2. Refletir sobre os vários aspectos que envolvem a
dinâmica de uma escola, proporcionando aos gestores
melhor atuação no cotidiano escolar.
Público Alvo: Professores Gestores
3. Alguns aspectos do cotidiano da escola são mera
repetição de uma prática muito conhecida
embasada no:
preconceito,
racismo,
intolerância,
repressão,
nas relações de poder,
na indiferença,
na exclusão.
5. Neste espaço deve permear:
o diálogo,
compreensão,
aceitação,
respeito ao outro,
confiança,
a transgressão inclusive, no sentido de quebrar o que
está instituído,
6. Análise do espaço: Quem o compõe?
Pessoas
Em diferentes segmentos,
Com níveis de escolaridade variados,
Algumas com pensamentos e valores voltados para uma educação
humanitária,
Outras com a concepção de que a disciplina e a ordem devem ser mantidas a
qualquer custo, onde quem não se enquadra, tem que mudar de escola, ou seja,
ser excluído daquele ambiente.
Homens, mulheres, jovens, adultos e crianças, com histórias diferentes,
convicções ideológicas próprias, experiências diferenciadas, interesses
diversos.
Todos compartilhando o mesmo espaço. Esta diversidade toda, torna o
relacionamento interpessoal deste ambiente muito complexo.
7. Gestores - integração da equipe
Forma: conhecer cada membro da equipe – atuar junto – conhecer o que os mesmos
pensam sobre educação, qual modelo de educação tiveram, o perfil cognitivo e psicológico destas pessoas,
analisado muitas vezes, na forma de agir das mesmas, são de suma importância para que se possa planejar
as ações. Nesta perspectiva de análise, Brandão (2000, p. 449-462) afirma que:
Fomos um dia o que alguma educação nos fez. E estaremos sendo, a cada momento de nossas vidas, o que fazemos com a
educação que praticamos e o que os círculos de buscadores de saber com os quais nos envolvemos está continuamente
criando em nós e fazendo conosco.
Segundo Maria Celeste de Moura Andrade inspirada em Foucault (1999. p.
67-68)
a prática estética é tanto pessoal quanto social e envolve uma conduta que
assume a forma de uma filtragem permanente das representações: examiná-las,
controlá-las, triá-las[...]
´distinguí-las’’’ uma das outras e evitar assim que se aceite a “ primeira
que surge’’ O cuidado de si coloca a tarefa de cada um se por à prova,
examinar suas verdades sobre o que é, o que faz consigo mesmo e com os
outros. Este cuidado estimula a pesquisa contínua sobre os contextos
históricos e discursivos que fizeram com que as relações sociais se
desenvolvessem de um certo modo, viabilizando a reflexão sobre suas
diferentes possibilidades, tanto no trato de si mesmo, como do outro.
Professora de Didática no Centro Universitário do Planalto de Araxá (Uniaraxá) e de Metodologia do Ensino de História na
Universidade de Uberaba (Uniube) e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
8. Retomando as contribuições de Michel Foucault, Regina de Souza e
Silvio Gallo (2002, pp. 39-63) analisam
Biopoder – poder do Estado (que surge durante a segunda metade
do século XVIII) constitui-se numa tecnologia que incide sobre a
vida, sobre a espécie, exerce-se sobre um corpo coletivo, a
população. O biopoder incorpora o poder disciplinar e visa controlar
a população, por meio de mecanismos que tem como propósito
“fazer viver” e “deixar morrer”. É um poder que exerce pressões em
todas as esferas, a fim de atender o padrão considerado normal para
a espécie humana. Para a instituição escola, se o indivíduo não tem
condições de atender às normas instituídas, ele deve ser excluído. É
a eliminação do diferente, do anormal, do estranho. Se o poder
disciplinar opera no nível corporal, pela normalização, a biopolítica
trabalha pela regulamentação. O Estado se põe no direito de
“matar”, eliminar o diferente para o bem da população.
Poder disciplinar (consolidado ao longo do século XVIII) –
objetiva a sujeição do corpo do indivíduo, tornando-o manipulável,
dócil, disciplinado.
9. Leitura Compartilhada: Depoimento
Encantei-me pela educação quando era ainda
criança. Cursando a segunda série do primário, em 1974,
aos oito anos de idade, decidi e anunciei aos meus pais que
seria professora. Minha mãe, ficou muito orgulhosa da
minha escolha e apoiou-me por toda a minha vida escolar
na direção do objetivo almejado. Formada, já atuando na
área educacional, sempre procurei entender o motivo que
me levou a esta opção. Refleti muito a respeito. Concluí
que, possivelmente como residia na zona rural, não tive
muitas oportunidades de conhecer outras profissões e
aquele ambiente me fascinou. Escolhida a profissão,
dediquei-me a ela, agarrando-me a todas as oportunidades
que apareceram – na verdade, tudo conspirou para que eu
fosse professora. Cada passo da minha vida... Destino?
Vocação? Pode ser. Não sei... Quem sabe?
10. Com relação à escola, aos cinco anos tive o meu primeiro contato. Minha
tia, era merendeira na escola do bairro onde eu residia. Como eu era muito
solitária, algumas vezes levava-me consigo no trabalho e eu, ainda pequena,
gostava muito, pois era mimada pelos alunos que brincavam comigo e pelos
poucos professores que ali lecionavam. Sem contar que compartilhava da merenda
(deliciosa) da mencionada escola. Era um ambiente muito agradável. Porém,
quando ingressei aos seis anos e meio na primeira série (não fiz pré-escola), aquele
ambiente agradável já não era o mesmo. Eu tinha medo daquelas pessoas que antes
eu gostava. Fico pensando como é possível que isso aconteça. As relações
mudaram. Lembro que a atitude destas com relação a mim mudou. Na primeira
série eu chorava todos os dias. A professora colocava as lições na lousa e eu não
entendia a sua proposta. E eu me desesperava. Então ela dizia: “Não quero choro e
nem vela” – e eu não entendia o significado de suas palavras. Tinha muito medo. A
linguagem utilizada pela professora não era compreendida por mim. Muitas vezes
fechava a porta e esbravejava conosco. Até hoje tenho uma sensação estranha
quando estou em um determinado local e fecham a porta. Há um estremecimento
nas minhas estruturas emocionais. Será que os profissionais da educação se
atentam para isto, ou seja, os danos que suas atitudes podem causar a uma criança,
despertando sentimentos para toda a sua vida? Naquele mesmo ano esta
professora foi substituída por outra que tinha outros procedimentos na relação com
seus alunos – o trato era outro. Era calma, tranqüila, pacienciosa. Eu aprendi a ler e
a escrever rapidamente e fui aprovada no final do ano com nota Cem. Cem para ela
– formidável professora! A relação professor-aluno no interior de uma sala de aula,
o vínculo que se cria entre as pessoas que convivem neste espaço é tão importante
que tal relacionamento influencia no processo de ensino-aprendizagem. É fato.
11. Na segunda série a professora residia no mesmo bairro que eu. Era uma das
pessoas que brincava muito comigo quando ainda não era aluna daquela escola.
Era exímia professora. Ensinava muito bem, mas disciplinava a turma através do
medo. Sofri muito, porque já era de natureza medrosa, tímida. Mas foi neste ano
que decidi ser professora. A lousa, as carteiras, a fila, o seu status, escrevendo na
lousa, explicando, tomando a tabuada, ensinando as continhas de mais e de
menos... Aquele ambiente me fascinava... E na minha bagagem levei comigo a
certeza de que não seria daquela forma que atuaria junto aos meus alunos. Refleti
sobre isto posteriormente, pois naquele momento, enquanto criança, achava que
toda aquela pressão fazia parte do ambiente escolar. Ser professora era assim – eu
pensava. E confesso que naquele momento, na infância, eu almejava este poder.
Porém, enquanto atuava, sempre tive muita preocupação em não despertar o
sentimento de medo nas crianças que conviviam comigo. Percebo ao repassar
minha história, que sofria mais com os professores que residiam no mesmo bairro.
Com os professores que vinham de outros locais eu era muito feliz. Na terceira
série a professora era de Campinas e não tive problema nenhum. E mais tarde
descobri o porquê. Havia no ambiente escolar muita discriminação, em
decorrência de questões culturais. Alguns alunos, em consideração às suas
origens, eram bem tratados. Outros não. Doeu muito quando percebi isto. No final
da quarta série a minha professora, que residia também ali, aconselhou a minha
mãe a não dar prosseguimento nos meus estudos, pois alegava que eu era muito
medrosa e chorona. Dizia que eu ressentia-me facilmente. Era muito sensível. E
que conseqüentemente não teria sucesso nos estudos. Minha mãe, diante do meu
sonho, titubeou, mas ouviu outras pessoas e em 1984, formei-me professora, pela
Escola Normal Estadual Carlos Gomes, de Campinas
12. Os percalços vividos na minha carreira estudantil, na escola, os valores trabalhados pela minha
família e pela comunidade no que concerne ao trato com as pessoas, formaram a minha
personalidade – que reflete obviamente na minha atuação profissional. Através destes, construí
alguns conceitos que considero importantes e que levo comigo: o respeito pelas pessoas,
indistintamente, e a preocupação com o sentimento que minhas atitudes podem despertar nestas.
Analiso todos os relacionamentos que vivenciei no âmbito escolar, sejam eles negativos ou
positivos e reflito a influência que este espaço exerce na construção da identidade emocional de
uma pessoa, deixando marcas, às vezes visíveis, outras imperceptíveis, porém determinantes no
comportamento humano.
Quando discuto o tema “Gestão de pessoas no âmbito educacional: fio e desafio”,
instigo a percepção do quanto as relações entre as pessoas no âmbito educacional influenciam no
objetivo a que este ambiente se propõe, como um fio condutor de eletricidade, que
organizadamente interligado aos demais componentes em um circuito elétrico, produz de forma
eficiente a iluminação desejada. Caso contrário, se houver interrupção dos mesmos e não ocorrer o
circuito elétrico na mais perfeita sintonia, o produto final ficará comprometido, ou seja, não haverá
luz. Na educação, as pessoas que compõem as equipes precisam estar muito bem interligadas, em
sintonia, com objetivos claros e rumo certo ao destino que se quer chegar. Infelizmente é um grande
desafio que os gestores enfrentam, pois o que mais temos que gerir no âmbito escolar são os
conflitos que se estabelecem nas relações entre as pessoas que compartilham este espaço. Muitas
vezes vemos o trabalho pedagógico de uma escola ruir, pelo fato das pessoas não terem um bom
relacionamento. E há problemas nos mais variados segmentos: entre os funcionários de apoio, entre
professores, entre alunos e professores, entre funcionários e alunos, entre direção e professores,
entre elementos da escola e comunidade, entre gestores de um mesmo Sistema. Enfim...
E como estas relações marcam a nossa vida! Principalmente quando se trata do
enfrentamento entre a criança e o adulto. A criança leva consigo o sentimento construído nestas
relações, para toda a sua vida. Principalmente os sentimentos negativos. Na minha própria
experiência, verifico o quanto as atitudes e o discurso das pessoas no ambiente escolar provocaram
marcas profundas na minha existência. E já se passaram mais de trinta anos... Serei capaz de me
lembrar dos relacionamentos vividos por toda a minha vida... É muito forte e extremamente
marcante a relação de convivência experienciada pela criança no espaço da sala de aula.(...)
Por: Eliane Faccio
13. O GESTOR deve:
Ser pesquisador - deve estudar sua escola constantemente.
Coordenar o Planejamento
Reflexivo/coletivo
Educação para a liberdade
O planejamento pode ajudar a mudar a sociedade
Com conhecimento da comunidade
Pesquisar/Tabular
Dados norteadores para o Projeto da U.E.
Cada aluno deve ter
Mapeado o diagnóstico do processo ensino -
aprendizagem e metas estabelecidas para
curto, médio e longo prazo.
Avaliar.
14. O sorriso e o olhar da criança expressam a ingenuidade, a
fragilidade e a pureza de um ser em desenvolvimento.
O meio influencia. A escola não é o meio todo que a criança
interage, mas é parte significativa na formação do ser
humano.
EXCLUIR “O DIFERENTE”
SIGNIFICA ALIJAR
AQUELE QUE MAIS
PRECISA DA
EDUCAÇÃO..
15. Michel Foucault; Maria Celeste de Moura Andrade
inspirada em Foucault (1999. p. 67-68);
Retomando as contribuições de Michel Foucault,
Regina de Souza e Silvio Gallo (2002, pp. 39-63)
Imagens:
http://desenvolturasedesacatos.blogspot.com.br/201
1/06/poema-o-menino-pobre-imagens-e.html