A instalação artística "Cantigas" usa vestidos de cerâmica ocos para representar e conscientizar sobre diferentes tipos de violência contra crianças, como abuso sexual e exploração do trabalho infantil. Cada conjunto de vestidos é acompanhado por uma cantiga popular relacionada ao tipo de violência representado. A instalação tem o objetivo de sensibilizar o público sobre a violência doméstica contra crianças.
5. 1 - Descrição do Projeto:
Instalação composta por conjuntos de escultu-
ras na forma de vestidos de menina ocos, em
tamanho real, feitos de cer������������������������������������mica. Cada conjun-
to é acompanhado pela incidência local de uma
cantiga de roda.
1 – Samba Lelê tá doente: vestido de cerâmica
oca na frente do qual jaz uma boneca quebrada
que remete ao abuso de agressão.
2 – Marcha soldado: conjunto de três vestidos de
cerâmica ocos, unidos por uma corrente que os
prende pelos ombros, remetendo à exploração
do trabalho infantil.
3 – O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão:
A canoa virou pois deixaram ela virar...
6. vestido de cerâmica oco de frente para uma pa-
rede branca onde há o desenho em palito com os
lábios caídos, feito em vermelho, remetendo ao
abuso sexual.
4 – Como pode o peixe vivo viver fora da água
fria: vestido de cerâmica oco colocado atrás de
uma grade, remetendo à violência psicológica e
tolhimento da liberdade.
5 – Mamãe foi para a roça e papai foi trabalhar:
um conjunto de seis vestidos de cerâmica ocos,
formando um grupo de três deles e um grupo
de dois deles, sendo que um deles está afastado
dos demais, manchado de vermelho, remetendo
à violência sexual.
Samba lelê está doente...
6 – A canoa virou pois deixaram ela virar: vestido
de cerâmica oco sobre o qual pende uma corren-
te, remetendo à violência da super proteção e to-
lhimento da liberdade.
7 – Escravos de Jó: Conjunto de pás sobre cas-
calhos, que remete ao silenciamento das crianças
vítimas da violência.
Local para a exposição: Sala Burle Marx. O ta-
manho e a forma da sala favorecem a disposição
das peças da instalação e a interação da visitação,
assim como favorece o projeto acústico, a proje-
ção do som eletrônico das cantigas sobre as peças.
2- Justificativa:
O propósito da instalação é sensibilizar o públi-
co com relação a violência doméstica contra a
criança. Os vestidos remetem ao corpo ausente,
roupas inabitadas dos sujeitos específicos e, no
entanto, habitáveis por todos capazes de empa-
tia. Os vestidos têm o efeito de máscaras, como
artifício para tratar da violência como questão de
interesse público. Cada composição do conjun-
to dos vestidos instalados chama a atenção para
um determinado tipo de violência, provocando a
sensibilidade e, ao mesmo tempo, expurgando o
sofrimento vivido. Este trabalho insere o artista
como um agente social e a arte como um instru-
mento de sua ação enquanto tal.
3- Desdobramentos1
:
1 Com exceção da Oficina de Cerâmica e
da Palestra-diálogo, que devem ser realizadas
por Simone Kestelman e Fernanda Carlos Bor-
ges, os demais desdobramentos dependerão de
apoio financeiro para serem realizados.
7. Oficina de Cerâmica: Processo criativo em cerâ-
mica
Oficina coordenada pela artista sobre processo
criativo em cerâmica, para jovens artistas. Nesta
oficina serão desenvolvidas as técnicas originais
criadas pela artista.
Palestra diálogo: A dor e a sublimação no Projeto
Cantigas
Palestra-diálogo proferida em parceria da cura-
dora com a artista sobre o Projeto Cantigas. Tra-
tará da arte como processo de sublimação capaz
de transformar a dor em política. Poderá ser re-
alizada na abertura da exposição ou ao longo do
período.
Mesa de debate – Arte, Comportamento e Socie-
dade
Essa exposição favorece a formação de uma mesa
para o desenvolvimento de uma reflexão mais
ampla sobre o modo como a arte contemporânea
interage e pode interagir com os parâmetros so-
ciais sobre o comportamento e suas transforma-
ções, nos campos dos hábitos, dos valores e da
pressão política. Esta mesa contará com artistas
e intelectuais.
Mesa de experiência com artistas: A Arte contra
a Violência
Assumindo que a arte é capaz de influir com re-
lação aos problemas sociais e, nesse caso, con-
tra a violência, pretendemos proporcionar uma
mesa onde artistas convidados que desenvolvem
trabalhos pertinentes ao tema possam apresen-
tar e compartilhar suas experiências.
Itinerância: Pretendemos levar esse projeto para
Museus relevantes do Brasil.
Escravos de Jó
8. 4- Peças Promocionais:
Para o desenvolvimento e penetração social
desse projeto, será necessário: desenvolvimento
de catálogo; convites para serem enviados para
aristas, formadores e pessoas com atuação po-
lítica; assessoria de imprensa para a divulgação
nos meio de comunicação de massa e nas redes
sociais.
5- Síntese do currículo da artista:
A pesquisa artística de Simone Kestelman se ini-
ciou com cerâmica e com pintura em cerâmica,
sendo criadora de mais de 500 técnicas diferen-
tes de pintura química sobre cerâmica. Desde
2004 desenvolve projetos e pesquisa sobre ma-
nipulação do vidro, desenvolvendo técnicas pró-
prias para manipulação e criação. Em 2011 apre-
sentou na Casa Cor a exposição As maravilhas
brasileiras, dando acesso à 190 crianças surdas
e cegas que podiam pegar as peças com as mãos
e tocá-las. Trata-se de uma série de releituras de
pontos turísticos em miniaturas de vidro. Peças
arquitetônicas como o MASP, a Oca, o Copan, o
Palácio da Alvorada; e naturais como o Pão de
açúcar, Lençóis Maranhense, Morro do Urubu.
Em 2011 apresentou a série Caminhos no Mu-
seu no CMOG (Corning Museum of Glass ) em
Nova York, inspirada em imagens de caminhos
por onde passou em vários lugares do mundo,
como metáforas do dia a dia, das decisões que
não têm volta e das “curvas” que fazemos ao lon-
go dos nossos caminhos. Ao voltar para o Bra-
sil, esse trabalho ganhou novas peças com uma
técnica com a qual, juntando camadas do vidro
para formar um bloco, cria uma imagem interna
cujo efeito lembra uma imagem holográfica. Em
abril de 2012, a coleção Caminhos foi exposta na
Hebraica, em SP. No projeto Sonho de Vênus,
retoma a pesquisa de criação artística com a inti-
midade do processo manual. O projeto é consti-
tuído por sete peças de vidro e cerâmica, que pro-
põem uma reflexão sobre as relações amorosas e
seus conflitos. O tom de cada peça da coleção é
Mamãe foi para a roça e papai foi trabalhar...
9. um olhar irônico, com a qual trata de situações
sexuais e amorosas como retratos psicológicos e
sociais. Enquanto a mídia realça a sexualidade
para tirar o foco dos problemas existenciais, este
trabalho usa a sexualidade para colocar o foco
nas questões existenciais. Nessas peças, o vidro
e a cerâmica têm o efeito de símbolos de fragili-
dade e vida. Desde 2011 vem pesquisando o uso
artístico de roupas transformadas em esculturas
ocas, como meio de evocar memórias sociais e
coletivas. Durante a pesquisa com roupas, sur-
giu a ideia de Ciranda, uma instalação com sete
vestidos de menina formando uma roda com
correntes que substituem as mãos, evocando a
violência contra a criança. Ciranda se desdobrou
no Projeto Cantigas, cuja relação entre sublima-
ção e violência adquire mais complexidade. O
interesse poético pela roupa a levou ao Proje-
to da Burca, que trata da opressão invisível ou
Marcha soldado
liberdade condicional sobre as mulheres desde
meninas, assim como na construção social dos
processos de sedução e controle.. Trata-se de
uma variedade de modelagem da burca em ce-
râmica e vidro, que contrasta a dureza da super-
fície com o vazio do interior da peça oca. Esta
pesquisa vem se desenvolvendo com o apoio de
fotografias realizadas em viagens de pesquisa ao
Oriente Médio, Europa e Estados Unidos. Em
fevereiro de 2013 o trabalho Undesired-Indese-
jadas recebeu a Medalha de Outro como melhor
instalação contemporânea na ArtSlant, NY. Esta
instalação consiste de um monte de sapatinhos
de menina feitos em cerâmica crua, com 60cm
x 80 cm de diâmetro, sobre o qual se instala um
sapatinho vitrificado em vermelho, representan-
Nota: nesta proposta de exposição os vestidos
estarão suspensos, e não diretamente sobre o
chão como nestas fotos.
10. do o descarte de meninas na Índia e na China.
Esse trabalho foi selecionado para ser exposto na
SCOPE ART em NY, em março de 2013, onde
a artista foi convidada para participar de uma
palestra sobre Gendercidio na ONU, no dia 8 de
Março. Marcha soldado, uma as peças da insta-
lação do Projeto Cantigas, também foi premiado
na ArtSlant em 2012. Ultimamente Simone está
pesquisando sobre gendercidio, mutilação femi-
nina, transtornos psicológicos infantis, violência
de guerra.