2. BIOGRAFIA
O cineasta Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu
no dia 12 de dezembro de 1908, na cidade do Porto.
É o realizador mais velho do mundo e realizou mais de
30 curtas metragens.
O seu percurso académico passou pelo Colégio
Universal, na sua terra natal, e depois pelo Colégio
Jesuíta de La Guardia, na Galiza.
3. DOURO, FAINA FLUVIAL
Técnica e Equipamento
Influenciado por “Berlim: sinfonia de uma cidade”, documentário
vanguardista de Walter Ruttmann, Manoel de Oliveira realizou uma
curta-metragem sobre a faina da zona ribeirinha do rio Douro —
Douro, Faina Fluvial (1931). Foi o seu primeiro filme realizado com
meios de amador e suscitou a admiração da crítica estrangeira e o
desagrado dos críticos nacionais.
É um documentário de 20 minutos que oferece uma arrojada
observação da realidade social, incorporando vários elementos da
azáfama diária da Ribeira, na cidade do Porto: os homens e
mulheres, as máquinas e os carros de bois, os barcos, a ponte e o
rio. Um conjunto de elementos articulados que faz desta curta-
metragem um testemunho valioso de como se processava a vida do
Porto-Douro no final da década de 1920.
4. Manoel de Oliveira procura uma estética sofisticada e
rigorosa que não se fica por uma pontual observação da
realidade social. Pelo contrário, ele foi muito mais longe
neste seu primeiro trabalho, experimentando uma outra
forma de apresentar o real.
Dá ênfase ao enquadramento;
ao instantâneo;
é o falar pela imagem;
o cinema sem palavra,
em sentido absoluto.
5. ―Douro, Faina Fluvial‖ foi gravado com recurso a uma máquina de filmar
de 35 mm, durante dois anos – as gravações eram feitas ao fim de
semana. Manoel de Oliveira foi auxiliado por António Mendes – seu amigo
e fotógrafo amador.
O filme é influenciado pela estética vanguardista do documentário
soviético, praticada por Dziga Vertov, estética que Manoel de Oliveira
adota ao gosto pessoal, o que confere originalidade à obra.
6. A montagem busca complementar e encadear todos os
elementos – homens, máquinas, curso do rio -, para que
estes sejam distinguíveis dentro de um todo coerente.
Assim, o rio que corta a cidade do Porto não está
pensado como um elemento de separação, mas como um
obstáculo que é necessário superar para restabelecer a
comunicação.