2. RiquettsiasRiquettsias
• São bactérias Gram-negativas agrupadas na família Rickettsiaceae,
constituída pelos gêneros Rickettsia, Orientia, Coxiella, Bartonella,
Ehrlichia e Anaplasma.
• Derivada do grego, a palavra typhus significa fumaça, vapor, ilustra o
estado de confusão mental, com tendência a estupor dos pacientes
infectados.
3. RiquettsiasRiquettsias
• O gênero Rickettsia é dividido em dois grupos. O grupo tifo inclui três
espécies, R. prowazekii, o agente do tifo exantemático e epidêmico,
a R. typhi agente etiológico do tifo murino, e a Rickettsia rickettsii
agente etiológico da Febre macular brasileira.
4. PATOLOGIA CAUSA MEIO DE
TRANSMISSÃO
SINAIS E
SINTOMAS
DURAÇÃO DOS
SINTOMAS
TIFO EPIDÊMICO Rickettsia
prowazekii
PIOLHO Dores de cabeça,
calafrio, febre, dor
no corpo e nas
articulações,
manchas
vermelhas e
toxemia .
Duas a três semanas.
TIFO
EXANTEMÁTICO
Rickettsia
prowazekii
PIOLHO Dores de cabeça,
calafrio, febre, dor
no corpo e nas
articulações,
manchas
vermelhas e
toxemia .
O tempo de incubação
do tifo exantemático
varia de 1 a 2 semanas,
mas, na maior parte
dos casos, os sintomas
ficam evidentes dentro
de 12 dias.
5. PATOLOGIA CAUSADO PELA
BACTÉRIA
MEIO DE
TRANSMISSÃO
SINAIS E
SINTOMAS
DURAÇÃO DOS
SINTOMAS
TIFO MURINO Rickettsia mooseri RATOS Cefaleias, mialgias,
artralgias, náuseas
e mal estar,
seguindo-se, 1 a 3
dias depois, início
súbito de arrepios
e febre. Náuseas e
vómitos no início
da doença
Duas a três
semanas.
FEBRE MACULAR Rickettsia
rickettsii
CARRAPATOS O início dos
sintomas é súbito
e pouco
específico, com
febre, calafrios,
cefaleia,
hiperemia
conjuntival, dores
musculares e
articulares;
Entre o terceiro ao
sexto dia de
doença pode
surgir exantema
maculopapular
generalizado .
9. A HISTÓRIA DO TIFO
• 430 a. C- Acredita-se que o tifo exantemático tenha sido a causa da
chamada “Peste de Atenas”, descrita pelo historiador Tucídides.
• Grande parte da população foi dizimada neste surto, mas as
descrições sugerem que todos aqueles que trabalhavam junto ao
fogo, como os forjadores, escapavam do mal.
10. Século XV
• Vários autores acreditam que o tifo foi introduzido no velho
continente por volta de 1489, durante a reconquista de Granada
pelos soldados espanhóis, que retornavam da ilha de Chipre.
• A partir de então, a doença passou a vitimar a população do velho
continente de forma assustadora.
• Não há notícias sobre epidemias de tifo exantemático no Brasil. Sua
importância histórica para o país relaciona-se ao período colonial,
quando um grande número de viajantes adoecia ou morria durante a
travessia atlântica.
11. Século XV
TIFO NOS NAVIOS
•Pode ser explicada pela precária higiene vivenciada pelos viajantes,
que conviviam com ratos, pulgas, piolhos e entre outros parasitas.
•Além dos navegadores, os prisioneiros e soldados em campanha
também sujeitos a toda a sorte de provações em ambientes pouco
salubres, eram acometidos pelo tifo.
12. SÉCULO XIX
• Um dos episódios mais conhecidos sobre vítimas em campanhas
militares foi na derrota de Napoleão Bonaparte em território russo.
• Concomitantemente ao frio intenso que seu poderoso exército
enfrentava, seus soldados foram dizimados pelo mal.
• Durante as seis semanas iniciais dos deslocamentos das tropas, 20%
dos homens estavam mortos ou sem condições físicas para combate
devido à doença.
• Em 1812, o tifo matou mais franceses do que soldados russos.
Reduzindo um exército de 600 mil homens a 40 mil homens.
14. Vítimas de epidemia de tifo em
Bergen-Belsen- Campo de
concentração na Alemanha
15. SÉCULO XIX
• Em 1848 o TIFO foi responsável, juntamente com a fome, pela morte
de 18 mil pessoas na Alta Silésia(zona industrial da Polônia e da
República Tcheca).
• Ao observar este surto, Virchow (1821-1902) elaborou um indignado
relatório sobre as deploráveis condições de vida dos trabalhadores,
principais vítimas da doença nas cidades.
• Neste período pode-se de fato considerar que a Medicina sofria,
desde o final do século XIX, uma revolução em vários campos, com
destaque à infectologia.
16.
17. SÉCULO XX
• O TIFO Ocasionou 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) -O TIFO Ocasionou 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) -
1918 a 19221918 a 1922
• A doença estava se propagando rapidamente entre os militares que
combatiam nas guerras balcânicas (1912-13), e havia uma grande
preocupação de que a enfermidade, altamente contagiosa, viesse a
se alastrar pela Europa.
• Com o início da 1ª Guerra Mundial, em agosto de 1914, Rocha Lima e
Von Prowazek tiveram de voltar para Hamburgo.
18.
19. SÉCULO XX
• Em 1914, Rocha Lima foi indicado pelo governo alemão para estudar
a doença em Constantinopla, na Turquia. Em meio à primeira Guerra
Mundial, em dezembro do mesmo ano retorna à Alemanha e dirige-
se para o campo de prisioneiros de, onde sete mil de um total de 10
mil tinham contraído tifo.
• Já se sabia que eram os piolhos os transmissores da doença, uma
descoberta feita pelo pesquisador Charles Nicolle, em 1909.
• Infelizmente, não demorou muito para Prowazek se contaminar com
os materiais preparados a fresco, falecendo em 17 de fevereiro de
1915.
20. SÉCULO XX
• Seguiram, então, para o campo de prisioneiros de Cottbus, onde sete
mil de um total de 10 mil tinham contraído tifo. Já se sabia que eram
os piolhos os transmissores da doença, uma descoberta feita pelo
pesquisador Charles Nicolle, em 1909.
• Infelizmente, não demorou muito para Prowazek se contaminar com
os materiais preparados a fresco, falecendo em 17 de fevereiro de
1915.
21.
22. SÉCULO XX
• Em 15 de fevereiro de 1916, Rocha Lima finalmente anunciou a
descoberta do causador do tifo epidêmico.
• Suas pesquisas, no entanto, não receberam o reconhecimento devido
da comunidade científica. Em 1928, Charles Jules Henri Nicolle
recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por ter descoberto
que o piolho era o transmissor do tifo epidêmico e Rocha Lima sequer
foi citado.
• Mas seu nome foi perpetuado ao fazer surgir um novo capítulo na
história da microbiologia e das doenças infecciosas – as Riquetsioses.
23. SÉCULO XX
• Para investigar o agente causal do tifo exantemático, nomes de
destaque na pesquisa em doenças infecciosas foram chamados para o
Instituto de Doenças Tropicais de Hamburgo (Alemanha).
• Um deles era membro atuante de Manguinhos, que mais tarde se
tornaria o Instituto Oswaldo Cruz: o brasileiro Henrique da Rocha
Lima.
24. Henrique da Rocha Lima
• Nascido no Rio de Janeiro em 24 de novembro de
1879, Henrique da Rocha Lima tornou-se famoso
internacionalmente pela descoberta da causa do
tifo epidêmico (ou exantemático).
• Rocha Lima foi um dos primeiros a frequentar o
Instituto Oswaldo Cruz, na época chamado
Instituto Soroterápico Federal. Antes mesmo de se
formar em 1901 pela Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro, já trabalhava na instituição, mais
conhecida como Instituto de Manguinhos.
25. FEBRE MACULOSA BRASILEIRA
• Desde os estudos de Rocha Lima, vários micro-organismos foram - e
ainda estão sendo - encontrados e classificados como Rickettsias.
• Nas Américas, um grupo especial destas bactérias - o da febre
maculosa - é bem caracterizado como agente da febre das
Montanhas Rochosas (Estados Unidos), “fiebres manchadas”
(México) e da febre maculosa brasileira.
26. FEBRE MACULOSA
• Dentre os pesquisadores que investigaram a Febre das montanhas
rochosas, destaca-se aquele que acabaria dando seu sobrenome a
todo novo gênero de micro-organismos: Howard Taylor Ricketts.
• Em sua breve vida como pesquisador, Ricketts entre 1906 e 1909,
observou e descreveu micro-organismos encontrados em esfregaços
de tecidos de carrapatos e comprovou a transmissão do mal em
porquinhos da Índia (Cavia porcellus);
• Morto precocemente por infecção adquirida em seu laboratório, seu
legado somente foi complementado em 1926.
27. FEBRE METICULOSA BRASILEIRA
• Lemos Monteiro e seu auxiliar Edison Dias morreram em decorrência
da riquetsiose em 1933, numa época que não existia um
medicamento eficaz para seu combate.
• A pesquisa foi posteriormente interrompida e na atualidade, não há
vacina comercializada no Brasil contra a doença.
• Em relação aos dados notificados e comprovados no Brasil, no
período de 1957 a 1974 consta a ocorrência de 53 casos e no período
de 1976 a 1982 houve notificação de 10 casos
28. FEBRE METICULOSA BRASILEIRA
• Nas décadas de 1930 e 1940, Minas Gerais também foi atingida pela
doença, que passou a ser chamada de “Febre Maculosa Brasileira”.
• Em 1929 já se elaborava uma vacina a partir de carrapatos infectados
com R. Rickettsii, por iniciativa de pesquisadores do Instituto
Butantan, Lemos Monteiro, Travasso e Avallejo Freire.
• Contaminados em seu laboratório, Lemos Monteiro e seu auxiliar
Edison Dias morreram em decorrência da riquetsiose em 1933.
29. Século XX
• Epidemias ainda maiores em meio ao caos do pós-guerra da Europa
dos anos 1940 só foram evitadas pelo uso generalizado do recém-
descoberto DDT para matar os piolhos em milhões de refugiados e
pessoas deslocadas e do surgimento de antibióticos.
• A doença se fez presente em quase todas as guerras até então, e
chegou a influir diretamente no resultado de várias delas.
30. Século XX
• Em 1996 elaborou-se um programa de vigilância da febre maculosa
nas regiões de Campinas e de São João da Boa Vista (onde estão
situados os municípios acima), com o objetivo de controlar sua
transmissão;
• A doença foi declarada de notificação compulsória nestas regiões.
31. FEBRE METICULOSA BRASILEIRA
• A FMB vem ocorrendo, desde sua reemergência na década de 1980,
sobretudo na região sudeste e sul do Brasil, destacando-se o estado
de São Paulo como o de maior ocorrência de casos (AMERICAN
ACADEMY OF PEDIATRICS, 2006; GRAHAM, 2011; HERBET, 1982).
• Até o ano 2001, quando a FMB passou a ser considerada doença de
notificação compulsória em todo o país, os únicos estados que
mantinham um programa ativo de vigilância epidemiológica para a
FMB eram São Paulo e Minas Gerais.
32. FEBRE METICULOSA BRASILEIRAFEBRE METICULOSA BRASILEIRA
• Segundo dados do Ministério da Saúde, entre os anos de 1997 e 2010
houve a notificação de 868 casos confirmados de FMB, entre os quais
227 evoluíram para óbito, distribuídos entre os estados de São Paulo,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
• No estado de São Paulo, as primeiras descrições de FMB, quando
ainda era denominada “typho exanthemático de São Paulo” (PIZA,
1932; LABRUNA, 2009
33.
34.
35. FEBRE METICULOSA BRASILEIRAFEBRE METICULOSA BRASILEIRA
Inicialmente descrita como doença com transmissão em áreas
tipicamente rurais e silvestres, a FMB vem ocorrendo também em
áreas periurbanas e urbanas (SOUZA, 2004).
São apontados como ambientes de maior risco áreas de pastagens,
matas ciliares, proximidades de coleções hídricas e com presença de
animais, como equinos e capivaras (SÃO PAULO, 2004)
36. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• As riquetsioses têm inquestionável importância médica por sua
elevada mortalidade e merecem crescente atenção da saúde pública
mundial. Surtos isolados de grande letalidade continuam ocorrendo,
a exemplo dos recentes casos de FMB na região de Campinas (São
Paulo) e de tifo exantemático,observado em áreas elevadas da
América Latina (do México à América do Sul) e África.
• Os conhecimentos de seus mecanismos de transmissão, fisiopatologia
e controle devem-se ao estudo sistemático e cuidadoso de cientistas
de diversas nacionalidades. Vários são os brasileiros incluídos neste
seleto grupo. Eles se dedicaram, tiveram progressos e fracassos;
outros morreram na tentativa de obter respostas
37. REFERÊNCIAS
• ABRIL, SUPER. As grandes epidemias ao longo da história. Disponível
em:<http://super.abril.com.br/ciencia/as-grandes-epidemias-ao-longo-
da-historia>. Acesso em 17 de nov. de 2015.
• EDUCADORES, Dia a Dia. Linha do tempo das grandes Epidemias.
Disponível
em:<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/simul
adoreseanimacoes/2011/biologia/5linha_epidemias.swf>.Acesso em 17
de nov. de 2015.
• FIOCRUZ. Rocha Lima, o pai das rickettsias. Disponivel
em:http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
infoid=752&sid=7. Acesso em 17 de nov. de 2015.
38. REFERÊNCIAS
• FIOCRUZ. Febre meticulosa Brasileira; Disponível
em:<http://www.mediafire.com/view/8xx708ufn7pqu4g/livro-
carrapato-com-capa-pdf-isbn-novo.pdf>. Acesso em: 17 de novembro
de 2015.
• FURB. Rickettsias. Disponível em:
http://www2.inf.furb.br/sias/parasita/Textos/rickettsias.htm. Acesso
em : 17 de novembro de 2015.
• GURGEL, Cristina Brandt Friedrich Martin et al. Investigações das
riquetsioses: contribuições de cientistas brasileiros*. Rev Bras Clin
Med, São Paulo, v. 1, n. 7, p.256-260, 2009.