Público - Nova vaga de investimento chinês poderá vir para Portugal - Migu...
Discovery quer trazer mais marcas internacionais para Portugal
1. o jornal da indústria do turismo • www.publituris.pt • desde 1968
>>Directora: Carina Monteiro • Ano XLVI • Preço: 7.00 euros • Uma publicação PUBLIOTEL | WORKMEDIA
127225 Julho
2014
Discovery
quer marcas
internacionais
/publituris.
pág.34
Com 32 activos no valor de
mais de 500 milhões de
euros, o Fundo Discovery
quer trazer mais marcas
internacionais para Portugal,
à semelhança da SixSenses,
que vai abrir no Douro.
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O Fundo Discovery reabriu o PraiaVerde,
que é o primeiro hotel gerido pela DHM.
Com que objectivos criaram esta marca?
Criámos uma marca ‘umbrella’ para agru-
par um conjunto de activos do Fundo Dis-
covery, de forma a concentrar competên-
cias e sinergias e a conquistar maior eficácia
no mercado nacional. Essa marca é a Dis-
covery Hotel Management (DHM), na qual
cada hotel tem a sua identidade própria.
Nós renovamos as unidades para que
ganhem competitividade e sejam atractivas
para vender. Neste momento temos quatro
hotéis, um dos quais já foi renovado, que é
o Praia Verde. Também estudámos se havia
necessidade de criar uma nova marca no
mercado. Olhámos para o mercado e tentá-
mos perceber o tipo de conceito que que-
ríamos implementar e para quem o direc-
cionávamos.
A que conclusão chegaram?
Como o Fundo é a 15 anos, queríamos
aplicar o conceito a um consumidor que
está a dar cartas neste momento, os ‘Mil-
lennials’, uma geração entre os 28 e os 38
anos, com poder económico, que quer
autenticidade, informalidade e um produto
único. Dedicámos muito tempo a estudar e
a rever todo o conceito que queríamos
implementar e o Praia Verde é a cara
daquilo que podemos fazer para os restan-
tes hotéis, para já três.
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Miguel Guedes de Sousa é o director de operações do Fundo Discovery, que gere activos
imobiliários em Portugal desde Setembro de 2012. Recentemente, com a apresentação do
rebranding do primeiro hotel que integrou o Fundo, o Praia Verde, foi também apresentada a
marca de gestão DHM (Discovery Hotel Management). Em entrevista, o responsável fala dos
planos para outros hotéis e do porquê da criação da DHM.
hotelaria&restauração
Hr
“Na hotelaria
é tudo mais
do mesmo”
>> Carina Monteiro cmonteiro@publituris.pt >> Fotos:Just Frame It
>>Miguel Guedes de Sousa, director de operações
do Fundo Discovery
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Quais são?
O Vila Monte, Palácio da Lousã e o
Monte Real. O Praia Verde é o primeiro
projecto onde implementámos o nosso
DNA, que consiste na informalidade,
autenticidade e no contacto com a
comunidade local.
Como é feito o processo de revitaliza-
ção dos hotéis?
Temos um modelo que chamamos de
modelo regenerador, que consiste em
quatro fases: a avaliação do activo – faze-
mos um diagnóstico interno e externo;
depois desenvolvemos uma visão para o
projecto; a seguir passamos à implemen-
tação; e, por último, aos planos operacio-
nais: marketing e vendas, comunicação e
marketing digital, recursos humanos; etc.
Neste momento, temos 32 activos hote-
leiros, dos quais doze em operação.
AQUAPURA
Em alguns casos optaram por acordos
de gestão com outras marcas...
Temos as competências de encontrar
soluções, primeiro localmente, e, depois,
internacionalmente, ou seja, qual é o 'fit'
perfeito para este activo em particular.
Temos o exemplo do CampoReal. Esti-
vemos a estudá-lo e achámos que a única
forma de dar a volta a este activo – que é
difícil pela localização - , era através de
uma empresa que fosse especializada em
MICE e fomos buscar a Dolce, que é
líder mundial neste segmento, com sete
hotéis na Europa. Sabemos que é um
processo evolutivo, que vai levar tempo
até dar frutos, mas estamos confiantes
que no próximo ano vamos atingir o
break-even.
Também há o exemplo do Aquapura?
Fizemos uma avaliação para encontrar a
empresa ideal para aquele activo. Depois
de uma pesquisa, achámos que o 'fit' per-
feito era a SixSenses. Têm poder econó-
mico e querem crescer. Será o primeiro
hotel na Europa. Eles são especialistas
em desenvolver hotéis em locais paradi-
síacos e em locais difíceis. Como sabe-
mos o Aquapura tem uma localização
fantástica, mas é difícil. Por outro lado,
também têm a vertente de SPA, em que
são líderes mundiais e achámos que era
importante desenvolver a parte ‘well-
ness’, devido à época baixa ser longa. E,
depois, sabíamos que os clientes da Six-
Senses são maioritariamente europeus,
sobretudo do Reino Unido e Alemanha,
o que fazia todo o sentido. Para este
hotel ter viabilidade económica precisá-
vamos, também, de ter um preço médio
elevado.
Quando vai abrir?
Estamos a estudar o projecto ao detalhe.
Fizemos um concurso com três arquitec-
tos portugueses e um irlandês. Ganhou o
gabinete irlandês Clodagh Design. A
Clodagh é uma arquitecta irlandesa
sediada em Nova Iorque, especialista em
reconverter hotéis e fazer a junção entre
o contemporâneo e o antigo. O rebran-
ding do hotel assenta no conceito
‘Douro Wine & Spa Experience Hotel”,
ou seja, trazer todos os elementos de
quinta para dentro do hotel. O hotel,
neste momento, está muito contemporâ-
neo e os clientes pedem e querem ter a
vivência das quintas. Vamos ter uma
WineAcademy, com espaço para loja de
vinhos e acessórios, sala de provas para
receber clientes e produtores que quei-
ram fazer provas de vinhos. Estamos a
trabalhar intensamente porque só fechá-
mos o contrato há mês e meio. Vamos
fechar no dia 1 de Novembro de 2014 e
reabrir dia 15 de Abril de 2015 já como
SixSenses Douro Valley.
Qual é o valor do investimento?
No Aquapura Douro Valley é de 4,5
milhões de euros, com o Fundo Revitali-
zar Norte. No Praia Verde fizemos um
investimento de 1,2 milhões.
O que se segue?
Temos agora três projectos em renova-
ção. A nossa ideia é sempre renovar para
ganhar competitividade. Queremos
reposicionar os nossos activos de uma
forma diferente para os tornar rentáveis.
Já temos um programa preparado para o
Vila Monte. Estamos em fase de concur-
so, vamos fechá-lo em Outubro para
renová-lo durante seis meses. A nossa
visão para o Vila Monte é a de um
Farm&Beach Resort único em Portugal.
Uma verdadeira referência daquilo que
designamos por Country House, com
uma simplicidade intemporal, um
ambiente local e rústico, um espírito
BohoChic.
E o Monte Real?
Para o Monte Real temos em estudo o
rebranding. Tivemos um acidente natu-
ral e estamos a trabalhar intensamente
para reabrir as termas no final deste mês.
Queremos fazer um resort focado numa
abordagem holística de saúde e bem-
estar. Estamos em fase de estudo e será o
projecto ao qual dedicaremos muito
tempo em 2015. Depois, temos o Palácio
da Lousã que é um activo interessante,
na forma como o podemos abordar.
Queremos trazer a Serra da Lousã e a
cidade para dentro do hotel; promover
uma maior ligação entre o hóspede do
Palácio, a história, a cultura e a gastro-
nomia da Lousã; e uma maior ligação
entre o hóspede do bike hotel (porque
queremos fazer um bikecenter) e a Serra
da Lousã e as suas múltiplas ofertas.
Porquê a opção por marcas interna-
cionais nos contratos de gestão?
Também temos marcas nacionais, o
Luna Alpinus, por exemplo. Se houver
um melhor parceiro em Portugal tam-
bém o faremos. Mas estamos muito
direccionados para a diferenciação,
achamos que na hotelaria em Portugal é
tudo mais do mesmo e achamos que os
factores diferenciadores são fulcrais para
o futuro dos projectos.
Vai ser possível fazer essa diferencia-
ção em todos os projectos?
Temos uma equipa completamente
dedicada à DHM e a DHM tem esse
DNA de simplicidade, aposta na auten-
cidade e nas experiências. Estamos
muito confiantes, porque a Praia Verde é
um sucesso. Está aberto desde Abril, as
ocupações são extraordinárias e o preço
médio subiu à volta dos 50%. O mês de
Julho e Agosto já estava melhor antes de
reabrir face ao ano passado.
Em 2013 tinham activos no valor de
300 milhões de euros e actualmente?
À volta de 550 milhões de euros.
O Fundo Discovery apareceu este ano
no top 10 do ranking dos grupos hote-
leiros em Portugal. Que leitura se
pode fazer?
Percebo que as pessoas olham para os
fundos com uma certa prudência, mas
temos feito um trabalho notável. Conse-
guimos resolver mais rapidamente pro-
blemas do que os bancos. Veja-se o caso
do Praia Verde, que há um ano era um
hotel moribundo, descaracterizado, hoje
em dia é um hotel jovem, fresco, rentável
e estamos no começo. Estamos a criar a
nossa própria identidade, a construir o
nosso DNA.
Todos os hotéis são possíveis de ser
recuperados?
Acredito que sim, é preciso muita imagi-
nação, criatividade e competência.
Como ganhamos escala, podemos
ganhar mais num e perder noutro, nem
todos os hotéis podem ter o mesmo
género de performance. Temos de apos-
tar na diferenciação. Acho que a maior
parte são recuperáveis. O que temos
feito tem sido assertivo e estamos con-
fiantes que somos uma mais valia.
No próximo ano temos cerca de seis
hotéis a ser renovados, temos alguns em
fase de negociação com várias cadeias
nacionais e internacionais.
Maioria dos activos estão concentra-
dos no Algarve?
Oito no Algarve.
É provável que tragam outras marcas?
Sim, estamos a trabalhar nisso. Estamos
confiantes que vamos trazer know-how
diferenciador para Portugal.
Marcas que não estão presentes ainda
em Portugal?
Sim. Quando olhámos para o turismo
em Portugal, a ideia era também darmos
uma contribuição e ter um produto dife-
renciador. Há marcas portuguesas muito
boas, respeitamos toda a gente, mas nós
queremos ser diferentes. Achamos que a
diferenciação é o factor fundamental
para trazermos outro tipo de clientela a
Portugal. ¶
hotelaria&restauração Hr
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