O documento resume os principais pontos do racionalismo de Descartes. Começa explicando o que é o racionalismo e como Descartes desenvolveu seu método para alcançar certezas através da dúvida, chegando à primeira certeza "penso, logo existo". Em seguida, mostra como Descartes usa argumentos racionais para provar a existência de Deus e como isso garante a validade do conhecimento humano. Por fim, explica as três substâncias descritas por Descartes: res cogitans, res divina e res extensa.
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Descartes - Trab grupo III
1. COLÉGIO JÚLIO DINIS
René Descartes
Racionalismo
Disciplina: Filosofia
Docente: Prof. Maria Luísa Valente
Ano letivo: 2011/12
Trabalho realizado por:
Maria Ana Lopes, Nº11
Marisa Cardoso, Nº14
2. O que é o racionalismo?
Teoria que defende que o nosso conhecimento deriva da razão e que a razão é capaz de conhecer
verdadeiramente as coisas.
A razão é a faculdade de raciocinar, compreender, ponderar.
Considera que o único instrumento adequado ao conhecimento verdadeiro é a razão: é ela que fornece
as ideias normativas (que seguem aquilo que é regra) e os princípios por meio dos quais conhecemos;
Defende a existência de ideias inatas;
É baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento a
priori, ou seja, conhecimentos que não vêm da experiência e são elaborados somente pela razão.
Racionalismo de Descartes:
Descartes considera que desde pequeno lhe foram atribuídos muitos conhecimentos que se transformam em
crenças (opiniões muitas vezes falsas que se julgam como verdadeiras).
Verifica, então, que o conjunto de conhecimentos que lhe foram transmitidos assenta em bases frágeis. O
edifício do conhecimento tem base desorganizada e desordenada.
A sua intenção é começar tudo de novo desde os fundamentos, ou seja, Descartes pretende submeter o saber
da sua época a um exame radical, não aceitando como verdadeiro nada que não reconheça como sendo
verdadeiro.
Apesar de parecer um filósofo completamente desiludido, Descartes manifesta um grande entusiasmo pelo
conhecimento matemático.
Esse conhecimento é puramente racional, claro e distinto, de tipo dedutivo, em que raciocínios se encadeiam de
forma rigorosa; por isso, Descartes pretende aplicar esse modelo de raciocínio à atividade filosófica.
Objetivo de Descartes:
O objetivo fundamental do pensamento de Descartes é uma profunda reforma do conhecimento humano.
Apesar de haver conhecimentos verdadeiros, estes assentam em alicerces frágeis porque as bases do edifício do
saber são conhecimentos duvidosos ou falsos.
Assim, a fundamentação do saber e a sua ordenação são as duas exigências essenciais da crítica cartesiana a
respeito do saber tradicional.
3. Método
Para mostrar que a razão pode atingir um conhecimento verdadeiro, Descartes vai criar um método.
Este método tem como objetivo a obtenção de uma verdade indiscutível.
As regras são:
Evidência – só aceita como verdadeiro o que surge como absolutamente indubitável, sem a menor
sombra de dúvida;
Análise – dividir o complexo em simples;
Síntese – fazer o percurso do simples para o complexo;
Enumeração – fazer tudo de novo para verificar se não se enganou/esqueceu de nada.
O conhecimento verdadeiro chega com o uso de duas operações:
1) Intuição racional – ato de apreensão imediata de noções simples, evidentes e indubitáveis;
2) Dedução – encadeamento de intuições (permite aumentar o conhecimento)
Importância da dúvida:
Recusando tudo que possa suscitar incerteza, a dúvida afirma-se como um modo de evitar o erro. A dúvida é um
instrumento da razão na busca da verdade. A dúvida procura impedir a razão de considerar como verdadeiros
conhecimentos que não o são.
CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA
As principais características da dúvida cartesiana são:
Metódica – é um caminho para chegar à verdade;
Provisoria – encontrada a verdade a dúvida desaparece;
Hiperbólica – é exagerada, coloca mesmo a possibilidade da existência de um génio maligno que se
diverte a fazer-nos crer que é verdade o que afinal seria mentira;
Radical – vai à raiz, aos fundamentos; atinge a fonte sensorial e metafisica (coloca a possibilidade de
não existir absolutamente nada, nem mesmo Deus);
Voluntária – duvida porque quer.
Podemos ainda, atribuir à dúvida as seguintes características:
Racional – instrumento da razão;
4. Sistemática – examina cuidadosamente cada saber;
Construtiva e positiva – a partir dela podemos encontrar a verdade de construir um conhecimento
seguro.
NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA
1º Nível – sentidos (visto como primeira base do conhecimento tradicional)
Descartes constata que todo o conhecimento que havia recebido até aquela data vinha dos sentidos – era visto
como verdadeiro e seguro. Mas, afinal, não eram seguros (experimentou alguns enganosos – impressão que é
redondo o que é quadrado, o partido inteiro…). Então, resolve nunca acreditar em quem já nos enganou.
2º Nível – mundo físico existe e é objeto de conhecimento
Inicialmente, Descartes coloca a questão: Como negar a evidencia de que estas mãos e este corpo são meus?.
Não nega que as mãos e o corpo sejam dele, não seria sensato, mas encontra um objeção ao raciocínio: eu só
Homem e durmo e se durmo, sonho e quando sonho tudo parece real, então não há forma clara de distinguir a
vigília (realidade) do sonho.
3º Nível – razões para duvidar que o nosso entendimento/razão confunde verdadeiro e falso
Neste nível Descartes querendo estender ao máximo a dúvida, ele constata que também nos princípios e
demonstrações matemáticas pode haver enganos, pois há homens que já se enganaram nessas matérias e não
sabemos, diz-nos, se Deus, que nos criou e pode fazer tudo o que quiser, nos criou de forma a que
consideremos o falso como verdadeiro (“às avessas”), já que permitiu que nos enganássemos algumas vezes,
como podemos ter a certeza de que não nos enganamos sempre? Por outro lado, podemos considerar a
existência de um génio maligno, diz Descartes, que se divertiria a fazer-nos crer que a mentira era verdade.
1ª Certeza – penso, logo existo (cogito)
A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável.
Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele que duvida. A dúvida é um ato do
pensamento e não pode acontecer sem um autor.
Chegamos então à primeira verdade: penso, logo existo. Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta
que, para duvidar, tem que existir.
A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e distinção. A verdade eu penso, logo existo é
uma evidência. Trata-se de um conhecimento claro e distinto que irá servir de modelo para todas as verdades
que a razão possa alcançar. Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e não dos
5. sentidos. Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz de produzir conhecimentos verdadeiros, pois ela
alcançou uma verdade inquestionável. Mas apesar da razão ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda não
está excluída a hipótese do Deus enganador. Descartes considera fundamental demonstrar a existência de Deus,
um Deus que traga segurança e seja garantia das verdades.
A existência de Deus
Descartes considera que termos a perceção que existimos não chega para a fundamentação do conhecimento.
Para Descartes, é essencial descobrir a causa de o nosso pensamento funcionar como funciona e explicar a
causa da existência do sujeito pensante.
Parte das ideias que estão presentes no sujeito para provar a existência de Deus.
As ideias que qualquer indivíduo possui são de três tipos: adventícias (provenientes a partir dos sentidos),
factícias (provenientes da imaginação) e inatas (claras e distintas).
Uma das ideias inatas que todos nós temos na mente é a ideia de perfeição. É esta ideia que Descartes vai usar
como ponto de partida para as provas da existência de Deus.
Para comprovar a existência de Deus apresenta três provas:
1ª Prova (argumento ontológico): parte da ideia de que na ideia de ser perfeito estão contidas todas as
perfeições, ora a existência é uma dessas perfeições (é “mais perfeito” existir do que não existir) então, Deus
existe, existir é inerente à existência de Deus.
2ª Prova (base no princípio da causalidade): a ideia de ser perfeito não pode ter sido produzida por alguém
imperfeito, seria contraditório, além disso a ideia de perfeição representa uma substância infinita e o sujeito
pensante é finito e não pode produzir o infinito (contraditório) e não pode vir do nada, então só pode vir de
Deus (causa de ideia de perfeição);
3ª Prova (base no princípio da causalidade): qual a causa da existência do ser pensante (finito, contingente = é
mas podia não ser e imperfeito), se fosse daria a si mesmo as perfeições das quais apenas possui uma ideia,
além disso, ele permanece, conserva-se o seu ser mas sendo imperfeito e finito não teria a capacidade de o
fazer, daí que o criador e conservador do ser imperfeito e finito seja alguém perfeito e infinito - Deus.
A importância de Deus no sistema Cartesiano e a questão dos erros do ser Humano
Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto perfeição, Deus é garantia da verdade das nossas
ideias claras e distintas (por exemplo: 2+2=4 ou penso, logo existo).
6. Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é também o criador das verdades incontestáveis e
o fundamento da certeza.
Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o pensamento evidente (verdadeiro) e a realidade,
conferindo assim validade ao conhecimento.
Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade, logo, não poderá ser o autor do mal nem
responsável pelos nossos erros.
Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia da verdade dos conhecimentos produzidos
pela razão, nem teríamos a garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a uma evidência, isto
é, a uma verdade incontestável. Se Deus não é enganador, então as nossas evidências racionais são
absolutamente verdadeiras.
Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade, quando esta se sobrepõe à razão.
Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos como evidentes afirmações que o não são,
logo, Deus não é responsável pelos nossos erros mas é garantia das verdades alcançadas pela razão humana.
As substâncias:
Descartes considera a existência de três substâncias:
Res-cogitans – substância pensante, cujo atributo essencial é o pensamento;
Res-divina – substância divina, cujo atributo essencial é a perfeição, que se identifica com os vários
atributos de Deus: Omnipotência, Omnisciência, suma bondade, etc.
Res-extensa – substância extensa, cujo atributo essencial é a extensão.
Daqui decorrem os princípios ou fundamentos do conhecimento:
A existência do pensamento (alma);
A existência de Deus e a consideração dos seus atributos;
A existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.
Descartes começa por ser um cético (atitude antidogmática): considera falso tudo o que for, no mínimo,
duvidoso (e obviamente o que for falso) e considera enganador aquilo que alguma vez nos enganou -
Características da dúvida cartesiana. Porém, ao considerar que a razão é capaz de alcançar a certeza e a
verdade a sua filosofia acaba por conduzir ao Dogmatismo (é possível conhecer)