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A
ALMA
HUMANA
do nascimento
à eternidade
A
ALMA
HUMANA
do nascimento
à eternidade
Uma compilação
de textos de

Bahá’u’lláh
e ‘Abdu’l-Bahá
© 2001
Todos os direitos reservados:

Editora Bahá´i do Brasil
Caixa Postal 198
13800-970 Mogi-Mirim, SP
www.bahai.org.br/editora
ISBN: 85.320.0053-3
1ª edição: maio 2001
2ª edição: agosto 2001
3ª edição: 2003
Compilação e tradução: Osmar Mendes
Revisão: Rubens A. K. Dantas e
Tiago Bassani Dantas
Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo
Impressão: R. Vieira Gráfica e Editora
Campinas, SP, Brasil
Índice
Apresentação
Introdução

A Alma Humana – do Nascimento à Eternidade
– textos de Bahá’u’lláh
1. Criação do Ser Humano
2. Grau a Ser Atingido
3. A Alma – Sinal de Deus
4. Grau a Ser Atingido no Mundo do Além
5. Progresso Contínuo
6. Capacidade para Conhecer a Deus
7. Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore
8. A Alma após a Morte
9. Associação das Almas nos Planos do Além
A Alma Humana – do Nascimento à Eternidade
text
xtos
‘Abdu’l-Bahá
– textos de ‘Abdu’l-Bahá
1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito
2. As Duas Naturezas do Ser Humano
3. O Espírito e a Mente Existem desde o Princípio
4. O Aparecimento do Espírito no Corpo
5. A Relação entre Deus e a Criatura
6. O Espírito Santo – O Poder Mediador entre
Deus e o Homem
7. A Imortalidade do Espírito – I
8. A Imortalidade do Espírito – II

vii
1

17
19
21
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28
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33

37
41
44
46
48
49
52
55
9.
10.
11.
12.
13.

A Evolução do Espírito
A Vida Eterna e a Entrada no Reino
O Destino
Livre Arbítrio
O Propósito da Jornada da Alma para Deus

57
60
63
64
66

A Atitude Bahá’í diante da Morte
A uma mãe que perdeu o filho
Aos pais, pela morte de um jovem filho
A uma esposa, pela perda do marido
O desencanto terreno e a eternidade espiritual
Pelo falecimento de um jovem discípulo
A misericórdia e as graças de Deus
As descobertas da alma no plano do além
Verdades ocultas que serão entendidas após a morte
A influência das almas santas e espirituais
Os sofrimentos e provações deste mundo
A unidade dos mundos de Deus
A Missão do Manifestante Divino

71
72
73
74
74
77
78
79
80
80
81
82

Orações pelos que Deixaram este Plano da Vida 86
Perguntas e Respostas

94

Referências

97

vi
Apresentação
O tema apresentado neste livro, A Alma Humana –
do Nascimento à Eternidade é, sem dúvida alguma, um
assunto que tem sido sempre polêmico, mas é de
importância vital para todos nós, seres humanos. Afinal,
trata-se de algo que nos diz respeito diretamente: nossa
alma e sua sobrevivência após a morte.
A ciência, em especial neste século, aprofundou ao
máximo suas pesquisas e descobertas sobre a parte física
da natureza humana – nosso corpo – com incursões,
importantes também, na mente e na psique como um
todo: as emoções e o intelecto. Mas o lado espiritual
do homem continua sendo um desafio difícil de ser
superado pela ciência pragmática e por todos os
pesquisadores que baseiam suas buscas apenas no lado
material e visível da natureza.
A alma, o espírito, a consciência suprafísica – que
são apenas alguns termos conhecidos para se definir o
lado espiritual do ser humano – continuam sendo temas
da alçada específica das religiões, através da Palavra
revelada por seus Fundadores, como Krishna, Buda,
Moisés, Muhammad, e, mais recentemente, no século
passado, Bahá’u’lláh.
Trazendo ao conhecimento humano o conceito da
relatividade da verdade religiosa, Bahá’u’lláh
vii
harmoniza e reconhece a veracidade relativa das
Revelações anteriores, acrescentando, como Sua
contribuição singular à universalidade dos ensinamentos
espirituais, novos conceitos sobre a realidade do
homem, sua alma, seu destino e sua sobrevivência à
morte física.
Tais ensinamentos foram sabiamente comentados e
esclarecidos por Seu filho, ‘Abdu’l-Bahá (1844-1921),
como Intérprete autorizado dos ensinamentos de
Bahá’u’lláh, oficialmente por Ele designado, inclusive
como Centro de Seu Convênio e continuador de Sua
Causa.
Compreender a alma é um ato de fé, algo espiritual.
Somente os Mensageiros Divinos e, nesta era,
Bahá’u’lláh, o mais recente dos Enviados de Deus à
humanidade, têm a iluminação inata, a percepção
espiritual elevada que um ser humano não pode alcançar,
e a autoridade inquestionável para explicar os mistérios
da vida e da morte. Há nEles a certeza de que Seus
ensinamentos representam a expressão mais pura da
Verdade.
Por essa razão a presente compilação traz alguns
dos principais escritos, tanto de Bahá’u’lláh como de
‘Abdu’l-Bahá, sobre a alma humana, focalizando-a
desde seu nascimento até sua eternidade, na vida após
a morte.
Os esclarecimentos preliminares da Introdução são
textos extraídos do livro The Covenant of Bahá’u’lláh
de Adib Taherzadeh, conhecido autor bahá’í, e realmente
elucidativos ao tema focalizado nesta obra.
Editora Bahá’í do Brasil

viii
Introdução
Textos extraídos do livro
The Covenant of Bahá’u’lláh*

*(O Convênio de Bahá’u’lláh), de Adib Taherzadeh, p. 5-15

ix
A

ALMA É UMA ENTIDADE ESPIRITUAL .

Não tem
existência física; não se pode observá-la ou entendê-la
por meios científicos ou através de outros meios
materiais. Sua essência, sua realidade, estão além do
entendimento e da compreensão do homem.
Em uma Epístola, Bahá’u’lláh refere-Se à alma
humana como “um mistério divinamente ordenado e
sutil” e como o “sinal da revelação de Deus, Sempiterno,
Todo-Glorioso”. Afirma que ninguém jamais conhecerá
a essência da alma:
“Fosses tu ponderar em teu coração, desde
agora até o fim que não tem fim, e com toda a
inteligência e compreensão concentradas que as
maiores mentes atingiram no passado ou haverão
de atingir no futuro, essa Realidade divinamente
ordenada e sutil, esse sinal da revelação do Deus
Sempiterno, Todo-Glorioso, falharás em
compreender seu mistério ou avaliar sua virtude.”1
Embora seja impossível para o ser humano, pelo
menos neste mundo, descobrir a essência de sua própria
alma, ele pode observar seus poderes e testemunhar a
1
expressão de seus atributos em si mesmo. A crença na
alma e o conhecimento de sua existência e de seus
atributos vêm a nós, originalmente, através das palavras
dos Mensageiros de Deus. São Eles que, primariamente,
concedem à humanidade a visão das realidades espirituais.
Em dispensações religiosas do passado a humanidade
não havia adquirido a capacidade de entender os reinos
espirituais de Deus. Cristo confirmou este fato quando
declarou:
“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas
não podeis suportá-las agora. Porém, quando ele,
o Espírito da Verdade, vier, irá guiar-vos a toda a
verdade...”2
Por isso os Manifestantes de antanho falaram sobre
a alma mas não explicaram sua natureza ou revelaram
qualquer de seus mistérios. Muhammad, o Profeta do
Islã, que foi o último Mensageiro de Deus no Ciclo
Profético e cuja Revelação foi a última de todas as antigas
Dispensações, referiu-Se à alma em apenas uma única
sentença no Alcorão:
“Eles te perguntaram quanto ao espírito. Dize:
O espírito (foi criado) a mando de meu Senhor.
Mas tu não tens conhecimento dado a ti, exceto
um pouco.”3
Nesta Dispensação, no entanto, Bahá’u’lláh* e ‘Abdu’lBahᆠverteram muita luz sobre o tema. Em muitas
Epístolas, afirmam a existência da alma, descrevem-na
2
como uma realidade espiritual incog-noscível,
reconhecem seu excelso grau, referem-Se a ela como
um “sinal poderoso de Deus”, e revelam muitas de suas
qualidades e atributos, sua imortalidade, sua condição e
progresso na pós-vida. Tão vasto é o alcance desses
Escritos que se poderia compilar um grande volume com
todas as Suas explanações sobre o assunto. ...
Estas explicações são limitadas à descrição das
características da alma; de forma alguma revelam a
realidade da própria alma. Sendo uma entidade espiritual,
a alma emana dos mundos espirituais de Deus, e é,
portanto, impossível descrever em palavras sua essência
mais íntima; não pode ser entendida pelo intelecto ou
por outros sentidos físicos humanos. Bahá’u’lláh
confirma isto em uma Epístola dirigida a um certo crente
conhecido como ‘Abdu’r-Razzáq:
“Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal de
Deus, uma jóia celestial cuja realidade os mais
eruditos dos homens não conseguiram apreender
e cujo mistério mente alguma, por aguçada que
seja, pode esperar jamais desvendar. ...
“Em verdade digo, a alma humana é, em sua
essência, um dos sinais de Deus, um mistério
entre Seus mistérios. É um dos poderosos sinais
do Onipotente, o precursor que proclama a
*
†

Manifestante de Deus, Fundador da Fé Bahá’í. (n.t.)
Filho mais velho de Bahá’u’lláh, e intérprete autorizado de Seus
ensinamentos. (n.t.)

3
realidade de todos os mundos de Deus. Dentro
dela jaz oculto aquilo que o mundo atual é
completamente incapaz de apreender.”4
Entretanto, um estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh é
esclarecedor. Aprendemos, dos Escritos, que a alma,
sendo uma emanação dos mundos espirituais de Deus,
vem à existência no momento da concepção, quando ela
torna-se associada ao corpo físico. A crença de que a
alma existe antes da concepção é, portanto, contrária aos
ensinamentos de Bahá’u’lláh. ... A alma, por ser elevada
acima das condições de entrada e saída no corpo,
ascensão ou descida, não pode ser fisicamente colocada
dentro de um corpo ou ter qualquer conexão com coisas
materiais.
Bahá’u’lláh declara, na mesma Epístola a ‘Abdu’rRazzáq:
“Em verdade digo, a alma humana está elevada
acima de toda saída e regresso. É imóvel e, no
entanto, voa; move-se, porém está quieta. É, em
si, um testemunho que prova a existência de um
mundo que é contingente, bem como a realidade
de um mundo que não tem princípio nem fim.”5
A associação da alma ao corpo é similar à associação
da luz ao espelho. A luz não está dentro do espelho, mas
reflete-se nele a partir de uma fonte diferente. Quando o
espelho se quebra, a luz permanece inalterada.
Quando a alma torna-se associada ao corpo, um ser
humano, com uma identidade única, é criado. Tal criação
4
tem início no momento da concepção, mas não tem fim.
‘Abdu’l-Bahá afirma: “O espírito do homem tem um
começo, mas não tem fim; continua eternamente”6.
Portanto, a alma é imortal e progredirá nos mundos
espirituais de Deus por toda a eternidade. Tal conceito
de vida eterna é, na verdade, uma visão mais elevada para
a raça humana. Este pensamento de imortalidade pode
evocar no coração de todo crente os sentimentos da
maior alegria e gratidão por ter sido dotado, por Deus,
Todo-Poderoso, com a vida eterna. ...
Para entender qualquer realidade espiritual, é
necessário ler os Escritos Sagrados e meditar sobre eles.
... Uma compreensão mais profunda da verdade religiosa
pode ser alcançada quando o indivíduo reconhece o fato
de que a criação de Deus é uma entidade única. Os
mundos espiritual e material não são entidades separadas,
mas partes integrantes de um único reino do ser. As leis
e princípios que governam o mundo da natureza são
similares àqueles que operam nos mundos espirituais de
Deus, no mundo da religião e no mundo do homem. Para
dar um exemplo: notamos uma grande semelhança entre
as leis que governam a vida de uma árvore e aquelas que
motivam a vida do homem, tanto física como
espiritualmente. Observamos que a árvore empurra suas
raízes profundamente no solo e absorve os minerais da
terra para seu alimento. O solo é inferior à arvore; a
árvore, todavia, depende dele para sua existência. A
despeito dessa dependência, a árvore cresce em sentido
oposto, afastando-se do solo. Como que desgostando do
solo, ergue alto os seus galhos em direção ao céu. Isso é
5
similar ao ser humano e seu estado de desapego do
mundo material, quando sua alma aspira às coisas
espirituais e renuncia aos desejos mundanos.
Crescendo em direção ao alto, afastando-se do solo,
a árvore torna-se recipiente dos raios do sol, a coisa mais
preciosa neste mundo físico. Como resultado da efusão
das energias liberadas pelo sol, a árvore torna-se
verdejante e produz belas flores e frutos. Certamente, o
crescimento da árvore é involuntário. Mas suponhamos
que ela tivesse uma escolha e, por causa de seu amor à
terra e de sua dependência do solo, inclinasse seus ramos
para baixo e se enterrasse sob o chão. Então, nunca mais
ela poderia receber os raios do sol; por fim, apodreceria.
Os mesmos princípios aplicam-se ao ser humano que
tem que viver neste mundo e trabalhar para ganhar a vida,
e que depende das coisas materiais para sua existência.
Deus, entretanto, designou em Seu Convênio com o
homem que a alma humana deve tornar-se desprendida
das coisas deste mundo e aspirar aos reinos espirituais.
Mas diferentemente da árvore, que não tem escolha, o
homem tem livre arbítrio. Se ele opta por ignorar as
provisões do Convênio e enamorar-se pelo mundo, suas
vaidades e suas atrações materiais, então ele se torna um
escravo das coisas terrenas, e sua alma, privada do poder
da fé, torna-se empobrecida.
Por outro lado, quando o indivíduo aspira às coisas
espirituais, volve-se ao Manifestante de Deus e não
direciona todas as suas afeições a este mundo mortal,
então sua alma torna-se iluminada pelos raios do Sol da
Verdade e cumprirá o propósito para o qual foi criado. O
6
exemplo acima, mostrando a similaridade entre a árvore
e o homem, demonstra que os mundos físicos e
espirituais de Deus são relacionados entre si através de
leis similares. É possível, portanto, descobrir alguns
princípios espirituais examinando-se as leis físicas. De
maneira similar, as leis e ensinamentos básicos de uma
religião podem ser vistos como leis da natureza em um
reino mais elevado. A diferença é que, quando as leis de
um reino inferior são aplicadas a um reino superior,
certas características são adicionadas, as quais estão
ausentes no inferior. Este fato foi observado no exemplo
acima; a característica adicional é que o homem exerce
seu livre arbítrio para decidir seu próprio destino,
enquanto a árvore cresce involuntariamente, sendo o
elemento de escolha ausente no reino vegetal.
Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláh afirma que cada
coisa criada neste mundo físico tem alguma correlativa
nos mundos de Deus. Para identificá-las, podemos volvernos às palavras e pronunciamentos dos Manifestantes de
Deus e sermos guiados por Suas explicações. Por
exemplo, o estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’lBahá leva-nos a acreditar que um correlativo do
Manifestante de Deus neste reino físico é o sol. O
Manifestante de Deus, em relação à humanidade, é assim
como o sol, que derrama sua energia sobre esta terra e é
a causa da vida. O estudo de algumas das características
do sol pode ajudar-nos a apreciar alguns dos poderes e
atributos do Manifestante de Deus, ao grau de nossas
limitações humanas.
Podemos perguntar qual é o correlativo físico da alma
7
neste mundo. Do estudo dos Escritos, parece ser o
embrião, crescendo no ventre de uma mãe. Do estudo
destes, podemos deduzir alguns atributos e características daquela! Podemos observar impressionantes
similaridades entre ambos; por exemplo, notamos que o
embrião começa sua vida como uma célula. Não existem
membros e órgãos inicialmente, mas a célula tem a
capacidade de multiplicar-se, e na plenitude do tempo
transformar-se em um corpo humano perfeito. De modo
semelhante, a alma, logo quando criada, é uma “jóia
celestial”. Não tem experiência e suas qualidades e
poderes estão latentes nela, mas ela é capaz de adquirir
essas qualidades latentes progressivamente no curso de
uma vida. Deus decretou que o embrião desenvolva
membros e órgãos enquanto ainda protegido no ventre
materno. De forma similar, Ele ordenou que a alma
desenvolvesse qualidades espirituais no curso de sua
associação com o corpo. É nesta vida, este mundo-ventre,
que a alma pode adquirir virtudes e perfeições divinas.
Se ela assim escolhe, pode tornar-se o repositório de
conhecimento, de sabedoria, de amor e de todos os
outros atributos de Deus.
O crescimento de membros e órgãos na vida
embrionária, e o desenvolvimento das qualidades
espirituais pela alma, são governados pelos mesmos
princípios. Mas existe uma diferença principal. O
crescimento do embrião é involuntário e ditado pela
natureza, enquanto que a alma tem liberdade de escolha.
Isso representa uma dimensão adicional concedida à alma,
que não existe no mundo físico da natureza.
8
Em uma Epístola, Bahá’u’lláh afirma:
“E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação
do homem. Sabe tu que todos os homens foram
criados na natureza feita por Deus, o Guardião, O
que subsiste por Si próprio. A cada um se
prescreveu uma medida preordenada, segundo
decretam as poderosas Epístolas guardadas de
Deus. Tudo o que vós possuís potencialmente,
porém, só se pode manifestar como resultado de
vossa própria volição.”7
Outra semelhança entre a alma e o embrião é que este
cresce dentro do ventre somente por um curto período
de tempo. É um estágio transitório, não designado como
um lugar em que se viva para sempre. Este mundo é
também de duração limitada para a alma. Não é um lugar
de residência eterna; todo ser humano, inevitavelmente,
terá que deixá-lo. A meta de vida para toda criança é morrer
para o ventre e nascer neste mundo, seu próximo mundo.
Assim também é a meta para a alma, cujo destino final é
partir deste mundo e entrar nos mundos espirituais de
Deus.
Outra semelhança entre a alma e o embrião é que a
criança deve desenvolver seus membros e órgãos no
ventre de sua mãe. Se nascer sem algum desses, ele será
deficiente, pois é incapaz de adquiri-los nesta vida. A
alma também deve desenvolver suas qualidades neste
mundo. A aquisição de sabedoria, conhecimento, amor,
humildade e todos os outros atributos divinos é possível
apenas neste reino terrestre. Observamos que alguns
9
membros e órgãos parecem ser desnecessários no mundo
uterino. Por exemplo, os olhos são incapazes de lá
enxergar, mas quando a criança nasce, a luz trará a visão
para seus olhos. A combinação dos dois – os olhos
adquiridos no ventre materno e os raios de luz que existem
neste mundo – dotam o ser humano com a capacidade de
visão. De forma semelhante, as virtudes e perfeições que
a alma adquiriu neste mundo, combinadas com as
condições dos mundos espirituais, que são
desconhecidos por nós enquanto neste plano mortal,
serão causa de progresso da alma na próxima vida.
Enquanto o ser humano vive neste mundo, a alma e o
corpo estão associados um ao outro. Quando ocorre a
morte, essa associação chega ao final; o corpo retornará
a sua origem, que é a terra. A alma também retorna a sua
origem, que são os mundos espirituais de Deus. O
embrião começa sua vida como uma célula, mas termina
em um corpo perfeito por ocasião de seu nascimento. A
alma também. Quando emana primariamente dos mundos
espirituais de Deus, ela não tem poderes. Mas se cresceu
apropriadamente, viveu uma vida correta neste mundo e
adquiriu as qualidades espirituais, então retorna a sua
própria habitação de origem em um estado de poder e de
glória. Manifestando os sinais de Deus e possuindo
atributos divinos, ela retém sua individuali-dade e
identidade próprias e, como Bahá’u’lláh promete,
associar-se-á com os Mensageiros de Deus e Seus
Escolhidos nos reinos do alto. ...
Podemos observar um imenso contraste entre a alma,
no seu início, quando primariamente associada ao corpo
10
no momento da concepção, e em sua consumação, quando
regressa à sua origem nos mundos espirituais de Deus.
Inicialmente, desprovida de todo poder, ao final,
possuidora de muitos atributos e qualidades espirituais.
A condição da alma no próximo mundo é, portanto,
dependente da aquisição de atributos espirituais, da
mesma forma que a condição da criança nascida neste
mundo depende de seu desenvolvimento saudável no
mundo do ventre materno. ...
A criança, no ventre materno, é incapaz de descobrir
que o mundo no qual está destinada a nascer está
espantosamente próximo dela. Este princípio é aplicável
também aos reinos espirituais. Enquanto habita este
mundo físico, o homem é incapaz de apreender as
características do próximo mundo, que abrange o mundo
humano e tudo que ele contém. Nem é ele capaz de
visualizar a grandeza e o esplendor dos reinos celestiais.
É somente após sua separação do corpo que a alma
apreciará quão próximo esteve o mundo espiritual e
como ele abrange este mundo físico. Compreenderá,
então, como Bahá’u’lláh atesta em uma de Suas Epístolas:
“O mundo do além é tão diferente deste mundo
como este mundo é diferente daquele da criança
enquanto ainda no ventre de sua mãe.” 8
Deus não concedeu à criança, antes de nascer, a
capacidade de descobrir a pequenez de sua morada
temporária, ou a vastidão e a beleza deste mundo. De
forma similar, Ele não dotou o ser humano, enquanto
neste mundo, com a capacidade de perceber, mesmo em
11
um grau infinitesimal, as condições dos mundos
espirituais de Deus. Se Ele o tivesse feito, tanto a
estabilidade como também o propósito desta vida teriam
sido completamente solapadas. Bahá’u’lláh afirma em
uma de Suas Epístolas que, fosse a posição destinada a
um verdadeiro crente no mundo do além revelada na
medida do orifício de uma agulha, toda alma expiraria
em êxtase. ...
Bahá’u’lláh descreve a influência de almas puras e
santas sobre a humanidade. Estas são Suas palavras
asseguradoras:
“Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se
tiver seguido os caminhos de Deus, voltará,
seguramente, e se associará à glória do BemAmado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingir
um grau que nenhuma pena nem língua pode
descrever. A alma que tiver permanecido fiel à
Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme
em Seu Caminho, haverá de possuir, após sua
ascensão, tal poder que todos os mundos que o
Onipotente criou podem ser beneficiados por seu
intermédio.”9
A alma leva consigo, para o próximo mundo, atributos
divinos e qualidades espirituais, mas não pode levar
consigo más qualidades, pois a maldade não tem
existência própria; ela é apenas a falta de bondade. A fim
de esclarecer melhor este assunto, consideremos os
seguintes exemplos. Notamos que a escuridão não tem
existência real; é a ausência de luz. Com a pobreza ocorre
12
o mesmo; um homem pobre não pode dizer que ele
carrega sua pobreza consigo. O que ele tem é muito
pouco dinheiro. Não existe um padrão para medir
pobreza; ela somente pode ser definida como falta de
riquezas, e é medida pelo padrão de riqueza. Uma pessoa
má pode ser definida como alguém que tem muito poucas
qualidades boas. Sua alma está empobrecida e, portanto,
ela pode levar consigo apenas uma porção muito pequena
de bondade para os mundos espirituais de Deus.
O grau do progresso de uma alma nos mundos
espirituais de Deus depende da medida em que o
indivíduo adornou seu ser com “os ornamentos de um
caráter bondoso e de virtudes louváveis”. Esta é a razão
principal pela qual Deus tem enviado Seus Manifestantes,
para que possam lançar luz sobre o caminho do homem
nesta vida e mostrar-lhe como adquirir qualidades
espirituais e atributos celestiais. Vimos que estes
atributos, que podem ser comparados a membros e
órgãos espirituais, são necessários no próximo mundo
para o contínuo progresso de uma alma. A obediência
aos ensinamentos de Deus dotarão a alma com atributos
divinos e, caso contrário, a alma retornará aos reinos
espirituais de Deus em um estado de perda e
empobrecimento. Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláh
revela estas importantes elocuções:
“Se [a alma] for fiel a Deus, refletirá a Sua Luz
e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar em
lealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu
e da paixão, em cujas profundidades, finalmente,
mergulhará.”10
13
“Bem-aventurado o homem que tiver volvido a
face a Deus e seguido firmemente em Seu amor,
até que sua alma tenha alçado vôo a Deus, o Senhor
Soberano de todos, o Mais Poderoso, a Eterna
Clemência, o Todo-Misericordioso.”11

14
A
Alma
Humana
do nascimento
à eternidade
Textos de
Bahá’u’lláh

15
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.

Criação do Ser Humano
Grau a Ser Atingido
A Alma – Sinal de Deus
Grau a Ser Atingido no Mundo do Além
Progresso Contínuo
Capacidade para Conhecer a Deus
Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore
A Alma após a Morte
Associação das Almas nos Planos do Além
Os textos a seguir apresentados foram selecionados por Shoghi

Effendi, bisneto de Bahá’u’lláh e Guardião da Fé Bahá’í, no período de
1921 a 1957.
Foram por ele traduzidos do persa para o inglês, publicados em um
livro que recebeu o título de Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, e
desse idioma para o português, editado pela Editora Bahá’í do Brasil. O
livro em questão focaliza, em 166 seções, cerca de 300 diferentes assuntos.

16
1. Criação do Ser Humano
Todo louvor à unidade de Deus e toda honra a Ele, o
Senhor soberano, o incomparável e todo-glorioso Rei
do universo, Quem, da inexistência absoluta, criou a
realidade de todas as coisas, Quem, do nada, trouxe para
a existência os elementos mais refinados e sutis de Sua
criação e, salvando Suas criaturas do rebaixamento da
separação e dos perigos da extinção final, as recebeu em
Seu reino de glória incorruptível. Nada menos de Sua
graça, que a tudo abrange, e de Sua mercê, que a tudo
penetra, poderia ter realizado isso. De outro modo, como
teria sido possível o simples nada haver adquirido, por si
só, o merecimento e a capacidade para emergir de seu
estado de inexistência para o domínio do ser?
Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e se
move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta
e soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção e
a capacidade incomparáveis de O conhecer e amar –
capacidade esta que há de ser vista como o impulso
gerador e o desígnio primário que baseiam toda a
criação... A luz de um de Seus nomes, Ele irradiou sobre
a mais íntima realidade de cada uma das coisas criadas,
fazendo dessa realidade um receptáculo da glória de um
de Seus atributos. Sobre a realidade do homem,
entretanto, focalizou Ele o fulgor de todos os Seus
nomes e atributos e o fez um espelho de Seu próprio
Ser. O homem, unicamente, dentre todas as coisas criadas,
foi distinguido por tão grande favor, por uma graça tão
duradoura.
17
Essas energias das quais o Sol da generosidade Divina,
a Fonte da guia celestial, dotou a realidade do homem,
jazem nele latentes, todavia, assim como a chama se
oculta dentro da vela e os raios de luz estão presentes,
potencialmente, na lâmpada. O brilho dessas energias
pode ser obscurecido por desejos terrenos, assim como
a luz do sol pode se esconder sob o pó e as impurezas
que encobrem o espelho. Nem a vela, nem a lâmpada
podem acender-se por seus próprios esforços, sem
auxílio, nem será possível jamais que o espelho, por si
só, livre-se de suas impurezas. Está claro e evidente que,
antes de se atear fogo, a lâmpada não será acesa, e a não
ser que se apague de sua face a impureza, o espelho jamais
representará a imagem do sol nem lhe poderá refletir a
luz e glória.1
E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação do
homem. Sabe tu que todos os homens foram criados na
natureza feita por Deus, o Guardião, O que subsiste por
Si próprio. A cada um se prescreveu uma medida
preordenada, segundo decretam as poderosas Epístolas
guardadas de Deus. Tudo o que vós possuís potencialmente, porém, só se pode manifestar como resultado de
vossa própria volição.2

18
2. Grau a Ser Atingido
Através dos Ensinamentos deste Sol da Verdade, todo
homem progredirá e desenvolver-se-á até atingir o grau
em que possa manifestar todas as forças potenciais de
que seu mais íntimo e verdadeiro ser foi dotado. É para
este próprio fim que, em cada era e dispensação, os
Profetas de Deus e Seus Eleitos aparecem entre os
homens e demonstram tal poder como é oriundo de Deus,
e tal grandeza como somente o Eterno há de revelar.3
As alturas que o homem mortal pode atingir, neste
Dia, através do mais benévolo favor de Deus, ainda não
foram reveladas à sua vista. O mundo da existência jamais
teve revelação igual, nem para isso possui ainda
capacidade. Aproxima-se o dia, entretanto, em que as
potencialidades de tão grande favor, em virtude de Seu
mando, manifestar-se-ão aos homens.4
A cada coisa criada confiou Ele um sinal de Seu
conhecimento, proveniente do manancial excelso e da
essência de Seu favor e generosidade... Este sinal é o
espelho de Sua beleza no mundo da criação. Quanto maior
o esforço que se fizer para o polimento desse sublime e
nobre espelho, mais fielmente se poderá fazê-lo refletir
a glória dos nomes e atributos de Deus e revelar as
maravilhas de Seus sinais e Seu conhecimento. ...
Sem a menor dúvida, em conseqüência dos esforços
que todo homem pode fazer, conscientemente, e como
resultado do exercício de suas próprias faculdades
espirituais, esse espelho pode a tal ponto se livrar da
19
escória das contaminações terrenas e se purificar das
fantasias satânicas, que venha a aproximar-se dos prados
da santidade eterna e atingir as cortes da perene amizade.5
As potencialidades inerentes à condição do homem,
a plena medida de seu destino na terra, a excelência inata
de sua realidade – tudo isto se deve tornar manifesto neste
Dia Prometido de Deus.6

20
3. A Alma – Sinal de Deus
Tu Me perguntaste sobre a natureza da alma. Sabe tu,
em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóia
celestial cuja realidade os mais eruditos dos homens não
conseguiram apreender e cujo mistério mente alguma,
por aguçada que seja, pode esperar jamais desvendar.
Entre todas as coisas criadas, é a primeira a declarar a
excelência de seu Criador, a primeira a Lhe reconhecer
a glória, a aderir à Sua verdade e a primeira a curvar-se
em adoração diante dEle. Se for fiel a Deus, refletirá a
Sua Luz e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar em
lealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu e da
paixão, em cujas profundidades, finalmente, mergulhará.7
Em verdade digo, a alma humana é, em sua essência,
um dos sinais de Deus, um mistério entre Seus mistérios.
É um dos poderosos sinais do Onipotente, o precursor
que proclama a realidade de todos os mundos de Deus.
Dentro dela jaz oculto aquilo que o mundo atual é
completamente incapaz de apreender. Pondera tu em teu
coração a revelação da Alma de Deus que se insinua em
todas as Suas Leis, e vê como contrasta com aquela
natureza vil e apetitiva que se rebelou contra Ele, que
proíbe os homens de se volverem ao Senhor dos Nomes
e os impele a seguir seus desejos lascivos e maléficos.
Essa alma, em verdade, andou longe no caminho do
erro...8

21
4. Grau a Ser Atingido no
Mundo do Além
Tu Me perguntaste, além disso, a respeito do estado
da alma após sua separação do corpo. Sabe tu, em
verdade, que a alma do homem, se tiver seguido os
caminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associará
à glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haverá
de atingir um grau que nenhuma pena nem língua pode
descrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa de
Deus e se mantido inabalavelmente firme em Seu
Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poder
que todos os mundos que o Onipotente criou podem ser
beneficiados por seu intermédio. Esta alma, a mando do
Rei Ideal e do Educador Divino, provê o levedo puro para
fermentar o mundo dos seres e fornece o poder através
do qual as artes e maravilhas do mundo se tornam
manifestas. Considera como a farinha necessita de levedo
para ser fermentada. Aquelas almas que são os símbolos
do desprendimento são o fermento do mundo. Medita
sobre isto e sê tu dos agradecidos.
Em várias de Nossas Epístolas referimo-Nos a este
tema, expondo as diversas etapas no desenvolvimento da
alma. Em verdade digo, a alma humana está elevada acima
de toda saída e todo regresso. É imóvel e, no entanto,
voa; move-se, porém está quieta. É, em si, um testemunho
que prova a existência de um mundo que é contingente,
bem como a realidade de um mundo que não tem princípio
nem fim. Vê como o sonho que tiveste pode, após um
intervalo de muitos anos, reapresentar-se diante de teus
22
olhos. Considera como é estranho o mistério do mundo
que te aparece em teu sonho. Pondera em teu coração a
inescrutável sabedoria de Deus e medita sobre suas
múltiplas revelações...9

23
5. Progresso Contínuo
E agora a respeito de tua pergunta sobre a alma do
homem e sua sobrevivência após a morte. Sabe tu que,
em verdade, a alma após sua separação do corpo
continuará a progredir até que atinja a Presença de Deus,
em uma condição e um estado que nem a revolução dos
séculos e eras, nem os acasos e as vicissitudes deste
mundo, poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino
de Deus – Sua soberania, Seu domínio e Seu poder.
Haverá de manifestar os sinais de Deus e Seus atributos,
e revelar Sua benevolência e generosidade. O movimento
de Minha Pena aquieta-se quando tenta descrever, de um
modo digno, a sublimidade e a glória de tão excelsa
condição. Tamanha é a honra da qual a Mão da
Misericórdia investirá a alma, que nenhuma língua pode
revelá-la adequadamente, nem qualquer outro
instrumento terreno descrevê-la. Bem-aventurada a alma
que, na hora de sua separação do corpo, estiver
santificada das vãs imaginações dos povos do mundo.
Essa alma vive e atua segundo a Vontade de seu Criador e
entra no Paraíso supremo. As Donzelas do Céu, habitantes
das mais elevadas mansões, circundá-la-ão e os Profetas
de Deus e Seus eleitos procurarão sua companhia. Com
eles essa alma conversará livremente, relatando-lhes o
que teve de sofrer no caminho de Deus, o Senhor de todos
os mundos. Se a alguém se disser o que é destinado a
essa alma nos mundos de Deus, Senhor do trono nas
alturas e do reino terrestre, todo o seu ser arderá
instantaneamente em seu anseio por atingir essa condição
24
excelsa, santificada e resplandecente... A natureza da alma
após a morte não pode jamais ser descrita, nem é
apropriado ou permissível revelar seu caráter plenamente
aos olhos dos homens. Os Profetas e Mensageiros de
Deus têm sido enviados com o fim único de guiar a
humanidade ao reto Caminho da Verdade. É o intuito
fundamental de Sua Revelação educar todos os homens
para que possam, na hora de sua morte, ascender ao trono
do Altíssimo no grau máximo de pureza e santidade, e
com desprendimento absoluto. Da luz irradiada por essas
almas dependem o progresso do mundo e o adiantamento
de seus povos. Elas são como fermento que leveda o
mundo existente; constituem a força animadora que faz
manifestarem-se as artes e maravilhas do mundo. Por
seu intermédio, as nuvens dispensam suas graças aos
homens e a terra produz seus frutos. É mister que todas
as coisas tenham uma causa, uma força motriz, um
princípio animador. Essas almas, símbolos do
desprendimento, têm provido e continuarão a prover o
impulso supremo que move o mundo dos seres.10

25
6. Capacidade para Conhecer
a Deus
Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e se
move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta
e soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção e
a capacidade incomparáveis de O conhecer e amar –
capacidade esta que há de ser vista como o impulso
gerador e o desígnio primário que baseiam toda a
criação...11
Todo louvor e glória a Deus, Quem, através do poder
de Sua grandeza, livrou Sua criação da nudez da
inexistência e a vestiu do manto da vida. Dentre todas as
coisas criadas, distinguiu Ele para Seu especial favor a
pura, preciosa realidade do homem e a investiu de uma
capacidade sem igual, a de O conhecer e de refletir a
grandeza de Sua glória. Essa dupla distinção que lhe foi
conferida limpou de seu coração a ferrugem de todo
desejo vão e o tornou merecedor das vestes com que
seu Criador dignou-Se cobri-lo. Valeu para salvar sua alma
da miséria da ignorância.12
O primeiro e proeminente testemunho para
estabelecer Sua verdade é Ele próprio. Depois deste
testemunho, é Sua Revelação...
Por Ele, foi cada alma dotada da capacidade de
reconhecer os sinais de Deus. Como teria Ele podido,
de outro modo, cumprir Seu testemunho aos homens –
se sois dos que ponderam Sua Causa em seus corações?...
Jamais tratará Ele a qualquer um com injustiça, nem
26
atarefará nenhuma alma além de suas próprias forças.
Ele, em verdade, é o Compassivo, o TodoMisericordioso.13
Não vos deixeis ser envolvidos nos véus densos de
vossos desejos egoístas, desde que aperfeiçoei em cada
um de vós a Minha criação, para que a excelência de
Minha obra seja plenamente revelada aos homens. Seguese, pois, que todo homem tem sido e continuará a ser
capaz, por si só, de apreciar a Beleza de Deus, o
Glorificado. Se ele não tivesse sido dotado de tal
capacidade, como seria chamado para responder por sua
falha?14

27
7. Comparada ao Sol e ao Fruto
de uma Árvore
Sabe tu que a alma do homem está elevada acima de
todas as enfermidades do corpo ou da mente e
independente delas. O fato de uma pessoa enferma
mostrar sinais de fraqueza é devido aos empecilhos que
se interpõem entre sua alma e seu corpo, pois a própria
alma fica isenta de qualquer mal do corpo. Considera a
luz da lâmpada. Embora um objeto externo possa
interferir em sua irradiação, a própria luz continua a
brilhar sem diminuição de intensidade. Semelhantemente, cada enfermidade que aflige o corpo do homem
é um obstáculo que impede a alma de manifestar seu
poder e força inerentes. Ao deixar o corpo, entretanto,
ela mostrará tal ascendência e revelará tamanha
influência, que força alguma na terra pode igualar. Cada
alma pura, evoluída e santa será dotada de tremendo
poder e com júbilo extremo se regozijará.
Consideremos a lâmpada que se oculta debaixo de um
alqueire. Embora sua luz resplandeça, sua irradiação, no
entanto, esconde-se dos homens. Do mesmo modo,
consideremos o sol que está obscurecido pelas nuvens.
Observemos como seu esplendor parece haver
diminuído, quando, na realidade, a fonte dessa luz
permanece inalterada. A alma do homem deve ser
comparada a esse sol, e todas as coisas na terra, a seu
corpo. Enquanto nenhum obstáculo exterior se interpõe
entre eles, o corpo continuará a refletir a luz da alma em
sua plenitude e a ser sustentado pelo seu poder. Logo
28
que um véu se interpõe entre eles, porém, o brilho dessa
luz parece diminuir.
Consideremos outra vez o sol quando está completamente escondido atrás das nuvens. Embora a terra esteja
ainda iluminada com sua luz, a medida de luz que ela
recebe é, não obstante, bem reduzida. Enquanto as nuvens
não se tiverem dispersado, o sol não irradiará outra vez
na plenitude de sua glória. Nem a presença da nuvem,
nem a sua ausência, pode afetar de modo algum o inerente
esplendor do sol. A alma do homem é o sol pelo qual
seu corpo é iluminado e do qual deriva seu sustento.
Assim deve ela ser considerada.
Vejamos, além disso, como o fruto, antes de se formar,
jaz potencialmente dentro da árvore. Fosse a árvore
despedaçada, nenhum sinal ou parte do fruto, por menor
que fosse, poderia ser percebido. Ao aparecer, porém,
como já observaste, manifesta-se em sua admirável
beleza e gloriosa perfeição. Certas frutas, de fato,
atingem seu mais pleno desenvolvimento só depois de
serem tiradas da árvore.15

29
8. A Alma após a Morte
É claro e evidente que, quando tiverem sido rompidos
os véus que ocultam as realidades das manifestações dos
Nomes e Atributos de Deus, ainda mais, de todas as
coisas criadas, visíveis ou invisíveis, nada permanecerá
senão o Sinal de Deus – sinal este que Ele, Ele próprio,
pôs dentro dessas realidades. Esse sinal perdurará tanto
tempo quanto for o desejo do Senhor teu Deus, o Senhor
dos céus e da terra. Se são estas as bênçãos conferidas a
todas as coisas criadas, quão superior há de ser o destino
do verdadeiro crente, cuja existência e vida devem ser
consideradas o propósito originador de toda a criação.
Assim como o conceito da fé existe desde o princípio
que não tem princípio e perdurará até o fim que não tem
fim, do mesmo modo o verdadeiro crente haverá de viver
e perdurar eternamente. Seu espírito para todo o sempre
circulará em volta da Vontade de Deus. Ele durará tanto
tempo quanto Deus mesmo durar. Através da Revelação
de Deus, ele se revela e a Seu mando se oculta. Torna-se
evidente que as mais sublimes mansões no Reino da
Imortalidade foram ordenadas como a morada daqueles
que verdadeiramente acreditam em Deus e em Seus
sinais. A morte jamais poderá invadir aquele sagrado
assento. Assim confiamos Nós a ti os sinais de teu Senhor,
para que perseveres em teu amor por Ele e sejas dos que
compreendem esta verdade.16
O mundo do além é tão diferente deste mundo como
este o é do mundo da criança ainda no ventre materno.
30
Quando a alma atingir a Presença de Deus, assumirá a
forma que melhor convier à sua imortalidade e for digna
de sua morada celestial.17
Ó Meus servos! Não vos entristeçais se, nestes dias
e neste plano terreno, coisas contrárias aos vossos
desejos tiverem sido ordenadas e manifestadas por Deus,
pois seguramente vos esperam dias de extasiante
felicidade, de deleite celestial. Mundos santos,
espiritualmente gloriosos, desvendar-se-ão diante de
vossos olhos. Sois destinados por Ele, neste mundo e no
vindouro, a participar de seus benefícios, a obter um
quinhão de suas alegrias e receber uma porção de sua
graça sustentadora. A cada um destes, indubitavel-mente,
atingireis.18
Sabe tu que todo ouvido que ouve, se for conservado
puro e sem corrupção, deve, em todos os tempos e de
todas as direções, escutar a voz que pronuncia estas
palavras sagradas: “Verdadeiramente, somos de Deus e a
Ele haveremos de regressar”. Os mistérios da morte física
do homem e de seu regresso não foram divulgados e ainda
permanecem sem serem lidos. Pela retidão de Deus! Se
fossem revelados, causariam tamanho medo e tristeza
que alguns pereceriam, enquanto outros se regozijariam
a ponto de desejarem a morte e suplicarem com
incessante ânsia, ao Deus Uno e Verdadeiro – exaltada
seja Sua glória – que lhes apressasse o fim.
A morte oferece a todo crente confiante a taça que é
a vida, em verdade. Confere júbilo e é portadora de
contentamento. Concede a dádiva da vida eterna.
31
Para aqueles que têm saboreado o fruto da existência
terrena do homem, o qual é o reconhecimento do Deus
Uno e Verdadeiro – exaltada seja Sua glória – a vida no
além é tal como não podemos descrever. Conhecê-la
cabe, tão somente, a Deus, o Senhor de todos os
mundos.19
... a alma, após sua separação do corpo, continuará a
progredir até que atinja a Presença de Deus, em uma
condição e em um estado que nem a revolução dos
séculos e eras, nem os acasos e vicissitudes deste mundo,
poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino de Deus
– Sua soberania, Seu domínio e Seu poder.20
Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiver
seguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, e
se associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão de
Deus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nem
língua pode descrever. A alma que tiver permanecido fiel
à Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme em
Seu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal
poder que todos os mundos que o Onipotente criou
podem ser beneficiados por seu intermédio.21

32
9. A Associação das Almas nos
Planos do Além
E agora, no tocante à tua pergunta se as almas humanas
continuarão a ser conscientes uma da outra, após sua
separação do corpo. Sabe tu que as almas do povo de
Bahá que tiverem entrado e se estabelecido dentro da
Arca Carmesim, haverão de se unir e comungar
intimamente umas com as outras, estando tão
estreitamente associadas em suas vidas – em suas
aspirações, seus objetivos e esforços, que serão como
uma só alma. ...
O povo de Bahá, os habitantes da Arca de Deus, são,
todos eles, bem conscientes do estado e da condição um
do outro, e estão unidos por laços de íntima amizade.22
Bem-aventurada a alma que, na hora de sua separação
do corpo, estiver santificada das vãs imaginações dos
povos do mundo. Essa alma vive e atua segundo a Vontade
de seu Criador e entra no Paraíso supremo. As Donzelas
do Céu, habitantes das mais elevadas mansões, circundála-ão e os Profetas de Deus e Seus eleitos procurarão
sua companhia. Com eles, essa alma conversará
livremente, relatando-lhes o que teve de sofrer no
caminho de Deus, o Senhor de todos os mundos. ...
A natureza da alma após a morte não pode jamais ser
descrita, nem é apropriado ou permissível revelar seu
caráter plenamente aos olhos dos homens. Os Profetas
e Mensageiros de Deus têm sido enviados com o fim
único de guiar a humanidade ao reto Caminho da Verdade.
33
É o intuito fundamental de Sua Revelação educar todos
os homens para que possam, na hora de sua morte,
ascender ao trono do Altíssimo no grau máximo de pureza
e santidade, e com desprendimento absoluto.23

34
A
Alma
Humana
do nascimento
à eternidade
Textos de
‘Abdu’l-Bahá

35
1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito
2. As Duas Naturezas do Ser Humano
3. O Espírito e a Mente Existem
desde o Princípio
4. O Aparecimento do Espírito no Corpo
5. A Relação entre Deus e a Criatura
6. O Espírito Santo – o Poder Mediador entre
Deus e o Homem
7. A Imortalidade do Espírito – I
8. A Imortalidade do Espírito – II
9. A Evolução do Espírito
10. A Vida Eterna e a Entrada no Reino de Deus
11. O Destino
12. O Livre Arbítrio
13. O Propósito da Jornada da Alma para Deus
14. Planejando o Futuro

36
1. A Respeito do Corpo, da
Alma e do Espírito
Há no mundo da humanidade três graus: o do corpo,
o da alma e o do espírito.
O corpo é o estágio físico ou animal do homem. Do
ponto de vista do corpo, o homem é participante do reino
animal. Os corpos dos homens e dos animais são
compostos de elementos ligados pela lei da atração.
Como o animal, o homem possui as faculdades dos
sentidos, está sujeito ao calor, ao frio, à fome, à sede,
etc.; diferentemente do animal, o homem tem alma
racional, a inteligência humana.
Essa inteligência humana é o intermédio de seu corpo
e seu espírito.
Quando o homem permite ao espírito, através da alma,
iluminar seu entendimento, então ele contém toda a
Criação; porque o homem, sendo a culminância de tudo
o que veio antes e, assim, superior a todas as evoluções
precedentes, contém todo o mundo inferior dentro de si
próprio. Iluminada pelo espírito através do veículo da
alma, a inteligência radiante do homem transforma-o no
ponto sublimado da Criação.
Mas, por outro lado, quando o homem não abre a
mente e o coração às bênçãos do espírito, e sim inclina
a alma para o lado material, em direção à parte corporal
de sua natureza, então ele desce de sua alta posição e
torna-se inferior aos habitantes do mais baixo reino
animal. Neste caso, o homem está numa triste situação!
Pois, se as qualidades espirituais da alma, aberta ao sopro
37
do Espírito Divino, nunca são usadas, tornam-se
atrofiadas, debilitadas, e, por fim, incapazes; enquanto
que, exercitadas somente as qualidades materiais da alma,
estas fazem-se terrivelmente poderosas – e o homem
infeliz e desencaminhado torna-se mais selvagem, mais
injusto, mais vil, mais cruel, mais malevolente do que os
próprios animais inferiores. Fortalecidos todos os
desejos e aspirações pelo lado inferior da natureza da
alma, ele se embrutece cada vez mais, até que todo o seu
ser em nada supera os animais, que perecem. Homens
assim planejam fazer o mal, ferir e destruir; não têm
absolutamente o espírito da compaixão Divina, pois a
qualidade celestial da alma foi dominada pela qualidade
material. Se, ao contrário, a natureza espiritual da alma é
tão fortalecida que subjuga o lado material, então o
homem aproxima-se do Divino; sua natureza humana vem
a ser tão glorificada que as virtudes da Assembléia
Celestial nele se manifestam; ele irradia a Misericórdia
de Deus, estimula o progresso espiritual da raça humana,
pois se transforma numa lâmpada para lhe iluminar o
caminho.
Percebeis como a alma é mediadora de corpo e
espírito. De maneira semelhante, é esta árvore *
intermediária de semente e fruto. Quando o fruto da
árvore aparece e fica maduro, então sabemos que ela é
perfeita; se a árvore não produz fruto, terá simplesmente
crescimento inútil, sem nenhum proveito.
Quando a alma tem em si a vida do espírito, então ela
produz bom fruto e converte-se numa árvore Divina.
Desejo que tenteis compreender este exemplo. Espero
38
que a inexprimível bondade de Deus vos fortaleça a tal
ponto que a qualidade celestial de vossa alma, a qual a
relaciona com o espírito, domine para sempre o lado
material, governando os sentidos tão completamente que
vossa alma se aproxime das perfeições do Reino
Celestial. Que vossas faces, firmemente voltadas para a
Luz Divina, tornem-se tão luminosas que todos os vossos
pensamentos, palavras e obras brilhem com a Radiância
Espiritual de vossas almas, de tal modo que nas reuniões
do mundo mostreis perfeição em vossas vidas.
Certas pessoas ocupam-se unicamente com as coisas
deste mundo; suas mentes são tão limitadas por
aparências e interesses tradicionais que ficam cegas a
qualquer outro plano de existência, ao sentido espiritual
de todas as coisas! Pensam e sonham com fama terrena,
com progresso material. Prazeres sensuais e ambientes
confortáveis circunscrevem seu horizonte, suas mais
altas ambições concentram-se no sucesso das condições
e circunstâncias mundanas! Não reprimem suas mais
baixas inclinações; comem, bebem e dormem! Como o
animal, não pensam senão no próprio bem-estar físico.
É verdade que essas necessidades devem ser atendidas.
A vida é um fardo que deve ser carregado enquanto
estamos na terra, mas não devemos permitir que os
cuidados com as coisas inferiores da vida monopolizem
todos os nossos pensamentos e aspirações. As ambições
do coração devem ascender a um objetivo mais glorioso,
a atividade mental deve alçar-se a níveis mais altos! O
homem deve manter na alma a visão da perfeição celestial
*

Uma pequena laranjeira sobre a mesa.

39
e lá preparar uma morada para a inexaurível generosidade
do Espírito Divino.
Que vossa ambição seja a conquista da civilização
Celestial sobre a terra! Peço para vós a bênção suprema,
a fim de que sejais tão plenos de vitalidade do Espírito
Celestial que vos torneis a causa de vida ao mundo.1

40
2. As Duas Naturezas do
Ser Humano
Hoje é um dia de regozijo em Paris! Celebra-se o
festival de “Todos os Santos” (1o de novembro). Por que
julgais que essas pessoas eram chamadas “Santos”? A
palavra tem um significado muito real. Santo é quem leva
uma vida de pureza, quem se libertou de todas as
imperfeições e fraquezas humanas.
No homem há duas naturezas: a superior, ou
espiritual, e a inferior, ou material. Em uma, ele se
aproxima de Deus, na outra, vive somente para o mundo.
Sinais de ambas as naturezas encontram-se nos homens.
No aspecto material, ele manifesta falsidade, crueldade
e injustiça; tudo isto é efeito de sua natureza inferior. Os
atributos de sua natureza Divina são expressos em amor,
misericórdia, bondade, verdade e justiça, os quais são
todos manifestações de sua natureza superior. Todos os
bons costumes, todas as qualidades nobres, pertencem à
natureza espiritual do homem, enquanto que todas as suas
imperfeições e ações pecaminosas nascem de sua
natureza material. Quando a natureza Divina do homem
domina sua natureza material, temos um santo.
O homem tem o poder de fazer tanto o bem quanto o
mal; se seu poder para o bem predomina e suas
inclinações para fazer o mal são vencidas, então o
homem, na verdade, pode ser chamado de santo. Mas se,
ao contrário, rejeita as coisas de Deus e permite que suas
paixões maléficas o dominem, então ele não é melhor
do que um simples animal.
41
Santos são os homens que se libertaram do mundo da
matéria e que sobrepujaram o pecado. Vivem no mundo,
mas não lhe pertencem, estando seus pensamentos
sempre no plano do espírito. Suas vidas são passadas em
santidade e seus atos produzem amor, justiça e piedade.
Eles são iluminados do alto; são quais lâmpadas brilhantes
e reluzentes nos lugares escuros da terra. Esses são os
santos de Deus. Os apóstolos, que foram os discípulos
de Jesus Cristo, eram exatamente como os outros
homens; eles, como seus companheiros, eram atraídos
pelas coisas do mundo e cada qual pensava apenas em
seu próprio interesse. Pouco conheciam da justiça, nem
as perfeições divinas eram encontradas em seu meio.
Mas, quando seguiram Cristo e nEle acreditaram, sua
ignorância deu lugar à compreensão, a crueldade foi
transformada em justiça, a falsidade, em verdade e a treva,
em luz. Tinham sido do mundo; tornaram-se espirituais
e divinos. Tinham sido filhos da escuridão; tornaram-se
filhos de Deus, tornaram-se santos! Diligenciai, portanto,
em seguir os seus passos, deixando para trás todas as
coisas do mundo e lutando para alcançar o Reino
Espiritual.
Rogai a Deus para que vos fortaleça na virtude divina,
a fim de que sejais como anjos no mundo e fachos de luz
descobrindo os mistérios do Reino àqueles
compreensivos de coração.
Deus enviou Seus Profetas ao mundo para ensinarem e
iluminarem o homem, para lhe explicarem o mistério do
Poder do Espírito Santo, para lhe habilitarem a refletir a luz
e, por sua vez, serem a fonte de orientação ao próximo.
42
Os Livros Celestiais – a Bíblia, o Alcorão e os
demais Escritos Sagrados – foram concedidos por Deus
como guias nas sendas da virtude Divina, do amor, da
justiça e da paz.
Conseqüentemente, eu vos digo que vos esforceis
para seguirdes os conselhos desses Livros Abençoados
e de tal modo ordenardes vossas vidas para que possais,
seguindo os exemplos que vos foram demonstrados,
tornar-vos, vós próprios, os santos do Altíssimo.2

43
3. O Espírito e a Mente Existem
desde o Princípio
O princípio da existência do homem no globo
terrestre é comparável à sua formação no ventre materno.
Ele aqui cresce e se desenvolve até o nascimento, e
depois continua a crescer e a desenvolver-se até alcançar
o discernimento e a maturidade. Embora desde a infância
apareçam no homem os sinais do intelecto e do espírito,
estes não chegam logo à perfeição, estando de início
imperfeitos. Só quando o homem atinge a maturidade é
que a mente e o espírito se revelam com a máxima
perfeição.
A formação do homem no ventre do mundo foi
análoga à do embrião. Este progride gradativamente,
crescendo e se desenvolvendo até atingir a maturidade,
quando o intelecto e o espírito se revelam em todo seu
poder. No começo de sua formação, já existem a mente
e o espírito, porém ocultos, sendo que só mais tarde se
manifestam. Também no homem, no ventre do mundo,
existem, desde o princípio, mente e espírito, mas estão
ocultos e só mais tarde se tornam manifestos. De modo
idêntico, a árvore existe na semente, porém oculta, só
se revelando à medida que a semente se desenvolve e
cresce. Assim, o desenvolvimento de todos os seres é
gradativo, de acordo com a organização divina universal,
o sistema natural. A semente não se torna logo árvore;
não é num instante que o embrião se transforma em
homem; o mineral não se torna, de repente, pedra. Não,
crescem e se desenvolvem gradativamente até atingirem
o limite de sua perfeição.
44
Todos os seres, sejam grandes ou pequenos, foram
criados perfeitos e completos desde o princípio, mas
suas perfeições só vão se manifestando aos poucos. A
organização de Deus é una; a evolução da existência é
una; é uno o sistema divino. Sejam pequenos ou grandes,
todos os seres estão sujeitos a uma mesma lei e sistema.
Cada semente, por exemplo, tem dentro de si, desde o
princípio, todas as perfeições vegetais, mas não de modo
visível; depois, pouco a pouco, elas vão surgindo à luz.
Assim, da semente primeiro surge o broto, depois os
ramos, as folhas, as flores e os frutos, mas isso tudo,
desde o começo de sua existência, está na semente,
embora em potencial apenas, e não visível.
De igual modo, o embrião possui desde o princípio todas
as perfeições – o espírito, a mente, a vista, a olfação, a
gustação – enfim, todas as faculdades, porém elas não se
acham visíveis, só aos poucos vindo a manifestarem-se.3

45
4. O Aparecimento do
Espírito no Corpo
A razão do aparecimento do espírito no corpo é a
seguinte: o espírito humano é-nos confiado por Deus e
necessita passar por todas as condições da existência, a
fim de adquirir suas perfeições. Assim, quando um
homem viaja e visita vários países e regiões, estudandoos sistematicamente, com método, vem a se aperfeiçoar,
porque verá diversos lugares e cenas, e destarte
descobrirá condições existentes nos outros países.
Tornar-se-á conhecedor de sua geografia, suas maravilhas
e artes, familiarizando-se com os hábitos e costumes dos
povos; constatará a civilização e o progresso da época;
adquirirá conhecimento da orientação dos governos, e
do poder e da capacidade de cada país. O mesmo sucede
quando o espírito humano atravessa as várias condições
da existência: alcança novos graus e estados. Até mesmo
no corpo, pode, seguramente, adquirir perfeições.
Além disso, é necessário que apareçam neste mundo
os sinais da perfeição do espírito, não só para que sejam
produzidos entre as criaturas inúmeros efeitos como
também para que esse corpo receba vida e manifeste as
graças divinas. Os raios do sol devem brilhar sobre a terra
e, assim, graças ao seu calor, os seres terrestres
desenvolver-se-ão; caso contrário, este planeta ficaria
inabitado, não progrediria, nem teria razão de ser. Da
mesma maneira, a menos que se manifestassem no
mundo as perfeições do espírito, nenhuma iluminação
existiria; a brutalidade é que haveria de dominar. É só
46
quando o espírito se revela em forma física que o mundo
é iluminado. Justamente como o corpo humano tem no
espírito a causa da sua vida, também o mundo, como se
fosse o corpo, depende do homem, o qual, por assim
dizer, serve-lhe de espírito. Se não fosse o homem, não
se veriam as perfeições espirituais, nem resplandeceria
no mundo a luz da inteligência. Este mundo seria, em
verdade, um corpo sem alma.
Podemos comparar o mundo, também, a uma árvore
frutífera, e o homem a seu fruto, sem o qual a árvore
nenhuma utilidade teria.
Além disso, essa composição – esses membros e
elementos encontrados no organismo humano – agem
como ímã para atrair o espírito; fatalmente, o espírito
tem de se manifestar aí. Sem a menor dúvida, um espelho
límpido deve atrair os raios do sol, tornando-se luminoso
e refletindo admiráveis imagens. Assim, esses elementos
existentes, ao serem reunidos segundo a ordem natural,
com perfeita força, tornar-se-ão um ímã para o espírito,
o qual se manifestará neles com todas as suas perfeições.
Não se pode perguntar, então: “Que necessidade têm
os raios solares de descer ao espelho?” Pois a relação
que existe entre as realidades das coisas, sejam
espirituais, sejam materiais, implica no reflexo da luz
solar no espelho quando este se ache límpido e voltado
para o sol. De igual modo, quando os elementos
estiverem dispostos e combinados de determinada
maneira, segundo o mais glorioso sistema e a mais
perfeita organização, neles se manifestará o espírito
humano. Assim decretou o Poderoso, o Sábio.4
47
5. A Relação entre Deus e
a Criatura
A relação entre Deus e as criaturas é a que existe
entre um criador e sua criação; é semelhante àquela que
há entre o sol e a escuridão dos seres contingentes; é a
relação entre o artífice e as coisas por ele feitas. O sol
em sua própria essência é independente dos corpos que
ilumina, pois sua luz lhe é inerente, nada tendo que ver
com o globo terrestre. Nosso planeta sim, está sob a
influência do sol, dele recebendo sua luz; o sol e seus
raios, porém, são inteiramente independentes da terra.
De fato, sem o sol, não poderia existir nem a terra, nem
um só dos seres terrestres.
As criaturas dependem, pois, de Deus, e essa
dependência é por emanação. Isto é, as criaturas emanam
de Deus, e não O manifestam; a relação é de emanação,
e não de manifestação, assim como a luz emana do sol,
mas não o manifesta. É isto que se entende por
emanação: é como o aparecimento dos raios daquele
astro que ilumina os horizontes do mundo.
A santa essência do Sol da Verdade não se divide,
nem desce às condições das criaturas, assim como o
globo solar não se divide nem desce para a terra; apenas
seus raios, que são suas graças, emanam e iluminam os
corpos escuros.5

48
6. O Espírito Santo –
O Poder Mediador entre
Deus e o Homem
A Realidade Divina é Inconcebível, Ilimitada, Eterna,
Imortal e Invisível!
O mundo da criação é limitado pela lei natural; é finito
e mortal.
A Infinita Realidade não pode ser expressa na
concepção de subir ou descer. Está além da compreensão
do homem e não pode ser descrita em termos que se
aplicam à esfera dos fenômenos do mundo da criação.
O homem, pois, tem extrema necessidade do único
Poder por meio do qual é capacitado para receber ajuda
da Realidade Divina, o único Poder que o coloca em
contato com a Fonte de toda a vida.
É necessário um intermediário para unir dois
extremos um ao outro. Riqueza e pobreza, abundância e
carência: sem um poder intermediário nenhuma relação
poderia haver entre estes dois pares de opostos.
Assim, podemos dizer que deve existir um Mediador
entre Deus e o Homem, e este não é senão o Espírito
Santo, que põe a terra criada em relação com o “Ser
Inconcebível”, a Realidade Divina.
A Realidade Divina pode ser comparada com o sol, e
o Espírito Santo, com os raios do sol. Como os raios do
sol trazem a luz e o calor do sol à terra, dando vida a
todos os seres criados, assim os Manifestantes (de Deus)
49
trazem do Sol Divino da Realidade o poder do Espírito
Santo para dar luz e vida às almas dos homens.
Vede: há um mediador necessário entre o sol e a terra;
o sol não desce à terra, nem a terra sobe ao sol. Este
contato é feito pelos raios do sol que trazem luz e calor.
O Espírito Santo é a Luz do Sol da Verdade, trazendo,
por seu infinito poder, vida e iluminação a toda a
humanidade, inundando todas as almas com Resplendor
Divino, transmitindo ao mundo inteiro as bênçãos da
Misericórdia de Deus. A terra, sem mediação do calor e
da luz dos raios do sol, nenhum benefício pode receber
do sol.
Do mesmo modo, o Espírito Santo é a própria causa
da vida do homem; sem o Espírito Santo ele não teria
intelecto, seria incapaz de adquirir conhecimento
científico, por meio do qual obtém grande influência
sobre o resto da criação. A iluminação do Espírito Santo
dá ao homem o poder do pensamento e habilita-o a fazer
descobertas por meio das quais submete as leis da
natureza à sua vontade.
É o Espírito Santo que, através da mediação dos
Profetas de Deus, ensina as virtudes celestiais ao homem
e capacita-o a alcançar a Vida Eterna.
Todas essas bênçãos são trazidas ao homem pelo
Espírito Santo; conseqüentemente, podemos
compreender que o Espírito Santo é o Intermediário
entre Criador e criatura. A luz e o calor do sol fazem
com que a terra seja frutífera e criam vida em todas as
coisas que crescem; e o Espírito Santo vivifica as almas
dos homens.
50
Os dois grandes apóstolos, São Pedro e São João, o
Evangelista, foram trabalhadores simples e humildes,
lutando pelo pão de cada dia. Pelo Poder do Espírito
Santo, suas almas foram iluminadas e eles receberam as
bênçãos eternas do Senhor Cristo.6

51
7. A Imortalidade do Espírito – I
Os Livros Sagrados falam da imortalidade do espírito:
é a base fundamental das religiões divinas. Dizem haver
duas espécies de recompensas e punições: as desta vida
e as do outro mundo. Em todos os mundos de Deus, seja
neste ou nos mundos celestiais, espirituais, há paraíso e
há inferno. Ganhar as recompensas é ganhar a vida eterna.
Por isso Cristo disse que se deveria pelos atos merecer
atingir a vida eterna e, nascendo da água e do espírito,
entrar no Reino do Céu.
As recompensas desta vida são as virtudes e
perfeições que adornam o homem. Por exemplo, ele está
submerso em trevas e torna-se luminoso; tem pouco
conhecimento, e adquire sabedoria; é descuidado, e tornase vigilante; adormecido, e desperta; morto, e ressuscita;
é cego, e adquire a visão; surdo, e ganha o poder de ouvir;
de homem terreno, transforma-se em homem celestial;
de materialista, em homem de espiritualidade. Em virtude
de tais recompensas, alcança o nascimento espiritual; fazse nova criatura. É-lhe aplicável, pois, o versículo do
Evangelho que diz, com referência aos discípulos: “Estes
não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem
do desejo do homem, mas nasceram de Deus.”7 Equivale
a dizer: libertaram-se das qualidades animais que
caracterizam a natureza humana e adquiriram as divinas,
as graças de Deus. É isso que significa o segundo
nascimento. Para essas almas, não há maior tortura que a
de serem excluídas de Deus, nem existe punição mais
severa do que a de serem dominadas pelos vícios sensuais
52
e desejos da carne, e estigmatizadas por baixezas e
indignidades. Quando, graças à luz da fé, elas se libertam
da escuridão de tais vícios, sendo iluminadas pelo
esplendor do Sol da Realidade e enobrecidas por todas
as virtudes, nisso vêem sua maior recompensa – nisso
reconhecem o verdadeiro paraíso. Da mesma maneira,
elas consideram a punição espiritual, isto é, a tortura ou
o castigo da existência, como equivalente a estar sujeito
ao mundo da natureza, a ser privado de Deus, a ser brutal
e ignorante, dominado pela luxúria, absorvido pela
fraqueza animal, caracterizado por más tendências, tais
como a tirania, a crueldade, a mentira, o apego às coisas
deste mundo e a sujeição a idéias satânicas. Para essas
almas, tudo isso constitui a maior tortura, a mais severa
punição.
De modo semelhante, as recompensas do outro
mundo são a vida eterna mencionada claramente em todos
os Livros Sagrados, as perfeições e as graças divinas, e a
eterna felicidade; são as perfeições e a paz alcançadas
no domínio espiritual, após se haver deixado este mundo,
assim como as recompensas desta vida são as verdadeiras
perfeições luminosas obtidas neste mundo e causadoras
da vida eterna, pois nelas consiste o próprio progresso
da existência. Tal como sucede quando o homem passa
do estado embrionário para o da maturidade e assim se
torna a manifestação destas palavras: “Abençoado seja
Deus, o melhor dos criadores”. As recompensas do outro
mundo são, pois, a paz, as graças espirituais, as várias
* Um farsakh é equivalente a quatro milhas, aproximadamente.

53
dádivas espirituais no Reino de Deus, a realização dos
desejos da alma e do coração, e o encontro com Deus
no mundo da eternidade; justamente como, por outro
lado, as punições ou torturas do outro mundo consistem
em achar-se destituído das bênçãos divinas especiais e
graças absolutas, e em degradar-se aos graus inferiores
da existência. Quem se priva destes favores divinos,
embora continue a existir após sua partida deste mundo,
é, no entanto, considerado pelo povo da verdade como
sendo um morto. ...8

54
8. A Imortalidade do Espírito – II
Observamos que tanto o poder de entendimento como
a capacidade de ação do espírito humano são de duas
categorias; isto é, o espírito percebe e age de duas
maneiras diferentes: uma, por meio de instrumentos ou
órgãos, como, por exemplo, vê com os olhos, ouve com
os ouvidos, fala com a língua. Tal é a percepção do
homem – do espírito humano – e tal é seu modo de agir,
por meio de órgãos. É o espírito quem vê, sendo os olhos
o instrumento; o espírito, quem ouve, por meio dos
ouvidos; o espírito, quem fala, por intermédio da língua.
A outra maneira pela qual o espírito manifesta seus
poderes de perceber e agir não depende dos órgãos. Por
exemplo, durante o sono, vê sem precisar de olhos, ouve
sem usar os ouvidos, fala sem língua e move-se sem pés.
Estas ações não dependem de instrumentos e órgãos.
Quantas vezes acontece, durante o sono, a percepção,
pelo espírito, de um sonho cujo significado se torna
claro uns dois anos depois, ao sucederem os fatos
correspondentes. Assim também, quantas vezes acontece,
no mundo dos sonhos, a resolução de um problema
insolúvel no estado de vigília. Acordado, o homem
enxerga com os olhos apenas uma pequena distância, ao
passo que, em sonho, pode do oriente ver o ocidente.
Acordado, vê o presente, enquanto dormindo, vê o futuro.
Acordado o homem viaja, por meios rápidos, apenas vinte
farsakhs* por hora; em sono, num abrir e fechar de olhos,
atravessa o mundo, de leste a oeste. O espírito, pois, viaja
de dois modos: sem meios, sendo esta uma viagem
55
espiritual, e com meios, no caso de uma viagem material,
assim como um pássaro pode voar ou ser transportado.
Enquanto adormecido, o corpo parece morto: não vê,
nem ouve; não sente, não tem consciência ou percepção;
seus poderes estão inativos. O espírito, entretanto, vive,
subsiste; ainda mais, sua penetração é aumentada, seu vôo
é de maior alcance, sua inteligência é superior. Imaginar
que o espírito pereça ao morrer o corpo é como imaginar
que o pássaro morra ao quebrar-se-lhe a gaiola. Nada tem
o pássaro que recear, porém, com a destruição da gaiola.
Nosso corpo é apenas a gaiola, enquanto o espírito é o
pássaro. Vemos que esse pássaro voa no domínio do sono,
sem a gaiola; portanto, se esta for quebrada, ele continuará
a existir e seus sentimentos serão até mais poderosos,
suas percepções, mais agudas e sua felicidade, maior.9

56
9. A Evolução do Espírito
Não existe repouso absoluto na natureza. Todas as
coisas ou fazem progresso ou regridem. Tudo se move,
para diante ou para trás; nada há sem movimento. A partir
do nascimento, o homem progride fisicamente até atingir
a maturidade e então, tendo chegado ao vigor da vida,
começa a declinar; a força e as energias do corpo
decrescem e ele, gradualmente, chega à hora da morte.
Da mesma maneira, a planta se desenvolve da semente à
maturidade e então sua vida começa a reproduzir-se até
que murcha e morre. Um pássaro voa até certa altura e,
havendo alcançado o mais alto ponto possível em seu
vôo, começa a descer à terra.
Assim, é evidente que o movimento é essencial a toda
a existência. Todas as coisas materiais progridem até
certo ponto e então começam a declinar. Esta é a lei que
governa toda a criação física.
Agora, consideremos a alma. Vimos que o movimento
é essencial à existência; nenhuma coisa que tem vida é
imóvel. Toda a criação, seja do reino mineral, vegetal ou
animal, é compelida a obedecer à lei do movimento; deve
subir ou descer. Mas com a alma humana não há declínio.
Seu único movimento é em direção à perfeição; somente
o desenvolvimento e o progresso constituem o
movimento da alma.
A perfeição divina é infinita; por conseguinte, o
progresso da alma também é infinito. Desde o próprio
nascimento de um ser humano a alma progride, o
intelecto se desenvolve e o conhecimento aumenta.
57
Quando o corpo morre, a alma continua vivendo. Todos
os diferentes graus dos seres físicos criados são
limitados, mas a alma é ilimitada.
... No mundo do espírito não há retrocesso. O mundo
da mortalidade é um mundo de contradições, de opostos;
sendo o movimento compulsório, tudo deve ir para a
frente ou retrair-se. No reino do espírito não há recuo
possível, todo o movimento é obrigado a seguir em
direção a um estado perfeito. “Progresso” é a expressão
do espírito no mundo da matéria. A inteligência do
homem, seu poder de raciocínio, seu conhecimento, suas
conquistas científicas, sendo manifestações do espírito,
participam, todos eles, da lei inevitável do progresso
espiritual e são, por isso, necessariamente imortais.
... Toda a criação física é perecível. Os corpos
materiais são compostos de átomos; quando esses
átomos começam a separar-se, a decomposição se
estabelece e então vem o que chamamos morte. Essa
composição de átomos, que constitui o corpo ou o
elemento mortal de qualquer ser criado, é temporária.
Quando a força de atração que mantém unidos esses
átomos é retirada, o corpo, como tal, deixa de existir.
Com a alma é diferente. A alma não é uma combinação
de elementos, não é composta de muitos átomos, é de
uma substância indivisível e é, pois, eterna. Está
inteiramente fora da ordem de criação física; é imortal!
A filosofia científica demonstra que um elemento
simples (“simples” significando “não composto”) é
indestrutível, eterno. A alma, não sendo uma composição
de elementos, é, por sua característica, assim como um
elemento simples e, portanto, não pode deixar de existir.
58
A alma, sendo de uma só substância indivisível, não
pode sofrer desintegração nem destruição; portanto,
nenhuma razão há para que chegue ao fim. Todas as coisas
viventes mostram sinais de sua existência e disso se deduz
que esses sinais não poderiam existir por si mesmos se
o que eles expressam ou testemunham não tivesse
existência. Os múltiplos sinais da existência do espírito
estão constantemente diante de nós.
... Considerai o propósito da criação: será possível
que tudo seja criado para evoluir e desenvolver-se através
dos tempos, tendo em vista esta pequena finalidade – uns
poucos anos de vida do homem na terra? Não é
inconcebível que isto seja o objetivo final da existência?
... Cessa o homem de existir quando deixa o corpo?
Se sua vida chega ao fim, então toda a evolução
precedente é inútil, sem objetivo algum! Pode-se
imaginar que a Criação não tenha maior propósito do que
este?
A alma é eterna, imortal.
... A inabilidade da mente materialista para entender
a idéia da Vida Eterna não é prova da inexistência dessa
vida.
A compreensão dessa outra vida depende do nosso
conhecimento espiritual!10

59
10. A Vida Eterna e a Entrada
no Reino de Deus
Perguntastes sobre a vida eterna e a entrada no Reino.
A expressão usada para indicar o Reino é céu, mas isso é
apenas uma figura, ou modo de dizer, e não uma realidade
ou fato. O Reino aqui não é um lugar material, pois
transcende o tempo e o espaço. É um mundo espiritual,
divino, o centro da soberania de Deus; é independente
do corpo e daquilo que é corpóreo, e sua pureza e
santidade pairam acima de toda a imaginação humana.
Ser limitado pelo espaço é próprio dos corpos e não dos
espíritos. Espaço e tempo envolvem o corpo, mas não a
mente ou o espírito. Vemos o corpo do homem confinarse a um pequeno espaço, ocupar uns dois palmos de terra,
ao passo que seu espírito e sua mente viajam a todos os
países e regiões, até mesmo através do ilimitado espaço
dos céus, abrangendo tudo o que existe, fazendo
descobertas nas mais elevadas esferas e mais infinitas
distâncias. Isso é porque para o espírito não existe espaço
e circunscrevê-lo é impossível. O espírito vê terra e céus
como uma só coisa, fazendo em ambos as suas
descobertas. O corpo, por outro lado, está restrito a um
espaço e nada sabe daquilo que estiver além desse espaço.
Há duas espécies de vida: a do corpo e a do espírito.
A primeira é material, mas a segunda expressa a
existência do Reino, depende do Espírito Divino e do
sopro de vida que emana do Espírito Santo. A vida
material, embora tenha existência, é, para os santos, pura
inexistência; é morte absoluta. Assim, o homem existe
60
e esta pedra também existe, mas quão diferentes a
existência do homem e a da pedra! A pedra existe, mas
em relação ao homem é inexistente.
A vida eterna é uma graça concedida pelo Espírito
Santo, assim como o ar e as brisas primaveris, são as
graças da estação recebidas pela flor. Consideremos:
esta flor tinha, a princípio, uma vida comparável à do
mineral; ao chegar a primavera, com as graças de suas
nuvens e o calor do sol ardente, atingiu outra vida,
adquiriu fragrância, delicadeza e frescor. A primeira vida
da flor, em comparação com a segunda, é apenas morte.
Queremos dizer com isso que a vida do Reino é a do
espírito, a vida eterna, pura e independente de lugar, assim
como o espírito humano, que não é espacial. Se
examinardes o corpo humano, não encontrareis nenhum
ponto ou local destinado ao espírito, porque, sendo
imaterial, nunca se localizou. Associa-se ao corpo do
mesmo modo que o sol a este espelho. O sol não está
dentro do espelho, mas tem com ele alguma relação.
Assim também, o mundo do Reino é santificado acima
de tudo o que é perceptível pela vista ou pelos outros
sentidos – audição, olfato, gosto ou tato. A mente do
homem, cuja existência é reconhecida, em que parte do
corpo está? Se com os olhos, ouvidos ou outros sentidos
examinardes o corpo, não a encontrareis; entretanto, ela
existe. Portanto, a mente não é espacial, mas se associa
ao cérebro. O Reino Divino também é assim. O amor
não tem sede, mas está ligado ao coração.
Semelhantemente, o Reino não se limita a um certo lugar,
mas tem uma relação com o homem.
61
A entrada no Reino é através do amor a Deus e do
desprendimento; depende de se ser santo e casto, sincero
e puro; é pela constância, pela fidelidade, e pelo sacrifício
da vida.
Estas explicações mostram que o homem é imortal,
que vive eternamente. Para os que acreditam em Deus,
que Lhe têm amor e fé, a vida é excelente, é eterna, mas
para aquelas almas privadas de Deus, embora tenham vida,
sua vida é obscura – comparada com a vida dos que
acreditam em Deus, é inexistência.
Por exemplo, os olhos e as unhas têm vida, mas a das
unhas em comparação com a dos olhos equivale à
inexistência. Esta pedra e este homem, ambos existem,
mas a existência da pedra em comparação com a do
homem é a inexistência, pois quando o homem morre,
seu corpo, decompondo-se, torna-se igual à pedra ou à
terra. É claro, pois, que o mineral, embora exista, é, em
relação ao homem, inexistente.
De modo semelhante, as almas privadas de Deus,
embora existam neste mundo e no vindouro, em
comparação com a santa existência dos filhos do Reino
Divino, são inexistentes e afastadas de Deus.11

62
11. O Destino
Há duas espécies de destino: uma é pré-traçada,
enquanto a outra é condicionada a eventualidades. O
destino pré-traçado não pode ser mudado ou alterado e
o destino condicional pode ou não ocorrer. Assim, para
esta lamparina, o destino decretado é que o óleo queime
e se consuma. Sua extinção final é, portanto, um decreto
impossível de ser mudado ou alterado, porque é uma
fatalidade. Também no corpo humano foi criado um poder
vital, e quando este for destruído, esgotado, o corpo
decompor-se-á, do mesmo modo que a lâmpada se apaga,
forçosamente, ao esgotar-se o óleo.
O destino condicionado a eventualidades é
comparável ao seguinte caso: há óleo ainda na lamparina,
mas vem um vento muito forte e a apaga. Tal é o destino
condicional. É prudente evitá-lo, proteger-se contra ele,
ser cauteloso e moderado.
O destino pré-traçado, porém, semelhante ao
esgotamento do óleo na lamparina, não pode ser alterado
– é imutável e impreterível. Tem de acontecer.
Certamente a lamparina haverá de se apagar.12

63
12. Livre Arbítrio
Essa questão é uma das mais importantes e mais
abstrusas dos problemas divinos. Se Deus quiser, qualquer
outro dia, ao começo do jantar daremos uma explicação
minuciosa desse assunto; agora explicá-lo-emos
ligeiramente, em poucas palavras, da maneira a seguir.
Algumas coisas estão sujeitas ao livre arbítrio do
homem, tais como a justiça e a eqüidade, ou a injustiça e
a tirania, bem como todas as ações boas e más. É claro
que estas ações, em sua maioria, são deixadas à vontade
do homem. Há certas coisas, por outro lado, às quais o
homem é forçado a submeter-se, tais como o sono, a
doença, o declínio do poder, os danos e infortúnios, e a
morte. Tudo isso é independente da vontade humana e,
portanto, o homem não é responsável, sendo realmente
forçado a suportar tais coisas. Mas na escolha de ações
boas ou más, ele é agente livre; comete-as de acordo
com sua própria vontade.
O homem pode, por exemplo, se ele quiser, passar
seu tempo louvando a Deus, ou pode ocupar-se com
outros pensamentos. É-lhe possível ser uma luz acesa
pelo fogo do amor divino, um filantropo, ou absorver-se
com as coisas materiais, e ser um misantropo. Ele pode
ser justo, como também pode ser cruel. Tudo isso está
sob o controle da vontade do próprio homem, sendo ele,
por conseguinte, responsável por tais atos.
Surge agora outro aspecto: o homem é uma criatura
fraca e dependente, pois força e poder são próprios de
Deus. Tanto seu enaltecimento como sua humilhação
dependem do prazer e da vontade do Altíssimo.
64
Está escrito no Evangelho: Deus é como um oleiro
que faz “um vaso para a honra e outro para a desonra”. O
vaso desonrado não tem direito de censurar o oleiro e
perguntar: “Por que não fizeste de mim uma taça preciosa,
para ser passada de mão em mão?” Este versículo dá a
entender que as condições dos seres são diferentes.
Quem está no grau inferior da existência, no plano
mineral, não tem o direito de queixar-se, dizendo: “Ó
Deus, por que não me deste as perfeições do vegetal?”
Igualmente, não compete à planta queixar-se por não lhe
terem sido concedidas as perfeições do reino animal.
Tampouco tem o animal o direito de se queixar porque
lhe foram negadas as perfeições humanas. Não, para cada
um desses seres há perfeições próprias de seu grau e
todos eles devem esforçar-se por alcançá-las. Os seres
inferiores, como já dissemos, não têm direito às
perfeições próprias dos graus superiores, nem tampouco
à incapacidade de adquiri-las. Seu progresso
forçosamente limita-se ao seu próprio grau.13

65
13. O Propósito da Jornada da
Alma para Deus
A realidade fundamental desta questão é que o espírito
mau, Satã ou o que quer que seja interpretado como mal,
refere-se à natureza inferior do ser humano. A natureza
mais baixa do homem é simbolizada de várias maneiras.
Existem duas formas de expressão: uma é a expressão
da natureza; a outra, a expressão do reino espiritual. O
mundo da natureza é defeituoso. Observa-o atentamente,
deixando de lado toda superstição e imaginação. Se
deixarmos um homem não educado e bárbaro viver nas
florestas da África, existiria alguma dúvida de que
continuaria ignorante? Deus nunca criou um espírito
mau; todas essas idéias e denominações são símbolos
que expressam a natureza meramente humana ou terrena
do homem. É uma condição essencial do solo da terra
que espinhos, ervas daninhas e árvores infrutíferas possam
dela crescer. Falando-se de uma forma relativa, isto é o
mal, é simplesmente o estado mais baixo e o produto
mais básico da natureza.
É evidente, portanto, que o ser humano precisa de
educação e inspiração divinas, que o espírito e as graças
de Deus são essenciais para seu desenvolvimento. Isso
quer dizer que os ensinamentos de Cristo e dos Profetas
são necessários para sua educação e guia. Por quê?
Porque Eles são Jardineiros divinos que cultivam o solo
dos corações e das mentes humanas. Eles educam o
homem, desarraigam as ervas daninhas, queimam os
66
espinhos e remodelam os lugares agrestes em jardins e
pomares onde árvores frutíferas crescem. A sabedoria e
o propósito de Sua educação é que o homem possa passar
de grau a grau de desenvolvimento progressivo até que a
perfeição seja alcançada. ...
O homem deve trilhar muitos caminhos e estar
sujeito a vários processos no sentido de sua evolução.
Fisicamente ele não nasce em sua estatura plena, mas
passa por consecutivos estágios de feto, bebê, criança,
jovem, adulto e velhice. Suponhamos que ele tivesse o
poder de permanecer jovem por toda sua vida. Ele então
não entenderia o significado da velhice e não poderia
crer que ela existisse. Se ele não pudesse imaginar a
condição da velhice, não saberia que era jovem. Não
conheceria a diferença entre jovem e velho sem
experimentar a velhice. Se não tiver passado pela infância,
como saberia que isto a seu lado é uma criança? Se não
houvesse o errado, como você reconheceria o certo? Se
não fosse o pecado, como você apreciaria a virtude? Se
más ações não fossem conhecidas, como você poderia
louvar as boas ações? Se não existisse a doença, como
entenderíamos a saúde? O mal não existe; é a ausência
do bem. A doença é a perda da saúde; a pobreza, a falta de
riquezas. Quando a riqueza desaparece, você está pobre,
você olha dentro da caixa de tesouro mas não encontra
nada. Sem conhecimento, há ignorância; portanto,
ignorância é apenas a falta de conhecimento. A morte é
a ausência da vida. Portanto, por um lado, nós temos
existência; por outro, inexistência, negação ou ausência
de existência.
67
Em resumo, a jornada da alma é necessária. O
caminho da vida é a estrada que conduz ao conhecimento
e ao alcance divinos. Sem a educação e a guia, a alma
jamais poderia progredir além das condições de sua
natureza inferior, que é ignorante e defeituosa.14

68
A
Atitude Bahá’í
diante da Morte
Palavras de ‘Abdu’l-Bahá

69
70
A uma mãe que perdeu o filho
“Ó serva amada de Deus! Embora a perda de um filho
seja verdadeiramente de partir o coração e transcenda
os limites do que o ser humano pode suportar, ainda
assim, a pessoa dotada de conhecimento e compreensão
tem a convicção de que o filho não foi perdido, mas ao
contrário, passou deste mundo a outro e ela haverá de
encontrá-lo no reino divino. Essa reunião será por toda a
eternidade, enquanto que aqui neste mundo a separação
é inevitável – e traz consigo uma dor pungente.
Louvado seja Deus por teres fé, estares com a face
volvida ao Reino sempiterno e creres na existência de
um mundo celestial. Portanto, não fiques desconsolada
ou abatida; não suspires, não lamentes nem chores; pois
a perturbação e o luto afetam-lhe profundamente a alma
no domínio divino.
Esse filho amado, do mundo oculto assim se dirige a
ti:
‘Ó Mãe bondosa, rende graças à Providência divina
por eu haver sido libertado de uma pequena e sombria
gaiola e, tal qual as aves dos prados, haver alçado vôo ao
mundo divino – um mundo espaçoso, iluminado e
perenemente feliz e jubiloso. Por isso, não lamentes, ó
Mãe, nem te consternes; não sou dos perdidos, nem fui
obliterado ou destruído. Livrei-me da forma mortal e
hasteei meu estandarte neste mundo espiritual. A essa
separação seguir-se-á eterna comunhão. Tu me
encontrarás no céu do Senhor, imerso num oceano de
luz.’ ”1
71
Aos pais, pela morte de um jovem filho
“Ó vós, duas almas pacientes! Vossa missiva foi
recebida. A morte daquele amado jovem e sua separação
de vós causaram a máxima dor e pesar; pois ele, na flor da
idade e no verdor dos anos, alçou vôo rumo ao ninho
celestial. No entanto, libertou-se deste abrigo repleto de
sofrimento e volveu a face em direção ao ninho eterno do
Reino, e, livrando-se de um mundo escuro e exíguo,
apressou-se na direção do domínio santificado da luz; nisso
reside o consolo de nossos corações.
A inescrutável sabedoria divina está por trás desses
acontecimentos que partem o coração. É como se um
jardineiro bondoso transferisse um arbusto viçoso e tenro
de um local confinado para uma área muito espaçosa. Tal
translado não faz o arbusto murchar, nem se atrofiar ou
perecer; ao contrário, tal mudança fará com que cresça e
se desenvolva, que adquira frescor e delicadeza, que
obtenha verdor e dê frutos. O jardineiro bem sabe deste
segredo oculto, mas as almas inconscientes destas graças
supõem que ele, possuído de ira e cólera, tenha extirpado
o arbusto. Não obstante, para aqueles que são cientes, este
fato oculto está manifesto e tal decreto predestinado é
por eles tido como uma graça. Portanto, não vos sintais
consternados ou desconsolados pela ascensão deste
pássaro da fidelidade; não, antes, sob todas as
circunstâncias orai por esse jovem, suplicando por ele
perdão, e pela exaltação de sua posição.
Espero que venhais a atingir a suprema paciência,
serenidade e resignação, e suplico e imploro, no Limiar
72
da Unidade, rogando humildemente perdão e clemência.
A esperança que nutro das infinitas dádivas de Deus é que
Ele abrigue esse pombo do jardim da fé e o faça habitar
sobre os ramos da Assembléia Suprema, a fim de que
gorjeie, com a mais dulcíssona das melodias, o louvor e a
glorificação do Senhor dos Nomes e Atributos.”2

A uma esposa, pela perda do marido
“Ó tu que buscas o Reino! Tua carta foi recebida.
Escreveste a respeito da severa calamidade que te
sobreveio – a morte de teu respeitável marido. Esse
homem honrado esteve tão sujeito à estafa e à tensão
deste mundo que seu maior desejo era ser libertado dele.
Assim é esta morada mortal: um celeiro de aflições e
sofrimentos. É a ignorância que faz o homem prenderse a ela, pois nenhuma alma neste mundo pode assegurarse de qualquer conforto, desde o monarca até o mais
humilde cidadão. Se alguma vez esta vida oferece uma
taça doce, centenas de outras amargas lhe seguirão; tal é
a condição deste mundo. O homem sábio, portanto, não
se prende a esta vida mortal nem confia nela; em alguns
momentos ele até anseia ardentemente pela morte, para
assim ser libertado dessas tristezas e aflições. Por isso
ocorre que algumas pessoas, sob pressão e angústia
extremas, cometem suicídio.
Quanto ao teu esposo, fica serena. Ele será imergido
no oceano da absolvição e do perdão, e será alvo de
generosidade e favor. ...”3
73
O desencanto terreno e a
eternidade espiritual
“O encanto mortal há de desvanecer-se; as rosas hão
de dar lugar a espinhos, e a beleza e a mocidade viverão
seus dias e não mais serão. O que perdura eternamente,
porém, é a Beleza do Verdadeiro, porquanto seu
esplendor não perece e sua glória subsiste para sempre;
seu encanto é onipotente e seu fascínio, infinito. Bemaventurado, pois, o semblante que reflete o esplendor da
Luz do Bem-Amado! Graças ao Senhor, tu foste
iluminado por essa Luz, adquiriste a pérola do verdadeiro
conhecimento e proferiste a Palavra da Verdade.”4

Pelo falecimento de um jovem discípulo
muito amado
“Não sofras pela ascensão de meu amado Breakwell,
pois ele elevou-se a um roseiral de esplendores no
coração do Paraíso de Abhá, abrigado pela mercê de seu
poderoso Senhor, e está a bradar a plenos pulmões:
‘Oxalá pudessem os meus saber com que benevolência meu Senhor me outorgou Seu perdão e me incluiu
no número dos que atingiram Sua Presença.’5
Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está agora tua bela
face? Onde está tua língua eloqüente? Onde, teu
iluminado semblante? Onde, tua resplendente formosura?
74
Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está teu fogo,
ardente com o amor de Deus? Onde está teu enlevo ante
Seus sagrados sopros? Onde estão teus louvores,
sublimados a Ele? Onde está teu levantar para o serviço
de Sua Causa?
Ó Breakwell, ó meu amado! Onde estão teus
formosos olhos? Teus lábios sorridentes? As magníficas
feições? A formosa compleição?
Ó Breakwell, ó meu amado! Deixaste este mundo
terreno e ascendeste ao reino, alcançaste a graça do
domínio invisível e ofertaste teu próprio ser no limiar
de seu Senhor.
Ó Breakwell, ó meu amado! Abandonaste a lâmpada
que era teu corpo aqui, o vidro que era teu templo humano,
teus elementos terrenos, tua forma de vida neste plano
inferior.
Ó Breakwell, ó meu amado! Ateaste uma flama no
interior da lâmpada da Assembléia no alto, ingressaste
no Paraíso de Abhá, encontraste refúgio à sombra da
Árvore Abençoada e atingiste a reunião com Ele no abrigo
do Céu.
Ó Breakwell, ó meu amado! És agora uma ave do Céu;
deixaste teu ninho terreno e alçaste vôo a um jardim de
santidade no reino de teu Senhor. Tu te elevaste a uma
posição plena de luz.
Ó Breakwell, ó meu amado! Teu cântico é agora como
um chilreio; vertes torrentes de versos em exaltação da
mercê de teu Senhor. Daquele que sempre perdoa, foste
um servo pleno de gratidão, em virtude do que obtiveste
um quinhão de beatitude extrema.
75
Ó Breakwell, ó meu amado! Em verdade, teu Senhor
te elegeu para Seu amor e te conduziu a Seus recintos de
santidade; Ele fez com que adentrasses o jardim daqueles
que são Seus íntimos companheiros e te abençoou com
a contemplação de Sua beleza.
Ó Breakwell, ó meu amado! Tu conquistaste a vida
eterna, e a dádiva que jamais se esvai, e uma vida para
deleitar-te plenamente, e graça copiosa.
Ó Breakwell, ó meu amado! Tu te transformaste numa
estrela do firmamento superno e numa lâmpada entre os
anjos do sublime Paraíso; tu te tornaste um espírito
vivente no mais exaltado Reino, entronizado na
eternidade.
Ó Breakwell, ó meu amado! Rogo a Deus que te atraia
para cada vez mais perto dEle, que te tenha junto a Si
cada vez mais firmemente; suplico-Lhe que te rejubile o
coração com a proximidade de Sua presença, e te inunde
de luz e ainda mais luz, e te conceda ainda mais beleza, e
te confira poder e grande glória.
Ó Breakwell, ó meu amado! Em todos os tempos,
recordo-me de ti. Jamais hei de te esquecer. Oro por ti
dia e noite; vejo-te nitidamente ante mim, como que em
plena luz do dia.
Ó Breakwell, ó meu amado!”6

76
A misericórdia e as graças de Deus
“... Ó amados de Deus! Há algum dispensador de
dádivas a não ser Deus? Ele elege para Sua mercê quem
quer que deseje. Em breve haverá Ele de descerrar ante
vós as portas de Seu conhecimento e preencher vossos
corações com Seu amor. Ele haverá de vos animar as
almas com as suaves brisas de Sua santidade, e tornará
refulgentes vossos semblantes com os esplendores de
Suas luzes, e exaltar-vos-á a memória no seio de todos
os povos. Vosso Senhor é verdadeiramente o
Compassivo, o Misericordioso.
Ele virá em vosso auxílio com hostes invisíveis,
apoiando-vos com os exércitos da inspiração dentre a
Assembléia no alto; Ele vos emitirá as doces fragrâncias
do mais elevado Paraíso e bafejará sobre vós as puras
aragens que emanam dos jardins de rosas da Assembléia
nas alturas. Ele haverá de soprar o espírito da vida em
vossos corações, far-vos-á ingressar na Arca da salvação
e vos revelará Seus testemunhos e sinais evidentes. Em
verdade, isto é graça abundante. Em verdade, esta é a
vitória incontestável.”7

77
As descobertas da alma no plano do além
“... No que tange à tua indagação sobre as descobertas
da alma após haver esta se despido de sua forma humana:
indubitavelmente, aquele é um mundo de percepções e
descobertas, porquanto o véu interposto há de ser
removido e o espírito humano há de contemplar almas
que estão num plano superior, inferior e equivalente ao
seu. Isso é análogo à condição do ser humano no útero,
onde seus olhos encontram-se velados e tudo lhe está
escondido. Quando ele vem à luz, deixando a vida uterina
e adentrando este mundo, percebe ser este –
comparativamente ao ventre materno – um lugar de
percepções e descobertas, e ele tudo observa através de
seus olhos exteriores. Do mesmo modo, assim quer
partir desta vida ele haverá de contemplar, naquele mundo,
tudo o que aqui lhe estava oculto; lá, no entanto, ele haverá
de ver e compreender todas as coisas com seus olhos
interiores. Lá haverá ele de fitar seus companheiros e
pares, bem como aqueles de graus superiores e
inferiores. Quanto ao que quer dizer a igualdade das almas
no reino altíssimo: é que as almas dos crentes, no
momento de sua primeira manifestação no mundo do
corpo, são iguais, sendo cada uma santificada e pura.
Neste mundo, entretanto, principiarão a diferenciar-se
umas das outras, atingindo algumas a mais exaltada
posição, outras ficando num grau intermediário, e, ainda
outras, permanecendo no mais baixo estágio do ser. A
igualdade de posição das almas dá-se no início de sua
existência; a diferenciação ocorre após o passamento
delas. ...”8
78
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Alma humana, a

  • 1.
  • 2.
  • 4.
  • 5. A ALMA HUMANA do nascimento à eternidade Uma compilação de textos de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá
  • 6. © 2001 Todos os direitos reservados: Editora Bahá´i do Brasil Caixa Postal 198 13800-970 Mogi-Mirim, SP www.bahai.org.br/editora ISBN: 85.320.0053-3 1ª edição: maio 2001 2ª edição: agosto 2001 3ª edição: 2003 Compilação e tradução: Osmar Mendes Revisão: Rubens A. K. Dantas e Tiago Bassani Dantas Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo Impressão: R. Vieira Gráfica e Editora Campinas, SP, Brasil
  • 7. Índice Apresentação Introdução A Alma Humana – do Nascimento à Eternidade – textos de Bahá’u’lláh 1. Criação do Ser Humano 2. Grau a Ser Atingido 3. A Alma – Sinal de Deus 4. Grau a Ser Atingido no Mundo do Além 5. Progresso Contínuo 6. Capacidade para Conhecer a Deus 7. Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore 8. A Alma após a Morte 9. Associação das Almas nos Planos do Além A Alma Humana – do Nascimento à Eternidade text xtos ‘Abdu’l-Bahá – textos de ‘Abdu’l-Bahá 1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito 2. As Duas Naturezas do Ser Humano 3. O Espírito e a Mente Existem desde o Princípio 4. O Aparecimento do Espírito no Corpo 5. A Relação entre Deus e a Criatura 6. O Espírito Santo – O Poder Mediador entre Deus e o Homem 7. A Imortalidade do Espírito – I 8. A Imortalidade do Espírito – II vii 1 17 19 21 22 24 26 28 30 33 37 41 44 46 48 49 52 55
  • 8. 9. 10. 11. 12. 13. A Evolução do Espírito A Vida Eterna e a Entrada no Reino O Destino Livre Arbítrio O Propósito da Jornada da Alma para Deus 57 60 63 64 66 A Atitude Bahá’í diante da Morte A uma mãe que perdeu o filho Aos pais, pela morte de um jovem filho A uma esposa, pela perda do marido O desencanto terreno e a eternidade espiritual Pelo falecimento de um jovem discípulo A misericórdia e as graças de Deus As descobertas da alma no plano do além Verdades ocultas que serão entendidas após a morte A influência das almas santas e espirituais Os sofrimentos e provações deste mundo A unidade dos mundos de Deus A Missão do Manifestante Divino 71 72 73 74 74 77 78 79 80 80 81 82 Orações pelos que Deixaram este Plano da Vida 86 Perguntas e Respostas 94 Referências 97 vi
  • 9. Apresentação O tema apresentado neste livro, A Alma Humana – do Nascimento à Eternidade é, sem dúvida alguma, um assunto que tem sido sempre polêmico, mas é de importância vital para todos nós, seres humanos. Afinal, trata-se de algo que nos diz respeito diretamente: nossa alma e sua sobrevivência após a morte. A ciência, em especial neste século, aprofundou ao máximo suas pesquisas e descobertas sobre a parte física da natureza humana – nosso corpo – com incursões, importantes também, na mente e na psique como um todo: as emoções e o intelecto. Mas o lado espiritual do homem continua sendo um desafio difícil de ser superado pela ciência pragmática e por todos os pesquisadores que baseiam suas buscas apenas no lado material e visível da natureza. A alma, o espírito, a consciência suprafísica – que são apenas alguns termos conhecidos para se definir o lado espiritual do ser humano – continuam sendo temas da alçada específica das religiões, através da Palavra revelada por seus Fundadores, como Krishna, Buda, Moisés, Muhammad, e, mais recentemente, no século passado, Bahá’u’lláh. Trazendo ao conhecimento humano o conceito da relatividade da verdade religiosa, Bahá’u’lláh vii
  • 10. harmoniza e reconhece a veracidade relativa das Revelações anteriores, acrescentando, como Sua contribuição singular à universalidade dos ensinamentos espirituais, novos conceitos sobre a realidade do homem, sua alma, seu destino e sua sobrevivência à morte física. Tais ensinamentos foram sabiamente comentados e esclarecidos por Seu filho, ‘Abdu’l-Bahá (1844-1921), como Intérprete autorizado dos ensinamentos de Bahá’u’lláh, oficialmente por Ele designado, inclusive como Centro de Seu Convênio e continuador de Sua Causa. Compreender a alma é um ato de fé, algo espiritual. Somente os Mensageiros Divinos e, nesta era, Bahá’u’lláh, o mais recente dos Enviados de Deus à humanidade, têm a iluminação inata, a percepção espiritual elevada que um ser humano não pode alcançar, e a autoridade inquestionável para explicar os mistérios da vida e da morte. Há nEles a certeza de que Seus ensinamentos representam a expressão mais pura da Verdade. Por essa razão a presente compilação traz alguns dos principais escritos, tanto de Bahá’u’lláh como de ‘Abdu’l-Bahá, sobre a alma humana, focalizando-a desde seu nascimento até sua eternidade, na vida após a morte. Os esclarecimentos preliminares da Introdução são textos extraídos do livro The Covenant of Bahá’u’lláh de Adib Taherzadeh, conhecido autor bahá’í, e realmente elucidativos ao tema focalizado nesta obra. Editora Bahá’í do Brasil viii
  • 11. Introdução Textos extraídos do livro The Covenant of Bahá’u’lláh* *(O Convênio de Bahá’u’lláh), de Adib Taherzadeh, p. 5-15 ix
  • 12.
  • 13. A ALMA É UMA ENTIDADE ESPIRITUAL . Não tem existência física; não se pode observá-la ou entendê-la por meios científicos ou através de outros meios materiais. Sua essência, sua realidade, estão além do entendimento e da compreensão do homem. Em uma Epístola, Bahá’u’lláh refere-Se à alma humana como “um mistério divinamente ordenado e sutil” e como o “sinal da revelação de Deus, Sempiterno, Todo-Glorioso”. Afirma que ninguém jamais conhecerá a essência da alma: “Fosses tu ponderar em teu coração, desde agora até o fim que não tem fim, e com toda a inteligência e compreensão concentradas que as maiores mentes atingiram no passado ou haverão de atingir no futuro, essa Realidade divinamente ordenada e sutil, esse sinal da revelação do Deus Sempiterno, Todo-Glorioso, falharás em compreender seu mistério ou avaliar sua virtude.”1 Embora seja impossível para o ser humano, pelo menos neste mundo, descobrir a essência de sua própria alma, ele pode observar seus poderes e testemunhar a 1
  • 14. expressão de seus atributos em si mesmo. A crença na alma e o conhecimento de sua existência e de seus atributos vêm a nós, originalmente, através das palavras dos Mensageiros de Deus. São Eles que, primariamente, concedem à humanidade a visão das realidades espirituais. Em dispensações religiosas do passado a humanidade não havia adquirido a capacidade de entender os reinos espirituais de Deus. Cristo confirmou este fato quando declarou: “Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não podeis suportá-las agora. Porém, quando ele, o Espírito da Verdade, vier, irá guiar-vos a toda a verdade...”2 Por isso os Manifestantes de antanho falaram sobre a alma mas não explicaram sua natureza ou revelaram qualquer de seus mistérios. Muhammad, o Profeta do Islã, que foi o último Mensageiro de Deus no Ciclo Profético e cuja Revelação foi a última de todas as antigas Dispensações, referiu-Se à alma em apenas uma única sentença no Alcorão: “Eles te perguntaram quanto ao espírito. Dize: O espírito (foi criado) a mando de meu Senhor. Mas tu não tens conhecimento dado a ti, exceto um pouco.”3 Nesta Dispensação, no entanto, Bahá’u’lláh* e ‘Abdu’lBahᆠverteram muita luz sobre o tema. Em muitas Epístolas, afirmam a existência da alma, descrevem-na 2
  • 15. como uma realidade espiritual incog-noscível, reconhecem seu excelso grau, referem-Se a ela como um “sinal poderoso de Deus”, e revelam muitas de suas qualidades e atributos, sua imortalidade, sua condição e progresso na pós-vida. Tão vasto é o alcance desses Escritos que se poderia compilar um grande volume com todas as Suas explanações sobre o assunto. ... Estas explicações são limitadas à descrição das características da alma; de forma alguma revelam a realidade da própria alma. Sendo uma entidade espiritual, a alma emana dos mundos espirituais de Deus, e é, portanto, impossível descrever em palavras sua essência mais íntima; não pode ser entendida pelo intelecto ou por outros sentidos físicos humanos. Bahá’u’lláh confirma isto em uma Epístola dirigida a um certo crente conhecido como ‘Abdu’r-Razzáq: “Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóia celestial cuja realidade os mais eruditos dos homens não conseguiram apreender e cujo mistério mente alguma, por aguçada que seja, pode esperar jamais desvendar. ... “Em verdade digo, a alma humana é, em sua essência, um dos sinais de Deus, um mistério entre Seus mistérios. É um dos poderosos sinais do Onipotente, o precursor que proclama a * † Manifestante de Deus, Fundador da Fé Bahá’í. (n.t.) Filho mais velho de Bahá’u’lláh, e intérprete autorizado de Seus ensinamentos. (n.t.) 3
  • 16. realidade de todos os mundos de Deus. Dentro dela jaz oculto aquilo que o mundo atual é completamente incapaz de apreender.”4 Entretanto, um estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh é esclarecedor. Aprendemos, dos Escritos, que a alma, sendo uma emanação dos mundos espirituais de Deus, vem à existência no momento da concepção, quando ela torna-se associada ao corpo físico. A crença de que a alma existe antes da concepção é, portanto, contrária aos ensinamentos de Bahá’u’lláh. ... A alma, por ser elevada acima das condições de entrada e saída no corpo, ascensão ou descida, não pode ser fisicamente colocada dentro de um corpo ou ter qualquer conexão com coisas materiais. Bahá’u’lláh declara, na mesma Epístola a ‘Abdu’rRazzáq: “Em verdade digo, a alma humana está elevada acima de toda saída e regresso. É imóvel e, no entanto, voa; move-se, porém está quieta. É, em si, um testemunho que prova a existência de um mundo que é contingente, bem como a realidade de um mundo que não tem princípio nem fim.”5 A associação da alma ao corpo é similar à associação da luz ao espelho. A luz não está dentro do espelho, mas reflete-se nele a partir de uma fonte diferente. Quando o espelho se quebra, a luz permanece inalterada. Quando a alma torna-se associada ao corpo, um ser humano, com uma identidade única, é criado. Tal criação 4
  • 17. tem início no momento da concepção, mas não tem fim. ‘Abdu’l-Bahá afirma: “O espírito do homem tem um começo, mas não tem fim; continua eternamente”6. Portanto, a alma é imortal e progredirá nos mundos espirituais de Deus por toda a eternidade. Tal conceito de vida eterna é, na verdade, uma visão mais elevada para a raça humana. Este pensamento de imortalidade pode evocar no coração de todo crente os sentimentos da maior alegria e gratidão por ter sido dotado, por Deus, Todo-Poderoso, com a vida eterna. ... Para entender qualquer realidade espiritual, é necessário ler os Escritos Sagrados e meditar sobre eles. ... Uma compreensão mais profunda da verdade religiosa pode ser alcançada quando o indivíduo reconhece o fato de que a criação de Deus é uma entidade única. Os mundos espiritual e material não são entidades separadas, mas partes integrantes de um único reino do ser. As leis e princípios que governam o mundo da natureza são similares àqueles que operam nos mundos espirituais de Deus, no mundo da religião e no mundo do homem. Para dar um exemplo: notamos uma grande semelhança entre as leis que governam a vida de uma árvore e aquelas que motivam a vida do homem, tanto física como espiritualmente. Observamos que a árvore empurra suas raízes profundamente no solo e absorve os minerais da terra para seu alimento. O solo é inferior à arvore; a árvore, todavia, depende dele para sua existência. A despeito dessa dependência, a árvore cresce em sentido oposto, afastando-se do solo. Como que desgostando do solo, ergue alto os seus galhos em direção ao céu. Isso é 5
  • 18. similar ao ser humano e seu estado de desapego do mundo material, quando sua alma aspira às coisas espirituais e renuncia aos desejos mundanos. Crescendo em direção ao alto, afastando-se do solo, a árvore torna-se recipiente dos raios do sol, a coisa mais preciosa neste mundo físico. Como resultado da efusão das energias liberadas pelo sol, a árvore torna-se verdejante e produz belas flores e frutos. Certamente, o crescimento da árvore é involuntário. Mas suponhamos que ela tivesse uma escolha e, por causa de seu amor à terra e de sua dependência do solo, inclinasse seus ramos para baixo e se enterrasse sob o chão. Então, nunca mais ela poderia receber os raios do sol; por fim, apodreceria. Os mesmos princípios aplicam-se ao ser humano que tem que viver neste mundo e trabalhar para ganhar a vida, e que depende das coisas materiais para sua existência. Deus, entretanto, designou em Seu Convênio com o homem que a alma humana deve tornar-se desprendida das coisas deste mundo e aspirar aos reinos espirituais. Mas diferentemente da árvore, que não tem escolha, o homem tem livre arbítrio. Se ele opta por ignorar as provisões do Convênio e enamorar-se pelo mundo, suas vaidades e suas atrações materiais, então ele se torna um escravo das coisas terrenas, e sua alma, privada do poder da fé, torna-se empobrecida. Por outro lado, quando o indivíduo aspira às coisas espirituais, volve-se ao Manifestante de Deus e não direciona todas as suas afeições a este mundo mortal, então sua alma torna-se iluminada pelos raios do Sol da Verdade e cumprirá o propósito para o qual foi criado. O 6
  • 19. exemplo acima, mostrando a similaridade entre a árvore e o homem, demonstra que os mundos físicos e espirituais de Deus são relacionados entre si através de leis similares. É possível, portanto, descobrir alguns princípios espirituais examinando-se as leis físicas. De maneira similar, as leis e ensinamentos básicos de uma religião podem ser vistos como leis da natureza em um reino mais elevado. A diferença é que, quando as leis de um reino inferior são aplicadas a um reino superior, certas características são adicionadas, as quais estão ausentes no inferior. Este fato foi observado no exemplo acima; a característica adicional é que o homem exerce seu livre arbítrio para decidir seu próprio destino, enquanto a árvore cresce involuntariamente, sendo o elemento de escolha ausente no reino vegetal. Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláh afirma que cada coisa criada neste mundo físico tem alguma correlativa nos mundos de Deus. Para identificá-las, podemos volvernos às palavras e pronunciamentos dos Manifestantes de Deus e sermos guiados por Suas explicações. Por exemplo, o estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’lBahá leva-nos a acreditar que um correlativo do Manifestante de Deus neste reino físico é o sol. O Manifestante de Deus, em relação à humanidade, é assim como o sol, que derrama sua energia sobre esta terra e é a causa da vida. O estudo de algumas das características do sol pode ajudar-nos a apreciar alguns dos poderes e atributos do Manifestante de Deus, ao grau de nossas limitações humanas. Podemos perguntar qual é o correlativo físico da alma 7
  • 20. neste mundo. Do estudo dos Escritos, parece ser o embrião, crescendo no ventre de uma mãe. Do estudo destes, podemos deduzir alguns atributos e características daquela! Podemos observar impressionantes similaridades entre ambos; por exemplo, notamos que o embrião começa sua vida como uma célula. Não existem membros e órgãos inicialmente, mas a célula tem a capacidade de multiplicar-se, e na plenitude do tempo transformar-se em um corpo humano perfeito. De modo semelhante, a alma, logo quando criada, é uma “jóia celestial”. Não tem experiência e suas qualidades e poderes estão latentes nela, mas ela é capaz de adquirir essas qualidades latentes progressivamente no curso de uma vida. Deus decretou que o embrião desenvolva membros e órgãos enquanto ainda protegido no ventre materno. De forma similar, Ele ordenou que a alma desenvolvesse qualidades espirituais no curso de sua associação com o corpo. É nesta vida, este mundo-ventre, que a alma pode adquirir virtudes e perfeições divinas. Se ela assim escolhe, pode tornar-se o repositório de conhecimento, de sabedoria, de amor e de todos os outros atributos de Deus. O crescimento de membros e órgãos na vida embrionária, e o desenvolvimento das qualidades espirituais pela alma, são governados pelos mesmos princípios. Mas existe uma diferença principal. O crescimento do embrião é involuntário e ditado pela natureza, enquanto que a alma tem liberdade de escolha. Isso representa uma dimensão adicional concedida à alma, que não existe no mundo físico da natureza. 8
  • 21. Em uma Epístola, Bahá’u’lláh afirma: “E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação do homem. Sabe tu que todos os homens foram criados na natureza feita por Deus, o Guardião, O que subsiste por Si próprio. A cada um se prescreveu uma medida preordenada, segundo decretam as poderosas Epístolas guardadas de Deus. Tudo o que vós possuís potencialmente, porém, só se pode manifestar como resultado de vossa própria volição.”7 Outra semelhança entre a alma e o embrião é que este cresce dentro do ventre somente por um curto período de tempo. É um estágio transitório, não designado como um lugar em que se viva para sempre. Este mundo é também de duração limitada para a alma. Não é um lugar de residência eterna; todo ser humano, inevitavelmente, terá que deixá-lo. A meta de vida para toda criança é morrer para o ventre e nascer neste mundo, seu próximo mundo. Assim também é a meta para a alma, cujo destino final é partir deste mundo e entrar nos mundos espirituais de Deus. Outra semelhança entre a alma e o embrião é que a criança deve desenvolver seus membros e órgãos no ventre de sua mãe. Se nascer sem algum desses, ele será deficiente, pois é incapaz de adquiri-los nesta vida. A alma também deve desenvolver suas qualidades neste mundo. A aquisição de sabedoria, conhecimento, amor, humildade e todos os outros atributos divinos é possível apenas neste reino terrestre. Observamos que alguns 9
  • 22. membros e órgãos parecem ser desnecessários no mundo uterino. Por exemplo, os olhos são incapazes de lá enxergar, mas quando a criança nasce, a luz trará a visão para seus olhos. A combinação dos dois – os olhos adquiridos no ventre materno e os raios de luz que existem neste mundo – dotam o ser humano com a capacidade de visão. De forma semelhante, as virtudes e perfeições que a alma adquiriu neste mundo, combinadas com as condições dos mundos espirituais, que são desconhecidos por nós enquanto neste plano mortal, serão causa de progresso da alma na próxima vida. Enquanto o ser humano vive neste mundo, a alma e o corpo estão associados um ao outro. Quando ocorre a morte, essa associação chega ao final; o corpo retornará a sua origem, que é a terra. A alma também retorna a sua origem, que são os mundos espirituais de Deus. O embrião começa sua vida como uma célula, mas termina em um corpo perfeito por ocasião de seu nascimento. A alma também. Quando emana primariamente dos mundos espirituais de Deus, ela não tem poderes. Mas se cresceu apropriadamente, viveu uma vida correta neste mundo e adquiriu as qualidades espirituais, então retorna a sua própria habitação de origem em um estado de poder e de glória. Manifestando os sinais de Deus e possuindo atributos divinos, ela retém sua individuali-dade e identidade próprias e, como Bahá’u’lláh promete, associar-se-á com os Mensageiros de Deus e Seus Escolhidos nos reinos do alto. ... Podemos observar um imenso contraste entre a alma, no seu início, quando primariamente associada ao corpo 10
  • 23. no momento da concepção, e em sua consumação, quando regressa à sua origem nos mundos espirituais de Deus. Inicialmente, desprovida de todo poder, ao final, possuidora de muitos atributos e qualidades espirituais. A condição da alma no próximo mundo é, portanto, dependente da aquisição de atributos espirituais, da mesma forma que a condição da criança nascida neste mundo depende de seu desenvolvimento saudável no mundo do ventre materno. ... A criança, no ventre materno, é incapaz de descobrir que o mundo no qual está destinada a nascer está espantosamente próximo dela. Este princípio é aplicável também aos reinos espirituais. Enquanto habita este mundo físico, o homem é incapaz de apreender as características do próximo mundo, que abrange o mundo humano e tudo que ele contém. Nem é ele capaz de visualizar a grandeza e o esplendor dos reinos celestiais. É somente após sua separação do corpo que a alma apreciará quão próximo esteve o mundo espiritual e como ele abrange este mundo físico. Compreenderá, então, como Bahá’u’lláh atesta em uma de Suas Epístolas: “O mundo do além é tão diferente deste mundo como este mundo é diferente daquele da criança enquanto ainda no ventre de sua mãe.” 8 Deus não concedeu à criança, antes de nascer, a capacidade de descobrir a pequenez de sua morada temporária, ou a vastidão e a beleza deste mundo. De forma similar, Ele não dotou o ser humano, enquanto neste mundo, com a capacidade de perceber, mesmo em 11
  • 24. um grau infinitesimal, as condições dos mundos espirituais de Deus. Se Ele o tivesse feito, tanto a estabilidade como também o propósito desta vida teriam sido completamente solapadas. Bahá’u’lláh afirma em uma de Suas Epístolas que, fosse a posição destinada a um verdadeiro crente no mundo do além revelada na medida do orifício de uma agulha, toda alma expiraria em êxtase. ... Bahá’u’lláh descreve a influência de almas puras e santas sobre a humanidade. Estas são Suas palavras asseguradoras: “Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiver seguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associará à glória do BemAmado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nem língua pode descrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme em Seu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poder que todos os mundos que o Onipotente criou podem ser beneficiados por seu intermédio.”9 A alma leva consigo, para o próximo mundo, atributos divinos e qualidades espirituais, mas não pode levar consigo más qualidades, pois a maldade não tem existência própria; ela é apenas a falta de bondade. A fim de esclarecer melhor este assunto, consideremos os seguintes exemplos. Notamos que a escuridão não tem existência real; é a ausência de luz. Com a pobreza ocorre 12
  • 25. o mesmo; um homem pobre não pode dizer que ele carrega sua pobreza consigo. O que ele tem é muito pouco dinheiro. Não existe um padrão para medir pobreza; ela somente pode ser definida como falta de riquezas, e é medida pelo padrão de riqueza. Uma pessoa má pode ser definida como alguém que tem muito poucas qualidades boas. Sua alma está empobrecida e, portanto, ela pode levar consigo apenas uma porção muito pequena de bondade para os mundos espirituais de Deus. O grau do progresso de uma alma nos mundos espirituais de Deus depende da medida em que o indivíduo adornou seu ser com “os ornamentos de um caráter bondoso e de virtudes louváveis”. Esta é a razão principal pela qual Deus tem enviado Seus Manifestantes, para que possam lançar luz sobre o caminho do homem nesta vida e mostrar-lhe como adquirir qualidades espirituais e atributos celestiais. Vimos que estes atributos, que podem ser comparados a membros e órgãos espirituais, são necessários no próximo mundo para o contínuo progresso de uma alma. A obediência aos ensinamentos de Deus dotarão a alma com atributos divinos e, caso contrário, a alma retornará aos reinos espirituais de Deus em um estado de perda e empobrecimento. Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláh revela estas importantes elocuções: “Se [a alma] for fiel a Deus, refletirá a Sua Luz e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar em lealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu e da paixão, em cujas profundidades, finalmente, mergulhará.”10 13
  • 26. “Bem-aventurado o homem que tiver volvido a face a Deus e seguido firmemente em Seu amor, até que sua alma tenha alçado vôo a Deus, o Senhor Soberano de todos, o Mais Poderoso, a Eterna Clemência, o Todo-Misericordioso.”11 14
  • 28. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Criação do Ser Humano Grau a Ser Atingido A Alma – Sinal de Deus Grau a Ser Atingido no Mundo do Além Progresso Contínuo Capacidade para Conhecer a Deus Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore A Alma após a Morte Associação das Almas nos Planos do Além Os textos a seguir apresentados foram selecionados por Shoghi Effendi, bisneto de Bahá’u’lláh e Guardião da Fé Bahá’í, no período de 1921 a 1957. Foram por ele traduzidos do persa para o inglês, publicados em um livro que recebeu o título de Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, e desse idioma para o português, editado pela Editora Bahá’í do Brasil. O livro em questão focaliza, em 166 seções, cerca de 300 diferentes assuntos. 16
  • 29. 1. Criação do Ser Humano Todo louvor à unidade de Deus e toda honra a Ele, o Senhor soberano, o incomparável e todo-glorioso Rei do universo, Quem, da inexistência absoluta, criou a realidade de todas as coisas, Quem, do nada, trouxe para a existência os elementos mais refinados e sutis de Sua criação e, salvando Suas criaturas do rebaixamento da separação e dos perigos da extinção final, as recebeu em Seu reino de glória incorruptível. Nada menos de Sua graça, que a tudo abrange, e de Sua mercê, que a tudo penetra, poderia ter realizado isso. De outro modo, como teria sido possível o simples nada haver adquirido, por si só, o merecimento e a capacidade para emergir de seu estado de inexistência para o domínio do ser? Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e se move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta e soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção e a capacidade incomparáveis de O conhecer e amar – capacidade esta que há de ser vista como o impulso gerador e o desígnio primário que baseiam toda a criação... A luz de um de Seus nomes, Ele irradiou sobre a mais íntima realidade de cada uma das coisas criadas, fazendo dessa realidade um receptáculo da glória de um de Seus atributos. Sobre a realidade do homem, entretanto, focalizou Ele o fulgor de todos os Seus nomes e atributos e o fez um espelho de Seu próprio Ser. O homem, unicamente, dentre todas as coisas criadas, foi distinguido por tão grande favor, por uma graça tão duradoura. 17
  • 30. Essas energias das quais o Sol da generosidade Divina, a Fonte da guia celestial, dotou a realidade do homem, jazem nele latentes, todavia, assim como a chama se oculta dentro da vela e os raios de luz estão presentes, potencialmente, na lâmpada. O brilho dessas energias pode ser obscurecido por desejos terrenos, assim como a luz do sol pode se esconder sob o pó e as impurezas que encobrem o espelho. Nem a vela, nem a lâmpada podem acender-se por seus próprios esforços, sem auxílio, nem será possível jamais que o espelho, por si só, livre-se de suas impurezas. Está claro e evidente que, antes de se atear fogo, a lâmpada não será acesa, e a não ser que se apague de sua face a impureza, o espelho jamais representará a imagem do sol nem lhe poderá refletir a luz e glória.1 E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação do homem. Sabe tu que todos os homens foram criados na natureza feita por Deus, o Guardião, O que subsiste por Si próprio. A cada um se prescreveu uma medida preordenada, segundo decretam as poderosas Epístolas guardadas de Deus. Tudo o que vós possuís potencialmente, porém, só se pode manifestar como resultado de vossa própria volição.2 18
  • 31. 2. Grau a Ser Atingido Através dos Ensinamentos deste Sol da Verdade, todo homem progredirá e desenvolver-se-á até atingir o grau em que possa manifestar todas as forças potenciais de que seu mais íntimo e verdadeiro ser foi dotado. É para este próprio fim que, em cada era e dispensação, os Profetas de Deus e Seus Eleitos aparecem entre os homens e demonstram tal poder como é oriundo de Deus, e tal grandeza como somente o Eterno há de revelar.3 As alturas que o homem mortal pode atingir, neste Dia, através do mais benévolo favor de Deus, ainda não foram reveladas à sua vista. O mundo da existência jamais teve revelação igual, nem para isso possui ainda capacidade. Aproxima-se o dia, entretanto, em que as potencialidades de tão grande favor, em virtude de Seu mando, manifestar-se-ão aos homens.4 A cada coisa criada confiou Ele um sinal de Seu conhecimento, proveniente do manancial excelso e da essência de Seu favor e generosidade... Este sinal é o espelho de Sua beleza no mundo da criação. Quanto maior o esforço que se fizer para o polimento desse sublime e nobre espelho, mais fielmente se poderá fazê-lo refletir a glória dos nomes e atributos de Deus e revelar as maravilhas de Seus sinais e Seu conhecimento. ... Sem a menor dúvida, em conseqüência dos esforços que todo homem pode fazer, conscientemente, e como resultado do exercício de suas próprias faculdades espirituais, esse espelho pode a tal ponto se livrar da 19
  • 32. escória das contaminações terrenas e se purificar das fantasias satânicas, que venha a aproximar-se dos prados da santidade eterna e atingir as cortes da perene amizade.5 As potencialidades inerentes à condição do homem, a plena medida de seu destino na terra, a excelência inata de sua realidade – tudo isto se deve tornar manifesto neste Dia Prometido de Deus.6 20
  • 33. 3. A Alma – Sinal de Deus Tu Me perguntaste sobre a natureza da alma. Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóia celestial cuja realidade os mais eruditos dos homens não conseguiram apreender e cujo mistério mente alguma, por aguçada que seja, pode esperar jamais desvendar. Entre todas as coisas criadas, é a primeira a declarar a excelência de seu Criador, a primeira a Lhe reconhecer a glória, a aderir à Sua verdade e a primeira a curvar-se em adoração diante dEle. Se for fiel a Deus, refletirá a Sua Luz e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar em lealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu e da paixão, em cujas profundidades, finalmente, mergulhará.7 Em verdade digo, a alma humana é, em sua essência, um dos sinais de Deus, um mistério entre Seus mistérios. É um dos poderosos sinais do Onipotente, o precursor que proclama a realidade de todos os mundos de Deus. Dentro dela jaz oculto aquilo que o mundo atual é completamente incapaz de apreender. Pondera tu em teu coração a revelação da Alma de Deus que se insinua em todas as Suas Leis, e vê como contrasta com aquela natureza vil e apetitiva que se rebelou contra Ele, que proíbe os homens de se volverem ao Senhor dos Nomes e os impele a seguir seus desejos lascivos e maléficos. Essa alma, em verdade, andou longe no caminho do erro...8 21
  • 34. 4. Grau a Ser Atingido no Mundo do Além Tu Me perguntaste, além disso, a respeito do estado da alma após sua separação do corpo. Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiver seguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nem língua pode descrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme em Seu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poder que todos os mundos que o Onipotente criou podem ser beneficiados por seu intermédio. Esta alma, a mando do Rei Ideal e do Educador Divino, provê o levedo puro para fermentar o mundo dos seres e fornece o poder através do qual as artes e maravilhas do mundo se tornam manifestas. Considera como a farinha necessita de levedo para ser fermentada. Aquelas almas que são os símbolos do desprendimento são o fermento do mundo. Medita sobre isto e sê tu dos agradecidos. Em várias de Nossas Epístolas referimo-Nos a este tema, expondo as diversas etapas no desenvolvimento da alma. Em verdade digo, a alma humana está elevada acima de toda saída e todo regresso. É imóvel e, no entanto, voa; move-se, porém está quieta. É, em si, um testemunho que prova a existência de um mundo que é contingente, bem como a realidade de um mundo que não tem princípio nem fim. Vê como o sonho que tiveste pode, após um intervalo de muitos anos, reapresentar-se diante de teus 22
  • 35. olhos. Considera como é estranho o mistério do mundo que te aparece em teu sonho. Pondera em teu coração a inescrutável sabedoria de Deus e medita sobre suas múltiplas revelações...9 23
  • 36. 5. Progresso Contínuo E agora a respeito de tua pergunta sobre a alma do homem e sua sobrevivência após a morte. Sabe tu que, em verdade, a alma após sua separação do corpo continuará a progredir até que atinja a Presença de Deus, em uma condição e um estado que nem a revolução dos séculos e eras, nem os acasos e as vicissitudes deste mundo, poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino de Deus – Sua soberania, Seu domínio e Seu poder. Haverá de manifestar os sinais de Deus e Seus atributos, e revelar Sua benevolência e generosidade. O movimento de Minha Pena aquieta-se quando tenta descrever, de um modo digno, a sublimidade e a glória de tão excelsa condição. Tamanha é a honra da qual a Mão da Misericórdia investirá a alma, que nenhuma língua pode revelá-la adequadamente, nem qualquer outro instrumento terreno descrevê-la. Bem-aventurada a alma que, na hora de sua separação do corpo, estiver santificada das vãs imaginações dos povos do mundo. Essa alma vive e atua segundo a Vontade de seu Criador e entra no Paraíso supremo. As Donzelas do Céu, habitantes das mais elevadas mansões, circundá-la-ão e os Profetas de Deus e Seus eleitos procurarão sua companhia. Com eles essa alma conversará livremente, relatando-lhes o que teve de sofrer no caminho de Deus, o Senhor de todos os mundos. Se a alguém se disser o que é destinado a essa alma nos mundos de Deus, Senhor do trono nas alturas e do reino terrestre, todo o seu ser arderá instantaneamente em seu anseio por atingir essa condição 24
  • 37. excelsa, santificada e resplandecente... A natureza da alma após a morte não pode jamais ser descrita, nem é apropriado ou permissível revelar seu caráter plenamente aos olhos dos homens. Os Profetas e Mensageiros de Deus têm sido enviados com o fim único de guiar a humanidade ao reto Caminho da Verdade. É o intuito fundamental de Sua Revelação educar todos os homens para que possam, na hora de sua morte, ascender ao trono do Altíssimo no grau máximo de pureza e santidade, e com desprendimento absoluto. Da luz irradiada por essas almas dependem o progresso do mundo e o adiantamento de seus povos. Elas são como fermento que leveda o mundo existente; constituem a força animadora que faz manifestarem-se as artes e maravilhas do mundo. Por seu intermédio, as nuvens dispensam suas graças aos homens e a terra produz seus frutos. É mister que todas as coisas tenham uma causa, uma força motriz, um princípio animador. Essas almas, símbolos do desprendimento, têm provido e continuarão a prover o impulso supremo que move o mundo dos seres.10 25
  • 38. 6. Capacidade para Conhecer a Deus Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e se move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta e soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção e a capacidade incomparáveis de O conhecer e amar – capacidade esta que há de ser vista como o impulso gerador e o desígnio primário que baseiam toda a criação...11 Todo louvor e glória a Deus, Quem, através do poder de Sua grandeza, livrou Sua criação da nudez da inexistência e a vestiu do manto da vida. Dentre todas as coisas criadas, distinguiu Ele para Seu especial favor a pura, preciosa realidade do homem e a investiu de uma capacidade sem igual, a de O conhecer e de refletir a grandeza de Sua glória. Essa dupla distinção que lhe foi conferida limpou de seu coração a ferrugem de todo desejo vão e o tornou merecedor das vestes com que seu Criador dignou-Se cobri-lo. Valeu para salvar sua alma da miséria da ignorância.12 O primeiro e proeminente testemunho para estabelecer Sua verdade é Ele próprio. Depois deste testemunho, é Sua Revelação... Por Ele, foi cada alma dotada da capacidade de reconhecer os sinais de Deus. Como teria Ele podido, de outro modo, cumprir Seu testemunho aos homens – se sois dos que ponderam Sua Causa em seus corações?... Jamais tratará Ele a qualquer um com injustiça, nem 26
  • 39. atarefará nenhuma alma além de suas próprias forças. Ele, em verdade, é o Compassivo, o TodoMisericordioso.13 Não vos deixeis ser envolvidos nos véus densos de vossos desejos egoístas, desde que aperfeiçoei em cada um de vós a Minha criação, para que a excelência de Minha obra seja plenamente revelada aos homens. Seguese, pois, que todo homem tem sido e continuará a ser capaz, por si só, de apreciar a Beleza de Deus, o Glorificado. Se ele não tivesse sido dotado de tal capacidade, como seria chamado para responder por sua falha?14 27
  • 40. 7. Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore Sabe tu que a alma do homem está elevada acima de todas as enfermidades do corpo ou da mente e independente delas. O fato de uma pessoa enferma mostrar sinais de fraqueza é devido aos empecilhos que se interpõem entre sua alma e seu corpo, pois a própria alma fica isenta de qualquer mal do corpo. Considera a luz da lâmpada. Embora um objeto externo possa interferir em sua irradiação, a própria luz continua a brilhar sem diminuição de intensidade. Semelhantemente, cada enfermidade que aflige o corpo do homem é um obstáculo que impede a alma de manifestar seu poder e força inerentes. Ao deixar o corpo, entretanto, ela mostrará tal ascendência e revelará tamanha influência, que força alguma na terra pode igualar. Cada alma pura, evoluída e santa será dotada de tremendo poder e com júbilo extremo se regozijará. Consideremos a lâmpada que se oculta debaixo de um alqueire. Embora sua luz resplandeça, sua irradiação, no entanto, esconde-se dos homens. Do mesmo modo, consideremos o sol que está obscurecido pelas nuvens. Observemos como seu esplendor parece haver diminuído, quando, na realidade, a fonte dessa luz permanece inalterada. A alma do homem deve ser comparada a esse sol, e todas as coisas na terra, a seu corpo. Enquanto nenhum obstáculo exterior se interpõe entre eles, o corpo continuará a refletir a luz da alma em sua plenitude e a ser sustentado pelo seu poder. Logo 28
  • 41. que um véu se interpõe entre eles, porém, o brilho dessa luz parece diminuir. Consideremos outra vez o sol quando está completamente escondido atrás das nuvens. Embora a terra esteja ainda iluminada com sua luz, a medida de luz que ela recebe é, não obstante, bem reduzida. Enquanto as nuvens não se tiverem dispersado, o sol não irradiará outra vez na plenitude de sua glória. Nem a presença da nuvem, nem a sua ausência, pode afetar de modo algum o inerente esplendor do sol. A alma do homem é o sol pelo qual seu corpo é iluminado e do qual deriva seu sustento. Assim deve ela ser considerada. Vejamos, além disso, como o fruto, antes de se formar, jaz potencialmente dentro da árvore. Fosse a árvore despedaçada, nenhum sinal ou parte do fruto, por menor que fosse, poderia ser percebido. Ao aparecer, porém, como já observaste, manifesta-se em sua admirável beleza e gloriosa perfeição. Certas frutas, de fato, atingem seu mais pleno desenvolvimento só depois de serem tiradas da árvore.15 29
  • 42. 8. A Alma após a Morte É claro e evidente que, quando tiverem sido rompidos os véus que ocultam as realidades das manifestações dos Nomes e Atributos de Deus, ainda mais, de todas as coisas criadas, visíveis ou invisíveis, nada permanecerá senão o Sinal de Deus – sinal este que Ele, Ele próprio, pôs dentro dessas realidades. Esse sinal perdurará tanto tempo quanto for o desejo do Senhor teu Deus, o Senhor dos céus e da terra. Se são estas as bênçãos conferidas a todas as coisas criadas, quão superior há de ser o destino do verdadeiro crente, cuja existência e vida devem ser consideradas o propósito originador de toda a criação. Assim como o conceito da fé existe desde o princípio que não tem princípio e perdurará até o fim que não tem fim, do mesmo modo o verdadeiro crente haverá de viver e perdurar eternamente. Seu espírito para todo o sempre circulará em volta da Vontade de Deus. Ele durará tanto tempo quanto Deus mesmo durar. Através da Revelação de Deus, ele se revela e a Seu mando se oculta. Torna-se evidente que as mais sublimes mansões no Reino da Imortalidade foram ordenadas como a morada daqueles que verdadeiramente acreditam em Deus e em Seus sinais. A morte jamais poderá invadir aquele sagrado assento. Assim confiamos Nós a ti os sinais de teu Senhor, para que perseveres em teu amor por Ele e sejas dos que compreendem esta verdade.16 O mundo do além é tão diferente deste mundo como este o é do mundo da criança ainda no ventre materno. 30
  • 43. Quando a alma atingir a Presença de Deus, assumirá a forma que melhor convier à sua imortalidade e for digna de sua morada celestial.17 Ó Meus servos! Não vos entristeçais se, nestes dias e neste plano terreno, coisas contrárias aos vossos desejos tiverem sido ordenadas e manifestadas por Deus, pois seguramente vos esperam dias de extasiante felicidade, de deleite celestial. Mundos santos, espiritualmente gloriosos, desvendar-se-ão diante de vossos olhos. Sois destinados por Ele, neste mundo e no vindouro, a participar de seus benefícios, a obter um quinhão de suas alegrias e receber uma porção de sua graça sustentadora. A cada um destes, indubitavel-mente, atingireis.18 Sabe tu que todo ouvido que ouve, se for conservado puro e sem corrupção, deve, em todos os tempos e de todas as direções, escutar a voz que pronuncia estas palavras sagradas: “Verdadeiramente, somos de Deus e a Ele haveremos de regressar”. Os mistérios da morte física do homem e de seu regresso não foram divulgados e ainda permanecem sem serem lidos. Pela retidão de Deus! Se fossem revelados, causariam tamanho medo e tristeza que alguns pereceriam, enquanto outros se regozijariam a ponto de desejarem a morte e suplicarem com incessante ânsia, ao Deus Uno e Verdadeiro – exaltada seja Sua glória – que lhes apressasse o fim. A morte oferece a todo crente confiante a taça que é a vida, em verdade. Confere júbilo e é portadora de contentamento. Concede a dádiva da vida eterna. 31
  • 44. Para aqueles que têm saboreado o fruto da existência terrena do homem, o qual é o reconhecimento do Deus Uno e Verdadeiro – exaltada seja Sua glória – a vida no além é tal como não podemos descrever. Conhecê-la cabe, tão somente, a Deus, o Senhor de todos os mundos.19 ... a alma, após sua separação do corpo, continuará a progredir até que atinja a Presença de Deus, em uma condição e em um estado que nem a revolução dos séculos e eras, nem os acasos e vicissitudes deste mundo, poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino de Deus – Sua soberania, Seu domínio e Seu poder.20 Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiver seguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nem língua pode descrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme em Seu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poder que todos os mundos que o Onipotente criou podem ser beneficiados por seu intermédio.21 32
  • 45. 9. A Associação das Almas nos Planos do Além E agora, no tocante à tua pergunta se as almas humanas continuarão a ser conscientes uma da outra, após sua separação do corpo. Sabe tu que as almas do povo de Bahá que tiverem entrado e se estabelecido dentro da Arca Carmesim, haverão de se unir e comungar intimamente umas com as outras, estando tão estreitamente associadas em suas vidas – em suas aspirações, seus objetivos e esforços, que serão como uma só alma. ... O povo de Bahá, os habitantes da Arca de Deus, são, todos eles, bem conscientes do estado e da condição um do outro, e estão unidos por laços de íntima amizade.22 Bem-aventurada a alma que, na hora de sua separação do corpo, estiver santificada das vãs imaginações dos povos do mundo. Essa alma vive e atua segundo a Vontade de seu Criador e entra no Paraíso supremo. As Donzelas do Céu, habitantes das mais elevadas mansões, circundála-ão e os Profetas de Deus e Seus eleitos procurarão sua companhia. Com eles, essa alma conversará livremente, relatando-lhes o que teve de sofrer no caminho de Deus, o Senhor de todos os mundos. ... A natureza da alma após a morte não pode jamais ser descrita, nem é apropriado ou permissível revelar seu caráter plenamente aos olhos dos homens. Os Profetas e Mensageiros de Deus têm sido enviados com o fim único de guiar a humanidade ao reto Caminho da Verdade. 33
  • 46. É o intuito fundamental de Sua Revelação educar todos os homens para que possam, na hora de sua morte, ascender ao trono do Altíssimo no grau máximo de pureza e santidade, e com desprendimento absoluto.23 34
  • 48. 1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito 2. As Duas Naturezas do Ser Humano 3. O Espírito e a Mente Existem desde o Princípio 4. O Aparecimento do Espírito no Corpo 5. A Relação entre Deus e a Criatura 6. O Espírito Santo – o Poder Mediador entre Deus e o Homem 7. A Imortalidade do Espírito – I 8. A Imortalidade do Espírito – II 9. A Evolução do Espírito 10. A Vida Eterna e a Entrada no Reino de Deus 11. O Destino 12. O Livre Arbítrio 13. O Propósito da Jornada da Alma para Deus 14. Planejando o Futuro 36
  • 49. 1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito Há no mundo da humanidade três graus: o do corpo, o da alma e o do espírito. O corpo é o estágio físico ou animal do homem. Do ponto de vista do corpo, o homem é participante do reino animal. Os corpos dos homens e dos animais são compostos de elementos ligados pela lei da atração. Como o animal, o homem possui as faculdades dos sentidos, está sujeito ao calor, ao frio, à fome, à sede, etc.; diferentemente do animal, o homem tem alma racional, a inteligência humana. Essa inteligência humana é o intermédio de seu corpo e seu espírito. Quando o homem permite ao espírito, através da alma, iluminar seu entendimento, então ele contém toda a Criação; porque o homem, sendo a culminância de tudo o que veio antes e, assim, superior a todas as evoluções precedentes, contém todo o mundo inferior dentro de si próprio. Iluminada pelo espírito através do veículo da alma, a inteligência radiante do homem transforma-o no ponto sublimado da Criação. Mas, por outro lado, quando o homem não abre a mente e o coração às bênçãos do espírito, e sim inclina a alma para o lado material, em direção à parte corporal de sua natureza, então ele desce de sua alta posição e torna-se inferior aos habitantes do mais baixo reino animal. Neste caso, o homem está numa triste situação! Pois, se as qualidades espirituais da alma, aberta ao sopro 37
  • 50. do Espírito Divino, nunca são usadas, tornam-se atrofiadas, debilitadas, e, por fim, incapazes; enquanto que, exercitadas somente as qualidades materiais da alma, estas fazem-se terrivelmente poderosas – e o homem infeliz e desencaminhado torna-se mais selvagem, mais injusto, mais vil, mais cruel, mais malevolente do que os próprios animais inferiores. Fortalecidos todos os desejos e aspirações pelo lado inferior da natureza da alma, ele se embrutece cada vez mais, até que todo o seu ser em nada supera os animais, que perecem. Homens assim planejam fazer o mal, ferir e destruir; não têm absolutamente o espírito da compaixão Divina, pois a qualidade celestial da alma foi dominada pela qualidade material. Se, ao contrário, a natureza espiritual da alma é tão fortalecida que subjuga o lado material, então o homem aproxima-se do Divino; sua natureza humana vem a ser tão glorificada que as virtudes da Assembléia Celestial nele se manifestam; ele irradia a Misericórdia de Deus, estimula o progresso espiritual da raça humana, pois se transforma numa lâmpada para lhe iluminar o caminho. Percebeis como a alma é mediadora de corpo e espírito. De maneira semelhante, é esta árvore * intermediária de semente e fruto. Quando o fruto da árvore aparece e fica maduro, então sabemos que ela é perfeita; se a árvore não produz fruto, terá simplesmente crescimento inútil, sem nenhum proveito. Quando a alma tem em si a vida do espírito, então ela produz bom fruto e converte-se numa árvore Divina. Desejo que tenteis compreender este exemplo. Espero 38
  • 51. que a inexprimível bondade de Deus vos fortaleça a tal ponto que a qualidade celestial de vossa alma, a qual a relaciona com o espírito, domine para sempre o lado material, governando os sentidos tão completamente que vossa alma se aproxime das perfeições do Reino Celestial. Que vossas faces, firmemente voltadas para a Luz Divina, tornem-se tão luminosas que todos os vossos pensamentos, palavras e obras brilhem com a Radiância Espiritual de vossas almas, de tal modo que nas reuniões do mundo mostreis perfeição em vossas vidas. Certas pessoas ocupam-se unicamente com as coisas deste mundo; suas mentes são tão limitadas por aparências e interesses tradicionais que ficam cegas a qualquer outro plano de existência, ao sentido espiritual de todas as coisas! Pensam e sonham com fama terrena, com progresso material. Prazeres sensuais e ambientes confortáveis circunscrevem seu horizonte, suas mais altas ambições concentram-se no sucesso das condições e circunstâncias mundanas! Não reprimem suas mais baixas inclinações; comem, bebem e dormem! Como o animal, não pensam senão no próprio bem-estar físico. É verdade que essas necessidades devem ser atendidas. A vida é um fardo que deve ser carregado enquanto estamos na terra, mas não devemos permitir que os cuidados com as coisas inferiores da vida monopolizem todos os nossos pensamentos e aspirações. As ambições do coração devem ascender a um objetivo mais glorioso, a atividade mental deve alçar-se a níveis mais altos! O homem deve manter na alma a visão da perfeição celestial * Uma pequena laranjeira sobre a mesa. 39
  • 52. e lá preparar uma morada para a inexaurível generosidade do Espírito Divino. Que vossa ambição seja a conquista da civilização Celestial sobre a terra! Peço para vós a bênção suprema, a fim de que sejais tão plenos de vitalidade do Espírito Celestial que vos torneis a causa de vida ao mundo.1 40
  • 53. 2. As Duas Naturezas do Ser Humano Hoje é um dia de regozijo em Paris! Celebra-se o festival de “Todos os Santos” (1o de novembro). Por que julgais que essas pessoas eram chamadas “Santos”? A palavra tem um significado muito real. Santo é quem leva uma vida de pureza, quem se libertou de todas as imperfeições e fraquezas humanas. No homem há duas naturezas: a superior, ou espiritual, e a inferior, ou material. Em uma, ele se aproxima de Deus, na outra, vive somente para o mundo. Sinais de ambas as naturezas encontram-se nos homens. No aspecto material, ele manifesta falsidade, crueldade e injustiça; tudo isto é efeito de sua natureza inferior. Os atributos de sua natureza Divina são expressos em amor, misericórdia, bondade, verdade e justiça, os quais são todos manifestações de sua natureza superior. Todos os bons costumes, todas as qualidades nobres, pertencem à natureza espiritual do homem, enquanto que todas as suas imperfeições e ações pecaminosas nascem de sua natureza material. Quando a natureza Divina do homem domina sua natureza material, temos um santo. O homem tem o poder de fazer tanto o bem quanto o mal; se seu poder para o bem predomina e suas inclinações para fazer o mal são vencidas, então o homem, na verdade, pode ser chamado de santo. Mas se, ao contrário, rejeita as coisas de Deus e permite que suas paixões maléficas o dominem, então ele não é melhor do que um simples animal. 41
  • 54. Santos são os homens que se libertaram do mundo da matéria e que sobrepujaram o pecado. Vivem no mundo, mas não lhe pertencem, estando seus pensamentos sempre no plano do espírito. Suas vidas são passadas em santidade e seus atos produzem amor, justiça e piedade. Eles são iluminados do alto; são quais lâmpadas brilhantes e reluzentes nos lugares escuros da terra. Esses são os santos de Deus. Os apóstolos, que foram os discípulos de Jesus Cristo, eram exatamente como os outros homens; eles, como seus companheiros, eram atraídos pelas coisas do mundo e cada qual pensava apenas em seu próprio interesse. Pouco conheciam da justiça, nem as perfeições divinas eram encontradas em seu meio. Mas, quando seguiram Cristo e nEle acreditaram, sua ignorância deu lugar à compreensão, a crueldade foi transformada em justiça, a falsidade, em verdade e a treva, em luz. Tinham sido do mundo; tornaram-se espirituais e divinos. Tinham sido filhos da escuridão; tornaram-se filhos de Deus, tornaram-se santos! Diligenciai, portanto, em seguir os seus passos, deixando para trás todas as coisas do mundo e lutando para alcançar o Reino Espiritual. Rogai a Deus para que vos fortaleça na virtude divina, a fim de que sejais como anjos no mundo e fachos de luz descobrindo os mistérios do Reino àqueles compreensivos de coração. Deus enviou Seus Profetas ao mundo para ensinarem e iluminarem o homem, para lhe explicarem o mistério do Poder do Espírito Santo, para lhe habilitarem a refletir a luz e, por sua vez, serem a fonte de orientação ao próximo. 42
  • 55. Os Livros Celestiais – a Bíblia, o Alcorão e os demais Escritos Sagrados – foram concedidos por Deus como guias nas sendas da virtude Divina, do amor, da justiça e da paz. Conseqüentemente, eu vos digo que vos esforceis para seguirdes os conselhos desses Livros Abençoados e de tal modo ordenardes vossas vidas para que possais, seguindo os exemplos que vos foram demonstrados, tornar-vos, vós próprios, os santos do Altíssimo.2 43
  • 56. 3. O Espírito e a Mente Existem desde o Princípio O princípio da existência do homem no globo terrestre é comparável à sua formação no ventre materno. Ele aqui cresce e se desenvolve até o nascimento, e depois continua a crescer e a desenvolver-se até alcançar o discernimento e a maturidade. Embora desde a infância apareçam no homem os sinais do intelecto e do espírito, estes não chegam logo à perfeição, estando de início imperfeitos. Só quando o homem atinge a maturidade é que a mente e o espírito se revelam com a máxima perfeição. A formação do homem no ventre do mundo foi análoga à do embrião. Este progride gradativamente, crescendo e se desenvolvendo até atingir a maturidade, quando o intelecto e o espírito se revelam em todo seu poder. No começo de sua formação, já existem a mente e o espírito, porém ocultos, sendo que só mais tarde se manifestam. Também no homem, no ventre do mundo, existem, desde o princípio, mente e espírito, mas estão ocultos e só mais tarde se tornam manifestos. De modo idêntico, a árvore existe na semente, porém oculta, só se revelando à medida que a semente se desenvolve e cresce. Assim, o desenvolvimento de todos os seres é gradativo, de acordo com a organização divina universal, o sistema natural. A semente não se torna logo árvore; não é num instante que o embrião se transforma em homem; o mineral não se torna, de repente, pedra. Não, crescem e se desenvolvem gradativamente até atingirem o limite de sua perfeição. 44
  • 57. Todos os seres, sejam grandes ou pequenos, foram criados perfeitos e completos desde o princípio, mas suas perfeições só vão se manifestando aos poucos. A organização de Deus é una; a evolução da existência é una; é uno o sistema divino. Sejam pequenos ou grandes, todos os seres estão sujeitos a uma mesma lei e sistema. Cada semente, por exemplo, tem dentro de si, desde o princípio, todas as perfeições vegetais, mas não de modo visível; depois, pouco a pouco, elas vão surgindo à luz. Assim, da semente primeiro surge o broto, depois os ramos, as folhas, as flores e os frutos, mas isso tudo, desde o começo de sua existência, está na semente, embora em potencial apenas, e não visível. De igual modo, o embrião possui desde o princípio todas as perfeições – o espírito, a mente, a vista, a olfação, a gustação – enfim, todas as faculdades, porém elas não se acham visíveis, só aos poucos vindo a manifestarem-se.3 45
  • 58. 4. O Aparecimento do Espírito no Corpo A razão do aparecimento do espírito no corpo é a seguinte: o espírito humano é-nos confiado por Deus e necessita passar por todas as condições da existência, a fim de adquirir suas perfeições. Assim, quando um homem viaja e visita vários países e regiões, estudandoos sistematicamente, com método, vem a se aperfeiçoar, porque verá diversos lugares e cenas, e destarte descobrirá condições existentes nos outros países. Tornar-se-á conhecedor de sua geografia, suas maravilhas e artes, familiarizando-se com os hábitos e costumes dos povos; constatará a civilização e o progresso da época; adquirirá conhecimento da orientação dos governos, e do poder e da capacidade de cada país. O mesmo sucede quando o espírito humano atravessa as várias condições da existência: alcança novos graus e estados. Até mesmo no corpo, pode, seguramente, adquirir perfeições. Além disso, é necessário que apareçam neste mundo os sinais da perfeição do espírito, não só para que sejam produzidos entre as criaturas inúmeros efeitos como também para que esse corpo receba vida e manifeste as graças divinas. Os raios do sol devem brilhar sobre a terra e, assim, graças ao seu calor, os seres terrestres desenvolver-se-ão; caso contrário, este planeta ficaria inabitado, não progrediria, nem teria razão de ser. Da mesma maneira, a menos que se manifestassem no mundo as perfeições do espírito, nenhuma iluminação existiria; a brutalidade é que haveria de dominar. É só 46
  • 59. quando o espírito se revela em forma física que o mundo é iluminado. Justamente como o corpo humano tem no espírito a causa da sua vida, também o mundo, como se fosse o corpo, depende do homem, o qual, por assim dizer, serve-lhe de espírito. Se não fosse o homem, não se veriam as perfeições espirituais, nem resplandeceria no mundo a luz da inteligência. Este mundo seria, em verdade, um corpo sem alma. Podemos comparar o mundo, também, a uma árvore frutífera, e o homem a seu fruto, sem o qual a árvore nenhuma utilidade teria. Além disso, essa composição – esses membros e elementos encontrados no organismo humano – agem como ímã para atrair o espírito; fatalmente, o espírito tem de se manifestar aí. Sem a menor dúvida, um espelho límpido deve atrair os raios do sol, tornando-se luminoso e refletindo admiráveis imagens. Assim, esses elementos existentes, ao serem reunidos segundo a ordem natural, com perfeita força, tornar-se-ão um ímã para o espírito, o qual se manifestará neles com todas as suas perfeições. Não se pode perguntar, então: “Que necessidade têm os raios solares de descer ao espelho?” Pois a relação que existe entre as realidades das coisas, sejam espirituais, sejam materiais, implica no reflexo da luz solar no espelho quando este se ache límpido e voltado para o sol. De igual modo, quando os elementos estiverem dispostos e combinados de determinada maneira, segundo o mais glorioso sistema e a mais perfeita organização, neles se manifestará o espírito humano. Assim decretou o Poderoso, o Sábio.4 47
  • 60. 5. A Relação entre Deus e a Criatura A relação entre Deus e as criaturas é a que existe entre um criador e sua criação; é semelhante àquela que há entre o sol e a escuridão dos seres contingentes; é a relação entre o artífice e as coisas por ele feitas. O sol em sua própria essência é independente dos corpos que ilumina, pois sua luz lhe é inerente, nada tendo que ver com o globo terrestre. Nosso planeta sim, está sob a influência do sol, dele recebendo sua luz; o sol e seus raios, porém, são inteiramente independentes da terra. De fato, sem o sol, não poderia existir nem a terra, nem um só dos seres terrestres. As criaturas dependem, pois, de Deus, e essa dependência é por emanação. Isto é, as criaturas emanam de Deus, e não O manifestam; a relação é de emanação, e não de manifestação, assim como a luz emana do sol, mas não o manifesta. É isto que se entende por emanação: é como o aparecimento dos raios daquele astro que ilumina os horizontes do mundo. A santa essência do Sol da Verdade não se divide, nem desce às condições das criaturas, assim como o globo solar não se divide nem desce para a terra; apenas seus raios, que são suas graças, emanam e iluminam os corpos escuros.5 48
  • 61. 6. O Espírito Santo – O Poder Mediador entre Deus e o Homem A Realidade Divina é Inconcebível, Ilimitada, Eterna, Imortal e Invisível! O mundo da criação é limitado pela lei natural; é finito e mortal. A Infinita Realidade não pode ser expressa na concepção de subir ou descer. Está além da compreensão do homem e não pode ser descrita em termos que se aplicam à esfera dos fenômenos do mundo da criação. O homem, pois, tem extrema necessidade do único Poder por meio do qual é capacitado para receber ajuda da Realidade Divina, o único Poder que o coloca em contato com a Fonte de toda a vida. É necessário um intermediário para unir dois extremos um ao outro. Riqueza e pobreza, abundância e carência: sem um poder intermediário nenhuma relação poderia haver entre estes dois pares de opostos. Assim, podemos dizer que deve existir um Mediador entre Deus e o Homem, e este não é senão o Espírito Santo, que põe a terra criada em relação com o “Ser Inconcebível”, a Realidade Divina. A Realidade Divina pode ser comparada com o sol, e o Espírito Santo, com os raios do sol. Como os raios do sol trazem a luz e o calor do sol à terra, dando vida a todos os seres criados, assim os Manifestantes (de Deus) 49
  • 62. trazem do Sol Divino da Realidade o poder do Espírito Santo para dar luz e vida às almas dos homens. Vede: há um mediador necessário entre o sol e a terra; o sol não desce à terra, nem a terra sobe ao sol. Este contato é feito pelos raios do sol que trazem luz e calor. O Espírito Santo é a Luz do Sol da Verdade, trazendo, por seu infinito poder, vida e iluminação a toda a humanidade, inundando todas as almas com Resplendor Divino, transmitindo ao mundo inteiro as bênçãos da Misericórdia de Deus. A terra, sem mediação do calor e da luz dos raios do sol, nenhum benefício pode receber do sol. Do mesmo modo, o Espírito Santo é a própria causa da vida do homem; sem o Espírito Santo ele não teria intelecto, seria incapaz de adquirir conhecimento científico, por meio do qual obtém grande influência sobre o resto da criação. A iluminação do Espírito Santo dá ao homem o poder do pensamento e habilita-o a fazer descobertas por meio das quais submete as leis da natureza à sua vontade. É o Espírito Santo que, através da mediação dos Profetas de Deus, ensina as virtudes celestiais ao homem e capacita-o a alcançar a Vida Eterna. Todas essas bênçãos são trazidas ao homem pelo Espírito Santo; conseqüentemente, podemos compreender que o Espírito Santo é o Intermediário entre Criador e criatura. A luz e o calor do sol fazem com que a terra seja frutífera e criam vida em todas as coisas que crescem; e o Espírito Santo vivifica as almas dos homens. 50
  • 63. Os dois grandes apóstolos, São Pedro e São João, o Evangelista, foram trabalhadores simples e humildes, lutando pelo pão de cada dia. Pelo Poder do Espírito Santo, suas almas foram iluminadas e eles receberam as bênçãos eternas do Senhor Cristo.6 51
  • 64. 7. A Imortalidade do Espírito – I Os Livros Sagrados falam da imortalidade do espírito: é a base fundamental das religiões divinas. Dizem haver duas espécies de recompensas e punições: as desta vida e as do outro mundo. Em todos os mundos de Deus, seja neste ou nos mundos celestiais, espirituais, há paraíso e há inferno. Ganhar as recompensas é ganhar a vida eterna. Por isso Cristo disse que se deveria pelos atos merecer atingir a vida eterna e, nascendo da água e do espírito, entrar no Reino do Céu. As recompensas desta vida são as virtudes e perfeições que adornam o homem. Por exemplo, ele está submerso em trevas e torna-se luminoso; tem pouco conhecimento, e adquire sabedoria; é descuidado, e tornase vigilante; adormecido, e desperta; morto, e ressuscita; é cego, e adquire a visão; surdo, e ganha o poder de ouvir; de homem terreno, transforma-se em homem celestial; de materialista, em homem de espiritualidade. Em virtude de tais recompensas, alcança o nascimento espiritual; fazse nova criatura. É-lhe aplicável, pois, o versículo do Evangelho que diz, com referência aos discípulos: “Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus.”7 Equivale a dizer: libertaram-se das qualidades animais que caracterizam a natureza humana e adquiriram as divinas, as graças de Deus. É isso que significa o segundo nascimento. Para essas almas, não há maior tortura que a de serem excluídas de Deus, nem existe punição mais severa do que a de serem dominadas pelos vícios sensuais 52
  • 65. e desejos da carne, e estigmatizadas por baixezas e indignidades. Quando, graças à luz da fé, elas se libertam da escuridão de tais vícios, sendo iluminadas pelo esplendor do Sol da Realidade e enobrecidas por todas as virtudes, nisso vêem sua maior recompensa – nisso reconhecem o verdadeiro paraíso. Da mesma maneira, elas consideram a punição espiritual, isto é, a tortura ou o castigo da existência, como equivalente a estar sujeito ao mundo da natureza, a ser privado de Deus, a ser brutal e ignorante, dominado pela luxúria, absorvido pela fraqueza animal, caracterizado por más tendências, tais como a tirania, a crueldade, a mentira, o apego às coisas deste mundo e a sujeição a idéias satânicas. Para essas almas, tudo isso constitui a maior tortura, a mais severa punição. De modo semelhante, as recompensas do outro mundo são a vida eterna mencionada claramente em todos os Livros Sagrados, as perfeições e as graças divinas, e a eterna felicidade; são as perfeições e a paz alcançadas no domínio espiritual, após se haver deixado este mundo, assim como as recompensas desta vida são as verdadeiras perfeições luminosas obtidas neste mundo e causadoras da vida eterna, pois nelas consiste o próprio progresso da existência. Tal como sucede quando o homem passa do estado embrionário para o da maturidade e assim se torna a manifestação destas palavras: “Abençoado seja Deus, o melhor dos criadores”. As recompensas do outro mundo são, pois, a paz, as graças espirituais, as várias * Um farsakh é equivalente a quatro milhas, aproximadamente. 53
  • 66. dádivas espirituais no Reino de Deus, a realização dos desejos da alma e do coração, e o encontro com Deus no mundo da eternidade; justamente como, por outro lado, as punições ou torturas do outro mundo consistem em achar-se destituído das bênçãos divinas especiais e graças absolutas, e em degradar-se aos graus inferiores da existência. Quem se priva destes favores divinos, embora continue a existir após sua partida deste mundo, é, no entanto, considerado pelo povo da verdade como sendo um morto. ...8 54
  • 67. 8. A Imortalidade do Espírito – II Observamos que tanto o poder de entendimento como a capacidade de ação do espírito humano são de duas categorias; isto é, o espírito percebe e age de duas maneiras diferentes: uma, por meio de instrumentos ou órgãos, como, por exemplo, vê com os olhos, ouve com os ouvidos, fala com a língua. Tal é a percepção do homem – do espírito humano – e tal é seu modo de agir, por meio de órgãos. É o espírito quem vê, sendo os olhos o instrumento; o espírito, quem ouve, por meio dos ouvidos; o espírito, quem fala, por intermédio da língua. A outra maneira pela qual o espírito manifesta seus poderes de perceber e agir não depende dos órgãos. Por exemplo, durante o sono, vê sem precisar de olhos, ouve sem usar os ouvidos, fala sem língua e move-se sem pés. Estas ações não dependem de instrumentos e órgãos. Quantas vezes acontece, durante o sono, a percepção, pelo espírito, de um sonho cujo significado se torna claro uns dois anos depois, ao sucederem os fatos correspondentes. Assim também, quantas vezes acontece, no mundo dos sonhos, a resolução de um problema insolúvel no estado de vigília. Acordado, o homem enxerga com os olhos apenas uma pequena distância, ao passo que, em sonho, pode do oriente ver o ocidente. Acordado, vê o presente, enquanto dormindo, vê o futuro. Acordado o homem viaja, por meios rápidos, apenas vinte farsakhs* por hora; em sono, num abrir e fechar de olhos, atravessa o mundo, de leste a oeste. O espírito, pois, viaja de dois modos: sem meios, sendo esta uma viagem 55
  • 68. espiritual, e com meios, no caso de uma viagem material, assim como um pássaro pode voar ou ser transportado. Enquanto adormecido, o corpo parece morto: não vê, nem ouve; não sente, não tem consciência ou percepção; seus poderes estão inativos. O espírito, entretanto, vive, subsiste; ainda mais, sua penetração é aumentada, seu vôo é de maior alcance, sua inteligência é superior. Imaginar que o espírito pereça ao morrer o corpo é como imaginar que o pássaro morra ao quebrar-se-lhe a gaiola. Nada tem o pássaro que recear, porém, com a destruição da gaiola. Nosso corpo é apenas a gaiola, enquanto o espírito é o pássaro. Vemos que esse pássaro voa no domínio do sono, sem a gaiola; portanto, se esta for quebrada, ele continuará a existir e seus sentimentos serão até mais poderosos, suas percepções, mais agudas e sua felicidade, maior.9 56
  • 69. 9. A Evolução do Espírito Não existe repouso absoluto na natureza. Todas as coisas ou fazem progresso ou regridem. Tudo se move, para diante ou para trás; nada há sem movimento. A partir do nascimento, o homem progride fisicamente até atingir a maturidade e então, tendo chegado ao vigor da vida, começa a declinar; a força e as energias do corpo decrescem e ele, gradualmente, chega à hora da morte. Da mesma maneira, a planta se desenvolve da semente à maturidade e então sua vida começa a reproduzir-se até que murcha e morre. Um pássaro voa até certa altura e, havendo alcançado o mais alto ponto possível em seu vôo, começa a descer à terra. Assim, é evidente que o movimento é essencial a toda a existência. Todas as coisas materiais progridem até certo ponto e então começam a declinar. Esta é a lei que governa toda a criação física. Agora, consideremos a alma. Vimos que o movimento é essencial à existência; nenhuma coisa que tem vida é imóvel. Toda a criação, seja do reino mineral, vegetal ou animal, é compelida a obedecer à lei do movimento; deve subir ou descer. Mas com a alma humana não há declínio. Seu único movimento é em direção à perfeição; somente o desenvolvimento e o progresso constituem o movimento da alma. A perfeição divina é infinita; por conseguinte, o progresso da alma também é infinito. Desde o próprio nascimento de um ser humano a alma progride, o intelecto se desenvolve e o conhecimento aumenta. 57
  • 70. Quando o corpo morre, a alma continua vivendo. Todos os diferentes graus dos seres físicos criados são limitados, mas a alma é ilimitada. ... No mundo do espírito não há retrocesso. O mundo da mortalidade é um mundo de contradições, de opostos; sendo o movimento compulsório, tudo deve ir para a frente ou retrair-se. No reino do espírito não há recuo possível, todo o movimento é obrigado a seguir em direção a um estado perfeito. “Progresso” é a expressão do espírito no mundo da matéria. A inteligência do homem, seu poder de raciocínio, seu conhecimento, suas conquistas científicas, sendo manifestações do espírito, participam, todos eles, da lei inevitável do progresso espiritual e são, por isso, necessariamente imortais. ... Toda a criação física é perecível. Os corpos materiais são compostos de átomos; quando esses átomos começam a separar-se, a decomposição se estabelece e então vem o que chamamos morte. Essa composição de átomos, que constitui o corpo ou o elemento mortal de qualquer ser criado, é temporária. Quando a força de atração que mantém unidos esses átomos é retirada, o corpo, como tal, deixa de existir. Com a alma é diferente. A alma não é uma combinação de elementos, não é composta de muitos átomos, é de uma substância indivisível e é, pois, eterna. Está inteiramente fora da ordem de criação física; é imortal! A filosofia científica demonstra que um elemento simples (“simples” significando “não composto”) é indestrutível, eterno. A alma, não sendo uma composição de elementos, é, por sua característica, assim como um elemento simples e, portanto, não pode deixar de existir. 58
  • 71. A alma, sendo de uma só substância indivisível, não pode sofrer desintegração nem destruição; portanto, nenhuma razão há para que chegue ao fim. Todas as coisas viventes mostram sinais de sua existência e disso se deduz que esses sinais não poderiam existir por si mesmos se o que eles expressam ou testemunham não tivesse existência. Os múltiplos sinais da existência do espírito estão constantemente diante de nós. ... Considerai o propósito da criação: será possível que tudo seja criado para evoluir e desenvolver-se através dos tempos, tendo em vista esta pequena finalidade – uns poucos anos de vida do homem na terra? Não é inconcebível que isto seja o objetivo final da existência? ... Cessa o homem de existir quando deixa o corpo? Se sua vida chega ao fim, então toda a evolução precedente é inútil, sem objetivo algum! Pode-se imaginar que a Criação não tenha maior propósito do que este? A alma é eterna, imortal. ... A inabilidade da mente materialista para entender a idéia da Vida Eterna não é prova da inexistência dessa vida. A compreensão dessa outra vida depende do nosso conhecimento espiritual!10 59
  • 72. 10. A Vida Eterna e a Entrada no Reino de Deus Perguntastes sobre a vida eterna e a entrada no Reino. A expressão usada para indicar o Reino é céu, mas isso é apenas uma figura, ou modo de dizer, e não uma realidade ou fato. O Reino aqui não é um lugar material, pois transcende o tempo e o espaço. É um mundo espiritual, divino, o centro da soberania de Deus; é independente do corpo e daquilo que é corpóreo, e sua pureza e santidade pairam acima de toda a imaginação humana. Ser limitado pelo espaço é próprio dos corpos e não dos espíritos. Espaço e tempo envolvem o corpo, mas não a mente ou o espírito. Vemos o corpo do homem confinarse a um pequeno espaço, ocupar uns dois palmos de terra, ao passo que seu espírito e sua mente viajam a todos os países e regiões, até mesmo através do ilimitado espaço dos céus, abrangendo tudo o que existe, fazendo descobertas nas mais elevadas esferas e mais infinitas distâncias. Isso é porque para o espírito não existe espaço e circunscrevê-lo é impossível. O espírito vê terra e céus como uma só coisa, fazendo em ambos as suas descobertas. O corpo, por outro lado, está restrito a um espaço e nada sabe daquilo que estiver além desse espaço. Há duas espécies de vida: a do corpo e a do espírito. A primeira é material, mas a segunda expressa a existência do Reino, depende do Espírito Divino e do sopro de vida que emana do Espírito Santo. A vida material, embora tenha existência, é, para os santos, pura inexistência; é morte absoluta. Assim, o homem existe 60
  • 73. e esta pedra também existe, mas quão diferentes a existência do homem e a da pedra! A pedra existe, mas em relação ao homem é inexistente. A vida eterna é uma graça concedida pelo Espírito Santo, assim como o ar e as brisas primaveris, são as graças da estação recebidas pela flor. Consideremos: esta flor tinha, a princípio, uma vida comparável à do mineral; ao chegar a primavera, com as graças de suas nuvens e o calor do sol ardente, atingiu outra vida, adquiriu fragrância, delicadeza e frescor. A primeira vida da flor, em comparação com a segunda, é apenas morte. Queremos dizer com isso que a vida do Reino é a do espírito, a vida eterna, pura e independente de lugar, assim como o espírito humano, que não é espacial. Se examinardes o corpo humano, não encontrareis nenhum ponto ou local destinado ao espírito, porque, sendo imaterial, nunca se localizou. Associa-se ao corpo do mesmo modo que o sol a este espelho. O sol não está dentro do espelho, mas tem com ele alguma relação. Assim também, o mundo do Reino é santificado acima de tudo o que é perceptível pela vista ou pelos outros sentidos – audição, olfato, gosto ou tato. A mente do homem, cuja existência é reconhecida, em que parte do corpo está? Se com os olhos, ouvidos ou outros sentidos examinardes o corpo, não a encontrareis; entretanto, ela existe. Portanto, a mente não é espacial, mas se associa ao cérebro. O Reino Divino também é assim. O amor não tem sede, mas está ligado ao coração. Semelhantemente, o Reino não se limita a um certo lugar, mas tem uma relação com o homem. 61
  • 74. A entrada no Reino é através do amor a Deus e do desprendimento; depende de se ser santo e casto, sincero e puro; é pela constância, pela fidelidade, e pelo sacrifício da vida. Estas explicações mostram que o homem é imortal, que vive eternamente. Para os que acreditam em Deus, que Lhe têm amor e fé, a vida é excelente, é eterna, mas para aquelas almas privadas de Deus, embora tenham vida, sua vida é obscura – comparada com a vida dos que acreditam em Deus, é inexistência. Por exemplo, os olhos e as unhas têm vida, mas a das unhas em comparação com a dos olhos equivale à inexistência. Esta pedra e este homem, ambos existem, mas a existência da pedra em comparação com a do homem é a inexistência, pois quando o homem morre, seu corpo, decompondo-se, torna-se igual à pedra ou à terra. É claro, pois, que o mineral, embora exista, é, em relação ao homem, inexistente. De modo semelhante, as almas privadas de Deus, embora existam neste mundo e no vindouro, em comparação com a santa existência dos filhos do Reino Divino, são inexistentes e afastadas de Deus.11 62
  • 75. 11. O Destino Há duas espécies de destino: uma é pré-traçada, enquanto a outra é condicionada a eventualidades. O destino pré-traçado não pode ser mudado ou alterado e o destino condicional pode ou não ocorrer. Assim, para esta lamparina, o destino decretado é que o óleo queime e se consuma. Sua extinção final é, portanto, um decreto impossível de ser mudado ou alterado, porque é uma fatalidade. Também no corpo humano foi criado um poder vital, e quando este for destruído, esgotado, o corpo decompor-se-á, do mesmo modo que a lâmpada se apaga, forçosamente, ao esgotar-se o óleo. O destino condicionado a eventualidades é comparável ao seguinte caso: há óleo ainda na lamparina, mas vem um vento muito forte e a apaga. Tal é o destino condicional. É prudente evitá-lo, proteger-se contra ele, ser cauteloso e moderado. O destino pré-traçado, porém, semelhante ao esgotamento do óleo na lamparina, não pode ser alterado – é imutável e impreterível. Tem de acontecer. Certamente a lamparina haverá de se apagar.12 63
  • 76. 12. Livre Arbítrio Essa questão é uma das mais importantes e mais abstrusas dos problemas divinos. Se Deus quiser, qualquer outro dia, ao começo do jantar daremos uma explicação minuciosa desse assunto; agora explicá-lo-emos ligeiramente, em poucas palavras, da maneira a seguir. Algumas coisas estão sujeitas ao livre arbítrio do homem, tais como a justiça e a eqüidade, ou a injustiça e a tirania, bem como todas as ações boas e más. É claro que estas ações, em sua maioria, são deixadas à vontade do homem. Há certas coisas, por outro lado, às quais o homem é forçado a submeter-se, tais como o sono, a doença, o declínio do poder, os danos e infortúnios, e a morte. Tudo isso é independente da vontade humana e, portanto, o homem não é responsável, sendo realmente forçado a suportar tais coisas. Mas na escolha de ações boas ou más, ele é agente livre; comete-as de acordo com sua própria vontade. O homem pode, por exemplo, se ele quiser, passar seu tempo louvando a Deus, ou pode ocupar-se com outros pensamentos. É-lhe possível ser uma luz acesa pelo fogo do amor divino, um filantropo, ou absorver-se com as coisas materiais, e ser um misantropo. Ele pode ser justo, como também pode ser cruel. Tudo isso está sob o controle da vontade do próprio homem, sendo ele, por conseguinte, responsável por tais atos. Surge agora outro aspecto: o homem é uma criatura fraca e dependente, pois força e poder são próprios de Deus. Tanto seu enaltecimento como sua humilhação dependem do prazer e da vontade do Altíssimo. 64
  • 77. Está escrito no Evangelho: Deus é como um oleiro que faz “um vaso para a honra e outro para a desonra”. O vaso desonrado não tem direito de censurar o oleiro e perguntar: “Por que não fizeste de mim uma taça preciosa, para ser passada de mão em mão?” Este versículo dá a entender que as condições dos seres são diferentes. Quem está no grau inferior da existência, no plano mineral, não tem o direito de queixar-se, dizendo: “Ó Deus, por que não me deste as perfeições do vegetal?” Igualmente, não compete à planta queixar-se por não lhe terem sido concedidas as perfeições do reino animal. Tampouco tem o animal o direito de se queixar porque lhe foram negadas as perfeições humanas. Não, para cada um desses seres há perfeições próprias de seu grau e todos eles devem esforçar-se por alcançá-las. Os seres inferiores, como já dissemos, não têm direito às perfeições próprias dos graus superiores, nem tampouco à incapacidade de adquiri-las. Seu progresso forçosamente limita-se ao seu próprio grau.13 65
  • 78. 13. O Propósito da Jornada da Alma para Deus A realidade fundamental desta questão é que o espírito mau, Satã ou o que quer que seja interpretado como mal, refere-se à natureza inferior do ser humano. A natureza mais baixa do homem é simbolizada de várias maneiras. Existem duas formas de expressão: uma é a expressão da natureza; a outra, a expressão do reino espiritual. O mundo da natureza é defeituoso. Observa-o atentamente, deixando de lado toda superstição e imaginação. Se deixarmos um homem não educado e bárbaro viver nas florestas da África, existiria alguma dúvida de que continuaria ignorante? Deus nunca criou um espírito mau; todas essas idéias e denominações são símbolos que expressam a natureza meramente humana ou terrena do homem. É uma condição essencial do solo da terra que espinhos, ervas daninhas e árvores infrutíferas possam dela crescer. Falando-se de uma forma relativa, isto é o mal, é simplesmente o estado mais baixo e o produto mais básico da natureza. É evidente, portanto, que o ser humano precisa de educação e inspiração divinas, que o espírito e as graças de Deus são essenciais para seu desenvolvimento. Isso quer dizer que os ensinamentos de Cristo e dos Profetas são necessários para sua educação e guia. Por quê? Porque Eles são Jardineiros divinos que cultivam o solo dos corações e das mentes humanas. Eles educam o homem, desarraigam as ervas daninhas, queimam os 66
  • 79. espinhos e remodelam os lugares agrestes em jardins e pomares onde árvores frutíferas crescem. A sabedoria e o propósito de Sua educação é que o homem possa passar de grau a grau de desenvolvimento progressivo até que a perfeição seja alcançada. ... O homem deve trilhar muitos caminhos e estar sujeito a vários processos no sentido de sua evolução. Fisicamente ele não nasce em sua estatura plena, mas passa por consecutivos estágios de feto, bebê, criança, jovem, adulto e velhice. Suponhamos que ele tivesse o poder de permanecer jovem por toda sua vida. Ele então não entenderia o significado da velhice e não poderia crer que ela existisse. Se ele não pudesse imaginar a condição da velhice, não saberia que era jovem. Não conheceria a diferença entre jovem e velho sem experimentar a velhice. Se não tiver passado pela infância, como saberia que isto a seu lado é uma criança? Se não houvesse o errado, como você reconheceria o certo? Se não fosse o pecado, como você apreciaria a virtude? Se más ações não fossem conhecidas, como você poderia louvar as boas ações? Se não existisse a doença, como entenderíamos a saúde? O mal não existe; é a ausência do bem. A doença é a perda da saúde; a pobreza, a falta de riquezas. Quando a riqueza desaparece, você está pobre, você olha dentro da caixa de tesouro mas não encontra nada. Sem conhecimento, há ignorância; portanto, ignorância é apenas a falta de conhecimento. A morte é a ausência da vida. Portanto, por um lado, nós temos existência; por outro, inexistência, negação ou ausência de existência. 67
  • 80. Em resumo, a jornada da alma é necessária. O caminho da vida é a estrada que conduz ao conhecimento e ao alcance divinos. Sem a educação e a guia, a alma jamais poderia progredir além das condições de sua natureza inferior, que é ignorante e defeituosa.14 68
  • 81. A Atitude Bahá’í diante da Morte Palavras de ‘Abdu’l-Bahá 69
  • 82. 70
  • 83. A uma mãe que perdeu o filho “Ó serva amada de Deus! Embora a perda de um filho seja verdadeiramente de partir o coração e transcenda os limites do que o ser humano pode suportar, ainda assim, a pessoa dotada de conhecimento e compreensão tem a convicção de que o filho não foi perdido, mas ao contrário, passou deste mundo a outro e ela haverá de encontrá-lo no reino divino. Essa reunião será por toda a eternidade, enquanto que aqui neste mundo a separação é inevitável – e traz consigo uma dor pungente. Louvado seja Deus por teres fé, estares com a face volvida ao Reino sempiterno e creres na existência de um mundo celestial. Portanto, não fiques desconsolada ou abatida; não suspires, não lamentes nem chores; pois a perturbação e o luto afetam-lhe profundamente a alma no domínio divino. Esse filho amado, do mundo oculto assim se dirige a ti: ‘Ó Mãe bondosa, rende graças à Providência divina por eu haver sido libertado de uma pequena e sombria gaiola e, tal qual as aves dos prados, haver alçado vôo ao mundo divino – um mundo espaçoso, iluminado e perenemente feliz e jubiloso. Por isso, não lamentes, ó Mãe, nem te consternes; não sou dos perdidos, nem fui obliterado ou destruído. Livrei-me da forma mortal e hasteei meu estandarte neste mundo espiritual. A essa separação seguir-se-á eterna comunhão. Tu me encontrarás no céu do Senhor, imerso num oceano de luz.’ ”1 71
  • 84. Aos pais, pela morte de um jovem filho “Ó vós, duas almas pacientes! Vossa missiva foi recebida. A morte daquele amado jovem e sua separação de vós causaram a máxima dor e pesar; pois ele, na flor da idade e no verdor dos anos, alçou vôo rumo ao ninho celestial. No entanto, libertou-se deste abrigo repleto de sofrimento e volveu a face em direção ao ninho eterno do Reino, e, livrando-se de um mundo escuro e exíguo, apressou-se na direção do domínio santificado da luz; nisso reside o consolo de nossos corações. A inescrutável sabedoria divina está por trás desses acontecimentos que partem o coração. É como se um jardineiro bondoso transferisse um arbusto viçoso e tenro de um local confinado para uma área muito espaçosa. Tal translado não faz o arbusto murchar, nem se atrofiar ou perecer; ao contrário, tal mudança fará com que cresça e se desenvolva, que adquira frescor e delicadeza, que obtenha verdor e dê frutos. O jardineiro bem sabe deste segredo oculto, mas as almas inconscientes destas graças supõem que ele, possuído de ira e cólera, tenha extirpado o arbusto. Não obstante, para aqueles que são cientes, este fato oculto está manifesto e tal decreto predestinado é por eles tido como uma graça. Portanto, não vos sintais consternados ou desconsolados pela ascensão deste pássaro da fidelidade; não, antes, sob todas as circunstâncias orai por esse jovem, suplicando por ele perdão, e pela exaltação de sua posição. Espero que venhais a atingir a suprema paciência, serenidade e resignação, e suplico e imploro, no Limiar 72
  • 85. da Unidade, rogando humildemente perdão e clemência. A esperança que nutro das infinitas dádivas de Deus é que Ele abrigue esse pombo do jardim da fé e o faça habitar sobre os ramos da Assembléia Suprema, a fim de que gorjeie, com a mais dulcíssona das melodias, o louvor e a glorificação do Senhor dos Nomes e Atributos.”2 A uma esposa, pela perda do marido “Ó tu que buscas o Reino! Tua carta foi recebida. Escreveste a respeito da severa calamidade que te sobreveio – a morte de teu respeitável marido. Esse homem honrado esteve tão sujeito à estafa e à tensão deste mundo que seu maior desejo era ser libertado dele. Assim é esta morada mortal: um celeiro de aflições e sofrimentos. É a ignorância que faz o homem prenderse a ela, pois nenhuma alma neste mundo pode assegurarse de qualquer conforto, desde o monarca até o mais humilde cidadão. Se alguma vez esta vida oferece uma taça doce, centenas de outras amargas lhe seguirão; tal é a condição deste mundo. O homem sábio, portanto, não se prende a esta vida mortal nem confia nela; em alguns momentos ele até anseia ardentemente pela morte, para assim ser libertado dessas tristezas e aflições. Por isso ocorre que algumas pessoas, sob pressão e angústia extremas, cometem suicídio. Quanto ao teu esposo, fica serena. Ele será imergido no oceano da absolvição e do perdão, e será alvo de generosidade e favor. ...”3 73
  • 86. O desencanto terreno e a eternidade espiritual “O encanto mortal há de desvanecer-se; as rosas hão de dar lugar a espinhos, e a beleza e a mocidade viverão seus dias e não mais serão. O que perdura eternamente, porém, é a Beleza do Verdadeiro, porquanto seu esplendor não perece e sua glória subsiste para sempre; seu encanto é onipotente e seu fascínio, infinito. Bemaventurado, pois, o semblante que reflete o esplendor da Luz do Bem-Amado! Graças ao Senhor, tu foste iluminado por essa Luz, adquiriste a pérola do verdadeiro conhecimento e proferiste a Palavra da Verdade.”4 Pelo falecimento de um jovem discípulo muito amado “Não sofras pela ascensão de meu amado Breakwell, pois ele elevou-se a um roseiral de esplendores no coração do Paraíso de Abhá, abrigado pela mercê de seu poderoso Senhor, e está a bradar a plenos pulmões: ‘Oxalá pudessem os meus saber com que benevolência meu Senhor me outorgou Seu perdão e me incluiu no número dos que atingiram Sua Presença.’5 Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está agora tua bela face? Onde está tua língua eloqüente? Onde, teu iluminado semblante? Onde, tua resplendente formosura? 74
  • 87. Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está teu fogo, ardente com o amor de Deus? Onde está teu enlevo ante Seus sagrados sopros? Onde estão teus louvores, sublimados a Ele? Onde está teu levantar para o serviço de Sua Causa? Ó Breakwell, ó meu amado! Onde estão teus formosos olhos? Teus lábios sorridentes? As magníficas feições? A formosa compleição? Ó Breakwell, ó meu amado! Deixaste este mundo terreno e ascendeste ao reino, alcançaste a graça do domínio invisível e ofertaste teu próprio ser no limiar de seu Senhor. Ó Breakwell, ó meu amado! Abandonaste a lâmpada que era teu corpo aqui, o vidro que era teu templo humano, teus elementos terrenos, tua forma de vida neste plano inferior. Ó Breakwell, ó meu amado! Ateaste uma flama no interior da lâmpada da Assembléia no alto, ingressaste no Paraíso de Abhá, encontraste refúgio à sombra da Árvore Abençoada e atingiste a reunião com Ele no abrigo do Céu. Ó Breakwell, ó meu amado! És agora uma ave do Céu; deixaste teu ninho terreno e alçaste vôo a um jardim de santidade no reino de teu Senhor. Tu te elevaste a uma posição plena de luz. Ó Breakwell, ó meu amado! Teu cântico é agora como um chilreio; vertes torrentes de versos em exaltação da mercê de teu Senhor. Daquele que sempre perdoa, foste um servo pleno de gratidão, em virtude do que obtiveste um quinhão de beatitude extrema. 75
  • 88. Ó Breakwell, ó meu amado! Em verdade, teu Senhor te elegeu para Seu amor e te conduziu a Seus recintos de santidade; Ele fez com que adentrasses o jardim daqueles que são Seus íntimos companheiros e te abençoou com a contemplação de Sua beleza. Ó Breakwell, ó meu amado! Tu conquistaste a vida eterna, e a dádiva que jamais se esvai, e uma vida para deleitar-te plenamente, e graça copiosa. Ó Breakwell, ó meu amado! Tu te transformaste numa estrela do firmamento superno e numa lâmpada entre os anjos do sublime Paraíso; tu te tornaste um espírito vivente no mais exaltado Reino, entronizado na eternidade. Ó Breakwell, ó meu amado! Rogo a Deus que te atraia para cada vez mais perto dEle, que te tenha junto a Si cada vez mais firmemente; suplico-Lhe que te rejubile o coração com a proximidade de Sua presença, e te inunde de luz e ainda mais luz, e te conceda ainda mais beleza, e te confira poder e grande glória. Ó Breakwell, ó meu amado! Em todos os tempos, recordo-me de ti. Jamais hei de te esquecer. Oro por ti dia e noite; vejo-te nitidamente ante mim, como que em plena luz do dia. Ó Breakwell, ó meu amado!”6 76
  • 89. A misericórdia e as graças de Deus “... Ó amados de Deus! Há algum dispensador de dádivas a não ser Deus? Ele elege para Sua mercê quem quer que deseje. Em breve haverá Ele de descerrar ante vós as portas de Seu conhecimento e preencher vossos corações com Seu amor. Ele haverá de vos animar as almas com as suaves brisas de Sua santidade, e tornará refulgentes vossos semblantes com os esplendores de Suas luzes, e exaltar-vos-á a memória no seio de todos os povos. Vosso Senhor é verdadeiramente o Compassivo, o Misericordioso. Ele virá em vosso auxílio com hostes invisíveis, apoiando-vos com os exércitos da inspiração dentre a Assembléia no alto; Ele vos emitirá as doces fragrâncias do mais elevado Paraíso e bafejará sobre vós as puras aragens que emanam dos jardins de rosas da Assembléia nas alturas. Ele haverá de soprar o espírito da vida em vossos corações, far-vos-á ingressar na Arca da salvação e vos revelará Seus testemunhos e sinais evidentes. Em verdade, isto é graça abundante. Em verdade, esta é a vitória incontestável.”7 77
  • 90. As descobertas da alma no plano do além “... No que tange à tua indagação sobre as descobertas da alma após haver esta se despido de sua forma humana: indubitavelmente, aquele é um mundo de percepções e descobertas, porquanto o véu interposto há de ser removido e o espírito humano há de contemplar almas que estão num plano superior, inferior e equivalente ao seu. Isso é análogo à condição do ser humano no útero, onde seus olhos encontram-se velados e tudo lhe está escondido. Quando ele vem à luz, deixando a vida uterina e adentrando este mundo, percebe ser este – comparativamente ao ventre materno – um lugar de percepções e descobertas, e ele tudo observa através de seus olhos exteriores. Do mesmo modo, assim quer partir desta vida ele haverá de contemplar, naquele mundo, tudo o que aqui lhe estava oculto; lá, no entanto, ele haverá de ver e compreender todas as coisas com seus olhos interiores. Lá haverá ele de fitar seus companheiros e pares, bem como aqueles de graus superiores e inferiores. Quanto ao que quer dizer a igualdade das almas no reino altíssimo: é que as almas dos crentes, no momento de sua primeira manifestação no mundo do corpo, são iguais, sendo cada uma santificada e pura. Neste mundo, entretanto, principiarão a diferenciar-se umas das outras, atingindo algumas a mais exaltada posição, outras ficando num grau intermediário, e, ainda outras, permanecendo no mais baixo estágio do ser. A igualdade de posição das almas dá-se no início de sua existência; a diferenciação ocorre após o passamento delas. ...”8 78