1. Solu¸oes dos exerc´
c˜ ıcios de An´lise do livro An´lise real
a a
volume 1 de Elon Lages Lima.
‡
Rodrigo Carlos Silva de Lima
Universidade Federal Fluminense - UFF-RJ
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
8 de dezembro de 2011
6. Cap´
ıtulo 1
Solu¸˜es-An´lise Real Volume 1
co a
(Elon fino)
Este texto ainda n˜o se encontra na sua vers˜o final, sendo, por enquanto, cons-
a a
titu´ apenas de anota¸˜es informais. Sugest˜es para melhoria do texto, corre¸oes da
ıdo co o c˜
parte matem´tica ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu Email
a
rodrigo.uff.math@gmail.com.
Se houver alguma solu¸˜o errada, se quiser contribuir com uma solu¸ao diferente ou
ca c˜
ajudar com uma solu¸˜o que n˜o consta no texto, tamb´m pe¸o que ajude enviando a
ca a e c
solu¸˜o ou sugest˜o para o email acima, colocarei no texto o nome da pessoa que tenha
ca a
ajudado com alguma solu¸˜o. Espero que esse texto possa ajudar alguns alunos que
ca
estudam an´lise pelo livro do Elon.
a
Os exerc´
ıcios que possuem dicas no final do livro s˜o feitos, em geral, seguindo essas di-
a
cas, por´m em alguns casos resolvemos um problema mais geral e tirando o exerc´ como
e ıcio
corol´rio direto de outra proposi¸ao, outras vezes damos solu¸oes diferentes. Tentamos
a c˜ c˜
detalhar essas solu¸oes tornando claras passagens que poderiam ser obscuras.
c˜
Os enunciados das quest˜es s˜o escritos no texto ,na maioria das vezes alterados,
o a
por´m tomamos o cuidado de manter a essˆncia de cada quest˜o.
e e a
A exposi¸ao do texto segue a linha Teorema-Demonstra¸ao.
c˜ c˜
5
7. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 6
1.1 Nota¸˜es
co
X Denotamos (xn ) uma sequˆncia (x1 , x2 , · · · ). Uma n upla (x1 , x2 , · · · , xn ) podemos
e
denotar como (xk )n .
1
X O conjunto de valores de aderˆncia de uma sequˆncia (xn ) iremos denotar como
e e
A[xn ].
X Usaremos a abrevia¸˜o P BO para princ´
ca ıpio da boa ordena¸ao.
c˜
X Denotamos f (x + 1) − f (x) = ∆f (x).
xn+1
X Usamos nota¸˜o Qxn =
ca .
xn
X Para simbolizar a k-´sima derivada da fun¸ao f , usamos os s´
e c˜ ımbolos Dk ou f (k) .
X Se a sequˆncia (xn ) converge para a, podemos usar as nota¸oes lim xn = a ou
e c˜
xn → a.
1.2 Cap´
ıtulo 1-Conjuntos finitos e infinitos
1.2.1 N´ meros naturais
u
Quest˜o 1 a)
a
Propriedade 1. Mostrar que
∑
n
n(n + 1)
k= .
k=1
2
Demonstra¸˜o. Por indu¸˜o sobre n. Para n = 1 a igualdade vale pois
ca ca
∑
1
1(2)
k=1= .
k=1
2
Supondo a validade para n
∑
n
n(n + 1)
k=
k=1
2
vamos provar para n + 1
∑
n+1
(n + 1)(n + 2)
k= .
k=1
2
8. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 7
Por defini¸˜o de somat´rio temos
ca o
∑
n+1 ∑
n
n(n + 1) n (n + 1)(n + 2)
k = (n + 1) + k = (n + 1) + = (n + 1)(1 + ) =
k=1 k=1
2 2 2
onde usamos a hip´tese da indu¸ao
o c˜ .
Quest˜o 1 b)
a
Propriedade 2. Mostrar que
∑
n
(2k − 1) = n2 .
k=1
Demonstra¸˜o. Por indu¸˜o sobre n. Para n = 1 temos
ca ca
∑
1
(2k − 1) = 2.1 − 1 = 1 = 12 .
k=1
supondo a validade para n,
∑
n
(2k − 1) = n2
k=1
vamos provar para n + 1
∑
n+1
(2k − 1) = (n + 1)2 .
k=1
Usando a defini¸ao de somat´rio e hip´tese da indu¸˜o tem-se
c˜ o o ca
∑
n+1 ∑
n
(2k − 1) = (2k − 1) + 2n + 1 = n2 + 2n + 1 = (n + 1)2 .
k=1 k=1
Quest˜o 2
a
Propriedade 3 (Axioma de Eudoxius). Dados m e n naturais com n > m ent˜o existe
a
q ∈ N tal que
qm ≤ n < (q + 1)m.
Demonstra¸˜o. Seja A = {x.m | xm > n, x ∈ N }, tal conjunto ´ n˜o vazio pois
ca e a
(n + 1).m > n, pelo P BO ele possui um menor elemento. Sabemos tamb´m que m n˜o
e a
pertence a esse conjunto, ent˜o x > 1, x sempre ´ sucessor de algum n´mero natural ,
a e u
ent˜o podemos tomar o elemento m´
a ınimo de A da forma (q + 1)m. Tem-se (q + 1) > q
9. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 8
logo (q + 1).m > q.m, assim q.m n˜o pode pertencer ao conjunto A, pois iria contrariar
a
o P BO, logo por tricotomia vale q.m ≤ n e
q.m ≤ n < (q + 1).m.
Propriedade 4 (Divis˜o Euclidiana). Dados n > m, ent˜o existe q tal que n = q.m ou
a a
qm + r = n com r < m.
Demonstra¸˜o.
ca
Pelo axioma de Eudoxius existe q tal que q.m ≤ n < (q + 1).m. da´ q.m = n ou
ı
q.m < n, se a primeira vale a demonstra¸ao termina, se vale a segunda existe r ∈ N tal
c˜
que q.m + r = n. Agora analisamos as possibilidades para r, se r = m, q.m + m = n,
m(q + 1) = n que ´ absurdo. Se r > m ent˜o q.m + r = n > q.m + m = m(q + 1) que
e a
tamb´m ´ absurdo, como n˜o vale r ≥ m ent˜o por tricotomia vale r < m
e e a a .
Quest˜o 3
a
Propriedade 5. Seja A ̸= ∅ subconjunto de N , com propriedade
n, m ∈ A ⇔ m, m + n ∈ A
ent˜o existe t ∈ N tal que A = {tn | n ∈ N }.
a
Demonstra¸˜o. A ´ n˜o vazio, ent˜o ele possui um elemento m´
ca e a a ınimo t. Primeiro
vamos mostrar que B = {tn | n ∈ N } ⊂ A. t ∈ A, supondo tn ∈ A vamos mostrar que
t(n + 1) ∈ A. A propriedade vale pois t(n + 1) = tn + t a adi¸˜o ´ fechada em A. Ent˜o
ca e a
os m´ltiplos de t pertencem ao conjunto A.
u
Agora dado um elemento m ∈ A, tomamos a divis˜o euclidiana de m por t, da´ existe
a ı
q ∈ N tal que m = q.t ou ∃r ∈ N tal que m = q.t + r. Se vale para todo m a primeira
possibilidade ent˜o A ⊂ B implicando A = B. Vamos mostrar que a segunda n˜o ocorre.
a a
Se m ∈ A ´ da forma qt + r, como qt ∈ A segue que r ∈ A, mas vale r < t o que
e
contraria a minimalidade de t, ent˜o essa possibilidade n˜o pode acontecer e vale sempre
a a
m = q.t .
Quest˜o 4
a
Propriedade 6. N˜o existe x ∈ N tal que n < x < n + 1.
a
10. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 9
Essa propriedade nos mostra que todo n´mero natural diferente de 1 ´ sucessor de
u e
algum outro n´mero.
u
Demonstra¸˜o. Suponha que exista x nas condi¸˜es dadas, ent˜o x = n + p com p
ca co a
natural, p n˜o pode ser 1 e tamb´m n˜o pode ser p > 1, pois de 1 < p somando n, segue
a e a
x < n + 1 < n + p chegar´
ıamos em n + p < n + p que ´ falsa, resta ent˜o a possibilidade
e a
de p < 1 que n˜o acontece pois 1 ´ o menor elemento de N .
a e
Quest˜o 5
a
Propriedade 7. Provar o princ´
ıpio da boa ordena¸ao por meio do axioma de indu¸ao.
c˜ c˜
Demonstra¸˜o.
ca
Seja B um conjunto que satisfa¸a as condi¸˜es do axioma de indu¸ao, 1 ∈ B e ∀k ∈ B,
c co c˜
k + 1 ∈ B, vamos provar que B = N. Suponha por absurdo que B ̸= N , definimos
A = N B, tal conjunto ´ n˜o vazio ent˜o possui um elemento m´
e a a ınimo, tal elemento n˜o
a
pode ser 1 pois 1 ∈ B, ent˜o esse elemento ´ sucessor de algum n´mero natural e podemos
a e u
denotar tal elemento como t + 1 , isso implica que t ∈ B e por indu¸˜o t + 1 ∈ B que ´
ca e
um absurdo .
1.2.2 Conjuntos finitos
Quest˜o 1 a)
a
Propriedade 8. Se B ´ finito e A ⊂ B ent˜o |A| ≤ |B|. (nota¸ao |A| ´ o n´mero de
e a c˜ e u
elemento de A e A B significa que A ´ subconjunto pr´prio de B, isto ´ A ⊂ B e
e o e
A ̸= B).
Demonstra¸˜o. Faremos o caso de B = In . Como A ´ subconjunto de um conjunto
ca e
finito ent˜o ele ´ finito, seja ent˜o |A| = m, supondo por absurdo que m > n vale In
a e a Im
e de A ⊂ In Im segue que A Im , isto ´, A ´ subconjunto pr´prio de Im , por´m como
e e o e
|A| = m, existe bije¸˜o entre Im e A, absurdo! pois n˜o pode existir bije¸ao entre um
ca a c˜
conjunto finito e sua parte pr´pria.
o
11. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 10
Quest˜o 1 b)
a
Propriedade 9. Se A e B s˜o finitos e disjuntos com |A| = n e |B| = m ent˜o A ∪ B ´
a a e
finito com |A ∪ B| = m + n.
Demonstra¸˜o. Existem bije¸oes f : In → A, g : Im → B. Definimos h : Im+n →
ca c˜
A ∪ B como h(x) = f (x) se 1 ≤ x ≤ n e h(x) = g(x − n) se 1 + n ≤ x ≤ m + n
(1 ≤ x − n ≤ m), como h ´ bije¸ao segue o resultado.
e c˜
Propriedade 10. Se A e B s˜o conjuntos finitos n˜o necessariamente disjuntos vale a
a a
rela¸˜o
ca
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.
Demonstra¸˜o. Escrevemos A como a uni˜o disjunta A = (A B) ∪ (A ∩ B), da´
ca a ı
|A| − |A ∩ B| = |A B| agora escrevemos A ∪ B = (A B) ∪ B, uni˜o disjunta logo
a
|A ∪ B| = |A B| + |B|
usando a primeira express˜o segue que
a
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.
Quest˜o 1 c)
a
Propriedade 11. Sejam (A1 , A2 , · · · , An ) = (Ak )n (nota¸ao) conjunto finitos dois a dois
1 c˜
∪
n ∑n ∑n
disjuntos, onde |Ak | = mk ent˜o |
a Ak | = |Ak | = mk .
k=1 k=1 k=1
Demonstra¸˜o. Indu¸˜o sobre n.
ca ca
Propriedade 12. Se A e B s˜o finitos e disjuntos com |A| = m e |B| = n ent˜o A × B
a a
´ finito com |A × B| = m.n.
e
∪
n
Demonstra¸˜o. Podemos escrever A × B =
ca Ak onde Ak = A × {Bk } com |Ak | =
k=1
m, logo
∪
n ∑
n
|A × B| = | Ak | = |Ak | = m.n.
k=1 k=1
12. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 11
Quest˜o 2
a
Propriedade 13. Seja |A| = n ent˜o |P (A)| = 2n .
a
Demonstra¸˜o. Por indu¸ao sobre n, se n = 1, ent˜o A = {a1 } possui dois subcon-
ca c˜ a
juntos que s˜o ∅ e {α1 }. Suponha que qualquer conjunto qualquer B com n elementos
a
tenha |P (B)| = 2n , vamos provar que um conjunto C com n + 1 elementos implica
|P (C)| = 2n+1 . Tomamos um elemento a ∈ C, C {a} possui 2n subconjuntos (por
hip´tese da indu¸ao), sk de k = 1 at´ k = 2n , que tamb´m s˜o subconjuntos de C, por´m
o c˜ e e a e
podemos formar mais 2n subconjuntos de C com a uni˜o do elemento {a}, logo no total
a
temos 2n + 2n = 2n+1 subconjuntos de C e mais nenhum subconjunto, pois n˜o temos
a
nenhum outro elemento para unir aos subconjuntos dados.
Quest˜o 3
a
∏
n ∏
n ∏
n
Propriedade 14. Sejam (Ak )n com |Ak | = mk ent˜o |
1 a Ak | = |Ak | = mk .
k=1 k=1 k=1
Demonstra¸˜o. Por indu¸˜o sobre n.
ca ca
Propriedade 15. Se |A| = m e |B| = n ent˜o |F (A; B)| = nm .
a
Demonstra¸˜o.[1] Faremos o caso em que A = Im . As fun¸˜es de F (Im ; B) s˜o m
ca co a
uplas, sendo que em cada coordenada existem n possibilidades de elementos
∏
m
F (Im ; B) = B
k=1
da´
ı
∏
m ∏
m
|F (Im ; B)| = | B| = |B| = nm .
k=1 k=1
No caso geral mostramos que existe uma bije¸˜o entre F (Im ; B) e F (A; B) logo tais
ca
conjuntos possuem a mesma quantidade de elementos.
Demonstra¸˜o.[2] Por indu¸ao sobre m. Para m = 1. A = {a1 } e B = {b1 , · · · , bn },
ca c˜
temos n fun¸˜es fk (a1 ) = bk , ∀k ∈ In . Suponha a validade para um conjunto A′ qualquer
co
com m elementos, vamos provar para A com |A| = m+1. Tomamos a ∈ A, da´ A{a} = A′
ı
possui m elementos, logo |F (A′ , B)| = nm , podemos estender cada ft′ : A′ → B para
f : A → B de n maneiras diferentes, tomando f (a) = bk , k ∈ In , logo temos no total
nnm = nm+1 fun¸˜es
co .
13. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 12
Quest˜o 4
a
Propriedade 16. Se A ̸= ∅ ⊂ N ´ limitado superiormente ent˜o A possui m´ximo.
e a a
Demonstra¸˜o. Seja B = {n ∈ N | n > x, ∀x ∈ A.} , B ´ um conjunto n˜o vazio de
ca e a
n´meros naturais, logo pelo princ´
u ıpio da boa ordena¸ao B possui um elemento m´
c˜ ınimo,
tal elemento n˜o pode ser o n´mero 1 ent˜o ele ´ sucessor de algum n´mero natural, que
a u a e u
denotaremos por t + 1, logo t tem que satisfazer uma das propriedades, existe y ∈ A tal
que t < y ou existe y ∈ A tal que t = y . A primeira op¸˜o n˜o pode valer pois ter´
ca a ıamos
t < y < t + 1 que ´ absurdo . Vamos mostrar que tal y realmente ´ o m´ximo do conjunto.
e e a
Seja z ̸= y elemento de A, ent˜o z < y, pois se t = y < z, ent˜o t < z < t + 1 que ´
a a e
absurdo.
Propriedade 17. Um conjunto A ̸= ∅ , A ⊂ N ´ finito sse ´ limitado.
e e
1.2.3 Conjuntos infinitos
Quest˜o 1 a)
a
Propriedade 18. Se A ´ infinito e f : A → B ´ injetiva ent˜o B ´ infinito.
e e a e
Demonstra¸˜o. f : A → f (A) ´ bije¸ao e f (A) ⊂ B ´ infinito, logo B ´ infinito , B
ca e c˜ e e
n˜o pode ser finito, pois todo subconjunto de um conjunto finito ´ finito. f (A) n˜o pode
a e a
ser finito, pois se fosse A estaria em bije¸˜o com um conjunto finito logo seria finito.
ca
Quest˜o 1 b)
a
Propriedade 19. Se B ´ infinito e f : A → B ´ sobrejetiva ent˜o A ´ infinito.
e e a e
Demonstra¸˜o. Dado y ∈ B escolhemos x ∈ A tal que f (x) = y e com isso definimos
ca
a fun¸˜o g : B → A tal que g(y) = x, g ´ injetiva ent˜o pelo resultado anterior segue que
ca e a
A ´ infinito.
e
Quest˜o 2
a
Propriedade 20. Se A ´ infinito ent˜o existe fun¸ao injetiva f : N → A.
e a c˜
14. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 13
Demonstra¸˜o. Podemos definir f indutivamente. Tomamos inicialmente x1 ∈ A e
ca
∪
n
definimos f (1) = x1 e para n ∈ N escolhemos xn+1 ∈ A {xk } definido f (n+1) = xn+1 .
k=1
∪
n
A {xk } nunca ´ vazio pois A ´ infinito. f ´ injetora pois tomando m > n tem-se
e e e
k=1
∪
m−1 ∪
m−1
f (n) ∈ {xk } e f (m) ∈ A {xk }.
k=1 k=1
Corol´rio 1. Existe fun¸ao injetiva de um conjunto finito B num conjunto infinito A.
a c˜
Propriedade 21. Sendo A infinito e B finito existe fun¸˜o sobrejetiva g : A → B.
ca
Demonstra¸˜o. Existe fun¸˜o injetiva f : B → A, logo f : B → f (B) ⊂ A ´
ca ca e
bije¸˜o, possuindo inversa g −1 : f (B) → B. Considere a fun¸ao f : A → B definida como
ca c˜
f (x) = g −1 (x) se x ∈ f (B) e f (x) = x1 ∈ B se x ∈ f (B), f ´ fun¸ao sobrejetiva.
/ e c˜
Quest˜o 3
a
Propriedade 22. Existem infinitos n´meros primos.
u
Demonstra¸˜o. Suponha que existam (pk )n ,n primos, vamos mostrar que existe
ca 1
mais um primo distinto dos anteriores . Considere
∏
n
s=( pk ) +1
k=1
=a
se esse n´mero ´ primo a demonstra¸˜o termina, se n˜o, ele ´ composto e ir´ existir um
u e ca a e a
n´mero primo p tal que p|s, tal p n˜o pode ser nenhum dos pk dados pois se pk |s ent˜o
u a a
pk |(s − a) = 1 que ´ absurdo, assim ele possui um fator primo p ̸= pk .
e
Uma maneira de denotar tal fato ´ escrever
e
lim π(n) = ∞.
Exemplo 1. O produto de primos consecutivos adicionados de 1 n˜o s˜o sempre primos
a a
2 + 1 = 3 ´ primo
e
2.3 + 1 = 7 ´ primo
e
15. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 14
2.3.5 + 1 = 31 ´ primo
e
2.3.5.7 + 1 = 211 ´ primo
e
2.3.5.7.11 + 1 = 2311 ´ primo
e
2.3.5.7.11.13 + 1 = 30031 = 509.59 n˜o ´ primo
a e
2.3.5.7.11.13.17 + 1 = 510511 = 19.97.277 n˜o ´ primo
a e
Quest˜o 4
a
Exemplo 2. Dar exemplo de uma sequˆncia (Ak ) decrescente de conjuntos infinitos cuja
e
intersec¸˜o seja vazia.
ca
Considere os conjuntos definidos como Ak = {n ∈ N | n > k}, cada um desses con-
juntos ´ infinito e vale Ak ⊂ Ak+1 , por´m n˜o existe elemento que perten¸a ao intersec¸˜o
e e a c ca
∩
∞
Ak
k=1
se houvesse algum t que pertencesse a intersec¸ao ent˜o tal t deveria ser elemento de todo
c˜ a
Ak , por´m isso n˜o acontece, pois existe k tal que k > t, da´ todos elementos de Ak s˜o
e a ı a
maiores que t.
1.2.4 Conjuntos enumer´veis
a
Quest˜o 1
a
Exemplo 3. f : N × N → N definida como f (m + 1, n) = 2m (2n − 1) e f (1, n) = 2n − 1 ´
e
uma bije¸˜o. Dado um n´mero natural n qualquer, podemos escrever esse n´mero como
ca u u
produto dos seus fatores primos
∏
n ∏
n
n= pαk = 2α1 .
k pαk
k
k=1 k=2
como os primos maiores que 2 s˜o ´
a ımpares e o produto de ´
ımpares ´ um n´mero ´
e u ımpar
ent˜o n = 2m (2n − 1). Agora vamos mostrar que a fun¸ao ´ injetora seja f (m, n) = f (p, q)
a c˜ e
2m (2n − 1) = 2p (2q − 1)
16. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 15
se m ̸= p os n´meros ser˜o diferentes pela unicidade de fatora¸˜o (2s − 1 n˜o possui
u a ca a
fatores 2 pois sempre ´ ´
e ımpar), ent˜o devemos ter m = p, da´ segue que n = q e termina
a ı
a demonstra¸ao.
c˜
Quest˜o 2
a
Exemplo 4. Existe g : N → N sobrejetiva tal que g −1 (n) ´ infinito para cada n ∈ N .
e
Seja f : N → N definida como f (n) = k se n ´ da forma n = pαk onde pk ´ o k-´simo
e k e e
n´mero primo e f (n) = n caso contr´rio, f ´ sobrejetiva e existem infinitos n ∈ N tais
u a e
que f (n) = k para cada k natural.
Quest˜o 3
a
∪
∞
Exemplo 5. Exprimir N = Nk onde os conjuntos s˜o infinitos e dois a dois disjuntos.
a
k=1
∪
∞
Tome Nk+1 = {pαk , αk
k ∈ N onde pk o k-´simo primo} e N1 = N
e Nk , cada um
k=2
deles ´ infinito, s˜o disjuntos e sua uni˜o d´ N .
e a a a
Quest˜o 4
a
Propriedade 23. Pn = {A ⊂ N | |A| = n} ´ enumer´vel.
e a
Demonstra¸˜o. Definimos a fun¸˜o f : Pn → N n da seguinte maneira: Dado A =
ca ca
{x1 < x2 < · · · < xn }, f (A) = (x1 , · · · , xn ). Tal fun¸˜o ´ injetiva pois dados A = {xk , k ∈
ca e
In } e B = {yk , k ∈ In } n˜o pode valer xk = yk para todo k, pois se n˜o os conjuntos
a a
seriam iguais.
Corol´rio 2. o conjunto Pf dos subconjuntos finitos de N ´ enumer´vel pois
a e a
∪
∞
Pf = Pk
k=1
´ uni˜o enumer´vel de conjuntos enumer´veis.
e a a a
17. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 16
Quest˜o 5
a
Daremos duas demonstra¸oes para essa quest˜o uma mais direta outra um pouco mais
c˜ a
longa.
Propriedade 24. O conjunto X das sequˆncias (xn ) tais que dado n, xn = 0 ou xn = 1
e
´ n˜o enumer´vel.
e a a
Demonstra¸˜o.
ca
Vamos supor por absurdo que tal conjunto seja enumer´vel com a enumera¸ao s : N →
a c˜
X , tal que dado v natural associamos a sequˆncia sv = (xv (n) ). Podemos ent˜o tomar
e a
o elemento y = (yn ), definido da seguinte maneira: yn ̸= xn (n) , podemos tomar yn dessa
maneira pois se para n fixo vale xn (n) = 0 escolhemos yn = 1, se xn (n) = 1 escolhemos
yn = 0, da´ tem-se que y ̸= sv para todo v natural, logo y n˜o pertence a enumera¸˜o, o
ı a ca
que ´ absurdo. Logo a sequˆncia ´ n˜o enumer´vel.
e e e a a
Propriedade 25. P (N ) ´ n˜o enumer´vel.
e a a
Demonstra¸˜o. Definimos a fun¸˜o f : X → P (N ) (onde X ´ o conjunto de
ca ca e
sequˆncias de elementos 0 ou1 ) da seguinte maneira para cada sequˆncia (xk ), defini-
e e
mos f (xk ) = V = {k | xk ̸= 0}. Tal fun¸ao ´ bije¸˜o pois dadas duas sequˆncias distintas
c˜ e ca e
(xk ) e (yk ) ent˜o existe k tal que xk ̸= yk , sem perda de generalidade, yk = 0 ent˜o
a a
k ∈ f (yk ) e k ∈ f (xk ) logo as imagens s˜o distintas. A fun¸ao tamb´m ´ sobrejetiva pois
/ a c˜ e e
dado um subconjunto V ⊂ N a ele est´ associado a sequˆncia (xk ) onde xk = 0 se k ∈ V
a e /
e xk = 1 se k ∈ V .
Como tal fun¸˜o ´ bije¸ao e X ´ n˜o enumer´vel, segue que P (N ) tamb´m ´ n˜o
ca e c˜ e a a e e a
enumer´vel.
a
Teorema 1 (Cantor). Sejam A um conjunto arbitr´rio e B um conjunto contendo pelo
a
menos dois elementos, ent˜o nenhuma fun¸ao f : A → F (A, B) ´ sobrejetiva.
a c˜ e
Demonstra¸˜o. A fun¸ao f : A → F (A, B) associa a um elemento de x de A a
ca c˜
um elemento y de F (A, B), que por sua vez ´ uma fun¸ao de A em B, y : A → B, que
e c˜
denotaremos por fx = y. Para mostrar que f n˜o ´ sobrejetiva, temos que mostrar que
a e
existe z em F (A, B) tal que para nenhum x ∈ A vale fx = z.
Definiremos z : A → B da seguinte maneira, para todo x ∈ A fixo temos que fx (x) ´
e
um elemento de B, como B possui no m´
ınimo dois elementos, ent˜o associamos z(x) a um
a
18. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 17
elemento diferente de fx (x), assim as fun¸oes(imagens da fun¸˜o) z e fx s˜o distintas para
c˜ ca a
todo x (pois diferem em um elemento) , logo f : A → F (A, B) n˜o pode ser sobrejetiva.
a
Propriedade 26. Existe bije¸ao entre P (A) e F (A, {0, 1}). Os elementos de P (A) s˜o
c˜ a
subconjuntos de A.
Demonstra¸˜o. Seja a fun¸˜o C : P (A) → F (A, {0, 1}), chamada de fun¸˜o ca-
ca ca ca
ıstica, definida como: Dado V ∈ P (A), CV deve ser uma fun¸ao de A em {0, 1},
racter´ c˜
definimos ent˜o CV (x) = 1 se x ∈ V e CV (x) = 0 se x ∈ V .
a /
Tal fun¸ao ´ injetiva, pois sejam V ̸= H elementos de P (A) ent˜o CV ´ diferente de
c˜ e a e
CH , pois existe, por exemplo, x1 ∈ H tal que x1 ∈ V e x1 ∈ A e vale CV (x1 ) = 0 e
/
CH (x1 ) = 1, logo as fun¸oes s˜o distintas.
c˜ a
A fun¸˜o ´ sobrejetiva, pois dado um elemento y de F (A, {0, 1}), ele deve ser uma
ca e
fun¸˜o de A em {0, 1}, ent˜o existe um subconjunto V que cont´m todos x ∈ A tal que
ca a e
y(x) = 1 e para todo x ∈ L = A V tem-se y(x) = 0, tal fun¸ao ´ a mesma que CV . Logo
c˜ e
a fun¸ao ´ bijetora.
c˜ e
Corol´rio 3. N˜o existe bije¸˜o entre os conjuntos A e P (A), pois n˜o existe fun¸ao
a a ca a c˜
sobrejetiva entre A e F (A, (0, 1)) essa ultima que est´ em bije¸ao com P (A). Em especial
´ a c˜
n˜o existe bije¸˜o entre N e P (N ).
a ca
Quest˜o 6
a
Propriedade 27. Sejam B enumer´vel e f : A → B tal que ∀y ∈ B, f −1 (y) ´ enumer´vel,
a e a
ent˜o A ´ enumer´vel.
a e a
Demonstra¸˜o.
ca
∪
A= f −1 (y)
y∈B
ent˜o A ´ uni˜o enumer´vel de conjuntos enumer´veis, da´ A ´ enumer´vel.
a e a a a ı e a
19. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 18
1.3 Cap´
ıtulo 2-N´ meros reais
u
1.3.1 R ´ um corpo
e
Quest˜o 1 a)
a
Propriedade 28 (Unicidade do elemento neutro da adi¸ao). Se x + θ = x para algum
c˜
x ∈ R ent˜o θ = 0.
a
Demonstra¸˜o. Vale que x + θ = x + 0, logo pela lei do corte segue θ = 0.
ca
Quest˜o 1 b)
a
Propriedade 29 (Unicidade do elemento neutro da multiplica¸ao). Se x.u = x para todo
c˜
x ∈ R ent˜o u = 1.
a
Demonstra¸˜o. Tomamos x ̸= 0 ele possui inverso x−1 multiplicando por x−1 de
ca
ambos lados segue que u = 1.
Quest˜o 1 c)
a
Propriedade 30. Se x + y = 0 ent˜o y = −x.
a
Demonstra¸˜o. Adicionamos −x em ambos lados.
ca
Quest˜o 1 d)
a
Propriedade 31. Se x.y = 1 ent˜o y = x−1 .
a
Demonstra¸˜o. Como x.y = 1 ent˜o nenhum dos n´meros ´ nulo, logo ambos
ca a u e
possuem inverso, multiplicamos em ambos lados por x−1 de onde segue o resultado.
Quest˜o 2
a
Propriedade 32.
(bd)−1 = b−1 .d−1 .
20. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 19
Demonstra¸˜o.
ca
(bd)−1 .bd = 1
b−1 .d−1 .b.d = 1
logo (bd)−1 = b−1 .d−1 . por unicidade de inverso .
Propriedade 33.
a c ac
. = .
b d bd
Demonstra¸˜o.
ca
a c ac
. = a.b−1 .c.d−1 = ac.b−1 .d−1 = ac.(bd)−1 = .
b d bd
Propriedade 34.
a c a+c
+ = .
d d d
Demonstra¸˜o.
ca
a c a+c
+ = d−1 a + d−1 c = d−1 (a + c) =
d d d
por distributividade do produto em rela¸ao a soma.
c˜
Propriedade 35.
a c ad + bc
+ = .
b d bd
Demonstra¸˜o.
ca
a c ad cb ad cb ad + bc
+ = + = + = .
b d bd db bd db bd
Quest˜o 3
a
Propriedade 36. (x−1 )−1 = x.
Demonstra¸˜o. Pois x.x−1 = 1, logo x ´ o inverso de x−1 , isto ´ x = (x−1 )−1 .
ca e e
Corol´rio 4.
a
( )−1
a b
=
b a
pois
( )−1
a b
= (ab−1 )−1 = a−1 b = .
b a
21. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 20
Quest˜o 4
a
Propriedade 37. Mostrar que
∑
n
1 − xn+1
xk =
k=0
1−x
para x ̸= 1.
Demonstra¸˜o. Usamos a soma telesc´pica
ca o
∑
n
xk+1 − xk = xn+1 − 1
k=0
como xk+1 − xk = xk (x − 1) ent˜o
a
∑
n
xn+1 − 1 1 − xn+1
xk = = .
k=0
x−1 1−x
1.3.2 R ´ um corpo ordenado
e
Quest˜o 1
a
Vamos dar algumas demonstra¸oes da desigualdade triangular e tirar a quest˜o como
c˜ a
corol´rio.
a
Propriedade 38. Sejam 0 ≤ x e 0 ≤ y. Se x2 ≤ y 2 ent˜o x ≤ y.
a
Demonstra¸˜o.
ca
Vale (x − y)(x + y) ≤ 0
como 0 ≤= x + y deve valer (x − y) ≤ 0 da´ x ≤ y .
ı
Propriedade 39 (Desigualdade triangular).
|a + b| ≤ |a| + |b|
para quaisquer a e b reais.
Demonstra¸˜o.
ca
a.b ≤ |ab| = |a||b|
22. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 21
multiplicando por 2 e somando a2 + b2 em ambos lados
a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 ≤ a2 + 2|a||b| + b2 = |a|2 + 2|a||b| + |b|2 = (|a| + |b|)2
logo (|a + b|)2 ≤ (|a| + |b|)2 de onde segue usando a propriedade anterior
|a + b| ≤ |a| + |b|.
Demonstra¸˜o.[2] Valem as desigualdades
ca
−|a| ≤ a ≤ |a|, −|b| ≤ b ≤ |b|
somando ambas
−(|b| + |a|) ≤ a + b ≤ |b| + |a|
que equivale `
a
|a + b| ≤ |a| + |b|.
Demonstra¸˜o.[3] Sabemos que vale sempre x ≤ |x| e y ≤ |y| ent˜o x + y ≤ |x| + |y|,
ca a
da´ se 0 ≤ x + y temos
ı
|x + y| = x + y ≤ |x| + |y|.
Vale tamb´m que −x ≤ |x| e y ≤ |y| ent˜o se x + y < 0 segue |x + y| = −(x + y) ≤
e a
|x| + |y|. Em qualquer dos casos temos |x + y| ≤ |x| + |y|.
Corol´rio 5. Na desigualdade triangular
a
|a + b| ≤ |a| + |b|
tomando a = x − y , b = y − z segue
|x − z| ≤ |x − y| + |y − z|
Quest˜o 2
a
Propriedade 40.
||a| − |b|| ≤ |a − b|.
23. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 22
Demonstra¸˜o. Pela desigualdade triangular temos que
ca
|a| ≤ |a − b| + |b| logo |a| − |b| ≤ |a − b|
tem-se tamb´m que
e
( )
|b| ≤ |a − b| + |a| ⇒ |b| − |a| = − |a| − |b| ≤ |a − b| ⇒ −|a − b| ≤ |a| − |b|
juntando as duas desigualdades
−|a − b| ≤ |a| − |b| ≤ |a − b|
que implica
||a| − |b|| ≤ |a − b|.
Quest˜o 3
a
Propriedade 41. Dados x, y ∈ R, se x2 + y 2 = 0 ent˜o x = y = 0.
a
Demonstra¸˜o. Suponha que x ̸= 0, ent˜o x2 > 0 e y 2 ≥ 0 de onde segue que
ca a
x2 +y 2 > 0 , absurdo ent˜o deve valer x2 = 0 ⇒ x = 0 logo temos tamb´m y 2 = 0 ⇒ y = 0,
a e
portanto x = y = 0.
Quest˜o 4
a
Exemplo 6. Mostre que
x2
(1 + x) ≥ 1 + nx + n(n − 1)
n
2
para n natural e x ≥ 0. Vamos chamar
x2
C(n, x) = 1 + nx + n(n − 1) .
2
Por indu¸˜o sobre n, para n = 1
ca
x2
(1 + x) ≥ 1 + 1.x + 1(1 − 1) =1+x
2
logo vale a igualdade. Considere agora a validade da hip´tese
o
x2
(1 + x)n ≥ 1 + nx + n(n − 1)
2
24. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 23
vamos mostrar que vale
( ) ( )
x2 n+1 n+1 2 n(n − 1)x2
(1+x) n+1
≥ 1+(n+1)x+(n+1)(n) = 1+ x+ x = 1+nx+ +x+nx2
2 1 2 2
(1 + x)n+1 ≥ C(n, x) + x + nx2
onde usamos a rela¸˜o de Stiefel. Multiplicando a desigualdade da hip´tese da indu¸ao
ca o c˜
por 1 + x, n˜o alteramos a desigualdade pois 1 + x ´ positivo, temos ent˜o
a e a
(1 + x)n+1 ≥ C(n, x)(1 + x) = C(n, x) + C(n, x)x
agora vamos mostrar que
C(n, x) + C(n, x)x ≥ C(n, x) + x + nx2
que ´ equivalente `
e a
C(n, x)x ≥ x + nx2
desigualdade v´lida se x = 0, agora se x > 0 equivale `
a a
C(n, x) ≥ 1 + nx
x2 x2
1 + nx + n(n − 1) ≥ 1 + nx ⇔ n(n − 1) ≥ 0
2 2
se n = 0 ou n = 1 ela se verifica, se n ̸= 0, 1 tamb´m pois temos x2 > 0.
e
Quest˜o 5
a
Exemplo 7. Para todo x ̸= 0 real, prove que (1 + x)2n > 1 + 2nx.
Se x > −1 tomamos a desigualdade de bernoulli com 2n no expoente. Se x < −1 vale
1 + x < 0 por´m elevando a uma potˆncia par resulta num n´mero positivo, por outro
e e u
lado 2nx < −2n logo 1 + 2nx < 1 − 2n < 0 ent˜o (1 + x)2n ´ positivo e 1 + 2nx ´ negativo,
a e e
logo nesse caso vale (1 + x)2n > 1 + 2nx .
25. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 24
Quest˜o 6
a
Propriedade 42. |a − b| < ε ⇒ |a| < |b| + ε.
Demonstra¸˜o. Partindo da desigualdade |a − b| < ε, somamos |b| a ambos lados
ca
|a − b| + |b| < ε + |b|
e usamos agora a desigualdade triangular
|a| ≤ |a − b| + |b| < ε + |b|
da´ segue
ı
|a| ≤ ε + |b|.
Quest˜o 7
a
Propriedade 43. Sejam (xk )n e (yk )n n´meros reais, ent˜o vale a desigualdade
1 1 u a
∑n ∑
n ∑
n
( xk yk ) ≤ ( (xk ) )( (yk )2 ).
2 2
k=1 k=1 k=1
∑
n
Demonstra¸˜o. Dado f (x) =
ca (xk + xyk )2 , vale f (x) ≥ 0, sendo um polinˆmio de
o
k=1
grau 2 em x, expandindo vale tamb´m
e
∑
n ∑
n ∑
n ∑
n
(xk + xyk )2 = (xk )2 +x 2 (xk yk ) +x2 (yk )2
k=1 k=1 k=1 k=1
c b a
temos que ter o discriminante ∆ = b2 − 4ac ≤ 0 ⇒ b2 ≤ 4ac para que f (x) ≥ 0,
∑
n ∑
n ∑
n
4( (xk yk )) ≤ 4( (xk ) )( (yk )2 )
2 2
k=1 k=1 k=1
implicando finalmente que
∑n ∑
n ∑
n
( xk yk ) ≤ ( (xk ) )( (yk )2 ).
2 2
k=1 k=1 k=1
A igualdade vale sse cada valor xk + xyk = 0 para todo k ∈ N.
26. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 25
Quest˜o 8
a
ak
Propriedade 44. Sejam ∈ (α, β) e tk , bk > 0 para cada k ∈ In , ent˜o vale que
a
bk
∑
n
tk ak
k=1
∑n ∈ (α, β).
tk bk
k=1
Demonstra¸˜o. Vale para cada k
ca
tk ak
α< <β
tk bk
como cada tk bk > 0, podemos multiplicar por tal termo em ambos lados sem alterar a
desigualdade, ficamos ent˜o com
a
αtk bk < tk ak < βtk bk
∑
n
, tomando a soma ,sabendo que a soma preserva desigualdades, da´ segue que
ı
k=1
∑
n ∑
n ∑
n
αtk bk < tk a k < β tk bk
k=1 k=1 k=1
logo
∑
n
tk a k
k=1
α< ∑n <β
tk bk
k=1
∑
n
tk ak
k=1
implicando que ∑n ∈ (α, β).
tk bk
k=1
∑
n
ak
k=1
Em especial tomando tk = 1 tem-se ∑n ∈ (α, β).
bk
k=1
1.3.3 R ´ um corpo ordenado completo
e
Quest˜o 1
a
Vamos primeiro demonstrar alguns resultados podem ser usados para resolver as
quest˜es.
o
27. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 26
Propriedade 45. Se A ´ limitado superiormente e B ⊂ A ent˜o sup(A) ≥ sup(B).
e a
Demonstra¸˜o. Toda cota superior de A ´ cota superior de B, logo o sup(A) ´ cota
ca e e
superior de B, como sup(B) ´ a menor das cotas superiores de B segue que sup(A) ≥
e
sup(B).
Propriedade 46. Se A ´ limitado inferiormente e B ⊂ A ent˜o inf (A) ≤ inf (B).
e a
Demonstra¸˜o. inf A ´ cota inferior de A, logo tamb´m ´ cota inferior de B, sendo
ca e e e
cota inferior de B vale inf A ≤ inf B, pois inf B ´ a maior cota inferior de B.
e
Sejam A, B ⊂ R, conjuntos limitados .
Propriedade 47. O conjunto A + B = {x + y | x ∈ A, y ∈ B} tamb´m ´ limitado.
e e
Demonstra¸˜o. Se A ´ limitado , existe t tal que |x| < t para todo x ∈ A e se B ´
ca e e
limitado existe u tal que |y| < u ∀y ∈ B. Somando as desigualdades e usando desigualdade
triangular segue |x| + |y| < u + t e |x + y| ≤ |x| + |y| < u + t logo o conjunto A + B ´
e
limitado.
Propriedade 48 (Propriedade aditiva). Vale sup(A + B) = sup(A) + sup(B).
Demonstra¸˜o. Como A, B s˜o limitidados superiomente, temos sup A := a e
ca a
sup B := b, como vale a ≥ x e b ≥ y para todos x, y ∈ A, B respectivamente segue
que a + b ≥ x + y logo o conjunto A + B ´ limitado superiormente. Para todo e qualquer
e
ε > 0 existem x, y tais que
ε ε
a<x+ , b<y+
2 2
somando ambas desigualdades-segue-se que
a+b<x+y+ε
que mostra que a + b ´ a menor cota superior, logo o supremo, fica valendo ent˜o
e a
sup(A + B) = sup(A) + sup(B).
Propriedade 49. inf(A + B) = inf A + inf B
Demonstra¸˜o. Sejam a = inf A e b = inf B ent˜o ∀x, y ∈ A, B tem-se a ≤ x, b ≤ y
ca a
de onde segue por adi¸ao a + b ≤ x + y, assim a + b ´ cota inferior de A + B. ∃x, y ∈ A, B
c˜ e
ε ε
tal que ∀ε > 0 vale x < a + e y < b + pois a e b s˜o as maiores cotas inferiores,
a
2 2
somando os termos das desigualdades segue x + y < a + b + ε, que implica que a + b ´ a e
maior cota inferior logo o ´
ınfimo.
28. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 27
Seja uma fun¸ao limitada f : V → R.
c˜
Defini¸˜o 1.
ca
sup f := sup f (V ) = sup{f (x) | x ∈ V }
Defini¸˜o 2.
ca
inf f := inf f (V ) = inf{f (x) | x ∈ V }
Sejam f, g : V → R fun¸oes limitadas .
c˜
Propriedade 50.
sup(f + g) ≤ sup f + sup g
Demonstra¸˜o.
ca
Sejam
A = {f (x) | x ∈ V }, B = {g(y) | y ∈ V }, C = {g(x) + f (x) | x ∈ V }
temos que C ⊂ A + B, pois basta tomar x = y nos conjuntos, logo
sup(A + B) ≥ sup(f + g)
sup(A) + sup(B) = sup f + sup g ≥ sup(f + g)
Propriedade 51.
inf(f + g) ≥ inf(f ) + inf(g).
Demonstra¸˜o. De C ⊂ A + B segue tomando o ´
ca ınfimo
inf(A + B) = inf(A) + inf(B) = inf(f ) + inf(g) ≤ inf(C) = inf(f + g).
Exemplo 8. Sejam f, g : [0, 1] → R dadas por f (x) = x e g(x) = −x, vale sup f =
1, sup g = 0, f + g = 0 logo sup(f + g) = 0 vale ent˜o sup f + sup g = 1 > sup(f + g) = 0.
a
Vale ainda inf f = 0, inf g = −1, f + g = 0, inf (f + g) = 0 logo
inf f + inf g = −1 < inf(f + g) = 0.
29. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 28
Quest˜o 2
a
Defini¸˜o 3. Sejam A e B conjuntos n˜o vazios, definimos A.B = {x.y | x ∈ A, y ∈ B}.
ca a
Propriedade 52. Sejam A e B conjuntos limitados de n´meros positivos, ent˜o vale
u a
sup(A.B) = sup(A). sup(B).
Demonstra¸˜o. Sejam a = sup(A) e b = sup(B) ent˜o valem x ≤ a e y ≤ b, ∀x ∈
ca a
t
A, y ∈ B da´ x.y ≤ a.b, logo a.b ´ cota superior de A.B. Tomando t < a.b segue que < b
ı e
a
t t t
logo existe y ∈ B tal que < y da´ < a logo existe x ∈ A tal que < x logo t < x.y
ı
a y y
ent˜o t n˜o pode ser uma cota superior, implicando que a.b ´ o supremo do conjunto.
a a e
Propriedade 53. Sejam A e B conjuntos limitados de n´meros positivos, ent˜o vale
u a
inf(A.B) = inf(A). inf(B).
Demonstra¸˜o. Sejam a = inf(A) e b = inf(B) ent˜o valem x ≥ a e y ≥ b, ∀x ∈
ca a
t
A, y ∈ B da´ x.y ≥ a.b, logo a.b ´ cota inferior de A.B. Tomando t > a.b segue que > b
ı e
a
t t t
logo existe y ∈ B tal que > y da´ > a logo existe x ∈ A tal que > x logo t < x.y
ı
a y y
ent˜o t n˜o pode ser uma cota inferior, implicando que a.b ´ o inf´
a a e ımo do conjunto.
Propriedade 54. Sejam f, g : A → R+ limitadas superiormente, ent˜o
a
sup(f.g) ≤ sup(f ) sup(g).
Demonstra¸˜o. Sejam C = {g(x).f (x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e A =
ca
{f (x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B, da´
ı
sup(A.B) ≥ sup(C)
sup(A) sup(B) ≥ sup(C)
sup(f ) sup(g) ≥ sup(f.g).
Propriedade 55. Sejam f, g : A → R+ limitadas superiormente, ent˜o
a
inf(f.g) ≥ inf(f ) inf(g).
30. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 29
Demonstra¸˜o. Sejam C = {g(x).f (x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e A =
ca
{f (x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B, da´
ı
inf(A.B) ≤ inf(C)
inf(A) inf(B) ≤ inf(C)
inf(f ) inf(g) ≤ inf(f.g).
1
Exemplo 9. Sejam f, g : [1, 2] → R dadas por f (x) = x e g(x) = , vale sup f = 2,
x
sup g = 1 sup f. sup g = 2 e sup(f.g) = 1, pois f.g = 1 logo
sup f sup g > sup(f.g).
1 1
Da mesma maneira inf f = 1, inf g = vale inf f. inf g = e inf(f.g) = 1 portanto
2 2
inf f. inf g < inf(f.g).
Quest˜o 3
a
Propriedade 56. Seja f : A → R+ ent˜o inf(f 2 ) = (inf f )2 .
a
Demonstra¸˜o. Seja a = inf f tem-se f (x) ≥ a ∀x da´ f (x)2 ≥ a2 ent˜o a2 ´ cota
ca ı a e
√
inferior de f 2 , e ´ a maior cota inferior pois se a2 < c ent˜o a < c logo existe x tal que
e a
√
a < f (x) < c e da´ a2 < f (x)2 < c logo a2 ´ a maior cota inferior inf(f 2 ) = inf(f )2 .
ı e
Quest˜o 4
a
Exemplo 10. X Sejam X = {x ∈ R+ | x2 < 2} e Y = {y ∈ R+ | y 2 > 2}. X ´
e
limitado superiormente por 2 pois se fosse x > 2 ent˜o x2 > 4 que ´ absurdo. Os
a e
conjuntos X e Y s˜o disjuntos, pois x n˜o pode satisfazer x2 < 2 e x2 > 2 . Dado
a a
y ∈ Y vale y > x pois se fosse y < x ter´
ıamos y 2 < x2 < 2 que ´ absurdo pois
e
y 2 > 4.
X X n˜o possui elemento m´ximo. Seja x ∈ X ent˜o x2 < 2, 0 < 2 − x2 , vale tamb´m
a a a e
2−x 2
que 2x + 1 > 0, da´ 0 <
ı , podemos ent˜o tomar um racional r < 1 tal que
a
2x + 1
31. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 30
2 − x2
0<r< , e vale ainda x + r ∈ X, pois de r < 1 tem-se r2 < r e da rela¸˜o
ca
2x + 1
r(2x + 1) < 2 − x2 implica
(x + r)2 = x2 + 2rx + r2 < x2 + 2rx + r = x2 + r(2x + 1) < x2 + 2 − x2 = 2
ent˜o (x + r)2 < 2.
a
X O conjunto Y n˜o possui elemento m´
a ınimo. Como vale y > 0 e y 2 > 2, tem-se
y2 − 2
y 2 − 2 > 0 e 2y > 0, logo existe um racional r tal que 0 < r < , logo
2y
r2y < y 2 − 2, y 2 − 2ry > 2. Vale ainda que y − r ∈ Y pois
(y − r)2 = y 2 − 2ry + r2 > y 2 − 2ry > 2
logo vale (y − r)2 > 2. Vale tamb´m y − r > 0 pois de 2ry < y 2 − 2 segue
e
y 1
r < − < y, logo y − r > 0, logo y − r ∈ Y , perceba ainda que y − r < y ent˜o
a
2 y
o conjunto Y realmente n˜o possui m´
a ınimo.
X Existe sup X = a, vale a > 0, n˜o pode ser a2 < 2 pois da´ a ∈ X, mas X n˜o
a ı a
possui m´ximo. Se a2 > 2 ent˜o a ∈ Y , por´m Y n˜o possui m´
a a e a ınimo o que implica
existir c ∈ Y tal que x < c < a∀X o que contradiz o fato de a ser a menor cota
superior (supremo). Sobre ent˜o a possibilidade de ser a2 = 2.
a
Quest˜o 5
a
Propriedade 57. O conjunto dos polinˆmios com coeficientes racionais ´ enumer´vel.
o e a
Demonstra¸˜o. Seja Pn o conjunto dos polinˆmios com coeficientes racionais de grau
ca o
≤ n a fun¸ao f : Pn → Qn+1 tal que
c˜
∑n
P( ak xk ) = (ak )n
1
k=0
´ uma bije¸˜o. Como Qn+1 ´ enumer´vel por ser produto cartesiano finito de conjuntos
e ca e a
enumer´veis, segue que Pn ´ enumer´vel.
a e a
Sendo A o conjunto dos polinˆmios de coeficientes racionais, vale que
o
∪
∞
A= Pk
k=1
32. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 31
portanto A ´ uni˜o enumer´vel de conjuntos enumer´veis , sendo assim A ´ enumer´vel.
e a a a e a
Defini¸˜o 4 (N´mero alg´brico). Um n´mero real (complexo) x ´ dito alg´brico quando
ca u e u e e
´ raiz de um polinˆmio com coeficientes inteiros.
e o
Propriedade 58. O conjunto dos n´meros alg´bricos ´ enumer´vel.
u e e a
Demonstra¸˜o. Seja B o conjunto dos alg´bricos . Para cada alg´brico x escolhemos
ca e e
um polinˆmio Px tal que Px (x) = 0.
o
Definimos a fun¸˜o f : B → A tal que F (x) = Px . Dado Px ∈ F (B), temos que o
ca
conjunto g −1 (Px ) dos valores x ∈ B tal que f (x) = Px ´ finito pois Px possui um n´mero
e u
=y
finito de ra´ e da´ tem-se
ızes ı
∪
B= g −1 (y)
y∈f (B)
logo B ´ uni˜o enumer´vel de conjuntos enumer´veis ( no caso finitos), ent˜o B ´ enu-
e a a a a e
mer´vel.
a
Corol´rio 6. Existem n´meros reais que n˜o s˜o alg´bricos, pois se todos fossem alg´bricos
a u a a e e
R seria enumer´vel.
a
Defini¸˜o 5 (N´meros transcendentes). Os n´meros reais que n˜o s˜o alg´bricos s˜o
ca u u a a e a
ditos transcendentais
Quest˜o 6
a
Propriedade 59. Um conjunto I ⊂ R ´ um intervalo sse a′ < x < b′ com a′ , b′ ∈ I
e
implica x ∈ I.
Demonstra¸˜o. Se I ´ um intervalo ent˜o ele satisfaz a propriedade descrita. Agora
ca e a
se a defini¸ao tomada de intervalo for: dados a′ , b′ elementos de I se para todo x tal que
c˜
a′ < x < b′ ent˜o x ∈ I, logo o conjunto I deve ser um dos nove tipos de intervalos.
a
Caso I seja limitado, inf I = a e sup I = b, se a < x < b, existem a′ , b′ tais que
a′ < x < b′ logo x ∈ I, isto ´, os elementos entre o supremo e o ´
e ınfimo do conjunto
pertencem ao intervalo. Vejamos os casos
X inf I = a, sup I = b s˜o elementos de I, logo o intervalo ´ da forma [a, b].
a e
33. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 32
X a ∈ I, b ∈ I, o intervalo ´ do tipo (a, b].
/ e
X a ∈ I e b ∈ I, o intervalo ´ do tipo [a, b).
/ e
X a ∈ I e b ∈ I tem-se o intervalo (a, b). Com isso terminamos os tipos finitos de
/ /
intervalos.
Se I ´ limitado inferiormente por´m n˜o superiormente.
e e a
X a ∈ I , gera o intervalo [a, ∞).
X a ∈ I, tem-se o intervalo (a, ∞).
/
Se I ´ limitado superiormente por´m n˜o inferiormente.
e e a
X b ∈ I , gera o intervalo (−∞, b].
X b ∈ I, tem-se o intervalo (−∞, b).
/
O ultimo caso, I n˜o ´ limitado
´ a e
I = (−∞, ∞)
1.4 Cap´
ıtulo 3-Sequˆncias
e
1.4.1 Limite de uma sequˆncia
e
Quest˜o 1
a
Propriedade 60. Uma sequˆncia peri´dica ´ convergente sse ´ constante.
e o e e
Demonstra¸˜o. Considere as subsequˆncias da sequˆncia (xk ) que possui per´
ca e e ıodo p
(x1 , x1+p , x1+2p , · · · ) = (x1+kp )k∈N
(x2 , x2+p , x2+2p , · · · ) = (x2+kp )k∈N
.
.
.
(xp−1 , xp−1+p , xp−1+2p , · · · ) = (xp−1+kp )k∈N
cada sequˆncia dessas ´ constante e possui valor sempre igual ao seu primeiro termo pelo
e e
fato da sequˆncia ser peri´dica de per´
e o ıodo p, xn+p = xn . Se (xk ) converge ent˜o todas suas
a
34. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 33
subsequˆncias devem convergir para o mesmo valor, ent˜o deve valer x1 = x2 = · · · = xp−1
e a
e cada termo da sequˆncia (xk ) deve pertencer a uma dessas subsequˆncias, disso segue
e e
que (xk ) ´ constante.
e
Quest˜o 2
a
Propriedade 61. Se lim x2n = a lim x2n−1 = a ent˜o lim xn = a.
a
Demonstra¸˜o. Sejam yn = x2n e zn = x2n−1 como temos lim yn = lim zn = a, para
ca
qualquer ε > 0 existem n0 e n1 tais que para n > n0 vale yn ∈ (a − ε, a + ε) e n > n1
vale zn ∈ (a − ε, a + ε), escolhendo n2 = max{n0 , n1 } temos simultaneamente zn , yn ∈
(a − ε, a + ε), x2n−1 , x2n ∈ (a − ε, a + ε), ent˜o para n > 2n2 − 1 temos xn ∈ (a − ε, a + ε)
a
logo vale lim xn = a.
Quest˜o 3
a
Propriedade 62. Se lim xn = a ent˜o lim |xn | = |a|.
a
Demonstra¸˜o. Se lim xn = a ent˜o
ca a
∀ε > 0, ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ |xn − a| < ε
por´m temos a desigualdade ||xn | − |a|| ≤ |xn − a| logo ||xn | − |a|| < ε e lim |xn | = |a|.
e
Quest˜o 4
a
Propriedade 63. Se uma sequˆncia mon´tona possui subsequˆncia limitada, ent˜o a
e o e a
sequˆncia ´ limitada.
e e
Demonstra¸˜o. Suponha que (xn ) seja n˜o-decrescente e possua uma subsequˆncia
ca a e
limitada, vamos mostrar que para todo n natural vale xn < M para algum M . Como a
subsequˆncia de (xn ) ´ limitada, ent˜o para todo n ∈ N existe n0 ∈ N tal que n0 > n e n0
e e a
e ındice da subsequˆncia limitada de (xn ) com isso tem-se xn ≤ xn0 e como a subsequˆncia
´´ e e
´ limitada, existe M tal que xn0 < M , da´ por transitividade xn < M , isso implica que
e ı
(xn ) ´ limitada superiormente e como a sequˆncia n˜o-decrescente ´ limitada inferiormente
e e a e
ent˜o ela ´ limitada.
a e
35. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 34
Corol´rio 7. Se uma sequˆncia mon´tona possui subsequˆncia limitada ent˜o ela ´ con-
a e o e a e
vergente, pois a sequˆncia mon´tona ser´ limitada e toda sequˆncia mon´tona limitada ´
e o a e o e
convergente.
Corol´rio 8. Em especial se uma sequˆncia mon´tona possui subsequˆncia convergente,
a e o e
ent˜o essa subsequˆncia ´ limitada e da´ a sequˆncia mon´tona ´ convergente.
a e e ı e o e
Quest˜o 5
a
Defini¸˜o 6 (Valor de aderˆncia). Um n´mero real a ´ dito valor de aderˆncia de uma
ca e u e e
sequˆncia (xn ), quando existe uma subsequˆncia de (xn ) que converge para a. Simboliza-
e e
remos o conjunto dos valores de aderˆncia de uma sequˆncia por A[xn ].
e e
Corol´rio 9. Se uma sequˆncia ´ convergente ent˜o todas subsequˆncias convergem para
a e e a e
o mesmo limite que ´ o limite da sequˆncia, ent˜o se uma sequˆncia ´ convergente ela
e e a e e
possui apenas um valor de aderˆncia, isto ´, se lim xn = a ent˜o A[xn ] = {a} = {lim xn }.
e e a
Exemplo 11. Os racionais s˜o densos na reta e s˜o enumer´veis, ent˜o podemos tomar
a a a a
uma sequˆncia (xn ) que enumera os racionais, logo pra essa sequˆncia vale A[xn ] = R, pois
e e
tomando qualquer valor a ∈ R qualquer intervalo (a − ε, a + ε) para qualquer ε possui
infinitos racionais, elementos da sequˆncia, ent˜o podemos com esses infinitos valores
e a
tomar uma subsequˆncia de (xn ) que converge para a. Em especial os racionais em [0, 1]
e
s˜o enumer´veis e densos logo tomando uma enumera¸ao (xn ) dos racionais nesse conjunto
a a c˜
temos A[xn ] = [0, 1].
Exemplo 12. A sequˆncia (1, 2, 3, 1, 2, 3, 1, 2, 3, · · · ) que satisfaz x1 = 1, x2 = 2, x3 = 3
e
ıodo 3, xn+3 = xn , tem A[xn ] = {1, 2, 3}.
sendo peri´dica de per´
o
Exemplo 13. Dar o exemplo de uma sequˆncia (xn ) que possua A[xn ] = N. Para que
e
isso aconte¸a ´ necess´rio que cada n´mero natural apare¸a infinitas vezes na sequˆncia.
c e a u c e
Definimos a sequˆncia (xn ) como xn = k se n ´ da forma pαk , onde pk ´ o k-´simo primo e
e e k e e
αk ∈ N , da´ existem infinitos valores de n tais que xn = k com isso geramos subsequˆncias
ı e
36. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 35
que convergem para um k qualquer dado, definimos tamb´m xn = 1 caso n n˜o seja da
e a
forma pαk , apenas para completar a defini¸˜o da sequˆncia.
k ca e
Quest˜o 6
a
Propriedade 64. a ∈ A[xn ] ⇔ ∀ ε > 0, ∀k ∈ N exista n > k tal que |xn − a| < ε.
Demonstra¸˜o.
ca
⇒. Se a ´ valor de aderˆncia de (xn ), ent˜o ela possui uma subsequˆncia que converge
e e a e
para a, logo para qualquer ε > 0 e k ∈ N fixo, existe n ´
ındice da subsequˆncia tal que
e
n > k e |xn − a| < ε.
⇐ . Supondo que ∀ ε > 0, ∀k ∈ N exista n > k tal que |xn − a| < ε.
No primeiro passo tomamos ε = 1 e k = 1 da´ existe n1 > 1 tal que xn1 ∈ (a − 1, a + 1).
ı
1 1 1
Podemos tomar agora ε = e k = n1 ent˜o existe n2 > n1 tal que xn2 ∈ (a − , a + ),
a
2 2 2
1
na t + 1-´sima etapa tomamos ε =
e e k = nt da´ existe nt+1 > nt tal que xnt+1 ∈
ı
t+1
1 1
(a − ,a + ), logo constru´
ımos uma subsequˆncia (xnt ) tal que lim xnt = a.
e
t+1 t+1
Quest˜o 7
a
Corol´rio 10. Negamos a proposi¸ao anterior.
a c˜
a ∈ A[xn ] ⇔ ∃ ε > 0, ∃k ∈ N tal que para todo n > k implique |xn − a| ≥ ε.
/
1.4.2 Limites e desigualdades
Quest˜o 1
a
Propriedade 65. Se lim xn = a, lim yn = b e |xn − yn | ≥ ε para todo n, ent˜o |a − b| ≥ ε.
a
Demonstra¸˜o. Suponha por absurdo que |a − b| < ε e |yn − xn | ≥ ε. Podemos
ca
=ε1
tomar n > n0 tal que |yn − b| < ε2 e |xn − a| < ε3 onde ε1 + ε2 + ε3 < ε, que pode ser
feito, pois basta tomar ε2 + ε3 < ε − ε1 logo
>0
|yn − xn | ≤ |yn − b| + |b − a| + |xn − a| < ε1 + ε2 + ε3 = ε
que contradiz |yn − xn | ≥ ε.
37. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 36
Quest˜o 2
a
Propriedade 66 (Permanˆncia de sinal ). Se lim xn = b com b > 0 ent˜o no m´ximo uma
e a a
quantidade finita de termos dessa sequˆncia pode n˜o ser positiva, isto ´, existe n0 ∈ N
e a e
tal que para n > n0 vale xn > 0.
Demonstra¸˜o. Como lim xn = b para todo ε > 0 existe n0 tal que para n > n0
ca
b b 2b − b b
temos |xn − b| < ε, xn ∈ (b − ε, b + ε) tomando ε = temos b − ε = b − = =
2 2 2 2
b 3b b 3b
e b+ε = b+ = logo existe n0 tal que para n > n0 tem-se xn ∈ ( , ) logo xn ´e
2 2 2 2
positivo.
Corol´rio 11. Sejam (xn ), (yn ) duas sequˆncias com lim xn = a e lim yn = b. Se b > a
a e
ent˜o existe n0 ∈ N tal que yn > xn para qualquer n > n0 . Considerando a sequˆncia
a e
(xn − yn ) ela tem limite lim xn − yn = b − a > 0 logo pela permanˆncia de sinal existe
e
n0 ∈ N tal que para n > n0 vale xn − yn > 0, xn > yn .
Quest˜o 3
a
Propriedade 67. Se uma sequˆncia limitada n˜o ´ convergente ent˜o ela possui mais de
e a e a
um ponto de aderˆncia .
e
Demonstra¸˜o.
ca
Como a sequˆncia (xn ) ´ limitada ela possui subsequˆncia (xnk ) convergente, conver-
e e e
gindo para uma valor a . Como a sequˆncia n˜o ´ convergente, deve haver uma outra
e a e
subsequˆncia (xnt ) que n˜o converge para a, da´ existem infinitos valores de nt tal que xnt
e a ı
n˜o est´ no intervalo (a − ε, a + ε) para algum ε. Como (xnt ) ´ limitada ent˜o ela possui
a a e a
subsequˆncia convergente, que n˜o pode convergir para a, converge ent˜o para um valor
e a a
b ̸= a e a proposi¸˜o est´ demonstrada.
ca a
Quest˜o 4
a
Propriedade 68. Seja (xn ) uma sequˆncia limitada. (xn ) converge ⇔ possui um unico
e ´
valor de aderˆncia .
e
38. CAP´ ¸˜ ´
ITULO 1. SOLUCOES-ANALISE REAL VOLUME 1 (ELON FINO) 37
Demonstra¸˜o. Se ela ´ convergente ela possui um unico valor de aderˆncia . Se ela
ca e ´ e
possui um unico valor de aderˆncia ent˜o ela converge, pois se n˜o convergisse ela teria
´ e a a
mais de um valor de aderˆncia (contrapositiva e quest˜o anterior).
e a
Quest˜o 5
a
Exemplo 14. Quais s˜o os valores de aderˆncia da sequˆncia (xn ) definida como x2n−1 =
a e e
1
n e x2n = ? Para que um ponto seja de aderˆncia ´ necess´rio que existam infinitos
e e a
n
termos arbitrariamente pr´ximos de tal ponto, no caso de tal sequˆncia o unico n´mero
o e ´ u
que satisfaz tal propriedade ´ o 0, al´m disso tal sequˆncia n˜o ´ convergente pois n˜o ´
e e e a e a e
limitada.
Quest˜o 6
a
√ a+b √
Propriedade 69. Sejam a, b > 0 ∈ R, x1 = ab, y1 = , xn+1 = xn .yn , yn+1 =
2
xn + yn
. Ent˜o (xn ) e (yn ) convergem para o mesmo limite.
a
2
Demonstra¸˜o. Sabemos que yn ≥ xn pela desigualdade das m´dias, ent˜o
ca e a
√
xn .yn ≥ x2 ⇒
n xn .yn ≥ xn ⇒ xn+1 ≥ xn ,
ent˜o (xn ) ´ crescente . Da mesma maneira yn ´ decrescente pois de xn ≤ yn tem-se
a e e
(xn + yn )
xn + yn ≤ 2yn da´ yn+1 =
ı ≤ yn . Como vale x1 ≤ xn ≤ yn ≤ y1 para todo n,
2
conclu´
ımos que xn e yn s˜o convergentes, por serem mon´tonas e limitadas .
a o
xn + yn
yn+1 =
2
tomando o limite
x+y
y= ⇒ x = y.
2
Defini¸˜o 7 (M´dia aritm´tico-geom´trica). Dados dois n´meros reais positivos a e b o
ca e e e u
valor comum para o qual convergem as sequˆncias (xn ) e (yn ) definidas na propriedade
e
anterior se chama m´dia aritm´tico-geom´trica de a e b.
e e e