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FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS
E BIOLOGIA: reflexões sobre os conhecimentos
necessários a uma prática de qualidade
Formation of the sciences and biology teachers: reflections on
the necessary knowledge to practical one of quality
Vera Maria Brito Malucelli
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, CCBS, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Curitiba,
PR - Brasil, e-mail: vecelli@uol.com.br
Resumo
Oobjetivodesteestudofoi analisarcriticamenteaformaçãodosprofessoresdeCiênciaseBiologia,refletindo
sobre o que os professores deveriam conhecer-em um sentido mais amplo de “saber” e “saber fazer”.
Procurou-se, também, elementos de sustentação teórica, para as reflexões efetuadas sobre os fundamentos
teóricos- filosóficos que melhoram a prática pedagógica de nossas escolas e orientam a formação dos
profissionais dos cursos de Ciências e Biologia. No decorrer do trabalho, procurou-se enfocar quais os
conhecimentos que os professores de Ciências e Biologia, em formação, precisam adquirir para o melhor
desempenho de suas funções e que deve ir além de uma transmissão de conhecimentos e destrezas.
Palavras-chave: Formação de professores; Ensino de ciências; Reflexão; Atividade docente;
Aprendizagem.
Abstract
The aim of this study was to make a critical analyzes about formation of sciences and biology
teachers, reflecting on what these teachers would have to know a direction ampler “to know”
and “to know to make”. It was looked also, elements of theoretical support, for the reflections
effected on the philosophical theoretical beddings that improving the pedagogical practice of our
schools and guide the professionals formation of Sciences and Biology courses. At the elapse of
the work had sought - in case that he hangs what the background as the teachers as of Sciences
and Biology, well into formation , they need acquire for its best outstanding price as of your
functions and that must moving beyond a transmission as of background and skills .
Keywords: Teachers formation; Education of sciences; Reflection; Research in education; Learning.
Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116
114 Vera Maria Brito Malucelli
Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116
INTRODUÇÃO
Refletir sobre o ensino de ciências sem
integrar poucos iniciados nas ciências pode parecer
uma ousadia. Este poderia ser um primeiro ponto
para a nossa reflexão. O ensino de ciências participa
de certo mistério, comuns às ciências ditas exatas,
o mistério de ser um saber tão inacessível quanto
nobre, se comparado a outros saberes.
A intenção deste artigo, a partir destas
reflexões, é analisar as diferentes contribuições
apresentadas, quando os grupos de professores
abordam coletivamente a questão do que se deve
“saber” e “saber fazer” por parte do professor de
Ciências e Biologia, para ministrar uma docência
de qualidade.
Quando se solicita a um professor em
formação ou em exercício que expresse sua
opinião sobre “o que os professores de ciências
deveriam conhecer-em um sentido mais amplo
de ‘saber’ e ‘saber fazer’, as respostas são, em
geral, bastante pobres e não incluem muitos dos
conhecimentos que a pesquisa destaca hoje como
fundamentais” (1).
Esse fato pode ser interpretado como o
resultado da pouca familiaridade dos professores
com as contribuições da pesquisa e inovação
didática. Mais do que isso, pode ser interpretado
como expressão de uma imagem espontânea do
ensino, concebido como algo essencialmente
simples, para o qual basta um bom conhecimento
da matéria, algo de prática e alguns complementos
psicopedagógicos.
Pode-se chegar, assim, a pensar que os
professores de Ciências não só carecem de uma
formação adequada, como não são sequer
conscientes de suas insuficiências. Como
conseqüência,concebe-seaformaçãodoprofessor
como uma transmissão de conhecimentos e
destrezas que, contudo, tem demonstrado
reiteradamente suas insuficiências na preparação
dos alunos e dos próprios professores.
É possível avançar na solução dessa
séria contradição quando se tem em vista, na
formação dos professores, as orientações
construtivistas, cuja eficácia é demonstrada na
aprendizagem dos alunos (2). Assim, o resultado
é muito diferente quando essa questão é abordada
por equipes de professores na perspectiva de um
trabalho de (auto)-formação. Nesse caso, a
produção dos grupos recolhe, em geral, um grande
número de conhecimentos que estudos apontam
como necessários, afastando-se, assim, de visões
simplistas do ensino de Ciências.
É importante assinalar essa diferença,
porque mostra até que ponto as carências e os
erros que evidenciam a formação desses
professores não são o resultado de incapacidades
essenciais, pois ao se proporcionar aos professores
a oportunidade de um trabalho coletivo de
reflexão, debate e aprofundamento, suas
produções podem aproximar-se dos resultados
da comunidade científica. Trata-se, então, de
orientar o trabalho de formação dos professores
como uma pesquisa dirigida, contribuindo, assim,
de forma funcional e efetiva, para a transformação
de suas concepções iniciais.
Contribuições de grande riqueza têm
sido apresentadas quando os grupos de
professores abordam coletivamente a questão do
que se deve “saber” e “saber fazer” por parte dos
professores de Ciências, para ministrar uma
docência de qualidade.
As diferentes contribuições, em geral,
podem ser assim agrupadas: Conhecer a matéria a
ser ensinada; conhecer e questionar o pensamento
docente espontâneo; adquirir conhecimentos
teóricos sobre a aprendizagem e aprendizagem de
Ciências; possuir capacidade de crítica
fundamentada no ensino habitual; saber preparar
atividades; saber dirigir a atividade dos alunos;
saber avaliar; utilizar a pesquisa e a inovação.
É evidente que as contribuições não
possuemaclarezanemaprofundidadedetratamento
que oferecem os trabalhos publicados pelos
pesquisadores. No entanto, essas contribuições
vinculam-se aos poucos aspectos-chave sobre os
quais a pesquisa está insistindo e permitem aos
professores encontrar nos trabalhos publicados o
reforço e a ampliação de sua própria produção.
Essas contribuições dos grupos de
professores podem, também, mostrar até que
ponto uma orientação construtivista – baseada
na aprendizagem dos alunos, no tratamento de
situações problemáticas abertas, na formação –
de equipes cooperativas e nos intercâmbios entre
os referidos grupos – pode resultar efetivamente
na formação dos professores.
A questão colocada anteriormente,
“quais os conhecimentos que os professores de
Ciências precisam, para abordar os problemas
que a atividade docente lhes impõe”, dá lugar
115Formação dos Professores de Ciências e Biologia
Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116
a contribuições dos diferentes grupos e a um
debate em torno delas, que se transforma em
um eficaz procedimento para romper com as
visões simplistas que cada professor isolado
costuma ter, e constitui, ainda, um possível fio
condutor para abordar com um certo rigor a
formação dos professores.
O debate sobre as diferentes
contribuições permite, ainda, discutir as visões
condutivistas, que contemplam cada “saber” ou
“saber fazer” como algo que se pode adquirir com
um treinamento específico proporcionado de fora
e insistir no papel central que no processo de
aquisição dos conhecimentos – e, em definitivo,
em toda a atividade docente – deverá
desempenhar a atividade inovadora e pesquisadora
dos professores (3).
Embora a preocupação com o professor
como um dos fatores essenciais do processo
ensino/aprendizagem seja antiga (4), até
recentemente os estudos centravam-se nas
características do bom professor ou nas
“diferenças entre bons e maus professores”. Hoje,
a questão se coloca em termos de quais são os
conhecimentos que os professores precisam
adquirir. Esse aspecto é importante e supõe uma
superação de concepções essencialistas (do tipo:
professor “é” ou “nasce” como tal), que indicavam
ineficazes políticas de seleção, mais do que
processos de formação.
O conjunto de conhecimentos e destrezas
proporcionava uma visão rica e complexa da
atividade docente que vai além, em alguns
aspectos, do que se costuma indicar como “grandes
objetivos” da formação dos professores. Isso deve
ser ressaltado, mais uma vez, como resultado
positivo, mas costuma gerar certo mal-estar entre
os professores que, em geral, perguntam-se se tem
sentido esperar que um professor chegue a possuir
tantos conhecimentos, como os já enumerados,
nas diferentes contribuições. É evidente que tal é
impossível, mas é a própria questão que precisa de
sentido. Assim, qualquer estudo sobre metodologia
e epistemologia da Ciência revela certas exigências
para o trabalho científico, tão amplas como as do
trabalho docente. Contudo, a nenhum cientista é
exigido que possua o conjunto de conhecimentos
e destrezas necessárias para o desenvolvimento
científico: é muito claro que se trata de uma tarefa
coletiva. Do mesmo modo, o trabalho docente
tampouco é, ou melhor, não deveria ser, uma
tarefa isolada. Nenhum professor deve sentir-se
vencido por um conjunto de saberes que, com
certeza, ultrapassam as possibilidades de um ser
humano. O essencial é que se possa ter um trabalho
coletivo em todo o processo ensino/aprendizagem:
da preparação das aulas até a avaliação.
Dessa forma, a complexidade da
atividade docente deixa de ser vista como um
obstáculo à eficácia e um fator de desânimo, para
tornar-se um convite a romper com a inércia de
um ensino monótono e sem perspectivas e, assim,
aproveitar a enorme criatividade potencial da
atividade docente. Trata-se, portanto, de orientar
tal tarefa docente como um trabalho coletivo de
inovação, pesquisa e formação permanente.
Essas são, sem dúvida, questões
relevantes no momento de perguntar-se em que
consiste a formação dos professores.
A simples soma de preparação científica
e cursos gerais de educação como concepção de
formação do professor parece ter resultado em
fracasso. Assim, tem havido reiterados
pronunciamentos, de vários autores, contra a
incorreta orientação dos cursos de formação do
professor e, em especial, contra “uma mera
justaposição do tratamento dos conhecimentos
científicos e de uma preparação psico-sócio-
pedagógica geral” (5, 6).
Esse modelo somatório de saberes
acadêmicos, como base da formação dos
professores de Ciências e Biologia, tem como
principal obstáculo a falta de integração dos
princípios teóricos estudados nos cursos de
educação com a prática docente, o que é
ressaltado sobre ângulos tão diversos, como as
pesquisas sobre o pensamento e a tomada de
decisões do professor. “Um dos principais
problemas da formação de professores não é
tanto o desenvolvimento do conhecimento dos
alunos, das aulas e da natureza do processo
educativo, e sim como facilitar aos professores
em formação a integração destes conhecimentos
dentro de sua própria prática” (6). Um programa
eficaz na formação de professores deve integrar
os conteúdos da disciplina, organizadores
teóricos e os resultados da pesquisa sobre práticas
bem-sucedidas e algumas experiências relevantes.
A didática das Ciências pode
desempenhar um papel integrador, desde que
reúna uma série de características – destacadas
pela pesquisa educativa e aquela que se fez
116
referência no decorrer deste trabalho, que podem
ser, assim, sintetizadas:
a) estar dirigida à construção de um
corpo de conhecimento específicos,
capaz de integrar coerentemente os
resultados das pesquisas em torno
dos problemas propostos pelo ensino
aprendizagem da disciplina;
b) deverá ser proposta como mudança
didática do pensamento e comporta-
mento docente “espontâneo”;
c) estar orientada a favorecer a vivência
de propostas inovadoras e a reflexão
didática explícita;
d) deverá estruturar-se, a fim de
incorporar o professor na pesquisa e
inovação em didática das Ciências;
e) ser concebida, numa conexão direta
com as práticas docentes, como
núcleo integrador dos diferentes
aspectos da formação docente.
Gil Péres (7), em seu trabalho Tendencias
y experiencias innovadoras en la enseñanza de las
Ciencias, reitera a necessidade de que a didática
específica se configure como corpo técnico, capaz
de integrar coerentemente os resultados das
pesquisas em torno dos problemas concretos que
se apresentam ao ensinar a disciplina.
Pode-se, ainda, dizer que as mudanças
na licenciatura de Ciências e Biologia, que se
fazem necessárias, não podem ser pensadas sem
referência a uma política mais ampla, na qual
educação e professor recebam outro tratamento.
Reitera-se, então, a necessidade de não se
dissociar a reflexão sobre currículo e sobre
formação do professor da luta pela transformação
das circunstâncias, que vêm impedindo que idéias
e teorias já formuladas se materializem nas salas
de aula de nossas Escolas e Universidades (8).
Os pontos aqui levantados, fruto da
reflexão e da pesquisa sobre a formação dos
professores no contexto dos cursos de Ciências e
Biologia, precisam ser considerados com todo o
cuidado por todos aqueles que se preocupam e
pretendem agir sobre eles.
Essas reflexões não se restringem ao
âmbito das instituições educacionais, pois o papel
dos professores de Ciências e Biologia extrapola
os muros da escola para interagir no social. O
intelectual é mais que um professor que domina
o conteúdo específico de sua área, ele é também
um transmissor de conhecimento, um mediador,
legitimador e produtor de idéias e práticas sociais.
REFERÊNCIAS
1. Pérez G, Carrascosa J, Furió C, Martínez
Torregrosa J. La enseñanza de las ciencias
en la educación secundaria. Barcelona:
Horsori; 1991.
2. Gené A, Perez G. La Formación del
profesorado com cambio didáctico.
Revista Interuniversitária de Formación del
Profesorado. 1988;2:155-159.
3. Gimeno J. El perfeccionamento como
desarrollo de la professionalidad docente.
In: Gil, D. (Org.). La Formación de
Formadores en Didáctica de las Ciencias.
Valência: Gulbekian; 1990.
4. Bricones I, Fuentes A, Nieda J, Palacios M.,
Otero J. Indentificación de comporta-
mientos y características deseables del
profesorado de ciencias experimentales del
bachilerado. Enseñanza de las Ciências.
1986;4(3):209-222.
5. Pérez, 6, Qué han de saber y saber hacer
los profesores de ciencias? Enseñanza de
las ciencias. 1982;9(1):69-77.
6. Carvalho AMP. de. Reformas nas
licenciaturas: a necessidade de uma mudan-
ça curricular. Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos. 1993;54:51-64.
7. Gil P, Carrascosa J, Furió C, Martínez TJ.
La enseñanza de las ciencias en la educación
secundaria. Barcelona: Horsori; 1991.
8. Malucelli, Vera Maria Brito. A Formação
dos Profissionais da Educação no Contex-
to dos Cursos de Biología. [dissertação].
Curitiba: PUCPR; 2001.
Recebido: 05/08/2006
Received: 08/05/2006
Aceito: 30/11/2006
Accepted: 11/30/2006
Vera Maria Brito Malucelli
Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116

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Formação docente ciencias e biologia

  • 1. FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: reflexões sobre os conhecimentos necessários a uma prática de qualidade Formation of the sciences and biology teachers: reflections on the necessary knowledge to practical one of quality Vera Maria Brito Malucelli Pontifícia Universidade Católica do Paraná, CCBS, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Curitiba, PR - Brasil, e-mail: vecelli@uol.com.br Resumo Oobjetivodesteestudofoi analisarcriticamenteaformaçãodosprofessoresdeCiênciaseBiologia,refletindo sobre o que os professores deveriam conhecer-em um sentido mais amplo de “saber” e “saber fazer”. Procurou-se, também, elementos de sustentação teórica, para as reflexões efetuadas sobre os fundamentos teóricos- filosóficos que melhoram a prática pedagógica de nossas escolas e orientam a formação dos profissionais dos cursos de Ciências e Biologia. No decorrer do trabalho, procurou-se enfocar quais os conhecimentos que os professores de Ciências e Biologia, em formação, precisam adquirir para o melhor desempenho de suas funções e que deve ir além de uma transmissão de conhecimentos e destrezas. Palavras-chave: Formação de professores; Ensino de ciências; Reflexão; Atividade docente; Aprendizagem. Abstract The aim of this study was to make a critical analyzes about formation of sciences and biology teachers, reflecting on what these teachers would have to know a direction ampler “to know” and “to know to make”. It was looked also, elements of theoretical support, for the reflections effected on the philosophical theoretical beddings that improving the pedagogical practice of our schools and guide the professionals formation of Sciences and Biology courses. At the elapse of the work had sought - in case that he hangs what the background as the teachers as of Sciences and Biology, well into formation , they need acquire for its best outstanding price as of your functions and that must moving beyond a transmission as of background and skills . Keywords: Teachers formation; Education of sciences; Reflection; Research in education; Learning. Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116
  • 2. 114 Vera Maria Brito Malucelli Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116 INTRODUÇÃO Refletir sobre o ensino de ciências sem integrar poucos iniciados nas ciências pode parecer uma ousadia. Este poderia ser um primeiro ponto para a nossa reflexão. O ensino de ciências participa de certo mistério, comuns às ciências ditas exatas, o mistério de ser um saber tão inacessível quanto nobre, se comparado a outros saberes. A intenção deste artigo, a partir destas reflexões, é analisar as diferentes contribuições apresentadas, quando os grupos de professores abordam coletivamente a questão do que se deve “saber” e “saber fazer” por parte do professor de Ciências e Biologia, para ministrar uma docência de qualidade. Quando se solicita a um professor em formação ou em exercício que expresse sua opinião sobre “o que os professores de ciências deveriam conhecer-em um sentido mais amplo de ‘saber’ e ‘saber fazer’, as respostas são, em geral, bastante pobres e não incluem muitos dos conhecimentos que a pesquisa destaca hoje como fundamentais” (1). Esse fato pode ser interpretado como o resultado da pouca familiaridade dos professores com as contribuições da pesquisa e inovação didática. Mais do que isso, pode ser interpretado como expressão de uma imagem espontânea do ensino, concebido como algo essencialmente simples, para o qual basta um bom conhecimento da matéria, algo de prática e alguns complementos psicopedagógicos. Pode-se chegar, assim, a pensar que os professores de Ciências não só carecem de uma formação adequada, como não são sequer conscientes de suas insuficiências. Como conseqüência,concebe-seaformaçãodoprofessor como uma transmissão de conhecimentos e destrezas que, contudo, tem demonstrado reiteradamente suas insuficiências na preparação dos alunos e dos próprios professores. É possível avançar na solução dessa séria contradição quando se tem em vista, na formação dos professores, as orientações construtivistas, cuja eficácia é demonstrada na aprendizagem dos alunos (2). Assim, o resultado é muito diferente quando essa questão é abordada por equipes de professores na perspectiva de um trabalho de (auto)-formação. Nesse caso, a produção dos grupos recolhe, em geral, um grande número de conhecimentos que estudos apontam como necessários, afastando-se, assim, de visões simplistas do ensino de Ciências. É importante assinalar essa diferença, porque mostra até que ponto as carências e os erros que evidenciam a formação desses professores não são o resultado de incapacidades essenciais, pois ao se proporcionar aos professores a oportunidade de um trabalho coletivo de reflexão, debate e aprofundamento, suas produções podem aproximar-se dos resultados da comunidade científica. Trata-se, então, de orientar o trabalho de formação dos professores como uma pesquisa dirigida, contribuindo, assim, de forma funcional e efetiva, para a transformação de suas concepções iniciais. Contribuições de grande riqueza têm sido apresentadas quando os grupos de professores abordam coletivamente a questão do que se deve “saber” e “saber fazer” por parte dos professores de Ciências, para ministrar uma docência de qualidade. As diferentes contribuições, em geral, podem ser assim agrupadas: Conhecer a matéria a ser ensinada; conhecer e questionar o pensamento docente espontâneo; adquirir conhecimentos teóricos sobre a aprendizagem e aprendizagem de Ciências; possuir capacidade de crítica fundamentada no ensino habitual; saber preparar atividades; saber dirigir a atividade dos alunos; saber avaliar; utilizar a pesquisa e a inovação. É evidente que as contribuições não possuemaclarezanemaprofundidadedetratamento que oferecem os trabalhos publicados pelos pesquisadores. No entanto, essas contribuições vinculam-se aos poucos aspectos-chave sobre os quais a pesquisa está insistindo e permitem aos professores encontrar nos trabalhos publicados o reforço e a ampliação de sua própria produção. Essas contribuições dos grupos de professores podem, também, mostrar até que ponto uma orientação construtivista – baseada na aprendizagem dos alunos, no tratamento de situações problemáticas abertas, na formação – de equipes cooperativas e nos intercâmbios entre os referidos grupos – pode resultar efetivamente na formação dos professores. A questão colocada anteriormente, “quais os conhecimentos que os professores de Ciências precisam, para abordar os problemas que a atividade docente lhes impõe”, dá lugar
  • 3. 115Formação dos Professores de Ciências e Biologia Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116 a contribuições dos diferentes grupos e a um debate em torno delas, que se transforma em um eficaz procedimento para romper com as visões simplistas que cada professor isolado costuma ter, e constitui, ainda, um possível fio condutor para abordar com um certo rigor a formação dos professores. O debate sobre as diferentes contribuições permite, ainda, discutir as visões condutivistas, que contemplam cada “saber” ou “saber fazer” como algo que se pode adquirir com um treinamento específico proporcionado de fora e insistir no papel central que no processo de aquisição dos conhecimentos – e, em definitivo, em toda a atividade docente – deverá desempenhar a atividade inovadora e pesquisadora dos professores (3). Embora a preocupação com o professor como um dos fatores essenciais do processo ensino/aprendizagem seja antiga (4), até recentemente os estudos centravam-se nas características do bom professor ou nas “diferenças entre bons e maus professores”. Hoje, a questão se coloca em termos de quais são os conhecimentos que os professores precisam adquirir. Esse aspecto é importante e supõe uma superação de concepções essencialistas (do tipo: professor “é” ou “nasce” como tal), que indicavam ineficazes políticas de seleção, mais do que processos de formação. O conjunto de conhecimentos e destrezas proporcionava uma visão rica e complexa da atividade docente que vai além, em alguns aspectos, do que se costuma indicar como “grandes objetivos” da formação dos professores. Isso deve ser ressaltado, mais uma vez, como resultado positivo, mas costuma gerar certo mal-estar entre os professores que, em geral, perguntam-se se tem sentido esperar que um professor chegue a possuir tantos conhecimentos, como os já enumerados, nas diferentes contribuições. É evidente que tal é impossível, mas é a própria questão que precisa de sentido. Assim, qualquer estudo sobre metodologia e epistemologia da Ciência revela certas exigências para o trabalho científico, tão amplas como as do trabalho docente. Contudo, a nenhum cientista é exigido que possua o conjunto de conhecimentos e destrezas necessárias para o desenvolvimento científico: é muito claro que se trata de uma tarefa coletiva. Do mesmo modo, o trabalho docente tampouco é, ou melhor, não deveria ser, uma tarefa isolada. Nenhum professor deve sentir-se vencido por um conjunto de saberes que, com certeza, ultrapassam as possibilidades de um ser humano. O essencial é que se possa ter um trabalho coletivo em todo o processo ensino/aprendizagem: da preparação das aulas até a avaliação. Dessa forma, a complexidade da atividade docente deixa de ser vista como um obstáculo à eficácia e um fator de desânimo, para tornar-se um convite a romper com a inércia de um ensino monótono e sem perspectivas e, assim, aproveitar a enorme criatividade potencial da atividade docente. Trata-se, portanto, de orientar tal tarefa docente como um trabalho coletivo de inovação, pesquisa e formação permanente. Essas são, sem dúvida, questões relevantes no momento de perguntar-se em que consiste a formação dos professores. A simples soma de preparação científica e cursos gerais de educação como concepção de formação do professor parece ter resultado em fracasso. Assim, tem havido reiterados pronunciamentos, de vários autores, contra a incorreta orientação dos cursos de formação do professor e, em especial, contra “uma mera justaposição do tratamento dos conhecimentos científicos e de uma preparação psico-sócio- pedagógica geral” (5, 6). Esse modelo somatório de saberes acadêmicos, como base da formação dos professores de Ciências e Biologia, tem como principal obstáculo a falta de integração dos princípios teóricos estudados nos cursos de educação com a prática docente, o que é ressaltado sobre ângulos tão diversos, como as pesquisas sobre o pensamento e a tomada de decisões do professor. “Um dos principais problemas da formação de professores não é tanto o desenvolvimento do conhecimento dos alunos, das aulas e da natureza do processo educativo, e sim como facilitar aos professores em formação a integração destes conhecimentos dentro de sua própria prática” (6). Um programa eficaz na formação de professores deve integrar os conteúdos da disciplina, organizadores teóricos e os resultados da pesquisa sobre práticas bem-sucedidas e algumas experiências relevantes. A didática das Ciências pode desempenhar um papel integrador, desde que reúna uma série de características – destacadas pela pesquisa educativa e aquela que se fez
  • 4. 116 referência no decorrer deste trabalho, que podem ser, assim, sintetizadas: a) estar dirigida à construção de um corpo de conhecimento específicos, capaz de integrar coerentemente os resultados das pesquisas em torno dos problemas propostos pelo ensino aprendizagem da disciplina; b) deverá ser proposta como mudança didática do pensamento e comporta- mento docente “espontâneo”; c) estar orientada a favorecer a vivência de propostas inovadoras e a reflexão didática explícita; d) deverá estruturar-se, a fim de incorporar o professor na pesquisa e inovação em didática das Ciências; e) ser concebida, numa conexão direta com as práticas docentes, como núcleo integrador dos diferentes aspectos da formação docente. Gil Péres (7), em seu trabalho Tendencias y experiencias innovadoras en la enseñanza de las Ciencias, reitera a necessidade de que a didática específica se configure como corpo técnico, capaz de integrar coerentemente os resultados das pesquisas em torno dos problemas concretos que se apresentam ao ensinar a disciplina. Pode-se, ainda, dizer que as mudanças na licenciatura de Ciências e Biologia, que se fazem necessárias, não podem ser pensadas sem referência a uma política mais ampla, na qual educação e professor recebam outro tratamento. Reitera-se, então, a necessidade de não se dissociar a reflexão sobre currículo e sobre formação do professor da luta pela transformação das circunstâncias, que vêm impedindo que idéias e teorias já formuladas se materializem nas salas de aula de nossas Escolas e Universidades (8). Os pontos aqui levantados, fruto da reflexão e da pesquisa sobre a formação dos professores no contexto dos cursos de Ciências e Biologia, precisam ser considerados com todo o cuidado por todos aqueles que se preocupam e pretendem agir sobre eles. Essas reflexões não se restringem ao âmbito das instituições educacionais, pois o papel dos professores de Ciências e Biologia extrapola os muros da escola para interagir no social. O intelectual é mais que um professor que domina o conteúdo específico de sua área, ele é também um transmissor de conhecimento, um mediador, legitimador e produtor de idéias e práticas sociais. REFERÊNCIAS 1. Pérez G, Carrascosa J, Furió C, Martínez Torregrosa J. La enseñanza de las ciencias en la educación secundaria. Barcelona: Horsori; 1991. 2. Gené A, Perez G. La Formación del profesorado com cambio didáctico. Revista Interuniversitária de Formación del Profesorado. 1988;2:155-159. 3. Gimeno J. El perfeccionamento como desarrollo de la professionalidad docente. In: Gil, D. (Org.). La Formación de Formadores en Didáctica de las Ciencias. Valência: Gulbekian; 1990. 4. Bricones I, Fuentes A, Nieda J, Palacios M., Otero J. Indentificación de comporta- mientos y características deseables del profesorado de ciencias experimentales del bachilerado. Enseñanza de las Ciências. 1986;4(3):209-222. 5. Pérez, 6, Qué han de saber y saber hacer los profesores de ciencias? Enseñanza de las ciencias. 1982;9(1):69-77. 6. Carvalho AMP. de. Reformas nas licenciaturas: a necessidade de uma mudan- ça curricular. Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos. 1993;54:51-64. 7. Gil P, Carrascosa J, Furió C, Martínez TJ. La enseñanza de las ciencias en la educación secundaria. Barcelona: Horsori; 1991. 8. Malucelli, Vera Maria Brito. A Formação dos Profissionais da Educação no Contex- to dos Cursos de Biología. [dissertação]. Curitiba: PUCPR; 2001. Recebido: 05/08/2006 Received: 08/05/2006 Aceito: 30/11/2006 Accepted: 11/30/2006 Vera Maria Brito Malucelli Estud. Biol. 2007 jan/mar;29(66):113-116