O documento relata a celebração de 70 anos de sacerdócio de Monsenhor Hilário Pardini. Dom José Lanza Neto e diversos padres da Diocese de Guaxupé e outras dioceses participaram da missa em homenagem. A ordenação de Monsenhor Hilário ocorreu em 1942 em Guaranésia pelas mãos de Dom Hugo Bressane de Araújo.
1. Impresso
Especial
FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
9912259129/2005-DR/MG
A SERVIÇO DAS COMUNIDADES
COM NIDADES MITRA
CORREIOS
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ ANO XXIX - 279 FEVEREIRO DE 2013
O JOVEM NA BÍBLIA JUVENTUDE E RELIGIÃO DIOCESE CENTENÁRIA
“É próprio do jovem estar pronto para o desafio, Na página 12, a psicóloga Neusa Figueiredo fala Igreja diocesana prepara-se para festejar 100
enfrentar a aventura, sair da rotina e buscar o sobre o tema: “Juventude e religião é uma parceria anos de história evangelizadora. Página 06.
novo, partir para o desconhecido. A conversão que pode dar certo, se houver práticas religiosas que
permanente é uma atitude jovem, só o jovem tem levem a doutrina cristã ao jovem de uma forma não
coragem de mudar, de inventar, de sair dos padrões, opressiva, que utilize sua linguagem, seu modo de
de quebrar o protocolo. O velho continua sempre agir e conviver, respeitando seu jeito questionador,
na mesma, no seu canto.” Página 09. Leia mais! curioso e carente de coisas palpáveis para crer.”
DIOCESE DE GUAXUPÉ 1
2. editorial
“Eis-me aqui, envia-me.”
(Is 6, 8)
A vida é feita pelos que têm a cora- visse para o presente e o futuro. A Igreja que virão... Ficarão desta juventude gera-
gem de partir e alegria de voltar! é guardiã, carrega tesouros que não são ções de cristãos fortes em sua fé, dispos-
Partir e voltar são dois movimentos descartáveis. Porém, viver de malas pron- tos a ir e anunciar.
de uma mesma estação... Os mesmos pés tas significa partir sempre para alcançar o É tempo também de retornar... Retor-
que embarcam – embaraçados, confu- novo, sem deixar de levar os frutos colhi- nar às origens não é perder o presente.
sos, audazes, intuitivos – são os pés que dos em outras estações. É celebrar a história, louvar o caminho,
retornam – cansados, experientes, enve- É tempo de partir com a juventude. A bendizer as estações, recordar os feitos,
lhecidos, sábios. Campanha da Fraternidade provoca esse reconhecer as faces, redescobrir o rumo.
Na Diocese de Guaxupé, é tempo de movimento. É tempo de jornada... O jo- A Diocese prepara-se para seu centená-
partir e de retornar. vem quer caminhar com a Igreja, quer ser rio, a ser celebrado em 03 de fevereiro de
Quem parte? Toda a Igreja... Ela é pro- a Igreja que caminha, que parte para ou- 2016. Até chegar a data, um calendário
priamente o movimento do Cristo no tras regiões, que vai às montanhas, como comemorativo será cumprido passo a
solo de hoje, nas montanhas daqui. Ao a jovem Maria para encontrar-se com sua passo, motivação para reviver o tempo,
prosseguir o caminho do Povo de Deus e prima Isabel. sentir a vida que pulsa nos pulmões dio-
dos discípulos de Jesus, a Igreja está sem- A juventude diocesana está em belís- cesanos, contemplar os pés que fizeram
pre de malas prontas para caminhar. Sua simo cenário. De fato, em movimento. Jo- este caminho e entusiasmar a todos no
história é feita por homens e mulheres vens missionários em suas paróquias, em prosseguimento da missão atribuída por
que ousaram deixar velhas estruturas e contato e em encontro com os de outras Cristo aos discípulos-missionários que
buscar novas formas de construir o Rei- paróquias, dinamizando setores. Tudo compõem a Igreja Particular de Guaxupé.
no. Não há, dentro dela, um abandono caminha para o “Bote Fé” diocesano, dia
ao que já se fez, como se não mais ser- 03 de março. E para as muitas estações
Dom José Lanza Neto
voz do pastor
ANO DA JUVENTUDE
Parece que a Igreja encontrou um tomou a iniciativa de articulá-la foram manifestou, não é tempo de ficar se de Jesus Cristo, na vivência eclesial na
caminho que vai em direção à juven- os movimentos com seus carismas e perguntando o que fazer. Temos ado- construção de uma sociedade fraterna
tude. Ainda padre recém-ordenado, espiritualidades. lescentes e jovens em nossas prepara- fundamentada na cultura da vida, da
trabalhei como coordenador dioce- A Igreja, como um todo, demorou ções para os sacramentos da eucaristia justiça e da paz. Propiciar aos jovens
sano da juventude por alguns anos. para se despertar em vista de um tra- e da crisma; quantos parecem merecer um encontro pessoal com Jesus Cristo;
Quantos jovens, como frutos daquele balho de evangelização, organização uma atenção e um carinho especial! possibilitar aos jovens uma participa-
trabalho, despertaram-se em muitos de nossa juventude. Depois de um Acreditemos na força da graça e na luz ção ativa na comunidade eclesial; sen-
campos: religioso, político, social... longo período (quase trinta anos) é do Espírito Santo. sibilizar os jovens para serem agentes
A grande esperança para o mo- que se constrói uma bela ideia para Levemos em conta, para nossos transformadores da sociedade.”
mento é que nossas lideranças con- acolhê-la para valer. Quando se falou trabalhos, além das orientações da Pai Santo, vosso Filho Jesus, condu-
sigam mobilizar as “juventudes” que no setor juventude, parecia muito CNBB os Objetivos Gerais e Especí- zido pelo Espírito e obediente à vossa
nos parecem alienadas, desarticula- confuso e incerto. De repente, tudo ficos estabelecidos pela Campanha vontade, aceitou a cruz como prova de
das, longe das comunidades. A bem começou a ganhar corpo e hoje é re- da Fraternidade de 2013: “Acolher os amor à humanidade. Convertei-nos e,
da verdade, é que se investiu muito alidade. Quantas luzes - JMJ, Campa- jovens no contexto de mudança de nos desafios deste mundo, tornai-nos
pouco nos últimos anos e tínhamos nha Fraternidade, DNJ e tantas outras época, proporcionando caminhos missionários a serviço da juventude.
uma juventude desinteressada. Quem iniciativas... A hora é esta, a graça se para o protagonismo no seguimento Amém.
expediente
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2 JORNAL COMUNHÃO
3. opinião
A IGREJA DO BRASIL OLHA PARA NOSSOS JOVENS
Por Ana Rita Cardoso Maia Silveira, membro da Paróquia São Benedito de Passos
Campanha da Fraternidade 2013
Tema: Fraternidade e Juventude
Lema: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8)
“A Campanha da Fraternidade (CF) uma sociedade fraterna fundamentada bendo valores, desafios e perigos... A vo.” Esse deve ser o caminho que nossa
de 2013 retoma o tema Juventude, na cultura da vida, da justiça e da paz.” exemplo de Jesus, nossos jovens pos- Igreja deve mostrar aos nossos jovens
propõe-se olhar a realidade dos jovens, Quando coloca este objetivo, pro- sam crescer em “estatura”, “sabedoria” em sua evangelização. No começo do
acolhendo-os com a riqueza de suas cura propiciar aos nossos jovens um e “graça” (Lc 2,52), quando abrangem novo milênio, João Paulo II nos dizia
diversidades, propostas e potenciali- encontro pessoal com Jesus Cristo, as dimensões possíveis da natureza em sua carta: “Se Cristo lhes for apre-
dades; entendê-los e auxiliá-los neste a fim de que cada um possa viver a humana. Não se trata de um cresci- sentado com seu verdadeiro rosto, os
contexto de profundo impacto social vocação para a qual, nós, batizados, mento quantitativo, que apenas con- jovens reconhecem-no como resposta
e de relações midiáticas; fazer-se soli- somos chamados a ser discípulos mis- temple todas as facetas juvenis. Trata- convincente e conseguem acolher a
dária em seus sofrimentos e angústia sionários e uma vivência pessoal, com -se de uma questão qualitativa. Para sua mensagem, mesmo se exigente e
especialmente junto aos que mais so- projeto de vida que leve cada jovem a Deus, a qualidade não se traduz senão marcada pela cruz.” Quem se encon-
frem com os desafios desta mudança assumir sua posição de evangelizador na plenitude. tra com Jesus e deseja segui-lo, deve
de época e com a exclusão social; rea- na sociedade em que vivemos. Para Os projetos pastorais e sociais pre- abraçar com empenho seu projeto. A
vivar-lhes o potencial de participação e que possa ser agente transformador cisam revestir-se da mística e perpas- Igreja deve trabalhar incessantemente
transformação” (Texto Base nº 1). dessa sociedade que massacra nossos sados de um sentido transformador, por uma catequese que lance as bases
A Igreja vem lutando para que nos- jovens com a onda de violência e que baseado no Evangelho. Deve ter-se em da fé, que introduza o jovem no misté-
sos jovens encontrem seu lugar, para possam viver na justiça e no amor. mente a dimensão do encontro pesso- rio de Cristo, que faça compreender o
que busquem uma evangelização cons- São novos tempos! A juventude al com Cristo, como princípio da ação significado das liturgias.
ciente, seguindo os passos do Mestre. atual se difere daquela dos anos 60 católica. A Igreja como mãe educadora, pre-
Por isso, ela coloca nesta CF 2013 como que se organizava especialmente no O Papa Bento XVI nos diz: “Ao iní- sente na vida do jovem, reconhecendo
objetivo geral: “Acolher os jovens no meio estudantil e tinha uma situação cio do ser Cristão, não há uma decisão seu direito de viver uma relação ínti-
contexto de mudança de época, pro- política bem determinada. Compre- ética ou uma grande ideia, mas o en- ma com Deus, encaminhando-o a esse
piciando caminhos para seu protago- ender essa mudança de época, tomar contro com um acontecimento, com encontro com Cristo e lhe oferecendo
nismo no seguimento de Jesus Cristo, consciência da realidade, da cultura uma Pessoa que dá à vida um novo ho- participação, poderá ser também a
na vivência eclesial e na construção de midiática em que se encontra, perce- rizonte e, dessa forma, o rumo decisi- mãe que lhe exige atitude.
“Ao início do ser Cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas
o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo
horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo.”
Papa Bento XVI
DIOCESE DE GUAXUPÉ 3
4. notícias
MONSENHOR HILÁRIO PARDINI CELEBRA 70 ANOS DE SACERDÓCIO
Por Bruno Luiz Godinho
Foto: Bruno Godinho
Aos vinte dias do mês de dezem- tenta anos de ordenação.
bro do ano de 1942, em Guaranésia, A celebração teve a presença da
pelas mãos de Dom Hugo Bressane de comunidade paraisense. Dom José
Araújo, assistido por 12 sacerdotes, o Lanza Neto e muitos padres da Dio-
jovem Hilário Pardini era ordenado cese de Guaxupé e de outras dioceses
sacerdote para sempre, com o Lema também participaram, comungando
“Sacerdote do Deus Altíssimo”. do mesmo Pão com monsenhor Hilá-
E, no dia 20 de dezembro de 2012, rio, cuja vida ministerial é fiel aos pro-
presidia uma solene Eucaristia, às pósitos de Cristo.
19h30, na matriz São Sebastião de Em seguida, um jantar, no salão da
São Sebastião do Paraíso, por seus se- Igreja São José, fechou o dia festivo. Monsenhor diz sobre a alegria de ser padre
DIOCESE TEM PRESENÇA NO IRPAC
Por Francisco Geraldo Alves
Foto: Coordenação de Catequese Mais uma vez, nossa diocese esteve pre- e eclesial. Além disso, capacitar formadores e/ de iniciação à vida cristã de adultos, jovens e
sente no Instituto Regional de Pastoral Cate- ou multiplicadores (coordenadores) para a for- crianças.
quética (IRPAC). O IRPAC é a Escola Bíblico-Ca- mação de catequistas de base. Para participar do curso, é preciso ser in-
tequética do Regional Leste II (Minas Gerais e Desde o ano 2000, o IRPAC passou a ter dicado pelas coordenações diocesanas de
Espírito Santo). Aprovado por todos os bispos quatro módulos e a carga horária total é de Catequese do Leste II.
do regional, o curso teve início em 05 de janei- 308 horas/aula. Cada módulo aprofunda um Em 2013, o IRPAC passará a ser pós-
ro de 1987, em Belo Horizonte-MG, para onde aspecto essencial para a formação de um co- -graduação, especialização em Catequese,
voltou, depois de 23 anos sendo realizado no ordenador de Catequese e/ou formador de pela PUC-Minas, em parceria com o Regional
Centro Dom Bosco, em Cachoeira do Campo- catequistas. Leste II. O curso aconteceu entre os dias 06 e
-MG. Seu objetivo é preparar coordenadores Esta escola procura oferecer uma forma- 17 de janeiro, na Casa de Retiro São José em
de Catequese nos vários níveis de Igreja (dio- ção integral, que traga sentido para vida de Belo Horizonte. A Diocese de Guaxupé foi
Grupo representante da diocese ceses, paróquias), visando à formação pessoal cada um e provoque a melhoria do processo representada por 12 cordenadores/cursistas.
DIOCESE SE DESPEDE DOS PADRES ONOFRE, ORNELAS E BENEDITO JOSÉ
Por Pe Gilvair Messias
A Diocese de Guaxupé sofreu três Foto: Arquivo
grandes perdas no mês de janeiro. Dia
01, Mons. Onofre Teixeira Filho que,
por meses, lutou contra um câncer.
Dia 12, Mons. José do Amaral Ornelas
que, até então, era o sacerdote pri-
mogênito no presbitério local. E dia
23, Côn. Benedito José da Silva que,
desde 1960, residia em São Tomás de
Aquino.
Mons. Onofre era pároco de Area-
do. Natural de Passos, filho da paró-
quia Nossa Senhora da Penha, atuou
na diocese durante 27 anos como
presbítero. Foi também pároco nas
paróquias São José de Botelhos e
Nossa Senhora Aparecida de Passos.
No final da década de 1980 e início de
1990, trabalhou como vice-reitor do
Seminário Maria Imaculada e forma-
Da esquerda para a direita: Cônego Benedito José da Silva, Mons. Onofre Teixeira Filho e Mons. José do Amaral Ornelas
dor de Equipe de Vida, época em que
os seminaristas da diocese de Guaxu-
pé estudavam na Arquidiocese de Ri- as décadas de 40 e 50. Foi pároco em Cônego Benedito José da Silva era naquele mesmo, recebeu o título de
beirão Preto. Até 2004, esteve ligado Cássia, capelão da Aeronáutica no natural de Caxambu (MG). Religioso cônego honorário.
à formação presbiteral como reitor Rio de Janeiro e, por 15 anos, pároco da Congregação de Nossa Senhora A Diocese de Guaxupé rende a
do seminário de teologia da diocese, de Arceburgo (MG), local de sua úl- de Sion, foi ordenado padre em 1952. Deus graças pela vida de seus presbí-
em Pouso Alegre. No Setor Areado, foi tima residência. Ordenado em 1939 De 1952 a 1960, atuou na formação teros Onofre, Ornelas e Benedito José
ainda coordenador de pastoral e re- por dom Ranulpho da Silva Farias, 2º e preparação de novos padres de e, na ocasião de sua páscoa, manifes-
presentante do clero junto à Pastoral bispo diocesano, foi por vários anos sua comunidade religiosa. Em 1960, ta solidariedade aos familiares, ami-
Presbiteral. o padre com mais tempo de vida da atuou por três meses na Paróquia São gos e fiéis.
Aos 98 anos, sendo 73 de sacer- diocese. Quando visitado, até os úl- Benedito de Passos. E, em São Tomás
dócio, a vida de Mons. Ornelas foi de timos meses, manifestava lucidez so- de Aquino, foi pároco de 1960 até
intensa dedicação à Igreja. Atuou por bre todos os fatos da Igreja e da vida 1999. Ainda em 1967 ocorreu sua in-
10 anos no “Jornal Diocesano”, entre social. cardinação na Diocese de Guaxupé e,
4 JORNAL COMUNHÃO
5. homenagens
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PENHA – PASSOS PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO – AREADO
Por Vera Silveira Coordenadora da PASCOM - Penha Por João Pedro Palmieri, membro da Pastoral Carcerária da Paróquia São Sebastião de Areado
Monsenhor Onofre, filho da Pa- Maria. Na simplicidade, revelava seu Mons. Onofre viveu por mais de te piedoso e seguidor do coração de
róquia de Nossa Senhora da Penha, amor e zelo pelas coisas do Pai, assim vinte e cinco anos seu Ministério Jesus no desempenho das tarefas
iniciou sua vida cristã, nessa comu- como Maria. Sacerdotal, sempre leal a Cristo, à apostólicas e na condução do re-
nidade. Foi secretário paroquial, A Monsenhor Onofre, nosso obri- unidade da Igreja e à hierarquia, dig- banho, sempre ávido de orientação
sacristão e teve como orientador gado por ter sido exemplo de fiel nificando o Sacramento da Ordem, espiritual, tanto nos momentos de
espiritual, Monsenhor Matias, gran- seguidor de Jesus Cristo, de filho honrando de forma incontestável o calmarias como nos de tormentas,
de incentivador e referência para a zeloso e amoroso de Maria, por ter catolicismo e ornamentando a vida o que ele fazia a todo tempo sem
vida Até então, era carinhosamente evangelizado com tanta dedicação e sacerdotal. se desviar sequer por um minuto da
chamado por todos como “Nonó.” amor o povo que Deus lhe confiou. Após alguns meses de sofrimen- rota da caridade, dom que, como an-
Acompanhado por Monsenhor Ma- Aos seus familiares, obrigado por to, muita fé e admirável resignação tes dito, constituiu a coluna mestra
tias, lapidou muito bem sua vocação. ter dividido conosco a alegria de um em razão de doença grave, nosso de seu fiel, santo e corajoso Ministé-
No Santuário de Nossa Senhora da filho, de um irmão, e nos ter permi- querido Mons. Onofre faleceu na ci- rio Sacerdotal.
Penha, em Passos, aconteceu sua or- tido tê-lo como parte dessa grande dade de Passos, onde se encontrava Suas homilias, testemunhadas
denação presbiteral. família que somos todos nós, família em companhia de seu irmão Josué, pela própria vida, calavam fundo em
Como falar de Monsenhor Ono- diocesana de Guaxupé. da cunhada Carmem e recebia zelo- nossa alma e em nosso coração, por-
fre sem mencionar sua devoção à Por isso, a homenagem maior que sos cuidados familiares, médicos e que profundas e ao mesmo tempo
Virgem Maria? Suas palavras trans- temos para Monsenhor Onofre, acre- hospitalares. simples, sábias e pedagogicamente
bordavam alegria e emoção quando dito seja hoje cantar para a Mãe, e de Como é de conhecimento públi- teológicas. A gente não se cansava
falava da Mãe. E, no dia 01 de janei- maneira diferente das outras vezes, co, ele exerceu o Ministério Sacerdo- em ouvi-las, principalmente porque
ro, Solenidade da Santa Maria, Mãe porque agora, de modo sublime e tal nesta cidade por alguns anos, na ele falava sempre com maestria e au-
de Deus, Ela acolhe em seus braços, divino, ele goza da alegria de cantar dignificante função de pároco e, nós, toridade. Jamais vamos esquecê-las!
esse filho tão amado e o apresenta face a face para a mãe que o apre- leigos, membros da Paróquia São Se- Finalmente, estamos certos de
ao Pai. senta ao Pai: “Virgem querida, ó Mãe bastião de Areado, somos gratos a que Deus jorrou sobre Mons. Onofre
Monsenhor Onofre não tinha carinhosa, que no seu trono, um filho Deus pela presença diuturna, santa e abundantes e generosas bênçãos,
noção do quanto ele parecia com a acolhe... Apresenta ao Pai, esse que obreira desse pastor de inexcedíveis pois, a exemplo do patrono, São Cura
Mãe. Seu silêncio falava tanto como tanto amou, que aqui na terra, que virtudes, cuja vida, na sublime mis- D’Ars, no exercício do Santo Ministé-
o silêncio de Maria. Sua humilda- aqui na terra seu Amor revelou...” são de padre, teve tudo a ver com a rio Sacerdotal foi sempre firme como
de era expressa por palavras e nos vida de São Cura D’Ars, em especial, a rocha, resistente como o aço, va-
gestos, assim como a humildade de quanto ao amor constante e conta- lioso como o ouro e sempre radiante
giante por nossa formação cristã, como o sol das manhãs de primavera,
ética e moral, enquanto cristãos ca- razão por que ele, que era para nós,
“PADRE ORNELAS: PREITO DE GRATIDÃO” tólicos e povo de Deus a ele confia- aqui na terra, uma luz no caminho,
Discurso parcial de Sander Rogério Ribeiro Pereira dos pela Igreja particular, Diocese de lá no céu, no abençoado seio do Se-
Guaxupé. nhor e ao lado de Maria Santíssima,
Nasceu o padre José do Amaral Padre Ornelas foi o último padre Mons. Onofre, no meio de nós, a quem ele tanto amava, continuará
Ornelas, em São Sebastião do Para- ordenado por dom Ranulpho da Silva revelou-se humilde pastor, sacerdo- sendo um caminho de luz.
íso, Minas Gerais, a 23 de setembro Farias, aqui na Diocese de Guaxupé.
de 1914. Em 25 de Março de 1939, subita-
De 1933 a 1938, esteve matricula- mente morreu monsenhor José Phili- neiro, onde permaneceu até 1974, Paroquial “Francisco Lima de Souza
do no Seminário Arquidiocesano “Co- ppe da Silveira, então pároco de São ano em que foi para a reserva. Dias” e em outros setores de ampa-
ração Eucarístico de Jesus”, em Belo Sebastião do Paraíso. Permaneceu A seu pedido ao então Bispo Dio- ro aos necessitados foi reconhecida-
Horizonte, Minas Gerais. Recebeu a padre Ornelas, por ordem de dom cesano de Guaxupé, dom José Al- mente sem igual.
ordem de presbítero pela imposição Ranulpho, como Pároco da Paróquia berto Lopes de Castro Pinto, esteve Três excelsos dons ornamentaram
das mãos de dom Ranulpho da Sil- de São Sebastião do Paraíso, até 03 como pároco de São João Batista o caráter impoluto do reverendo: sa-
va Farias, então Bispo Diocesano de de setembro de 1939, quando foi de Arceburgo, Minas Gerais, de 06 bedoria, paciência e humildade. Só
Guaxupé, na Igreja Matriz da Paró- nomeado Secretário Geral do Bispa- de março de 1975 a 17 de março de um espírito assim favorecido poderia
quia de São Sebastião do Paraíso. A do de Guaxupé, servindo primeiro 1990, quando se afastou da função merecer o preito de admiração que
propósito, no interessante livro “São dom Ranulpho e depois, dom Hugo de pároco, por limite de idade, con- lhe votou o rebanho que soube com
Sebastião do Paraíso e sua História”, Bressane de Araújo. Manteve-se no forme prevê o Código de Direito Ca- amor e dedicação apascentar duran-
de autoria do doutor José de Souza cargo até 1950, prestando relevantes nônico, mas continuou residindo na- te os últimos anos de vida paroquial,
Soares, edição de 1945, Editora Pana- serviços ao Bispado e ao Colégio das quela cidade, terra que amava como sem alarde, sem jactância, como per-
mericana, página 185, há a seguinte Irmãs Concepcionistas de Guaxupé. se fosse sua. feito servo do Senhor.
notícia histórica: “O Padre José do De 1950 a 1955, esteve como pá- No cumprimento de suas obri-
Amaral Ornelas é um sacerdote virtu- roco de Santa Rita de Cássia, Cássia, gações, padre Ornelas realizou uma
oso e de talento. É uma glória do cle- Minas Gerais, onde fundou a Escola obra simplesmente memorável. Nos
ro e da nossa gente paraisense, que Estadual “São Gabriel”, até hoje atu- dois decênios de sua ação religiosa,
dele ainda espera muitos serviços a ante naquele município, com cerca entrou em todos os lares; captou a
esta paróquia. de 1.500 alunos matriculados; re- estima, o respeito, a confiança das
A nossa cidade orgulha-se de seu formou o Asilo Paroquial e fundou famílias, constituindo-se mais que
filho, que será, sem dúvida, um vulto a Conferência Vicentina e também a um amigo: um pai de toda a comuni-
de eminência no clero nacional.” “Casa da Criança”, para atender à in- dade. Nas lides da assistência social,
Sua primeira missa foi solene- fância carente. trabalhou com não menos sabedoria,
mente celebrada na Capela de Nossa Em 1955, prestou concurso e in- paciência e caridade, virtudes tão ra-
Senhora da Abadia, no dia 03 de fe- gressou na “Força Aérea Brasileira”, ras nos dias de hoje.
vereiro de 1939. na então Capital Federal, Rio de Ja- Sua atuação na direção do Asilo
DIOCESE DE GUAXUPÉ 5
6. notícias
DIOCESE ABRE, EM FEVEREIRO, COMEMORAÇÕES DE SEU CENTENÁRIO
Por Pe. Gilvair Messias
Celebrar é alma da Igreja! Fatos, o co- A abertura das comemorações rece- grande participação de jovens de todas
tidiano feito e refeito ao longo do tem- beu a mesma data da criação da diocese, as paróquias para o “Bote Fé”, evento para
po, a história de cada pessoa – sua san- 03 de fevereiro. Nessa primeira ocasião, acolhida diocesana aos ícones da Jorna-
tificação no mundo, sinais humanos da às 9h, em Guaxupé, haverá procissão com da Mundial da Juventude, a realizar-se
graça de Deus, tudo celebrado na ação a imagem da padroeira, Nossa Senhora no próximo mês de julho. Das 15 às 17
litúrgica cristã. E a Diocese de Guaxupé, das Dores, com saída prevista da avenida horas, acontecerão várias atividades ju-
nas proximidades de seu centenário (03 Conde Ribeiro do Vale (entrada da pre- venis, compreendendo a celebração da
de fevereiro de 2016), não podia deixar feitura) em direção à catedral diocesana eucaristia e show com a Banda Dominus,
de fazer desse período antecipatório um para a santa missa. Durante a celebração, grupo de “axé” religioso que, em parceria
intenso tempo de ação de graças. ocorrerá entrega da cruz missionária da com a CNBB, participa desde 2011 em vá-
Desde o primeiro semestre de 2012, Jornada Mundial da Juventude a cada re- rios eventos de Bote Fé no Brasil.
um calendário de atividades foi pensa- presentante jovem das paróquias e, em De março a dezembro, estão previs-
do no Conselho Diocesano de Pastoral seguida, será lido o decreto de abertura tos estudos, nos conselhos de pastoral
(CDP). Depois de alguns acréscimos e das celebrações e atividades do cente- paroquial e setorial, de subsídios com
especificações em sua programação, o nário e promulgação de concurso para o questões aprofundadas da fé cristã, além
mesmo chegou aos Conselhos Pastorais hino comemorativo. de folder informativo para entrega nas
de Setor (CPS), também avaliado nessa No calendário das comemorações em celebrações dominicais.
instância e novamente reformulado até 2013, destacam-se Juventude e Ano da Confira as demais atividades do ca-
sua apresentação final. Fé. Para o dia 03 de março, espera-se uma lendário comemorativo.
2013 2014
Além das atividades abaixo contempladas, os Após esse dia, realizem-se estudos preparatórios 02 DE FEVEREIRO 17 a 20 DE FEVEREIRO
setores também poderão incentivar outras com grupos juvenis, em todas as paróquias para Encontro Diocesano para Missionários Paroquiais Formação Permanente do Clero
atividades para realização do Ano da Fé. JMJ. Local: Cúria Diocesana Local: Casa de Retiros Dom Luís - Brodowski/SP
Horário: 09 às15h Assunto: Estudo sobre metodologia das Santas Missões
Assunto: Apresentação da Metodologia Diocesana para Santas Populares
03 DE FEVEREIRO MARÇO A DEZEMBRO Missões Populares
Abertura das atividades do centenário diocesano Encontros: Redescobrir a fé em comunidade
Local: Catedral Estudo de subisídios sobre temas conciliares nos Conselhos de MARÇO A DEZEMBRO
Horário: 10h Pastoral Paroquial (ampliados) e Setores Pastorais. Retiros mensais e encontros diocesanos para Missionários Paroquiais
Envio da “juventude missionária” (representante jovem de cada Entrega bimestral, nas celebrações dominicais, de folder Local: Setores e Diocese
paróquia) e de representantes dos CPPs para animação da CF informativo sobre questões de fé.
2013 e Concentração Diocesana da Juventude. Imposição das
cruzes para a JMJ. Pede-se envolvimento para organização dos 2015
Nas paróquias, após essa data, realizem-se com as
estudos: membros da Formação Cristã em 01 DE FEVEREIRO Durante todo o ano, as paróquias irão, em romaria,
Comunidade e outras pessoas ligadas à formação Abertura das Peregrinações e do Ano Missionário até a Catedral, além de realizarem peregrinações
juventudes, estudos, debates, fóruns, via sacra, Envio Missionário para Santas Missões Populares
teológica de leigos. com a imagem da padroeira, Nossa Senhora das
encontros, ritos penitenciais... Local: Catedral
Serviço de Animação Litúrgica Paroquial, Dores e promoverem as Santas Missões Populares.
Grupos de Reflexão, Catequese, Movimentos e Horário: 10h
03 DE MARÇO
Pastorais, Ministérios Extraordinários terão os
mesmos temas transversais em seus encontros.
2016
Acolhida Diocesana aos ícones da JMJ
Concentração Diocesana da Juventude 16 DE MAIO 03 DE FEVEREIRO Atividades sujeitas a alterações no decorrer do
Local: Praça da Catedral Reunião Geral do Clero Celebração Eucarística por ocasião do Centenário Diocesano percurso.
Das 15 às 17h: Atividades juvenis com oração e animação Local: Cúria Outras atividades previstas: concurso para hino do
17h: Chegada dos ícones e Celebração da Santa Missa Horário: 09 às15h centenário, revista, selo, bíblia e documentário
Em seguida, show com a Banda Dominus Assunto: Ano da Fé pela perspectiva do Vaticano II comemorativos.
A DIOCESE DE GUAXUPÉ E SUA ORIGEM
passou a pertencer ao bispado de Pou- chegaram a Guaxupé as primeiras re- reiro de 1916, nomeou o prelado como
so Alegre e, em 1906, sob cuidado ecle- ligiosas Concepcionistas e instalaram primeiro bispo desta Diocese, o qual to-
siástico metropolitano de Mariana. estabelecimento para educação de me- mou posse no dia 28 de maio daquele
Aos 19 de novembro de 1913, dom ninas e moças. Daí em diante, dom Assis mesmo ano.
Antônio Augusto de Assis, então bispo desenvolveu muitas atividades com o Após a fundação do bispado, dom
de Pouso Alegre, conseguiu um decreto objetivo de organizar o futuro bispado. Antônio Assis trabalhou ardorosamente
da Santa Congregação Consistorial para Aos de 03 de fevereiro de 1916, o pelo estabelecimento das instituições
criar uma residência episcopal em Gua- papa Bento XV, a rogo de dom Assis, di- diocesanas. Organizou a Cúria Diocesa-
xupé. No dia 21 do mesmo mês, o refe- vidiu em duas partes o território da Dio- na e o serviço paroquial. Fez realizar em
Até 1906, o Brasil contava com duas rido bispo chegava à cidade para fixar cese de Pouso Alegre e erigiu uma nova Guaxupé as Conferências do Episcopa-
sedes metropolitanas: Salvador (BA) e moradia no Largo da Matriz (atualmen- diocese, com sede na cidade de Guaxu- do da Província Eclesiástica de Mariana.
Rio de Janeiro (RJ). Naquele ano, o papa te praça Américo Costa), em prédio ce- pé. As linhas divisórias estabelecidas Em 1916, Minas Gerais possuía as
Pio X criava duas outras: Belém (PA) e dido pelo Sr. Conde Ribeirdo Valle. Em entre as duas dioceses foram as divisas seguintes sedes diocesanas: Mariana,
Mariana (MG). Muitos estados forma- fevereiro de 1914, iniciou Sua Excelên- meridionais das paróquias de Poços de Campanha, Diamantina, Pouso Ale-
vam uma única diocese. cia os cursos do Ginásio Diocesano. E, Caldas, Campestre e Machado. gre, Uberaba, Montes Claros, Araçuaí e
O território que hoje compreende a aos 09 de agosto daquele mesmo ano, Criada a nova diocese, dom Assis, Caratinga. Depois de Guaxupé, foram
Diocese de Guaxupé pertencia ao bis- benzeu a primeira pedra do edifício que já residia na nova sede episcopal, criadas as dioceses de Luz (1918), Belo
pado de São Paulo. Já no ano de 1900, onde funcionaria o Seminário Menor e optou por ficar em Guaxupé. Em vista Horizonte (1921) e Juiz de Fora (1924).
com a criação do bispado sul-mineiro, o Colégio Diocesano. Naquela época, disso, o papa Bento XV, aos 07 de feve-
6 JORNAL COMUNHÃO
7. entrevista
FÉ, PASTORAL E MISSÃO EM QUESTÃO
Por Sérgio Bernardes
Membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, frei Luiz Carlos Susin é um dos mais destacados teólogos brasileiros
da atualidade. Possui doutorado pela Gregoriana de Roma, além de ser membro do comitê de redação da revista de teologia
“Concilium”, de veiculação internacional. Autor de vários livros, em 2000, foi vencedor do prêmio Jabuti de Literatura, com o
livro”Mysterium Creationis” - Um olhar interdisciplinar sobre o Universo.
COMUNHÃO: Como é possível compre- se tornou um país considerado como um
ender o entrosamento, muitas vezes até centro missionário. O Brasil, nesta questão
discrepante, entre pensamento teológico, missionária e, isso não é só um fenômeno
ensinamentos do Magistério e práxis cristã? da Igreja Católica nem das igrejas protestan-
Susin: São três instâncias que precisam es- tes históricas, até o movimento pentecostal
tar conectadas entre si, mas que possuem está enviando muitos missionários para fora
pontos de tensão e, às vezes, nós de confli- do país. Na Igreja Católica, estamos soman-
to, porque cada instância tem uma estrutura do forças, como as congregações religiosas,
própria. Isso possibilita que haja tensão. Eu a socialitária da CNBB na Guiné Bissau, em
penso que esta tensão deva ser encarada Moçambique, na Angola. No Haiti, há vários
como algo positivo. Por exemplo, a prática grupos de brasileiros, de diferentes congre-
cristã normalmente tem a ver com certa gações.
tradição, mesmo que, ultimamente, haja
esta explosão de liberdade e de criatividade COMUNHÃO: Como a Igreja pode manter-
religiosa em todas as direções. Na verda- -se fiel à sua essência evangélica, com vi-
de, quando se trata de religião, trata-se do sibilidade, diante de uma realidade que
sagrado, e o sagrado não é uma coisa que relativiza os grandes relatos e a influência
se move muito, ele tem uma raiz profunda. institucional nas decisões sociais de maior
Eu diria assim: a gente não escolhe a tradi- relevância?
ção religiosa, é ela que no escolhe, antes da Susin: Esta questão é bem de raiz e, ao mes-
gente ainda saber. Neste sentido, sempre, mo tempo, muito ampla. Existem algumas
na prática, haverá algumas formas tradi- expressões-chave que a nossa espirituali-
cionais, mesmo que a teologia não pense tava que os padres soubessem, e os padres condições de participar de diferentes minis- dade e a nossa teologia, baseadas na ex-
mais daquela maneira, elas continuam a ser davam aqueles sermões, aquela homília térios, não necessariamente no presbiterato, periência da América Latina, cunharam de
transmitidas como pela inércia do sagrado, mínima para manter uma catequese míni- mas que haja profusão de ministérios e, que forma bem importante, buscando as fontes
que não é algo que se possa tocar com uma ma, uma situação que a cultura sustentava, ele possa sentir-se também, com possibili- da nossa espiritualidade cristã. Nossa fé se
mera decisão. Já o Magistério da Igreja, ele porque era uma cultura católica. Mas, como dade ministerial. Aqueles que desejassem, expressa no seguimento de Jesus. Não ado-
tem a incumbência de anunciar as verdades nós estamos num mundo pluralista e com tivessem um lugar para exercer o ministé- ramos a Deus, simplesmente, nós temos um
de fé que são oficiais. Ele se chama autêntico boas doses de secularidade, cada vez mais rio. E, também de decisão, ao menos nas Deus ao qual seguir, porque Ele se tornou
porque dá autenticação, dá selo de oficiali- os leigos compreendem a fé que vivem ou instâncias que tocam mais de perto o seu humano e fez um caminho, que é possível
dade para tudo aquilo que todos devem não sabem mais o que fazer com sua práti- cotidiano. Nós temos um problema, porque seguirmos. Neste mundo tão plural e con-
crer para poderem sentir-se como uma co- ca religiosa. Este crescimento do leigo que as Igrejas locais, de modo geral, não têm fuso, às vezes até nebuloso e inseguro, é
munidade. Difere-se da teologia que, por busca formação é um indício muito favorá- muita participação na decisão da escolha preciso ter um horizonte grande que possa
sua vez, tem que pesquisar, discutir, debater. vel. Outro passo que está acontecendo em de seu bispo. Há alguma consulta para o cle- abraçar certa insegurança, abraçar sem ex-
Pode haver o contraditório, a teologia pode algumas dioceses e bem programado, é que ro. Isso é apenas sinal de um tipo de hábito cluir. Este horizonte não é institucional, nem
dar-se um certo luxo de ser vanguardista, de só a formação não é suficiente para a vida da que a Igreja tem: a autoridade superior vai sequer muito visível, mas é o horizonte do
sonhar até. Entre o teólogo e o bispo, entre a fé. Há momentos em que se desperta para decidindo e vem por escalada, de cima para Reino de Deus, esta amplidão da criação,
teologia e o magistério é que se põe a ques- a necessidade de fazer alguma coisa. Eu baixo. Não necessariamente, precisamos ter onde a ecologia, as outras formas de vida e
tão mais delicada, porque a tendência por tenho visto em algumas dioceses do Brasil, uma democracia, ao modo como se exercita o equilíbrio na terra também são sinais do
si do Magistério é querer, de alguma forma, uma forma programada de missão. Os lei- na área civil, mas a palavra que é mais que Reino.
controlar a teologia e a tendência da teolo- gos constituem equipes missionárias e vão democracia na Igreja é participação, partici-
gia é achar que, descobrindo novos modos aonde nem padres missionários iriam e têm pação nas diferentes instâncias de decisão, COMUNHÃO: Que face eclesial a Igreja pre-
de dizer a verdade cristã, isso deveria ser uma penetração muito maior no cotidiano nos planos pastorais, em que leigos tenham cisa ressaltar para evidenciar os sinais do
imediatamente reconhecido por todos. São dos seus arredores. É um grande estímulo realmente voz de autoridade reconhecida. Reino de Deus?
três realidades que se conectam e que se para os próprios leigos, é o seu protago- Nós temos um vício, assim como o Papa Susin: Nos discursos dos papas João Paulo II
fecundam, por isso, deve haver uma coerên- nismo na missão, no contato com outros manda na Igreja, o pároco manda na pa- e Bento XVI, há uma insistência, um horizon-
cia de fundo, mas na prática, elas não estão leigos, assim como do jovem com outros jo- róquia. Na verdade, as orientações não são te maior que a própria Igreja que é a gran-
naturalmente juntas, por causa das caracte- vens. Tal fato proporciona uma perspectiva essas. Como na Igreja existe o colegiado dos de família humana. Precisamos nos tratar
rísticas diferentes. Precisamos compreender de poder contribuir com outros que ainda bispos, com a cabeça que é o papa, a paró- como membros de uma grande família. A
isso e receber o lado positivo. não tiveram a mesma oportunidade. quia deveria ser conduzida colegiadamente Igreja dá testemunho disso, no cuidado aos
com os leigos. O pároco é aquele que presi- refugiados, dos ‘desplaçados’ na Colômbia,
COMUNHÃO: Na Diocese de Guaxupé, há COMUNHÃO: Quais são os desafios e as de uma comunidade não só na celebração, às vítimas ambientais, ao tráfico de pessoas.
algumas iniciativas de formação teológica perspectivas encontrados nesta inclusão do mas também na formação, no exercício mis- Quando nós temos este horizonte do Rei-
e pastoral para os leigos. Como avalia esta leigo na evangelização? sionário da pregação da Palavra. no de Deus, que é maior que a Igreja, esta
evolução da formação laical e a participação Susin: Isto esbarra em algumas dificuldades, também cresce e tem para onde olhar, pois
na instituição eclesial? uma delas é a velha tradição de que o leigo COMUNHÃO: Como avalia esta presença se carrega de todos estes sinais. A missão
Susin: Praticamente, nós temos tido um está acostumado na Igreja a ser realmente missionária da Igreja do Brasil em outros da Igreja como evangelizadora é de poder
crescimento bastante importante na di- passivo, a receber e não a contribuir ativa- países? fazer com estes sinais, uma Igreja compas-
mensão do leigo que busca formação. Acho mente. Desde o Concílio, estamos lutando Susin: O Brasil deixou de ser um país que so- siva, misericordiosa, fiel à Palavra de Deus e
que é o passo básico para todo mundo, não contra isso, só que a luta é contra séculos mente recebe missionários. Aliás, está rece- transmiti-la, ajudando a celebrar e aumen-
só para os leigos. Antes, havia uma acomo- de um hábito. Do ponto de vista ministerial, bendo menos missionários da Europa e da tar a fé.
dação do leigo, uma passividade, que bas- seria importante que o leigo tivesse mais América do Norte, como já era tradição, mas
DIOCESE DE GUAXUPÉ 7
8. liturgia
QUARESMA E CATECUMENATO – OÁSIS NO DESERTO DA VIDA
Por Pe. Renato César Gonçalves, pároco da Paróquia Sagrada Família de Carmo do Rio Claro, coordenador do Serviço de Animação Litúrgica (SAL) na diocese
Novamente o tempo quaresmal está o período do catecumenato (cateque- de iniciação cristã de adultos, através pessoa, em vista da recepção dos dons
aí, à espera de todos e ressalta o tema se), realizado por introdutores (cate- do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos do Salvador. Assim acontece também
da penitência como atitude essencial quistas). Durava de dois a três anos e (chamado de RICA), o qual apresenta o no quarto domingo da Quaresma, com
de quem quer viver os ensinamentos tinha como intuito iluminar a pessoa mesmo itinerário proposto pela Igreja o evangelho do cego de nascença (ano
de Jesus. A palavra quaresma remete através da Palavra e dos ensinamentos nos seus primórdios. A) em que Jesus, com a saliva (água),
ao período de quarenta dias que faz do Senhor. Por fim, havia o tempo da recupera a vista ao cego que depois
memória de grandes acontecimentos purificação e iluminação que coincidia O Tempo e a Graça apresenta sua fé “Creio, Senhor!” (Jo
na história da salvação, como os qua- com o período quaresmal. “De fato, No primeiro domingo da Quares- 9,38). Após a recepção do segundo
renta anos de caminhada do povo he- na liturgia e na catequese, pela come- ma, faz-se o rito de “eleição”, no qual, escrutínio com as orações e o exor-
breu pelo deserto, após a escravidão moração ou preparação do Batismo e após a homilia e breve interrogatório, cismo, o candidato vai para sua casa e
do Egito, em busca da terra prometida pela penitência, a Quaresma renova a os candidatos apresentam seu nome prepara-se para o próximo escrutínio.
e também, os quarenta dias de Jesus comunidade dos fiéis juntamente com e são eleitos pela comunidade para a No quinto domingo, há o evangelho
no deserto, preparando sua missão. É os catecúmenos e os dispõe para a ce- recepção dos sacramentos. da ressurreição de Lázaro (ano A) e, na
interessante que o número quarenta lebração do mistério pascal, ao qual No terceiro, quarto e quinto domin- homilia, o sentido do batismo como o
representa a duração de vida de uma os sacramentos de iniciação associam gos da Quaresma, realiza-se o rito dos reavivamento a partir de Cristo. Há no-
pessoa (média de vida nos tempos cada um” (RICA, 21). Assim, o tempo escrutínios, ou seja, a purificação do vamente as orações e exorcismos e são
antigos). Isso faz com que se compa- quaresmal era como um período de espírito e do coração no combate às convidados a comparecer novamente
re a vida inteira da pessoa como uma retiro espiritual em preparação não tentações, no estímulo das vontades na manhã do sábado santo para a re-
grande caminhada em busca da terra apenas para o sacramento do batismo, para a configuração a Cristo. No tercei- citação do Símbolo (profissão de fé),
prometida. Neste trajeto, tem-se o de- mas para os compromissos que serão ro domingo, o evangelho proposto é o o rito do Éfeta (abrir os ouvidos para
serto, com toda sua secura, as diversas assumidos anexos a este sacramento. da Samaritana (ano A), que encontra ouvir as verdades de fé), a escolha do
tentações e também os oásis que sus- nome cristão e a unção com o óleo dos
tentam a caminhada e faz o povo pros- catecúmenos.
seguir fortalecido e animado. Oásis é o “De fato, na liturgia e na catequese, pela co- Enfim, na solene Vigília Pascal, no
lugar da água, que dá vida. Na Igreja, o memoração ou preparação do Batismo e sábado santo, os candidatos são ba-
tempo quaresmal faz alusão ao batis- tizados, confirmados e recebem, pela
mo, que provém das águas desse oásis. pela penitência, a Quaresma renova a co- primeira vez, a Eucaristia. Daí, todo o
munidade dos fiéis juntamente com os cate- ritual voltado para a água na celebra-
Retiro Espiritual ção da Vigília da Páscoa. Era o momen-
Nos primórdios da Igreja, em tem- cúmenos e os dispõe para a celebração do to em que os cristãos, nos primeiros sé-
po de perseguição dos cristãos, havia mistério pascal, ao qual os sacramentos de culos, recebiam o batismo após todo o
todo um processo – chamado de cate- processo de preparação e iluminação.
cumenato– para se chegar à celebração iniciação associam cada um” (RICA, 21). Assim, a Quaresma resgata seu for-
do batismo. Via de regra, batizavam-se te sentido de renovação batismal e
apenas adultos que, ao se encantarem Nesse período, o introdutor conduz em Cristo a fonte de água viva (o oá- de iluminação e configura-se como o
pela proposta cristã vivida e anuncia- à purificação do coração pelo exame sis que mata definitivamente a sede). grande retiro espiritual proposto pela
da pela comunidade, pediam a um de consciência e pela penitência. Com Após a homilia, faz-se a oração sobre Igreja para que, na secura da vida, Cris-
adulto já batizado (padrinho ou ma- isso, há vários ritos, denominados “es- os catecúmenos e o exorcismo, que to seja o oásis que conforta e alimenta
drinha) que o apresentassem à comu- crutínios” e “entregas”. A Igreja até hoje não é expulsão de nenhum ser ma- e seja o companheiro da grande jorna-
nidade como candidatos ao batismo. favorece esta forma de preparação ligno, mas a oração de libertação das da em busca da terra prometida.
A comunidade os acolhia e iniciava-se para o batismo e demais sacramentos consequências e influências do mal na
8 JORNAL COMUNHÃO
9. bíblia
O DINAMISMO JOVEM NA BÍBLIA
Por Pe. José Luiz Gonzaga do Prado, professor de Teologia Bíblica no Centro de Estudos Superiores da Arquidiocese de Ribeirão Preto. Reside em Nova Resende
O lema da Campanha da Fraternidade capataz egípcio. Não volta ao conforto do Saul quis que ele vestisse sua armadura “Ah! Senhor, não sei falar, sou ainda uma
2013 é “Eis-me aqui, envia-me!” Is 6,8. Em- palácio, mas são seus companheiros que o para lutar contra Golias, mas preferiu ino- criança!” “Não tenhas medo deles, pois es-
bora Isaías não seja apresentado na Escri- denunciam. Tem de fugir. var. Enfrentou o gigante com uma funda tou contigo para defender-te” (Jr 1,6.8).
tura como modelo de jovem, sua resposta Chegando a Madiã, defende da arro- na mão e cinco pedrinhas na sacola. Bastou O jovem Jeremias tentava resistir ao
ao apelo de Deus foi o de uma atitude ex- gância dos pastores homens, as moças que uma. apelo de Deus, mas “tu me seduziste, Se-
tremamente jovem. olhavam o rebanho de seu pai e ajuda-as a Quando Saul passou a considerá-lo nhor, e eu me deixei seduzir! Foste mais
É próprio do jovem estar pronto para dar de beber às ovelhas. Aceita a hospeda- inimigo, entrou, à noite, no acampamento forte do que eu e me subjugaste! Tornei-
o desafio, enfrentar a aventura, sair da ro- gem desta família e casa-se com uma das de Saul, que dormia a sono solto, tirou-lhe -me a zombaria de todo o dia, todos riem
tina e buscar o novo, partir para o desco- jovens. Fica refugiado em Madiã, cumprin- a vasilha de água e a lança e não permitiu de mim. Sempre que abro a boca é para
nhecido. A conversão permanente é uma do a rotina do pastoreio das ovelhas de seu que seu companheiro matasse o rei que protestar! Vivo reclamando da violência e
atitude jovem, só o jovem tem coragem sogro, mas ouve o apelo de Javé e, apesar dormia ao lado. Afastou-se e gritou para da opressão! A Palavra de Deus tornou-se
de mudar, de inventar, de sair dos padrões, de todas as dificuldades, volta para o Egito acordar o rei e seu general para perguntar para mim vergonha e gozação todo o dia.
de quebrar o protocolo. O velho continua a fim de libertar seus irmãos. da arma e da vasilha de água. Pensei: Nunca mais hei de lembrá-lo, não
sempre na mesma, no seu canto. Acampado no deserto com seus ir- Tornou-se o modelo dos reis de Judá falo mais em seu nome! Mas parecia haver
mãos hebreus, aceita o conselho de seu e o poema do capítulo 11 de Isaías dá-lhe um fogo a queimar-me por dentro, fecha-
Moisés sogro que vai levar-lhe a mulher e os filhos. duas qualidades características do jovem: do em meus ossos. Tentei aguentar, não fui
A Escritura divide a vida de Moisés Converte-se, muda a maneira de agir com ousadia e precaução. A maioria das tradu- capaz!” (Jr 20,7-9).
em três etapas de quarenta anos cada: no o povo, deixa de concentrar todo o poder ções fala em “espírito de prudência e for- Tudo isso é bem próprio do jovem. A
palácio do Faraó, refugiado em Madiã e em suas mãos e aprende a partilhá-lo com taleza”, mas, na verdade, o profeta está se resistência e o medo revelam o senso de
acampado no deserto. Tudo muito exato, outros. Assim, prepara o povo para uma referindo à capacidade guerreira de Davi, à responsabilidade, a insatisfação de quem
denotando ser artificial. Na verdade, são vida de verdadeira fraternidade. precaução e à ousadia que ele demonstrou reclama e protesta, mostra o olhar de Deus
três etapas diferentes, como se fossem três no episódio de que falamos. sobre a realidade perversa que os pondera-
gerações (40 anos cada). Davi dos adultos construíram e conservam.
Criado pela filha do rei do Egito, quan- Davi era o mais jovem dos filhos de Jeremias E não falamos dos personagens do
do ele sai do palácio pela primeira vez, jo- Jessé. Os irmãos deixaram-no olhando o É o personagem bíblico típico do jo- Novo Testamento como a jovem de Naza-
vem, sem dúvida, toma uma atitude dife- gado, quando Samuel mandou chamá-los vem. Sentiu o apelo de Deus para que de- ré, Maria. Jovem, pobre e de um lugar de
rente e inesperada. Coloca-se na defesa de para escolher um deles para ser o novo nunciasse os desmandos e a cegueira das onde nada de bom se poderia esperar e
seus irmãos hebreus, que eram duramente comandante do povo. Foi a ele que Deus autoridades políticas e religiosas do povo, que se tornou a mais abençoada de todas
explorados, e “quebra o pau”, matando um escolheu. com cerca de dezoito anos. Tentou resistir as mulheres da terra.
pais e filhos
VIVENDO A QUARESMA
Por Maria do Carmo Noronha, reside em Guaxupé
Vamos agora continuar nossa refle- como hipócritas (Mt 23). Não basta o mar e mudar esta história (Gs 39). Sim, vamos passar de uma religio-
xão, aproveitando o tempo da Quares- rito para sermos cristãos. Portanto, ser cristão não se identifica sidade neutra a uma fé comprometida
ma para uma vivência mais profunda de Também não basta crer em dogmas, a nenhuma dessas posturas ou outras com os setores populares e empobre-
nossa vida cristã. Sabemos que ser cris- recitar o credo e saber de cor o catecis- semelhantes. Algumas delas são ante- cidos. Com todas as forças, vivamos a
tão não é somente fazer o bem e evitar o mo. Muitos que professam a doutrina riores ao cristianismo. Quaresma e o Senhor certamente estará
mal. Há pessoas que lutam pela constru- cristã estão, na prática, distantes do Ser cristão supõe uma mudança de conosco. Aproveitemos para ler, orando
ção de um mundo melhor, que comba- Evangelho. O cristianismo não é apenas atitude. Essa mudança supõe uma con- pausadamente, alguns textos da Sagra-
tem a corrupção e a injustiça. Mas isso uma doutrina, nem pode consistir so- versão de coração, de mentalidade, de da Escritura: Isaias 12, 1-6, Mateus 5, até
não basta para serem chamadas cristãs. mente em preparar-se para a outra vida, prática cristã. Supõe a passagem de nos aproximarmos daquela fé dos Após-
Ser cristão não é simplesmente cele- esperar o além, aceitando a vida pre- uma fé puramente sociológica para uma tolos da Igreja Primitiva, que tinham
brar alguns ritos. Não basta guardar dias sente com resignação. A fé cristã afirma fé pessoal, uma fé vital. De uma simples “um só coração e uma só alma” (Atos 4,
santos ou devoções marianas. Os fari- a existência de uma vida eterna, mas a religiosidade, a uma fé integral e históri- 32), exemplo de comunidade familiar e
seus do tempo de Jesus eram fiéis aos esperança de uma vida nova não deve ca, de uma religiosidade individualista a eclesial.
ritos e, no entanto, Jesus os denunciava amortecer a preocupação de transfor- uma comunitária.
DIOCESE DE GUAXUPÉ 9
10. ponto de vista teológico
CENÁRIOS DA IGREJA DE GUAXUPÉ
Por Pe. José Augusto da Silva, pároco da Paróquia de São Domingos (Poços de Caldas) e Professor da Faculdade Católica (Pouso Alegre)
Cenários é uma expressão utilizada
por João Batista Libanio como alternativa
ao termo “modelos”, na discussão pasto-
ral da eclesiologia. O padre jesuíta escre-
veu duas obras a esse respeito (LIBANIO,
J. B. Os Carismas na Igreja do Terceiro Mi-
lênio. São Paulo: Loyola, 2007. Cenários
da Igreja. Num mundo plural e fragmen-
tado. 5ª. Edição. São Paulo: Loyola, 2012)
que, ainda muito oportunas, serão os
corrimãos da presente reflexão.
A DIOCESE
A Igreja Particular de Guaxupé está
prestes a celebrar seus 100 anos de pre-
sença no sul das Minas Gerais. E, para
tanto, organizou-se uma estruturada
preparação para que a efeméride seja
celebrada com efetivo denodo. Mas, na
perspectiva “libaniana”, quais são os ce-
nários prementes na referida Diocese?
Como eles se dialogam, se conflitam e se
organizam no contexto atual?
Como em toda a Igreja do Brasil, em
Guaxupé campeia um “mix eclesiológico”
decorrente do momento histórico, políti-
co, econômico e pastoral mundial. Desde
o cenário da Instituição ao Cenário Pós
Moderno, constata-se um frenesi de en-
saios, com erros e acertos, e um efetivo
desejo de amoldar-se aos sopros do Es-
pírito, presentes nos sinais dos tempos.
Este texto, dado o limite do espaço desta
coluna, levantará alguns traços fenome-
nológicos. Não pretendo aprofundar a
temática que, oportunamente, deman-
dará um formato mais amplo.
Contudo, o Cenário da Pregação
ainda persiste com galhardia. Tal Cená-
rio, marcado pela formação bíblica (exe-
gese e hermenêutica), catequética e li-
túrgica, inaugurado há mais de 15 anos, seus excessos, compagina um oásis do imperioso que se organize este instituto Na cerimônia de tomada de posse do
reinventa-se nas feições de cursos (com Espírito. Através da RCC, não são poucas tão necessário ao fortalecimento da ex- novo pároco de Serrania, início de janei-
várias modalidades), na preocupação as pessoas que reencontraram o senti- periência comunitária. ro, nosso bispo fez menção a este fato:
expressiva com a condigna celebração do de sua fé e de sua pertença à Igreja Mas, os quatro cenários – Pregação, “precisamos, no espírito de Aparecida,
(especialmente com a presidência litúr- Católica. Através dos Grupos de Oração, Instituição, Carisma e Libertação – são reinventar nosso jeito de fazer pastoral
gica), no cuidado redobrado com a for- espalhados por toda a Diocese, centenas impactados por um quinto Cenário: o do e de evangelizar diante de uma cultura
mação do clero e da liderança leiga. Um de pessoas encontraram apoio para inte- Pluralismo fragmentado pós-moder- que não é mais facilitadora à Tradição e
Cenário que possui futuro e viabilidade, grar sua fé no cotidiano. É evidente que no. Como consequência de vivermos a aos costumes cristãos. É necessário esta-
dada a urgência do conhecimento e da muitas situações reclamam cuidados e encarnação histórica, não há como fugir belecer diálogo e rever nosso jeito de ser
necessária marca profissional do serviço orientação da autoridade eclesial. Mas, é dele. Ele está aí a provocar-nos e, parado- igreja.”
religioso. inegável o bem que tais grupos fazem ao xalmente, a sugerir-nos posições de fron- O quinto Cenário – do Pluralismo
De modo crescente, momentanea- povo de Deus. teira, não raras vezes complexas e não fragmentado pós-moderno – não é uma
mente, destaca-se o Cenário Institucio- O Cenário da Libertação, como muito claras ao depósito da fé. No enten- prerrogativa da Diocese de Guaxupé. Ele
nal: da clareza das normas, dos cânones alhures, está se reinventando em nossa dimento de Libanio, é a coexistência de está em toda a Igreja com cores e inten-
e da autoridade. A atenção com a sã Igreja Particular. Nessa reformulação, as “submodelos” eclesiológicos dentro de sidades diferenciadas. Enfrentá-lo com
doutrina e a decantação de posições não pequenas comunidades têm encontran- um mesmo Cenário. Diante das proposi- ousadia, sabedoria e humildade é o que
condizentes com o Magistério Eclesiásti- do seu elixir na reflexão bíblica semanal. ções oficiais, surgem posições dissonan- se espera daqueles que se deixam guiar
co visibilizam acentos institucionais que, Em algumas localidades, através dos tes. Uma minoria acata as orientações pelo Espírito de Cristo. Não se trata mais
temperados com as conquistas colegiais Grupos de Reflexão, em outras, através oficiais; outro grupo embarca na “onda de criar oposições ou composições aos
e sinodais, trarão um sólido equilíbrio da Celebração Litúrgica da Palavra com carismática”: oscilam entre o moralismo variados “jeitos” de ser Igreja. O momento
na organização pastoral e no modo da a distribuição da Eucaristia. O momento religioso e um espiritualismo emocional. nos incita a pensar e agir de modo com-
Igreja relacionar-se com a cultura pós- é propício para o fortalecimento desses Há um setor médio, ilustrado e conscien- plexo diante dos vários “cacos eclesioló-
-moderna. Grupos, já que na última Reunião Geral te, que reforça a tendência da chamada gicos”. Que Nossa Senhora das Dores, Es-
O Cenário do Carisma não está em de Pastoral foi entregue aos CPSs uma “liberdade de consciência”, muito espe- trela da Evangelização, Igreja já realizada
baixa. Tem-se a impressão que se esta- espécie de cartilha para organizá-los. cialmente no que diz respeito à moral e glorificada, padroeira de nossa Diocese,
bilizou e, fazendo alguns curativos nos Atentos aos bons sopros de Aparecida, é sexual e ao planejamento familiar. inspire-nos nesta histórica tarefa.
10 JORNAL COMUNHÃO
11. comunicação
COMEMORAÇÕES DE FEVEREIRO
NATALÍCIO 9 Mons. Enoque Donizetti de
6 Pe. Ronei Mendes Faria Oliveira
8 Pe. Eduardo Pádua Carvalho 11 Pe. Valdenísio Justino Goulart
12 Pe. Renato César Gonçalves Pe. Renato César Gonçalves
16 Pe. Paulo Carmo Pereira 13 Pe.JaníciodeCarvalhoMachado
26 Frei Aldo Nasello 14 Pe. Rodrigo Costa Papi
15 Pe. Marcos Alexandre Justi
ORDENAÇÃO 18 Pe. Ronaldo Robster
2 Pe. Celso Mendes de Oliveira 20 Pe. Sandro H. Almeida dos Santos
5 Pe. Alessandro de Oliveira Faria 21 Pe. Antonio Carlos Melo
Pe. José Natal de Souza 22 Pe. Guaraciba Lopes de Oliveira
Pe. Julio César Martins 25 Pe. Adelmo Arantes Rosa
Pe. Ronaldo Aparecido Passos 26 Pe. Paulo Sérgio Barbosa
Pe. Ronei Mendes Lauria 27 Pe. José Benedito dos Santos
6 Pe. Benedito Clímaco Passos
AGENDA PASTORAL DE FEVEREIRO
2 Diocese: Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral em Guaxupé
3 Diocese: Concentração Diocesana – Atividade do Centenário
de criação da Diocese às 09h na Catedral em Guaxupé. Envio Missionário
da Juventude
7 Diocese: Reunião da Pastoral Presbiteral
8 Ordenações Diaconais na Catedral
9 Setores: Retiro de Carnaval – RCC
13 Cinzas – Início da Quaresma – Abertura da CF 2013
14 Diocese: Reunião do Setor Famílias em Guaxupé
15 Diocese: Reunião dos Juízes Auditores da Câmara Eclesiástica em
Guaxupé
16 16 Setores: Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPSs)
18-21 18-21 Formação Permanente do Clero em Brodowski - SP
23 Diocese: Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação em Guaxupé
Reunião Diocesana do Serviço de Animação Litúrgica em Guaxupé
Reunião do Conselho Diocesano do ECC em Guaxupé
Reunião do Setor Juventude em Guaxupé
Reunião da Coord. Diocesana da RCC em Guaxupé
25-27 Diocese: Coletiva de impressa sobre a CF 2013
ÚLTIMAS NOMEAÇÕES E TRANSFERÊNCIAS
Reitores e Diretor Espiritual Dia 05 de janeiro: Pe. José Augusto da Silva – Paróquia São Domingos de Poços de Caldas
Dia 02 de janeiro: Pe. José Hamilton de Castro - Reitor do Seminário São José de Guaxupé Dia 06 de janeiro: Pe. Rodrigo Costa Papi – Paróquia São Sebastião de São Sebastião do Paraíso
Pe. Ronaldo Aparecido Passos – Reitor do Seminário Santo Antônio de Pouso Alegre Dia 18 de janeiro: Pe. Ronaldo Aparecido Passos – Paróquia Sagrado Coração de Jesus de
Pe. Ademir Silva Ribeiro - Diretor Espiritual do Seminário Santo Antônio de Pouso Alegre Fama
Dia 23 de janeiro: Pe. José Milton dos Reis – Paróquia São José de Muzambinho
Párocos
Dia 02 de janeiro: Pe. Alexandre José Gonçalves – Paróquia São José de Machado Vigários Paroquiais
Dia 03 de janeiro: Pe. Janício de Carvalho Machado – Paróquia São José de São José da Barra Pe. Sebastião Marcos – Paróquia São Benedito de Passos
Dia 04 de janeiro: Pe. Robervam Martins de Oliveira – Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Pe. Ademir Silva Ribeiro – Paróquia São José de Machado
Serrania Pe. Celio Laurindo da Silva – Paróquia São José de Muzambinho
sugestões de leitura
Religião e Juventude: Os Novos Carismáticos – Flávio Munhoz Sofiati
2012 - Editora Ideias & Letras/FAPESP
O estudo aqui apresentado percorre a maneira como a vitalidade carismática coloniza
o cotidiano de seus jovens seguidores, vertebrando propostas aparentemente “estranhas”
à juventude, as quais oscilam da rigidez doutrinal ao campo sexual, à integração das mais
avançadas tecnologias e performances musicais. Numa narrativa fluída, o livro revela in-
suspeitados mecanismos sociológicos que tecem as tramas do religioso, irrigando o mun-
do urbano nas grandes cidades. Além disso, Flávio Sofiati oferece uma compreensão das
crises da juventude, em geral, e de suas aspirações religiosas, em particular.
DIOCESE DE GUAXUPÉ 11
12. educação e vida
JUVENTUDE E RELIGIÃO
Por Neusa Maria Figueiredo, psicóloga em Cabo Verde, Botelhos e Guaxupé
As mudanças de compor- mo, as rixas entre irmãos de
tamento das últimas déca- fé e espalharem pelo mundo
das distanciam-se cada vez atitudes coerentes entre o
mais dos costumes do século que se prega e o que se faz;
passado. A sociedade torna- atitudes de fraternidade, so-
-se mais tecnológica, consu- lidariedade e amor. Atitudes
mista e os jovens estudam estas compreendidas por
pouco, leem menos, mas se jovens, que são cúmplices
gabam de serem “pseudo- entre eles, não são delato-
-sábios”, isto é “sabem tudo”, res, são reais, apesar de in-
porque acessam com facili- constantes, amam a nature-
dade e presteza a internet, za, afagam animais e fazem
o celular e outros aparelhos sarau para ver a lua.
eletrônicos. Juventude e religião é
São jovens que defendem uma parceria que pode dar
sua opinião como verdade, certo, se houver práticas re-
são questionadores superfi- ligiosas que levem a doutri-
ciais, polêmicos e, algumas na cristã ao jovem de uma
vezes, indiferentes a pro- forma não opressiva, que
blemas sociais, irreverentes utilize sua linguagem, seu
às regras e leis da família e modo de agir e conviver,
da sociedade. Nas suas ver- respeitando seu jeito ques-
dades, acham-se capazes tionador, curioso e caren-
de questionar e opinar so- te de coisas palpáveis para
bre doutrina, fé e religião, crer; para isso, o adulto que
sem qualquer embasamen- se considera sábio precisa
to científico ou de conheci- tornar-se tolo, permitindo
mento de causa. São ágeis ao jovem, visto como tolo,
e imediatistas. Para eles, as tornar-se sábio – a imagem
respostas devem ser claras, e semelhança de Jesus Cris-
objetivas e convincentes. to – tão sábio, tão humilde,
A realidade de mundo tão humano e tão divino.
hoje é pouco promissora quanto a catástrofes ocasionadas pela von- ter (imediatismo). Deus é a crença “Alegra-te jovem, na juventu-
trabalho, profissão, finanças e re- tade de Deus têm um propósito de através da fé. Fé é algo que o jovem de... Anda pelos caminhos do teu
alização pessoal. É um momento mudança na vida do ser humano, não encontra nos dias hoje, embo- coração e pela vista do teus olhos,
em que o homem está descontente ao passo que muitos outros desas- ra busque continuamente por ela, mas sabe que por estas coisas te
com o próprio homem. Sendo as- tres são ocasionados pelo próprio como salvação para si mesmo. Fé é trará Deus a juízo.”Ec. 11.9
sim, como falar de Deus para este homem, que se esquece de que, construída, é credibilidade de que “Dá-me o entendimento e guar-
jovem incrédulo? Como falar de prejudicando ao outro, ainda que o amanhã chega, a certeza de que darei a tua lei, e observá-la-ei de
um Deus vivo e verdadeiro? De um de forma inconsciente, prejudica a na dor há aprendizado, que falta de todo o meu coração.” Sl. 119. 34.
Deus que permite catástrofes, indi- si mesmo. atitude gera medo e distancia a co- A todos os jovens e aos não tão
ferença social, desumanização, ho- Sem fé no futuro, o jovem con- ragem. O jovem se descobrirá cris- jovens, um 2013 de muitas dúvidas
mem “engolindo” homem? Sugiro centra sua atenção no presente e tão quando as religiões deixarem o e muitos encontros.
iniciar, mostrando ao jovem que as nos prazeres e gozos que ele pode discurso pragmático, o dogmatis-
sugestão de filme
PRO DIA NASCER FELIZ
2006, Copacabana Filmes
Definido pelo próprio diretor como “um diário de observação da vida do adolescente no Brasil em seis escolas”, Pro Dia
Nascer Feliz flagra o dia a dia e adentra a subjetividade de alunas e professores de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janei-
ro. As entrevistas são intercaladas com sequências de observação do ambiente das escolas - meio, por sinal, bem pouco
frequentado pelo documentário. Sem exercer interferência direta, a câmera flagra salas de aula, esquadrinha corredores,
pátios e banheiros, testemunha uma reunião de conselho de classe (onde os professores decidem o destino curricular dos
alunos “difíceis”) e momentos de relativa intimidade pessoal.
12 JORNAL COMUNHÃO