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Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
RADIOATIVIDADE	
  
APLICAÇÕES,	
  VANTAGENS	
  E	
  DESVANTAGENS	
  
Mestrado em Ensino da Física e da Química no
3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário
ORIENTADORA: DOUTORA ANA MARIA MELO VENTURA REIS
COORDENADOR: DOUTOR PAULO SIMEÃO DE CARVALHO
Manuel Joaquim Coelho Barros
Março 2014
	
   	
  
  2	
  
Índice...................................................................................................................................................2
1. Descoberta da radioatividade .......................................................................................................3
2. Fontes de radiação .........................................................................................................................4
2.1. Ocorrências naturais..................................................................................................................4
2.1.1.Radiação terrestre ................................................................................................................4
2.1.2.Radiação cósmica ................................................................................................................5
3. Decaimento radioativo...................................................................................................................6
3.1. Decaimento α ............................................................................................................................6
3.2. Decaimento β-
............................................................................................................................7
3.3. Decaimento β+
...........................................................................................................................7
3.4. Captura eletrónica......................................................................................................................7
3.2. Emissão γ...................................................................................................................................8
4. Lei do decaimento radioativo........................................................................................................8
5. Reações nucleares...........................................................................................................................9
5.1. Fissão nuclear............................................................................................................................9
5.2. Fusão nuclear...........................................................................................................................10
5.3. Ocorrências artificiais..............................................................................................................11
5.3.1 Reatores nucleares. ............................................................................................................12
5.3.2.Acidentes em instalações nucleares...................................................................................14
6. Perigosidade da radiação ionizante............................................................................................14
7. Aplicações da radiação ionizante................................................................................................15
7.1. Medicina..................................................................................................................................15
7.2. Indústria...................................................................................................................................17
7.3. Arqueologia.............................................................................................................................17
8. Conclusões.....................................................................................................................................18
9. Referências bibliográficas ...........................................................................................................19
  3	
  
1. Descoberta da radioatividade
	
   A 8 de novembro de 1895, W.C. Roentgen estava a trabalhar no laboratório, da
Universidade de Wurzburg, com um tubo de raios catódicos e conseguiu observar que estes raios
atingiam um alvo colocado no interior do tubo que podiam atravessar corpos opacos e excitar uma
tela fluorescente ou um filme fotográfico. Por não saber a proveniência destes raios, Roentgen
batizou-os de raios X. Esta descoberta, abriu as portas à deteção radioativa.
	
   Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) descobriu o fenómeno da radioatividade ao
desenvolver experiências com urânio. O seu pai, Edmund Becquerel (1820-1891), já se interessava
pela fluorescência de sais de urânio e em 1880 Henri Becquerel reparou que um composto de
urânio, sulfato de potássio e uranilo, K2UO2(SO4)2.2H2O apresentava fluorescência quando excitado
pela luz U.V. Era um fenómeno idêntico ao dos raios X e concluiu que este composto emitia um
tipo de radiação, capaz de atravessar um papel negro e manchar uma chapa fotográfica. Becquerel
apercebeu-se ainda da capacidade que a radiação proveniente dos sais de urânio, tinha para ionizar
gases e conduzir a corrente elétrica. [1]
	
   Marie Curie nasceu em Varsóvia, a 7 de dezembro de 1867. Ainda jovem mudou-se para
Paris. Licenciou-se em Ciências Matemáticas e Física, na Universidade de Sorbonne. Casou-se em
1895 com Pierre Curie, professor de Física. [2]	
  
Através do incentivo de Henri Becquerel, começou a estudar as radiações emitidas pelos
sais de urânio por ele descobertas. Em conjunto com o seu marido, começou a examinar materiais
que produziam este tipo de radiação e tentou identificar novos elementos, que supostamente
existiam em minerais como a pechblenda, (variedade de uraninita, a partir da qual se extrai o
urânio purificado e concentrado sob a forma de sal amarelado, sendo conhecido como
“yellowcake”). [3]
A decomposição química e o fracionamento da pechblenda, levou à descoberta de um novo
elemento radioativo. Marie Curie afirma, “Cremos que a substância que retiramos da pechblenda
contêm um metal ainda não identificado. Se a existência desse novo elemento for confirmada,
propomos dar-lhe o nome de polónio, nome do país de origem de um de nós”, [4] mais tarde
descobriram um novo elemento o rádio, quimicamente semelhante ao bário que viria a ser
identificado através da espetroscopia. O rádio foi encontrado numa fração de bário separado
quimicamente da pechblenda (uranite) que continha 75% de U3O8 e concluíram que o rádio podia
ser concentrado a partir do bário através da cristalização fracionada.[1]
  4	
  
Ernest Rutherford (1871-1937) provou que taxa de emissão de radiação não era constante,
mas diminuía exponencialmente com o tempo e que os processos radioativos eram acompanhados
de mudanças nas propriedades químicas dos átomos. Foi premiado com o Nobel da Química em
1908, devido à sua investigação sobre a desintegração dos elementos radioativos e química das
substâncias radioativas.
2. Fontes de radiação.
2.1. Ocorrências naturais.
Grande parte da radiação a que nos encontramos sujeitos é proveniente de fontes naturais,
como o Espaço, a Terra, o ar que está à nossa volta e a cadeia alimentar.
2.1.1. Radiação terrestre.
	
   Todos os elementos de origem natural cujo número atómico é superior a 83 (Bismuto) são
radioativos. Existem elementos radioativos naturais que não têm isótopos estáveis como, por
exemplo o urânio. Estes elementos têm decaimentos sucessivos, até alcançarem um núcleo estável
mais leve, constituindo uma cadeia ou sequência radioativa.
Há três cadeias que se podem encontrar na natureza, a do urânio, tório e actínio.
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  Fig.1. Séries radioativas naturais.
Fonte : http://qualidadeonline.wordpress.com/category/radioatividade/
O urânio de número de massa 238 depois de 14 decaimentos (8 emissões α, 6 emissões β)
dá origem a um núcleo estável de Chumbo (Pb) com número de massa 206.
  5	
  
O tório de número de massa 232 dá origem a um núcleo estável de Chumbo (Pb) com
número de massa 208.
O actínio de número de massa 227 dá origem a um núcleo estável de chumbo (Pb) com
número de massa 207. [1]
2.1.2. Radiação cósmica.
Os radionuclídeos cosmogénicos formam-se devido à interação da radiação cósmica, com os
gases presentes na atmosfera. A radiação cósmica é constituída, por um fluxo de partículas de alta
energia proveniente do espaço interestelar. Os raios cósmicos colidem com os átomos da atmosfera
e originam uma “cascata” de neutrões e protões, que ao interagirem com os núcleos de oxigénio,
azoto e carbono dão origem a outros elementos, alguns deles isótopos radioativos.
Fig. 2. Raios cósmicos que interagem com núcleos leves e originam novos elementos.
Fonte: https://indico.cern.ch/conferenceDisplay.py?confId=99542
Cosmic Ray detectors for Education
C!
!"
+ 1
p ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐿𝑖!
!
!
!
N!
!"
+ 1
n  ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐿𝑖!
!
!
!
N!
!"
+ 1
n  ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐵𝑒!
!"
!
!
𝑁  !
!"
+ 1
p ⟶ 𝐵𝑒 + 2   𝐻𝑒!
!
!
! 2+
[5]	
  
Em termos de contribuição à exposição do ser humano os mais importantes são o 3
H , o 14
C,
o 7
Be e o 22
Na. [5]	
  
  6	
  
3. Decaimento radioativo
A maior parte dos núcleos são combinações estáveis de nucleões, mas algumas das
combinações de protões e neutrões originam núcleos instáveis ou radioativos. Estes núcleos
instáveis, tendem a formar configurações estáveis emitindo partículas e radiação eletromagnética.
Fig.3. Nuclídeos estáveis e radioativos.
Fonte:	
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Núcleo_atómico
Os principais tipos de emissão de radiações nucleares são:
3.1. Decaimento α
As partículas α são núcleos de   𝐻𝑒!
  !
. O decaimento α é um processo em que o núcleo emite
uma partícula α e dá origem a um núcleo filho que tem menos dois neutrões e dois protões que o
núcleo progenitor.
Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por:
𝑋  !
  !
→   𝑌!!
!!!
!!!
+   𝐻𝑒!!
!
!
[6]
A energia disponível no decaimento α é dada por:
Qα = [ M (A,Z) – M (A - 4, Z- 2) – Mα ] c2
O 𝑈!"
!"#
emite uma partícula α e desintegra-se da seguinte maneira
𝑈  !"
!"#
→   𝑇ℎ!!
+ 𝐻𝑒!!
!
!
!"
!"#
, as partículas α são extremamente estáveis.
  7	
  
3.2. Decaimento β-
Os núcleos que tem um número excessivo de neutrões se comparados com os isótopos
estáveis
Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por:
𝑋  !
  !
→   𝑌!
!!!
!
+   β-
+ ν [6]
A energia disponível no decaimento β-
é dada por:
Qβ- = [M (A,Z) – M (A, Z+1)] c2
O 𝐶  !
!"
é um emissor β-
e desintegra-se de acordo com o esquema:
𝐶  !
!"
→   𝑁!
+ 𝛽!
+!
!"
ν
ν – antineutrino – partícula neutra e de massa muito pequena.
3.3. Decaimento β+
Os núcleos que tem um número relativamente grande de protões, podem ser instáveis e
emitir positrões (carga +e) .
Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por:
𝑋  !
!
→   Y!
+ 𝛽!
!!!
!
+ ν [6]
A energia disponível no decaimento β+
é dada por:
Qβ
+
= [M (A,Z) – M (A, Z-1) – 2me] c2
O 𝐶  !
!!
é um emissor β+
e desintegra-se de acordo com o esquema:
𝐶  !
!!
→   B!
+ 𝛽!
!
!!
+ ν
ν - neutrino – partícula neutra e de massa muito pequena.
3.4. Captura eletrónica
Um protão no interior do núcleo captura um eletrão das camadas mais interiores, como a
camada K e tem como resultado, a reação nuclear de um protão, segundo a equação :
𝑝 + 𝑒!
→ n
Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por:
𝑋 +   𝑒!
!
!
→   𝑌!!!
!
[6]
A energia disponível na captura eletrónica é dada por:
QCE = [M (A,Z) – M (A, Z-1)] c2
Um exemplo de captura eletrónica :
𝑁𝑎 +   𝑒!
!!
!!
→   𝑁𝑒!"
!!
  8	
  
3.5. Emissão γ
Resulta da libertação de energia em excesso por um núcleo de um átomo emitindo ondas
eletromagnéticas de elevada frequência. A emissão γ esta associado a decaimentos como o α e β
se os nuclídeos filhos estiverem num estado excitado.
Um exemplo de decaimento γ :
𝑅𝑛∗  
!"
!!!
→ 𝑅𝑛 + 𝛾!"
!!!
𝑅𝑛∗  
!"
!!!
- representa um núcleo de radão no estado excitado. [7]
4. Lei do decaimento radioativo
Em 1900, Rutherford descobriu que a taxa de emissão de radiação não era constante mas
diminuía exponencialmente com o tempo.
O número de núcleos radioativos dN que decaem é proporcional ao intervalo de tempo dt e
ao número de núcleos presentes é dado pela equação:
!"
!
= −  𝜆dt
λ – Constante de desintegração (s-1
)
Se N0 for o número de núcleos no instante t = 0 o número de núcleos remanescentes após o
tempo t é dado pela expressão:
𝑵 = 𝑵 𝟎 𝒆!𝝀𝒕
– Lei do decaimento radioativo [7]
A lei do decaimento radioativo pode ser representada graficamente, da seguinte forma:
Fig.4. Decaimento radioativo como função do tempo.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fisica-nuclear/fisica-nuclear-4.php
Para cada nuclídeo há um intervalo de tempo t1/2, tempo de semi transformação durante o
qual o número de núcleos é reduzido a metade do inicial.
  9	
  
Substituindo 𝑁 =
!!
!
na equação (1) obtém-se :
                                
𝟏
𝟐
𝑵 𝟎 = 𝑵 𝟎 𝒆!𝝀𝒕𝟏/𝟐
ou 𝑒!"!/!
= 2   ↔ λt1/2 = ln 2 = 0,693
t1/2 = 0,693 / λ
λ– constante de decaimento.
A atividade de uma substância é a taxa de desintegração dos núcleos radioativos e obtém-se
da seguinte maneira:
!"
!"
= - λNo 𝒆!𝝀𝒕𝟏/𝟐
= - λ N
A= CλN
A atividade é expressa em curies (Ci) .
O Curie define-se como a atividade de uma substância que se desintegra a um ritmo de
3,70000 x 1010
núcleos por segundo. [6]
A unidade da atividade no S.I. é o Becquerel (Bq) que corresponde a uma d.s-1
.
(desintegração *segundo-1
) e é igual a 2,7 x 10 -11
Ci.
5. Reações nucleares.
Uma reação nuclear, carateriza-se por ser uma transformação onde ocorrem mudanças nos
núcleos dos átomos. As reações nucleares envolvem alterações no número de nucleões de um
átomo. Estas reações podem originar novos elementos (por alteração do número de protões) ou
novos isótopos (por alteração do número de neutrões).
5.1. Fissão nuclear
Núcleos pesados (Z > 92) podem sofrer fissão espontânea. A fissão como processo natural é
muito rara (o U!"
!"#
sofre fissão espontânea com uma meia-vida de aproximadamente 1016
anos).
Núcleos pesados como o urânio e o plutónio colidem com um neutrão, o núcleo fica
instável e divide-se em dois fragmentos. Dependendo da reação podem ser emitido 1, 2 ou 3
neutrões.
Por exemplo:
n + 235
U → 236
U
236
U → 141
Ba + 92
Kr + 3n [8]
  10	
  
Fig.5. Reação em cadeia.
Fonte: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/16308/05_teoria.htm
O urânio que existe na natureza é constituído por 99,3% de 238
U e 0,7% de 235
U para, ser
passível de fissão com neutrões térmicos procede-se ao enriquecimento de urânio aumentando a
percentagem de 235
U em relação ao 238
U. [8]
5.2. Fusão nuclear.
Para realizar uma reação de fusão nuclear é necessário aproximar dois núcleos que, devido
ao facto de terem carga positiva têm tendência a repelir-se. Para obter energia a partir da fusão
nuclear é preciso aquecer os nuclídeos, a temperaturas elevadas da ordem dos 100 milhões de graus
Celsius (10 Kev). Temperaturas desta ordem de grandeza ocorrem no interior das estrelas e a
matéria, nelas contida fica no estado de plasma. O plasma é um gás ionizado com eletrões e iões
positivos que existe na natureza sob diversas formas, aliás 99 por cento da matéria do Universo
encontra-se na forma de plasma, o quarto estado da matéria. Um dos maiores problemas dos
reatores nucleares de fusão é manter o estado de plasma confinado o tempo suficiente, para que as
reações ocorram.
  11	
  
Fig.6 – Representação de um plasma.
Fonte: Fusão nuclear opção energética para o futuro. Manso.M.E., Varandas. C.A.F
http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/
Uma reação possível de produzir é a que ocorre entre o deutério (2
H) e o trítio (3
H) os quais
se fundem e originam um núcleo de Hélio (4
He).
H!
!
+   H!
!
→ 𝐻𝑒  !
!
+ n + 17,6 MeV
Esta reação já foi utilizada em dois dispositivos experimentais de fusão, os tokamaks TFTR
(Tokamak Fusion Test Reactor), nos Estados Unidos e JET (Joint European Torus), na Europa.
A fusão nuclear pode produzir uma energia limpa, segura praticamente inesgotável e é
bastante atrativa economicamente. [9]
5.3. Ocorrências artificiais.
A primeira experiência nuclear, da história foi realizada pelos Estados Unidos em 1945, um
teste de uma bomba de plutónio de implosão, o mesmo tipo de arma que viria a ser usada em
Nagasaki, seguiram-se muitos outros testes nos anos 50 e 60. Estes testes foram a principal fonte, de
emissão de radionuclídeos artificiais para o ambiente.
Fig. 7. Explosão da bomba atómica de Nagasaki
no Japão em 9 de Agosto de 1945
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_nuclear
  12	
  
A quantidade de gases e partículas que são emitidas para atmosfera, quando se realiza um
ensaio nuclear depende se é feito a céu aberto, no solo, subterrâneo ou subaquático. As maiores
emissões resultam de ensaios atmosféricos, pois liberta-se a quase totalidade de gases e partículas.
Estas emissões diminuem, quando são realizados à superfície do solo e ainda mais quando são
subterrâneas e subaquáticas.
Nos testes nucleares realizados no subsolo, estima-se que são emitidos para a atmosfera
cerca de 5 PBq (1015
Becquerel) de 131
I. Nos testes realizados na atmosfera as emissões são da
ordem de 6,5 x 105
PBq . [10]	
  
Atualmente encontra-se em vigor o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares.
Enriquecer urânio implica aumentar a percentagem do isótopo 235
U. O baixo enriquecimento
de urânio, tem como finalidade ser usado como combustível para aquecimento de água a estado de
vapor, que vão acionar turbinas nos reatores geradores de energia), a concentração de 235
U altera-se
de 0.7% para 3-5%. O 235
U enriquecido acima dos 93% é utilizado para fins bélicos.	
  [11]
5.3.1. Reatores nucleares.
Os reatores nucleares são sistemas onde se produz e controla uma reação nuclear em cadeia.
Os reatores térmicos têm todos os mesmos componentes básicos que são:
1. O combustível nuclear pode ser constituído por materiais radioativos como urânio ou
plutónio. O urânio pode estar na forma natural e contêm aproximadamente 0,7% de U!"
!"#
ou
enriquecido e contêm cerca de 90 % de U!"
!"#
.
1.1. Os elementos combustíveis são tubos metálicos onde foi introduzido combustível sob a
forma de óxido de urânio. O núcleo do reator é constituído por uma série de elementos
combustíveis. Ao utilizar o combustível a quantidade de U!"
!"#
diminui pois vai ser convertida
em Pu!"
!"#
e em outros isótopos deste elemento. À medida que se utiliza o combustível os
produtos resultantes da fissão nuclear permanecem nos elementos combustíveis e devem ser
substituídos periodicamente.
2. O moderador pode ser água pesada ou grafite e tem como função desacelerar os neutrões do
material combustível e diminuir a sua energia dos neutrões de 1 Mev para 0,1 eV. Os neutrões
são desacelerados através de colisões elásticas com os núcleos do moderador até atingir o
equilíbrio térmico.
3.Varetas de controle. As varetas de controle são constituídas por um material que tem a
capacidade de absorver neutrões (B, Hf, Cd). As varetas são introduzidas ou retiradas do núcleo
para regular o fluxo de neutrões.
  13	
  
4.Refrigerante. Para evitar que a temperatura no reator suba drasticamente deve-se fazer
circular um fluido através do núcleo e do moderador. Esse fluido deve ter a capacidade de
absorver lentamente os neutrões e pode ser água, água pesada ou um gás (He) ou (CO2).
A energia extraída pelo refrigerante vai ser utilizada para a produção de vapor que irá alimentar
uma turbina e gerar eletricidade. Nos reatores de água em ebulição o vapor de água é gerado no
interior do reator. Nos reatores de água pressurizada o fluido refrigerante flui através de um
permutador de calor. O vapor que alimenta a turbina, flui num circuito externo ao reator. [6]
Fig.8. Reator de água em ebulição.
Fonte: http://fissionadosporfisica.blogspot.pt/2010/07/reatores-nuclerares.html
Fig.9. Reator de água pressurizada
http://nleal.no.sapo.pt/Monograf/Radioactividade/centrais.htm
  14	
  
5.3.2. Acidentes em instalações nucleares
Os acidentes nucleares que ocorreram em instalações civis e militares libertaram para a
atmosfera elevadas quantidades de radionuclídeos artificiais, nalgumas situações ao nível da
estratosfera promovendo o seu transporte a longas distâncias.
Os acidentes mais graves envolvendo reatores nucleares civis foram o acidente de Three
Mile Island em 1979 nos Estados Unidos, o acidente de Chernobyl em 1986 na Ucrânia, o acidente
de Tokaimura em 1999 no Japão e o de Fukushima em 2011 a 230 quilómetros de Tóquio.
No caso de Three Mile Island libertaram-se para a atmosfera cerca de 370 PBq de gases
nobres (em particular de 133
Xe) e 550 GBq de 131
I. [10]
No acidente de Chernobyl deu-se uma enorme explosão e o calor associado originou que
uma quantidade elevada, de partículas radioativas alcançassem a estratosfera e fossem transportadas
a longas distâncias. Foram emitidos para a atmosfera 630 PBq de 131
I, 70 PBq de 137
Cs. Cerca de
34% do 131
I e 56% do 137
Cs foram transportados e depositados noutros países. Para além destes dois
radionuclídeos outros como 103,106
Ru, 125
Sb, 132
Te, 140
Ba, 144
Ce, 134,136
Cs e 140
La foram também
detetados noutros países. [10]
O caso de Fukushima é diferente do de Chernobyl pois trata-se de uma libertação lenta de
radiação, com escoamento para o Oceano Pacífico de águas radioativas.
Relativamente a acidentes nucleares em instalações militares os principais acidentes
conhecidos, ocorreram em Kyshtym na Rússia e o de Windscale na Grã Bretanha ambos em 1957.
6. Perigosidade da radiação ionizante.
A radiação ionizante pode ser perigosa para os seres vivos. A radiação pode produzir
efeitos nocivos no organismo dos indivíduos, por irradiação ou contaminação. A irradiação ocorre
quando um individuo ou um objeto ficam expostos a radiações mesmo sem estarem em contato
direto com o material radioativo.
A contaminação carateriza-se pela presença de material radioativo indesejável, num
determinado local que pode produzir efeitos graves se entrar em contacto direto com o individuo ou
se for introduzido no organismo. [12]
Um corpo pode sofrer irradiação sem ficar contaminado.
Os efeitos biológicos das radiações ionizantes têm a ver com a possibilidade que elas têm de
ionizar e fragmentar moléculas presentes no corpo humano, algumas muito pequenas como da água
e outras muito grandes como a molécula do ADN.
Estes efeitos dependem do tipo de radiação e da dose absorvida que varia de indivíduo para
indivíduo e do tecido irradiado. O gray (Gy) é a unidade de dose de radiação absorvida e
  15	
  
corresponde à quantidade de radiação que deposita 1 J de energia por kg de material que
atravessa.[13]
Como os efeitos da radiação podem variar com o tipo e energia, para uma mesma dose
absorvida, criou-se um conceito que comparasse os efeitos devidos às diferentes caraterísticas da
radiação. Foi introduzida a dose equivalente, HT, (unidade Sievert, Sv).
HT/Sv = WR x (DR/Gy)
DR – dose absorvida média por órgão ou tecido.
WR – equivalente biológico que depende do tipo de radiação e da sua energia
A dose equivalente é expressa em J/kg no S.I.
Os efeitos produzidos pela radiação ionizante nos seres vivos podem ser agudos ou a longo
prazo. Um indivíduo pode apresentar sintomas de síndrome agudo de radiação ao ficar exposto a
radiações durante algumas horas, semanas ou meses e são devidos a altas doses de radiação. Se a
dose absorvida no corpo for:
- 0,25 a 1 Gy o indivíduo pode apresentar náuseas e diarreias.
- 1 a 3 Gy pode contrair infeções causadas por agentes oportunistas.
- 3 a 5 Gy pode ter hemorragias, perda de pelos e esterilidade temporária ou permanente.
- 5 a 10 Gy pode levar á falência do sistema nervoso e cardiovascular e conduzir à morte em
poucos dias. [13]
7. Aplicações da radiação ionizante.
7.1 Medicina
A área da medicina que utiliza a radiação ionizante, para fins de diagnóstico e terapia
designa-se por radiologia e divide-se em radioterapia, radiologia diagnóstica e medicina nuclear.
A radioterapia consiste em eliminar tumores malignos, através da absorção de energia
radiante. O principio básico é destruir as células cancerígenas e evitar a sua proliferação.
Na radioterapia utilizam-se os Raios X para tratamento de cancros superficiais (cancro da
pele). Para o tratamento de cancros localizados em órgãos mais interiores, como o pulmão, a bexiga
e o útero utilizam-se outras fontes radioativas como o 60
Co ou o 137
Ce. Através do tratamento com
radioterapia, muitos cancros têm sido eliminados e a qualidade de vida das pessoas com estas
doenças tem sido melhorada. [14]
Na radiologia de diagnóstico são utilizados feixes de raios X, com a finalidade de se
obterem imagens do interior do corpo humano. Os tecidos com diferentes composições absorvem
os raios X de maneira diferente. Ao serem atravessados por raios X tecidos mais densos (fígado) ou
com elementos mais pesados como o Ca (ossos) absorvem mais radiação que os tecidos que
apresentam uma densidade menor como o pulmão.	
  [15]	
  
  16	
  
O médico ao analisar essas imagens pode realizar o diagnóstico de determinadas doenças.
Com o aparecimento da tomografia axial computadorizada gerou-se uma autêntica
revolução na área do diagnóstico por raios X. A TAC é um exame complementar de diagnóstico,
que consiste em obter uma imagem que represente uma parte do corpo. Essa imagem é obtida
através do processamento por computador de informação recolhida após expor o corpo a uma
sucessão de feixes de Raios X. [15]
As vantagens das imagens obtidas através da TAC em comparação com a radiologia
convencional (Raios X) é que permitem a visualização e estudo de secções transversais do corpo
humano, enquanto os raios X apenas permitem a representação das estruturas do corpo
sobrepostas.[15]
Fig.10. Tomografia computadorizada é uma técnica
de diagnóstico que usa Raio X
para captar imagens de alta definição.
Fonte; http://www.euromedic.pt/serviços/exames-de-imagiologia/tac-tomografia-computorizada.aspx
A medicina nuclear utiliza radionuclídeos e técnicas de Física nuclear no diagnóstico, estudo
e tratamento de doenças. A diferença entre a medicina nuclear e a técnica de Raios X está no
facto de que utilização de radionuclídeos estar relacionada com a anatomia do corpo humano,
enquanto os Raios X se direcionam para o metabolismo e a fisiologia. Por exemplo no
diagnóstico de doenças da glândula da tiroide, utiliza-se o 131
I e o 123
I, que permitem obter
informações que levam a identificar doenças como hipotiroidismo, hipertiroidismo ou a presença
de algum tumor. [14]
O (PET) tomografia por emissão de positrões é outro tipo de exame de diagnóstico que
utiliza radionuclídeos, (flúor radioativo) que emitem um positrão ao desintegrarem - se e quando
detetado permite obter imagens tridimensionais do corpo humano.	
  [16]
  17	
  
7.2 Indústria
Na indústria, os materiais radioativos são utilizados no controle de processos e produtos,
controle de soldaduras e esterilização.
7.3 Arqueologia
A arqueologia utiliza material radioativo 14
C para a determinação da idade de fósseis e
datação de objetos e documentos.
A datação por carbono-14 (14
C) é um método radiométrico que permite determinar a idade
de objetos que contenham carbono, na sua estrutura molecular.
O (14
C) aparece na nossa atmosfera devido ao bombardeamento de átomos 14
N por
neutrões, provenientes de raios cósmicos, segundo a equação:
𝑁 +   𝑛!
!
!
!"
→ 𝐶 +   𝑝!
!
!
!"
[17]
O (14
C) é um isótopo radioativo que se transforma em azoto-14 e emite partículas β-
segundo a equação:
𝐶!
!"
→ 𝑁!
!"
+ β-
+ υ
O período de desintegração deste decaimento é de 5730 anos. Devido a estas duas reações a
percentagem de Carbono-14 mantem-se constante. Com a morte de um organismo, a absorção de
dióxido de carbono é interrompida e como o Carbono-14 é radioativo continua a decair, ao
contrário da quantidade de carbono-12 que permanece inalterada.
Através da comparação da atividade do isótopo 14
C do carbono, entre um organismo vivo e
um fóssil pode-se obter a idade do fóssil. [17]
  18	
  
8. Conclusões
A energia nuclear não deve ser encarada como algo maléfico e destruidor, contudo não nos
podemos esquecer do que aconteceu na segunda Guerra Mundial, com o lançamento das bombas
atómicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, para que não volte a acontecer. A Humanidade
também não esquece os acidentes de Chernobyl e mais recentemente Fukushima, acidentes graves,
que provocaram morte e destruição. Os cientistas estando alertados para os perigos e podem
minimizar os riscos.
O cancro está a tomar proporções epidémicas e a Humanidade tem a obrigação de orientar
os seus esforços para que os países subdesenvolvidos, disponham de serviços de radioterapia, física
médica, medicina nuclear e imagiologia.
A energia nuclear tem que ser utilizada, para fins pacíficos e para promover a saúde .
  19	
  
9. Referências bibliográficas:
[1] FRIELANDER, G., KENNEDY, J.W., MILLER,J, M., (1999) 2ª Edition, Nuclear and
Radiochemistry,
[2] 	
  http://www.explicatorium.com/Marie-Curie.php
[3]	
   http://pt.wikipedia.org/wiki/Pechblenda
[4]	
  CURIE, P., CURIE, M.S. Sur une substance nouvelle radio-active, contenue dans la
pechblende. Comptes Rendus, 127, 175-178 (1898).
[5]	
   http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/revistas/30_1/vol30_fasc1_Art07.pdf
[6] ALONSO, M., FINN, E.J., (2001) Física, Pearson Education.
[7]	
  	
  http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/lucia/qnes/dados/hipertextos/01/Decaimento%20gama.htm
[8] TIPLER, M,. (1999) 5th Edition.
[9]MANSO.,E.,VARANDAS., C.A.F Fusão nuclear opção energética para o futuro.
http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/
[10]	
   http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/ , A Radioactividade no Ambiente.
[11] http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=81
[12] http://www.sjt.com.br/tecnico/gestao/arquivosportal/file/ENERGIA%20NUCLEAR%20-
%20APLICAÇÕES%20-%20CNEN.pdf
[13] OKUNO, E,. Efeitos biológicos das radiações ionizantes.	
  	
  	
  	
  
http://www.scielo.br/pdf/ea/v27n77/v27n77a14.pdf
[14] http://www.coladaweb.com/medicina-e-enfermagem/aplicacoes-da-radiacao-na-medicina
  20	
  
[15] http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomografia_computadorizada
[16]	
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomografia_por_emissão_de_positrões
[17]	
  RIBEIRO, D,. (2012), WikiCiências.

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  • 1. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto RADIOATIVIDADE   APLICAÇÕES,  VANTAGENS  E  DESVANTAGENS   Mestrado em Ensino da Física e da Química no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário ORIENTADORA: DOUTORA ANA MARIA MELO VENTURA REIS COORDENADOR: DOUTOR PAULO SIMEÃO DE CARVALHO Manuel Joaquim Coelho Barros Março 2014    
  • 2.   2   Índice...................................................................................................................................................2 1. Descoberta da radioatividade .......................................................................................................3 2. Fontes de radiação .........................................................................................................................4 2.1. Ocorrências naturais..................................................................................................................4 2.1.1.Radiação terrestre ................................................................................................................4 2.1.2.Radiação cósmica ................................................................................................................5 3. Decaimento radioativo...................................................................................................................6 3.1. Decaimento α ............................................................................................................................6 3.2. Decaimento β- ............................................................................................................................7 3.3. Decaimento β+ ...........................................................................................................................7 3.4. Captura eletrónica......................................................................................................................7 3.2. Emissão γ...................................................................................................................................8 4. Lei do decaimento radioativo........................................................................................................8 5. Reações nucleares...........................................................................................................................9 5.1. Fissão nuclear............................................................................................................................9 5.2. Fusão nuclear...........................................................................................................................10 5.3. Ocorrências artificiais..............................................................................................................11 5.3.1 Reatores nucleares. ............................................................................................................12 5.3.2.Acidentes em instalações nucleares...................................................................................14 6. Perigosidade da radiação ionizante............................................................................................14 7. Aplicações da radiação ionizante................................................................................................15 7.1. Medicina..................................................................................................................................15 7.2. Indústria...................................................................................................................................17 7.3. Arqueologia.............................................................................................................................17 8. Conclusões.....................................................................................................................................18 9. Referências bibliográficas ...........................................................................................................19
  • 3.   3   1. Descoberta da radioatividade   A 8 de novembro de 1895, W.C. Roentgen estava a trabalhar no laboratório, da Universidade de Wurzburg, com um tubo de raios catódicos e conseguiu observar que estes raios atingiam um alvo colocado no interior do tubo que podiam atravessar corpos opacos e excitar uma tela fluorescente ou um filme fotográfico. Por não saber a proveniência destes raios, Roentgen batizou-os de raios X. Esta descoberta, abriu as portas à deteção radioativa.   Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) descobriu o fenómeno da radioatividade ao desenvolver experiências com urânio. O seu pai, Edmund Becquerel (1820-1891), já se interessava pela fluorescência de sais de urânio e em 1880 Henri Becquerel reparou que um composto de urânio, sulfato de potássio e uranilo, K2UO2(SO4)2.2H2O apresentava fluorescência quando excitado pela luz U.V. Era um fenómeno idêntico ao dos raios X e concluiu que este composto emitia um tipo de radiação, capaz de atravessar um papel negro e manchar uma chapa fotográfica. Becquerel apercebeu-se ainda da capacidade que a radiação proveniente dos sais de urânio, tinha para ionizar gases e conduzir a corrente elétrica. [1]   Marie Curie nasceu em Varsóvia, a 7 de dezembro de 1867. Ainda jovem mudou-se para Paris. Licenciou-se em Ciências Matemáticas e Física, na Universidade de Sorbonne. Casou-se em 1895 com Pierre Curie, professor de Física. [2]   Através do incentivo de Henri Becquerel, começou a estudar as radiações emitidas pelos sais de urânio por ele descobertas. Em conjunto com o seu marido, começou a examinar materiais que produziam este tipo de radiação e tentou identificar novos elementos, que supostamente existiam em minerais como a pechblenda, (variedade de uraninita, a partir da qual se extrai o urânio purificado e concentrado sob a forma de sal amarelado, sendo conhecido como “yellowcake”). [3] A decomposição química e o fracionamento da pechblenda, levou à descoberta de um novo elemento radioativo. Marie Curie afirma, “Cremos que a substância que retiramos da pechblenda contêm um metal ainda não identificado. Se a existência desse novo elemento for confirmada, propomos dar-lhe o nome de polónio, nome do país de origem de um de nós”, [4] mais tarde descobriram um novo elemento o rádio, quimicamente semelhante ao bário que viria a ser identificado através da espetroscopia. O rádio foi encontrado numa fração de bário separado quimicamente da pechblenda (uranite) que continha 75% de U3O8 e concluíram que o rádio podia ser concentrado a partir do bário através da cristalização fracionada.[1]
  • 4.   4   Ernest Rutherford (1871-1937) provou que taxa de emissão de radiação não era constante, mas diminuía exponencialmente com o tempo e que os processos radioativos eram acompanhados de mudanças nas propriedades químicas dos átomos. Foi premiado com o Nobel da Química em 1908, devido à sua investigação sobre a desintegração dos elementos radioativos e química das substâncias radioativas. 2. Fontes de radiação. 2.1. Ocorrências naturais. Grande parte da radiação a que nos encontramos sujeitos é proveniente de fontes naturais, como o Espaço, a Terra, o ar que está à nossa volta e a cadeia alimentar. 2.1.1. Radiação terrestre.   Todos os elementos de origem natural cujo número atómico é superior a 83 (Bismuto) são radioativos. Existem elementos radioativos naturais que não têm isótopos estáveis como, por exemplo o urânio. Estes elementos têm decaimentos sucessivos, até alcançarem um núcleo estável mais leve, constituindo uma cadeia ou sequência radioativa. Há três cadeias que se podem encontrar na natureza, a do urânio, tório e actínio.                                                                                              Fig.1. Séries radioativas naturais. Fonte : http://qualidadeonline.wordpress.com/category/radioatividade/ O urânio de número de massa 238 depois de 14 decaimentos (8 emissões α, 6 emissões β) dá origem a um núcleo estável de Chumbo (Pb) com número de massa 206.
  • 5.   5   O tório de número de massa 232 dá origem a um núcleo estável de Chumbo (Pb) com número de massa 208. O actínio de número de massa 227 dá origem a um núcleo estável de chumbo (Pb) com número de massa 207. [1] 2.1.2. Radiação cósmica. Os radionuclídeos cosmogénicos formam-se devido à interação da radiação cósmica, com os gases presentes na atmosfera. A radiação cósmica é constituída, por um fluxo de partículas de alta energia proveniente do espaço interestelar. Os raios cósmicos colidem com os átomos da atmosfera e originam uma “cascata” de neutrões e protões, que ao interagirem com os núcleos de oxigénio, azoto e carbono dão origem a outros elementos, alguns deles isótopos radioativos. Fig. 2. Raios cósmicos que interagem com núcleos leves e originam novos elementos. Fonte: https://indico.cern.ch/conferenceDisplay.py?confId=99542 Cosmic Ray detectors for Education C! !" + 1 p ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐿𝑖! ! ! ! N! !" + 1 n  ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐿𝑖! ! ! ! N! !" + 1 n  ⟶ 𝐵𝑒 +   𝐵𝑒! !" ! ! 𝑁  ! !" + 1 p ⟶ 𝐵𝑒 + 2   𝐻𝑒! ! ! ! 2+ [5]   Em termos de contribuição à exposição do ser humano os mais importantes são o 3 H , o 14 C, o 7 Be e o 22 Na. [5]  
  • 6.   6   3. Decaimento radioativo A maior parte dos núcleos são combinações estáveis de nucleões, mas algumas das combinações de protões e neutrões originam núcleos instáveis ou radioativos. Estes núcleos instáveis, tendem a formar configurações estáveis emitindo partículas e radiação eletromagnética. Fig.3. Nuclídeos estáveis e radioativos. Fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Núcleo_atómico Os principais tipos de emissão de radiações nucleares são: 3.1. Decaimento α As partículas α são núcleos de   𝐻𝑒!  ! . O decaimento α é um processo em que o núcleo emite uma partícula α e dá origem a um núcleo filho que tem menos dois neutrões e dois protões que o núcleo progenitor. Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por: 𝑋  !  ! →   𝑌!! !!! !!! +   𝐻𝑒!! ! ! [6] A energia disponível no decaimento α é dada por: Qα = [ M (A,Z) – M (A - 4, Z- 2) – Mα ] c2 O 𝑈!" !"# emite uma partícula α e desintegra-se da seguinte maneira 𝑈  !" !"# →   𝑇ℎ!! + 𝐻𝑒!! ! ! !" !"# , as partículas α são extremamente estáveis.
  • 7.   7   3.2. Decaimento β- Os núcleos que tem um número excessivo de neutrões se comparados com os isótopos estáveis Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por: 𝑋  !  ! →   𝑌! !!! ! +   β- + ν [6] A energia disponível no decaimento β- é dada por: Qβ- = [M (A,Z) – M (A, Z+1)] c2 O 𝐶  ! !" é um emissor β- e desintegra-se de acordo com o esquema: 𝐶  ! !" →   𝑁! + 𝛽! +! !" ν ν – antineutrino – partícula neutra e de massa muito pequena. 3.3. Decaimento β+ Os núcleos que tem um número relativamente grande de protões, podem ser instáveis e emitir positrões (carga +e) . Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por: 𝑋  ! ! →   Y! + 𝛽! !!! ! + ν [6] A energia disponível no decaimento β+ é dada por: Qβ + = [M (A,Z) – M (A, Z-1) – 2me] c2 O 𝐶  ! !! é um emissor β+ e desintegra-se de acordo com o esquema: 𝐶  ! !! →   B! + 𝛽! ! !! + ν ν - neutrino – partícula neutra e de massa muito pequena. 3.4. Captura eletrónica Um protão no interior do núcleo captura um eletrão das camadas mais interiores, como a camada K e tem como resultado, a reação nuclear de um protão, segundo a equação : 𝑝 + 𝑒! → n Se X for o núcleo pai e Y o núcleo filho, o processo de decaimento pode ser expresso por: 𝑋 +   𝑒! ! ! →   𝑌!!! ! [6] A energia disponível na captura eletrónica é dada por: QCE = [M (A,Z) – M (A, Z-1)] c2 Um exemplo de captura eletrónica : 𝑁𝑎 +   𝑒! !! !! →   𝑁𝑒!" !!
  • 8.   8   3.5. Emissão γ Resulta da libertação de energia em excesso por um núcleo de um átomo emitindo ondas eletromagnéticas de elevada frequência. A emissão γ esta associado a decaimentos como o α e β se os nuclídeos filhos estiverem num estado excitado. Um exemplo de decaimento γ : 𝑅𝑛∗   !" !!! → 𝑅𝑛 + 𝛾!" !!! 𝑅𝑛∗   !" !!! - representa um núcleo de radão no estado excitado. [7] 4. Lei do decaimento radioativo Em 1900, Rutherford descobriu que a taxa de emissão de radiação não era constante mas diminuía exponencialmente com o tempo. O número de núcleos radioativos dN que decaem é proporcional ao intervalo de tempo dt e ao número de núcleos presentes é dado pela equação: !" ! = −  𝜆dt λ – Constante de desintegração (s-1 ) Se N0 for o número de núcleos no instante t = 0 o número de núcleos remanescentes após o tempo t é dado pela expressão: 𝑵 = 𝑵 𝟎 𝒆!𝝀𝒕 – Lei do decaimento radioativo [7] A lei do decaimento radioativo pode ser representada graficamente, da seguinte forma: Fig.4. Decaimento radioativo como função do tempo. Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fisica-nuclear/fisica-nuclear-4.php Para cada nuclídeo há um intervalo de tempo t1/2, tempo de semi transformação durante o qual o número de núcleos é reduzido a metade do inicial.
  • 9.   9   Substituindo 𝑁 = !! ! na equação (1) obtém-se :                                 𝟏 𝟐 𝑵 𝟎 = 𝑵 𝟎 𝒆!𝝀𝒕𝟏/𝟐 ou 𝑒!"!/! = 2  ↔ λt1/2 = ln 2 = 0,693 t1/2 = 0,693 / λ λ– constante de decaimento. A atividade de uma substância é a taxa de desintegração dos núcleos radioativos e obtém-se da seguinte maneira: !" !" = - λNo 𝒆!𝝀𝒕𝟏/𝟐 = - λ N A= CλN A atividade é expressa em curies (Ci) . O Curie define-se como a atividade de uma substância que se desintegra a um ritmo de 3,70000 x 1010 núcleos por segundo. [6] A unidade da atividade no S.I. é o Becquerel (Bq) que corresponde a uma d.s-1 . (desintegração *segundo-1 ) e é igual a 2,7 x 10 -11 Ci. 5. Reações nucleares. Uma reação nuclear, carateriza-se por ser uma transformação onde ocorrem mudanças nos núcleos dos átomos. As reações nucleares envolvem alterações no número de nucleões de um átomo. Estas reações podem originar novos elementos (por alteração do número de protões) ou novos isótopos (por alteração do número de neutrões). 5.1. Fissão nuclear Núcleos pesados (Z > 92) podem sofrer fissão espontânea. A fissão como processo natural é muito rara (o U!" !"# sofre fissão espontânea com uma meia-vida de aproximadamente 1016 anos). Núcleos pesados como o urânio e o plutónio colidem com um neutrão, o núcleo fica instável e divide-se em dois fragmentos. Dependendo da reação podem ser emitido 1, 2 ou 3 neutrões. Por exemplo: n + 235 U → 236 U 236 U → 141 Ba + 92 Kr + 3n [8]
  • 10.   10   Fig.5. Reação em cadeia. Fonte: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/16308/05_teoria.htm O urânio que existe na natureza é constituído por 99,3% de 238 U e 0,7% de 235 U para, ser passível de fissão com neutrões térmicos procede-se ao enriquecimento de urânio aumentando a percentagem de 235 U em relação ao 238 U. [8] 5.2. Fusão nuclear. Para realizar uma reação de fusão nuclear é necessário aproximar dois núcleos que, devido ao facto de terem carga positiva têm tendência a repelir-se. Para obter energia a partir da fusão nuclear é preciso aquecer os nuclídeos, a temperaturas elevadas da ordem dos 100 milhões de graus Celsius (10 Kev). Temperaturas desta ordem de grandeza ocorrem no interior das estrelas e a matéria, nelas contida fica no estado de plasma. O plasma é um gás ionizado com eletrões e iões positivos que existe na natureza sob diversas formas, aliás 99 por cento da matéria do Universo encontra-se na forma de plasma, o quarto estado da matéria. Um dos maiores problemas dos reatores nucleares de fusão é manter o estado de plasma confinado o tempo suficiente, para que as reações ocorram.
  • 11.   11   Fig.6 – Representação de um plasma. Fonte: Fusão nuclear opção energética para o futuro. Manso.M.E., Varandas. C.A.F http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/ Uma reação possível de produzir é a que ocorre entre o deutério (2 H) e o trítio (3 H) os quais se fundem e originam um núcleo de Hélio (4 He). H! ! +   H! ! → 𝐻𝑒  ! ! + n + 17,6 MeV Esta reação já foi utilizada em dois dispositivos experimentais de fusão, os tokamaks TFTR (Tokamak Fusion Test Reactor), nos Estados Unidos e JET (Joint European Torus), na Europa. A fusão nuclear pode produzir uma energia limpa, segura praticamente inesgotável e é bastante atrativa economicamente. [9] 5.3. Ocorrências artificiais. A primeira experiência nuclear, da história foi realizada pelos Estados Unidos em 1945, um teste de uma bomba de plutónio de implosão, o mesmo tipo de arma que viria a ser usada em Nagasaki, seguiram-se muitos outros testes nos anos 50 e 60. Estes testes foram a principal fonte, de emissão de radionuclídeos artificiais para o ambiente. Fig. 7. Explosão da bomba atómica de Nagasaki no Japão em 9 de Agosto de 1945 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_nuclear
  • 12.   12   A quantidade de gases e partículas que são emitidas para atmosfera, quando se realiza um ensaio nuclear depende se é feito a céu aberto, no solo, subterrâneo ou subaquático. As maiores emissões resultam de ensaios atmosféricos, pois liberta-se a quase totalidade de gases e partículas. Estas emissões diminuem, quando são realizados à superfície do solo e ainda mais quando são subterrâneas e subaquáticas. Nos testes nucleares realizados no subsolo, estima-se que são emitidos para a atmosfera cerca de 5 PBq (1015 Becquerel) de 131 I. Nos testes realizados na atmosfera as emissões são da ordem de 6,5 x 105 PBq . [10]   Atualmente encontra-se em vigor o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares. Enriquecer urânio implica aumentar a percentagem do isótopo 235 U. O baixo enriquecimento de urânio, tem como finalidade ser usado como combustível para aquecimento de água a estado de vapor, que vão acionar turbinas nos reatores geradores de energia), a concentração de 235 U altera-se de 0.7% para 3-5%. O 235 U enriquecido acima dos 93% é utilizado para fins bélicos.  [11] 5.3.1. Reatores nucleares. Os reatores nucleares são sistemas onde se produz e controla uma reação nuclear em cadeia. Os reatores térmicos têm todos os mesmos componentes básicos que são: 1. O combustível nuclear pode ser constituído por materiais radioativos como urânio ou plutónio. O urânio pode estar na forma natural e contêm aproximadamente 0,7% de U!" !"# ou enriquecido e contêm cerca de 90 % de U!" !"# . 1.1. Os elementos combustíveis são tubos metálicos onde foi introduzido combustível sob a forma de óxido de urânio. O núcleo do reator é constituído por uma série de elementos combustíveis. Ao utilizar o combustível a quantidade de U!" !"# diminui pois vai ser convertida em Pu!" !"# e em outros isótopos deste elemento. À medida que se utiliza o combustível os produtos resultantes da fissão nuclear permanecem nos elementos combustíveis e devem ser substituídos periodicamente. 2. O moderador pode ser água pesada ou grafite e tem como função desacelerar os neutrões do material combustível e diminuir a sua energia dos neutrões de 1 Mev para 0,1 eV. Os neutrões são desacelerados através de colisões elásticas com os núcleos do moderador até atingir o equilíbrio térmico. 3.Varetas de controle. As varetas de controle são constituídas por um material que tem a capacidade de absorver neutrões (B, Hf, Cd). As varetas são introduzidas ou retiradas do núcleo para regular o fluxo de neutrões.
  • 13.   13   4.Refrigerante. Para evitar que a temperatura no reator suba drasticamente deve-se fazer circular um fluido através do núcleo e do moderador. Esse fluido deve ter a capacidade de absorver lentamente os neutrões e pode ser água, água pesada ou um gás (He) ou (CO2). A energia extraída pelo refrigerante vai ser utilizada para a produção de vapor que irá alimentar uma turbina e gerar eletricidade. Nos reatores de água em ebulição o vapor de água é gerado no interior do reator. Nos reatores de água pressurizada o fluido refrigerante flui através de um permutador de calor. O vapor que alimenta a turbina, flui num circuito externo ao reator. [6] Fig.8. Reator de água em ebulição. Fonte: http://fissionadosporfisica.blogspot.pt/2010/07/reatores-nuclerares.html Fig.9. Reator de água pressurizada http://nleal.no.sapo.pt/Monograf/Radioactividade/centrais.htm
  • 14.   14   5.3.2. Acidentes em instalações nucleares Os acidentes nucleares que ocorreram em instalações civis e militares libertaram para a atmosfera elevadas quantidades de radionuclídeos artificiais, nalgumas situações ao nível da estratosfera promovendo o seu transporte a longas distâncias. Os acidentes mais graves envolvendo reatores nucleares civis foram o acidente de Three Mile Island em 1979 nos Estados Unidos, o acidente de Chernobyl em 1986 na Ucrânia, o acidente de Tokaimura em 1999 no Japão e o de Fukushima em 2011 a 230 quilómetros de Tóquio. No caso de Three Mile Island libertaram-se para a atmosfera cerca de 370 PBq de gases nobres (em particular de 133 Xe) e 550 GBq de 131 I. [10] No acidente de Chernobyl deu-se uma enorme explosão e o calor associado originou que uma quantidade elevada, de partículas radioativas alcançassem a estratosfera e fossem transportadas a longas distâncias. Foram emitidos para a atmosfera 630 PBq de 131 I, 70 PBq de 137 Cs. Cerca de 34% do 131 I e 56% do 137 Cs foram transportados e depositados noutros países. Para além destes dois radionuclídeos outros como 103,106 Ru, 125 Sb, 132 Te, 140 Ba, 144 Ce, 134,136 Cs e 140 La foram também detetados noutros países. [10] O caso de Fukushima é diferente do de Chernobyl pois trata-se de uma libertação lenta de radiação, com escoamento para o Oceano Pacífico de águas radioativas. Relativamente a acidentes nucleares em instalações militares os principais acidentes conhecidos, ocorreram em Kyshtym na Rússia e o de Windscale na Grã Bretanha ambos em 1957. 6. Perigosidade da radiação ionizante. A radiação ionizante pode ser perigosa para os seres vivos. A radiação pode produzir efeitos nocivos no organismo dos indivíduos, por irradiação ou contaminação. A irradiação ocorre quando um individuo ou um objeto ficam expostos a radiações mesmo sem estarem em contato direto com o material radioativo. A contaminação carateriza-se pela presença de material radioativo indesejável, num determinado local que pode produzir efeitos graves se entrar em contacto direto com o individuo ou se for introduzido no organismo. [12] Um corpo pode sofrer irradiação sem ficar contaminado. Os efeitos biológicos das radiações ionizantes têm a ver com a possibilidade que elas têm de ionizar e fragmentar moléculas presentes no corpo humano, algumas muito pequenas como da água e outras muito grandes como a molécula do ADN. Estes efeitos dependem do tipo de radiação e da dose absorvida que varia de indivíduo para indivíduo e do tecido irradiado. O gray (Gy) é a unidade de dose de radiação absorvida e
  • 15.   15   corresponde à quantidade de radiação que deposita 1 J de energia por kg de material que atravessa.[13] Como os efeitos da radiação podem variar com o tipo e energia, para uma mesma dose absorvida, criou-se um conceito que comparasse os efeitos devidos às diferentes caraterísticas da radiação. Foi introduzida a dose equivalente, HT, (unidade Sievert, Sv). HT/Sv = WR x (DR/Gy) DR – dose absorvida média por órgão ou tecido. WR – equivalente biológico que depende do tipo de radiação e da sua energia A dose equivalente é expressa em J/kg no S.I. Os efeitos produzidos pela radiação ionizante nos seres vivos podem ser agudos ou a longo prazo. Um indivíduo pode apresentar sintomas de síndrome agudo de radiação ao ficar exposto a radiações durante algumas horas, semanas ou meses e são devidos a altas doses de radiação. Se a dose absorvida no corpo for: - 0,25 a 1 Gy o indivíduo pode apresentar náuseas e diarreias. - 1 a 3 Gy pode contrair infeções causadas por agentes oportunistas. - 3 a 5 Gy pode ter hemorragias, perda de pelos e esterilidade temporária ou permanente. - 5 a 10 Gy pode levar á falência do sistema nervoso e cardiovascular e conduzir à morte em poucos dias. [13] 7. Aplicações da radiação ionizante. 7.1 Medicina A área da medicina que utiliza a radiação ionizante, para fins de diagnóstico e terapia designa-se por radiologia e divide-se em radioterapia, radiologia diagnóstica e medicina nuclear. A radioterapia consiste em eliminar tumores malignos, através da absorção de energia radiante. O principio básico é destruir as células cancerígenas e evitar a sua proliferação. Na radioterapia utilizam-se os Raios X para tratamento de cancros superficiais (cancro da pele). Para o tratamento de cancros localizados em órgãos mais interiores, como o pulmão, a bexiga e o útero utilizam-se outras fontes radioativas como o 60 Co ou o 137 Ce. Através do tratamento com radioterapia, muitos cancros têm sido eliminados e a qualidade de vida das pessoas com estas doenças tem sido melhorada. [14] Na radiologia de diagnóstico são utilizados feixes de raios X, com a finalidade de se obterem imagens do interior do corpo humano. Os tecidos com diferentes composições absorvem os raios X de maneira diferente. Ao serem atravessados por raios X tecidos mais densos (fígado) ou com elementos mais pesados como o Ca (ossos) absorvem mais radiação que os tecidos que apresentam uma densidade menor como o pulmão.  [15]  
  • 16.   16   O médico ao analisar essas imagens pode realizar o diagnóstico de determinadas doenças. Com o aparecimento da tomografia axial computadorizada gerou-se uma autêntica revolução na área do diagnóstico por raios X. A TAC é um exame complementar de diagnóstico, que consiste em obter uma imagem que represente uma parte do corpo. Essa imagem é obtida através do processamento por computador de informação recolhida após expor o corpo a uma sucessão de feixes de Raios X. [15] As vantagens das imagens obtidas através da TAC em comparação com a radiologia convencional (Raios X) é que permitem a visualização e estudo de secções transversais do corpo humano, enquanto os raios X apenas permitem a representação das estruturas do corpo sobrepostas.[15] Fig.10. Tomografia computadorizada é uma técnica de diagnóstico que usa Raio X para captar imagens de alta definição. Fonte; http://www.euromedic.pt/serviços/exames-de-imagiologia/tac-tomografia-computorizada.aspx A medicina nuclear utiliza radionuclídeos e técnicas de Física nuclear no diagnóstico, estudo e tratamento de doenças. A diferença entre a medicina nuclear e a técnica de Raios X está no facto de que utilização de radionuclídeos estar relacionada com a anatomia do corpo humano, enquanto os Raios X se direcionam para o metabolismo e a fisiologia. Por exemplo no diagnóstico de doenças da glândula da tiroide, utiliza-se o 131 I e o 123 I, que permitem obter informações que levam a identificar doenças como hipotiroidismo, hipertiroidismo ou a presença de algum tumor. [14] O (PET) tomografia por emissão de positrões é outro tipo de exame de diagnóstico que utiliza radionuclídeos, (flúor radioativo) que emitem um positrão ao desintegrarem - se e quando detetado permite obter imagens tridimensionais do corpo humano.  [16]
  • 17.   17   7.2 Indústria Na indústria, os materiais radioativos são utilizados no controle de processos e produtos, controle de soldaduras e esterilização. 7.3 Arqueologia A arqueologia utiliza material radioativo 14 C para a determinação da idade de fósseis e datação de objetos e documentos. A datação por carbono-14 (14 C) é um método radiométrico que permite determinar a idade de objetos que contenham carbono, na sua estrutura molecular. O (14 C) aparece na nossa atmosfera devido ao bombardeamento de átomos 14 N por neutrões, provenientes de raios cósmicos, segundo a equação: 𝑁 +   𝑛! ! ! !" → 𝐶 +   𝑝! ! ! !" [17] O (14 C) é um isótopo radioativo que se transforma em azoto-14 e emite partículas β- segundo a equação: 𝐶! !" → 𝑁! !" + β- + υ O período de desintegração deste decaimento é de 5730 anos. Devido a estas duas reações a percentagem de Carbono-14 mantem-se constante. Com a morte de um organismo, a absorção de dióxido de carbono é interrompida e como o Carbono-14 é radioativo continua a decair, ao contrário da quantidade de carbono-12 que permanece inalterada. Através da comparação da atividade do isótopo 14 C do carbono, entre um organismo vivo e um fóssil pode-se obter a idade do fóssil. [17]
  • 18.   18   8. Conclusões A energia nuclear não deve ser encarada como algo maléfico e destruidor, contudo não nos podemos esquecer do que aconteceu na segunda Guerra Mundial, com o lançamento das bombas atómicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, para que não volte a acontecer. A Humanidade também não esquece os acidentes de Chernobyl e mais recentemente Fukushima, acidentes graves, que provocaram morte e destruição. Os cientistas estando alertados para os perigos e podem minimizar os riscos. O cancro está a tomar proporções epidémicas e a Humanidade tem a obrigação de orientar os seus esforços para que os países subdesenvolvidos, disponham de serviços de radioterapia, física médica, medicina nuclear e imagiologia. A energia nuclear tem que ser utilizada, para fins pacíficos e para promover a saúde .
  • 19.   19   9. Referências bibliográficas: [1] FRIELANDER, G., KENNEDY, J.W., MILLER,J, M., (1999) 2ª Edition, Nuclear and Radiochemistry, [2]  http://www.explicatorium.com/Marie-Curie.php [3]   http://pt.wikipedia.org/wiki/Pechblenda [4]  CURIE, P., CURIE, M.S. Sur une substance nouvelle radio-active, contenue dans la pechblende. Comptes Rendus, 127, 175-178 (1898). [5]   http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/revistas/30_1/vol30_fasc1_Art07.pdf [6] ALONSO, M., FINN, E.J., (2001) Física, Pearson Education. [7]    http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/lucia/qnes/dados/hipertextos/01/Decaimento%20gama.htm [8] TIPLER, M,. (1999) 5th Edition. [9]MANSO.,E.,VARANDAS., C.A.F Fusão nuclear opção energética para o futuro. http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/ [10]   http://nautilus.fis.uc.pt/gazeta/ , A Radioactividade no Ambiente. [11] http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=81 [12] http://www.sjt.com.br/tecnico/gestao/arquivosportal/file/ENERGIA%20NUCLEAR%20- %20APLICAÇÕES%20-%20CNEN.pdf [13] OKUNO, E,. Efeitos biológicos das radiações ionizantes.         http://www.scielo.br/pdf/ea/v27n77/v27n77a14.pdf [14] http://www.coladaweb.com/medicina-e-enfermagem/aplicacoes-da-radiacao-na-medicina
  • 20.   20   [15] http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomografia_computadorizada [16]  http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomografia_por_emissão_de_positrões [17]  RIBEIRO, D,. (2012), WikiCiências.