se o primeiro modelo influente para uma estética musical. Assim, o
aparecimento de uma estética musical girou em torno da batalha do
antigo e do moderno, onde “moderno” significava o estilo polifônico
renascentista estabelecido e “antigo” a monodia expressiva. O contraste
estético de princípios subjacente era o do sentimento e


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dos efeitos em oposição ao ideal “moderno” de eufonia e prazer auditivo.
Em seus termos mais simples, tratava-se da adoção da expressão em
lugar da beleza. Ainda que a música continuasse sendo uma ciência
matemática de harmônica e rítmica, ela também passa a se preocupar
com o estudo da composição e da performance; em termos das artes
liberais [trívio + quadrívio], ela acrescentou, ao tema prescrito pelo
quadrívio, um interesse no trívio, nas propriedades da retórica, na qual a
música sempre desempenhara um papel constituinte. Ela assim deu início
à jornada que faria dela uma das belas-artes, mais do que uma arte
liberal, uma jornada na qual o princípio da imitação seria seu companheiro
permanente, tendo-se juntado a ela inicialmente na República de Platão e
depois na Poética e na Política de Aristóteles (embora, neste último, se
diga que a música se “assemelhe” e não “imite” seu objeto).




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A carta de Mei de 1572 é um documento importante e influente nesta
mudança. Ela forneceu os motivos de base para a Camerata de Giovani de
Bardi e, assim, desempenhou um importante papel na origem da ópera. O
que ela ajudou a formular foi, realmente, uma nova concepção da
música, que é essencialmente estética. Ao mesmo tempo, esta nova
concepção também representa um novo corpus de teoria prática, ligada à
composição e à performance, à poética e à oratória musicais. O valor e até
a relevância da matemática são colocados em questão numa série de
disputas que continua por séculos, sempre que a simplicidade se opõe à
complexidade, a melodia ao contraponto (ou à harmonia) e o sul ao norte.
O argumento a favor da melodia é, inicialmente, um apelo ao impacto
emocional, mas serve, subseqüentemente, aos ideais de expressividade
natural, da moral e da religião. Ele constitui um tipo preliminar de estética
(ou, mais tarde, um tipo tradicional) na medida em que se dirige
principalmente aos efeitos da música — um campo que abarca a medicina
e a mágica e a moral tanto quanto as emoções — ao invés de às
qualidades e propriedades da própria música.


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         Carta de Girolamo Mei a
         Vincenzo Galilei sobre a
        música antiga e a moderna
                                             1572
                                           (excertos)
*As páginas anteriores sobre Mei e a carta que se segue foram traduzidas de
Musical Aesthetics: A Historical Reader, vol. I (da Antigüidade ao século
XVIII), de Edward Lippman (org.), Nova Iorque, Pendragon Press, 1986.

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“Agora, considerando que a música, no que diz respeito à
canção, se preocupa com as qualidades da
voz, particularmente em relação a ser esta aguda, média ou
grave, começo a ver que, primariamente, sua virtude deve
necessariamente ter seu fundamento principal naquelas
qualidades e, depois, que cada uma destas paixões da voz não
sendo a mesma, não seja tampouco razoável que cada uma
tenha a mesma faculdade, mas, do mesmo modo como elas
são contrárias entre si e resultantes de movimentos
contrários, seja necessário também que cada uma tenha
propriedades contrárias, que tenham também o poder de
produzir efeitos necessariamente contrários.” [...]




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“Daí que a voz aguda não seja capaz de expressar
adequadamente as afeições do médio e, menos ainda, as do
grave, nem o grave, ao contrário, as do médio e, menos
ainda, as do agudo, nem o médio qualquer uma do agudo ou do
grave; pelo contrário, a qualidade de uma deve
necessariamente, sendo seu oposto e contrário, ser um
impedimento à operação da outra. Agora, baseado nessa idéia e
princípios, começo a argumentar que, se a música dos antigos
tivesse soado várias melodias confusamente juntas na mesma
canção, como nossos músicos fazem com seu
baixo, tenor, contralto e soprano, ou com mais ou menos partes
do que estas ao mesmo tempo, teria sido sem dúvida impossível
que ela fosse capaz de excitar tão vigorosamente no ouvinte as
afeições desejadas, como se lê a toda hora que ela fazia em
tantos relatos e testemunhos de autores grandes e valorosos.”
[...]
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 “De modo semelhante, sabe-se bem que os tons
 intermediários entre o muito agudo e o muito grave são
 adequados para mostrar uma disposição calma e moderada da
 afeição, os muito agudos são marcas de uma alma altamente
 agitada e incitada e os muito graves de pensamentos tão
 abjetos quanto desalentados; e, da mesma forma, o ritmo
 intermediário entre velocidade e lentidão mostra uma alma
 tranqüila, a velocidade uma alma excitada e a lentidão uma
 indolente e lerda: e, em seu conjunto, é claro que todas estas
 qualidades, tanto de harmonia quanto de
 número, têm, através de sua natureza intrínseca, a faculdade
 de excitar afeições, cada uma similar a si própria.” [...]




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“Além disso, todas as qualidades contrárias, sejam naturais ou
adquiridas, ao se misturarem e confundirem, tornam-se
enfraquecidas e, de certa forma, embotam as forças umas das
outras, igualmente, se iguais, na proporção da potência e
vigor de cada uma, se diferentes; daí que cada uma,
misturada com outra diferente, atue ela própria, em relação à
outra, de modo imperfeito ou quase nulo. Assim, se
misturarmos quantidades iguais de água fervente e gelada,
tão distante de temperada em seu excessivo frio quanto a
fervente em seu excessivo calor, não só a força de cada uma
não seria eficaz em excesso de frio ou calor, mas ambas se
veriam reduzidas a uma disposição intermediária, não
adaptada em sua natureza nem ao frio nem ao calor [...]”


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“É necessário, portanto, que todos os cantores, em
conjunto, cantem não só as mesmas palavras, mas o mesmo
modo e a mesma melodia, com a mesma quantidade de
tempos e a mesma qualidade de número e ritmo, coisas estas
que, juntas, sejam, por sua natureza intrínseca, adaptadas
para produzir o efeito que o artífice buscou e tencionou
induzir; e isto não é mais que uma canção unida e
fixada, completamente junta e completamente dirigida àquele
mesmo fim por seus únicos meios naturais e adequados.” [...]




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“Acrescente-se então, na música de nossos
compositores, além de todas as coisas já mencionadas, que o
senso do continuado refinamento de seus acordes e
consonâncias e uma centena de outras formas excessivas de
artifício por eles por assim dizer disparadas, procurando
seduzir os ouvidos, é de grande estorvo no despertar qualquer
afeição na mente, ocupada e ligada principalmente a estes
pequenos engodos do prazer assim produzidos [...]”




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“[...] se alguém se encontra com um grupo onde alguns estão
chorando, alguns rindo, outros calmamente
conversando, outros agindo turbulentamente, outros pulando
de bêbados e outros podem estar fazendo outra coisa, não
tendo ele próprio talvez qualquer inclinação particular por
alguma destas afeições, não se afastará de seu
estado, exceto, quiçá, no permanecer confuso por causa da
situação; mas se, pelo contrário, alguém se encontra com um
grupo no qual ou todos estão-se lamentando ou todos estão
comemorando, será de extrema compostura, seja natural ou
voluntária, não ser movido ou disposto de alguma forma por
aquelas afeições.” [...]




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  “Mas o que dizer ainda daquela outra afronta
  perversa, nomeadamente, que o soprano muitas vezes possa
  cantar o começo das palavras de um conceito, ou suas
  repetições, e o tenor esteja no meio delas e o baixo no final e
  outras partes alhures; ou que possam divergir entre si na
  pronúncia!” [...]




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                               Marin Mersenne
                              (Père Mersenne)
                                           1588–1648


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Tanto o amplo escopo do pensamento de Mersenne quanto seu
esforço para reduzi-lo a uma forma sistemática são característicos
dos eruditos e filósofos do século XVII; vamos encontrá-los em
pensadores tão diversos como
Kepler, Fludd, Kircher, Spinoza, Descartes, Hobbes e Gassendi. Eles
têm uma manifestação típica no amplo tratado enciclopédico, algo
como um relançamento da summa medieval. É como se a rápida
expansão do pensamento empírico demandasse alguma força
unificadora para contê-lo e dar-lhe sentido, o que se achou, de
modos diversos, na nova certeza axiomática de Descartes, numa
forma geométrica de exposição, no apelo a uma ciência universal
da matemática (seja em sua forma pitagórica tradicional ou numa
nova forma) ou numa visão religiosa do mundo como uma unidade
criada por Deus. Concepções antigas e medievais de harmonia
cósmica inevitavelmente desempenharam um papel nestas visões
sintéticas, e a música era freqüentemente considerada a
manifestação mais direta da divindade.
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Mas o escopo universal dos tratados musicais uniu os conteúdos
mais diversos, justapondo o velho e o novo numa textura rica e
complexa. Um extremo desta diversidade foi ocupado pela ciência
física e tecnologia; o outro pela metafísica matemática e a teologia.
Entre estes extremos se enfileiravam a teoria contrapontística
tradicional (agora gradativamente expandida de modo a abarcar a
dissonância expressiva); a poética musical, mais recente, centrada
nas figuras musicais; um esquema ramificado de efeitos musicais
que se estendia da medicina aos afetos e era complementado por
uma concepção materialista dos temperamentos baseada em
fluidos corporais; tipologias complexas do estilo musical;
enumerações e descrições compreensivas de instrumentos
musicais. Vários destes temas eram variedades incipientes de
estética não elaborados segundo tal ponto de vista. Outros, como a
crescente consciência das vibrações, da natureza física do som e da
desigualdade de funções entre os dois tons constituintes de um
intervalo, seriam de capital importância para o futuro da percepção
tonal e musical.
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 A acústica e a teologia estão lado a lado em Mersenne. Elas
 também têm implicações estéticas, mas de modos muito
 diferentes, a primeira sendo relevante apenas para os elementos
 da estética e a segunda fundamentalmente equívoca em suas
 implicações.

 O argumento que Mersenne apresenta em favor do uníssono em
 detrimento da oitava no livro sobre a consonância é essencialmente
 repetido no livro sobre composição em favor da superioridade da
 monofonia em detrimento da polifonia. Ambas as discussões estão
 relacionadas de modo estranho ao argumento de Girolamo Mei, mas o
 critério muda, de impacto emocional para valor teológico. Elas estão
 também palpavelmente relacionadas à defesa, no século XVIII, da
 melodia contra o contraponto e a harmonia, embora o ponto de vista
 então se torne especificamente estético.

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  Mersenne era um correspondente incansável, e as cartas que
  trocou com Descartes e outros revelam quão cuidadoso era em
  suas deliberações. A Harmonie universelle, de modo
  similar, examina seus temas de todos os pontos de vista
  concebíveis por seu autor, e os argumentos tendem a tornar-se tão
  exaustivos que freqüentemente tocam em questões propriamente
  estéticas, embora sejam em geral voltados para outros problemas.
  Mas se Mersenne continuamente procurou conselhos através de
  correspondência, ele também foi muito original em várias
  áreas, preparando o terreno, na teoria musical, para concepções
  futuras de consonância e tonalidade.




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              Harmonie universelle
Vol 2: tratados sobre as consonâncias, as
 dissonâncias, os gêneros, os modos e a
               composição.

                              1636
                           (excertos)
*As páginas anteriores sobre Mersenne e os excertos que se segue foram
traduzidos de Musical Aesthetics: A Historical Reader, vol. I (da
Antigüidade ao século XVIII), de Edward Lippman (org.), Nova
Iorque, Pendragon Press, 1986.
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  “Ora, todos os homens deveriam ser amigos, já que são
  irmãos e filhos do mesmo pai e que a verdadeira religião
  ensina que os fiéis deveriam ser um único corpo e um único
  espírito, já que todos têm a glória de Deus como objetivo
  último. Daí que toda a sagrada Escritura não tenha outro
  objetivo senão fazer-nos abraçar a comunhão dos
  abençoados, tanto de espírito quanto de corpo, e unir-nos a
  Deus para sempre, de modo que o uníssono, que não
  desfruta aqui da estima da qual deveria gozar, triunfe sobre a
  diversidade da qual procedem os erros e goze eternamente
  das prerrogativas das quais se deseja privá-lo pelas
  diferenças de tempo e movimento das quais se fazem uso
  atualmente.”


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 “Quanto à segunda parte da proposição, saber se o uníssono é
 mais doce e agradável do que a oitava, digo primeiro não
 haver dúvida quanto a ser mais doce, já que une os tons com
 mais freqüência e facilidade, pois o uníssono sendo um para
 um, todas as pulsações do ar são unidas a cada impulso, ao
 contrário das pulsações da oitava, unidas a cada dois
 impulsos; e sempre se terá, na operação de todos os
 sentidos, que aquilo que une mais facilmente é mais doce;
 mas não se segue daí que seja o mais agradável: pois ainda
 que o açúcar e o mel sejam muito doces, eles não
 são, contudo, agradáveis àqueles que preferem coisas azedas
 e amargas: por isto é necessário verificar se o uníssono é mais
 agradável do que a oitava.”


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 “Eu digo então, em segundo lugar, que parece que o uníssono
 seja mais agradável do que a oitava porque ele lisonjeia mais
 ao ouvido e é mais facilmente compreensível à
 imaginação, que é a sede principal do prazer.”




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“E caso se queiram empregar comparações para confirmar esta
verdade, a natureza nos fornece tais comparações, pois o grande
prazer da álgebra consiste em encontrar todos os tipos de
equações que ocorrem por meio da igualdade. A ciência da
mecânica tem seus fundamentos no equilíbrio, que é certo tipo
de uníssono. E a medicina, aparentemente, não tem objetivo ou
especulação mais exaltada do que o temperamento dos corpos
reduzidos à igualdade dos humores. E se é permissível ascender
ainda mais, acharemos um uníssono eterno na divindade, uma
vez que a três pessoas são apenas uma natureza única e têm
apenas uma vontade única, um poder único e uma bondade
única, embora possam ser em realidade distintas. Será
esta, quiçá, a razão pela qual os Abençoados sempre cantarão
em uníssono, de modo que sua canção se possa coadunar com a
igualdade das três pessoas e com o estado de igualdade, que
tem sua origem na beatitude eterna, não suscetível de qualquer
alteração e que, sendo muito simples, requer canções muito
simples, não podendo ser mais simples, quando vários estão
cantando, do que quando cantam em uníssono.”
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“Pode-se confirmar a mesma coisa, mais uma vez, pelo
começo e o fim das composições, quase sempre formando um
uníssono, que é o fim da música, pois experimentos mostram
que todas as consonâncias tendem ao uníssono, como
demonstrei alhures.” [...]




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Departamento de Música
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 “O poder do uníssono imprime seus efeitos não só no espírito
 e na alma, mas também em corpos inanimados; pois basta
 tocar uma corda do alaúde, da viola ou de algum outro
 instrumento para que esta coloque em movimento as outras
 cordas, propensas e tendentes ao uníssono, fazendo-as vibrar;
 e, conseqüentemente, ele pode ser usado para fazer todo o
 tipo de máquinas se moverem e para disparar um canhão:
 Assim, se podem assediar e conquistar cidades, tendo-se dito
 que Orfeu construiu cidades com o som de sua harpa. Mas
 devemos reservar este discurso para o tratado dos sons que
 são usados na guerra.”




Universidade Federal de São João del-Rei
Departamento de Música
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 “Agora, uma das razões mais fortes a nos persuadir de que o
 uníssono é mais agradável e natural do que a oitava se infere
 da experiência segundo a qual nos entediamos muito mais
 com o canto à oitava do que ao uníssono, que ouvimos nas
 igrejas com prazer por horas a fio.”




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Departamento de Música
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                           Athanasius Kircher
                                           1601–1680



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                       Musurgia Universalis
                                           1650
*O que se segue acerca da obra de Kircher sintetiza ou reproduz o artigo de
Eero Tarasti, “Music Models Through Ages: A Semiotic
Interpretation”, International Review of the Aesthetics and Sociology of
Music 25 (1–2): 295–320, 1994.


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observações empíricas
tabelas músico-teóricas de escalas
conselhos acerca da construção de instrumentos
histórias míticas sobre:
      o poder curativo da música
      a origem da música
reflexões teológicas sobre “a música dos anjos”
observações histórico-musicais sobre a música velha
e a música nova
experimentos fantásticos com vários tipos de
máquinas musicais
Todo o estudo começa em termos muito “anatômicos”, uma vez
que Kircher analisa como um tom é produzido e (já!) que
diferentes afetos, paixões da alma, a música pode despertar em
nós
(amor, ódio, medo, piedade, alegria, embrutecimento, desprezo,
 fidelidade, raiva, desespero etc). Ele também examina os
órgãos vocais e auditivos de um ponto de vista
anatômico, comparando, por exemplo, a laringe humana com as
de animais e insetos (e explicando também porque a voz dos
eunucos lembra a das mulheres). Supõe que os instrumentos de
sopro tenham sido construídos por analogia com a estrutura dos
órgãos vocais. Especial atenção é dada ao fato de que até os
animais são capazes de produzir “música”, isto é, significantes
musicais: ele apresenta um quadrúpede achado na América e
chamado Preguiça, cuja voz, várias testemunhas declararam ser
milagrosa e que canta de acordo com a escala diatônica
(Kircher 1650: 27). Depois destas observações principalmente
zoossemióticas, Kircher apresenta informações tanto míticas
quanto históricas sobre a invenção e as origens da música —
música tem uma dimensão histórica. Todavia, o que mais importa
é como a música se tornou uma ciência especulativa lidando com
relações numéricas: conseqüentemente, a música tem seu lugar
ao lado da aritmética, da geometria e da física. Daí em
diante, Kircher introduz novos métodos de composição com
vários tipos de diagramas, fala da fisiologia de consonâncias e
dissonâncias, da simpatia e antipatia de relações entre tons ou do
poder e influência da música — mais uma vez, não só sobre os
seres humanos, mas também sobre os animais. Ele tem diversas
evidências empíricas disto, como experiências nas quais tons
fazem os animais (e.g. filhotes de lobo) ter pavor ou prazer
(zoossemiótica de novo!). Dão-se conselhos acerca de como as
picadas da tarântula podem ser curadas pela música, baseados
no fato de que a música tem uma influência direta sobre os
nervos e músculos. Neste sentido, o modelo de Kircher antecipa a
musicoterapia moderna e estudos neurofisiológicos (cf o modelo
de música posterior de John Cage, no qual há casos em que a
música é transmitida diretamente ao sistema nervoso humano).
Kircher trata amplamente da classe do sonus prodigiosus;
este consiste de três subclasses: natural, artificial e
sobrenatural. À primeira classe pertencem os sons
inexplicáveis que se encontram na Finlândia (!), ouvidos
especialmente nas áreas montanhosas (Kircher cita a crônica
de Olaus Magnus), mas que se podem explicar como sendo
produzidos pela estrutura interna das montanhas, onde o som
é multiplicado — como nas montanhas da Suíça (Kircher
1650: 234). O capítulo seguinte considera efeitos de eco e a
acústica musical, com vários diagramas e os resultados de
experimentos empíricos. Por exemplo, Kircher pergunta como
construir uma igreja de tal modo que três cantores possam
produzir tanto som quanto uma centena. O capítulo apresenta
experimentos provando que o som é transmitido mais
poderosamente através de um tubo curvo do que de um tubo
retilíneo; há comentários sobre os teatros construídos por
Vitruvius e várias propostas de espaços acústicos artificiais
sob o título Magia echotectonica (Kircher 1650: 283).
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   A seção seguinte do livro discute a construção de
   instrumentos: são examinadas diferentes máquinas e
   mecanismos musicais através dos quais até os sons de
   animais podem ser imitados (formas pioneiras de
   sintetizadores modernos), incluindo um cilindro
   sonoro, órgãos hidráulicos e Glockenspiels automáticos
   (Kircher 1650: 304–43).




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Depois destas apresentações tecnológicas extremamente
concretas e empíricas, segue-se um capítulo sobre o fenômeno
do symphonismus (Kircher 1650: 370), que não significa
“sinfonismo” em nenhum sentido relacionado à música
instrumental, musica humana, mas que significa que o universo
inteiro é construído de acordo com relações musicais.
Assim, Kircher fala do “sinfonismo” de
estrelas, pedras, plantas, árvores, água, animais, pássaros, qua
drúpedes e cores, classificando-os de acordo com uma escala
musical. Pondera então a inter-relação entre o microcosmo
interno do homem e o macrocosmo — particularmente do
ponto de vista de vários modos rítmicos e métricos. Ele
apresenta um diagrama de diferentes figuras rítmicas e seu
impacto no corpo humano, quinze casos diferentes ao todo, que
este pré-estruturalista da música combina para obter os efeitos
que deseja. No capítulo intitulado Symphonismus
patheticus, Kircher revela-se um “behaviorista” ao provar que as
paixões podem mover a alma humana, de tal modo que o ritmo
do pulso revela paixões particulares; o pulso de uma pessoa
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alegre ou triste ou de uma pessoa apaixonada são diferentes.
Finalmente, Kircher chega a organizar as virtudes de acordo
com uma escala musical, fazendo a seguir o mesmo com a
política, e todo o estudo se conclui com reflexões sobre a
musica angelica, que não pode ser percebida pelos sentidos.
Neste modelo de música, os limites entre música e não-
música se tornam bastante vagos: em última análise, a
música se pode encontrar em qualquer lugar e em qualquer
coisa.




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Teoria Musical na Renascença, por Marcos Filho

  • 1. RENASCENÇA MARCOS FILHO Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 2. P R O F. M A R C O S F I L H O A grande revitalização da arte e das letras, sob a influência de modelos clássicos, que começou na Itália no século XIV e continuou durante os séculos XV e XVI. (Oxford English Dictionary) Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 3. P R O F. M A R C O S F I L H O De acordo com o New Grove Dictionary of Music and Musicians (1980), a Renascença começa por volta de 1430 e termina por volta de 1600, podendo se estender além deste período. O termo foi lançado pelo historiador francês Michelet em 1855 e divulgado por Burckhardt (para The Civilization of the Renaissance in Italy). Em 1860 seu uso era generalizado. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 4. P R O F. M A R C O S F I L H O O Oxford English Dictionary, contudo, lista casos de ocorrência do termo Renaissance já em 1840: Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 5. P R O F. M A R C O S F I L H O 1840 T. A. Trollope Summer in Brittany II. 234 That heaviest and least graceful of all possible styles, the „renaissance‟ as the French choose to term it. 1842 Queen Victoria Jrnl. 14 Sept. (1980) 37 We..saw the fine greenhouse the Duke has built, all in stone, in the Renaissance style. 1845 Ford Handbk. Spain ii. 745 At the bright period of the Renaissance, when fine art was a necessity and pervaded every relation of life. 1851 Ruskin Stones Ven. I. i. 23 This rationalistic art is the art commonly called Renaissance, marked by a return to pagan systems. 1851 Ruskin Stones Ven. I. App. xi. 370 A choice little piece of description this, of the Renaissance painters. 1854 Lowell Keats Prose Wks. 1896 I. 244 In him we have an example of the renaissance going on almost under our own eyes. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 6. P R O F. M A R C O S F I L H O Andrea Mantegna 1431–1506 Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 7. P R O F. M A R C O S F I L H O temática greco-romana Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 8. P R O F. M A R C O S F I L H O O Parnasso (Marte, Vênus, Vulcano e Orfeu) 1497 Museu do Louvre Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 9.
  • 10. P R O F. M A R C O S F I L H O composição geométrica e perspectiva Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 11. P R O F. M A R C O S F I L H O A oração no jardim circa 1455 National Gallery Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 12.
  • 13. P R O F. M A R C O S F I L H O perspectiva inusitada, humanização de figuras sacras, impacto emocional Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 14. P R O F. M A R C O S F I L H O Cristo morto circa 1480 Pinacoteca de Brera Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 15.
  • 16. P R O F. M A R C O S F I L H O Teatro Olimpico Vicenza (1584) Andrea Palladio (1508–80) Vicenzo Scamozzi (1552–1616) Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 17.
  • 18. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 19. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 20. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 21.
  • 22. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 23. O Teatro Olímpico foi desenhado para a Academia Olímpica de Vicenza para performances teatrais. Criado por Palladio a partir de seus estudos de vários teatros antigos e de suas próprias ilustrações do design de teatros clássicos, feitas para a tradução de Daniele Barbaro de Vitruvius, este é um sobrevivente solitário dos teatros da Renascença. Dentro de uma caixa exterior de tijolos, o elaborado interior de madeira do teatro é um semicírculo de íngremes fileiras de assentos (bancadas cobertas de madeira) diante de um proscênio retangular de palco. Uma colunata de madeira com cornija e figuras acima coroa o topo dos assentos. O plano do teto é indiferenciado e foi mais tarde pintado de azul, sugerindo um céu aberto acima do teatro. As paredes e teto do proscênio são elaboradamente articuladas com detalhes arquitetônicos e estátuas, feitos de madeira e estuque. Uma abertura central arqueada domina a parede de fundo, ladeada por duas passagens menores. Através destas aberturas, elaborada cenografia de ângulos de ruas no fundo do palco, uma tríade através da abertura central e ruas únicas através de cada lado. Este cenário, desenhado mais tarde por Scamozzi, usa técnicas de inclinar o chão e contrair o ângulo entre as paredes dos muros e as alturas das fachadas para criar ruas encurtadas em perspectiva.
  • 25. P R O F. M A R C O S F I L H O Francesco Petrarca 1307–74 circa 1450 Galleria degli Uffizi
  • 26. P R O F. M A R C O S F I L H O Sonetto CXXXIV del Petrarca Soneto XCI de Camões Pace non trovo e non ò da far guerra, Tanto de meu estado me acho incerto, e temo e spero, et ardo e son un ghiaccio, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; e volo sopra 'l cielo e giaccio in terra, Sem causa, juntamente choro e rio, e nulla stringo e tutto 'l mondo abbraccio. O mundo todo abarco e nada aperto. Tal m'à in pregion, che non m'apre né serra, É tudo quanto sinto um desconcerto: né per suo mi riten né scioglie il laccio, Da alma um fogo me sai, da vista um rio; e non m'ancide Amore e non mi sferra, Agora espero, agora desconfio; né mi vuol vivo né mi trae d'impaccio. Agora desvario, agora acerto. Veggio senza occhi e non ò lingua e grido, Estando em terra, chego ao Céu voando; e bramo di perir e cheggio aita, Nua hora acho mil anos; e é de jeito et ò in odio me stesso ed amo altrui. Que em mil anos não posso achar ua hora. Pascomi di dolor, piangendo rido, Se me pergunta alguém porque assim ando, egualmente mi spiace morte e vita: Respondo que não sei; porém suspeito in questo stato son, Donna, per vui. Que só porque vos vi, minha Senhora. (Francesco Petrarca, 1307–74) (Luís de Camões, circa 1524–1579)
  • 27. P R O F. M A R C O S F I L H O Arquà, onde Petrarca viveu os quatro últimos anos de sua vida
  • 28. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 29. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 30. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 31.
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  • 34. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 35.
  • 36.
  • 37. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 38. P R O F. M A R C O S F I L H O
  • 39. P R O F. M A R C O S F I L H O TEÓRICOS Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 40. P R O F. M A R C O S F I L H O Girolamo Mei 1519–94 Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 41. P R O F. M A R C O S F I L H O Durante o século XVI na Itália, uma expressividade musical crescente contrastava mais e mais com o estilo tradicional imitativo. Até certo ponto, tratava-se de uma oposição entre o secular e o sacro, entre textos poéticos em italiano e textos litúrgicos em latim, embora a música sacra também tenha procurado impacto expressivo através de uma sonoridade realçada, o uso de policoros e a adoção de figuras modeladas nas da retórica. Mas outro fator importante e mais radical foi o novo interesse na música da Grécia antiga e em seus efeitos morais e emocionais. A influência de Aristóteles substitui a do neoplatonismo, com suas preocupações místicas com números e relações cósmicas somadas, e a catarse da Poética de Aristóteles especificada como o efeito da tragédia torna-se o primeiro modelo influente para uma estética musical. Assim, o aparecimento de uma estética musical girou em torno da batalha do antigo e do moderno, onde “moderno” significava o estilo polifônico renascentista estabelecido e “antigo” a monodia expressiva. O contraste estético de princípios subjacente era o do sentimento e Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 42. P R O F. M A R C O S F I L H O dos efeitos em oposição ao ideal “moderno” de eufonia e prazer auditivo. Em seus termos mais simples, tratava-se da adoção da expressão em lugar da beleza. Ainda que a música continuasse sendo uma ciência matemática de harmônica e rítmica, ela também passa a se preocupar com o estudo da composição e da performance; em termos das artes liberais [trívio + quadrívio], ela acrescentou, ao tema prescrito pelo quadrívio, um interesse no trívio, nas propriedades da retórica, na qual a música sempre desempenhara um papel constituinte. Ela assim deu início à jornada que faria dela uma das belas-artes, mais do que uma arte liberal, uma jornada na qual o princípio da imitação seria seu companheiro permanente, tendo-se juntado a ela inicialmente na República de Platão e depois na Poética e na Política de Aristóteles (embora, neste último, se diga que a música se “assemelhe” e não “imite” seu objeto). Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 43. P R O F. M A R C O S F I L H O A carta de Mei de 1572 é um documento importante e influente nesta mudança. Ela forneceu os motivos de base para a Camerata de Giovani de Bardi e, assim, desempenhou um importante papel na origem da ópera. O que ela ajudou a formular foi, realmente, uma nova concepção da música, que é essencialmente estética. Ao mesmo tempo, esta nova concepção também representa um novo corpus de teoria prática, ligada à composição e à performance, à poética e à oratória musicais. O valor e até a relevância da matemática são colocados em questão numa série de disputas que continua por séculos, sempre que a simplicidade se opõe à complexidade, a melodia ao contraponto (ou à harmonia) e o sul ao norte. O argumento a favor da melodia é, inicialmente, um apelo ao impacto emocional, mas serve, subseqüentemente, aos ideais de expressividade natural, da moral e da religião. Ele constitui um tipo preliminar de estética (ou, mais tarde, um tipo tradicional) na medida em que se dirige principalmente aos efeitos da música — um campo que abarca a medicina e a mágica e a moral tanto quanto as emoções — ao invés de às qualidades e propriedades da própria música. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 44. P R O F. M A R C O S F I L H O Carta de Girolamo Mei a Vincenzo Galilei sobre a música antiga e a moderna 1572 (excertos) *As páginas anteriores sobre Mei e a carta que se segue foram traduzidas de Musical Aesthetics: A Historical Reader, vol. I (da Antigüidade ao século XVIII), de Edward Lippman (org.), Nova Iorque, Pendragon Press, 1986. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 45. P R O F. M A R C O S F I L H O “Agora, considerando que a música, no que diz respeito à canção, se preocupa com as qualidades da voz, particularmente em relação a ser esta aguda, média ou grave, começo a ver que, primariamente, sua virtude deve necessariamente ter seu fundamento principal naquelas qualidades e, depois, que cada uma destas paixões da voz não sendo a mesma, não seja tampouco razoável que cada uma tenha a mesma faculdade, mas, do mesmo modo como elas são contrárias entre si e resultantes de movimentos contrários, seja necessário também que cada uma tenha propriedades contrárias, que tenham também o poder de produzir efeitos necessariamente contrários.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 46. P R O F. M A R C O S F I L H O “Daí que a voz aguda não seja capaz de expressar adequadamente as afeições do médio e, menos ainda, as do grave, nem o grave, ao contrário, as do médio e, menos ainda, as do agudo, nem o médio qualquer uma do agudo ou do grave; pelo contrário, a qualidade de uma deve necessariamente, sendo seu oposto e contrário, ser um impedimento à operação da outra. Agora, baseado nessa idéia e princípios, começo a argumentar que, se a música dos antigos tivesse soado várias melodias confusamente juntas na mesma canção, como nossos músicos fazem com seu baixo, tenor, contralto e soprano, ou com mais ou menos partes do que estas ao mesmo tempo, teria sido sem dúvida impossível que ela fosse capaz de excitar tão vigorosamente no ouvinte as afeições desejadas, como se lê a toda hora que ela fazia em tantos relatos e testemunhos de autores grandes e valorosos.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 47. P R O F. M A R C O S F I L H O “De modo semelhante, sabe-se bem que os tons intermediários entre o muito agudo e o muito grave são adequados para mostrar uma disposição calma e moderada da afeição, os muito agudos são marcas de uma alma altamente agitada e incitada e os muito graves de pensamentos tão abjetos quanto desalentados; e, da mesma forma, o ritmo intermediário entre velocidade e lentidão mostra uma alma tranqüila, a velocidade uma alma excitada e a lentidão uma indolente e lerda: e, em seu conjunto, é claro que todas estas qualidades, tanto de harmonia quanto de número, têm, através de sua natureza intrínseca, a faculdade de excitar afeições, cada uma similar a si própria.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 48. P R O F. M A R C O S F I L H O “Além disso, todas as qualidades contrárias, sejam naturais ou adquiridas, ao se misturarem e confundirem, tornam-se enfraquecidas e, de certa forma, embotam as forças umas das outras, igualmente, se iguais, na proporção da potência e vigor de cada uma, se diferentes; daí que cada uma, misturada com outra diferente, atue ela própria, em relação à outra, de modo imperfeito ou quase nulo. Assim, se misturarmos quantidades iguais de água fervente e gelada, tão distante de temperada em seu excessivo frio quanto a fervente em seu excessivo calor, não só a força de cada uma não seria eficaz em excesso de frio ou calor, mas ambas se veriam reduzidas a uma disposição intermediária, não adaptada em sua natureza nem ao frio nem ao calor [...]” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 49. P R O F. M A R C O S F I L H O “É necessário, portanto, que todos os cantores, em conjunto, cantem não só as mesmas palavras, mas o mesmo modo e a mesma melodia, com a mesma quantidade de tempos e a mesma qualidade de número e ritmo, coisas estas que, juntas, sejam, por sua natureza intrínseca, adaptadas para produzir o efeito que o artífice buscou e tencionou induzir; e isto não é mais que uma canção unida e fixada, completamente junta e completamente dirigida àquele mesmo fim por seus únicos meios naturais e adequados.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 50. P R O F. M A R C O S F I L H O “Acrescente-se então, na música de nossos compositores, além de todas as coisas já mencionadas, que o senso do continuado refinamento de seus acordes e consonâncias e uma centena de outras formas excessivas de artifício por eles por assim dizer disparadas, procurando seduzir os ouvidos, é de grande estorvo no despertar qualquer afeição na mente, ocupada e ligada principalmente a estes pequenos engodos do prazer assim produzidos [...]” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 51. P R O F. M A R C O S F I L H O “[...] se alguém se encontra com um grupo onde alguns estão chorando, alguns rindo, outros calmamente conversando, outros agindo turbulentamente, outros pulando de bêbados e outros podem estar fazendo outra coisa, não tendo ele próprio talvez qualquer inclinação particular por alguma destas afeições, não se afastará de seu estado, exceto, quiçá, no permanecer confuso por causa da situação; mas se, pelo contrário, alguém se encontra com um grupo no qual ou todos estão-se lamentando ou todos estão comemorando, será de extrema compostura, seja natural ou voluntária, não ser movido ou disposto de alguma forma por aquelas afeições.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 52. P R O F. M A R C O S F I L H O “Mas o que dizer ainda daquela outra afronta perversa, nomeadamente, que o soprano muitas vezes possa cantar o começo das palavras de um conceito, ou suas repetições, e o tenor esteja no meio delas e o baixo no final e outras partes alhures; ou que possam divergir entre si na pronúncia!” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 53. P R O F. M A R C O S F I L H O Marin Mersenne (Père Mersenne) 1588–1648 Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 54. P R O F. M A R C O S F I L H O Tanto o amplo escopo do pensamento de Mersenne quanto seu esforço para reduzi-lo a uma forma sistemática são característicos dos eruditos e filósofos do século XVII; vamos encontrá-los em pensadores tão diversos como Kepler, Fludd, Kircher, Spinoza, Descartes, Hobbes e Gassendi. Eles têm uma manifestação típica no amplo tratado enciclopédico, algo como um relançamento da summa medieval. É como se a rápida expansão do pensamento empírico demandasse alguma força unificadora para contê-lo e dar-lhe sentido, o que se achou, de modos diversos, na nova certeza axiomática de Descartes, numa forma geométrica de exposição, no apelo a uma ciência universal da matemática (seja em sua forma pitagórica tradicional ou numa nova forma) ou numa visão religiosa do mundo como uma unidade criada por Deus. Concepções antigas e medievais de harmonia cósmica inevitavelmente desempenharam um papel nestas visões sintéticas, e a música era freqüentemente considerada a manifestação mais direta da divindade. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 55. P R O F. M A R C O S F I L H O Mas o escopo universal dos tratados musicais uniu os conteúdos mais diversos, justapondo o velho e o novo numa textura rica e complexa. Um extremo desta diversidade foi ocupado pela ciência física e tecnologia; o outro pela metafísica matemática e a teologia. Entre estes extremos se enfileiravam a teoria contrapontística tradicional (agora gradativamente expandida de modo a abarcar a dissonância expressiva); a poética musical, mais recente, centrada nas figuras musicais; um esquema ramificado de efeitos musicais que se estendia da medicina aos afetos e era complementado por uma concepção materialista dos temperamentos baseada em fluidos corporais; tipologias complexas do estilo musical; enumerações e descrições compreensivas de instrumentos musicais. Vários destes temas eram variedades incipientes de estética não elaborados segundo tal ponto de vista. Outros, como a crescente consciência das vibrações, da natureza física do som e da desigualdade de funções entre os dois tons constituintes de um intervalo, seriam de capital importância para o futuro da percepção tonal e musical.
  • 56. P R O F. M A R C O S F I L H O A acústica e a teologia estão lado a lado em Mersenne. Elas também têm implicações estéticas, mas de modos muito diferentes, a primeira sendo relevante apenas para os elementos da estética e a segunda fundamentalmente equívoca em suas implicações. O argumento que Mersenne apresenta em favor do uníssono em detrimento da oitava no livro sobre a consonância é essencialmente repetido no livro sobre composição em favor da superioridade da monofonia em detrimento da polifonia. Ambas as discussões estão relacionadas de modo estranho ao argumento de Girolamo Mei, mas o critério muda, de impacto emocional para valor teológico. Elas estão também palpavelmente relacionadas à defesa, no século XVIII, da melodia contra o contraponto e a harmonia, embora o ponto de vista então se torne especificamente estético. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 57. P R O F. M A R C O S F I L H O Mersenne era um correspondente incansável, e as cartas que trocou com Descartes e outros revelam quão cuidadoso era em suas deliberações. A Harmonie universelle, de modo similar, examina seus temas de todos os pontos de vista concebíveis por seu autor, e os argumentos tendem a tornar-se tão exaustivos que freqüentemente tocam em questões propriamente estéticas, embora sejam em geral voltados para outros problemas. Mas se Mersenne continuamente procurou conselhos através de correspondência, ele também foi muito original em várias áreas, preparando o terreno, na teoria musical, para concepções futuras de consonância e tonalidade. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 58. P R O F. M A R C O S F I L H O Harmonie universelle Vol 2: tratados sobre as consonâncias, as dissonâncias, os gêneros, os modos e a composição. 1636 (excertos) *As páginas anteriores sobre Mersenne e os excertos que se segue foram traduzidos de Musical Aesthetics: A Historical Reader, vol. I (da Antigüidade ao século XVIII), de Edward Lippman (org.), Nova Iorque, Pendragon Press, 1986.
  • 59. P R O F. M A R C O S F I L H O “Ora, todos os homens deveriam ser amigos, já que são irmãos e filhos do mesmo pai e que a verdadeira religião ensina que os fiéis deveriam ser um único corpo e um único espírito, já que todos têm a glória de Deus como objetivo último. Daí que toda a sagrada Escritura não tenha outro objetivo senão fazer-nos abraçar a comunhão dos abençoados, tanto de espírito quanto de corpo, e unir-nos a Deus para sempre, de modo que o uníssono, que não desfruta aqui da estima da qual deveria gozar, triunfe sobre a diversidade da qual procedem os erros e goze eternamente das prerrogativas das quais se deseja privá-lo pelas diferenças de tempo e movimento das quais se fazem uso atualmente.” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 60. P R O F. M A R C O S F I L H O “Quanto à segunda parte da proposição, saber se o uníssono é mais doce e agradável do que a oitava, digo primeiro não haver dúvida quanto a ser mais doce, já que une os tons com mais freqüência e facilidade, pois o uníssono sendo um para um, todas as pulsações do ar são unidas a cada impulso, ao contrário das pulsações da oitava, unidas a cada dois impulsos; e sempre se terá, na operação de todos os sentidos, que aquilo que une mais facilmente é mais doce; mas não se segue daí que seja o mais agradável: pois ainda que o açúcar e o mel sejam muito doces, eles não são, contudo, agradáveis àqueles que preferem coisas azedas e amargas: por isto é necessário verificar se o uníssono é mais agradável do que a oitava.” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 61. P R O F. M A R C O S F I L H O “Eu digo então, em segundo lugar, que parece que o uníssono seja mais agradável do que a oitava porque ele lisonjeia mais ao ouvido e é mais facilmente compreensível à imaginação, que é a sede principal do prazer.” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 62. “E caso se queiram empregar comparações para confirmar esta verdade, a natureza nos fornece tais comparações, pois o grande prazer da álgebra consiste em encontrar todos os tipos de equações que ocorrem por meio da igualdade. A ciência da mecânica tem seus fundamentos no equilíbrio, que é certo tipo de uníssono. E a medicina, aparentemente, não tem objetivo ou especulação mais exaltada do que o temperamento dos corpos reduzidos à igualdade dos humores. E se é permissível ascender ainda mais, acharemos um uníssono eterno na divindade, uma vez que a três pessoas são apenas uma natureza única e têm apenas uma vontade única, um poder único e uma bondade única, embora possam ser em realidade distintas. Será esta, quiçá, a razão pela qual os Abençoados sempre cantarão em uníssono, de modo que sua canção se possa coadunar com a igualdade das três pessoas e com o estado de igualdade, que tem sua origem na beatitude eterna, não suscetível de qualquer alteração e que, sendo muito simples, requer canções muito simples, não podendo ser mais simples, quando vários estão cantando, do que quando cantam em uníssono.”
  • 63. P R O F. M A R C O S F I L H O “Pode-se confirmar a mesma coisa, mais uma vez, pelo começo e o fim das composições, quase sempre formando um uníssono, que é o fim da música, pois experimentos mostram que todas as consonâncias tendem ao uníssono, como demonstrei alhures.” [...] Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 64. P R O F. M A R C O S F I L H O “O poder do uníssono imprime seus efeitos não só no espírito e na alma, mas também em corpos inanimados; pois basta tocar uma corda do alaúde, da viola ou de algum outro instrumento para que esta coloque em movimento as outras cordas, propensas e tendentes ao uníssono, fazendo-as vibrar; e, conseqüentemente, ele pode ser usado para fazer todo o tipo de máquinas se moverem e para disparar um canhão: Assim, se podem assediar e conquistar cidades, tendo-se dito que Orfeu construiu cidades com o som de sua harpa. Mas devemos reservar este discurso para o tratado dos sons que são usados na guerra.” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 65. P R O F. M A R C O S F I L H O “Agora, uma das razões mais fortes a nos persuadir de que o uníssono é mais agradável e natural do que a oitava se infere da experiência segundo a qual nos entediamos muito mais com o canto à oitava do que ao uníssono, que ouvimos nas igrejas com prazer por horas a fio.” Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 66. P R O F. M A R C O S F I L H O Athanasius Kircher 1601–1680 Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 67. P R O F. M A R C O S F I L H O Musurgia Universalis 1650 *O que se segue acerca da obra de Kircher sintetiza ou reproduz o artigo de Eero Tarasti, “Music Models Through Ages: A Semiotic Interpretation”, International Review of the Aesthetics and Sociology of Music 25 (1–2): 295–320, 1994. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 68. P R O F. M A R C O S F I L H O observações empíricas tabelas músico-teóricas de escalas conselhos acerca da construção de instrumentos histórias míticas sobre: o poder curativo da música a origem da música reflexões teológicas sobre “a música dos anjos” observações histórico-musicais sobre a música velha e a música nova experimentos fantásticos com vários tipos de máquinas musicais
  • 69. Todo o estudo começa em termos muito “anatômicos”, uma vez que Kircher analisa como um tom é produzido e (já!) que diferentes afetos, paixões da alma, a música pode despertar em nós (amor, ódio, medo, piedade, alegria, embrutecimento, desprezo, fidelidade, raiva, desespero etc). Ele também examina os órgãos vocais e auditivos de um ponto de vista anatômico, comparando, por exemplo, a laringe humana com as de animais e insetos (e explicando também porque a voz dos eunucos lembra a das mulheres). Supõe que os instrumentos de sopro tenham sido construídos por analogia com a estrutura dos órgãos vocais. Especial atenção é dada ao fato de que até os animais são capazes de produzir “música”, isto é, significantes musicais: ele apresenta um quadrúpede achado na América e chamado Preguiça, cuja voz, várias testemunhas declararam ser milagrosa e que canta de acordo com a escala diatônica (Kircher 1650: 27). Depois destas observações principalmente zoossemióticas, Kircher apresenta informações tanto míticas quanto históricas sobre a invenção e as origens da música —
  • 70. música tem uma dimensão histórica. Todavia, o que mais importa é como a música se tornou uma ciência especulativa lidando com relações numéricas: conseqüentemente, a música tem seu lugar ao lado da aritmética, da geometria e da física. Daí em diante, Kircher introduz novos métodos de composição com vários tipos de diagramas, fala da fisiologia de consonâncias e dissonâncias, da simpatia e antipatia de relações entre tons ou do poder e influência da música — mais uma vez, não só sobre os seres humanos, mas também sobre os animais. Ele tem diversas evidências empíricas disto, como experiências nas quais tons fazem os animais (e.g. filhotes de lobo) ter pavor ou prazer (zoossemiótica de novo!). Dão-se conselhos acerca de como as picadas da tarântula podem ser curadas pela música, baseados no fato de que a música tem uma influência direta sobre os nervos e músculos. Neste sentido, o modelo de Kircher antecipa a musicoterapia moderna e estudos neurofisiológicos (cf o modelo de música posterior de John Cage, no qual há casos em que a música é transmitida diretamente ao sistema nervoso humano).
  • 71. Kircher trata amplamente da classe do sonus prodigiosus; este consiste de três subclasses: natural, artificial e sobrenatural. À primeira classe pertencem os sons inexplicáveis que se encontram na Finlândia (!), ouvidos especialmente nas áreas montanhosas (Kircher cita a crônica de Olaus Magnus), mas que se podem explicar como sendo produzidos pela estrutura interna das montanhas, onde o som é multiplicado — como nas montanhas da Suíça (Kircher 1650: 234). O capítulo seguinte considera efeitos de eco e a acústica musical, com vários diagramas e os resultados de experimentos empíricos. Por exemplo, Kircher pergunta como construir uma igreja de tal modo que três cantores possam produzir tanto som quanto uma centena. O capítulo apresenta experimentos provando que o som é transmitido mais poderosamente através de um tubo curvo do que de um tubo retilíneo; há comentários sobre os teatros construídos por Vitruvius e várias propostas de espaços acústicos artificiais sob o título Magia echotectonica (Kircher 1650: 283).
  • 72. P R O F. M A R C O S F I L H O A seção seguinte do livro discute a construção de instrumentos: são examinadas diferentes máquinas e mecanismos musicais através dos quais até os sons de animais podem ser imitados (formas pioneiras de sintetizadores modernos), incluindo um cilindro sonoro, órgãos hidráulicos e Glockenspiels automáticos (Kircher 1650: 304–43). Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música
  • 73. Depois destas apresentações tecnológicas extremamente concretas e empíricas, segue-se um capítulo sobre o fenômeno do symphonismus (Kircher 1650: 370), que não significa “sinfonismo” em nenhum sentido relacionado à música instrumental, musica humana, mas que significa que o universo inteiro é construído de acordo com relações musicais. Assim, Kircher fala do “sinfonismo” de estrelas, pedras, plantas, árvores, água, animais, pássaros, qua drúpedes e cores, classificando-os de acordo com uma escala musical. Pondera então a inter-relação entre o microcosmo interno do homem e o macrocosmo — particularmente do ponto de vista de vários modos rítmicos e métricos. Ele apresenta um diagrama de diferentes figuras rítmicas e seu impacto no corpo humano, quinze casos diferentes ao todo, que este pré-estruturalista da música combina para obter os efeitos que deseja. No capítulo intitulado Symphonismus patheticus, Kircher revela-se um “behaviorista” ao provar que as paixões podem mover a alma humana, de tal modo que o ritmo do pulso revela paixões particulares; o pulso de uma pessoa
  • 74. P R O F. M A R C O S F I L H O alegre ou triste ou de uma pessoa apaixonada são diferentes. Finalmente, Kircher chega a organizar as virtudes de acordo com uma escala musical, fazendo a seguir o mesmo com a política, e todo o estudo se conclui com reflexões sobre a musica angelica, que não pode ser percebida pelos sentidos. Neste modelo de música, os limites entre música e não- música se tornam bastante vagos: em última análise, a música se pode encontrar em qualquer lugar e em qualquer coisa. Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Música