1) O documento discute o movimento Tropicalismo na música popular brasileira dos anos 1960, liderado por figuras como Caetano Veloso e Gilberto Gil. 2) O Tropicalismo buscava incorporar elementos da música pop estrangeira e das vanguardas artísticas brasileiras em uma síntese caótica que refletia a complexidade cultural do Brasil. 3) Apesar de polêmico na época, o Tropicalismo é hoje reconhecido como um marco de ruptura que revolucionou a cena musical brasileira.
2. Expediente
Editora Estacio de Sá
Redação
Marcelo Martins da Silva
Luiz Gustavo Lobo
Everaldo
Orientadora
Angela Moreira
3. Tropicália
Sua intervenção na cena cultural
“A
Tropicália foi o avesso da Bossa Nova”. Assim o compositor e cantor Caetano Veloso
define o movimento que, ao longo de 1968, revolucionou o status quo da música po-
do país foi, antes de tudo, crítica. pular brasileira. Dessa corrente, liderada pelo baiano de Santo Amaro da Purificação,
também participaram ativamente os compositores Gilberto Gil e Tom Zé, os letristas Torquato
por equipe fulanos Neto e Capinam, o maestro e arranjador Rogério Duprat, o trio Mutantes e as cantoras Gal Costa
e Nara Leão. Diferentemente da Bossa Nova, que introduziu uma forma original de compor e
interpretar, a Tropicália não pretendia sintetizar um estilo musical, mas sim instaurar uma nova
atitude: sua intervenção na cena cultural do país foi, antes de tudo, crítica.
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4. NO OLHO DO FURACÃO
tempos dificeís
A DITADURA
A
Vários intelectuais
música
como Fernando
popular
Henrique Cardoso,
brasileira era uma
Fernando Gabeira,
importante forma
José Serra, José Dir-
de expressão, con-
ceu, etc... e artistas
tra a repressão do
como Geraldo Van-
governo daquela
dré, Chico Buarque,
época. A Ditadura
Elis Regina, Caetano
trazia ao povo bra-
Veloso, Gilberto Gil,
sileiro sentimentos
Milton Nascimen-
de medo e tristeza.
to, entre outros,
Os compositores
sofreram severas
que participavam
repressões, como tor-
de movimentos
tura, prisão e exílio.
contra tais senti-
Eles publicaram com
mentos, passavam
importante relevância
suas mensagens
e coragem suas obras,
pela censura disfar-
Amet ut vel dit venibh eugait augait utem ipsumsan endiam ea augiat acil dolor- mesmo que de forma disfarçada.
çadamente, em letras de músicas, muito
ting estisisi bla faccum at prat, quisl ulputating eu feuiscinisi. Nos governos do período ditatorial, podemos
bem elaboradas. Nessa época, houve a
Cin venim ad er incidunt alit nibh ecte faccumsandit accum niam, sisit init, observar a intensidade, as transformações e
promulgação do AI-5, que obrigava a
quam verit incin ut augait dignim delesto odolor in eros elit lorem volobor consequências da censura. A música foi o ins-
inspeção e aprovação de qualquer trabalho
tionseq uamconsenim at. Duisl ero od dolent volor sequatue velenibh eum dit, trumento de protesto mais importante, porque
artístico, por agentes do governo.
vulla faci eu faccum dignibh estrud enim iurem zzriusto od mod del dolobore
moloreetum veliquat, quat numsandre del dipit luptate magnisit lutpat alit et at Rat. Ut wisisl esequatuerit luptat iriure
tat. Il exeros nim zzriure magna feugiamet dignis nos euis eu faciduis aliquis adionse
ut accum vullan verci ex ercipit lorem ectetue endrer susto eugait wis do commy
quipsum dit augue magnisi bla cor sumsan velisim ercipsu scidunt aliquis exeros at.
nostincincip erosto commodo lutpate miniamcommy nostrud tatinisis alit vero Aliquisisi.
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5. Tropicalismo
“uma outra nação”
de enlances pro- Buscando “mastigar” e “triturar”
fundos, de fazer tudo, liderado por Gilberto Gil e
uma renovação no Caetano Veloso, juntamente de outros
como Torquato Neto, Gal costa, Tom
Brasil Zé, o poeta José Carlos Capenam, o
maestro Rogério Duprat, Nara Leão
e mais, buscavam incorporar à MPB
elementos da música pop, sem es-
quecer aqueles nomes que prestaram
um importante papel no movimento
evolutivo da nossa música.
O antropofagismo é mais um
ciclo dentro do segundo movimento
modernista iniciado em 1928 por
um grupo de intelectuais paulistas
chefiados pó Oswald de Andrade ,
no movimento Pau Brasil, na semana
modernista de 1922.
E m 1967 (final da década de 60),
iniciou-se um movimento cultu-
ral, o movimento tropicalista.
Visava captar “uma outra nação” de
enlances profundos, de fazer uma re-
O tropicalismo teve por base a ten- novação no Brasil e procurar alcançar
tativa de revelar as contradições pró- uma síntese de consciência nacional.
prias da realidade brasileira mostran- Além disso, o tropicalismo não foi
do o moderno e o arcaico, o nacional um movimento puramente musical,
e o estrangeiro, o urbano e o rural, o foi um comportamento adotado por
progresso e o atraso, em suma, o mo- todos os gêneros artísticos. Significado de Tropicalismo
vimento não chegou a produzir uma No teatro, surgiu “O rei da vela”
síntese destes elementos, mas buscou de Oswald de Andrade, dirigido por
José Celso Martinez Corrêa, além s.m. Qualidade do que é tropical.
traduzir a complexidade fragmentária Movimento da música popular brasileira nos anos 1968-1969. Teve como des-
da nossa cultura. dos famosos, “Parangolés”, do artista
plástico Hélio Oiticica e “Roda taque Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto, Rogério Duprat, Tom Zé,
os Mutantes. No III Festival da M.P.B. da TV Record, as inovadoras músicas
Domingo no parque (Gil) e Alegria, alegria (Caetano) lançaram o Tropicalismo,
uma síntese propositalmente caótica de nossas raízes e valores sintonizada com
outras manifestações estéticas e culturais daquele período.
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6. INFLUÊNCIAS PARANGOLÉ?
A Nova Objetividade Brasileira O que é!? Leia e seja um.
Hélio Oiticica chamava o Parangolé de “antiarte por excelência”.2
Trata--se de uma espécie de capa (lembra ainda bandeira, estandar-
te, tenda) que não desfralda plenamente seus tons, cores, formas,
texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais
(pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira)
senão a partir dos movimentos -- da dança -- de alguém que a vis-
Parangolé Pamplona
Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhotto
O parangolé pamplona você mesmo faz
O parangolé pamplona a gente mesmo faz
Com um retângulo de pano de uma cor
só
E é só dançar
E é só deixar a cor tomar conta do ar
Verde
Rosa
Branco no branco no peito nu
Branco no branco no peito nu
necessidade de representar um estado O parangolé pamplona
brasileiro como elemento importante Faça você mesmo
A Tropicália foi uma expressão E quando o couro come
na cultura nacional.
colhida de um projeto ambiental do É só pegar carona
A exposição relacionava o contexto
arquiteto Hélio Oiticica na exposi- Laranja
das vanguardas da época e as diversas
ção “Nova Objetividade Brasileira”, Vermelho
manifestações da arte. Consistia num
exposta no MAM no Rio de Janeiro, Para o espaço estandarte
ambiente formado por duas tendas
em 1967 – a qual caracterizava um “Para o êxtase asa-delta”
que o autor chamava de penetráveis. Para o delírio porta aberta
estado da arte do Brasil de vanguarda,
O cenário tropical era composto de Pleno ar
confrontando-o com os grandes mo-
areia, brita espalhada pelo chão, araras Puro Hélio
vimentos artísticos mundiais em busca
e vasos com plantas e uma espécie Mas
de uma estética puramente brasileira.
de labirinto que percorria a tenda O parangolé pamplona você mesmo faz
O conceito de Tropicália evidenciava a
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7. MICROFONIA
Ora apresentado como a
face brasileira da contra-
cultura, ora apresentado
como o ponto de conver-
gência das vanguardas
artísticas mais radicais passando pelos procedimentos musicais
da Bossa Nova), o Tropicalismo, seus
heróis e “eventos fundadores” passaram
O Tropicalismo, logo depois de sua a ser amados ou odiados com a mesma
“explosão” inicial, transformou-se num intensidade. Atualmente, mais amados do
termo corrente da indústria cultural e da que odiados, diga-se. BOTEI OS FRACASSO NAS
mídia. Em que pesem as polêmicas gera- A intervenção histórica operada sobre- PARADAS DE SUCESSO
das inicialmente (e não foram poucas), o tudo pelo Tropicalismo musical, foi tão Caetano Tropicália parece uma coisa viva, que está
Tropicalismo acabou consagrado como contundente que mesmo aqueles que,
ponto de clivagem ou ruptura, em diver- na época, não se identificaram com seus
Veloso acontecendo. Tropicalismo parece uma escola,
um movimento num sentido mais convecional.
sos níveis: comportamental, político-ide- pressupostos, não lhe negaram a radicali- A palavra Tropicalismo apareceu na imprensa
ológico, estético. Ora apresentado como dade e a abertura para uma nova expressão num texto de Nelsinho Motta.
a face brasileira da contracultura, ora estético-comportamental. Com o passar
apresentado como o ponto de convergên- dos anos o véu da memória histórica se UM POETA DESFOLLHA A BANDEIRA E A
cia das vanguardas artísticas mais radicais torna mais espesso e os significados e MANHÃ TROPICAL SE INICIA
(como a Antropofagia modernista dos complexidades em jogo tendem a perder
anos 20 e a Poesia Concreta dos anos 50, nitidez. Sendo assim, as efemérides são A atuação revolucionária quase sempre está as-
momentos propícios para uma reavaliação
crítica.
sociada à quebra repentina de um padrão. Foi
isso que aconteceu na Tropicália. Há, porém,
Gil
uma forma menos perceptível de revolução,
que se engendra nos pequenos pontos
ARTISTAS ter sido bem mais efetiva, pois, se nem
A desgraça, quando ocorreu, feliz- todos chegaram ao sucesso comercial (o
mente, não foi total, pelo menos para
a maioria deles, embora de relevante
que, evidentemente, não se aplica aos
casos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes É MELHOR NÃO SER NORMAL
Conjunto formado em São Paulo nos anos
gravidade: prisões, exílios, banimentos Rita Lee e Gal Costa), e se nem todos
60, passou por diversas formações e teve
da mídia e das gravadoras, defenestra- foram prestigiados da forma como real-
vários nomes (Wooden Faces, Six Sided Ro-
ções, hostilidades de outros artistas, mente mereciam, ao menos o seu ideário
ckers, O Conjunto, O’Seis) até se consolidar
execrações, esquecimento público e estético nos parece ter resultado exitoso.
como o trio Os Mutantes, em 1966.
outros reveses. A glória, afinal, parece musical no país.
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8. EXPERIMENTAÇÕES
Criatividade e ousadia
Nam duciem tella re, ca; Cupicis fac
te ius rem ompra viriam caperfinatam
To molus. Sum ipio nonvolt uspion ium ponere aris; nostre ac rest L. La
scepere tabenequo ponticaed consine mandius saturatie ni ficeris tissitam
ssimus a ressili castius fatuidemque iam perniciore que considea reber-
face atquod con Etrarit. feceri, optemquam mei pero virtea
Perferecem. Imiliuscio vius ca L. Abis. iam. Marem. Valaris; in inverio, que
Batmakumbayêyê batmakumbaoba
Batmakumbayêyê batmakumbao
Batmakumbayêyê batmakumba
Batmakumbayêyê batmakum
Batmakumbayêyê batman
Batmakumbayêyê bat
Batmakumbayêyê ba
Batmakumbayêyê
Batmakumbayê
Batmakumba
Batmakum
Batman
Bat
Ba
Bat
Batman UMA DAS CAPAS MAIS PREMIADAS DA HISTÓRIA
Batmakum
Batmakumba
Batmakumbayê A crônica de como se fez uma das capas de disco mais premiadas da histó-
Batmakumbayêyê ria da MPB: Todos os Olhos, de Tom Zé Procura-se um motel. Na São Paulo
Batmakumbayêyê ba de 1972 isso não é lá tão fácil de encontrar. O jeito é pegar a rodovia Raposo
Batmakumbayêyê bat
Batmakumbayêyê batman
Tavares e afastar-se alguns quilômetros da cidade para estacionar o Fuscão 1500
Batmakumbayêyê batmakum bordô ao lado de caminhões que descansam sob a placa “Retiro Rodoviário”.
Batmakumbayêyê batmakumbao O rapaz tem 22 anos, é cabeludo, usa faixa na cabeça e calça boca-de-sino.
Batmakumbayêyê batmakumbaoba A moça tem vinte e poucos, é bonita, loira de cabelos compridos, tem os
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9. Ainda não eram aceitas que adotavam uma estética nacio-
pelo que se convencionou nalista, identificada com o discurso
Tat luptat alit ad da esquerda. “Roda Viva”, a tercei-
ea consequis nullan chamar de MPB ra colocada, era da mesma linha.
erosto do ero dolo-
“Domingo no Parque”, a segunda, e
bore tat.
Delesse molobore “Alegria Alegria”, a quarta, traziam
dolesec tetuer
O festival de 1967 deixou claro para a música popular brasileira as
iustrud eu faccums que havia uma divisão profunda na guitarras elétricas que já faziam parte
andions dui eraessit, MPB. O público estava dividido, e os da jovem guarda de Roberto Carlos,
volortisi eniam do artistas, também. O primeiro lugar, mas ainda não eram aceitas pelo que
conferido a “Ponteio”, premiava os se convencionou chamar de MPB.
Questionava
as idéias e
Era tradição da música popular brasileira as tensões
misturada às guitarras daquelas que
lutavam contra
a Ditadura
E m outubro de 1967, o III
Festival da Música Popu-
lar Brasileira me apresentou a
de Edu Lobo e Capinan, e,
entre as primeiras colocadas,
havia também “Roda Viva”, de
Caetano Veloso e Gilberto Gil. Chico Buarque. Nada, porém,
Ali, eles deixavam para trás a me impressionou tanto quanto se “em crimes, espaçonaves e
sonoridade dos discos de es-
tréia (“Domingo”, de Caetano;
“Domingo no Parque” e “Ale-
gria Alegria”. Era a tradição A legria, Alegria não se carac-
teriza como uma canção de
protesto igual a tantas outras com-
guerrilhas”, ele seguia, “sem lenço
e sem documento”, “andando
contra o vento”. Mesmo alguns
“Louvação”, de Gil) e apresen- da música popular brasileira elementos da música reforçam
postas nessa época, como Apesar
tavam alguns dos pressupostos misturada às guitarras dos Bea- de Você, de Chico Buarque. Ao essa idéia; pode-se perceber que a
do tropicalismo, o movimento tles, sugerindo caminhos que contrário, a música de Caetano música é formada por um com-
que lançariam no ano seguinte. muitos percorreriam depois questionava as idéias e as tensões passo binário, por um andamento
A vencedora foi “Ponteio”, daquele festival. daquelas que lutavam contra a acelerado e por acordes dissonan-
Ditadura: enquanto o sol repartia- tes e maiores.
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10. CAETANO
O GÊNIO DO:
“OU NÃO”
SEMPRE
TRAZENDO
ALGO COM
OUSADIA como em “Gema”, associando “brilhante”
com “lua-sol” (em chinês, o ideograma
“brilhante” é composto pelos ideogramas
Caetano sempre foi “lua” e “sol”), ou em “O Quereres” (“Onde
surpreendente, muitas queres o livre, decassílabo”). Na sua entrevis-
vezes contra tudo e contra ta do dia 5 no Estadão, Caetano faz charme
todos. Quando ainda era simpático dizendo “eu sou daquelas moças...
apenas “irmão da Maria não estudei direito”, mas demonstra (como
Betânia”, xingou aos ber- sempre) muita leitura, acompanhamento do que
ros toda a platéia do cinema acontece no mundo. Disse coisas até interessantes,
Paissandu, no Rio, que vaiava apesar de algumas vezes simplórias. Aliás, quando
um documentário (chatésimo) começa a discursar no campo político, ideológico
sobre a irmã. Foi surpreendente ou filosófico, surpreendentemente não surpreende.
também no auditório do TUCA, Parece mais um Maria vai com as outras, tamanha a
em São Paulo, quando enfrentou (com sua ignorância. O que ele declarou sobre Lula, por
discurso brilhante) a platéia que vaiava exemplo, foi analfabeto, cafona e grosseiro. A análise
o seu “É Proibido Proibir”. Brilhante que fez dos principais nomes políticos demonstra
em toda a sua música, instigante, às um despreparo completo, tipo da pessoa que se
vezes hermético, mas sempre trazendo deixa levar pela mídia dominante e depois solta suas
algo novo e muitas vezes com ousadia
(como a ousadia do seu sousândrico
“Gilberto Misterioso”). Meticuloso,
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11. GIL GILBERTO GIL Nascido em Salvador, passou a infân-
cia em Ituaçu, no interior da Bahia,
onde começou a se interessar pela
música das bandas da cidade e pelo
que ouvia no rádio, como Orlando
Silva e Luiz Gonzaga. Aos 9 anos
muda-se para Salvador com a irmã,
para terminar o colégio, e começa a
aprender acordeom. Durante a juven-
tude intensifica os estudos musicais,
formando aos 18 anos o conjunto Os
Desafinados. No fim dos anos 50,
João Gilberto se torna uma influência
importante para Gil, que passa a tocar
violão. Na faculdade, faz contato com
a música erudita contemporânea por
meio do vanguardista grupo de com-
positores da Bahia, que incluía Walter
UMA DAS MAIS Smétak e Hans Joachim Koellreuter.
CRIATIVAS E INFLUEN- Em 1962 grava o primeiro compacto
solo (“Povo Petroleiro” e “Coça Coça,
TES PERSONALIDADE
Lacerdinha”), e conhece Caetano Ve-
BRASILEIRA loso, Maria Bethânia e Gal Costa. No
ano seguinte, com a entrada de Tom
Zé no grupo, fazem o show “Nós,
Por Exemplo”, no Teatro Vila Velha,
em Salvador, que inaugura a carreira
dos quatro artistas. Logo em seguida
Gilberto Gil se muda para São Paulo,
onde trabalha na empresa Gessy-Lever
durante o dia e freqüenta bares e
casas de show durante a noite. É nessa
época que conhece Chico Buarque,
Torquato Neto e Capinam. Começa
a se tornar mais famoso no programa
de televisão O Fino da Bossa, coman-
20 21
12. RITA LEE
A MUTANTE
FUI EXPULSA DOS Sobre drogas: “A última maldade
MUTANTES que eu fiz pra mim não é bem uma
maldade, era um filme que continuava
no repeteco, até janeiro último em que
Em entrevista concedida no último eu fui para um hospício e decidi parar
domingo ao programa Fantástico, da realmente com drogas. Porque essa Sobre os Mutantes: “Fui expulsa dos MUTANTES. Um comunicado
TV Globo, RITA LEE afirma que coisa de droga era uma história antiga tipo ‘você não tem o virtuosismo para instrumentos e não sei o quê, então você
foi expulsa do MUTANTES e afirma e não sei o quê, você vai parar no hos- está fora’. Foi então a facada no coração da Virgem Maria, ela segurou a pose e
que finalmente conseguiu abandonar pício, as pessoas acham que é suicídio, falou ‘legal’. Pegou os instrumentinhos dela e foi embora num Jeep. Na primeira
as drogas; confira abaixo a transcrição mas não é suicídio, nunca foi suicídio, esquina eu desabei, doeu muito, doeu muito. Eu chorei tanto, xinguei tanto. E
de alguns trechos era overdose mesmo”. eis-me aqui achando hoje que foi um presente dos deuses ter sido expulsa dos
Mutantes. Eu me mandei e me dei bem, cara!”.
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13. A letra de Proibido Proibir
Proibido Proibir
Um happening acalora-
díssimo naquela noite de Caetano, acompanhado pelos Mu-
tantes, defendeu “É proibido proibir” e
domingo, 15 de setembro Gilberto Gil, com os Beat Boys, “Ques-
de 1968 tão de Ordem”.
A apresentação de “É proibido
proibir” acabou se transformando num
Um ano depois do impacto causado
happening acaloradíssimo naquela noite
pelas guitarras nas canções “Alegria,
de domingo, 15 de setembro de 1968.
alegria” (Caetano) e “Domingo no par-
Gil foi atingido na perna por um pedaço
que” (Gil), apresentadas no III Festival
de madeira, mas não se rendeu. Em tom
de Música Popular Brasileira
de deboche, mordeu um dos tomates
da TV Record, Caetano Veloso e Gilber-
jogados ao chão e devolveu o resto à
to Gil voltaram a surpreender o público
irada platéia.
no III FIC, Festival Internacional da
Canção, promovido pela Rede Globo.
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14. HERDEIROS ATITUDES PARECIDAS
FERNANDA ABREU
1989, formou uma banda de funk,
com um repertório disco sound, jun-
tamente com Fausto Fawcett, Laufer e
Sergio Mekler. Fernanda foi uma das
artistas da música brasileira pioneiras
Eu, pessoalmente, na utilização do sample como recurso
não me considero fi- de composição.
lho de Caetano, nem
sobrinho de Ariano
Anjos do que um descendente direto do
A Tropicália representou um momen- tropicalismo.
to muito rico da música brasileira e um A minha geração foi trabalhando com
envolvimento com diversas tendências: caco, com lixo, com coisas que aparente- ARNALDO ANTUNES
a música nordestina, a música erudita, a mente não prestavam mais, como misturar
música pop internacional e local, Roberto música brasileira com influências da Índia,
da África, do pop americano, do pop bri- Arnaldo Antunes (São Paulo, 2 de
Carlos, Luiz Gonzaga. Esse movimento
tânico e tal. Eu me apropriei de diversos setembro de 1960) é um músico,
dialogava também com outras coisas
elementos como os que o Tropicalismo poeta e artista visual brasileiro, mais
muito fortes como a Bossa Nova, a Jovem
havia lançado e fui percebendo isso no conhecido por sua participação como
Guarda, o samba. A partir do momento
meio do caminho. Eu sabia que eu não integrante do grupo de rock Titãs. Em
Tropicália o entendimento de música
estava inventando nada e que isso já tinha suas principais áreas de atuação artísti-
brasileira mudou bastante.
acontecido ca, a música, a poesia e a arte visual
Eu, pessoalmente, não me considero filho
de Caetano, nem sobrinho de Ariano (o lá atrás. Para quem vem fazendo música
escritor Ariano Suassuna). como eu, dos anos 80 para cá, é inevitável
Sou mais descendente de Augusto dos
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15. NADA NO BOLSO OU
NAS MÃOS
supostamente antagônicos ou opostos
para gerar uma terceira coisa, híbri-
da e mestiça, como é o Brasil. Autor
do livro Tropicalismo – Decadência
A música é tropicalista há 40 anos. bonita do samba (Boitempo, 2000),
Nesse período as mais expressivas o jornalista Pedro Alexandre Sanches
tendências de mercado de discos ressalta que a discussão que alimenta
seguiram uma receita de eficiência a Tropicália tem a ver com a mistura
plantada pelo Tropicalismo ou Tropi- instalada entre o antigo e o novo, o
cália de Caetano Veloso, Gilberto Gil, tradicional e o moderno, o homem e a
TomZé, Torquato Neto, Mutantes e mulher, a direita e a esquerda e muitas
companhia: a de misturar elementos outras dualidades com o propósito de
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