O documento descreve um projeto de revitalização urbana em Jaraguá do Sul, Brasil que transformou postes cinza em obras de arte pintadas por artistas locais. O projeto também incluiu a pintura de murais em dois bairros da cidade para embelezar a área e promover a arte. Além disso, o texto discute outro projeto em Joinville que criou uma oficina de dança em um galpão cultural para fornecer novas oportunidades para professores e alunos de dança.
Projeto Trindarte transforma muros de bairro em obras de arte
1. J o i n v i l l e D o m i n g o , 1 6 d e J u n h o d e 2 0 0 2 Santa Catarina Brasil
ANotícia SURPRESAS NA RUA
Leia também
Artistas integram projeto Trindarte, que
extrapola a simples remodelagem dos Passeio
muros e inclui outras manifestações
culturais cheio de surpresas
Fotos: James Tavares
Postes de duas ruas de Jaraguá do
Sul são transformados em novos
Trindade suportes artísticos
com cara nova Jaraguá do Sul Tudo mudou. Agora, cada poste é
motivo de exclamação. As crianças ficam
encantadas, obrigando os pais a pararem no meio
Projeto de revitalização do espaço urbano em bairro da
do caminho. Os adultos nem sempre sabem
Capital envolve artistas e comunidade responder a tantas perguntas diante de imagens e
desenhos inusitados. A principal rua do bairro
Carla Pessotto Czerniewicz, a Jorge Czerniewicz, que passa em
frente ao centro cultural da Sociedade Cultura
os poucos, o visual do bairro Trindade, na Artística (Scar) de Jaraguá do Sul, sofreu radicais
A Capital, vai mudando. Muros antes cinzas ou
recobertos por cartazes estão ganhando
modificações com a transformação dos cinzentos
postes em painel para obras de artistas locais,
desenhos e cores através do trabalho desenvolvido por ganhando cores e formas em estilos variados, do
um grupo de artistas plásticos da cidade. O processo clássico ao contemporâneo. O mesmo aconteceu
de revitalização do espaço urbano do local, no com outros 16 postes da rua Ângelo Rubini, na
entanto, começou há mais tempo e envolve uma série Barra do Rio Cerro, rua que dá acesso ao Parque
de outras ações. Malwee e a Pomerode.
Nos últimos dois anos, quatro projetos foram sendo Os artistas plásticos de Jaraguá do Sul e o
colocados em prática pela Associação dos Empresários da Trindade convidado especial Môa mostraram sua técnica e
(Asset), entidade vinculada à Associação Comercial e Industrial de habilidade num novo suporte. O projeto foi
Florianópolis (Acif). O primeiro foi dirigido à limpeza o Trindade Limpa, idealizado pela diretora de artes da Scar, Denyse
com a colocação de 65 lixeiras ao longo das duas principais vias, Lauro Zimmermann da Silva. "A idéia é mostrar os
Linhares e Madre Benevenuta. talentos dos nossos artistas, e também embelezar
Depois, foi a vez do Trindade Verde, com a adoção de praças e canteiros, a cidade", situa ela.
que ganharam novas plantas e manutenção constante. O trabalho teve A diversidade plástica impressa nas obras é o
continuidade com o Ande Bem, que incentiva a padronização das ponto alto do projeto, que contou com o apoio das
calçadas pelos proprietários dos imóveis e que já trocou 300 metros de "Voluntárias da Arte", denominação dada a 17
passeio. pessoas que facilitam o trabalho dos artistas. Um
"É possível sentir uma mudança nos moradores e em dos próximos desafios da Associação
quem estuda ou trabalha no bairro. Eles se sentem Jaraguaense dos Artistas Plásticos (Ajap) é
mais valorizados", afirma Rodolfo Hess Neto, conseguir autorização para fazer pinturas artísticas
empresário e morador do bairro, que também participa no viaduto do bairro Vila Lenzi.
da AcifAsset.
Para Rafael Pereira Oliveira, produtor cultural da Áprika,
que assina a coordenação do Trindarte projeto que
inclui a pintura dos muros de imediato, o novo visual
Participantes
tem como conseqüência uma mudança de humor nos
moradores, pela aparência mais agradável das ruas. "O
acesso à arte de qualidade também estimula uma reflexão crítica, que Revitalização
passa a ser utilizada pelas pessoas no cotidiano", argumenta ele. do espaço urbano
"Estamos criando uma galeria de arte ao ar livre."
Ana Paula Alves de Souza, estudante de música na Universidade Federal
1ª Etapa
de Santa Catarina (Udesc), é uma das artistas do projeto Trindarte.
Adolfo Zimmermann, Mármara Gonçalves,
Responsável pelo pintura de dois muros, ela tem como inspiração as
Mariângela Ferreira Guimarães, Rossana Subtil,
inscrições rupestres desenhos em rochas deixados por civilizações pré
Ana Paola Bruck Ramos, Fernando Bastos,
históricas.
Marilda Freitas Puff, Rosane Breithaupt, Reinhardt
"A arte visual é uma linguagem. O meu trabalho tenta passar uma
Mathias Conrads, Dú Jahnke, Inácio Carreira, Tito
mensagem sobre a necessidade de preservação da cultura e de respeito
Hille, Marisa Kaufmann, Celaine Refosco, Paulo
aos nossos ancestrais", explica. Segundo ele, o processo histórico leva a
Saban, Valdete Hinning, Heloísa Hinning, Cristina
uma elitização da arte, enquanto que essa proposta, garante, é
Pettri, Fernando Bastos, Cláudia Flesch e Daniele
democratizante.
Ehlert
O Trindarte extrapola a simples remodelagem dos muros e inclui todas as
manifestações culturais, explica Pereira Oliveira. Já foram organizados
espetáculos de teatro, dança e música ao ar livre, com acesso grátis à 2ª Etapa
população. A fase atual propõe a formação de arteeducadores que, Rosane Breithaupt, Adolfo Juliano Zimmermann,
depois de fazer um estágio já acertado com Gilberto Dimenstein em São Valdete Hinning, Cristina Pettri, Maria Aparecida
Paulo, vão atuar junto aos alunos de 5ª a 8ª séries da Hilda Theodoro e Maes Beleza,
Simão Hess, duas escolas públicas do bairro. O jornalista desenvolve o Karla Graciola, Fernando Bastos, Inácio Carreira,
projeto Aprendiz junto a crianças carentes da periferia de São Paulo, que Paulo Saban, Bianca Macoppi Oliari, Mônica
tem como suporte a arte. "Depois disso, os alunos é que deverão pintar Macoppi, Tito Hille
os muros", explica o produtor. Aurélia Valentin Gomes, Beatriz Bertoli de Araújo,
Outra proposta é a criação de um quiosque cultural, um caminhãopalco Roberto Lanznaster, Marina Lueders, Môa, Rodrigo
itinerante, que fará uma apresentação semanal em locais diferentes do Martello, Michel Albuquerque, Jonas dos Santos,
bairro. "Temos a chancela municipal e estadual para a captação de Marisa Kaufmann, Denyse Zimmermann da Silva,
recursos através das leis de incentivo cultural e são estes recursos que Ana Paola Bruck Ramos, Rossana Subtil,
irão viabilizar a idéia." Marilda Freitas Puff, Ronaldo Lima
Edson Lima, Celaine Refosco, Alencar Giovanella,
2. Dú Jahnke, Diovani Rubens Riedel e Marlene Mann
Dança dá ritmo e movimento
ao galpão cultural de Joinville Aposta na
força da família
Divergências na Casa da Cultura mudam rumos dos
professores, que montam oficina já com resultados Em cartaz em São José, "Os
Excêntricos Tenenbaums" fala das
Marlise Groth
relações humanas com humor e
Joinville Após 12 anos de trabalho na Escola Municipal de Balé da Casa amargura
da Cultura Fausto Rocha Júnior, em Joinville, o professor Marcos Sage,
detentor de 25 prêmios como coreógrafo e bailarino, alça novos rumos. Luiz Carlos Merten
Desde março, ele, em conjunto com a professora Alessandra Hilário, é o Agência Estado
responsável pela Oficina do Ballet instalada na Cidadela Cultural
Antarctica. As atividades, que iniciaram meio no improviso, já ganharam São Paulo Talvez a mais clássica de todas as
forma. O galpão, destinado ao ensino de dança, recebeu benefícios e histórias sobre crianças prodígios que viram
embora ainda necessite de ajustes, com o apoio dos alunos e seus adultos fracassados seja a de "O Que Terá
familiares, tornouse um local onde é possível realizar ensaios regulares, Acontecido a Baby Jane?", de Robert Aldrich, com
criar e trabalhar em harmonia. Bette Davis e Joan Crawford como as duas irmãs
Prova disso são as 16 coreografias ensaiadas na oficina, em parceria com que nunca se amaram e agora fazem de tudo para
os integrantes do Projeto de Apoio e Incentivo ao Esporte Educacional infernizar a vida uma da outra. Wes Anderson não
(Paiee). Além de oferecer aulas regulares de balé clássico, o espaço segue essa trilha em "Os Excêntricos
assessora grupos locais que buscam aperfeiçoamento. O Paiee é o Tenenbaums". O filme, em cartaz em São José,
primeiro deles. Todo o trabalho é gratuito. possui um charme todo particular. Não é nem um
A transferência de Marcos Sage e Alessandra Hilário para a Cidadela pouco realista ou naturalista. Anderson trabalha no
Cultural Antarctica não se deu por acaso. Como explica o diretor cultural registro da parábola. Mostra personagens
da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), Jair Mendes, é fruto de um confrontados com eles mesmos, que precisam
problema de "coexistência pacífica que existiu ano passado na Escola reavaliar suas vidas para seguir em frente.
Municipal de Ballet. Esses professores prestam um serviço fabuloso à Já era assim em seus filmes anteriores, "Pura
comunidade. Não podíamos deixálos na rua por causa de diferenças Adrenalina" e "Três é Demais", mas agora ele
pessoais com a administradora da escola, Flávia Vargas", justifica. muda completamente o tom. A família Tenenbaum
O interessante, é que além de Marcos e Alessandra, concursados, é realmente excêntrica. O primeiro capítulo do
nenhum dos professores contratados para lecionar ano passado filme, narrado como conto infantil, com direito a
permanece na Escola Municipal de Ballet em 2002. O quadro foi todo ratinho na esquerda da tela e tudo, mostra quem
remodelado. Segundo a diretora da Casa da Cultura, Marina Mosimann, o são essas pessoas. As crianças são todas
motivo alegado por Flávia Vargas foi "que os antigos professores não se geniais. Um é um gênio das finanças que
enquadravam em sua maneira de trabalho". Para Marina, que lamenta os comanda um escritório como se fosse a coisa
atritos, não se pode questionar o profissionalismo dos professores, mas é mais natural do mundo, outro é campeão de tênis
preciso respeitar a coordenadora que assumiu o cargo em 2001, com e, a terceira, pois é ela, é uma menina que foi
autonomia didática e pedagógica. adotada e publicou sua primeira peça aos 10 anos.
Em 2001, o impasse administrativo e pedagógico chegou a tal ponto que
os professores teriam pedido a exoneração de Flávia. "Ela tirou nossa Anjelica Huston é a mãe e viaja no sucesso dos
autonomia em classe e criou uma situação de paternalismo junto a um filhos, escrevendo um livro sobre o processo de
grupo de alunas que originalmente pertenceu à sua própria academia", lidar com todas essas personalidades fora de
comenta o professor Ronald Soares. Para as jovens Sarah Fanarof, 16, esquadro. Gene Hackman é o pai e aqui o
Tatiane Guesser, 16, Kayka Oliveira Couto, 12 e Zaiane Almeida, 16, a problema é mais complicado. Ele não apenas não
transferência do professor Marcos Sage para a Cidadela Cultural liga para a genialidade dos filhos. Não liga para
Antarctica foi um pouco traumatizante, mas só serviu para ressaltar sua eles, mesmo.
competência. Papai e mamãe separamse, mamãe arranja um
"Joinville precisa descobrir o valor do Marcos. Ele tem muito talento para pretendente e os filhos, que eram gênios, revelam
ficar escondido aqui", argumenta Sarah que há oito anos iniciou estudos se adultos fracassados. Você já viu esse filme,
de balé na Casa da Cultura. Para Zaiane, sete anos de clássico, "é um mas nunca tratado dessa maneira. Por uma série
absurdo ver o professor sair da Casa da Cultura, um local que ajudou a de circunstâncias, a família vêse reunida sob o
construir". Em licença maternidade, Flávia Vargas foi procurada cinco mesmo teto. O pai simula estar morrendo de
vezes, por telefone, mas não retornou as ligações para comentar o câncer para ser aceito. Os filhos exibem graus
assunto. variados de ressentimento. O mais radical é Ben
Stiller, o exgênio das finanças. Luke Wilson, o ex
campeão de tênis, é apaixonado pela irmã, mas
Gwyneth Paltrow, afinal de contas, não é irmã de
verdade. E há um quarto "irmão", interpretado por
Autonomia amplia Owen Wilson. É o vizinho cujo único sonho era
entusiasmo e agenda do grupo fazer parte da família Tenenbaum, sendo aceito
como um deles. Espera conseguilo casandose
Com autonomia para trabalhar na Oficina do Ballet instalada num dos com a outrora promissora dramaturga Gwyneth.
galpões da Cidadela Cultural Antarctica, Marcos Sage e Alessandra Brigas, ressentimentos, todo tipo de agressões
Hilário estão com agenda cheia. Ministram aula de balé clássico para verbais e até físicas. A família desintegrouse, mas
crianças e adolescentes, e dão assessoria para grupos de dança isso não dura muito tempo, pois o diretor
contemporânea. "Um dos principais pontos que diferencia uma escola de Anderson acredita na unidade familiar, a despeito
balé de uma academia é a regularidade de aulas. E é assim que de tudo. Mas convém não assistir a "Os
trabalhamos, com aulas diárias. O ensaio de coreografias é apenas uma Excêntricos Tenenbaums" à espera de um happy
conseqüência do processo", destaca o professor. end, pelo menos no sentido convencional. A
Satisfeito com os resultados obtidos até o momento, e com a procura família, apesar de tudo, unese, mas a mistura de
pelo trabalho (que atrai novos interessados e simpatizantes a cada alegria e tristeza, de humor e drama é que dá o
semana), Sage aposta na qualidade "independente do lugar de trabalho". tom do filme. Você vai rir, com certeza, mas não é
Apesar das dificuldades, ele e Alessandra tiveram três coreografias uma comédia desopilante. Há um travo amargo
selecionadas no 20º Festival de Dança de Joinville, e planejam, em que emerge da dificuldade dessas relações e do
conjunto com o Paiee, participar de mostras em Santa Maria, Bento que as pessoas precisam abrir mão para entender
Gonçalves e Porto Alegre. se. Wes Anderson pode não ter inventado a
A parceria também deve render, no final do ano, um espetáculo temático fórmula, mas cria o que não deixa de ser uma
com 60 minutos de duração, onde participam todos os alunos que fazem fantasia com os pés bem firmes no chão.
aperfeiçoamento na oficina. Entre estudantes do Paiee e regulares de Boa parte do encanto de "Os Excêntricos
3. clássico, a companhia alcança o número de 80 integrantes. Para o Tenenbaums" vem do trabalho dos atores, todos
coreógrafo Ronald Soares, é gratificante ver o bom entrosamento do grupo ótimos, num registro não naturalista. Gwyneth
e a qualidade do trabalho desenvolvido em conjunto. "Iniciativas como Paltrow e Anjelica Huston são ótimas, mas quem
essa revertem positivamente para a cultura. Em contrapartida, as rouba a cena é Gene Hackman. Desde "Uma
empresas precisam apoiar os grupos locais, valorizando quem realmente Rajada de Balas", de Arthur Penn, nos anos 60,
faz a história da dança no município", resume. no qual fazia o irmão de Clyde Barrow, Hackman é
A Oficina do Ballet da Cidadela Cultural Antarctica ministra aulas considerado um dos grandes atores de Hollywood.
regulares de balé, gratuitas, para crianças e jovens maiores de dez anos. Curiosamente, não é um dos preferidos do público,
Informações sobre aulas e aperfeiçoamento para grupos podem ser pelo menos no Brasil, onde seus filmes raramente
obtidas no local, em horário comercial. O trabalho é reconhecido e emplacam e viram grandes êxitos. Hackman
financiado pela Fundação Cultural de Joinville (FCJ). (MG) poucas vezes esteve tão bem e num papel que lhe
permite explorar sua veia mais cômica.
O QUÊ: Oficina do Ballet da Cidadela Cultural Antarctica. QUANDO: Por melhor que seja o elenco de "Os Excêntricos
Segunda a sexta, horário comercial. ONDE: Cidadela Cultural Antarctica, Tenenbaums", a estrela do filme é mesmo o diretor
rua 15 de Novembro, 1.383, centro, Joinville, tel.: (47) 4330127 Anderson. Talvez ele não seja (ainda não seja) o
(informações). QUANTO: Gratuito. gênio anunciado pela crítica norteamericana, que
pôs seu filme nas alturas, mas talentoso, com
certeza, é. Anderson é coautor do roteiro (com o
ator Owen Wilson). Sabe que, no cinema, tudo se
resolve na miseenscène, segundo a fórmula
Casa cheia de problemas famosa estabelecida pelo crítico francês Michel
Mourlet. Tratada de forma realista, ou naturalista, a
Pisos e vidraças quebradas, paredes com infiltrações, esquadrias caindo história dos Tenenbaums seria banal. O segredo
pela ferrugem. Isso sem falar na falta de segurança do estacionamento de Anderson está no tom que ele adota e nos
que já virou alvo constante dos ladrões de carro, em Joinville. Esses são recursos que utiliza para dar sustentação às
alguns dos problemas de infraestrutura enfrentados pela Casa da Cultura imagens (e ao ritmo).
Fausto Rocha Júnior, em Joinville. O local, que atende a 1.400 alunos Sua trilha é uma das mais elaboradas da
divididos entre as Escola Municipal de Ballet, Escola de Artes Fritz Alt, atualidade, com canções que se integram ao
Escola de Música VillaLobos, Galeria de Arte Victor Kursancew e Curso sentido de cada cena. Anderson não usa a música
de Teatro, tem 30 anos de fundação e clama por investimentos urgentes. de forma nostálgica, como Woody Allen, quando
Para a diretora Marina Mosimann, aos poucos os problemas estão sendo escava nos clássicos da american song. Anderson
contornados com pequenos reparos e ampliações. "O município tem recorre ao pop como comentário irônico. Ele
projeto para reforma e aumento do prédio mas esperamos pela liberação também carrega nos signos visuais. Uma família
de recursos federais, da mesma forma como ocorreu com o Museu excêntrica como a dos Tenenbaums precisa de
Nacional de Imigração e Colonização e Cemitério do Imigrante. ambientes e figurinos adequados para transmitir ao
Infelizmente, isso demora", fala. público essa excentricidade. O resultado é um
Enquanto isso, argumenta, outras duas salas foram construídas para filme super, hipercriativo, uma deliciosa
abrigar turmas de balé, artes plásticas e desenho. "As salas da escola de extravagância que diverte homenageando a
música que funcionam anexo ao Centreventos Cau Hansen também inteligência do espectador. A defesa da família de
receberam tratamento acústico, ventilação e novo mobiliário. Orçamento Anderson é o que faltou no Oscar. É um absurdo
já foi feito para a instalação de gradil e guarita no pátio da escola, mas a que o filme tenha concorrido só ao prêmio de
implantação depende da viabilização de recursos por parte da Prefeitura", melhor roteiro original.
justifica.
Se não pode mexer na parte física, Marina tenta, de outras formas,
melhorar o trabalho no local. Prova disso são os investimentos na área de
ensino que compreendem a contratação de consultores para a área de
dança e música: a argentina Mirian Carmen Berrios e o violonista Marcus
Llerena, respectivamente. A partir deste mês os alunos do curso de
desenho também passaram a contar com manequim vivo nas aulas. Para
Marina, a Casa da Cultura é um local que merece ser olhado com carinho
pela comunidade. "Nossa escola é popular. Atende pessoas de todos os
bairros. De 1.400 alunos, 500 são bolsistas", informa. (MG)
Teatro põe em
xeque o cidadão alienado
Dramaturgia brasileira valese do palco para dar voz e
rosto aos excluídos da pirâmide social
Marco Anselmo Vasques
Especial para A Notícia
O catarinense Mário Guidarini nascido em 1931, em Nova Veneza,
formado em história e filosifia pela Universidade de São Paulo (USP) é
mestre e doutor em filosofia e estética da arte, também pela USP. Hoje
ensina educação e semiótica para mestrados na Universidade do Sul
(Unisul) e escreve ensaios sobre a dramaturgia brasileira que já resultou
em quatro livros: "Os Pícaros e os Trapaceiros de Ariano
Suassuna" (Editora Ateniense), "Jorge Andrade Na Contramão da
História", "Nelson Rodrigues Flor de Obsessão" e "A Desova da Serpente
Teatro Contemporâneo Brasileiro", todos pela Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina (EdUFSC). Nesta conversa, ele fala sobre o
teatro brasileiro e, sobretudo, a dramaturgia do final de século 19.
Carismático, conta que abandonou a carreira eclesiástica para mergulhar
na educação. "Não sou nem de esquerda nem de direita. Sou um sujeito
que possui a consciência do momento histórico. Sou o que se pode
chamar de um homem sociohistórico. Minha arma é o saber", definese
ele.
Anexo Fale uma pouco sobre a perspectiva histórica da obra de Jorge
Andrade explorada no livro "Jorge de Andrade Na contramão da História".