1. O melhor do computador
Só ter equipamentos na escola não basta. Confira aqui o que
ajuda no aprendizado e o que serve apenas para agradar aos
pais.
PRODUÇÃO NA WEB Projeto de site dos alunos do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo, é
focado no conteúdo curricular.
Quando perguntados sobre quais atividades extracurriculares gostariam que a escola
oferecesse, os pais de estudantes de escolas públicas da capital paulista foram categóricos: cursos de
computação, disseram 36% dos entrevistados. Os dados da pesquisa - realizada pelo Instituto
Fernand Braudel de Economia Mundial em parceria com a Fundação Victor Civita - revelam a
expectativa que há em torno da sala de informática. Porém apenas ter um espaço bem montado não
basta.
"A tecnologia deve ser utilizada para apresentar e aprofundar conteúdos curriculares. Usar o
computador somente para ensinar programas de informática é desperdício", diz o pedagogo Wagner
Antônio Júnior, coordenador do Projeto de Apoio Pedagógico Informatizado da Faculdade de
Agudos, a 410 quilômetros de São Paulo. O ideal é estabelecer objetivos pedagógicos para que as
atividades tenham foco e fazer do laboratório uma extensão da sala de aula.
Para isso, a internet nem sempre é imprescindível. José Junio Lopes, coordenador do
laboratório de informática do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo, exemplifica: "O aluno pode
fazer apresentações em slides, usar editores de texto e elaborar planilhas e gráficos. Essas
ferramentas de aprendizado não requerem a rede mundial de computadores".
Com ou sem a rede, o fato é que o planejamento é fundamental. "Definir as ações que serão
feitas no computador é tão importante quanto ser criativo na hora de elaborar a aula", salienta a
professora Antonia Lucélia Mariano, de Juazeiro do Norte, a 565 quilômetros de Fortaleza,
ganhadora do prêmio Educarede de Internet e Inovação Pedagógica, promovido pela Fundação
Telefônica.
Para ajudá-lo a planejar e acabar com os equívocos sobre o uso do computador na sala de
2. aula, NOVA ESCOLA elaborou os quadros da página ao lado. No primeiro, estão atitudes e
procedimentos para fazer do computador um aliado. No segundo, os que comprometem qualquer
projeto de informatização escolar.
Assim dá certo
1 Escolher conteúdos
Eleger e estudar os conteúdos que serão apresentados ou aprofundados na sala de informática é
essencial para que a aula seja objetiva e produtiva. Além disso, faz com que o professor se sinta
mais seguro na hora da aula.
2 Selecionar programas
Com o conteúdo escolhido, é hora de encontrar os programas e sites mais apropriados para atingir
as metas de aprendizagem. Se a aula é de redação, um editor de textos é uma boa opção.
3 Fazer o roteiro da aula
Todas as atividades precisam ser bem estruturadas e bem planejadas, prevendo momentos de
pesquisa, de visualização do conteúdo estudado e de troca de informações. Isso evita a dispersão.
4 Incentivar a interação
Os alunos devem interagir para construir conhecimento. Para tanto, que tal criar blogs, e-mails e
fóruns?
5 Usar jogos educativos
Os desafios propostos pelos softwares e jogos virtuais estimulam os jovens e complementam a aula
de forma lúdica.
6 Explorar o audiovisual
A internet e os programas educativos oferecem vídeos e animações que favorecem o aprendizado.
Use-os!
7 Permitir que o aluno crie
Publicar textos em blogs ou sites e fazer apresentações em slides torna o estudante produtor de
conteúdo e de conhecimento.
8 Evitar a desatenção
Para a turma não perder o foco da aula, vale bloquear o acesso a sites de relacionamento, salas de
bate-papo e programas de mensagens que não sejam coerentes com o conteúdo ensinado.
9 Criar espaço lúdico
Todos precisam ficar à vontade na sala de informática. Por isso, coloque nas paredes cartazes,
mapas, ilustrações e trabalhos dos alunos, criando um ambiente acolhedor e rico em informações.
10 Preparar-se bastante
Você se sentirá mais seguro na sala de informática se aprender a usar a máquina, a internet e os
programas básicos. Além disso, terá melhores resultados.
Assim não dá
1 Dar aula só de informática
O objetivo das aulas na sala de informática não deve ser formar técnicos, mas melhorar o
aprendizado. Por isso, evite o uso do espaço apenas para ensinar a operar programas.
3. 2 Não ter planejamento
A falta de objetivos claros faz com que tanto professor como alunos percam o foco, comprometendo
o aprendizado.
3 Achar que a turma sabe tudo
Embora os jovens sejam espertos quando o assunto é informática, é um erro supor que todos
dominem as ferramentas com a mesma destreza. Não deixe de ensinar como operar os programas
básicos. Dessa forma, os menos plugados conseguirão acompanhar as aulas.
4 Usar a sala para distração
Computador na escola tem de estar voltado somente para a aprendizagem. Se a garotada usar o
laboratório no período entre aulas, vai associá-lo somente ao lazer.
5 Liberar o entretenimento
Sites de relacionamento, download de músicas e jogos eletrônicos dispersam o aluno durante a aula
6 Deixar os alunos sozinhos
Sem mediação, eles iniciarão bate-papos e ainda poderão acessar conteúdos impróprios.
7 Censurar demais
Se for para encontrar páginas e ferramentas sobre o tema da aula, não cerceie a liberdade da turma
na hora de navegar na internet.
8 Ter poucas máquinas
As atividades ficam prejudicadas quando os estudantes não usam o computador de forma
igualitária. O ideal é ter um equipamento para cada dois alunos. Assim, todos terão a chance de
operá-lo durante a aula.
9 Ver o micro como rival
Se você tiver medo da tecnologia e dos avanços que ela traz, jamais vai enxergá-la como uma fonte
de conhecimento e informação. Quando bem utilizada, a tendência é que ela vire aliada, em vez de
concorrente.
10 Usar equipamento ruim
Computadores muito lentos e defasados sempre causam frustração e perda do interesse por parte
dos alunos. Evite-os.
BIBLIOGRAFIA
A Informática Educativa na Escola, José Gregorio de Llano e Mariella Adrian, 82 págs., Ed.
Loyola, tel. (11) 6914-1922 , 11,60 reais
A Máquina das Crianças: Repensando a Escola na Era da Informática, Seymour Papert, 220
págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 44 reais